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Rua Dom Bosco, 265, Vila Alta - Lins/SP - CEP 16400-505 - fone: (14) 3533 5000
RELAÇÃO ENTRE O MRPII E O JUST IN TIME NA PRODUÇÃO ENXUTA
RELATIONSHIP BETWEEN THE MRP II AND JUST IN TIME IN LEAN
PRODUCTION
Adriano Junior Pedro Alves –[email protected] Luiz Miller dos Santos Martinho – [email protected]
Graduandos em Administração Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium - Unisalesiano
Me. Ricardo Yoshio Horita - [email protected] Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium - Unisalesiano
RESUMO
A produção enxuta teve sua origem na indústria japonesa e baseia-se em procedimentos, a fim de manter o volume de produção com o mínimo de estoque de materiais, envolvendo a aplicação de várias ferramentas em seu processo produtivo. Através de revisão bibliográfica, este artigo abordará o conceito de Just in Time (JIT), que foca-se na eliminação de desperdícios em todas as etapas da produção e de Manufacturing Resources Planning (MRP II), que calcula, utilizando o plano de produção, a necessidade de componentes e materiais através da demanda de produtos, relacionando esses dois conceitos.
Palavras-chave: Produção enxuta. Just in time. MRP II.
ABSTRACT
The lean production originated in Japanese industry and is based on procedures in order to maintain production volume with minimum stock material involving the application of various tools in their production process. Through literature review, this article will address the concept of just-in-time (JIT), which focuses on eliminating waste at all stages of production and Manufacturing Resources Planning (MRP II), which calculates, using the production plan the need for components and materials through product demand, relating these two concepts.
Keywords: Lean Production. Just in time. MRP II. 1 INTRODUÇÃO
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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A evolução tecnológica, com a Revolução Industrial, mudou o conceito de
produção, passando do antigo processo artesanal, onde o artesão tinha total
conhecimento de todo o processo que envolvia a fabricação de seu produto, para a
produção em massa, onde cada processo era realizado por um operário, que
apenas precisava conhecer a sua função, dentre várias outras que abrangiam a
produção. A produção em massa trouxe a necessidade da utilização de ferramentas
para seu controle produtivo, para gerenciar, organizar e controlar esse.
Da produção em massa surgiu a necessidade de melhorias no processo
produtivo, culminando no aparecimento da produção enxuta, que trabalha na
redução de tudo que não agrega valor ao produto, utilizando-se do Just in Time (JIT)
que baseia-se na eliminação do desperdício desde a matéria prima até o produto
final.
Devido à complexidade de todo este sistema produtivo sentiu-se a
necessidade de um software que pudesse controlar e distribuir as tarefas para que
elas fossem executadas com eficiência e agilidade. Com a modernização dos
computadores, isto foi possível, surgindo o Material Requirements Planning (MRP),
ou cálculo das necessidades de materiais e, em seguida, evoluindo para o
Manufacturing Resources Planning (MRP II), ou planejamento dos recursos de
manufatura, que utiliza a lógica de cálculo de necessidade onde, através da
demanda de produtos finais e plano de produção, calculam-se as necessidades de
itens de demanda dependente, ou seja, componentes e materiais.
Neste artigo serão abordados, através de revisão bibliográfica, com foco nos
autores Chase, Jacobs, Aquilano, Coriat, Correa, Gianesi, Marques, Martins,
Laugeni, Mesquita, Castro e Pozo, os conceitos dos sistemas MRP II e do JIT na
produção enxuta e determinar se é possível ou não o uso de ambos trabalhando em
sinergia para maior eficiência da produção.
2 PRODUÇÃO ENXUTA
A produção enxuta teve sua origem na indústria japonesa, com a TOYOTA
MOTOR COMPANY, através da adaptação, por Taiichi Ohno e Shigeo Shingo, do
modelo americano de produção, aplicando uma nova filosofia para adaptar-se
melhor à realidade do Japão, que enfrentava problemas de falta de mão-de-obra,
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equipamentos, materiais, além da grande demanda para produção de modelos
diferentes em pequenas quantidades. Neste contexto surgiu o sistema Toyota de
Produção. (CORIAT, 1994)
Segundo Chase, Jacobs e Aquilano (2006) a produção enxuta envolve vários
procedimentos a fim de manter o volume de produção com o mínimo de estoque de
materiais. Através do just-in-time e do conceito de que nada é produzido sem a
devida necessidade, tudo deve ocorrer com eficiência e o mínimo de desperdício
possível. Quando um produto é vendido acaba desencadeando uma série de
procedimentos como a produção e a reposição do mesmo, sendo que até chegar ao
desenvolvimento final deste item todos os departamentos devem trabalhar em
sinergia, mantendo um excelente desempenho entre os setores para maior eficácia
do processo produtivo.
3 JUST IN TIME
Trabalhar com just in time é usar o conceito de eliminação de desperdícios
em todos os processos da empresa, desde a produção até a distribuição. Ao
contrário do que a maioria das pessoas pensa, o JIT não é apenas um sistema de
gerenciamento de estoques, mas sim uma poderosa filosofia que, quando utilizada
com eficiência, pode ser um grande diferencial para as empresas. (POZO, 2007)
3.1 O JIT e a eliminação dos desperdícios
Correa e Gianesi (1996) definem que a eliminação dos desperdícios é
caracterizada pela revisão de todos os procedimentos que não são necessários para
produção e utilizam as sete categorias de desperdício, definido por Shigeo Shingo,
para melhor compreensão do tema:
a) Desperdício por superprodução: muitas empresas produzem muito mais
do que a sua necessidade, deixando assim um grande número de itens
em seu estoque. Para o JIT essa grande produção sem a real demanda
acarreta em desperdícios à empresa. Este alto nível de produção
antecipada também é consequência de alguns problemas e limitações
como alto tempo de preparação de equipamentos, levando as empresas a
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produzirem grandes lotes; desorganização na relação entre produção e
demanda; layout inadequado para a velocidade e bom andamento do
sistema produtivo, entre outros. O intuito do JIT é fazer com que os
setores trabalhem de forma interligada produzindo apenas a demanda que
a empresa necessita, evitando assim o desperdício gerado pela
superprodução.
b) Desperdício em espera: a espera para o processamento de alguns itens
no processo produtivo gera um desperdício de tempo desnecessário para
a produção, entretanto garantem uma alta taxa na utilização de
equipamentos. O ideal para se trabalhar com o JIT é agrupar os sistemas
de forma que todos trabalhem em sinergia uns com os outros, mantendo
assim o fluxo de materiais e o balanceamento das linhas de produção, não
se preocupando então com estas taxas, mas sim, na fluidez desses
materiais, pois os equipamentos somente serão utilizados quando houver
necessidade.
c) Desperdício de transporte: apesar de não agregar valor ao produto, o
transporte de materiais é necessário pela dificuldade de movimentação
destes itens dentro da empresa. Ao longo do processo de fabricação,
estes materiais precisam percorrer grandes distâncias até serem
totalmente finalizados. O tempo que estes materiais percorrem dentro do
processo de produção é considerado desperdício, sendo importante
ajustar e organizar o arranjo físico de forma a diminuir o caminho
transcorrido pelos mesmos, para melhor utilização do tempo e diminuição
dos custos.
d) Desperdício de processamento: dentro do processo produtivo deve-se
observar a real necessidade de todas as ações no processo produtivo,
sendo muito importante avaliar qual a função e o objetivo de cada ação e
procedimentos utilizados no processo. Muitas vezes deve-se perguntar
por que fazer as coisas de certa forma, sua finalidade, sua relevância
verificando se não é possível executar de forma mais eficiente.
e) Desperdício de movimento: todos os procedimentos e operações dentro
da empresa podem conter movimentos desnecessários, onde todos esses
somados acarretam um grande desperdício para a empresa. Utilizando a
http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=layout&source=web&cd=1&cad=rja&ved=0CC0QFjAA&url=http%3A%2F%2Fpt.wikipedia.org%2Fwiki%2FLayout&ei=F1uJUfn_HIjI0wGyw4C4Dg&usg=AFQjCNFw2ZAEoSoNuDoLxW7W449Gmck69Q&bvm=bv.46226182,d.dmQ
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filosofia do JIT deve-se racionalizar esses movimentos de forma a eliminar
o desperdício e acelerar os processos. Entretanto, é importante destacar
que para tal procedimento não é preciso um grande investimento em
tecnologia ou em automação, pois a política do just in time no estudo de
métodos e otimização do tempo tem seu foco em situações simples e de
custo reduzido.
f) Desperdício de produzir produtos defeituosos: produtos defeituosos são
grandes vilões para empresas, pois até na produção dos mesmos
desperdiça-se matéria-prima, tempo, disponibiliza-se equipamentos, tem-
se gastos com armazenagem, entre outros inúmeros materiais e
procedimentos que poderia-se economizar. É necessário que o processo
produtivo tenha qualidade suficiente para prevenir a ocorrência de
produtos defeituosos.
g) Desperdícios com estoque: um alto número de itens no estoque gera
desperdício de investimento, espaço, entre outros. Esse desperdício com
estoque pode ser evitado através de fatores como a redução dos leads
times de produção, tempo de preparação das máquinas, sincronização do
fluxo de trabalho e diminuição das flutuações da demanda, garantindo a
qualidade nos processos. Sendo assim, a grande quantidade de estoque é
consequência de procedimentos ineficientes dentro da produção e pode
ser corrigido através da eliminação de outros desperdícios.
O JIT procura estabelecer algumas metas que as empresas devem ter como
objetivo: zero defeito; tempo zero de preparação (setup); estoque zero; quebra zero;
movimentação zero; lead time zero; lote unitário de fabricação. (CORREA;
GIANESI,1996)
3.2 Vantagens do JIT
Segundo Correa e Gianesi (1996) as vantagens do sistema JIT estão no
melhor funcionamento de alguns procedimentos e fatores como:
a) redução de custo;
b) melhoria da qualidade;
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c) aumento da flexibilidade, através da resposta do sistema, atingido pela
redução dos tempos de processamento;
d) aumento do fluxo;
e) alta confiabilidade do sistema, através da eficiência observada pela maior
visibilidade dos problemas e soluções.
Pozo (2004) acredita que muitas empresas possuem uma visão errada desse
sistema, achando que o mesmo é útil apenas para reduzir custos e aumentar os
lucros, sendo um entendimento enganoso, pois o JIT necessita de procedimentos de
longo prazo e que envolvem fatores como a satisfação do cliente em uma visão
estratégica.
4 MRP II
4.1 Breve histórico: MRP à MRP II
A lógica de cálculo de necessidades é o princípio utilizado pelo MRP e
segundo Correa e Gianesi (1996), não era viável sua utilização em processos de
manufaturas complexos, até meados dos anos 60, em virtude do grande volume de
dados necessários para armazenamento e cálculo em tempo real em detrimento da
falta de tecnologia dos computadores da época. Com o avanço da capacidade de
processamento de dados dos computadores e custos mais baixos, os Estados
Unidos foram os primeiros a utilizar os conceitos de cálculo de necessidades a partir
de um “processador de listas de materiais”.
Antes dos anos 80 era utilizada a sigla MRP, material requirements planning,
ou cálculo das necessidades de materiais, pois consistia em utilizar as necessidades
de produtos finais e plano de produção (demanda independente) para calcular as
necessidades de itens de demanda dependente, ou seja, componentes e materiais.
Chase, Jacobs e Aquilano (2006) salientam que por ser uma ferramenta de fácil
entendimento e pela sua capacidade de determinação do número de peças,
componentes e materiais necessários para produzir um produto final, além de
especificar quando encomendá-los e produzi-los, o MRP teve sua utilização quase
que universalmente em empresas de manufaturas. Mesquita e Castro (2008)
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caracterizam o MRP como um sistema de produção empurrada que através das
listas de materiais dos produtos e dos níveis de estoque, com utilização de lead
times, tempo de resposta dos processos, podem definir o momento de gerar os
pedidos de produção e compra de materiais. (Figura 1)
Na década de 80 o modelo de MRP evolui para MRP II, manufacturing
resources planning, ou planejamento dos recursos de manufatura. Com essa
evolução a lógica de cálculo de necessidades passou a incorporar novos recursos,
como o planejamento de necessidades de mão-de-obra e de equipamentos, por
meio do módulo para cálculo de necessidades de outros recursos, o CRP ou
capacity requirements planning. (CORREA; GIANESI, 1996)
Figura 1. Esquema de funcionamento do MRP
Fonte: POZO, 2007.
4.2 Filosofia do MRP II
Segundo Correa e Gianesi (1996) o MRP II é um software potente, mas com
decisões bastante centralizadas. Seus operadores precisam cumprir rigorosamente
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os programas do sistema em o que, quanto e quando fazer. Sua programação é
“para trás”, ou seja, as necessidades de materiais são calculadas a partir das datas
de entrega de pedidos. Pozo (2007) afirma que o sistema tem como característica
importante sua dinâmica, pois reage muito bem as mudanças constantes
decorrentes do ambiente competitivo e turbulento.
4.3 Módulos do MRP II
Segundo Correa e Gianesi (1996), o MRP II é um sistema integrado
geralmente dividido em cinco módulos. (Figura 2)
Figura 2. Inter-relações entre os módulos principais de um sistema MRPII Típico
Fonte: Correa e Gianesi, 1996
4.3.1 Planejamento da produção
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Tem como função auxiliar a decisão dos planejadores quanto aos níveis
agregados de estoques e produção período-a-período, baseando-se também em
previsões de demanda agregada (níveis de demanda do conjunto de produtos). É o
nível mais agregado de planejamento de produção e por isso, pela agregação e
moderada quantidade de dados detalhados, presta-se ao planejamento de mais
longo prazo.
4.3.2 Planejamento-mestre de produção (MPS)
É uma versão desagregada do plano de produção, ou seja, é o
estabelecimento de um efetivo plano de produção de itens finais para o futuro. É um
plano para a produção de itens produtos finais, período a período. O MPS leva em
conta as limitações de capacidade, identificadas de forma também agregada (a
grosso modo) auxiliado por um mecanismo chamado RCCP (rough-cut capacity
planning) que é parte do módulo de planejamento das necessidades de capacidade.
O MPS é constituído de registros com escala de tempo que contém, para cada
produto final, as informações de demanda e estoque disponível atual.
4.3.3 Cálculo das necessidades de materiais (MRP)
De forma similar ao que ocorre com o MPS, o MRP também se baseia num
registro básico que representa a posição e os planos com respeito à produção e
estoque de cada item, seja ele um item de matéria-prima, semi-acabado ou
acabado, ao longo do tempo. Este registro é chamado registro básico do MRP
período a período (MRP time-phased record). O MRP programa suas ordens de
produção sem verificar, durante o processo de programação, a disponibilidade ou
não de recursos produtivos para executar as ordens programadas, considerando
que a capacidade de produção do sistema em questão é “infinita”. As considerações
de capacidade (no sentido de se checar se o programa de ordens gerado pelo
módulo MRP é viável, se há em cada momento, capacidade disponível no sistema
para cumprir o programa proposto) são feitas por um outro módulo, chamado CRP,
ou módulo de planejamento das necessidades de capacidade.
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4.3.4 Cálculo das necessidades de capacidade (CRP)
O planejamento da capacidade de produção é tão importante como o
planejamento dos próprios materiais. Sem a provisão da capacidade adequada os
benefícios de um sistema de administração não serão plenamente alcançados.
É feita uma avaliação prévia, chamada rough-cut capacity planning, cujo
objetivo é localizar inviabilidades de determinado plano mestre de produção que
sejam identificáveis a partir de cálculos simples e agregados.
Não encontrada uma inviabilidade evidente do plano mestre de produção,
este é então explodido pelo módulo MRP em termos das necessidades de
componentes, gerando-se ordens de compra e de produção para os itens
particulares. Com base na explosão detalhada e utilizando informações detalhadas a
respeito dos roteiros de produção e do consumo de recursos produtivos por item, o
módulo CRP calcula, então período a período, as necessidades de capacidade
produtiva, de forma detalhada, permitindo a identificação de ociosidades ou excesso
de capacidade e possíveis insuficiências.
4.3.5 Controle da fábrica (SFC)
O módulo de controle de fábrica é responsável pelas sequências das ordens,
por centro de produção, dentro de um período de planejamento e pelo controle da
produção, no nível de chão-de-fábrica. É um módulo que busca garantir que, o que
foi planejado será executado da forma mais fiel possível aos planos. As principais
entradas para o módulo de controle de fábrica são os dados de roteiro e lead time
para cada item. O módulo de controle de fábrica usa algoritmos de programação
finita, com base em regras de sequenciamento, para proceder ao carregamento
detalhado das ordens nos recursos dentro de um período de planejamento e definir
sequências preferenciais para a execução das ordens nos centros produtivos.
4.4 Funcionamento MRP II
Martins e Laugeni (2005) demonstram na Figura 3 o funcionamento de um
sistema MRP II baseado no plano mestre, nos estoques de materiais, nos estoques
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de componentes dependentes, nas listas de materiais, nas restrições de mão-de-
obra, na disponibilidade de equipamentos e nos lead times.
Figura 3. Esquema de funcionamento de um sistema MRP II
Fonte: Martins e Laugeni, 2005
4.5 Vantagens
Em um mundo globalizado e cada vez mais acirrado, as empresas estão
sempre em constantes transformações e suas ferramentas de trabalho precisam
acompanhar essas modificações. O MRP possui essa qualidade, pois trata-se de um
sistema dinâmico e de fácil adaptação às mudanças. Em situações onde precisa-se
alterar algum item do programa mestre, apesar de parecer fácil, na verdade pode
interferir em muitos componentes, sendo assim indispensável o uso do sistema
MRP. Esse sistema é muito eficiente em ocasiões onde a formação dos produtos
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possuem muitos componentes e variações, e quando a demanda encontra-se em
instabilidade. O sistema integrado do MRP pode transmitir muitas informações que,
quando bem aproveitadas, podem ser bem úteis para a empresa. (CORREIA;
GIANESI, 1994)
4.6 Desvantagens
O MRP II trata-se de uma ferramenta baseada em um pacote de
computador, possuindo um custo muito elevado de implantação, além de ser
bastante complexo e não adaptar-se facilmente as necessidades de todas as
empresas. O sistema também possui a desvantagem de tornar o ambiente muito
computadorizado, não aceitando controles paralelos, pois apesar de disponibilizar
uma série de dados o mesmo carece que as informações sejam enviadas ao
sistema de forma sistemática e exata. Para que tudo funcione corretamente é
preciso muita atenção e disciplina dos usuários na hora de alimentar esses dados.
Geralmente as pessoas tendem a ser desatenciosas e informais, causando uma
barreira na utilização do MRP II. Outro ponto negativo está no fato de que o sistema
não procura encontrar melhorias em seus parâmetros, aceitando tudo e não tendo
nenhuma forma de questionar tais informações. (CORREIA; GIANESI, 1994)
5 COMPARAÇÃO ENTRE MRP II E JIT
Segundo Chase, Jacobs e Aquilano (2006) o MRP II tem como objetivo ações
para manutenção do resuprimento de itens e materiais, independentemente de
serem internos ou externos. Já o JIT tem seu foco na otimização do tempo e de
capital, através da eliminação dos desperdícios.
Para a aplicação do JIT não é necessário muito investimento, sendo aplicado
com cartões coloridos e sistemas visuais, diferente do MRP II que utiliza softwares
de alta tecnologia e de custo bem elevado. O JIT tem necessidade de estabilização
em base de demanda diária junto ao programa mestre, entretanto o MRP II pode
utilizar um plano de demanda variável. Sendo assim o MRP II é mais eficiente em
situações de fabricação sob encomenda, em pequenas quantidades, onde a
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produção não é sempre repetitiva. Já o JIT tem melhores resultados em um
ambiente de produção continua e repetitiva. (CHASE; JACOBS; AQUILANO, 2006)
6 SISTEMAS HÍBRIDOS: MRP II E JIT NA PRODUÇÃO ENXUTA
Segundo Correa e Gianesi (1996) o MRP II é um mecanismo importante para
planejamento e controle de atividades e o JIT na redução de desperdícios, lead-
times e melhoria de qualidade, podendo os dois sistemas estabelecer uma simbiose,
que se bem administrada, proporcionaria ao sistema de produção as vantagens de
ambos.
Kappelhoff apud Marques (2008) defende que o uso dos sistemas híbridos
permite a padronização das informações, permitindo a padronização das interfaces
entre o sistema e o chão de fábrica. Vollman, Berry, e Whybark apud Marques
(2008) ressaltam que, nestes sistemas, o processo é apenas planejado pelo MRP e
suas ordens nunca são convertidas, elas são utilizadas apenas para controle, pois o
que aciona a produção são os cartões kanban.
Marques (2008) aborda em sua pesquisa a integração do sistema MRP e do
JIT, ressaltando o fato de que os dois sistemas utilizam processos diferentes para
executar a tarefa. No trabalho, foi elaborado um sistema para gerenciar o kanban,
assim, as transações controladas pelo kanban estão informatizadas pelo módulo de
planejamento da produção. O programa faz a impressão dos cartões que acionam a
fábrica. Vale lembrar que as operações de chão de fábrica não foram alteradas com
a implantação do MRP, portanto não houve modificação no Mapa de Fluxo de Valor.
CONCLUSÃO
Conclui-se que o MRP II e o JIT são sistemas com características distintas
que podem ser complementares e quando utilizados de forma conjunta o JIT
simplificaria os processos do MRP II, deixando essas tarefas menos centralizadas e
complexas pela aplicação do JIT. O sistema MRP II deixa a desejar na questão de
melhorias, trabalhando apenas com informações e não possuindo um módulo para
promover melhorias contínuas. A utilização da filosofia JIT é eficiente na
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administração de itens, gerenciamento de estoques, em dar ordens de produção e
na realimentação de informações do sistema produtivo. O sistema MRP II pode ser
utilizado para aumentar os parâmetros utilizados no sistema JIT. Sendo assim,
observa-se que as duas ferramentas de produção tem suas características próprias,
que podem ser complementares, respeitando as especificidades de cada uma na
busca de maior eficiência na produção.
REFERÊNCIAS
CHASE, R. B.; JACOBS, F. R.; AQUILANO, N. J. Administração de Produção e Operações para Vantagens Competitivas. São Paulo: McGraw Hill, 2006.
CORIAT, B. Pensar pelo avesso: o modelo japonês de trabalho e organização. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994.
CORREA, H. L.; GIANESI, I. G. N. JUST IN TIME, MRP II E OPT: Um enfoque Estratégico. São Paulo: Atlas, 1996.
MARQUES, D. M. N. Implantação de um sistema MRP em ambiente de Produção Enxuta com alta diversidade de componentes e sazonalidade. 2008. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.
MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração de Produção. São Paulo: Saraiva, 2005.
MESQUITA, M.A.; CASTRO, R.L. Análise das práticas de planejamento e controle da produção em fornecedores da cadeia automotiva brasileira. Disponível em: . Acesso em: 06 de maio de 2013.
POZO, H. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais: Uma Abordagem Logística. São Paulo: Atlas, 2007.