32
Secretaria Federal de Controle Interno Unidade Examinada: PREFEITURA DE CAMPO GRANDE Introdução 1. Introdução Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida em função de situações presumidamente irregulares, ocorridas na PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE, apontadas à Controladoria-Geral da União - CGU, que deram origem ao Processo nº 00211.000237/2015-08. A fiscalização teve como objetivo analisar o processo nº 92701/2010-85 referente à Tomada de Preços nº 030/2010, cujo objeto é a construção da Unidade Básica de Saúde da Família no Jardim das Perdizes, Campo Grande/MS. A obra foi financiada com recursos do Contrato de Repasse nº 0265549-10 firmado entre a Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS e o Ministério da Saúde. Além da análise documental foi realizada inspeção física da obra no dia 19 de maio de 2016. O resultado da presente ação de controle irá instruir os autos do Inquérito Policial nº 0308/2014-4-SR/DPF/MS. Os trabalhos de campo foram realizados no período de 27 de abril de 2016 a 20 de maio de 2016 sobre a aplicação de recursos federais do Programa 2015 - Aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS) / Ação - 12L5 - Construção e Ampliação de Unidades Básicas de Saúde - UBS no município de Campo Grande/MS. Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação de questionários. Relatório de Demandas Externas Número do relatório: 201504118

Relatório de Demandas Externas - auditoria.cgu.gov.br · A obra foi financiada com recursos do Contrato de ... constatou-se que a obra se encontra paralisada, sendo sua última medição

Embed Size (px)

Citation preview

Secretaria Federal de Controle Interno

Unidade Examinada: PREFEITURA DE CAMPO GRANDE

Introdução 1. Introdução Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida em função de situações presumidamente irregulares, ocorridas na PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE, apontadas à Controladoria-Geral da União - CGU, que deram origem ao Processo nº 00211.000237/2015-08. A fiscalização teve como objetivo analisar o processo nº 92701/2010-85 referente à Tomada de Preços nº 030/2010, cujo objeto é a construção da Unidade Básica de Saúde da Família no Jardim das Perdizes, Campo Grande/MS. A obra foi financiada com recursos do Contrato de Repasse nº 0265549-10 firmado entre a Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS e o Ministério da Saúde. Além da análise documental foi realizada inspeção física da obra no dia 19 de maio de 2016. O resultado da presente ação de controle irá instruir os autos do Inquérito Policial nº 0308/2014-4-SR/DPF/MS. Os trabalhos de campo foram realizados no período de 27 de abril de 2016 a 20 de maio de 2016 sobre a aplicação de recursos federais do Programa 2015 - Aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS) / Ação - 12L5 - Construção e Ampliação de Unidades Básicas de Saúde - UBS no município de Campo Grande/MS. Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação de questionários.

Relatório de Demandas Externas Número do relatório: 201504118

Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados, não se manifestando até a conclusão deste relatório, cabendo ao Ministério supervisor, nos casos pertinentes, adotar as providências corretivas visando à consecução das políticas públicas, bem como à apuração das responsabilidades. 1.1. Informações sobre a Ação de Controle Ordem de Serviço: 201504118 Número do Processo: 00211.000237/2015-08 Município/UF: Campo Grande/MS Órgão: MINISTERIO DA SAUDE Instrumento de Transferência: Contrato de Repasse - 647095 Unidade Examinada: PREFEITURA DE CAMPO GRANDE Montante de Recursos Financeiros: R$ 1.000.000,00 2. Resultados dos Exames Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito responsável pela tomada de providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela existência de monitoramento a ser realizada por esta Controladoria. 2.1 Parte 1 Os fatos apresentados a seguir destinam-se aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal - gestores federais dos programas de execução descentralizada. A princípio, tais fatos demandarão a adoção de medidas preventivas e corretivas por parte desses gestores, visando à melhoria da execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente Tomada de Contas Especial, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União. 2.1.1. Risco de perda de investimento de recursos federais em obra pública e, não atingimento dos objetivos propostos. Fato A equipe de fiscalização da CGU/Regional executou a inspeção física da obra de construção da Unidade Básica de Saúde da Família – UBSF – localizada no Jardim das Perdizes, no dia 19 de maio de 2016, no município de Campo Grande/MS, buscando averiguar a compatibilidade da última medição realizada (14ª medição, referente ao mês de outubro de 2013), com a realidade da construção. A obra foi contratada em 05 de abril de 2011, estando, no momento da fiscalização com os serviços paralisados, porém com um dispêndio de 62,54% do valor do contrato, totalizando R$863.115,82. Nota-se que a obra não está concluída, não estando, portanto, apta a ser utilizada pela comunidade, situação esta constatada pela equipe de fiscalização durante a vistoria in loco.

Durante a inspeção física realizada no período vespertino, verificou-se que a obra estava fechada com muro e alambrado, estando, porém, com um dos portões com o cadeado violado, não impedindo a entrada de pessoas estranhas e sem a presença de vigilantes nem da Prefeitura ou da empresa construtora. Havia também vestígios de que pessoas adentraram a obra, como roupas, restos de cigarros, pichações, etc. Como consequência da ausência de zelo pelo local da obra, a situação encontrada demonstra já ter havido depredação ao local e que este corre risco de ser ainda mais avariado, com prejuízos aos cofres públicos, já que a obra não foi nem terminada, além de prejuízo estético e possível furto de componentes da obra. As fotos a seguir demonstram a situação encontrada:

Foto 01 – Caixa de areia sem a grelha em 19 de maio de 2016.

Foto 02 – Ferrugem deteriorando esquadria em 19 de maio de 2016.

Foto 03 – Ferrugem em porta de esquadria metálica em 19 de maio de 2016.

Foto 04 – Pichação em 19 de maio de 2016.

Foto 05 – Infiltração em função de ausência de cobertura em 19 de maio de 2016.

Foto 06 – Grade enferrujada e entortada em 19 de maio de 2016.

Foto 07 – Porta metálica sem a devida proteção a intempéries em 19 de maio de 2016.

Foto 08 – Batente do portal arrancado e jogado ao chão em 19 de maio de 2016.

Não foi possível estimar o prejuízo efetivo total decorrente da deterioração do objeto, mas apenas as esquadrias, as caixas de areia, suas respectivas grades e os portais que visualmente sofreram danos acentuados, totalizam o valor de R$ 28.354,09. Porém, considerando-se o prejuízo potencial caso a Prefeitura não promova a continuidade da construção, chega-se a um valor de R$248.746,01 (valores dos serviços referentes aos revestimentos de forro e parede, esquadrias metálicas e superestrutura já executados). Assim, estima-se que R$277.100,10 (ou 32% da obra realizada) em materiais e serviços adquiridos, pagos e executados estão sendo deteriorados ante a precariedade de controle da obra. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada. Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2 Parte 2 Nesta parte, a competência primária para adoção de medidas corretivas dos fatos apresentados a seguir pertence ao executor do recurso federal descentralizado. Esclarece-se que as situações relatadas são decorrentes de levantamentos necessários à adequada contextualização das constatações relatadas na primeira parte. Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de recursos federais, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas ministeriais. Destinam-se, ainda, para ciência dos Órgãos de Defesa do Estado com vistas à tomada de providências no âmbito das respectivas competências. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das providências saneadoras relacionadas a estas constatações. 2.2.1. Descumprimento de meta descrita no Plano de Trabalho relativo ao Contrato de Repasse nº 0265549-10. Fato Tendo como objetivo a construção da Unidade Básica de Saúde da Família – UBSF situada na Rua Chaim Jorge com a Rua Querubina Garcia Nascimento, no Jardim das Perdizes, a Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS firmou com o Ministério da Saúde o Contrato de Repasse nº 0265549-10 (Siafi nº 647095). O valor total foi de R$ 1.299.521,41, sendo R$ 1.000.000,00 por parte do concedente e R$ 299.521,41 a título de contrapartida do convenente. O Contrato de Repasse foi assinado em 30 de dezembro de 2008 e sua vigência vai até 30 de setembro de 2016. Visando à construção da Unidade Básica de Saúde da Família acima, a Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS instaurou a Tomada de Preços nº 030/2010 (Processo nº 92701/2010-85). Como resultado desse certame, efetivou-se a contratação da empresa Ecol Engenharia e Comércio Ltda. - CNPJ 15.428.774/0001-95, por meio do Contrato nº 114/2011 de 05 de abril de 2011. No intuito de se comparar as metas/etapas descritas no Plano de Trabalho com as efetivamente realizadas e de se verificar o percentual de execução das obras relativas ao Contrato de Repasse nº 0265549-10, procedeu-se a análise documental do Processo nº 92701/2010-85, bem como consulta ao Sistema de Acompanhamento de Obras - SIURB administrado pela Caixa Econômica Federal. Com base na análise realizada, corroborada pela vistoria in loco de 19 de maio de 2016, constatou-se que a obra se encontra paralisada, sendo sua última medição referente ao período de 01 de outubro a 31 de outubro de 2013. O quadro que se segue demonstra as medições realizadas e seus respectivos valores:

Quadro 01 – Medições Realizadas Nº da

Medição Nº da Nota

Fiscal Período da Medição Data da Nota Data do Pagamento Valor Total

1ª 31 08/08/2011 a 31/08/2011 06/10/2011 20/10/2011 R$ 134.217,06 2ª 32 01/09/2011 a 30/09/2011 23/11/2011 28/11/2011 R$ 7.495,97 3ª 33 01/10/2011 a 31/10/2011 14/12/2011 19/12/2011 R$ 13.139,84 4ª 34 01/11/2011 a 30/11/2011 15/02/2012 16/03/2012 R$ 12.901,99 5ª 35 01/12/2011 a 31/12/2011 03/04/2012 12/04/2012 R$ 47.661,97 6ª 36 01/01/2012 a 31/01/2012 03/04/2012 12/04/2012 R$ 81.145,71 7ª 37 01/02/2012 a 29/02/2012 03/04/2012 12/04/2012 R$ 73.546,34 8ª 38 01/03/2012 a 31/03/2012 07/05/2012 11/05/2012 R$ 55.402,24 9ª 39 01/04/2012 a 30/04/2012 14/06/2012 19/06/2012 R$ 37.114,67 10ª 40 01/05/2012 a 31/05/2012 03/07/2012 16/07/2012 R$ 39.656,24 11ª 43 01/06/2012 a 30/06/2012 05/09/2012 14/09/2012 R$ 85.406,70 12ª 44 01/07/2012 a 31/07/2012 05/09/2013 14/09/2012 R$ 62.900,22 13ª 46 01/08/2012 a 31/08/2012 09/11/2012 27/11/2012 R$ 44.556,30 14ª 55 01/10/2013 a 31/10/2013 28/07/2014 14/08/2014 R$ 167.970,57

TOTAL R$ 863.115,82 Fonte: Processo 92701/2010-85

Considerando-se o valor contratado da obra de R$ 1.285.991,44, o montante de R$ 863.115,82 pago pela Prefeitura de Campo Grande/MS à empreiteira corresponde a 67,11% da execução financeira do contrato. Portanto, tendo em vista que a obra de construção da UBSF Jardim das Perdizes em Campo Grande/MS encontra-se paralisada desde o mês de novembro de 2013 apresentando apenas 67,11% de sua execução financeira, conclui-se que a meta do Contrato de Repasse nº 0265549-10 (Siafi nº 647095) não foi atingida, qual seja a de contribuir com o fortalecimento da Atenção Básica por meio da expansão da Saúde da Família e o aumento da sua cobertura mediante a construção de Unidade Básica de Saúde da Família - UBSF. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada. Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.2. Falha na gestão da obra de construção da UBSF - Jardim das Perdizes Campo Grande/MS, objeto do Contrato de Repasse nº 0265549-10 (Siafi nº 647095), por fragilidade no projeto básico. Fato

Trata-se de análise documental com o objetivo de se verificar a compatibilidade do estágio de andamento do Contrato de Repasse nº 0265549-10 (Siafi nº 647095) com o cronograma físico-financeiro de execução previsto no plano de trabalho, identificando, para os casos de obras paralisadas, atrasadas ou com ritmo lento de execução, os fatores determinantes para tais condições. O referido Contrato de Repasse foi assinado em 30 de dezembro de 2008 tendo como contratante a União, por intermédio do Ministério da Saúde, representada pela Caixa Econômica Federal – CEF e o Município de Campo Grande/MS como contratado. A vigência do contrato é até 30 de setembro de 2016. O objeto desse Contrato de Repasse é a construção de uma Unidade Básica de Saúde da Família – UBSF na esquina da Rua Chaim Jorge com a Rua Querubina Garcia Nascimento, no Jardim das Perdizes Campo Grande/MS. Por meio do Ofício nº 236/2015/SR Mato Grosso do Sul, de 26 de maio de 2015, a Caixa Econômica Federal informou que o valor do repasse de R$ 1.000.000,00 foi totalmente creditado na conta vinculada ao Contrato de Repasse nº 0265.549-10/2008 desde 09 de outubro de 2009. A autorização de saque na conta vinculada para pagamento da empresa contratada se dá à medida que for comprovada a execução física do empreendimento, mediante a apresentação de boletim de medição, resumo do empreendimento e notas fiscais encaminhados pela Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS. Com base em análise documental do Processo Licitatório nº 92701/2010-85 referente à Tomada de Preços nº 30/2010, verificou-se que o início da obra foi autorizado pela Caixa Econômica Federal em 26 de julho de 2011 por meio do Ofício n 1-3442/2011/GIDURCG. Desse modo, a Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu a Ordem de Serviço nº 119/2011 de 08 de agosto de 2011 autorizando a empresa Ecol Engenharia e Comércio Ltda. - CNPJ 15.428.774/0001-95, vencedora da Tomada de Preços nº 30/2010, dar início à obra. Por sua vez, a empresa tomou ciência da ordem em 18 de agosto de 2011. O prazo estabelecido na Ordem de Serviço para conclusão da obra era de 180 dias consecutivos a contar da data de recebimento do referido documento. Desse modo, a obra deveria estar concluída em fevereiro de 2012, no entanto a obra encontra-se paralisada desde o mês de novembro de 2013. No dia 01 de fevereiro de 2012, o Sr. de CPF nº ***.706.691-** representante da empresa Ecol Engenharia e Comércio Ltda. encaminhou para o Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação uma carta onde fica evidenciada falha no projeto da obra relacionada ao item fundação. De acordo com o que consta nesse comunicado, houve execução de serviços de fundação não previstos antes da devida formalização e autorização da alteração no projeto. Diante da ausência da formalização e aprovação das alterações a serem realizadas no projeto, a Caixa Econômica Federal não autorizou liberação de recursos para pagamento dos serviços executados. Tem–se a seguir o teor do comunicado enviado pelo representante da empresa Ecol Engenharia e Comércio Ltda. para o Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação em 01 de fevereiro de 2012:

“Ao Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação - 01-02-2012 Prezado Senhor Referente ao Contrato n. 114 - Execução do Posto de Saúde da Família - PSF - Jardim das Perdizes

Desde o início desta obra estamos com enorme dificuldade de receber os pagamentos pelos serviços prestados, com atrasos injustificáveis pela burocracia e principalmente pela CEF - Caixa Econômica Federal, prejudicando o tempo de execução da obra. Os projetos originais logo de início foram alterados com relação à fundação que não era compatível com o terreno que possui um lençol freático quase que aflorando. Sendo necessário um novo tipo de fundação (estaca e strauss) moldada em loco, em consequência uma nova reprogramação deste serviço e outros mais não previstos, deveria ser feito, para podermos receber por isso. Como essa nova reprogramação ainda não foi feita, para não paralisar a obra e aguardar esta reprogramação fizemos este serviço assim mesmo para adiantarmos os demais serviços e evitar as chuvas, e já pagamos a empresa Mello Vieira que foi a fornecedora do mesmo. Os serviços seguintes, blocos, baldrames e alvenarias foram executados a seguir, pois eles não foram modificados e portando não sendo necessária nenhuma reprogramação, pois já estavam previstos. Esses serviços previstos foram executados, medidos e enviados para o nosso pagamento e para nossa surpresa a Caixa Econômica se recusou a pagar todos eles. Pasmem os senhores o motivo é que não tem sentido pagar por eles, pois a ordem natural é que as fundações devem ser pagas primeiro. É o mesmo que matar o pai se o filho morre primeiro, pois a ordem natural é o coitado do pai morrer primeiro. Acontece que tudo foi executado e aprovado pela fiscalização e pessoas despreparadas provocam situações das mais bárbaras possível, provocando enormes prejuízos financeiros e morais. As fundações foram feitas na ordem natural e não pagas, pois ainda falta a tal reprogramação e agora somos "punidos", pois queremos receber o que vem depois das fundações (blocos, baldrames e alvenaria). Nunca eu vi isso em toda minha vida, com 32 anos trabalhando na mesma empresa. Penso que essas pessoas deveriam estar preparadas, pois ganham para fazer isso. Sem contar que todos os serviços mencionados foram enviados com as fotos e a memória de cálculo juntos. Não sei mais o que fazer, pois provavelmente haverá atrasos e muita polêmica. Portanto Senhor Secretário gostaria que V. S. intercedesse para solucionar esse imbróglio, pois somos cobrados diariamente por moradores, vereadores, poder municipal e todos nem sonham que esse tipo de problema ainda acontece. ”

Identificou-se que em 10 de fevereiro de 2012 o Fiscal do Contrato (CPF ***.424.331-**) encaminhou para o Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação (CPF ***.380.469-**) justificativa na qual solicitava a prorrogação por mais 120 dias da vigência do contrato nº 114 de 05 de abril de 2011, firmado com a empresa Ecol Engenharia e Comércio Ltda. - CNPJ 15.428.774/0001-95. Os motivos alegados para esse pedido dizem respeito aos seguintes aspectos:

- Necessidade de alterações nos serviços preliminares em função da topografia do terreno para execução de corte, aterro e terraplanagem, onde o primeiro e o último não estavam previstos; - Atraso nos serviços de fundações; - Índice pluviométrico superior ao estimado; - Dificuldade de contratação de mão de obra especializada. A seguir apresenta-se cópia do referido documento, cuja solicitação foi deferida pelo Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação (CPF ***.380.469-**):

Fonte: Processo Licitatório nº 92701/2010-85 Volume II Folha 413

Como consequência, o cronograma físico-financeiro da obra foi ajustado para conclusão dos serviços em junho de 2012 e, nesse sentido, foi assinado em 10 de fevereiro de 2012 o Primeiro Termo Aditivo ao Contrato nº 114, de 05 de abril de 2011, prorrogando a vigência do contrato em mais 120 dias, contados de 15 de fevereiro de 2012 a 13 de junho de 2012. Novamente, em 13 de março de 2012, o representante da empresa Ecol Engenharia e Comércio Ltda. encaminhou para o Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação outro comunicado solicitando providências, pois até aquela data não havia sido efetivada a reprogramação. A empresa alegou que foram feitas quatro medições em novembro/20l1, dezembro/2011, janeiro/2012 e fevereiro/2012, sendo que até aquele

momento não havia recebido pagamento. Afirmou ainda, que faltava receber pela reprogramação de serviços feitos em outubro de 2011. Faltando um dia para terminar o prazo estabelecido no cronograma ajustado, ou seja, em 12 de junho de 2012, o Fiscal do Contrato encaminhou para o Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação justificativa na qual solicitava a prorrogação por mais 210 dias da vigência do contrato nº 114, de 05 de abril de 2011, firmado com a empresa Ecol Engenharia e Comércio Ltda. - CNPJ 15.428.774/0001-95, vencedora da Tomada de Preços nº 30/2010. A justificativa apresentada para esse pedido diz respeito aos seguintes aspectos: - Dificuldade de contratação de mão de obra especializada; - Necessidade de que os estudos para adequação e reprogramação de quantidades de serviços da obra fossem analisados e aprovados. A seguir apresenta-se cópia do referido documento, cuja solicitação foi deferida pelo Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação:

Fonte: Processo Licitatório nº 92701/2010-85 Volume III Folha 649 Dessa feita, o cronograma físico-financeiro da obra foi novamente ajustado para conclusão

dos serviços em janeiro de 2013 e nesse sentido, foi assinado em 12 de junho de 2012 o Segundo Termo Aditivo ao Contrato nº 114 de 05 de abril 2011, prorrogando a vigência do contrato em mais 210 dias, contados de 14 de junho de 2012 a 09 de janeiro de 2013. No entanto, em 31 de agosto de 2012, o Fiscal do Contrato encaminhou para o Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação justificativa na qual solicitava a paralisação da obra. A justificativa foi apresentada pelos seguintes motivos: - Necessidade de adequação de serviços em decorrência de análise técnica realizada pela Fiscalização da Coordenadoria de Obras da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação - SEINTRHA; - Necessidade de que os estudos para adequação e reprogramação de quantidades de serviços da obra fossem analisados e aprovados; - Solicitação de paralisação dos serviços pela empresa contratada em decorrência da demora na aprovação da adequação pela Caixa Econômica Federal.

Fonte: Processo Licitatório nº 92701/2010-85 Volume III Folha 742 Desse modo, o Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação encaminhou para a empresa ECOL Engenharia e Comércio Ltda. o Ofício nº 2413/ASJUR/SEINTRHA de 31 de agosto de 2012, comunicando que a partir de 01 de setembro de 2012 a execução da obra estaria suspensa. Diante das referidas prorrogações e suspensões da obra, conforme acima exposto, fica claro que havia uma falha na elaboração do seu projeto básico, aprovado pelo Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação (CPF ***.380.469-**), com relação à fundação que, conforme alegado pela contratada, “não era compatível com o terreno que possui um lençol freático quase que aflorando”. Frente a esse fato, a empreiteira afirma que seria necessário um novo tipo de fundação (estaca e strauss) moldada em loco. No entanto, cabe ressaltar, que conforme previsto no item 5.1.7 do edital da Tomada de Preços nº 030/2010, a empresa assinou declaração que tomou conhecimento das condições do terreno e que era condizente.

“5.1.7 – Atestado fornecido pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação de que o representante legal e/ou responsável técnico da empresa vistoriou os locais onde serão executados as obras e serviços, bem como de que tomou conhecimento de todas as informações inerentes ao fiel cumprimento das obrigações desta licitação. O Atestado deverá ser solicitado até o dia 16 de novembro de 2010. ” (Original sem grifo)

A seguir tem-se cópia do Atestado de Visita assinado pelo responsável técnico da empresa Ecol Engenharia e Comércio Ltda:

Fonte: Processo Licitatório nº 92701/2010-85 Volume I Folha 127

Acerca da finalidade da realização de visita técnica o Tribunal de Contas da União, no Acórdão nº 4.968/2011 – Segunda Câmara, assim se manifestou:

“A visita de vistoria tem por objetivo dar à Entidade a certeza e a comprovação de que todos os licitantes conhecem integralmente o objeto da licitação e, via de consequência, que suas propostas de preços possam refletir com exatidão a sua plena execução, evitando-se futuras alegações de desconhecimento das características dos bens licitados, resguardando a Entidade de possíveis inexecuções contratuais. 11.1.3.2. Portanto, a finalidade da introdução da fase de vistoria prévia no edital é propiciar ao proponente o exame, a conferência e a constatação prévia de todos os detalhes e características técnicas do objeto, para que o mesmo tome conhecimento de tudo aquilo que possa, de alguma forma, influir sobre o custo, preparação da proposta e execução do objeto”. (Original sem grifo)

Sendo assim, considerando a finalidade e o teor do Atestado de Visita, a empresa possuía o conhecimento do local da obra e saberia dos detalhes e características técnicas do objeto que influenciaram na elaboração da sua proposta. No entanto, a empresa só verificou que a técnica prevista no projeto para a execução da fundação era inadequada, ao dar início à obra.

Outro aspecto questionável, é o fato de a Prefeitura ter autorizado a empresa a realizar as readequações na execução dos serviços, sem a devida formulação prévia dos aditivos necessários para alteração do projeto. Esse procedimento contraria o previsto na Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993 e nas deliberações do Tribunal de Contas da União.

“Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: I - unilateralmente pela Administração: a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor

adequação técnica aos seus objetivos;” Lei nº 8.666/1993 (Original sem grifo)

“Observe o disposto no art. 60 da Lei nº 8.666/1993, formalizando, previamente e por escrito, alterações contratuais mediante aos contratos iniciais. ” Acórdão 195/2005 Plenário (Original sem grifo)

Com isso, constata-se que houve falha na gestão da obra por parte da Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS, que não tomou as providências necessárias para o correto prosseguimento da obra. Nesse sentido, não deveria ter autorizado a empresa a executar serviços sem antes realizar a devida formalização das alterações no projeto a serem encaminhadas para autorização do órgão repassador dos recursos financeiros. A seguir tem-se registro fotográfico da inspeção realizada na obra em 19 de maio de 2016, demonstrando que a obra se encontra paralisada:

Foto: Placa da obra, em 19 de maio de 2016.

Foto: Parte da frente da UBS em 19 de maio de

2016. Foto: Parte dos fundos da UBS em 19 de

maio de 2016.

Foto: Saída dos consultórios em 19 de maio de

2016. Foto: Salão na entrada da UBS em 19 de maio de 2016.

Portanto, com base na análise documental do processo do contrato de repasse, conclui-se que a paralisação da obra de construção da Unidade Básica de Saúde da Família – UBSF Jardim das Perdizes em Campo Grande/MS foi ocasionada pela existência de falhas na elaboração do projeto original da obra no que diz respeito aos itens relacionados à fundação da obra. Em decorrência da falha no projeto houve modificações na execução de serviços de fundação. Referidas modificações foram realizadas antes da devida formalização das alterações no projeto por parte da Prefeitura de Campo Grande/MS e respectiva autorização pela Caixa Econômica Federal. Diante da ausência da formalização e aprovação das alterações a serem realizadas no projeto, a Caixa Econômica Federal não autorizou liberação de recursos para pagamento dos serviços executados. Por sua vez, em decorrência de atrasos na aprovação da adequação dos serviços, a empresa contratada solicitou em 31 de agosto de 2012 a paralisação da obra. Por meio do Ofício nº 2413/ASJUR/SEINTRHA de 31 de agosto de 2012, o Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação informou que a execução do serviço estaria suspensa a partir de 01 de setembro de 2012. Após a paralisação da obra, a Caixa Econômica Federal informou à Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS, por meio do Ofício nº 1-3443/2012/GIDURCG de 28 de novembro de 2012, que o Ministério da Saúde tinha aceitado a possibilidade de reprogramação da obra. Para tanto, a Prefeitura deveria apresentar os seguintes documentos: - Plano de Trabalho ajustado; - Declaração de Contrapartida no valor de R$ 380.123,56;

- Aditivo Contratual de Valor; e - Projeto de Levantamento Topográfico devidamente assinado pelo seu Responsável Técnico. Muito embora, em 28 de novembro de 2012, a CEF tivesse informado à Prefeitura apenas a possibilidade da reprogramação, em 01 de agosto de 2013, foi assinado o Terceiro Termo Aditivo, alterando o valor do contrato de R$ 1.285.991,44 para R$ 1.380.123,56. Assim, em 27 de setembro de 2013, o Fiscal da Obra apresentou ao Secretário da SEINTRHA justificativa técnica solicitando o reinício da obra a partir de 01 de outubro de 2013, tendo como base para o pedido a oficialização por parte da Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS do Terceiro Termo Aditivo. Sendo assim, a obra foi reiniciada em 01 de outubro de 2013, ou seja, após 11 meses da autorização de reprogramação pela CEF. Verificou-se que em 31 de outubro de 2013, trinta dias após o reinício da obra, o Fiscal do Contrato solicitou novamente a paralização da obra devido ao atraso na autorização de saque na conta específica do contrato de repasse por parte da Caixa Econômica Federal. Nesse ponto, cabe ressaltar que em 28 de novembro de 2012, a CEF solicitou à Prefeitura que apresentasse Plano de Trabalho ajustado, Declaração de Contrapartida no valor de R$ 380.123,56, Aditivo Contratual de Valor e Projeto de Levantamento Topográfico devidamente assinado pelo seu Responsável Técnico, no entanto não se identificou a presença desses documentos no processo analisado, o que ocasionou a não liberação de recursos financeiros por parte da CEF. Em decorrência da solicitação do Fiscal do Contrato, o Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação encaminhou para a empresa ECOL Engenharia e Comércio Ltda. o Ofício nº 1773/ASJUR/SEINTRHA, de 31 de outubro de 2013, informando que a partir de 01 de novembro de 2013 a execução da obra estaria suspensa. Assim, dois fatores foram determinantes para a paralização e o consequente atraso da obra. O primeiro corresponde ao erro do projeto quanto a solução e dimensionamento dos itens de fundação da edificação face às condições geológicas do terreno. O projeto básico foi utilizado para fazer o orçamento da obra e depois foi usado na licitação. Mas o que se constatou, foi que o projeto se baseou em representações incompletas do local em que a obra seria implementada, o que resultou na necessidade de readequação durante a execução da obra. O segundo refere-se à falha na gestão da obra por inércia do Fiscal da Obra e do Secretário da SEINTRHA em formalizar as alterações necessárias do projeto da obra, assim que foi identificada a sua inadequação. A Prefeitura também falhou em permitir que o contratado realizasse serviços de fundação não previstos sem devida formalização e autorização das alterações no projeto e por fim, houve morosidade no envio das documentações exigidas pela Caixa Econômica Federal para que se desembaraçasse a reprogramação financeira do objeto, e consequentemente a liberação dos valores devidos em favor da empreiteira. Desse modo, o atraso observado na obra de construção da Unidade Básica de Saúde da Família – Jardim das Perdizes Campo Grande/MS chega a três anos. Os prejuízos daí decorrentes afetam principalmente a população que deixa de receber atendimento médico na UBSF que já poderia estar em pleno funcionamento, além do mais a paralisação eleva o custo da obra, pois quando a mesma for retomada haverá a necessidade de se reavaliar o preço dos serviços ainda não realizados e a recuperar as instalações degredadas. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação da unidade examinada. Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. 2.2.3. Restrições ao processo licitatório da Tomada de Preços nº 030/2010. Fato Na análise da composição do edital da Tomada de Preços nº 030/2010 (Processo nº 92701/2010-85), instaurada pela Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS para a execução de obras visando à construção da Unidade Básica de Saúde da Família – UBSF na Rua Chaim Jorge esquina com a Rua Querubina Garcia Nascimento, no Jardim das Perdizes no município de Campo Grande/MS, com valor máximo estimado em R$ 1.299.521,41, foram identificadas as seguintes cláusulas restritivas ao caráter competitivo do certame licitatório:

i. Descumprimento do prazo legal exigido para publicação do aviso do edital da Tomada de Preços:

Inicialmente, cabe ressaltar que a Comissão Permanente de Licitação – CPL que atuou nos procedimentos relativos à Tomada de Preços nº 030/2010 era composta pelos seguintes servidores da Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS: - Presidente da CPL, CPF ***.939.961-**; - Membro da CPL, ***.763.691-**; e - Membro da CPL, ***.040.591-**. A autorização para a realização da Tomada de Preços nº 030/2010 foi assinada pelo Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação CPF ***.380.469-**. O Edital foi assinado pela Diretora Geral da Central de Compras - CECOM em substituição CPF ***.511.051-**. A licitação foi homologada e adjudicada pelo então Prefeito Municipal CPF ***.481.181-**. A Ata da Sessão de Julgamento ocorrida em 22 de novembro de 2010 foi assinada por todos os membros da CPL e preenchida pela servidora CPF ***.220.771-**. A Tomadas de Preços nº 030/2010, cuja sessão de abertura foi marcada inicialmente para o dia 18 de novembro de 2010, teve o aviso do edital publicado no Diário Oficial da União, no Diário Oficial do Estado de Mato Grosso do Sul e no Diário Oficial do Município de Campo Grande em 03 de novembro de 2010. Verifica-se que entre a última publicação do extrato do edital, em 03 de novembro de 2010, e a data da sessão de julgamento, em 18 novembro de 2010 há um intervalo de 14 dias, e não os 15 dias previstos no inciso III parágrafo 2º do Art. 21 Lei 8.666/93.

“ Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez:

I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por instituições federais; II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal; III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar a área de competição. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) (...) § 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do evento será: (Original sem grifo) (...) III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior, ou leilão; (Original sem grifo) (...) § 3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão contados a partir da última publicação do edital resumido ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos, prevalecendo a data que ocorrer mais tarde. ” (Original sem grifo)

Posteriormente, em 17 de novembro de 2010, a data para apresentação das propostas foi alterada para 22 de novembro de 2010 por motivo de alterações realizadas na planilha orçamentária, conforme justificativa apresentada pelo Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação.

Fonte: Processo Licitatório nº 92701/2010-85 Volume I Folha 46

Além da mudança na data da sessão de abertura, foi realizada a seguinte modificação no item 3.1.9 do Edital da Tomada de Preços nº 030/2010:

Fonte: Processo Licitatório nº 92701/2010-85 Volume I Folha 47

O aviso do edital contendo essas alterações foi publicado em 18 de novembro de 2010 no Diário Oficial do Estado de Mato Grosso do Sul e no Diário Oficial do Município de Campo Grande, sendo que a publicação no Diário Oficial da União ocorreu em 19 de novembro de 2010. Assim, verifica-se que o intervalo de tempo entre a última publicação do aviso de alteração, 19 de novembro de 2010, e a data da nova sessão de julgamento das propostas, 22 de novembro de 2010, é de apenas 3 dias. Mais uma vez, a Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS deixou de observar o prazo legal exigido para publicação de aviso de licitação, conforme consta parágrafo 4º do Art. 21 Lei 8.666/93 que deveria ter sido de 15 dias:

“§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas. ”

Na justificativa apresentada para a alteração da data da sessão de julgamento, consta que após análise realizada pelos técnicos da SEINTRA, foi detectada a necessidade de pequena

alteração na planilha para melhor adequação da obra, porém de natureza irrelevante e que não alteraria o interesse dos licitantes e nem a formulação das propostas. No entanto, não está claramente demonstrado no Processo Licitatório nº 92701/2010-85 da Tomada de Preços nº 030/2010 qual seria a alteração na planilha, de modo a se comprovar inquestionavelmente, que a alteração não afetaria a formulação das propostas. Situação essa que, conforme previsto no parágrafo 4º do Art. 21 Lei 8.666/93, dispensaria a abertura de novo prazo de 15 dias entre a publicação do aviso e a sessão de julgamento. A outra alteração diz respeito à necessidade de as empresas participantes da licitação recolherem no Departamento de Tesouro até às 16:00h do dia 19 de novembro de 2010, caução de garantia de proposta no valor de 1% do preço estimado da licitação, cujo comprovante de pagamento deveria ser juntado ao envelope 01 dos documentos de habilitação. Sendo assim, dependendo do horário que uma possível empresa tomasse conhecimento dessa licitação, por meio do aviso de alteração da licitação publicado no Diário Oficial da União no dia 19 de novembro de 2010, ela estaria impossibilitada de participar da licitação pois não haveria prazo suficiente para efetuar o recolhimento da referida caução de garantia. Sendo assim, o descumprimento do prazo legal exigido para publicação do aviso do edital da Tomada de Preços trouxe restrições ao caráter competitivo da Tomada de Preços nº 030/2010.

ii) Exigência injustificada de atestado de visita condicionada a prazo para agendamento e realizada obrigatoriamente pelo responsável técnico da licitante como documento de habilitação: De acordo com o item 5.1.7 do edital da Tomada de Preços nº 030/2010, para participação no certame, as empresas interessadas deveriam apresentar, como documento indispensável à sua habilitação, um atestado de visita, conforme reprodução a seguir:

“5.1.7 – Atestado fornecido pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação de que o representante legal e/ou responsável técnico da empresa vistoriou os locais onde serão executados as obras e serviços, bem como de que tomou conhecimento de todas as informações inerentes ao fiel cumprimento das obrigações desta licitação. O Atestado deverá ser solicitado até o dia 16 de novembro de 2010. ” (Original sem grifo)

Muito embora o artigo 30 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, não preveja a realização de vistoria técnica – possibilita apenas exigir-se documento que demonstre o conhecimento do licitante de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações –, a Administração Pública tem exigido a realização pelos licitantes de vistoria ao local da obra com base no inciso III daquele artigo. O Tribunal de Contas da União – TCU entende que a obrigatoriedade da vistoria pelos licitantes deve atender a situações excepcionais, em que sejam técnica e expressamente justificadas a necessidade, a pertinência e a indispensabilidade da visita in loco para a correta execução do objeto licitado face à sua complexidade e extensão.

Acórdão TCU nº 571/2006 - Segunda Câmara:

“Consigne de forma expressa, nos próximos editais, o motivo de exigir-se visita ao local da realização dos serviços do responsável técnico da empresa que participará da licitação, demonstrando, tecnicamente, que a exigência é necessária, pertinente e indispensável à correta execução do objeto licitado, de forma que a demanda não constitua restrição ao caráter competitivo do certame” (original sem grifo).

A resistência da Corte de Contas, quanto à obrigatoriedade da realização de vistoria, fundamenta-se na possível restrição à competitividade do certame, já que potenciais licitantes sediados em locais diversos ao do local do objeto poderiam ficar impedidos de atender tal requisito. Também o fato de tornar o certame mais oneroso às empresas competidoras figurar-se-ia um dos motivos para a resistência do TCU quanto à realização obrigatória de vistoria para fins de atendimento aos requisitos referentes à qualificação técnica. Ainda nesse sentido, convém citar a hipótese de uma empresa sediada em outra Unidade da Federação e interessada em participar do certame ter de deslocar seu representante legal ou responsável técnico ao Município de Campo Grande/MS em data anterior ao do julgamento do certame somente para participar da Visita Técnica da obra a ser executada, tendo que arcar com alto custo financeiro apenas para demonstrar interesse e continuar em condições de participação no certame. Portanto, a jurisprudência entende que a comprovação a que se refere o inciso III do art. 30 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, deve ser exigida apenas nos casos em que a complexidade do objeto seja tecnicamente justificável. De modo geral, é suficiente a declaração, por parte do licitante, de que tem conhecimento das condições do local dos serviços.

Acórdão TCU nº 2.150/2008 – Plenário: “9.7.5. abstenha-se de inserir em seus instrumentos convocatórios cláusulas impondo a obrigatoriedade de comparecimento ao local das obras quando, por sua limitação de tempo e em face da complexidade e extensão do objeto licitado, pouco acrescente acerca do conhecimento dos concorrentes sobre a obra/serviço, de maneira a preservar o que preconiza o art. 3ª caput, e § 1º, inciso I, da Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, sendo suficiente a declaração do licitante de que conhece as condições locais para a execução do objeto. Para os casos onde haja a imprescindibilidade da visita, evite reunir os licitantes em data e horários marcados capaz de dar-lhes conhecimento prévio acerca do universo de concorrentes” (original sem grifo). Acórdão TCU nº 1.174/2008 – Plenário: “Atende o art. 30, inciso III, da Lei nº 8.666/1993, sem comprometer a competitividade do certame, conforme art. 3º, § 1º, inciso I, do citado dispositivo legal, a substituição de atestado de visita por declaração formal assinada pelo responsável técnico, sob as penalidades da lei, de que tem pleno conhecimento das condições e peculiaridades inerentes a natureza dos trabalhos, assumindo total responsabilidade por esse fato e informando que não o utilizara para quaisquer questionamentos futuros que ensejem avencas técnicas ou financeiras com o órgão licitador” (original sem grifo).

No caso concreto, não foi identificado no processo qualquer parecer, ou documento similar, que apresentasse argumentos técnicos de forma a legitimar a exigência de visita prévia ao local da obra pelas empresas licitantes. Ademais, a mera inspeção visual do terreno não garante conhecimento técnico de seu subsolo, o qual demandaria inevitável realização de serviço de sondagem para o dimensionamento de sapatas e outros elementos estruturantes da edificação. Outro ponto restritivo constitui restringir apenas ao responsável técnico da empresa que proceda à vistoria. O Tribunal de Contas da União - TCU já emitiu decisões no sentido de não haver necessidade de se condicionar a realização da vistoria ao local da obra pelo responsável técnico das licitantes:

“Ementa: determinação a um município para que, relativamente a atos convocatórios de licitações envolvendo a aplicação de recursos públicos federais, abstenha-se de incluir exigência/cláusula no sentido de que a vistoria técnica seja realizada, necessariamente, pelo engenheiro responsável pela obra (responsável técnico), à míngua de previsão legal que a ampare e em desacordo com os Acórdãos de nºs 2.028/2006-1ªC; 874/2007-P e 1.264/2010-P, e em data única, o que não se mostra compatível com o art. 30, inc. II, e § 1º, c/c o art. 3º, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, e antagoniza com o entendimento dos Acórdãos de nºs 1.332/2006-P, 1.631/2007-P e 326/2010-P, potencializando a formação de conluios” (item 1.5.2.2, TC-022.783/2010-5, Acórdão nº 3.197/2010-Plenário). (Original sem grifo).

Com isso, nota-se que a obrigatoriedade de vistoria ao local da obra por responsável técnico da empresa, associada à necessária apresentação desse atestado de visita fornecido pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação do município de Campo Grande/MS como condição habilitatória, configura-se uma exigência injustificada, a qual restringe a participação de possíveis licitantes interessados. Tanto é inócua a obrigatoriedade do atestado de visita que a empresa vencedora do certame, a qual havia encaminhado seu responsável técnico para vistoriar o local da obra, após iniciar a construção do empreendimento, solicitou alteração do projeto em relação aos itens de fundação, conforme carta encaminhada no dia 01 de fevereiro de 2012 pelo representante da empresa Ecol Engenharia e Comércio Ltda. para o Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação:

“Os projetos originais logo de início foram alterados com relação à fundação que não era compatível com o terreno que possui um lençol freático quase que aflorando. Sendo necessário um novo tipo de fundação (estaca e strauss) moldada em loco, em consequência uma nova reprogramação deste serviço e outros mais não previstos, deveria ser feito, para podermos receber por isso” (original sem grifo).

Note-se, ainda, que somente aquelas empresas que tivessem tomado conhecimento até dois dias antes da data de abertura dos envelopes das propostas poderiam ter realizado a citada vistoria, uma vez que deveriam agendá-la com a Prefeitura de Campo Grande/MS até o dia 16 de novembro de 2010. Vale ressaltar que no dia anterior, 15 de novembro de 2010, segunda-feira, foi feriado nacional.

Reforçando o constatado, o Tribunal de Contas da União possui vasta jurisprudência sobre o assunto:

Acórdão TCU nº 2776/2011 – Plenário “9.3.3. abstenha-se de inserir cláusula impondo a obrigatoriedade de comparecimento ao local das obras, de maneira a observar o art. 3º, caput, e seu § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, sendo suficiente a declaração do licitante de que conhece as condições locais para execução do objeto.” Acórdão TCU nº 1599/2010 – Plenário “9.2.2. abstenha-se de estabelecer, em licitações que venham a contar com recursos federais, cláusulas impondo a obrigatoriedade de comparecimento ao local das obras, de maneira a preservar o que preconiza o art. 3º, caput, e § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, sendo suficiente a declaração do licitante de que conhece as condições locais para a execução do objeto.” Acórdão 1731/2008 Plenário “Estabeleça que eventuais vistorias possam ser realizadas por qualquer preposto da licitante, a fim de ampliar a competitividade do certame.” Acórdão 874/2007 Segunda Câmara (Sumário) “A exigência de vistoria que onere de forma desnecessária a participação de interessados em procedimento licitatório caracteriza restrição ao caráter competitivo da licitação, de que trata o art. 3º da Lei nº 8.666/1993, ensejando, por isso, a nulidade do procedimento.”

Com efeito, muito frequentemente, o ato de exigir-se Atestado de Visita Técnica, expedido por servidor da Administração, constitui apenas mecanismo para que agentes públicos conheçam, previamente à sessão de abertura e julgamento das propostas, quais empresas participarão do certame licitatório. iii) Exigência injustificada de apresentação de garantia da proposta antes da abertura do certame: Por meio do subitem 3.1.9 do edital da Tomada de Preços nº 030/2010, foram impostas condições irrelevantes e obstrutivas de forma a causar morosidade no trâmite para a apresentação da garantia da proposta pelas empresas interessadas, com a imposição de prazo para seu recolhimento, a saber:

“3.1.9 - A proponente deverá recolher no Departamento do Tesouro, até às 16:00 horas do dia 19 de novembro de 2010, caução de garantia de proposta no valor de 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da presente licitação, cujo comprovante deverá ser juntado aos documentos de habilitação (envelope n. 1). ” (Original sem grifo)

A referida exigência dificulta a participação de empresas interessadas, uma vez que o licitante deveria apresentar, injustificadamente, a garantia da proposta até o dia 19 de novembro de 2010 à Prefeitura de Campo Grande/MS, ou seja, 03 dias de antecedência da data de abertura dos envelopes que foi no dia 22 de novembro de 2010. Assim, novamente um licitante que tomasse conhecimento dos editais após esse prazo encontrar-se-ia automaticamente impedido

de participar dos processos, na medida em que este já deveria, obrigatoriamente, ter providenciado a garantia de proposta e protocolizado seu comprovante junto à Prefeitura de Campo Grande/MS, como condição para sua habilitação em data anterior ao conhecimento do aviso da licitação. Destaque-se, ainda, que a exigência em questão, além de restringir a participação de outras empresas interessadas, possibilita o conhecimento prévio de todas as possíveis licitantes e favorece, na hipótese de conluio ou de direcionamento da licitação, a ocorrência de coação ou de cooptação daquelas empresas que não participassem dos esquemas ilícitos possivelmente articulados. Colacionamos abaixo dois julgados do Tribunal de Contas da União, nos quais fica patente a ilegalidade da exigência de apresentação de documentação de habilitação antes da sessão de recebimento e abertura dos envelopes das licitantes:

Acórdão nº 2.864/2008 Plenário “Abstenha-se de exigir a apresentação da documentação relativa à qualificação econômico-financeira do art. 31 da Lei no 8.666/1993, antes da sessão de recebimento e abertura dos envelopes.” Acórdão nº 2.864/2008 Plenário (Voto do Ministro Relator) “Por fim, relativamente à exigência de as licitantes apresentarem a comprovação de garantia antes da sessão de recebimento e abertura dos envelopes, não encontra amparo legal e configura ofensa ao principio da moralidade, por possibilitar o conhecimento prévio dos participantes do certame.”

iv) Exigência de entrega pessoal das propostas, não aceitando o envio pelos correios: Verificou-se que o edital da Tomada de Preços nº 030/2010 não permite que a documentação seja enviada pelo correio (via postal), conforme consta no item 3.1.4 do mencionado edital: “3.1.4 - Não será aceita documentação remetida por via postal, ou fotocopiada via fac-simile.” Novamente foram criadas dificuldades enormes e injustificadas para que qualquer empresa que não seja de município próximo ao Município de Campo Grande/MS participe dos certames, pois é inviável a uma empresa de município distante ter que enviar um representante só para a entrega dos envelopes para a participação na licitação. Ressalta-se que tal cláusula também não encontra subsídio e/ou justificativa legal para sua exigência. v) Cobrança da taxa de R$500,00 para retirada do edital e de seus anexos.

Na análise da Tomada de Preços 030/2010, verificou-se a cobrança do valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) a título de custo de reprodução do edital do referido certame licitatório em seu item 3.1.5, conforme colocado abaixo:

“3.1.5 – O valor da guia relativa à pasta contendo o presente Edital é de R$ 500,00 (quinhentos reais), cujo comprovante poderá ser juntado aos documentos de habilitação (envelope 01).”

Nesse sentido, o Tribunal de Contas da União já possui jurisprudência consolidada de que a cobrança de emolumentos referentes a fornecimento de edital circunscreve-se aos custos de reprodução gráfica, conforme as decisões abaixo transcritas:

“Ementa: o TCU alertou a uma prefeitura municipal no sentido de que, em licitações, observe a vedação contida no § 5º do art. 32 da Lei nº 8.666/1993 do prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, quando solicitado, com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação fornecida” (item 1.5.1, TC-006.158/2010-2, Acórdão nº 1.325/2010-2ª Câmara). “Ementa: alerta a uma prefeitura municipal no sentido de que, em suas licitações, cumpra o art. 32, § 5º da Lei nº 8.666/1993, limitando a cobrança de taxas apenas ao custo efetivo da reprodução gráfica da documentação a ser fornecida” (item 1.5.1, TC-013.706/2009-3, Acórdão nº 2.367/2010-1ª Câmara). “Outra irregularidade identificada pela unidade técnica em auditoria nas obras de urbanização de favelas nas bacias dos córregos Cabaça e Segredo, localizadas no Município de Campo Grande/MS, e que poderia restringir a competitividade do certame seria a cobrança de valores referentes a fornecimento do edital em patamar superior ao custo efetivo de reprodução gráfica dessa documentação, em contraposição ao art. 32, § 5º, da Lei 8.666/1993, bem como em relação à jurisprudência do TCU. Em sua análise, a equipe de auditoria realçou que “Após avaliação do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação fornecida, considerando valores atuais, apresentada em planilha de comparação de custos em anexo, evidenciou-se que essa cobrança não guarda relação com o que dispõe a lei de licitações quanto ao tema”. O relator, na mesma linha, entendeu restar afrontada tanto a Lei 8.666/1993 quanto a jurisprudência do Tribunal e apresentou proposta ao Plenário de determinação corretiva quanto ao fato, o que foi aprovado pelo Colegiado. Precedentes citados: Acórdãos nº. 2.297/2005, 2.036/2008, 2.099/2009, todos do Plenário.” (Acórdão n.º 1.762/2010-Plenário, TC-000.289/2010-8, Subst. Marcos Bemquerer Costa, 21.07.2010).

Verifica-se, pela leitura do acima exposto, que a cobrança de emolumentos para o fornecimento do edital de licitação deve ater-se apenas ao custo da reprodução do processo (edital e respectivos anexos, se houver). Entretanto, não se pode olvidar que a quantia de R$ 500,00 (quinhentos reais) a título de fornecimento do edital da Tomada de Preços 030/2010 é equivocada, no sentido em que, em pleno século XXI, poder-se-ia muito bem ser realizada a digitalização dos documentos e a gravação dos arquivos resultantes em um simples compact disc (CD). Tal operação não demandaria grande esforço – tanto pessoal quanto material - por parte da administração da Prefeitura de Campo Grande/MS e reduziria consideravelmente o valor dos emolumentos cobrados aos licitantes. Dessa feita, tem-se que a exigência de cobrança do valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para o fornecimento do edital revela-se desarrazoada, tendo em vista que a simples gravação do edital e seus anexos em um compact disc (CD) comum diminuiria os custos reprográficos e seria o suficiente para o atendimento do parágrafo 5° do artigo 32 da Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, por parte da Prefeitura de Campo Grande/MS.

Constata-se, portanto, que o Edital da Tomada de Preços nº 030/2010 admitiu cláusulas e condições comprometedoras e frustrantes ao caráter competitivo do certame, restringindo de maneira potencial a maior participação de empresas interessadas e, consequentemente, a seleção de proposta mais vantajosa à administração pública, em inobservância ao disposto no art. 3º, § 1º, inciso I da Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993, a saber:

“Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. § 1º É vedado aos agentes públicos: I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5º a 12 deste artigo e no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991;” (Original sem grifo).

Dessa forma, entende-se que os fatos constatados e acima relatados, tomados em conjunto, são suficientes para impor limites à competitividade do processo licitatório instaurado pela Prefeitura de Campo Grande/MS para a execução de obras visando à construção do Posto Saúde da Família – PSF na Rua Chaim Jorge esquina coma a Rua Querubina Garcia Nascimento, no Jardim das Perdizes no município de Campo Grande/MS, restringindo a participação de uma quantidade maior de empresas no certame. A falta de competição fica claro ao se comparar o valor da proposta vencedora que foi de R$ 1.285.991,44 com o valor máximo admitido de R$ 1.299.521,41, tem se que o percentual de desconto da proposta vencedora sobre o valor máximo admitido foi de apenas 1,041%. Ressalta-se ainda que o certame contou com a participação de apenas 01 empresa, indicando que houve restrições ao caráter competitivo conforme exposto nos itens (i) a (v) acima. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada. Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.4. Utilização irregular de referenciais de preços para definição do custo de obra financiada com recursos federais

Fato Procedeu à análise do processo 92701/2010-85, que versa sobre a licitação Tomada de Preços 030/2010, cujo objeto se refere à construção de uma Unidade Básica de Saúde da Família – UBSF – localizada no Jardim das Perdizes, em Campo Grande/MS. Para a construção utilizou-se recursos do Erário Federal por meio do Contrato de Repasse nº 0265549-10/2008, firmado pela Caixa Econômica Federal e a Prefeitura Municipal de Campo Grande, no total de R$ 1.299.521,41, dos quais R$299.521,41 referentes à contrapartida municipal. Da análise da planilha orçamentária verificou-se que a Administração Municipal inseriu serviços sem a correspondente referência dentro dos parâmetros definidos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO de 2010, que indica apenas o Sistema Nacional de Pesquise de Custos e Índices da Construção Civil - SINAPI e o Sistema de Custos de Obras Rodoviárias - SICRO como diapasões a serem utilizados. A Lei definiu também, caso não haja serviços correspondentes aos que seriam executados dentro do rol dos referenciais da Lei, que seria permitida a utilização de outros serviços, desde que seu referencial fosse formalmente aprovado por órgão ou entidade federal, como se depreende da seguinte transcrição:

“ Art. 112. O custo global de obras e serviços contratados e executados com recursos dos orçamentos da União será obtido a partir de custos unitários de insumos ou serviços menores ou iguais à mediana de seus correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI, mantido e divulgado, na internet, pela Caixa Econômica Federal, e, no caso de obras e serviços rodoviários, à tabela do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias – SICRO. [...] § 2º Nos casos em que o SINAPI e o SICRO não oferecerem custos unitários de insumos ou serviços, poderão ser adotados aqueles disponíveis em tabela de referência formalmente aprovada por órgão ou entidade da administração pública federal, incorporando-se às composições de custos dessas tabelas, sempre que possível, os custos de insumos constantes do SINAPI e do SICRO” (original sem grifo).

Percebe-se, no entanto, que alguns dos referenciais usados para a confecção da planilha orçamentária não encontram guarida em “tabelas de referências formalmente aprovadas por órgãos ou entidades da Administração pública federal, não podendo, portanto, servirem de comparação para averiguação de preços de mercado. Assim sendo tem-se que a confecção da planilha orçamentária que serviu de documento principal para a definição do preço base para a obra foi feita de maneira irregular, uma vez que se valeu de referenciais não referendados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias para o período. A seguir apresenta-se a relação dos serviços que tiveram seus preços definidos por outros índices que não o Sinapi:

Quadro – Rol de serviços que não utilizaram o Sinapi ou o Sicro para serem definidos.

Item Serviço Referencial 1.4 Andaime p/ alvenaria de 1/2 tijolo PMCG 2.5 Muro de arrimo em alvenaria de tijolos maciços larg. 20 cm PMCG 4.6 Divisória de granilite e= 3,0 cm c/ argam de cimento e areia PMCG 5.2 Porta em madeira itaúba encabeçada c/ estrut ferro 0,90 x 2,10 compl PMCG 5.6 Porta para sala de raio x chumbo PMCG 6.2 Porta de ferro de correr metálica PMCG

Item Serviço Referencial 6.6 brise metálico móvel em chapa 14 PMCG

8.16 válvula de descarga cromada antivandalo PMCG 8.17 válvula automática p/ mictório acionamento manual PMCG 8.19 extintor portátil de gás carbônico CO2 6 kg PMCG 8.21 seta indicativa para extintor PMCG 8.27 caixa sifonada com grelha cromada PMCG 8.29 caixa de gordura de 50x50x50 cm em alv. c/ tampa fofo PMCG 8.30 caixa de inspeção em alvenaria de 1/2 vez Sanesul 8.32 canaleta 30x30 c/ grelha ferro fundido <= 30 cm PMCG 8.33 fossa séptica 2,85 x 1,90 x 1,40m em alvenaria 1 vez c/ tampa PMCG 8.34 sumidouro calc. Com tijolo mac a crivo 1/2 vez d= 1,50 m PMCG 8.35 tampa para sumidouro em concreto arm. Fck 13,5 Mpa e=8 cm PMCG 8.47 bebedouro elétrico PMCG 8.48 torneira de vazão total c/alavanca PMCG 8.49 bacia sifonada de louça branca p/ deficiente c/ acessórios PMCG 8.50 cuba de aço inox de 35x45x45 c/ válvula e sifão cromado PMCG 8.51 cuba de louça branca c/ sifão e válvula cromada PMCG 8.54 torneira automática acionamento manual PMCG 8.55 tampa p bacia sanitária - deficiente PMCG 8.56 cx. Metálica taça 10.000 L col seca aço corten acabament epóxi PMCG 8.57 algibe de 10.000 L c/ e bombas, abrigo, instl elétrica e hidrául PMCG 9.1 mureta p/ padrão enersul pintada PMCG 9.3 haste copperwel 5/8" x 3,0 conector PMCG 9.4 eletrocalha perfurada U 100x100x3000mm PMCG 9.5 fornecimento e assentamento de eletroduto de pvc rígido roscável 3/4" Sanesul 9.8 forn/assent eletroduto PVC rosc 1 1/4 pol PMCG

9.10 forn/assent eletroduto PVC rosc 2 1/2 pol PMCG 9.14 caixa de ligação em chapa aço estampada 4x2" Sanesul 9.15 caixa de ligação em chapa aço estampada p/ laje Sanesul 9.16 caixa de ligação em chapa aço estampada 4x4" Sanesul 9.17 cx passagem 30x30x30 em alv tij mac c/ tampa de concreto armado Sanesul 9.18 cx passagem 40x40x40 em alv tij mac c/ tampa de concreto armado Sanesul 9.19 cx passagem 50x50x50 em alv tij mac c/ tampa de concreto armado Sanesul 9.20 cx passagem 60x60x60 em alv tij mac c/ tampa de concreto armado PMCG 9.32 cabo isolado PVC 750V 16 mm² Sanesul 9.33 cabo isolado PVC 750V 25 mm² Sanesul 9.34 cabo isolado PVC 750V 50 mm² Sanesul 9.36 interruptor uma tecla simples 10A 250 V Sanesul 9.37 interruptor uma tecla bipolar paralelo 20A 250V Sanesul 9.38 conjunto interruptor duas teclas simples 10A 250V Sanesul 9.39 fornecimento e colocação de interruptor de 1 tecla simples mais 1 tomada Sanesul 9.40 Rele fotoelétrico magnético RM 74/M PMCG 9.41 Tomada dois polos mais terra 20A 250V PMCG 9.42 Tomada universal 10A 250V Sanesul

Item Serviço Referencial 9.43 Tomada p/ telefone padrão telebrás Sanesul 9.44 chave magnética p/ bomba Sanesul 9.46 arandela de segurança p/ raixo-x c/ lâmpada PMCG 9.47 arandela c/ grade PMCG 9.48 bloco autonomo de iluminação de emergência c/ inscrição de saída PMCG 9.49 bloco autonomo de iluminação de emergência PMCG 9.50 luminária de 3 pétalas em poste de ferro galv c/ 9,00m PMCG 9.51 ventilador de teto PMCG 9.52 p. raio franklin c/ tubulação PMCG 11.6 rejunte de azulejo c/ argamassa colorida PMCG 11.7 revestimento a base de barita 2 cm PMCG 12.2 piso cerâmico 30x30 cm Pi4 PMCG 12.3 rejunte de piso c/ argamassa Sanesul 12.4 radapé de cerâmica PMCG 13.3 vidro temperado 10 mm Sanesul 15.1 bancada com tampo de granito e=2,5 cm s/ alvenaria de sustentação PMCG 15.2 banco c/ enc. De madeira fixo parede PMCG 15.3 banco c/ assento polipropileno e longarina de ferro PMCG 15.4 balcão de recepção com tampo de granito PMCG 15.5 abrigo com 3 módulos PMCG 15.6 casa para compressor ou butijão PMCG 15.7 painel de alarme PMCG 15.8 medidor de gás PMCG 15.9 ponto para oxigênio PMCG

15.10 armário p/ pia revestido com fórmica PMCG 16.2 piso rústico de concreto ripado, e = 7,0 cm Sanesul 16.3 lastro de pó-de-pedra PMCG 16.4 muro em alvenaria de tijolos 8 furos PMCG 16.9 meio fio s/ sarjeta fck 13,5 PMCG

16.10 plantio de palmeira imperial PMCG 16.11 plantio de árvores PMCG

Fonte: Processo 92701/2010-85 Nota-se que 81 dos 206 itens totais que discriminam os serviços a serem feitos foram definidos com base em referenciais não abarcados pela Lei. Tal montante demonstra que não há como afirmar peremptoriamente que o preço final definido para a obra está condizente com o preço de mercado, já que 39% de seus serviços tiveram os preços balizados sem o devido referencial legal. Conclui-se, portanto, que a planilha orçamentária apresentada pela Prefeitura, quando da licitação, foi confeccionada sem o devido amparo legal quanto aos referenciais utilizados e tampouco garantem que os preços definidos para a obra estão condizentes com os preços de mercado, não havendo como afirmar que o preço final atende o princípio da economicidade que rege a Administração Pública. Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação da unidade examinada. Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. 2.2.5. Sobrepreço unitário em serviços contratados Fato A equipe de fiscalização efetuou análise da compatibilidade dos preços apresentados na proposta da empresa vencedora com os preços de mercado por meio da metodologia indicada na LDO para o exercício de 2010, qual seja a Lei nº 12.017, de 12 de agosto de 2009, que aponta a utilização dos referenciais SICRO e SINAPI para a análise de preços de obras com recursos federais. Foram considerados como parâmetro a data e o local de apresentação da proposta, realizada no dia 22 de novembro de 2010, em Campo Grande/MS, levando-se à utilização da planilha de custos de composição analítico para o mês de novembro de 2010 para esta localidade. A licitação foi definida com empreitada por preço unitário. A lei assim define a forma como deve ser avaliada os preços praticados na licitação:

“Art. 112. O custo global de obras e serviços contratados e executados com recursos dos orçamentos da União será obtido a partir de custos unitários de insumos ou serviços menores ou iguais à mediana de seus correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI, mantido e divulgado, na internet, pela Caixa Econômica Federal, e, no caso de obras e serviços rodoviários, à tabela do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias – SICRO.

§ 1o Em obras cujo valor total contratado não supere o limite para Tomada de

Preços, será admitida variação máxima de 20% (vinte por cento) sobre os custos unitários de que trata o caput deste artigo, por item, desde que o custo global orçado fique abaixo do custo global calculado pela mediana do SINAPI.”

Com base na metodologia indicada na LDO procedeu-se à análise dos preços praticados na licitação, tendo por base uma amostra de preços de cerca de 34,83%. Da análise da amostra não foi encontrado sobrepreço global. Não obstante, da análise dos preços unitários, verificou-se que a variação permitida por lei de 20% foi ultrapassada em um único item, resumido a seguir:

Tabela – Relação de serviços que apresentaram sobrepreço unitário

Fonte: Processo 92701/2010-85 e SINAPI. Da análise dos preços praticados na obra, a partir de amostra correspondente a 34,83% do valor total da proposta, verificou-se a existência de sobrepreços individuais no montante de R$ 79.822,80.

item código descrição qtde

preço unitário proposta

preço unitário SINAPI total proposta total sinapi diferença

16.15 34908 Aterro e reaterro c/ máquina 2160,00 60,55R$ 23,60R$ 130.788,00R$ 50.965,20R$ 79.822,80R$

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada. Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

3. Consolidação de Resultados Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está adequada e exige providências de regularização por parte dos gestores federais. Destacam-se, a seguir, as situações de maior relevância quanto aos impactos sobre a efetividade do Programa/Ação fiscalizado:

• Ausência de cumprimento das metas descritas no Plano de Trabalho relativo ao Contrato de Repasse nº 0265549-10;

• Obra de construção de Posto Saúde da Família - Jardim das Perdizes Campo Grande/MS, objeto do Contrato de Repasse nº 0265549-10 (Siafi nº 647095), paralisada desde 01 de novembro de 2013;

• Restrições ao processo licitatório da Tomada de Preços nº 030/2010; • Utilização irregular de referenciais de preços para definição do custo de obra

financiada com recursos federais; • Sobrepreço unitário em serviços contratados; • Risco de perda de investimento de recursos federais em equipamento público.