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Relatório de Inflação ISSN 1517-6576 Setembro 2005 Volume 7 – Número 3 Relatório de Inflação Setembro 2005 Volume 7 – Número 3

Relatório de Inflação Setembro 2005 - bcb.gov.br · A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), depois de se acelerar ao longo de todo o primeiro

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Relatório de Inflação

ISSN 1517-6576

Setembro 2005Volume 7 – Número 3

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e 7 – Número 3

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Relatório de Inflação Brasília v. 7 n. 3 set 2005 P. 1 - 160

ISSN 1517-6576

CGC 00.038.166/0001-05

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Relatório de Inflação

Publicação trimestral do Comitê de Política Monetária (Copom), em conformidade com o Decreto 3.088, de 21.6.1999.

Os textos e os correspondentes quadros estatísticos e gráficos são de responsabilidade dos seguintes componentes:

Departamento Econômico (Depec) e(E-mail: [email protected])

Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep)(E-mail: [email protected])

É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Inflação, Volume 7, n. 3.

Controle Geral de Publicações

Banco Central do BrasilSecre/Surel/DimepSBS – Quadra 3 – Bloco B – Edifício-Sede – M1Caixa Postal 8.67070074-900 Brasília – DFTelefones: (61) 3414-3710 e 3414-3567Fax: (61) 3414-3626E-mail: [email protected]

Tiragem: 860 exemplares

Convenções Estatísticas

... dados desconhecidos. - dados nulos ou indicação de que a rubrica assinalada é inexistente.0 ou 0,0 menor que a metade do último algarismo, à direita, assinalado. * dados preliminares.

O hífen (-) entre anos (1970-75) indica o total de anos, inclusive o primeiro e o último.A barra (/) utilizada entre anos (1970/75) indica a média anual dos anos assinalados, inclusive o primeiro e o último, ou ainda, se especificadono texto, ano-safra, ou ano-convênio.

Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos.

Não são citadas as fontes dos quadros e dos gráficos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil.

Central de Informações do Banco Central do Brasil

Endereço: Secre/Surel/DiateEdifício-Sede – 2º subsoloSBS – Quadra 3 – Zona Central

Telefones: (61) 3414 (....) 2401, 2402, 2403, 2404, 2405, 2406DDG: 0800 992345Fax: (61) 3321-9453

70074-900 Brasília – DFInternet: http://www.bcb.gov.brE-mail: [email protected]

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Índice

Apresentação 5

Sumário executivo 7

Nível de atividade 11

1.1 Vendas no varejo ______________________________________________________________ 12

1.2 Produção _____________________________________________________________________ 14

Agropecuária _________________________________________________________________ 14

Plano Agrícola e Pecuário 2005/2006 _______________________________________________ 15

Pecuária ______________________________________________________________________ 16

Produção industrial_____________________________________________________________ 17

1.3 Mercado de trabalho ___________________________________________________________ 22

Emprego _____________________________________________________________________ 22

Rendimentos __________________________________________________________________ 28

1.4 Produto Interno Bruto __________________________________________________________ 28

1.5 Investimentos _________________________________________________________________ 30

1.6 Conclusão ____________________________________________________________________ 31

Preços 33

2.1 Índices gerais _________________________________________________________________ 33

2.2 Índices de preços ao consumidor _________________________________________________ 34

Índice de Preços ao Consumidor Amplo ____________________________________________ 34

2.3 Preços monitorados _____________________________________________________________35

2.4 Núcleo de inflação _____________________________________________________________ 36

2.5 Expectativas de mercado ________________________________________________________ 36

2.6 Conclusão ____________________________________________________________________ 38

Políticas creditícia, monetária e fiscal 39

3.1 Crédito_______________________________________________________________________ 39

Operações de crédito com recursos direcionados _____________________________________ 40

Operações de crédito com recursos livres ___________________________________________ 42

3.2 Agregados monetários __________________________________________________________ 43

Títulos públicos federais e operações do Banco Central no mercado aberto ________________ 48

Taxas de juros reais e expectativas de mercado _______________________________________ 48

Mercado de capitais ____________________________________________________________ 49

Aplicações financeiras __________________________________________________________ 50

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3.3 Política fiscal __________________________________________________________________ 51

Necessidades de financiamento do setor público _____________________________________ 52

Dívida mobiliária federal _________________________________________________________ 54

Dívida Líquida do Setor Público___________________________________________________ 55

3.4 Conclusão ____________________________________________________________________ 56

Economia internacional 61

4.1 Atividade econômica ___________________________________________________________ 61

4.2 Política monetária e inflação ______________________________________________________ 62

4.3 Mercados financeiros internacionais _______________________________________________ 64

4.4 Comércio mundial ______________________________________________________________ 66

4.4.1 Commodities _____________________________________________________________ 68

4.4.1.1 Petróleo _____________________________________________________________ 68

4.5 Conclusão ____________________________________________________________________ 69

Setor externo 71

5.1 Movimento de câmbio __________________________________________________________ 72

5.2 Comércio de bens ______________________________________________________________ 73

5.3 Serviços e renda _______________________________________________________________ 76

5.4 Conta financeira _______________________________________________________________ 77

5.5 Indicadores de sustentabilidade externa ____________________________________________ 79

5.6 Conclusão ____________________________________________________________________ 80

Perspectivas para a inflação 89

6.1 Determinantes da inflação _______________________________________________________ 90

6.2 Cenário principal: pressupostos e riscos associados __________________________________ 98

6.3 Previsão de inflação ___________________________________________________________ 102

Boxes

Emprego Formal – Características Recentes ____________________________________________ 23

Estatísticas Complementares das Operações de Crédito do Sistema Financeiro ________________ 44

Dívida Bruta do Governo Geral ______________________________________________________ 57

Fluxo de Capitais em 2005 __________________________________________________________ 82

Projeções para o Balanço de Pagamentos ______________________________________________ 85

Hiato do Produto: Atualização e Novas Estimações _____________________________________ 106

Distribuições Assimétricas para os Leques de Previsão: a Experiência Internacional e

uma Aplicação para o Brasil ________________________________________________________ 108

Anexo 115

Medidas de política econômica 147

Apêndice 155

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Apresentação

O "Relatório de Inflação" é uma publicaçãotrimestral do Banco Central do Brasil, que tem como objetivoavaliar o desempenho do regime de metas para a inflação edelinear um cenário prospectivo sobre o comportamento dospreços, explicitando as condições das economias nacional einternacional que orientaram as decisões do Comitê dePolítica Monetária (Copom) em relação à condução dapolítica monetária.

Este Relatório é constituído de seis capítulos: Nívelde atividade; Preços; Políticas creditícia, monetária e fiscal;Economia internacional; Setor externo e Perspectivas paraa inflação. Em relação ao nível de atividade, são analisadosa evolução das vendas no varejo, estoques, produção,mercado de trabalho e investimento. No capítulo seguinte,a análise sobre o comportamento dos preços focaliza osresultados obtidos no trimestre, em função das decisões depolítica monetária e das condições reais da economia queindependeram da ação governamental. No capítulo relativoa políticas creditícia, monetária e fiscal, a análise centra-seno desempenho do crédito e do mercado financeiro, assimcomo na execução orçamentária. No capítulo sobreeconomia internacional, apresenta-se uma análise dodesempenho das principais economias, procurandoidentificar as condições que possam influenciar a economiabrasileira, notadamente nas suas relações com o exterior.Em seguida, o capítulo sobre o setor externo enfoca aevolução das transações econômicas com o exterior, comênfase no resultado comercial e nas condições definanciamento externo. Finalmente, analisam-se asperspectivas para a evolução da inflação.

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Sumário executivo

Desde a divulgação do último “Relatório deInflação”, os principais indicadores de atividade ratificaramas boas perspectivas de crescimento para a economiabrasileira. Contrariando análises prevalecentes no início doano, reforçadas após a divulgação das contas nacionais doprimeiro trimestre, que antecipavam perda de dinamismoda atividade em função do recrudescimento da inflação edas ações de política monetária implementadas para o seucombate a partir de setembro de 2004, a economia registrou,no segundo trimestre de 2005, seu melhor desempenhodesde o primeiro trimestre de 2004. Tendo em vista ocrescimento acelerado ao longo de 2004 e os níveis deatividade historicamente elevados, a acomodação registradano primeiro trimestre de 2005, além de esperada, eraconsistente com um cenário de manutenção, em basessustentadas, da trajetória de expansão iniciada no terceirotrimestre de 2003. Conforme avaliado no “Relatório deInflação” de junho, o comportamento dos indicadoresantecedentes e coincidentes da atividade apontava para umaaceleração do ritmo de crescimento da economia a partirdo segundo trimestre de 2005. Com efeito, o Produto InternoBruto (PIB) cresceu 1,4% no trimestre abril–junho, quandocomparado com o trimestre anterior, e 3,9%, em relação aosegundo trimestre de 2004.

A aceleração do crescimento observada no segundotrimestre de 2005 refletiu tanto o impulso à demanda interna,decorrente da expansão do crédito e, mais recentemente, doaumento da renda, quanto a continuidade do patamar elevadoda demanda externa. A retomada da atividade tem sidoimpulsionada no cenário interno pelo segmento de bens deconsumo duráveis, evidenciando as melhores condições decrédito associadas à modalidade de crédito consignado e aosacordos entre lojas comerciais e financeiras. Adicionalmente,indicadores recentes revelam aumento mais significativo daprodução de bens de consumo não duráveis, relacionado,principalmente, à evolução da renda real. Os investimentostambém apresentaram recuperação expressiva no segundo

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trimestre do ano, após recuos nos dois trimestres anteriores.No trimestre encerrado em julho, a produção de bens decapital atingiu patamar recorde, apesar do nível relativamentebaixo da produção de bens destinados à agricultura,evidenciando o dinamismo dos demais setores. Paralelamentea esse comportamento, as importações de bens de capitaltêm apresentado aumento significativo nos últimos meses.Sondagens conjunturais apontam perspectivas de sustentaçãodo investimento em nível elevado para o restante do ano.

Os indicadores do mercado de trabalho apontamrecuperação do rendimento real e queda da taxa dedesemprego nos últimos meses. A conjunção de todos essesresultados positivos, assim como a convergência da inflaçãopara as metas estabelecidas, atesta a solidez dosfundamentos macroeconômicos do País e ratifica asperspectivas favoráveis para a continuidade do crescimentosustentado da economia no médio e longo prazos.

A evolução das operações de crédito do sistemafinanceiro, no trimestre junho–agosto, permaneceucondicionada, fundamentalmente, pelo aumento da demandapor empréstimos consignados em folha de pagamento e porfinanciamentos para aquisição de bens duráveis. Ao mesmotempo em que a elevação da demanda por crédito bancárioocorre em um ambiente de redução da inadimplência, ovolume de captações de recursos por parte das empresas nomercado de capitais segue apresentando valoressignificativos, mediante emissões de ações e debêntures.

A austeridade na condução da política fiscal continuaa assegurar a sustentabilidade da dívida pública. Nessesentido, devem ser salientados tanto os resultados favoráveisrelacionados ao ritmo de sua capitalização, cuja taxa tem semantido significativamente abaixo da Selic, quanto à reduçãode sua volatilidade, decorrente tanto da redução da exposiçãocambial quanto da maior participação da dívida prefixada.

A evolução da balança comercial, mesmoincorporando o crescimento das importações, fortalece aprojeção de superávit comercial crescente em 2005. Esseresultado favorecerá a obtenção de novo superávit emtransações correntes, ressaltando-se que, mesmo com aelevação das remessas líquidas nas contas de serviços e derendas, o superávit em transações correntes relativo aos oitoprimeiros meses de 2005 foi maior que o registrado nomesmo período de 2004. Considerando o resultadoacumulado em doze meses, o saldo positivo em transaçõescorrentes totalizou US$12,5 bilhões, o segundo melhorresultado da série, equivalente a 1,78% do PIB.

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A melhora expressiva nas contas externas deverácontribuir para que o nível de reservas internacionaislíquidas aumente em 2005, pelo terceiro ano consecutivo.As reservas internacionais brutas deverão aumentar peloquinto ano consecutivo, não obstante a antecipação dospagamentos ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Areversão significativa registrada nas necessidades definanciamento do balanço de pagamentos a partir de 2003,esteve associada ao desempenho em transações correntes,determinado fundamentalmente pelos resultados da balançacomercial.

A manutenção de elevados superávits comerciais,a redução do estoque da dívida externa, os elevados fluxoslíquidos de investimentos estrangeiros diretos e amanutenção dos níveis atuais de reservas internacionaisconstituem resultados favoráveis para a posição externabrasileira. Fortalecendo esse cenário, o fluxo positivoregistrado no mercado de câmbio contratado, nos oitoprimeiros meses do ano, e as recentes emissões soberanaspermitem sustentar a avaliação de que não haverádificuldades no financiamento do balanço de pagamentos,tanto em 2005, quanto em 2006.

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preçosao Consumidor Amplo (IPCA), depois de se acelerar aolongo de todo o primeiro quadrimestre, alcançando 0,87%em abril, apresentou sinais inequívocos de arrefecimentoao longo do segundo quadrimestre. A mudança de patamarsugerida pelos dados foi potencializada pela redução, emintensidade superior à usual, dos preços dos alimentos. Essepadrão de recuo dos indicadores inflacionários foi visívelnão apenas na variação dos índices de preços plenos, mastambém nas respectivas medidas de inflação subjacentes,embora em magnitude mais modesta. Além disso, a inflaçãomedida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna(IGP-DI) apresentou variação negativa por quatro mesesconsecutivos no período maio–agosto. As informaçõesrecentemente divulgadas sinalizam acomodação dos preçosao consumidor e sugerem alta probabilidade de convergênciada inflação para a trajetória de metas perseguida pelaautoridade monetária.

O comportamento dos preços nos últimos meses,bem como as expectativas quanto à sua evolução,evidenciam não apenas a superação das pressõesinflacionárias existentes ao longo de 2004 e início de 2005,mas também que as incertezas relativas à trajetória dainflação, presentes anteriormente, estão sendo dissipadas.Essa evolução deve ser atribuída, fundamentalmente, à ação

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das medidas de política monetária, ainda que seja possívelidentificar, no comportamento recente dos preços, fatoresrelacionados a condições favoráveis de oferta.

A previsão central associada ao cenário dereferência para a inflação de 2005 indica um valor de 5%.A redução de 0,8 p.p. em relação à previsão apresentada noúltimo Relatório resultou primordialmente dos resultados deinflação favoráveis e não antecipados registrados notrimestre junho–agosto de 2005. Para 2006, a projeção deinflação pelo cenário de referência é de 3,5%, 0,2 p.p. menordo que no Relatório de junho. A redução nesse caso deve-se fundamentalmente à taxa de câmbio nominal maisapreciada e à revisão para baixo das projeções de reajustesde preços administrados para 2006.

O cenário de mercado, considerando asexpectativas dos analistas coletadas pela Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores do BancoCentral do Brasil (Gerin) para taxa de juros e câmbio,apresenta previsão de 5,2% para a inflação de 2005 e de4,8% para 2006. As previsões situam-se acima da projeçãodo cenário de referência, em função de o cenário de mercadoembutir queda na taxa de juros e depreciação cambial aolongo do horizonte de previsão, estando 1,1p.p. abaixo em2005 e 0,1p.p. acima em 2006 das projeções do últimoRelatório. De acordo com o cenário de referência, ocrescimento do PIB previsto para 2005 é de 3,4%, mesmaprojeção do Relatório anterior.

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A economia brasileira voltou a registrar forteexpansão da atividade no segundo trimestre, após relativaacomodação ocorrida no final de 2004 e no primeirotrimestre de 2005. Esse desempenho contrariouexpectativas prevalecentes no início do ano, reforçadasapós a divulgação das contas nacionais do primeirotrimestre, de que haveria perda de dinamismo da atividadeem função do recrudescimento da inflação e das ações depolítica monetária implementadas para o seu combate a partirde setembro de 2004. A aceleração do crescimento refletiutanto o impulso à demanda interna, decorrente da expansãodo crédito e, mais recentemente, do aumento da renda, quantoa continuidade do patamar elevado da demanda externa. Aretomada da atividade tem sido impulsionada, no cenáriointerno, pelo segmento de bens de consumo duráveis,evidenciando as melhores condições de crédito associadasà modalidade de crédito consignado e aos acordos entrelojas comerciais e financeiras. Adicionalmente, indicadoresrecentes revelam aumento mais significativo da produçãode bens de consumo não duráveis, relacionado,principalmente, à evolução da renda real.

Os investimentos também apresentaram recuperaçãoexpressiva no segundo trimestre de 2005, após recuos nosdois trimestres anteriores. No trimestre encerrado em julho,a produção de bens de capital atingiu patamar recorde,apesar do nível relativamente baixo da produção de bensdestinados à agricultura, evidenciando o dinamismo dosdemais setores. Paralelamente a esse comportamento, asimportações de bens de capital têm apresentado aumentosignificativo nos últimos meses. Sondagens conjunturaisapontam perspectivas de sustentação do investimento emnível elevado para o restante do ano.

Os indicadores do mercado de trabalho mostramrecuperação do rendimento real e queda da taxa dedesemprego nos últimos meses. A conjunção de todos essesresultados positivos, assim como a convergência da inflaçãopara as metas estabelecidas, atestam a solidez dos

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97

102

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112

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Jan2003

Mar Mai Jul Set Nov Jan2004

Mar Mai Jul Set Nov Jan2005

Mar Mai Jul

Fonte: IBGE

Gráfico 1.1 – Índice de Volume de Vendas no Varejo – TotalDados dessazonalizados2003=100

90

110

130

150

170

Abr2003

Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

90

100

110

120

Móveis e eletrodomésticos

Hipermercados, supermercados

Fonte: IBGE

Gráfico 1.2 – Índice de Volume de Vendas no VarejoDados dessazonalizados2003=100Móveis e eletrodomésticos Hipermercados, supermercados

1.5002.0002.5003.0003.5004.000

Fev2003

Mai Ago Nov Fev2004

Mai Ago Nov Fev2005

Mai Ago

90100110120130140

Conc. de crédito Veículos, motos, partes e peças

Fonte: IBGE e Banco Central do Brasil1/ Operações de crédito a pessoa física com recursos livres, para aquisição de veículos, a preços de maio de 2005.

Gráfico 1.3 – Índice de Volume de Vendas no Varejo e concessões de créditoDados dessazonalizados

Veículos, motos partes e peças2003=100

Concessões de crédito

Em milhões de R$1/

fundamentos macroeconômicos do País e ratificam asperspectivas favoráveis para a continuidade do crescimentosustentado da economia no médio e longo prazos.

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Os indicadores do comércio varejista retomaram atendência ascendente observada ao longo de 2004 einterrompida nos primeiros meses de 2005, alcançando, notrimestre encerrado em julho, o maior patamar da sériehistórica. Tal comportamento refletiu tanto a manutençãodo crescimento das vendas de bens duráveis, impulsionadopela continuidade de expansão do crédito, como, maisrecentemente, a elevação das vendas de bens semi e nãoduráveis, mais relacionadas ao crescimento da renda realdos consumidores.

O Índice de Volume de Vendas no Varejo, segundoa Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),registrou alta de 2,5% no trimestre encerrado em julho de2005, comparativamente ao trimestre encerrado em abril,considerada a série ajustada sazonalmente. Os segmentosde móveis e eletrodomésticos e de hipermercados esupermercados apresentaram resultados positivos nessabase de comparação – 6,9% e 2,1%, respectivamente. Osoutros segmentos registraram queda, ocorrendo com maiorintensidade em tecidos, vestuário e calçados – -1,2%.

No segmento automóveis, motocicletas, partes epeças, que não faz parte do índice geral, o aumento dasvendas atingiu 2,7%, no trimestre. Ressalte-se a recuperaçãodo segmento que, após um período de fraqueza entrefevereiro e abril, registrou, em julho, evolução positiva peloterceiro mês consecutivo no conceito de médias móveistrimestrais, tendência que deverá ser intensificada pelacontinuidade da expansão do crédito direcionado à aquisiçãode veículos para pessoas físicas.

A receita nominal de vendas expandiu-se 11,5% nossete primeiros meses do ano, em relação ao mesmo períodode 2004, registrando-se aumentos de 4,6% no volume devendas e de 6,5% nos preços do varejo. Vale ressaltar quea inflação acumulada na mesma base de comparação,medida pelo Índice Nacional de Preços ao ConsumidorAmplo (IPCA) do IBGE, registrou 7,5%. Assim, ossegmentos do comércio varejista apresentaram, em média,variação da receita nominal superior à do IPCA médio doano, destacando-se móveis e eletrodomésticos, 26,2%;

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Tabela 1.2 – Índice de volume de vendas no varejo

Variação percentual

Discriminação 2005

Mar Abr Mai Jun Jul

No mês1/

Comércio varejista 1,3 0,2 1,1 1,1 0,3

Combustíveis e lubrificantes -1,3 -1,1 0,9 2,2 -4,7

Hipermercados e supermercados 0,3 0,4 0,9 1,7 -0,8

Tecidos, vestuário e calçados 1,8 10,2 -8,6 -2,3 7,2

Móveis e eletrodomésticos 3,7 1,3 2,2 4,7 -1,9

Automóveis e motocicletas 1,0 -0,7 0,9 3,3 -0,8

Trimestre/trimestre anterior1/

Comércio varejista 0,5 -0,2 0,7 1,7 2,5

Combustíveis e lubrificantes -4,1 -5,9 -5,0 -1,9 -0,5

Hipermercados e supermercados -1,8 -2,8 -1,5 0,9 2,1

Tecidos, vestuário e calçados 1,3 2,1 2,6 3,0 -1,2

Móveis e eletrodomésticos 4,9 5,1 5,9 7,5 6,9

Automóveis e motocicletas -4,3 -8,2 -7,3 -1,2 2,7

No ano

Comércio varejista 5,6 5,0 4,5 4,6 4,6

Combustíveis e lubrificantes -5,4 -6,5 -6,6 -6,6 -7,2

Hipermercados e supermercados 5,7 3,9 3,3 3,4 3,4

Tecidos, vestuário e calçados 1,6 5,1 2,1 2,0 2,8

Móveis e eletrodomésticos 18,1 19,6 19,3 19,7 19,3

Automóveis e motocicletas 3,7 4,0 3,5 3,0 1,8

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

230

240

250

260

270

Fev2003

Mai Ago Nov Fev2004

Mai Ago Nov Fev2005

Mai Ago

SPC Usecheque

Fonte: ACSP

Gráfico 1.4 – Indicadores de comércio varejistaDados dessazonalizados – Média móvel trimestral

tecidos, vestuário e calçados, 13%; e automóveis emotocicletas, 12,6%.

O volume de vendas no varejo cresceu em todas asunidades da Federação, considerada a mesma base decomparação. Os resultados mais expressivos ocorreram naParaíba, 26,5%; no Acre, 26,2%; em Tocantins, 26%; emSergipe, 21,6%; e no Rio Grande do Norte, 20,9%. Assinale-se que vinte das 27 unidades da Federação apresentaramtaxas superiores à taxa do indicador nacional, de 4,6%.

A exemplo da pesquisa de âmbito nacional do IBGE,os indicadores da Federação do Comércio do Estado do Riode Janeiro (Fecomercio RJ) evidenciaram, no segundotrimestre e no início do terceiro, movimento de recuperaçãodas vendas. Nesse sentido, o faturamento real do comérciovarejista no Rio de Janeiro aumentou 1,4% no trimestreterminado em julho, ante o trimestre encerrado em abril,dados dessazonalizados.

A evolução das vendas no varejo é ratificada pelocomportamento de outros indicadores relacionados aocomércio. Nesse sentido, o número de consultas ao Serviçode Proteção ao Crédito (SPC), indicador de compras a prazoe de maior valor agregado, divulgado pela AssociaçãoComercial de São Paulo (ACSP), apresentou crescimentode 0,4%, no trimestre finalizado em agosto de 2005, emrelação ao trimestre encerrado em maio, segundo dadosajustados sazonalmente. O Usecheque, indicador de comprasà vista e de menor valor, apresentou, na mesma base decomparação, queda de 0,5%. Ressalte-se que o comportamentodistinto desses indicadores refletiu a tendência de estabilidadeem patamar elevado das vendas.

Os indicadores de inadimplência situaram-se, nofinal do segundo trimestre de 2005 e no início do terceiro,em patamar superior ao relativo a períodos correspondentesem 2004. Esse aumento, entretanto, é consistente com aevolução das vendas no varejo. A relação média entrecheques devolvidos por insuficiência de fundos e o total decheques compensados atingiu 6% nos primeiros oito mesesde 2005, ante 5,3% no mesmo período do ano anterior,segundo estatísticas do Banco Central do Brasil. O índicenacional da Teledata, outro indicador que reflete a relaçãoentre cheques devolvidos e recebidos, confirmou a elevaçãoda inadimplência em 2005. Nos primeiros oito meses do anocorrente, a taxa média do indicador atingiu 2,9%, ante 2,5%no mesmo período do ano anterior.

Tabela 1.1 – Índice de vendas no varejo – Brasil

Julho de 2005

Variação % acumulada no ano

Discriminação Receita Volume Preços

nominal

Comércio varejista 11,5 4,6 6,5

Combustíveis e lubrificantes 8,7 -7,2 17,1

Hipermercados e supermercados 7,1 3,4 3,6

Tecidos, vestuário e calçados 13,0 2,6 10,1

Móveis e eletrodomésticos 26,2 19,3 5,8

Automóveis e motocicletas 12,6 1,6 10,8

Fonte: IBGE

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Tabela 1.3 – Indicadores de inadimplência

Taxa

Discriminação 2005

Abr Mai Jun Jul Ago Ano1/

SPC (SP)2/7,7 7,4 5,1 4,2 4,7 5,9

Cheques devolvidos3/6,3 6,6 5,9 6,0 5,9 6,0

Telecheque (RJ)4/2,3 2,9 2,7 2,7 2,8 2,8

Telecheque (Nacional)4/ 5/2,7 2,7 2,8 2,7 2,9 2,9

Fonte: ACSP, Bacen e Teledata

1/ Média no ano.

2/ (Novos registros (-) registros cancelados)/(consultas realizadas (t-3)).

3/ Cheques devolvidos por insuficiência de fundos/cheques compensados.

4/ Cheques devolvidos/cheques recebidos.

5/ Médias das seguintes cidades: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo

Horizonte, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro.

Estatísticas da ACSP, relativas aos primeiros oitomeses do ano, também registraram, a exemplo dosindicadores nacionais, crescimento da inadimplência. Nessesentido, a taxa média líquida de inadimplência em São Pauloalcançou 5,9% no acumulado do ano, ante 5,2% no mesmoperíodo de 2004.

As pesquisas mais recentes destinadas à avaliaçãodas expectativas dos consumidores revelaram quedageneralizada de seus componentes. O Índice de Confiançado Consumidor (ICC), divulgado pela Federação doComércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), registrouqueda de 13,1% em setembro, relativamente ao mês anterior.Por componentes, o Índice de Expectativas do Consumidor(IEC), que representa 60% do índice geral, recuou 13,4%.O Índice de Condições Econômicas Atuais (Icea), querepresenta o restante do índice geral, caiu 12,7% emsetembro de 2005, após registrar crescimento em agosto.Registre-se que, apesar das quedas recentes, o indicadorgeral apresenta-se em patamar elevado.

O Índice Nacional de Expectativas do Consumidor(Inec), de periodicidade trimestral, elaborado a partir depesquisa realizada entre 9 e 13 de junho de 2005, pelaConfederação Nacional da Indústria (CNI), decresceu 1,3%no segundo trimestre em relação ao primeiro de 2005. Aqueda no trimestre esteve associada ao posicionamentonegativo do consumidor em relação à evolução da economiae da renda, não obstante o aumento do otimismo quanto àsexpectativas para a inflação. O indicador de intenção decompras registrou aumento de 2,7%, no período, alcançandoo maior valor desde o terceiro trimestre de 2001.

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A produção agropecuária aumentou 2,9% no primeirosemestre de 2005, em comparação com igual período de 2004,de acordo com as Contas Nacionais Trimestrais do IBGE.No segundo trimestre do ano, houve crescimento de 3,2%ante o mesmo trimestre do ano anterior.

De acordo com o Levantamento Sistemático daProdução Agrícola (LSPA) realizado pelo IBGE em julho, aprodução nacional de grãos deverá totalizar 113,5 milhõesde toneladas em 2005. Esse total representa aumento de0,2% em relação à pesquisa realizada em junho e reduçãode 4,9% ante a safra de 2004.

70

90

110

130

150

170

Mar2003

Jun Set Dez Mar2004

Jun Set Dez Mar2005

Jun Set

ICC Icea IEC

Fonte: Fecomercio SP

Gráfico 1.5 – Índice de Confiança do Consumidor

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Tabela 1.4 – Produção agrícolaEm mil toneladas

Discriminação Produção Variação %

2004 20051/

Produção de grãos 119 370 113 507 -4,9

Caroço de algodão 2 466 2 438 -1,1

Arroz (em casca) 13 277 13 201 -0,6

Feijão 2 965 3 094 4,3

Milho 41 806 35 070 -16,1

Soja 49 522 51 163 3,3

Trigo 5 726 5 175 -9,6

Outros 3 609 3 366 -6,7

Fonte: IBGE

1/ Estimativa.

65

75

85

95

105

115

125

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 1.6 – Produção de grãosEm milhões de toneladas

Fonte: IBGE1/ Estimativa.

1/

A produção de soja alcançou 51,2 milhões detoneladas, 3,3% superior à de 2004. O resultado, menor doque a estimativa inicial, refletiu as condições climáticasdesfavoráveis ocorridas no fim de 2004 e no início de 2005,registrando-se redução de 2,9% na produtividade média, noano. A área plantada aumentou 6,4%.

A safra de milho atingiu 35,1 milhões de toneladas,ante 41,8 milhões de toneladas, em 2004. A área totalplantada decresceu 6,5%, e o rendimento médio, 10,3%.

A produção de arroz atingiu 13,2 milhões detoneladas, com queda de 0,6% no ano. Registraram-seaumento de 5,7% na área plantada e decréscimo de 5,9%na produtividade média. A cultura do feijão atingiu 3,1milhões de toneladas, 4,3% superior à do ano anterior. Aárea cultivada diminuiu 4,1%, e a produtividade médiaelevou-se 8,9%.

Ainda de acordo com o LSPA, a produção de cana-de-açúcar deverá alcançar 419 milhões de toneladas, comexpansão de 0,7% no ano, não obstante as adversidadesclimáticas que prejudicaram a safra na região Nordeste. Aárea plantada deverá crescer 1,5%, e o rendimento médiodeve recuar 0,8%. Ressalte-se a elevação dos preços desseproduto, em virtude do aquecimento na demanda global deaçúcar e álcool, e suas implicações para as perspectivaspara a próxima safra.

A produção de trigo deverá atingir 5,2 milhões detoneladas, representando redução de 9,6% no ano. Esseresultado refletiu, além da irregularidade climática emalgumas regiões produtoras, o desestímulo aos investimentosproporcionado pelo nível reduzido dos preços do produto. Aárea cultivada diminuiu 15,4%, e a produtividade média, tendoem vista a expressiva quebra de safra registrada em 2004,deverá apresentar crescimento de 6,8%.

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O Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2005/2006,divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento (Mapa), disponibilizará R$44,35 bilhões parao crédito rural, 12,4% a mais do que no plano anterior.

Os recursos direcionados para custeio ecomercialização atingem R$33,2 bilhões, aumento de 15%em relação ao ano anterior. Desse total, R$20,9 bilhões serão

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Gráfico 1.7 – Pecuária – Abate de animais2002=100

90

95

100

105

110

115

120

125

Mar2003

Jun Set Dez Mar2004

Jun Set Dez Mar2005

Jun

Abate de bovinos e suínos Abate de aves

Fonte: IBGE

pactuados a taxas de juros controladas e o restante, a taxasde juros livres.

Os créditos para investimento totalizam R$11,2bilhões, correspondendo a 25,1% do total de recursosprogramados para aplicação na safra 2005/2006, comacréscimo de 4,2% em relação ao ano-safra anterior.

Os recursos disponibilizados por programasfinanciados pelo Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) deverão totalizar R$9,1 bilhões,aumento de 5,2% no ano.

O PAP 2005/2006 prevê, ainda, a elevação dospreços mínimos de determinados produtos agrícolas, comoarroz e milho. Tal medida visa à ampliação do apoio àsculturas das regiões Norte e Nordeste, além do incentivo àprodução da mamona, tendo em vista o programa deprodução de biodiesel.

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De acordo com a Pesquisa Trimestral de Abate deAnimais, realizada pelo IBGE, a produção de carne bovinaatingiu 1,5 milhão de toneladas no primeiro trimestre de 2005,o que configura uma expansão de 7,6% ante o mesmotrimestre de 2004. As exportações totalizaram 529 miltoneladas no primeiro semestre de 2005, representandoaumentos de 31,8% ante as registradas no períodocorrespondente de 2004 e, de acordo com dadosdessazonalizados, de 32,4% em relação ao total embarcadono segundo semestre do ano passado.

A produção avícola alcançou 1,8 milhão de toneladasno primeiro trimestre, volume superior em 8,6% ao domesmo trimestre de 2004. As vendas externas alcançaram1,3 milhão de toneladas no primeiro semestre do ano,crescendo 18,5% em relação ao mesmo período do anoanterior e, considerados dados dessazonalizados, 19% emrelação ao segundo semestre de 2004.

A suinocultura produziu 483,4 mil toneladas, comcrescimento de 5,6% em relação ao primeiro trimestre de2004. As vendas externas atingiram 272,2 mil toneladas noprimeiro semestre de 2005, aumentando 31% em relaçãoao mesmo período do ano anterior. Considerada a sériedessazonalizada, as exportações elevaram-se 33,9% emrelação ao segundo semestre de 2004.

Tabela 1.5 – Produção da pecuária

Peso total das carcaças

Variação % acumulada no ano

Discriminação 2004 2005

Jan Fev Mar Jan Fev Mar

Bovinos 8,8 6,8 10,8 8,8 9,2 7,6

Suínos -6,6 -6,5 -2,2 3,4 5,3 5,6

Aves 6,5 7,7 12,9 10,5 10,6 8,6

Fonte: IBGE

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Tabela 1.6 – Produção industrialVariação percentual

Discriminação 2005

Abr Mai Jun Jul

Indústria geral

No mês1/ 0,1 1,2 2,0 - 2,5

Trimestre/trimestre anterior1/ - 0,6 0,7 2,0 2,2

Mesmo mês do ano anterior 6,4 5,6 6,3 0,5

Acumulado no ano 4,5 4,7 5,0 4,3

Acumulado em 12 meses 7,5 7,2 6,7 5,8

Indústria de transformação

No mês1/ - 0,4 1,1 1,6 - 1,9

Trimestre/trimestre anterior1/ - 0,7 0,1 1,0 1,5

Mesmo mês do ano anterior 6,0 4,9 5,8 0,0

Acumulado no ano 4,3 4,5 4,7 4,0

Acumulado em 12 meses 7,6 7,2 6,6 5,7

Extrativa mineral

No mês1/ 7,7 1,4 0,1 - 1,1

Trimestre/trimestre anterior1/ 3,3 6,3 9,0 6,3

Mesmo mês do ano anterior 13,8 17,3 15,3 10,9

Acumulado no ano 7,3 9,4 10,4 10,5

Acumulado em 12 meses 6,3 8,0 8,5 8,8

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Gráfico 1.8 – Produção industrialDados dessazonalizados2000=100

95

105

115

125

135

145

155

165

Abr2003

Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

TotalIndústria de transformaçãoExtrativa mineral

Fonte: IBGE

Gráfico 1.9 – Produção industrialBens de consumo duráveisDados dessazonalizados2000=100

95

105

115

125

135

145

155

165

Abr2003

Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

Fonte: IBGE

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O setor industrial, contrariando as expectativasvigentes ao longo de boa parte do segundo trimestre, retomoua trajetória de crescimento nos últimos três meses,estabelecendo novos recordes de produção e demonstrandodinamismo, tanto na atividade extrativa como natransformação fabril. Após período de acomodação nosprimeiros meses do ano, o nível de produção industrial cresceu2,2% no trimestre maio–julho, ante o trimestre encerrado emabril, de acordo com dados dessazonalizados da PesquisaIndustrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), do IBGE.

O resultado positivo foi conseqüência, em parte, dosseguidos recordes de extração de petróleo e do desempenhofavorável da extração de minérios ferrosos, que propiciaramcrescimento dessazonalizado de 6,3% da atividade extrativana comparação dos trimestres encerrados em julho e emabril. A produção da indústria de transformação, quecorresponde a mais de 95% da produção do setor industrial,aumentou 1,5% no mesmo período. Considerando-se osresultados acumulados nos sete primeiros meses do ano, aprodução da indústria extrativa aumentou 10,5%, e a relativaà indústria de transformação, 4%, proporcionandocrescimento de 4,3% para o setor industrial, em relação aomesmo período de 2004.

Na avaliação das categorias de uso, destaca-se ocontínuo crescimento da produção de bens de consumoduráveis, reflexo tanto da consolidação dos mercadosinternacionais, como, no âmbito interno, da persistenteampliação do crédito ao consumidor. A produção de bensduráveis aumentou 8% em termos dessazonalizados notrimestre maio–julho, ante o trimestre encerrado em abril,acumulando crescimento de 16,2% no ano.

A produção de bens de consumo semiduráveis enão duráveis elevou-se 0,7% no trimestre encerrado emjulho. Comparação mais abrangente, envolvendo os setemeses iniciais do corrente ano ante igual período de 2004,revela aumento de 6,1% da produção, o segundo melhordesempenho entre as categorias de uso. Tendo em vista arecuperação progressiva da massa de rendimentos pelaampliação do emprego e pelo controle da inflação, essacategoria deverá adquirir maior importância relativa nacomposição da produção industrial.

A produção de bens intermediários cresceu 2,3%no trimestre maio–julho, ante o trimestre encerrado em abril,segundo dados dessazonalizados. No ano, o acréscimo de

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Tabela 1.7 – Produção industrial por categoria de usoVariação percentual

Discriminação 2005

Abr Mai Jun Jul

No mês1/

Produção industrial 0,1 1,2 2,0 - 2,5

Bens de capital - 3,1 4,9 4,5 - 7,6

Bens intermediários 1,6 0,8 1,4 - 1,9

Bens de consumo 0,0 1,1 1,8 - 1,7

Duráveis 0,0 3,9 9,2 - 5,9

Semi e não duráveis - 0,1 0,6 0,6 - 0,8

Trimestre/trimestre anterior1/

Produção industrial - 0,6 0,7 2,0 2,2

Bens de capital - 3,1 - 0,1 2,7 4,4

Bens intermediários - 1,3 0,2 2,3 2,3

Bens de consumo 0,9 0,7 1,4 2,0

Duráveis 7,4 5,9 9,0 8,0

Semi e não duráveis - 0,6 - 1,3 - 0,8 0,7

No ano

Produção industrial 4,5 4,7 5,0 4,3

Bens de capital 2,5 2,9 3,8 2,6

Bens intermediários 2,1 2,3 2,4 1,8

Bens de consumo 7,8 8,3 8,8 8,2

Duráveis 13,5 15,2 16,7 16,2

Semi e não duráveis 6,3 6,5 6,7 6,1

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Gráfico 1.10 – Produção industrialBens de consumo semi e não duráveisDados dessazonalizados2000=100

94

97

100

103

106

109

112

Abr2003

Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

Fonte: IBGE

Gráfico 1.11 – Produção industrialBens intermediáriosDados dessazonalizados2000=100

103

108

113

118

Abr2003

Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

Fonte: IBGE

1,8% na produção de intermediários situou-sesignificativamente aquém do resultado global da indústria,evidenciando a queda da produção da metalurgia e osdesempenhos mais modestos de segmentos como fumo,refino de petróleo e outros produtos químicos.

O comportamento recente da produção de bens decapital sinaliza perspectivas favoráveis quanto ao aumentodo investimento produtivo na economia brasileira. Apósapresentar desempenho irregular no início do ano, a produçãoda categoria aumentou 4,4% entre os trimestres encerradosem julho e em abril, de acordo com os dados dessazonalizadosdo IBGE. Esse desempenho foi sustentado, especialmente,pelo aumento da produção de bens de capital de uso misto,10,9%, e daqueles destinados à construção civil, 5,5%. Aprodução de máquinas e equipamentos agrícolas apresentourecuo de 11,8% no período.

A produção de bens de capital acumulou expansãode 2,6% nos primeiros sete meses de 2005, em relação aigual período do ano anterior, ampliando-se tanto emsegmentos em que parte expressiva do produto é direcionadapara exportações, como em segmentos diretamenterelacionados à substituição de equipamentos e à ampliaçãoda capacidade. A produção de bens de capital industriaisseriados cresceu 1,4%, e a de não-seriados, 8%, enquantonos segmentos de bens de capital para o setor de construção,para o setor de geração e distribuição de energia elétrica,equipamentos de transporte e bens de capital de uso mistoregistraram-se aumentos de 28,1%, 18,8%, 9,2% e 1,2%,respectivamente. Em sentido inverso, as produções demáquinas e equipamentos agrícolas de peças agrícolasrecuaram 36,3% e 74,2%, respectivamente, em virtude dasdificuldades enfrentadas pelo setor agrícola nesse período.

A análise segmentada por gêneros reforça aconclusão de que o crescimento industrial ainda é lideradopela expansão do crédito e das exportações, embora ocrescimento da renda já comece a ter efeitos maissignificativos na margem. A produção de material eletrônicoe de comunicações expandiu-se 16,1% no trimestre maio–julho, ante o trimestre encerrado em abril, de acordo comdados dessazonalizados. Ressaltam-se, ainda, nessa mesmacomparação, os resultados positivos nos segmentosmobiliário, 4,7%; veículos automotores, 4,6%; e outrosequipamentos de transporte, 3,8%; assim como algumareação em bebidas e têxteis. Em sentido inverso, a retraçãoda indústria metalúrgica atingiu 4,1%, representando aprincipal contribuição negativa no período, seguindo-sevariações negativas em gêneros industriais cuja produção

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Gráfico 1.12 – Produção industrialBens de capitalDados dessazonalizados2000=100

96

104

112

120

128

136

144

Abr2003

Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

Fonte: IBGE

é, essencialmente, associada a bens de consumosemiduráveis e não duráveis, como perfumaria e produtosde limpeza e vestuário e acessórios, ambas recuando 3,1%,calçados e artigos de couros, 2,5%, e alimentos, 0,9%.

As adversidades que acometeram o setor agrícolano início deste ano, tais como queda do preço de determinadascommodities agrícolas, aumento dos custos e problemasclimáticos em importantes regiões produtoras, exerceramimpacto relevante sobre a agroindústria, que não acompanhoua evolução da indústria global, mantendo-se estável no primeirosemestre de 2005, relativamente ao mesmo período do anoanterior. De acordo com a pesquisa semestral do IBGE sobreo desempenho da agroindústria, a produção de itens industriaisdestinados ao uso na agricultura, segmento que incorpora,por exemplo, adubos e fertilizantes e máquinas agrícolas,recuou 23,1% no período. Registre-se que a produção de itensindustriais cujos insumos são oriundos da agricultura,estimulada pelo crescimento da frota de veículos bi-combustíveis, e as relativas a produtos derivados da pecuáriae a produtos industriais utilizados pelos pecuaristas, favorecidaspelas exportações, acumularam crescimentos de 3,4%, 2,8%e 1,3%, respectivamente, no semestre.

A produção da indústria acumulada até julho, anteigual período de 2004, aumentou em todos os estadospesquisados pelo IBGE, excetuando-se o Rio Grande doSul, onde o recuo de 4% refletiu a conjuntura desfavorávelexperimentada pelo setor agrícola. As maiores taxas decrescimento ocorreram no estado do Amazonas, 19%,beneficiada pelo desempenho dos produtoseletroeletrônicos fabricados na Zona Franca, seguindo-seas registradas em Minas Gerais, 7,5%; Goiás, 6,9%;Paraná, 6,6%; e São Paulo, 5,5%.

As exportações industriais continuam apresentandodesempenho favorável, embora se observe, na margem,moderação do ritmo de crescimento dos volumes exportados.De acordo com a Fundação Centro de Estudos de ComércioExterior (Funcex), até julho, as exportações de produtosmanufaturados e semimanufaturados aumentaram 15,5% e8%, respectivamente, em relação ao mesmo período do anoanterior. Considerando-se os trimestres encerrados em julhoe em abril, as exportações de produtos semimanufaturadosrecuaram 4,7% e as relativas a manufaturados mantiveram-se estáveis, segundo dados dessazonalizados. O volume debens importados tem aumentado, principalmente de bens decapital e intermediários, o que favorece a sustentabilidadedo crescimento da economia.

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100

110

120

130

140

Abr2003

Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

Produção (IBGE) Vendas (CNI)

Fontes: IBGE e CNI

Gráfico 1.14 – Produção e vendas industriaisDados dessazonalizados2000=100

Tabela 1.8 – Estoques na indústria de transformação1/

Discriminação 2004 2005

I II III IV I II

Indústria de transformação

Produtos finais 50,6 50,3 49,6 51,3 54,4 55,5

Matérias-primas e intermediários 47,6 48,7 48,8 49,8 50,4 50,1

Grandes empresas

Produtos finais 52,2 52,1 51,5 53,8 56,6 58,3

Matérias-primas e intermediários 49,7 51,5 51,2 53,6 54,0 53,1

Pequenas e médias empresas

Produtos finais 49,8 49,4 48,6 50,0 53,3 54,1

Matérias-primas e intermediários 46,5 47,3 47,6 47,8 48,6 48,6

Fonte: CNI

1/ Valores acima de cinqüenta significam estoque acima do planejado.

90

105

120

135

150

165

180

Abr2003

Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

Semimanufaturados Manufaturados

Fonte: Funcex

Gráfico 1.13 – Exportações industriais – QuantumDados dessazonalizados2002=100

Os indicadores de vendas e do mercado de trabalhoindustrial, divulgados pela CNI, persistem em patamareselevados, com expansão relativamente a igual período doano anterior e crescimento discreto na margem. As vendasindustriais, deflacionadas pelo Índice de Preços por Atacado– Oferta Global (IPA-OG) – Produtos Industriais, daFundação Getulio Vargas (FGV), apresentaram estabilidadeno trimestre maio–julho, em relação ao trimestre encerradoem abril, de acordo com dados dessazonalizados. As horastrabalhadas na produção cresceram 1,8%, o contingente deempregados na indústria, 0,4%, e a massa real de salários,2,1%, na mesma base de comparação. No ano, a massasalarial real na indústria, as horas trabalhadas na produção,o número de empregados e as vendas industriais cresceram,respectivamente, 9%, 6,4%, 5,9% e 2,3%.

De acordo com a pesquisa Sondagem Conjunturalde julho, da CNI, registrou-se acúmulo de estoquesindesejados de produtos finais no segundo trimestre. Osestoques de matérias-primas e bens intermediários,considerados normais para o conjunto das empresaspesquisadas, encontravam-se acima do planejado apenas pelasgrandes empresas. A pesquisa trimestral da FGV ratificou aexpansão não planejada dos estoques, registrando saldo de12 p.p. entre as empresas que consideram os estoquesexcessivos e aquelas que os consideram insuficientes.Contudo, os resultados observados nas vendas industriais, emconsonância com os indicadores de produção, sinalizam quea formação de estoques pode ter sido pontual, nãorepresentando, portanto, obstáculo substancial à continuidadedo processo de crescimento nos próximos meses.

O nível de utilização da capacidade seguiu estávelnos últimos meses, tanto na série publicada pela CNI, comona pesquisa da FGV. De acordo com dados da FGVdessazonalizados pelo Banco Central, o parque industrialoperou com 84,5% de ocupação no segundo trimestre, ante84,6% no trimestre precedente. A acomodação dos índicesde utilização em um período em que o nível de produçãoindustrial continuou crescendo sugere a capacidade desustentação da trajetória de crescimento no curto prazo.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial(Icei), da CNI, retraiu-se pela segunda vez consecutiva,passando de 64,9 pontos em janeiro para 55,8 pontos emabril e para 50,7 pontos em julho. A essa deterioração deexpectativas captada pelo Icei, entretanto, contrapõem-seos dados referentes à produção e importação de bens decapital, que referendam o diagnóstico de que osinvestimentos vêm crescendo, principalmente, aqueles

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destinados à modernização do parque industrial, queenvolvem decisões de menor risco. Da mesma forma, osresultados de pesquisa especial da FGV sobre inversõesprojetadas sugerem que as empresas continuam propensasa realizar investimentos produtivos ainda neste ano. Das710 empresas participantes da pesquisa, 59,6% prevêeminvestir, neste ano, montante superior ao efetivamenterealizado, em 2004, configurando crescimento doinvestimento programado da ordem de 18,2%, em termosreais. Essa aparente contradição, todavia, pode serparcialmente desfeita quando se observam os componentesdo Icei e percebe-se que o descontentamento doempresariado é substancialmente mais acentuado no quese refere à economia brasileira em geral do que às condiçõese perspectivas para as suas próprias empresas.

O crescimento da produção industrial deverá persistirnos próximos meses, permanecendo impulsionado,principalmente, pelo desempenho da indústria extrativa, emespecial pelo aumento na produção de petróleo. Nessesentido, assinale-se a projeção de aumento de 16% naprodução média de petróleo da Petróleo do Brasil S/A(Petrobras) neste segundo semestre, em relação ao períodoequivalente do ano anterior, em virtude da entrada emoperação e da consolidação das atividades de grandesplataformas de exploração, garantindo crescimentoexpressivo da indústria extrativa neste e no próximo ano.

A sustentabilidade desse cenário de elevação daprodução da indústria é amparada pelas perspectivasfavoráveis em relação à evolução tanto da demanda internaquanto da demanda externa.

Internamente, a evolução do consumo estaráassociada aos crescimentos do emprego, da renda real edas operações de crédito. Relativamente à contribuição docrédito ao consumidor, se, por um lado, o aumento doendividamento e, em conseqüência, o maiorcomprometimento da renda, tendem a elevar a cautela dostomadores de recursos, a intensificação na utilização deformas alternativas de empréstimos de menor custo atuaem sentido inverso, não havendo, no momento, indicaçãode estagnação do crédito no curto prazo. Adicionalmente,indicadores de investimento sinalizam sua continuidade emum contexto de incentivo à sua desoneração e de melhoranos indicadores de risco-país.

A contribuição da demanda externa seguirátraduzindo o patamar relativamente elevado da atividade

78

80

82

84

86

Jan2003

Abr Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

CNI FGV

Fonte: CNI e FGV

Gráfico 1.15 – Utilização da capacidade instalada na indústria de transformaçãoDados dessazonalizados%

30

50

70

Jan2002

Jul Jan2003

Jul Jan2004

Jul Jan2005

Jul

Icei Condições atuais Expectativas

Fonte: CNI

Gráfico 1.16 – Índice de Confiança do Empresário Industrial

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econômica mundial, não obstante a elevação nas cotaçõesdo petróleo, com desdobramentos sobre os resultados dabalança comercial.

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De acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME),do IBGE, a taxa de desemprego aberto permaneceu estávelnos últimos três meses, situando-se em 9,4% entre junho eagosto. Ressalte-se que, em todos os meses de 2005, astaxas de desemprego situaram-se nos menores patamarespara os mesmos períodos do ano, desde o início da sérieem 2002.

A taxa de desemprego média do período janeiro–agosto de 2005 recuou 1,9 p.p. em relação ao mesmo períodode 2004, registrando-se, no período, a criação de 665 milpostos de trabalho, dos quais 517 mil com carteira assinadae 157 mil sem carteira assinada.

Observa-se tendência de redução do desempregoem todas as regiões metropolitanas abrangidas pela PME,exceto em Recife, com maior ocorrência nas regiões Sul eSudeste. A tendência para os próximos meses é decontinuidade da redução da taxa de desemprego, refletindoa manutenção do ritmo de crescimento da atividade e asazonalidade favorável do período.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)confirmam o comportamento favorável da geração deempregos. Segundo o Cadastro Geral de Empregados eDesempregados (Caged), foi registrada, de janeiro a julhode 2005, a criação de 1.084 mil postos de trabalho com carteirade trabalho assinada, dos quais 383 mil no setor de serviços,220 mil na agropecuária, 200 mil na indústria de transformação,162 mil no comércio e 73 mil na construção civil.

O mercado de trabalho na indústria de transformaçãomanteve desempenho positivo, conforme estatísticas da CNIjunto a doze federações estaduais. Nesse sentido, o pessoalempregado na indústria aumentou 5,9% nos primeiros setemeses de 2005, em relação ao mesmo período de 2004, e,considerados dados dessazonalizados, registraram-seexpansões de 0,8% e de 0,4%, respectivamente, nostrimestres encerrados em abril e em julho.

Gráfico 1.17 – Taxa de desemprego aberto%

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13

14

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2003 2004 2005Fonte: IBGE

Tabela 1.9 – Evolução do emprego formal

Novos postos de trabalho – Acumulado no ano (em mil)

Discriminação 2004 2005

1º Trim. 1º Sem Jul

Total 1 523,3 292,2 966,3 1 083,8

Ind. de transformação 504,9 51,6 194,0 200,2

Comércio 403,9 33,8 133,1 162,0

Serviços 470,1 159,3 351,1 383,3

Construção civil 50,8 15,0 59,4 72,9

Agropecuária 79,3 4,2 187,5 219,9

Serv. ind. de util. pública 4,6 6,1 8,8 8,5

Outros1/9,7 22,2 32,3 36,9

Fonte: MTE1/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

-3

-2

-1

0

1

2

3

Jan2004

Mar Mai Jul Set Nov Jan2005

Mar Mai Jul

Fonte:CNI

Gráfico 1.18 – Emprego na indústria detransformação – Média móvel trimestralDados dessazonalizados%

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O nível do emprego formal tem aumentado,desde o início de 2004, de maneira sem precedentesna história recente do País. A geração de novospostos de trabalhos naquele ano, mais de 1,5 milhão,superou largamente o recorde em torno de um milhãoregistrado em 1986, segundo os dados do Ministériodo Trabalho (MTE). Esse comportamento mostranítida correspondência com a evolução da atividadeeconômica no período e é respaldado por outraspesquisas estatísticas, quando compatibilizados oscritérios de levantamento.

Um aspecto a ser considerado nessecontexto é a influência da fiscalização das relaçõesde trabalho no atual ciclo de crescimento do emprego.Embora os dados mostrem o aumento de registrosdecorrentes de autuações, as evidências indicam queo comportamento recente do emprego formal deve-se, principalmente, ao efetivo aumento deoportunidades no mercado de trabalho. Este boxeexplora, inicialmente, aspectos inerentes às

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II1998

IV II1999

IV II2000

IV II2001

IV II2002

IV II2003

IV II2004

IV II2005

-1100

-600

-100

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1400

1900

Admissões em milhares

PIB Admissões

PIB dessazonalizado 1991=100

Gráfico 1 – Admissões líquidas em 12 meses e PIB trimestral

Fontes: MTE e IBGE

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1/ Os dados de emprego do Caged são originados a partir da Lei 4.923, de 1965, que instituiu o registro permanente de admissões e dispensa

de empregados, sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

2/ Para outras diferenças de ordem metodológica entre as duas fontes de dados, consultar Nota Técnica MTE – IBGE: "Caged e PME –

diferenças metodológicas e possibilidades de comparação" em http://www.mte.gov.br/.

estatísticas do MTE. Em seguida, procura-se analisaro atual ciclo de expansão do emprego formal.

Aspectos relativos aos dadosdo Caged

As estatísticas do Cadastro Geral deEmpregados e Desempregados (Caged) do MTEmostram expansão do emprego mais intensa, nosúltimos meses, do que a Pesquisa Mensal doEmprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE). Esse resultado evidencia asdiferenças, em termos de abrangência – geográficae em relação aos segmentos considerados –,existentes na construção das duas pesquisas. Nessesentido, os dados do Caged advêm da movimentaçãodo empregado assalariado celetista em todo territórionacional, conforme informações prestadas pelosestabelecimentos (empresas), por força de lei1. Osdados da PME são obtidos a partir de entrevistas emdomicílios selecionados por amostra probabilística, emseis regiões metropolitanas – Belo Horizonte, PortoAlegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo–, e capta movimentos mensais do mercado detrabalho tanto do segmento formal (empregados comcarteira) como informal (sem carteira)2.

A comparabilidade entre os dados da PMEe do Caged, requer, portanto, uma série de ajustes,principalmente no que se refere à abrangênciageográfica e ao segmento do mercado de trabalho aser considerado. Conforme demonstram os gráficosII e III, quando se compatibilizam essas categorias,os resultados mostram nítida aderência entre os dadosdo Caged e da PME – tanto na metodologia da PME“antiga”, que vigorou até 2002, como na “nova” PME.

Nas duas figuras, o índice do nível deemprego formal (Caged) refere-se apenas às regiõesmetropolitanas abrangidas pela PME e foi construídoa partir do estoque de empregados em dezembro de1998, segundo dados da Relação Anual dasInformações Sociais (Rais), atualizado mês a mês,

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conforme os dados de admissões e desligamentosdo Caged. O índice do nível de emprego relativo àPME refere-se ao número total de ocupados nacategoria “com carteira assinada”, segundoinformação mensal da pesquisa, de modo acompatibilizar com os dados do Caged, que sereferem apenas ao emprego formal.

Outro ponto a ser considerado em relaçãoaos dados do Caged é a influência da fiscalizaçãodas relações trabalhistas sobre a geração deempregos. De fato, os resultados decorrentes daação fiscal, traduzidos no número de empregosformalizados, têm se revelado bastante favoráveisnos últimos anos.

Uma forte razão para o aumento dosregistros de empregos sob a ação fiscal em 2004 e2005, basicamente com a mesma estrutura de

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Jan2002

Abr Jul Out Jan2003

Abr Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

Emprego formal (Caged) Ocupados (PME nova)

Gráfico 2 – Total de empregados no mercado de trabalho formal1/ Caged e PME nova

Fontes: IBGE e MTE1/ Nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, RJ, Salvador e São Paulo.

2003=100

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Abr1998

Out Abr1999

Out Abr2000

Out Abr2001

Out Abr Out Abr Out Abr Out

Emprego formal (Caged) Ocupados (PME antiga)

Gráfico 3 – Total de empregados no mercado de trabalho formal1/ Caged e PME antiga

Fontes: IBGE e MTE1/ Nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, RJ, Salvador e São Paulo.

2003=100

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fiscalização, é o maior número de oportunidadescriadas no mercado de trabalho em função docrescimento econômico no período; ou seja, é de seesperar que a geração de empregos informais tambémcresça no ciclo de expansão e que, portanto, as açõesfiscalizadoras obtenham resultados relativamentemelhores. Nesse contexto, como forma de se avaliara influência efetiva da fiscalização na criação denovos postos, pode-se tomar a participação relativados empregos resultantes diretamente da ação fiscalno total de admissões. O Gráfico 4 mostra essaparticipação. Apesar da tendência de crescimentodiscreto em 2004 e no início deste ano, essa variávelnão evidencia mudança de patamar recente – apenasem 2000 observou-se alteração significativa.

Portanto, não se devem atribuir às açõesfiscalizadoras no mercado de trabalho as causas doatual ciclo de recuperação de emprego, ainda queesses esforços tenham, de fato, contribuído para ageração de novos postos formais nos últimos meses.

Padrão de crescimento do emprego noperíodo recente

Nos últimos anos, o mercado de trabalho temmostrado maior dinamismo fora das grandes regiõesmetropolitanas do País, conforme evidenciam osdados de emprego do Caged. Em dezembro de 2000,as principais regiões metropolitanas – São Paulo, Riode Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba,Fortaleza, Recife, Salvador e Belém – detinham42,9% do total de empregos formais do País,percentual que declinou para 41,1% em julho de 2005.

Tabela 1 – Fiscalização – MTE

Ano Nº de fiscais Nº de empresas Nº de empregados

fiscalizadas registrados sob ação fiscal

1997 2 589 369 915 321 609

1998 2 398 315 605 261 274

1999 2 470 347 380 249 795

2000 2 420 353 617 525 253

2001 2 406 296 741 516 548

2002 2 371 304 254 555 454

2003 2 194 285 241 534 125

2004 2 272 302 905 708 957

2005* ... 210 043 437 467

Fonte: MTE

* De janeiro a julho

Gráfico 4 – Admissões por fiscalização/admissões totais

0%

1%

2%

3%

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Mai1997

Set Jan1998

Mai Set Jan1999

Mai Set Jan2000

Mai Set Jan2001

Mai Set Jan2002

Mai Set Jan2003

Mai Set Jan2004

Mai Set Jan2005

Mai

Participação no total de admissões Média móvel 12 mesesFonte: MTE

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Essa queda refletiu a menor participação dessasregiões na geração de postos de trabalho. Dos4,6 milhões de empregos formais criados no Brasilnesse período, apenas 32,7% se concentraramnessas regiões.

Dentre os fatores que ajudam a explicar adiferença de dinamismo entre as grandes regiõesmetropolitanas e as outras regiões do País, destacam-se o desempenho da agropecuária que, segundo ascontas nacionais, vem superando o dos demaissetores da economia desde 1999; e o processo dedesconcentração geográfica da indústria brasileira.De fato, os dados do Caged evidenciam a importânciados setores industrial e agropecuário para aexpressiva diferença na criação de empregos nasduas regiões consideradas, na medida em que, enquantoforam responsáveis, conjuntamente, por cerca de45% dos novos empregos gerados fora das grandesregiões metropolitanas, contribuíram com 15% dosnovos postos criados nessas regiões.

Observe-se ainda que, desde 2001, tanto osetor industrial como o de serviços têm mostrado taxasde crescimento anual superiores fora das principaisregiões metropolitanas.

Finalmente, vale notar que o padrão decrescimento do emprego formal observado nosúltimos anos se mantém em meses recentes. Aanálise da evolução do emprego formal entredezembro de 2004 e julho de 2005 evidencia que onível de emprego segue com crescimento maisacentuado fora das regiões metropolitanas, 5,3% ante3,2%, comportamento que se repete tanto na indústriade transformação, 4,2% ante 1,9%, como no setorde serviços, 4,3% ante 3,6%.

Tabela 2 – Emprego formal Admissões líquidas – Brasil – Dezembro de 2000 a julho de 2005

Mil

Outras regiões Regiões Diferença

metropolitanas1/

Total 3 101,7 1 504,3 1 597,5

Ind. de transformação 880,8 217,8 663,0

Serviços 872,9 837,7 35,2

Comércio 835,8 449,1 386,7

Construção 14,8 - 2,1 16,9

Outros2/

497,4 1,8 495,6

Fonte: Caged

1/ Regiões metropolitanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre,

Curitiba, Fortaleza, Recife, Salvador, Belém.

2/ 77% das novas vagas em outros setores referem-se a agropecuária.

Tabela 3 – Taxas de crescimento do emprego formal

Período Total Ind. de transformação Serviços

R.M.1/

Outras regiões R.M.1/

Outras regiões R.M.1/

Outras regiões

2001 2,4 3,1 0,4 3,1 3,3 4,2

2002 2,4 4,4 0,8 4,5 2,6 4,1

2003 2,0 3,5 0,7 3,4 2,6 3,2

2004 5,6 7,3 7,5 10,4 4,6 5,7

20052/

3,2 5,3 1,9 4,2 3,6 4,3

Fonte: Caged

1/ Regiões metropolitanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Recife, Salvador, Belém.

2/ Taxa de expansão entre dezembro de 2004 e julho de 2005.

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1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 1.20 – Salário mínimo real1/

Em R$ de maio de 2005

Fonte: MTE1/ Na data do reajuste; deflacionado pelo INPC.

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O rendimento médio real habitualmente recebidopelos trabalhadores das seis regiões metropolitanaspesquisadas na PME apresentou expansão de 1,8% entreos trimestres encerrados em maio e em agosto. No períodojaneiro–agosto de 2005, em relação ao mesmo período de2004, o crescimento alcançou 1,6%. Em termos nominais, orendimento médio situou-se em R$973,2 em agosto desteano, 9% acima do registrado em igual mês de 2004.

Tendo ainda como base os dados da PME, a massasalarial real, calculada pelo número de ocupados multiplicadopelo rendimento médio real habitualmente recebido, cresceu5% no período janeiro a agosto de 2005, em relação aomesmo período de 2004.

De acordo com a CNI, a massa salarial real naindústria de transformação, deflacionada pelo ÍndiceNacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE,cresceu 9% nos primeiros sete meses de 2005, em relaçãoao mesmo período de 2004.

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Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB)cresceu 3,4% no primeiro semestre de 2005, em relação aomesmo período de 2004. O resultado positivo foi generalizadoentre os componentes, quer se considere a ótica do produtoou da demanda.

Entre os componentes da demanda, o dinamismodo comércio exterior continua a proporcionar impactoimportante no resultado do PIB. A expansão das exportaçõesatingiu 13,3% e a das importações, 12,5%, no semestre.Relativamente à demanda interna, o aumento de 3,1% noconsumo das famílias exerce papel importante no processode sustentação do crescimento econômico, se consideradaa sua participação de 55,3% na composição do produto. Avariação positiva desse componente no primeiro semestredo ano reflete a recuperação da renda, associada aocrescimento do nível de emprego e, mais recentemente, dorendimento real. A formação bruta de capital fixo cresceu3,1% nos primeiros seis meses do ano, em comparação aigual período de 2004. Esse resultado refletiu o aumentodos investimentos direcionados à construção civil e ocomportamento da absorção de bens de capital, cujocrescimento no período atingiu 4,3%. Adicionalmente, avariação do consumo do governo no semestre atingiu 2,1%.

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Fev2003

Mai Ago Nov Fev2004

Mai Ago Nov Fev2005

Mai Ago

Fonte: IBGE

Gráfico 1.19 – Rendimento habitual médio realEm R$, a preços de agosto de 2005, deflacionado pelo INPC

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Jan2003

Abr Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

Fonte:CNI

Gráfico 1.21 – Massa salarial real na indústria de transformaçãoDados dessazonalizados2000=100

Tabela 1.10 – Produto Interno Bruto – Ótica da demanda1/

Trimestre ante trimestre imediatamente anterior

Variação %

Discriminação 2004 2005

I Tri II Tri III Tri IV Tri I Tri II Tri

PIB a preços de mercado 2,0 0,8 1,2 0,7 0,4 1,4

Consumo das famílias 1,2 1,2 1,3 1,1 -0,2 0,9

Consumo do governo 0,0 -0,9 1,2 0,5 0,3 1,1

Formação Bruta de

Capital Fixo 2,8 3,2 6,2 -2,9 -3,6 4,5

Exportação 5,7 3,1 2,3 4,4 3,3 2,6

Importação 3,4 1,5 4,1 3,4 2,2 2,4

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

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Tabela 1.11 – Produto Interno Bruto

Trimestre ante igual trimestre do ano anterior

Variação %

Discriminação 2004 2005

I Tri II Tri III Tri IV Tri I Tri II Tri

Agropecuária 5,8 6,0 5,9 3,0 2,6 3,2

Indústria 5,5 6,3 7,0 5,9 3,1 5,5

Extrativa mineral 2,2 2,0 2,0 -8,0 3,7 17,5

Transformação 9,1 6,8 6,6 8,3 3,6 4,1

Construção civil -0,8 6,9 11,6 5,2 0,6 3,7

Serviços ind. de util. pública 1,5 5,9 5,2 5,8 3,3 4,6

Serviços 2,4 3,2 4,1 3,6 2,2 2,5

Comércio 4,8 8,9 10,5 7,3 4,2 3,8

Transporte 10,6 5,9 0,4 3,6 3,9 4,0

Comunicações -1,4 -2,7 -1,4 0,1 -2,8 -1,7

Instituições financeiras 2,1 4,6 5,2 5,0 2,8 3,4

Outros serviços 2,1 7,1 7,1 6,2 2,2 0,7

Aluguel de imóveis 1,2 1,5 2,2 2,1 3,7 2,8

Administração pública 2,0 -0,7 1,3 0,9 0,6 3,4

Dummy financeiro 0,4 5,4 6,0 5,7 2,7 3,8

Valor adic. a preços básicos 4,0 4,7 5,3 4,2 2,6 3,7

Impostos sobre produtos 4,0 8,5 11,1 8,9 4,7 5,8

PIB a preços de mercado 4,0 5,1 5,9 4,7 2,8 3,9

Fonte: IBGE

Tabela 1.12 – Produto Interno Bruto

Variação %

Discriminação 2004 2005

I II III IV I II

Acumulado no ano 4,0 4,6 5,0 4,9 2,8 3,4

Acumulado em 4 trimestres 1,2 2,4 4,0 4,9 4,6 4,3

Trimestre/igual trimestre

do ano anterior 4,0 5,1 5,9 4,7 2,8 3,9

Trimestre/trimestre anterior

com ajuste sazonal 2,0 0,8 1,2 0,7 0,4 1,4

Fonte: IBGE

Considerados os setores de atividade, a indústriaapresentou o crescimento mais significativo no primeirosemestre de 2005, 4,4%, seguindo-se os setoresagropecuário, 2,9%, e de serviços, 2,4%.

O desempenho do setor industrial resultou decrescimento de 3,9% tanto na indústria de transformaçãoquanto nos serviços industriais de utilidade pública, e de 2,2%na construção civil. A produção extrativa mineral aumentou10,6% no período, sendo influenciada, principalmente, pelaelevação de 10,1% na produção de petróleo.

O crescimento da agropecuária, em patamar inferiorao padrão verificado no passado recente, refletiu tanto aqueda de 4,9% na produção nacional de grãos quanto omenor dinamismo das exportações de produtos básicos, que,de acordo com a Funcex, aumentaram 1,5% no primeirosemestre de 2005 em relação ao mesmo período do anoanterior. Assinale-se, ainda, a queda de produtividadeexperimentada pelo setor em diversos estados produtores,em razão, principalmente, de condições climáticas adversasdurante o período de plantio ou de maturação de colheitas.

A expansão observada no setor de serviços refletiua ocorrência de resultados favoráveis na maior parte dossubsetores, em especial nos segmentos comércio, 4%, etransporte, 3,9%. Contribuíram ainda com resultadospositivos os serviços de aluguéis, 3,2%; as instituiçõesfinanceiras, 3,1%; e os serviços de administração pública,2%. Em sentido inverso, o produto relacionado ao setor decomunicações recuou 2,3%, no semestre.

Considerando a evolução na margem, o PIB cresceu1,4% no segundo trimestre de 2005, em relação ao trimestreanterior, segundo dados dessazonalizados. Esse resultadoratificou a recuperação do nível de atividade sinalizada porindicadores setoriais antecedentes. Assinale-se que, nessabase de comparação, o PIB vem registrando crescimentodesde o terceiro trimestre de 2003.

Todos os setores de atividade apresentaramcrescimento no trimestre. A taxa mais expressiva, 3%,ocorreu na indústria, seguindo-se as relativas ao setor deserviços, 1,2%; e à agropecuária, 1,1%.

Os resultados do PIB no segundo trimestreratificaram a estimativa para o crescimento econômico em2005, constante do "Relatório de Inflação" anterior. Comomencionado na publicação de junho, esse comportamentopressupõe a continuidade da expansão do produto no

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I2003

II III IV I2004

II III IV I2005

II

Agropecuária Indústria Serviços PIB

Fonte: IBGE

Gráfico 1.22 – Produto Interno Bruto Trimestre ante igual trimestre do ano anteriorVariação %

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Tabela 1.13 – Produto Interno Bruto

Trimestre ante trimestre imediatamente anterior

Dados dessazonalizados

Variação %

Discriminação 2004 2005

I II III IV I II

PIB a preços de mercado 2,0 0,8 1,2 0,7 0,4 1,4

Agropecuária 2,9 0,1 -2,2 2,3 1,7 1,1

Indústria 1,7 0,7 2,5 0,8 -0,8 3,0

Serviços 1,2 0,9 0,9 0,5 -0,1 1,2

Fonte: IBGE

segundo semestre do ano, cenário sustentado pela evoluçãofavorável dos fundamentos macroeconômicos.

Setorialmente, os resultados do segundo trimestre,

bem como as revisões de dados anteriores, motivaramalterações pontuais das previsões. A projeção de crescimentopara a agropecuária foi revista de 4% para 3,6%, em linhacom os últimos levantamentos em campo da produçãoagrícola, realizados pelo IBGE e pela Conab. A taxa positivano setor é sustentada, sobretudo, pelo desempenho dapecuária, que vem sendo impulsionado, principalmente, pelodinamismo das exportações.

A projeção de crescimento da produção do setorindustrial passou de 3,7% para 4,4%. Essa alteraçãodecorreu da incorporação dos resultados favoráveisregistrados pelo setor no segundo trimestre, especialmenteos relativos à indústria extrativa mineral, com a entrada emfuncionamento de novas plataformas de petróleo.

A redução de 0,3 p.p. na estimativa para o setor deserviços decorreu de ajustamentos efetivados com base nosresultados do segundo trimestre, nos segmentos decomunicações, aluguéis, instituições financeiras e outrosserviços. Assim, o crescimento do setor deverá situar-seem 2,4%.

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De acordo com as Contas Nacionais Trimestrais,divulgadas pelo IBGE, os investimentos, excluídas asvariações de estoques, aumentaram 3,1% no primeirosemestre de 2005, ante igual período de 2004. No segundotrimestre, os investimentos elevaram-se 4,5%, em relaçãoao primeiro trimestre desse ano, dados dessazonalizados.Relativamente ao mesmo trimestre de 2004, o crescimentoatingiu 4%, enquanto, considerados os quatro últimostrimestres, registrou-se a taxa de 8,6%.

Esse desempenho já vinha sendo sinalizado porindicadores mensais da Formação Bruta de Capital Fixo(FBCF), sobretudo pelo crescimento acumulado no ano de2% para a construção civil – principal componente daformação bruta de capital. A absorção de bens de capitalcontinuou se expandindo no semestre, assegurada pelocrescimento de 3,8% na produção doméstica desses bens,não obstante a taxa de crescimento das exportações demáquinas e equipamentos tenha atingido 37,3%, e a dasimportações desses bens, 26,3%.

- 8

- 4

0

4

8

I2003

II III IV I2004

II III IV I2005

II

Gráfico 1.23 – Formação Bruta de Capital Fixo

(FBCF)1/

Trimestre ante trimestre imediatamente anterior%

Fonte: IBGE1/ Dados dessazonalizados.

Tabela 1.14 – Produto Interno Bruto

Variação acumulada no ano

Discriminação 2004 2005

Pesos % Estimado

Agropecuária 10,1 5,3 3,6

Indústria 38,9 6,2 4,4

Extrativa mineral 4,2 -0,7 12,0

Transformação 24,0 7,7 4,0

Construção civil 7,3 5,7 2,0

Serviços ind. de utilidade pública 3,4 4,6 4,0

Serviços 55,7 3,3 2,4

Comércio 7,8 7,9 4,3

Transporte 2,2 4,9 4,2

Comunicações 3,1 -1,4 -1,1

Instituições financeiras 6,6 4,2 3,4

Outros serviços 10,5 5,6 2,2

Aluguel de imóveis 9,4 1,8 2,9

Administração pública 16,1 0,9 1,3

Valor adicionado a preços básicos 4,6 3,3

Impostos sobre produtos 11,7 8,2 5,0

PIB a preços de mercado 111,7 4,9 3,4

Fonte: IBGE e Banco Central do Brasil

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Dados referentes a julho continuam a evidenciar aexpansão dos indicadores da FBCF. A produção de insumosda construção civil e a produção de bens de capitalapresentaram crescimentos anuais respectivos, até julho, de1,2% e de 2,6%, e as exportações e as importações de bensde capital elevaram-se 32,8% e 28,3%, respectivamente.

Ressalte-se que o desempenho dos investimentosvem ocorrendo mesmo em um cenário de perda de rendado setor agropecuário, com desdobramentos negativos sobrea demanda por máquinas e equipamentos direcionados aosetor. Nesse sentido, as produções de máquinas e de demaispeças e equipamentos agrícolas registraram quedasexpressivas de 35,4% e de 72,9% no ano, até junho.

A evolução favorável dos investimentos na primeirametade do ano foi sustentada, fundamentalmente, pela produçãode bens destinados aos setores da construção, de energia elétricae de transportes, que aumentaram 28,8%, 18,3% e 12%,respectivamente, ante igual período de 2004. A produçãoassociada ao setor de transportes segue impulsionada,principalmente, pelo desempenho de itens destinados àconstrução de aviões, além de ônibus e caminhões.

Estatísticas da Associação Nacional dos Fabricantesde Veículos Automotores (Anfavea) ratificam o padrão desustentação dos investimentos. Nesse sentido, influenciadapelas exportações do setor, a produção de ônibus elevou-se32,5%, e a de caminhões, 11,4%, nos primeiros oito mesesde 2005. Em sentido inverso, a produção de máquinasagrícolas recuou 14,2% no ano, até agosto, influenciada,principalmente, pelas quedas registradas nos segmentos decolheitadeiras, 62%, e de tratores de rodas, 10%.

Assinale-se que a continuidade dos resultadosrecentes dos investimentos deverá ser sustentada nospróximos meses, favorecida pela trajetória descendente dorisco-país, assim como pelas intenções de ampliação decapacidade instalada, reveladas por levantamentos da FGV.

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A retomada da expansão da atividade econômicaregistrada a partir do segundo trimestre evidenciou aretomada do consumo, a recuperação dos investimentos e acontinuidade do dinamismo do setor externo. A trajetória decrescimento do consumo tem se traduzido no aumento dasvendas tanto de bens duráveis como de não-duráveis.Ressalte-se que as perspectivas de continuada recuperação

Tabela 1.15 – Indicadores de investimento

Variação percentual

Discriminação 2005

Abr Mai Jun Jul

No mês1/

Bens de capital

Produção -3,1 4,9 4,5 -7,6

Importação 2,8 4,9 3,6 -1,6

Exportação 6,3 -6,1 9,0 -9,1

Insumos da construção civil -0,7 0,3 3,4 -3,5

No ano

Bens de capital

Absorção2/2,3 3,2 4,7 3,8

Produção 2,5 2,9 3,8 2,6

Importação 24,2 27,0 29,2 28,3

Exportação 43,2 40,6 37,5 32,8

Insumos da construção civil 1,5 1,7 2,1 1,2

Financiamentos do BNDES -0,7 8,5 11,1 16,7

Fonte: IBGE, Funcex e BNDES

1/ Dados dessazonalizados.

2/ Produção + importação - exportação.

Tabela 1.16 – Produção de bens de capital

Variação acumulada no ano

Discriminação 2005

Abr Mai Jun Jul

No ano

Bens de capital 2,5 2,9 3,8 2,6

Industriais 5,8 5,4 5,1 2,2

Seriados 4,9 4,8 4,2 1,4

Não seriados 12,0 9,5 11,2 8,0

Agrícolas -31,7 -34,9 -35,4 -36,3

Peças agrícolas -68,0 -69,6 -72,9 -74,2

Construção 30,3 29,1 28,8 28,1

Energia elétrica 14,0 14,0 18,3 18,8

Transportes 11,6 11,1 12,0 9,2

Misto -1,4 0,3 1,5 1,2

Fonte: IBGE

90

100

110

120

130

140

Abr2003

Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

88

93

98

103

Produção de bens de capital

Insumos para a construção civilFonte: IBGE

Gráfico 1.24 – Produção de bens de capital e de insumos para a construção civilDados dessazonalizados2002=100

Produção de bens de capital Insumos para a construção civil

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105

115

125

135

I2000

III I2001

III I2002

III I2003

III I2004

III I2005

III I2006

400

700

1 000

1 300

1 600

1 900

FBCF Risco-Brasil (t-2)Fonte: IBGE e JP Morgan

Gráfico 1.25 – Investimento (FBCF) e risco-BrasilDados dessazonalizados 1990=100FBCF

Risco-Brasil (t-2)

dos rendimentos e de melhora nas condições de créditomostram-se consistentes com os desdobramentos da políticamonetária e decorrem da convergência dos índices deinflação às metas estabelecidas pelo Conselho MonetárioNacional (CMN). A recuperação dos investimentos refletiu,além da manutenção do nível de atividade em patamarelevado, a evolução consistente dos fundamentoseconômicos, com impacto favorável sobre o comportamentodo risco-país. Finalmente, o dinamismo das exportaçõestraduz-se nos recordes da balança comercial, mesmo emcontexto de aumento das importações.

A sustentabilidade desse cenário decorre dacontinuidade do crescimento do emprego, da renda e do crédito,bem como da manutenção da atividade econômica mundialem patamar relativamente elevado, não obstante a elevaçãoobservada nas cotações do petróleo em meses recentes.

Tabela 1.17 – Produção de autoveículos

Variação percentual

Discriminação 2005

Abr Mai Jun Jul Ago

Mês1/

Máquinas agrícolas -6,9 0,8 7,4 -11,6 -4,1

Ônibus -0,6 1,1 20,0 -8,5 8,5

Caminhões 6,0 -4,3 8,9 -14,5 7,0

Trimestre/trimestre anterior1/

Máquinas agrícolas -8,5 -6,7 -5,8 -2,6 -4,1

Ônibus -2,3 8,9 15,2 16,7 17,0

Caminhões -2,2 0,9 6,3 1,2 -0,4

No ano

Máquinas agrícolas -12,1 -12,4 -11,6 -12,8 -14,2

Ônibus 34,4 32,0 33,7 30,4 32,5

Caminhões 18,5 16,5 16,6 12,9 11,4

Fonte: Anfavea

1/ Dados dessazonalizados.

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No trimestre encerrado em agosto, a inflaçãoregistrou queda expressiva em relação ao trimestre anterior.Esse comportamento, bem como a trajetória das expectativasde preços referentes a 2005 e 2006, atesta a eficácia dapolítica monetária adotada nos últimos trimestres.

De fato, embora fatores favoráveis, vinculados àoferta, tenham contribuído para os resultados dos últimosmeses – com maior influência sobre os preços dosprodutos agrícolas – a análise das variações dos principaisíndices evidencia que a desaceleração dos preços ocorreuem todos os grupos considerados. Não se trata, portanto,de comportamento transitório, vinculado à contribuiçãode um segmento específico influenciado por choquespositivos, mas sim, do resultado da dissipação progressivade pressões inflacionárias que se fizeram sentir no quadroconjuntural recente.

O comportamento dos núcleos de inflação,declinantes desde o segundo trimestre de 2005, por qualquerdos critérios adotados para o seu cálculo, corrobora essaavaliação. As variações anualizadas dos núcleos em agostosituam-se no mesmo patamar de final de 2000, quando ainflação registrou o menor valor acumulado durante o períodode vigência do regime de metas.

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Os índices gerais de preços apresentaram taxasnegativas em junho, julho e agosto. O Índice Geral de Preços– Disponibilidade Interna (IGP-DI) recuou 1,63% no trimestreencerrado em agosto, resultado associado à evolução dospreços tanto no segmento atacadista como ao consumidor.

No atacado, após registrarem altas nos primeirosmeses do ano, os preços dos produtos industriais recuaram1,65% no trimestre encerrado em agosto, refletindo, entre

Tabela 2.1 – Índices gerais de preços

Variação % mensal

Discriminação 2005

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

IGP-DI 0,33 0,40 0,99 0,51 -0,25 -0,45 -0,40 -0,79

IPA 0,08 0,39 1,14 0,33 -0,98 -0,78 -0,69 -1,04

IPC-Br 0,85 0,43 0,70 0,88 0,79 -0,05 0,13 -0,44

INCC 0,75 0,44 0,67 0,72 2,09 0,76 0,11 0,02

Fonte: FGV

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-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

Abr2004

Jun Ago Out Dez Fev2005

Abr Jun Ago

Agrícola Industrial

Fonte: FGV

Gráfico 2.1 – Evolução do IPA (10, M e DI) – Agrícolae industrial Variação % mensal

Gráfico 2.2 – Evolução do IPCA Variação % mensal

-1

0

1

2

Abr2004

Jun Ago Out Dez Fev Abr2005

Jun Ago

IPCA Monitorados Livres

Fonte: IBGE

Gráfico 2.3 – IPCA – AlimentaçãoVariação % em 12 meses

-4

0

4

8

12

16

20

24

28

Out2003

Dez Fev2004

Abr Jun Ago Out Dez Fev2005

Abr Jun Ago

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

Alimentação IndustrializadosSemi-elaborados In natura

Fonte: IBGE

In natura

outros fatores, a apreciação da taxa de câmbio. As reduçõesmais acentuadas ocorreram nos setores matérias plásticas,ferro, aço e derivados, fertilizantes e extrativa mineral. Ospreços agrícolas, evidenciando a continuidade dacomercialização da nova safra, e também favorecidos pelaapreciação da taxa de câmbio, decresceram 4,97% noperíodo, com as quedas mais significativas ocorrendo nospreços do milho, leite, cana-de-açúcar, legumes e frutas,carnes bovinas, café em coco e trigo.

Relativamente à evolução dos preços no segmentoao consumidor, o Índice de Preços ao Consumidor – Brasil(IPC-Br) apresentou redução de 0,36% no trimestreencerrado em agosto, ante alta de 2,39% no trimestre findoem maio. Assim como nos demais índices de preços aoconsumidor, esse resultado esteve associado, principalmente,às quedas de preços nos grupos alimentação e vestuário.

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O IPCA acumulou variação de 0,4% no trimestreencerrado em agosto, ante 1,98% no trimestre março–maio,refletindo o arrefecimento dos preços livres e dos preçosmonitorados. O índice apresentou variações mensais de-0,02% em junho, única variação negativa desde junho de2003, de 0,25% em julho e de 0,17% em agosto.

O recuo da inflação no período esteve associado àredução das variações dos preços dos alimentos, grupo coma maior participação na composição do índice, de 1,73%para -2,15%, menor variação desde o início da série, e dospreços monitorados, de 2,70% para 1,37%.

As condições favoráveis da entressafra e aapreciação cambial proporcionaram quedas nos preços dosalimentos industrializados, em especial de açúcares ederivados, óleos e gorduras e panificados, e nos preços dosalimentos semi-elaborados, sobretudo carnes e leite. Ascondições climáticas mais adequadas às culturas de produtosin natura determinaram expressiva redução de seus preçosem junho, julho e agosto, acumulando queda de 14,34%nesse trimestre.

Embora as principais contribuições para oarrefecimento da inflação tenham advindo dos grupos

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Tabela 2.2 – Preço ao consumidor

Variação % mensal

Discriminação Pesos 2005

Jun Jul Ago No ano 12 meses

IPCA 100,00 -0,02 0,25 0,17 3,59 6,02

Monitorados 29,63 -0,16 0,84 0,69 4,80 9,32

Agrícola 16,09 -0,80 -0,63 -0,73 1,73 1,40

Serviços 20,30 0,49 0,59 0,44 5,09 6,71

Outros 20,33 0,38 0,27 0,12 3,52 6,61

Câmbio 13,65 -0,15 -0,53 -0,22 1,09 2,71

Taxa de câmbio ... -1,60 -1,66 -0,54 -13,16 -21,39

Fonte: IBGE

Gráfico 2.5 – IPCA – Grupos discriminadosVariação % em 12 meses

4

8

12

16

20

Out2003

Dez Fev2004

Abr Jun Ago Out Dez Fev2005

Abr Jun Ago

IPCA Livres Monitorados

Fonte: IBGE

alimentação e vestuário, deve-se ressaltar o desempenhofavorável dos preços dos demais produtos, em especial artigosde limpeza, aparelhos eletroeletrônicos e móveis e utensílios.

A evolução do índice de difusão do IPCA, que revelaa proporção do número de itens que apresentou variaçãopositiva no índice, constitui-se em indicativo adicional dasuperação do episódio inflacionário. Nesse sentido, oindicador apresentou média de 54,6% no trimestre encerradoem agosto, intensificando-se a tendência declinanteregistrada pelos índices médios relativos aos trimestresencerrados em fevereiro, 68,6%, e em maio, 65,6%.

Com o resultado de agosto, o IPCA acumulouvariação de 3,59% no ano, registrando-se elevações, nomesmo período, de 4,8% nos preços dos bens e serviçosmonitorados e de 3,08% nos preços livres.

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Os preços monitorados aumentaram 1,37% notrimestre encerrado em agosto, apresentando tendência dedesaceleração em relação aos cinco primeiros meses doano, quando haviam acumulado crescimento de 3,38%. Essecomportamento refletiu, principalmente, o declínio dos preçosdas tarifas de energia elétrica e de ônibus urbano,contrapondo-se ao impacto do aumento da tarifa de telefonefixo em todo o território nacional.

A variação de 1,37% nos preços monitoradoscorrespondeu a 0,41 p.p. da taxa de 0,4% do IPCA, notrimestre, sendo 0,21 p.p. relativo ao aumento dos preçosda tarifa de telefone fixo. Os preços livres recuaram 0,01%no período.

De acordo com o reajuste de telefonia autorizadoem julho pela Agência Nacional de Telecomunicações(Anatel), o item telefone fixo aumentou 6,18%, como resultadodas elevações de 7,27% nos subitens assinatura e pulsos e de2,94% nas ligações de longa distância nacional e da reduçãode 7,9% nas ligações de longa distância internacional.

O item energia elétrica residencial apresentouvariação negativa de 0,29%, no trimestre, registrando-se,em agosto, redução de 2,8% na tarifa praticada em SãoPaulo e aumentos nas relativas a Belém, 5,75%; e Brasília,2,83%. Adicionalmente, o encargo de capacidadeemergencial foi reduzido em 41%, em 20 de julho.

54,6

63,7

68,6

64,6

58,0

54

58

62

66

70

Out2003

Dez Fev2004

Abr Jun Ago Out Dez Fev2005

Abr Jun Ago

Fonte: IBGE1/ O IPCA é composto por 512 itens.

Média móvel trimestral%

65,6

Gráfico 2.4 – Índice de difusão do IPCAProporção do número de itens com aumentos1/

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36 | Relatório de Inflação | Setembro 2005

Tabela 2.4 – Preços ao consumidor e seus núcleos

Variação % mensal

Discriminação 2005

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

IPCA (cheio) 0,58 0,59 0,61 0,87 0,49 -0,02 0,25 0,17

Exclusão 0,56 0,93 0,41 0,71 0,57 0,36 0,37 0,26

Médias aparadas

Com suavização 0,66 0,60 0,62 0,70 0,65 0,49 0,45 0,36

Sem suavização 0,59 0,43 0,49 0,70 0,46 0,26 0,31 0,28

IPC-Br (cheio) 0,85 0,43 0,70 0,88 0,79 -0,05 0,13 -0,44

Médias aparadas 0,61 0,36 0,49 0,65 0,73 0,42 0,30 0,07

Fonte: IBGE, Bacen e FGV

O preço do álcool combustível continuou em queda,ainda refletindo a boa safra de cana-açúcar, acumulandoredução de 5,45% no trimestre encerrado em agosto,comparativamente ao recuo de 4,4% no trimestre anterior.

2.4 Núcleo de inflação

O núcleo do IPCA, calculado com a exclusão dealimentos no domicílio e de preços monitorados, aumentou0,36% em junho, 0,37% em julho e 0,26% em agosto.Ressalte-se que essas variações – inferiores às registradasno trimestre encerrado em maio – foram superiores àsrelativas ao índice cheio, evidenciando a queda acumulada,nesses meses, de 3,04% nos preços dos alimentos nodomicílio. A variação acumulada desse núcleo do IPCA nosúltimos doze meses atingiu 6,56% em agosto, apresentandoredução contínua desde janeiro de 2005.

Calculado pelo método das médias aparadas comsuavização de itens pré-estabelecidos, o núcleo do IPCAregistrou variação de 0,49% em junho, de 0,45% em julho e de0,36% em agosto. Assinale-se que a última ocorrência devariações inferiores a 0,5% por três meses seguidos havia sidoregistrada no final de 2000 e no início de 2001. O critério utilizadopara o cálculo dessa medida de núcleo exclui os itens cujavariação mensal se situe acima do percentil 80 ou abaixo dopercentil 20 da distribuição, além de suavizar ao longo de dozemeses a variação de itens cujas variações são concentradasem poucos períodos do ano. Nos últimos doze meses, esseindicador acumulou alta de 7,2%. Sem o procedimento desuavização de itens específicos, o núcleo de inflação por médiasaparadas variou 0,26% em junho, 0,31% em julho e 0,28% emagosto, acumulando, nos últimos doze meses, alta de 5,82%,percentual mais baixo desde setembro de 2004.

O núcleo de inflação para o IPC-Br, calculado pelométodo das médias aparadas com suavização se encontra,assim como todas as outras medidas de núcleo para o IPCA,em patamar inferior ao registrado no trimestre encerradoem maio, tendo apresentado variações de 0,42% em junho,0,3% em julho e 0,07% em agosto. Nos últimos doze meses,o indicador acumulou alta de 5,46%.

2.5 Expectativas de mercado

As expectativas do mercado para o IPCA recuaramao longo do terceiro trimestre do ano, aproximando-se

Tabela 2.3 – Preço ao consumidor

Variação % mensal

Discriminação Pesos 2005

Abr Mai Jun Jul Ago No ano

IPCA 100,00 0,87 0,49 -0,02 0,25 0,17 3,59

Livres 70,42 0,76 0,59 0,04 0,00 -0,05 3,08

Monitorados 29,58 1,14 0,25 -0,16 0,84 0,69 4,80

Principais itens

Energia elétrica 4,77 2,22 1,78 0,04 -0,37 0,04 5,32

Água e esgoto 1,89 0,12 0,24 0,43 0,21 2,39 10,24

Ônibus urbano 5,20 2,57 0,82 0,00 -0,22 0,36 8,24

Gasolina 4,11 0,42 -0,64 -1,51 0,87 0,34 -0,56

Álcool 0,95 0,51 -5,42 -8,79 2,05 1,58 -12,00

Plano de saúde 2,58 0,92 0,92 0,92 0,98 1,00 7,75

Fonte: IBGE

Gráfico 2.6 – Núcleos de inflaçãoVariação % em 12 meses

5

7

9

11

13

Fev2003

Mai Ago Nov Fev2004

Mai Ago Nov Fev2005

Mai Ago

IPCA – Exclusão IPCA – Médias aparadas

IPC-Br – Médias aparadas

Fonte: Bacen e FGV

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Setembro 2005 | Relatório de Inflação | 37

gradualmente da trajetória de metas obtida a partir dainterpolação entre o objetivo de 5,1% para 2005 e a metade 4,5% para 2006. A mediana das expectativas para oIPCA de 2005 diminuiu de 6% no final de junho para 5,2%na segunda quinzena de setembro. No mesmo período, amediana para o IPCA de 2006 caiu de 5,0% para 4,8%.Ressalte-se ainda que as expectativas suavizadas para oIPCA para os próximos doze meses recuaram de 5% emjunho para 4,8% em setembro, o patamar mais baixo apuradopela pesquisa de expectativas desde agosto de 2002.

A queda nas medianas foi acompanhada porreduções do desvio-padrão e do coeficiente de variaçãoda distribuição das expectativas para o IPCA, tanto para2005 quanto para 2006. Em particular, a distribuição dasexpectativas para 2005 do conjunto de instituiçõesparticipantes da pesquisa mostra que a revisão foigeneralizada, o que está refletido no deslocamento embloco da curva de distribuição para a esquerda. Quantoa 2006, observa-se que a queda de expectativas não foitão generalizada, produzindo um achatamento da curvade distribuição.

Em relação às expectativas do mercado para os índicesgerais de preços, a queda nas previsões para 2005, iniciadaainda em maio, acentuou-se ao longo do trimestre. Com efeito,a mediana das expectativas para o Índice Geral de Preços –Mercado (IGP-M) recuou de 4,8% em junho para 1,7% nasegunda quinzena de setembro. Essa queda foi conseqüênciaprincipalmente do recuo das expectativas para a variação dospreços no atacado em 2005 para taxas próximas a 0%. Para2006, a mediana das projeções para o IGP-M recuou em menorescala, passando de 5,5% para 5%.

A revisão das expectativas de inflação reflete, emlarga medida, a desaceleração maior do que antecipada parao IPCA, entre junho e agosto, e para o IGP-M, desde maio.Reflete também desenvolvimentos favoráveis de médio elongo prazos que contribuem para atenuar as pressõesinflacionárias, como a ação da política monetária, a trajetóriapara a taxa de câmbio e o reajuste de preços administrados.

Em relação à reavaliação da trajetória esperada pelomercado para a taxa de câmbio, a mediana da expectativapara a média de 2005 recuou de R$2,55/US$1.00 no finalde junho para R$2,48/US$1.00 na segunda quinzena desetembro. Nesse mesmo período, a mediana dasexpectativas para a média de 2006 recuou de R$2,73/US$1.00 para R$2,58/US$1.00. Para dezembro dos mesmosanos, a mediana das expectativas para a taxa de câmbio

4,0

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9.12004

7.4 5.7 28.9 28.12 28.32005

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%

2005 2006

Gráfico 2.7 – Evolução diária das expectativas de mercado para a inflação medida pelo IPCA (mediana)

1

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9.12004

7.4 5.7 28.9 28.12 28.32005

22.6 15.9

%

2005 2006

Gráfico 2.10 – Evolução diária das expectativas de mercado para a inflação medida pelo IGP-M (mediana)

4,5 4,8 5,1 5,4 5,7 6 6,3 6,6 6,9

15/set 30/jun

Gráfico 2.8 – Densidade de probabilidade das expectativas para o IPCA em 2005

3,9 4,2 4,5 4,8 5,1 5,4 5,7 6 6,3

15/set 30/jun

Gráfico 2.9 – Densidade de probabilidade das expectativas para o IPCA em 2006

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reduziu-se de R$2,64/US$1.00 para R$2,45/US$1.00 (2005)e de R$2,80/US$1.00 para R$2,60/US$1.00 (2006).

No que diz respeito ao reajuste de preçosadministrados, a mediana das expectativas no trimestreapresentou recuos de magnitude similar para 2005 e para2006, situando-se, respectivamente, em 7% e em 5%.

Finalmente, ao longo do trimestre, o mercadomanteve estável sua percepção para a evolução da políticamonetária no médio prazo. As projeções para as metas paraa taxa Selic em 2005 mantiveram-se em 19,2% a.a. e em18% a.a. (média e final de período, respectivamente). Para2006, a projeção para a taxa Selic média também se manteveestável, em 16,5% a.a.

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O comportamento dos preços nos últimos meses,bem como as expectativas quanto à sua evolução,evidenciam não apenas a superação das pressõesinflacionárias existentes ao longo de 2004 e no início de2005, mas também as incertezas relativas à trajetória dainflação, presentes anteriormente, que estão sendodissipadas. Essa evolução deve ser atribuída,fundamentalmente, à ação das medidas de políticamonetária, ainda que seja possível identificar nocomportamento recente dos preços fatores relacionadosa condições favoráveis de oferta.

Nesse sentido, a perspectiva favorável para aevolução futura dos preços, expressa pelas estimativas demercado, resulta, em grande parte, da política monetáriaimplementada. Para os próximos meses, não há expectativade pressões generalizadas sobre preços, sejam de ordeminercial ou relacionadas à recuperação de margens, o queconsolida a trajetória de convergência da inflação para asmetas fixadas para 2005 e 2006.

Tabela 2.5 – Resumo das expectativas de mercado

2005 2006 2005 2006 2005 2006

IPCA 5,9 5,0 6,0 5,0 5,2 4,8

IGP-M 6,5 5,5 4,8 5,5 1,7 5,0

IPA-DI 6,7 5,9 4,0 5,7 -0,1 5,0

Preços Administrados 7,1 5,8 7,5 5,7 7,0 5,0

Selic (fim de período) 17,5 15,0 18,0 15,6 18,0 15,8

Selic (média do período) 18,8 15,9 19,2 16,5 19,2 16,5

Câmbio (fim de período) 2,8 3,0 2,6 2,8 2,5 2,6

Câmbio (média do período) 2,7 2,9 2,6 2,7 2,5 2,6

PIB 3,7 3,7 3,0 3,5 3,3 3,5

31.3.2005 15.9.200530.6.2005

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As operações de crédito do sistema financeiroatingiram R$541,2 bilhões em agosto, com crescimentos de4,4% no trimestre e de 18,7% em doze meses. Comoresultado, a relação dos empréstimos totais com o PIBalcançou 28,7%, ante 27,4% em maio e 25,4% em agostode 2004.

A evolução do crédito no trimestre junho–agosto,em linha com o comportamento observado no transcorrerdo ano, foi condicionada pelo desempenho das operaçõescontratadas com recursos livres, com relevância para osegmento de pessoas físicas, que refletiu, especialmente, ademanda por empréstimos consignados em folha depagamento e por financiamentos para aquisição de bensduráveis. Ao mesmo tempo, a trajetória das operações comrecursos direcionados esteve relacionada, principalmente,ao crescimento dos créditos do sistema BNDES, destinados,preferencialmente, a operações referentes ao setorexportador e a investimentos do setor produtivo.

O volume das operações realizadas pelas instituiçõesfinanceiras privadas alcançou R$334,6 bilhões, com expansãode 6,3% no trimestre, destacando-se, a exemplo do trimestreanterior, as direcionadas às pessoas físicas e à indústria. Acarteira dos bancos públicos, R$206,7 bilhões, apresentoucrescimento moderado, com variação de 1,5% no período.

Relativamente à distribuição do crédito por ramode atividade econômica, a carteira do setor privado, incluindorecursos livres e direcionados, somou R$521,1 bilhões emagosto, com elevação de 4,4% no trimestre. Essecomportamento foi condicionado, principalmente, pelocrescimento de 8,1% registrado no segmento de pessoasfísicas, onde o saldo das operações atingiu R$159,3 bilhões.O saldo das operações com o segmento industrial aumentou3,3% no trimestre encerrado em agosto, para R$132,7

Tabela 3.1 – Evolução do crédito

R$ bilhões

Discriminação 2005 Variação %

Mai Jun Jul Ago 3 12

meses meses

Total 518,4 525,6 533,0 541,2 4,4 18,7

Recursos livres 302,1 306,5 312,4 317,4 5,1 22,8

Pessoa jurídica 167,9 169,9 172,1 172,4 2,7 11,7

Cambiais 48,1 47,8 48,5 48,1 0,0 -11,3

Pessoa física 134,2 136,6 140,3 145,0 8,1 39,3

Direcionados 180,3 182,3 183,1 185,6 2,9 11,4

Habitação 25,0 25,3 25,6 25,6 2,5 7,2

Rural 56,7 57,0 56,0 55,6 -1,9 15,4

BNDES 94,9 96,2 97,6 100,5 6,0 10,4

Outros 3,7 3,8 3,8 3,9 3,6 7,8

Leasing 16,6 17,2 17,5 18,2 9,3 54,8

Setor público 19,4 19,6 20,0 20,1 3,3 4,4

Participação %:

Total/PIB 27,4 27,8 28,3 28,7

Rec. livres/PIB 16,0 16,2 16,6 16,8

Rec. direc./PIB 9,5 9,6 9,7 9,9

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bilhões, destacando-se as concessões para os ramos deautomóveis, siderurgia e aeronáutica. Os empréstimosdirecionados ao setor de serviços totalizaram R$86,8 bilhões,com alta de 5,8% em relação ao trimestre encerrado emmaio, sobressaindo-se os desembolsos para empresas decomunicações, energia e cartão de crédito. O saldo dasoperações relativas ao comércio elevou-se 2,8% no período,alcançando R$59,4 bilhões.

A dívida bancária do setor público atingiu R$20,1 bilhõesem agosto, com expansão de 3,3% em relação a maio. Essecomportamento refletiu o crescimento de 6,5% nosfinanciamentos para estados e municípios, atingindo um saldode R$15,3 bilhões, com ênfase para o ramo de geração edistribuição de energia elétrica. Em sentido inverso, oscréditos para o governo federal, com saldo de R$4,8 bilhões,registraram queda de 5,6% no período, vinculada à reduçãode dívidas do setor de gás natural.

O saldo da carteira de arrendamento mercantiltotalizou R$18,2 bilhões em agosto, registrando aumentode 9,3% no trimestre. Os principais segmentos beneficiadospelas operações de leasing foram serviços e pessoasfísicas, e os produtos arrendados com expansão maissignificativa foram máquinas e equipamentos, além deveículos. O volume de desembolsos concedidos atingiuR$4,4 bilhões no trimestre encerrado em julho, comacréscimo de 4,1% em relação ao volume registrado notrimestre fevereiro–abril, ocorrendo aumento no valor doscontratos e no número de negócios celebrados com ossegmentos de serviços e comércio.

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As operações de crédito com recursos direcionadosaumentaram 2,9% no trimestre encerrado em agosto,totalizando R$185,6 bilhões. A evolução evidenciou a expansãode 6% na carteira do sistema BNDES, saldo de R$100,5bilhões, com destaque para os financiamentos repassados aoutras instituições financeiras, bem como o aumento de 2,5%nos financiamentos para o setor habitacional.

Os desembolsos realizados pelo BNDES totalizaramR$24,5 bilhões de janeiro a agosto deste ano, com aumentode 16,7% em relação a igual período de 2004. Em termossetoriais, os financiamentos destinados à indústria somaramR$11,7 bilhões, com alta de 39,5% no período, destacando-se os ramos máquinas e equipamentos e outros equipamentos

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de transportes. Os créditos concedidos ao segmento decomércio e serviços alcançaram R$10,1 bilhões, crescimentode 17,2% no período, com ênfase para os segmentos transportese telecomunicação. Por outro lado, o saldo das concessões àagropecuária recuou 33,7% em relação ao registrado de janeiroa agosto de 2004, totalizando R$2,6 bilhões. Vale mencionarque, do total desembolsado, R$7,2 bilhões representaramfinanciamentos para micro, pequena e média empresas,aumento de 6,6% no período.

As consultas apresentadas ao BNDES, quecorrespondem a desembolsos potenciais, somaramR$52,6 bilhões nos oito primeiros meses do ano, com aumentode 7,2%, comparativamente ao mesmo período de 2004. Assolicitações da indústria atingiram R$32,1 bilhões, alta de30,4%, com ênfase para as operações voltadas à exportaçãoda indústria aeronáutica; e as solicitações relativas aosegmento de comércio e serviços somaram R$17,9 bilhões,redução de 7,1%, influenciada pela menor procura do setorde construção. As consultas relacionadas ao setoragropecuário situaram-se em R$2,6 bilhões, queda de 49,6%no ano.

A carteira de crédito rural apresentou redução de1,9% no trimestre encerrado em agosto, em relação a maio,alcançando R$55,6 bilhões. Esse resultado esteve associadoao decréscimo registrado no estoque das aplicaçõesobrigatórias para custeio agrícola, em linha com asazonalidade do período e com o adiamento dos negóciosrelativos ao custeio da safra 2005/2006.

Os financiamentos destinados ao setor habitacional,exclusive recursos livres, atingiram R$25,6 bilhões em agosto,com aumento de 2,5% no trimestre. Os desembolsos comrecursos da caderneta de poupança alcançaram R$1,1 bilhãono trimestre encerrado em julho, superando em 2,9% osvalores observados no período encerrado em abril,assinalando-se que, desse total, 56,3% foram destinados àconstrução de novas moradias.

O CMN, em continuidade às medidas de estímulo àhabitação adotadas em 2005, estabeleceu, para o terceirotrimestre do ano em relação ao mesmo período de 2004, ameta de 50% de expansão nas aplicações imobiliáriasalternativamente ao cumprimento pelas instituiçõesfinanceiras da exigibilidade mínima de 65% de suascaptações em caderneta de poupança. Para o primeiro esegundo trimestres as metas de aumentos corresponderama 30% e a 45%, respectivamente. Esse conjunto de medidas,aliado às alterações nas regras para incentivar o

Tabela 3.2 – Desembolsos do BNDES

R$ milhões

Discriminação Jan-ago Variação %

2004 2005

Total 20 978 24 479 16,7

Indústria 8 421 11 747 39,5

Outros equip. transporte1/ 2 693 3 400 26,3

Veículo automotor 1 459 1 831 25,5

Máq. e equipamentos 447 1 244 178,3

Prod. alimentício e bebidas 1 181 925 - 21,7

Metalurgia básica 496 925 86,5

Celulose e papel 556 705 26,8

Comércio/Serviços 8 647 10 138 17,2

Transporte terrestre 2 020 3 745 85,4

Eletricidade, gás, água quente 4 077 2 971 - 27,1

Construção 608 879 44,6

Comércio e rep. de veículos 608 466 - 23,4

Agropecuária 3 911 2 594 - 33,7

Fonte: BNDES

1/ Inclui indústria aeronáutica.

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Ago2003

Nov Fev2004

Mai Ago Nov Fev2005

Mai Ago

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Rural Habitacional

Gráfico 3.1 – Volume de crédito rural e habitacionalR$ bilhões

Rural Habitacional

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financiamento de moradias de menor valor e para ampliar ovalor máximo do imóvel financiado para até R$350 mil,contribuiu para o aperfeiçoamento e a dinamização do setorhabitacional. Como resultado, o fluxo acumulado de recursosno período de janeiro a julho atingiu R$2,7 bilhões,representando expansão de 68,7% em relação a igual períododo ano anterior.

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Os empréstimos com recursos livres atingiramR$317,4 bilhões em agosto, registrando expansão de 5,1%no trimestre e de 22,8% em doze meses. A participaçãodesses créditos no total contratado pelo sistema financeiropassou de 58,3%, em maio, para 58,6%, em agosto.

O estoque de crédito destinado a pessoas jurídicascresceu 2,7% no trimestre, totalizando R$172,4 bilhões emagosto. Esse resultado refletiu o aumento de 3,7% nosempréstimos com recursos domésticos, que totalizaramR$124,7 bilhões, e a manutenção, no patamar de R$48,1 bilhões,dos empréstimos referenciados em moeda estrangeira.

A carteira relativa a pessoas físicas somou R$145bilhões em agosto, com aumento de 8,1% em relação a maio,impulsionado, fundamentalmente, pelas elevações nasoperações relativas a financiamento para aquisição de bens,9,6%; e a crédito pessoal, 8,7%. Relativamente às operaçõesde crédito pessoal, assinale-se o aumento de 15,5% doscréditos consignados, segundo dados das treze instituiçõesfinanceiras com maior participação de mercado nessamodalidade. Quanto ao desempenho dos financiamentos paraaquisição de bens, registre-se a influência das parcerias entreredes de varejo e grandes instituições financeiras para adinamização desse mercado, concorrendo também para acontinuidade da expansão das vendas do comércio.

O crescimento da participação de modalidades comcusto mais reduzido, a exemplo dos empréstimos consignadose dos financiamentos para aquisição de bens, vem concorrendopara a redução das taxas ativas nas operações de créditocom recursos livres. Nesse sentido, as taxas médias relativasa esse segmento e aos empréstimos para pessoas físicasrecuaram 0,3 p.p. e 1,3 p.p. no trimestre encerrado em agosto,situando-se em 49,1% a.a. e em 64,4% a.a., respectivamente.

Adicionalmente, ressalte-se que os financiamentospara aquisição de bens duráveis apresentaram redução nos

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Ago2003

Nov Fev Mai2004

Ago Nov Fev Mai2005

Ago

Saldo totalP. jurídica – Recurso internoP. jurídica – Recurso externoPessoa física

Gráfico 3.2 – Evolução do volume de crédito com recursos livresVariação percentual em 12 meses

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seus encargos, acompanhando o comportamento da curvade juros no mercado futuro e o aumento dos negóciosproporcionado pelos acordos comerciais entre instituiçõesfinanceiras e redes de varejo. Nesse sentido, destacaram-se as reduções de 4,1 p.p. e de 1,7 p.p., respectivamente,nas taxas associadas a financiamentos para aquisição deoutros bens e de veículos. Além disso, devido, principalmente,à crescente participação dos créditos consignados, cujo customédio atingiu 36,6% a.a. em agosto, a taxa média de créditopessoal diminuiu 0,1 p.p. em relação à assinalada em maio,situando-se em 77,1% a.a.

A taxa média praticada nas operações com pessoasjurídicas atingiu 33,2% a.a. em agosto, com queda de 0,5 p.p.em relação a maio. As taxas relativas a operaçõesreferenciadas em moeda estrangeira recuaram 1 p.p., e asassociadas a operações com juros flutuantes e com jurosprefixados decresceram 0,3 p.p. e 0,2 p.p., respectivamente.

O spread bancário relativo às operações de créditocom recursos livres atingiu 30,2 p.p. em agosto, comcrescimento de 0,2 p.p. em relação a maio, registrando-serecuos de 0,1 p.p. no segmento de pessoas jurídicas e de0,6 p.p. no de pessoas físicas. Ressalte-se que o spreadmédio cresceu no trimestre, como resultado da ampliaçãorelativa do volume de crédito para pessoas físicas, cujospread é mais elevado que o cobrado às empresas.

A inadimplência das operações de crédito comrecursos livres atingiu 7,6% em agosto, registrando decréscimode 0,1 p.p. no trimestre. Os atrasos da carteira de pessoasfísicas situaram-se em 12,4%, retração de 0,5 p.p. em relaçãoa maio, evidenciando, entre outros fatores, o crescimento dosempréstimos consignados em folha de pagamento, queapresentam inadimplência reduzida, assim como sua utilizaçãopara a quitação de dívidas bancárias. No segmento de pessoasjurídicas, a inadimplência atingiu 3,6%, ocorrendocrescimento de 0,1 p.p. no trimestre.

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Os meios de pagamentos restritos (M1), consideradaa média dos saldos diários, atingiram R$120,2 bilhões emagosto, com crescimento de 13,1% nos últimos doze meses.Esse resultado correspondeu a variações de 13,1% tantono saldo médio do papel-moeda em poder do público comonos depósitos à vista.

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Ago2003

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Média geral Média pessoa jurídica

Gráfico 3.3 – Taxas das operações de crédito com recursos livres% a.a.

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Ago2003

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Ago Nov Fev Mai2005

Ago

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Spread médio PJ PF

p.p. – PF

Gráfico 3.5 – Spread médio das operações de crédito com recursos livresp.p. – Média e PJ

Gráfico 3.6 – Taxa de inadimplência1/

% – Média e PJ

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Ago2003

Nov Fev2004

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1/ Percentual da carteira de recursos livres com atraso superior a 15 dias.

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Média do mercado PJ PF

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Ago2003

Nov Fev2004

Mai Ago Nov Fev2005

Mai Ago

Gráfico 3.4 – Taxas das operações de crédito a juros prefixados – Pessoa física% a.a.

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As operações de crédito do sistema financeiroapresentaram crescimento significativo nos últimosdoze meses, com variação de 18,7%, atingindo saldode R$541,2 bilhões em agosto. Em conseqüência, arelação entre o volume total concedido pelasinstituições financeiras e o PIB elevou-se para 28,7%,ante 25,4% em agosto de 2004.

O desempenho do crédito mostrou-se maisexpressivo nas modalidades realizadas com recursoslivres, que respondem por 58,6% do estoque total dosistema financeiro, com aumento de 22,8% nosúltimos doze meses. O resultado refletiu, sobretudo,a evolução dos empréstimos para pessoas físicas,impulsionados pelas operações com consignação emfolha de pagamento, em especial após sua extensãopara aposentados e pensionistas do Instituto Nacionaldo Seguro Social (INSS) a partir de maio de 2004,bem como pelos financiamentos para aquisição debens duráveis.

Apesar do crescimento verificado nosempréstimos concedidos com recursos livres, essasoperações não respondem pela totalidade do créditonão direcionado. Com efeito, se considerarmos fontesalternativas de financiamento no âmbito do sistemafinanceiro, como as cooperativas de crédito, aevolução recente apresenta-se ainda mais vigorosa.

De fato, a expansão das contratações,efetuadas por meio de cooperativas de crédito e deoutras modalidades de crédito utilizadas pelas famílias,foi beneficiada pelo ambiente econômico favorávelvigente nos últimos anos, bem como pelas medidasque aprimoraram a estrutura organizacional e ofuncionamento dessas instituições.

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Jul2000

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PF Rural

Gráfico 1 – Operações de crédito das cooperativasR$ bilhões

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A evolução dos créditos concedidos pelascooperativas se insere nos objetivos governamentaisde fortalecimento e ampliação das cooperativas decrédito no País, com destaque para a Resolução3.106, de junho de 2003, que permitiu, sobretudo, aorganização de cooperativas de livre admissão deassociados em áreas com até cem mil habitantes.

Entre junho de 2000 e julho de 2005, o númerototal de cooperativas de crédito em atividade no paísaumentou de 1.216 para 1.436. Ao mesmo tempo,nesses mesmos períodos, os saldos dos empréstimosdessas instituições atingiram R$2,6 bilhões e R$9bilhões, respectivamente, destacando-se quepraticamente a totalidade desses valores refere-se arecursos livres.

Da mesma maneira, as operações dearrendamento mercantil (leasing) não estãocontempladas nas estatísticas de recursos livresdivulgadas pelo Banco Central, que seguem aregulamentação implementada pela norma que tratadas informações do crédito referencial para taxasde juros. A modalidade de leasing, importanteestímulo para o aumento de investimentos dasempresas, praticamente interrompeu novasoperações com pessoas físicas após a mudança doregime cambial em 1999, tendo em vista osquestionamentos judiciais dos contratos com variaçãocambial. Essas operações somente foram retomadasanos depois, com a definição, em maio de 2003, domarco jurídico favorável à execução das garantiasprevistas em contrato, sendo pactuadas, agora, comtaxas prefixadas. Ao mesmo tempo, o desempenhodessas operações se refletiu no mercado de capitaisao longo de 2005, onde foram registradas expressivascaptações por parte das sociedades de arrendamentomercantil, via emissões de debêntures.

Dessa forma, o saldo das operações dessesegmento passou de R$8,9 bilhões em junho de 2003para R$18,2 bilhões em agosto do corrente ano, comênfase para o segmento de pessoas físicas, cujaparticipação relativa aumentou de 7,9%, para 28,3%,de acordo com a Associação Brasileira de Leasing(Abel). Esse desempenho esteve relacionado,principalmente, aos negócios com veículos,participação de 65,9% no total de bens arrendados,cabendo 26,1% às máquinas e equipamentos.

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Jul2000

Jan2001

Jul Jan2002

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Jul Jan2005

Jul

PF PJ

Gráfico 2 – Operações de leasingR$ bilhões

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Veículos eafins

Máq. eequipamentos

Informática Outros

Fonte: Abel

Gráfico 3 – Distribuição de leasing por tipo de bem Junho 2005 %

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Em decorrência da inclusão dos empréstimosdas cooperativas de crédito e das operações dearrendamento mercantil em recursos livres, aparticipação relativa desse segmento passaria arepresentar 61,7% do volume total de crédito do sistemafinanceiro em agosto. Vale assinalar que a agregaçãodessas informações está associada ao aprimoramentodo fluxo das informações remetidas pelas instituiçõesfinanceiras, com destaque para o Sistema deInformações de Crédito do Banco Central (SCR).

A evolução e a sofisticação dos mercadosfinanceiros nos anos recentes têm levado o BancoCentral a aperfeiçoar continuamente os procedimentosde supervisão bancária, assim como propiciar aelaboração e divulgação de novos indicadoresmacroeconômicos e microeconômicos. Nesse aspecto,assume relevância a reformulação das informaçõessobre as operações de crédito no Brasil, visando tantotorná-las mais abrangentes, como apresentar novosaspectos de sua composição. Neste caso, pode sermencionada a divulgação da composição do créditosegundo o controle do capital das instituiçõesfinanceiras. As futuras reformulações das informaçõessobre crédito refletirão, nesse sentido, a contínua busca,do Banco Central, pelo aperfeiçoamento dos dadosrelacionados ao tema.

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Quando considerados dados dessazonalizados edeflacionados pelo IPCA, o M1 apresentou acréscimo de2,2% no trimestre junho–agosto, reflexo, basicamente, donível da atividade econômica e do expressivo aumento dasoperações de crédito.

A média dos saldos diários da base monetáriaalcançou R$82,1 bilhões em agosto. A expansão de 13,2%registrada em doze meses decorreu de aumentos de 13,7%no saldo médio do papel-moeda emitido e de 12,1% nasreservas bancárias.

Em relação às fontes de emissão primária de moedano trimestre encerrado em agosto, as operações do TesouroNacional proporcionaram contração de R$1,4 bilhão.Adicionalmente, o conjunto de operações com o sistemafinanceiro foi expansionista em R$547 milhões, em função,principalmente, da regularização de pagamentos referentesao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária(Proagro) e das liberações do compulsório sobre os depósitosdo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE),que juntos somaram R$377 milhões. Esse desempenho,associado aos resgates de títulos públicos federais deR$917 milhões, determinou a expansão de R$88 milhões nademanda por base monetária.

O crescimento dos meios de pagamento ampliadosesteve condicionado pela expansão das operações de créditodo sistema financeiro e pela incorporação do rendimentodas aplicações. Assim, no conceito M2, que agrega M1,depósitos de poupança e títulos emitidos pelas instituiçõesfinanceiras, os meios de pagamentos elevaram-se 4,5% emrelação a maio e 17% em doze meses, com destaque para oaumento de 8% nos depósitos a prazo no trimestre encerradoem agosto. O saldo das cadernetas de poupança aumentou1,8%, no período.

Considerado o conceito M3, que inclui M2, quotasde fundos de renda fixa e títulos públicos federais que dãolastro à posição líquida de financiamentos em operaçõescompromissadas, realizadas entre o setor não financeiro eo sistema financeiro, os meios de pagamentos cresceram5% em relação a maio e 17,7% em doze meses. Ressalte-se o ingresso líquido de R$18 bilhões registrado pelos fundosde investimento, no trimestre junho–agosto. O conceito M4,que compreende o M3 mais os títulos públicos de detentoresnão financeiros, apresentou saldo de R$1,2 trilhão em agosto,aumentos de 5,3% no trimestre e de 17,7% em doze meses.

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Ago2002

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Ago

R$ bilhões

Base monetária M1

Gráfico 3.7 – Base monetária e meios de pagamento – Média dos saldos diários

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Ago2002

Dez Abr2003

Ago Dez Abr2004

Ago Dez Abr2005

Ago

R$ bilhões

M1 Base monetária

Gráfico 3.8 – M1 e base monetária a preço de

agosto de 2005, dessazonalizado1/

1/ Índice de preço: IPCA.

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Mai2003

Ago Nov Fev2004

Mai Ago Nov Fev2005

Mai Ago

%

M2 M3 M4

Gráfico 3.9 – Meios de pagamentos ampliados – Variação percentual em 12 meses

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No trimestre encerrado em agosto, o resultado líquidodos leilões de títulos públicos federais foi expansionista emR$7,7 bilhões, refletindo colocações de R$91,9 bilhões eresgates de R$99,6 bilhões, não contabilizando as operaçõesde troca, que totalizaram R$15 bilhões. No período, emconseqüência da inversão da estrutura das taxas de jurosfuturas, as Letras do Tesouro Nacional (LTN) representaram63,4% do valor leiloado e as Letras Financeiras do TesouroNacional (LFT), 28,7%.

Refletindo o resultado dos leilões, a média diária daposição líquida de financiamento elevou-se de R$38,5 bilhões,em maio, para R$41,6 bilhões, em agosto. Em julho, a médiadiária dessas operações se situou em R$50,7 bilhões, emfunção do impacto do vencimento de LTN, no valor deR$37,3 bilhões, ocorrido no primeiro dia útil do mês. Nodecorrer do trimestre, o Banco Central do Brasil continuouatuando de forma preventiva no ajuste da liquidez, realizandooperações de venda conjugada a compra de LTN da ordemde R$16 bilhões.

Ao longo do trimestre, observou-se concentração dosvalores girados por meio das operações compromissadas paracontrole de liquidez em vencimentos com mais de trinta dias.

No período, o vencimento de dívida cambial serestringiu a um swap reverso no valor de US$385 milhões.Em linha com a baixa demanda por hedge cambial, nãoocorreram colocações de swaps.

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Com base na pesquisa Focus de 26 de agosto,realizada pelo Banco Central junto ao mercado financeiro,a taxa de juros Selic real ex-ante para o prazo de um anoatingiu 12% a.a., ante 10,6% a.a. no final de maio. Aelevação da taxa real refletiu o recuo, ao longo do trimestre,das expectativas do mercado em relação à inflaçãoesperada para os próximos doze meses, de 5,9%, em maio,para 4,7%, tendo em vista os efeitos da política monetáriasobre a evolução dos preços, particularmente a partir demaio, com o registro de deflação nos índices de preços noatacado. Ao mesmo tempo, a taxa Selic esperada para operíodo de um ano, apurada na pesquisa, manteve-sepróxima ao valor do final de maio, influenciada pelo cenário

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Dez2003

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Abr Jun Ago Out Dez Fev2005

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R$ bilhões

Gráfico 3.10 – Posição líquida de financiamento dos títulos públicos federais – Média diária

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Fev2004

Abr Jun Ago Out Dez Fev2005

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R$ bilhões

< 30 dias > 30 dias

Gráfico 3.11 – Operações compromissadas do Banco Central – Volume por prazo – Fim de período

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Abr2004

Jun Ago Out Dez Fev2005

Abr Jun Ago

Gráfico 3.12 – Taxa de juros ex-ante deflacionada pelo IPCA para 12 meses% a.a.

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doméstico e pelas incertezas relacionadas aos aumentosrecentes no preço do petróleo.

Nesse contexto, observou-se o aumento davolatilidade e a interrupção da trajetória de redução dos jurosno mercado futuro, revertendo parcialmente a quedaverificada na primeira metade do trimestre junho–agosto.Posteriormente, face à divulgação de novos índices de inflaçãoconvergentes com as metas, as taxas retomaram a trajetóriadeclinante. Em 29 de agosto, a taxa referencial dos contratosde swap DI x pré de 360 dias atingiu 18,2% a.a., ante18,7% a.a. no final de maio.

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O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo(Ibovespa) registrou, ao final de agosto, alta de 11,3% emrelação ao final de maio, atingindo 28.044 pontos. Adivulgação de indicadores favoráveis relacionados à evoluçãoda atividade econômica e o arrefecimento dos índices depreços contribuíram para aumentar a confiança do investidorna solidez dos fundamentos econômicos do País, a despeitodos aumentos nas cotações do petróleo e das incertezasrelacionadas ao cenário político doméstico.

Nesse contexto, observou-se o retorno dosinvestidores internacionais à Bolsa de Valores de São Paulo(Bovespa), que responderam pelo ingresso de R$2,7 bilhõesno trimestre junho–agosto.

O Ibovespa, avaliado em dólares, registrouacréscimo de 13,1% no trimestre, ante a relativa estabilidadenas cotações da moeda americana nesse período. O índiceDow Jones permaneceu estável, situando-se em 10.482pontos, enquanto o Nasdaq apresentou alta de 4,1%.

O volume de captações das empresas no mercado decapitais, mediante ações, debêntures e notas promissórias,segundo ofertas primárias registradas na Comissão de ValoresMobiliários (CVM), totalizou R$9,8 bilhões no trimestreencerrado em agosto. Esse resultado foi determinado pelacolocação de R$6,9 bilhões em debêntures, com destaque paracompanhias de arrendamento mercantil, siderurgia, eletricidadee saneamento, assim como pela emissão de R$2 bilhões emações e de R$800 milhões em notas promissórias. Noacumulado do ano até agosto, as emissões de debênturestotalizaram R$25 bilhões, aumento de 487% em relação a igualperíodo de 2004. O volume de pedidos para registro de novas

Gráfico 3.14 – IbovespaPontos

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Gráfico 3.16 – Bolsas de valoresAgosto 2004 = 100

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Mai2004

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Ibovespa (em dólar) Dow Jones Nasdaq

Gráfico 3.13 – Selic x swap DI x Pré

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11.4 10.5 8.6 6.7 3.8 31.8

% a.a.

Selic Swap 30 dias Swap 360 dias

Fonte: BM&F

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Ago2003

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Ago

Gráfico 3.15 – Investimento externo líquido na BovespaR$ milhões

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emissões de debêntures na CVM atingiu R$12,2 bilhões aofinal de agosto.

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As aplicações financeiras, consideradas ascadernetas de poupança, os depósitos a prazo e os fundosde investimento, somaram R$1 trilhão em agosto, comcrescimento de 5,9% em relação a maio.

No período, os fundos de investimento registraramcaptação líquida de R$18,7 bilhões, atingindo patrimôniolíquido de R$616,9 bilhões, com crescimento de 6% noperíodo. A captação líquida registrada em agosto alcançouR$12,8 bilhões, concentrada em fundos de renda fixa,R$6,3 bilhões, e em multimercados, R$2,3 bilhões. Notrimestre, as aplicações nas diversas modalidades dessesfundos apresentaram relativa estabilidade, com os fundosde renda fixa respondendo por 53,1% do total investido,seguindo-se os referenciados, 22,8%; os multimercado,20,1%; os de curto prazo, 3,6%; e os cambiais, 0,4%.

As expectativas com relação à flexibilização dapolítica monetária refletiram-se sobre a composição dostítulos públicos na carteira dos fundos de investimento.Nesse sentido, a participação dos papéis prefixados nacarteira desses fundos aumentou de 23%, em maio, para26,6% em agosto, enquanto a dos papéis referenciados àtaxa Selic recuou de 63,5% para 59,5%. As participaçõesdos papéis atrelados a índices de preços e à variação cambialapresentaram relativa estabilidade no trimestre, situando-se em 12,6% e em 1,2%, respectivamente.

Os saldos dos depósitos a prazo e das cadernetasde poupança atingiram R$231,7 bilhões e R$160,1bilhões, respectivamente, em agosto, apresentandoaumentos de 8,3% e de 1,3%, em relação a maio. Osdepósitos a prazo continuaram a registrar forte captaçãolíquida, da ordem de R$8,7 bilhões no trimestre e deR$20,8 bilhões em 2005. Em sentido inverso, ascadernetas de poupança apresentaram resgates líquidosde R$1,4 bilhão e de R$6,8 bilhões, nos mesmos períodos.

Desde 1° de julho, está em vigência a Resolução3.272, de 24.3.2005, que estabeleceu a obrigatoriedade, porparte das instituições financeiras, do registro dos títulos evalores mobiliários de sua emissão, aceite ou garantia,exceto ações, em sistemas de registro e liquidação financeiraautorizados pelo Banco Central ou pela CVM. Em

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Ações Debêntures Notas promissórias

Fonte: CVM

2002 2003 2004 2005

Gráfico 3.17 – Emissão primária autorizada no mercado de capitaisR$ bilhões – Acumulado até agosto

Gráfico 3.18 – DebênturesR$ bilhões – Acumulado no ano

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2005 2004 2003

Fonte: CVM

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FIF

Gráfico 3.19 – Evolução patrimonial de CDB, FIF e poupança

CDB, poupança

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Jun2004

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% – preços, cambiais e pré

Selic Pré Cambiais Preços

Gráfico 3.20 – Evolução de títulos públicos na carteira dos fundos, por indexador

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decorrência, comparando-se a primeira quinzena de julhocom a de junho, os estoques valorizados de Certificado deDepósito Bancário (CDB), Recibo de Depósito Bancário(RDB) e Depósito Interfinanceiro (DI) registrados naCâmara de Custódia e Liquidação (Cetip) cresceram 11,8%.

O patrimônio líquido dos fundos de ações e dosFundos Mútuos de Privatização (FMP), que aplicam recursosdo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS),alcançaram R$42,1 bilhões e R$7,7 bilhões em agosto,respectivamente. No trimestre, os fundos de açõesapresentaram rendimento de 4,1%; e os FMP, de 21,1%,valorização condicionada, fundamentalmente, à valorizaçãodos papéis da Petrobrás e da Vale do Rio Doce.

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A política fiscal permanece sendo conduzida com oobjetivo de assegurar a sustentabilidade da dívida pública.Metas fiscais envolvendo a obtenção de resultados primáriospara o setor público não financeiro têm sido formuladas,divulgadas e cumpridas.

Nesse contexto, a Lei de Diretrizes Orçamentáriasmanteve, para 2006, a meta de 4,25% do PIB para osuperávit primário do setor público consolidado fixada para2005, distribuída da seguinte forma: 2,45% para osorçamentos fiscal e da seguridade social e 0,7% para oPrograma de Dispêndios Globais das Estatais Federais,cabendo aos estados e municípios a realização de superávitprimário equivalente a 1,1% do PIB. Ressalte-se que a leipermite a compensação entre as metas estabelecidas paraos orçamentos fiscal e da seguridade social e para oPrograma de Dispêndios Globais.

O projeto de lei encaminhado à apreciação doCongresso Nacional foi elaborado de modo a darcontinuidade à austeridade fiscal e manter a estabilidademacroeconômica. Comparativamente aos exercíciosanteriores, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)apresentou várias inovações, destacando-se a adoção dosseguintes procedimentos:

a) teto para a arrecadação de tributos: a estimativada arrecadação dos tributos federais, líquidosde restituições e de incentivos fiscais,administrados pela Secretaria da ReceitaFederal, não poderá exceder, no projeto de leiorçamentária de 2006, 16% do PIB. Estão

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Jun2004

Ago Out Dez Fev2005

Abr Jun Ago

R$ bilhões

Poupança Depósitos a prazo

Gráfico 3.21 – Captação líquida – Caderneta de poupança e depósito a prazo

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excluídas da estimativa as receitas atípicas, asprovenientes das contribuições sociais e osrespectivos acréscimos legais;

b) mecanismo de ajuste anticíclico: a meta desuperávit primário para o setor públicoconsolidado deverá ser ajustada, na propostaorçamentária e por ocasião da reavaliação doterceiro bimestre, para mais ou para menos,dependendo do comportamento da atividadeeconômica, em até 0,25 p.p. do PIB. Aeventual redução na meta para o superávitprimário está condicionada à continuidade datrajetória de queda da relação dívida/PIB emtaxa igual ou superior à registrada, em média,no biênio 2004/2005;

c) projeto-piloto de investimentos: o superávitprimário poderá ser reduzido em até R$3 bilhões,para o atendimento de programação relacionadaà infra-estrutura, que constará de anexoespecífico ao projeto e à lei orçamentária de 2006;

d) teto para as despesas: as dotações autorizadaspara as despesas correntes primárias constantesdos orçamentos fiscal e da seguridade social,exclusive as transferências constitucionais oulegais por repartição de receita, não poderão sersuperiores a 17% do PIB.

Em relação ao reajuste do salário mínimo, forammantidos os procedimentos adotados para 2005: oOrçamento da União incluirá os recursos necessários aoatendimento do reajuste dos benefícios da seguridade social,de forma a possibilitar o atendimento do disposto no art. 7º,inciso IV, da Constituição, garantindo aumento real do saláriomínimo em percentual equivalente ao crescimento real doPIB per capita em 2005.

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O superávit primário do setor público não financeiroacumulado até julho alcançou R$68,7 bilhões, 6,3% do PIB,em 2005, ante R$52,8 bilhões, 5,4% do PIB, no mesmo períodode 2004, constituindo o resultado mais favorável para essabase de comparação, tanto em unidades monetárias correntesquanto em percentual do PIB, desde o início da divulgaçãoda série, em 1991. O aumento equivalente a 0,9 p.p. do PIBregistrado no período refletiu melhora nos superávits em todasas esferas de governo, atingindo 0,2 p.p. tanto no governocentral como nos governos regionais, e 0,5 p.p. nas empresas

Tabela 3.3 – Necessidades de financiamento do setor

público – Resultado primário

Acumulado no ano R$ milhões

Período Ocorrido Meta Margem

(I) (II) (I - II)/(II) (%)

1999 -31 087 -30 185 3,0

2000 -38 157 -36 720 3,9

2001 -43 655 -40 200 8,6

2002 -52 390 -50 300 4,2

2003 -66 173 -65 000 1,8

2004 -81 112 -71 500 13,4

2005/IQ -44 012 -35 780 23,0

2005/IIQ1/-68 745 -60 184 14,2

1/ O valor ocorrido refere-se a julho.

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estatais. Ressalte-se que o superávit primário acumulado atéjulho de 2005 pelo setor público não financeiro ultrapassa em14,2% a meta estabelecida pelo governo até agosto e equivalea 82% da meta estabelecida para o ano.

O superávit do governo central refletiu a elevaçãode 1,03 p.p. do PIB registrada nas receitas. Esse resultadoesteve associado, em parte, ao desempenho favorável dosetor empresarial, notadamente alguns segmentos daindústria e do setor de serviços, traduzido no crescimentoreal, considerado o IGP-DI como deflator, da arrecadaçãodo Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, 16,8%, e daContribuição Social sobre o Lucro Líquido, 16,7%. Ressalte-se, também, a relevância da retomada do nível da atividadepara os aumentos de 6,3% na arrecadação da Contribuiçãopara Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e de 3,7%na relativa ao Imposto sobre Produtos Industrializados.

As despesas do governo central atingiram 16,6% doPIB nos primeiros sete meses de 2005, ante 16,4% do PIBno período correspondente do ano anterior. Os gastos relativosa custeio e capital aumentaram R$9,6 bilhões e os relativos apessoal e encargos sociais, R$2,4 bilhões, representandocrescimentos de 20,5% e 5%, respectivamente. O aumentoregistrado na rubrica custeio e capital refletiu a ocorrênciade despesas, sem correspondência no ano anterior,associadas a reordenamento de passivos – repasse para aEmgea – e a registros na Dívida Ativa da União por contado Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa).Assinalem-se, ainda, os aumentos de despesas decorrentesda aquisição de terras destinadas à reforma agrária, 79,4%,e das modificações no estatuto do idoso, com reflexo diretona concessão de benefícios assistenciais ao amparo da LeiOrgânica da Assistência Social (Loas), 22,7%.

As receitas da Previdência Social, refletindo aevolução do emprego no setor formal, aumentaram 0,16 p.p.do PIB nos primeiros sete meses de 2005, ante o mesmoperíodo de 2004, situando-se em 5,24% do PIB. Esseresultado, entretanto, não impediu que o déficit previdenciáriocrescesse 0,63 p.p. do PIB no período, evidenciando osaumentos de 3,8% no número de aposentadorias, de 21,4%nos benefícios de auxílio-doença e de 17% na quantidadede amparos assistenciais – Loas.

O resultado dos governos regionais tem sidocondicionado pelo desempenho favorável da arrecadaçãodo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços(ICMS), principal tributo de competência dos estados.Estatísticas relativas ao primeiro semestre de 2005 revelam

Tabela 3.4 – Necessidades de financiamento do setor

público – Resultado primário

Acumulado no ano

Segmento Julho

2003 2004 2005

R$ % R$ % R$ %bilhões PIB bilhões PIB bilhões PIB

Governo central -32,7 -3,7 -39,6 -4,0 -46,0 -4,2

Governos regionais -9,0 -1,0 -11,6 -1,2 -14,9 -1,4

Empresas estatais -2,6 -0,3 -1,6 -0,2 -7,8 -0,7

Total -44,3 -5,1 -52,8 -5,4 -68,7 -6,3

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que a arrecadação do ICMS totalizou R$75,1 bilhões no período,crescimento real de 5,3% em relação ao primeiro semestre de2004, considerado o IGP-DI como deflator, ocorrendo commaior ênfase no Espírito Santo, 20,6%; em Minas Gerais, 15,4%;em Santa Catarina, 15,2%; em Pernambuco, 7,9%; no RioGrande do Sul, 7%; e em São Paulo, 4,1%.

A evolução da arrecadação nos estados, por setores,mostrou-se bastante heterogênea. Em São Paulo, osmelhores desempenhos ocorreram nos setores terciário,8,3%; energia elétrica, 6,4%; e petróleo, 5,9%. Em MinasGerais, as maiores taxas de crescimento foram registradasnos setores secundário, 19,4%; energia elétrica, 21,3%; eterciário, 13,6%. No Rio de Janeiro, o recolhimento real deICMS recuou 7,7% no período, evidenciando recolhimentosatípicos, da ordem de R$457 milhões, efetuados pelaPetrobras em janeiro de 2004.

Os juros nominais, apropriados pelo critério decompetência, acumularam R$92,3 bilhões, 8,4% do PIB, atéjulho, comparativamente a R$72,2 bilhões, 7,3% do PIB, nomesmo período do ano anterior. Essa expansão esteveassociada à elevação de 1,7 p.p. registrada na taxa Selicacumulada no período.

As necessidades de financiamento do setor públiconão financeiro, constituídas do resultado primário e dos jurosnominais apropriados, acumularam déficit de R$23,5 bilhões,2,1% do PIB, até julho, comparativamente a R$19,4 bilhões,2% do PIB, em igual período de 2004.

Quanto às principais fontes de financiamento doresultado nominal no período, a expansão da dívida mobiliária,inclusive operações compromissadas do Banco Central,alcançou R$98,7 bilhões, enquanto, em sentido inverso, adívida externa e a dívida bancária apresentaram reduçõesde R$41,3 bilhões e de R$27,8 bilhões respectivamente.

!�� ���� � "� � ������ Nos primeiros sete meses de 2005, a dívida mobiliária

federal, avaliada pela posição de carteira, elevou-se deR$810 bilhões, 43,7% do PIB, para R$915,7 bilhões, 48,4%do PIB. Registraram-se, no período, emissões líquidas deR$28,1 bilhões no mercado primário e incorporação de jurosde R$80,9 bilhões e, atuando de forma contracionista, aapreciação de 9,9% do real frente ao dólar, correspondentea aproximadamente R$3,6 bilhões.

Tabela 3.6 – Necessidades de financiamento do

setor público

Acumulado no ano

Discriminação Julho

2004 2005

R$ bilhões % PIB R$ bilhões % PIB

Usos 19,4 2,0 23,5 2,1

Primário - 52,8 - 5,4 - 68,7 - 6,3

Juros 72,2 7,3 92,3 8,4

Fontes 19,4 2,0 23,5 2,1

Financiamento interno 43,9 4,5 64,8 5,9

Dívida mobiliária 48,3 4,9 98,7 9,0

Dívida bancária 1,6 0,2 - 27,8 - 2,5

Outros - 6,0 - 0,6 - 6,1 - 0,6

Financiamento externo - 24,5 - 2,5 - 41,3 - 3,8

Tabela 3.5 – Arrecadação de ICMS

– Acumulada jan-jun

R$ milhões1/

Discriminação 2004 2005 Variação (%)

Brasil 71 397 75 166 5,3

SP 23 811 24 780 4,1

RJ 7 166 6 613 - 7,7

MG 6 598 7 615 15,4

RS 4 836 5 177 7,0

PR 4 223 4 208 - 0,4

BA 3 672 3 774 2,8

SC 2 802 3 229 15,2

PE 1 913 2 064 7,9

GO 2 043 1 988 - 2,7

ES 1 872 2 258 20,6

Demais 12 462 13 461 8,0

1/ A preços de junho de 2005 (IGP-DI).

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Setembro 2005 | Relatório de Inflação | 55

A parcela da Dívida Pública Mobiliária Federalinterna (DPMFi) indexada ao dólar, incluídas as operaçõesde swap, recuou de R$80,1 bilhões, em dezembro de 2004,para R$38,3 bilhões, em julho de 2005, evidenciando reduçãode R$32,8 bilhões da exposição decorrente das operaçõesde swap, resgates cambiais líquidos de R$7,6 bilhões, assimcomo a apreciação do real frente ao dólar. Nesse período,a participação dos títulos vinculados ao câmbio, inclusiveswap, no total da dívida mobiliária federal reduziu-se de9,9% para 4,2% e a dívida prefixada aumentou de 20,1%para 22,4%, mantendo-se em patamar não observado desdemeados de 1998.

Em julho, o cronograma de amortização da dívida

mobiliária em mercado, exceto operações de financiamento,apresentou a seguinte configuração: R$151 bilhões, 16,5% dototal, vencendo de agosto a dezembro de 2005; R$366,7 bilhões,40% do total, em 2006; e, R$398 bilhões, 43,5% do total, apartir de janeiro de 2007.

As operações de swap cambial atingiram R$5,5 bilhões

em julho, comparativamente a R$28,7 bilhões em janeiro.Nos primeiros sete meses de 2005, o resultado dessasoperações, definido como a diferença entre a rentabilidadedo DI e a variação cambial mais cupom, foi favorável aoBanco Central em R$1,7 bilhão no critério de competênciae em R$1,6 bilhão no critério caixa.

Dívida Líquida do Setor Público

A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) totalizouR$971,8 bilhões, 51,3% do PIB, em julho, comparativamentea R$957 bilhões, 51,7% do PIB, ao final de 2004. Esseresultado refletiu a apropriação de juros de R$92,3 bilhões,assim como o superávit primário de R$68,7 bilhões e o impactoda apreciação cambial, da ordem de R$14,2 bilhões. Expressaem percentagem do PIB, a DLSP decresceu 0,4 p.p., noperíodo, não obstante tenha aumentado 0,8 p.p. de abril ajulho, como resultado do comportamento recente do IGP-DIcentrado, índice utilizado como inflator do PIB valorizado.

A participação da parcela da DLSP vinculada àmoeda estrangeira segue em tendência declinante, atingindo10,3% em julho, ante 14,5% em dezembro de 2004, apóssituar-se em 46,9%, em setembro de 2002. De formaconsistente, a representatividade da dívida líquida prefixadapersiste em trajetória crescente, passando de 6,9%, emjaneiro de 2003, para 17%, em dezembro de 2004 e 27,4%,em julho de 2005.

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Over/Selic Prefixado Índices depreços

Câmbio TR

Dez/2004 Jul/2005

Gráfico 3.22 – Composição da dívida mobiliária federal %

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Jan2004

Mar Mai Jul Set Nov Jan2005

Mar Mai Jul

PIB 12 meses val. IGP-C PIB 12 meses – Corrente

Gráfico 3.23 – DLSP/PIB – Critérios de valorização

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Jan2002

Abr Jul Out Jan2003

Abr Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

Over/Selic PrefixadaOutros Câmbio

Gráfico 3.24 – DLSP: participação percentual por indexador

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56 | Relatório de Inflação | Setembro 2005

A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) – governofederal, INSS, governos estaduais e governos municipais –totalizou R$1.405 bilhões, 74,2% do PIB, em julho,comparativamente a R$1.398 bilhões, 73,8% do PIB, emjunho, e a R$1.332 bilhões, 71,9% do PIB, em dezembrode 2004.

3.4 Conclusão

A evolução das operações de crédito do sistemafinanceiro, no trimestre junho–agosto, permaneceucondicionada, fundamentalmente, pelo crescimento dasconcessões no segmento de recursos livres, evidenciandoo aumento da demanda por empréstimos consignados emfolha de pagamento e por financiamentos para aquisiçãode bens duráveis. Relativamente às operações envolvendorecursos direcionados, assinalem-se os recursos destinadospelo BNDES ao setor exportador e a investimentos nosetor produtivo.

Ao mesmo tempo em que a elevação da demandapor crédito bancário ocorre em um ambiente de redução dainadimplência, o volume de captações de recursos por partedas empresas no mercado de capitais segue apresentandovalores significativos, mediante emissões de ações edebêntures. As emissões de debêntures acumuladas no anoquintuplicaram em relação ao mesmo período de 2004. Essatrajetória deverá manter-se, tendo em vista o expressivovolume de pedidos para registro de novas emissões na CVM.

A austeridade na condução da política fiscal continuaa assegurar a sustentabilidade da dívida pública. Devem sersalientados tanto os resultados favoráveis relacionados aoritmo de sua capitalização, cuja taxa tem se mantidosignificativamente abaixo da Selic, quanto a redução de suavolatilidade, decorrente tanto da redução da exposiçãocambial quanto da maior participação da dívida prefixada.

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O Banco Central divulga mensalmente ossaldos da Dívida Líquida do Setor Público consolidado(DLSP) e da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG),tanto em valores correntes como em proporção doProduto Interno Bruto (PIB). A DLSP representa obalanceamento dos débitos e créditos do setor público,enquanto a DBGG traduz os débitos do governo geral.São duas, portanto, as diferenças básicas entre osconceitos, com a primeira referindo-se à abrangênciado setor público e a segunda, à inclusão de haveresfinanceiros na apuração da DLSP.

Em relação à abrangência, a DLSP incluitodo o setor público não financeiro, englobandogoverno federal, Banco Central, governos estaduais,governos municipais e empresas estatais dos trêsníveis de governo. Já o indicador de DBGG temcomo abrangência apenas o segmento de GovernoGeral, ou seja, governo federal, estados emunicípios. O conceito de governo geral diferencia-se, portanto, do conceito de setor público, de usomais tradicional no Brasil, por excluir o BancoCentral e as empresas estatais, e foi introduzido parafacilitar comparações internacionais, bem comopara dimensionar o total dos débitos brutos de origememinentemente fiscal, sem computar o efeitoresultante de atividades empresariais do setorpúblico, tampouco aquelas diretamente relacionadascom as funções do Banco Central.

Dessa forma, um aumento dos ativos dasempresas estatais ou do Banco Central geradiminuição na dívida líquida do setor público, semafetar a dívida bruta do Governo Geral, já que nãosão contemplados por esse indicador. O mesmoacontece no caso de queda em algum componentede dívida daqueles segmentos.

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Os gráficos 1 e 2 mostram a evolução, emvalores absolutos e em proporção do PIB, da DLSPe da DBGG. Embora a dívida continue a crescer emtermos nominais, quando se consideram osindicadores em proporção do PIB a queda doendividamento público fica evidenciada a partir de2003: tomando-se como base o patamar registradoem dezembro daquele ano, a DLSP registrou, emjulho de 2005, queda correspondente a 5,9 p.p. doPIB, e a DBGG, a 2,8 p.p.

Embora a dívida bruta do Governo Geraltenha apresentado, nesse período, uma menor quedacomo proporção do PIB, esse fato está relacionadocom o comportamento de ativos e passivosfinanceiros, que afetam de forma diferenciada oendividamento bruto e o endividamento líquido.

Mudando-se o período de análise, a DBGGcorrespondia, em dezembro de 2000, a 64,6% do PIB,percentual que subiu para 74,2% em julho de 2005.No mesmo período, a DLSP passou de 48,8% doPIB para 51,3%. O crescimento maior da dívida brutalevou a diferença entre os dois indicadores a aumentarde 15,8 p.p. do PIB em dezembro de 2000 para 22,9p.p. em julho último.

O maior aumento da DBGG de dezembrode 2000 a julho de 2005, comparativamente à DLSP,foi influenciado pela recomposição da carteira detítulos do Banco Central, ocorrida a partir dapromulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal, emmaio de 2000, quando foi vedada a emissão de títulosde sua responsabilidade. Com a promulgação daLei, os títulos de emissão do Banco passaram a serintegralmente resgatados, e a execução da políticamonetária passou a ser feita exclusivamente comtítulos emitidos pelo Tesouro Nacional e adquiridospelo Banco Central em mercado. O impacto daoperação na DLSP foi neutro, já que, ao adquirirtítulos do Tesouro Nacional para recompor suacarteira, o Banco Central registrou elevação de suadívida, pela emissão de base monetária, mas tambémelevação dos haveres, pelo registro dos títulos emcarteira. Por outro lado, a elevação doendividamento do Tesouro Nacional foi neutralizadapelo aumento das disponibilidades registradas naConta Única.

Gráfico 1 – DLSP e DBGG

400

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1.600

Jan2001

Jul Jan2002

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Jul Jan2004

Jul Jan2005

Jul

R$ bilhões

DBGG DLSP

Gráfico 2 – DLSP e DBGG

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Jan2001

Jul Jan2002

Jul Jan2003

Jul Jan2004

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Jul

% do PIB

DBGG DLSP

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Já sobre a DBGG, que não inclui o BancoCentral e os ativos, a operação completa resultouem elevação equivalente ao aumento da dívidamobiliária do Tesouro Nacional. Entre dezembro de2000 e julho de 2005, a recomposição da carteira detítulos do Banco Central respondeu por um aumentode 4,9 p.p. do PIB na DBGG.

Além disso, o maior crescimento da DBGGfoi influenciado pelo aumento das disponibilidades dogoverno federal no Banco Central, decorrente doesforço fiscal realizado no período. Esse crescimentodas disponibilidades ocasiona redução na DLSP, semqualquer impacto na DBGG, já que os ativos não sãocontemplados por esse indicador.

Ressalte-se, ainda, que a inclusão da dívidamobiliária na carteira do Banco Central, comocomponente da dívida bruta, denota atitudeconservadora, já que a prática internacional costumadesconsiderar a dívida destinada à gestão de políticamonetária no montante do endividamento bruto.

Como subsídio adicional à análise fiscal, oBanco Central publica ainda a Dívida Líquida doGoverno Geral (DLGG), subtraindo da DBGG oshaveres do governo federal e dos governos regionais,permitindo comparar, dentro da mesma abrangênciade setor público, o comportamento das dívidas brutae líquida.

O Gráfico 3 mostra a evolução da DBGGe da DLGG em percentual do PIB. A diferença entreesses dois indicadores (que equivale aos créditos doGoverno Geral) correspondia a 18,7% do PIB emdezembro de 2000, tendo aumentado para 22,9% emjulho de 2005. Também nessa análise, essecomportamento pode ser atribuído basicamente àevolução dos créditos do Governo Geral, queapresentaram crescimento correspondente a 4,2 p.p.do PIB. O Gráfico 4 apresenta a composiçãopercentual dos créditos registrados no conceito dedívida líquida. As disponibilidades compõem o itemmais expressivo, representando 55,1% do total doscréditos em julho de 2005, com destaque para asdisponibilidades do governo federal no Banco Central(Conta Única), que representaram 48,6% do total.

Gráfico 3 – Governo Geral: dívida bruta, dívida líquida e créditos % do PIB

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Jan2001

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Jul Jan2003

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s

DLGG DBGG Créditos

Gráfico 4 – Composição percentual dos créditos do Governo Geral

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Dez2000

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Dez Jun2002

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Dez Jun2004

Dez Jun2005

Disponibilidades Fundos e programasEstatais FATHaveres externos Conta Única

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Encerrado o primeiro semestre de 2005, o nível deatividade da economia mundial, sustentado pelo desempenhodos Estados Unidos e da China, permanece aquecido, masapresenta alguma desaceleração em relação ao ano anterior.Nesse contexto, as principais áreas econômicas deverãoregistrar, em 2005, expansões pouco inferiores às alcançadasem 2004.

De forma geral, a recuperação progressiva dosmercados de trabalho vem assegurando ampliação da rendadisponível e manutenção da confiança dos consumidoresem níveis satisfatórios, o que vem sustentando a demandadoméstica, particularmente nos Estados Unidos e no Japão.Ao mesmo tempo, o estímulo decorrente do bomdesempenho econômico global segue favorecendo asatividades exportadoras em economias como as dos EstadosUnidos, da Alemanha e da América Latina. Riscosimportantes subsistem, cabendo destaque aos decorrentesda forte elevação dos preços do petróleo, que tendem acomprometer a renda disponível nos países importadores,com impacto já observado sobre a confiança dosconsumidores no início do terceiro trimestre.

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A economia norte-americana segue apresentandocrescimento superior ao observado na Área do Euro e noJapão, beneficiada por ganhos de produtividade aindasignificativos. A variação trimestral anualizada do PIBalcançou 3,8% no primeiro trimestre do ano e 3,3%, nosegundo. Esse recuo refletiu o impacto negativo decorrenteda redução de estoques, os quais, à medida que foremrecompostos no terceiro trimestre, deverão acrescentarimpulso adicional ao crescimento do produto.

O PIB japonês registrou crescimento trimestralanualizado de 1,1% no segundo trimestre, ante 5,4% no

Gráfico 4.1 – EUA e Japão – PIB1/

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II2002

III IV I2003

II III IV I2004

II III IV I2005

II

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EUA Japão

Fontes: Bureau of Economic Analysis, Economic and Social Research Institute1/ Variações trimestrais anualizadas e dessazonalizadas.

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primeiro trimestre. Essa redução não afetou as expectativasde crescimento para 2005, pois esteve relacionada, também,à diminuição de estoques, com os componentes da demandaprivada, principalmente consumo e exportações, apresentandodesempenho acima do esperado. Os sinais de retomada doconsumo, apoiados por recuperação da renda e do mercadode trabalho, o aumento das exportações registrado no iníciodo terceiro trimestre e a elevação de 11% no volume deencomendas às indústrias ocorrida em junho sugerem maiorsustentabilidade do crescimento econômico.

O crescimento anualizado da economia da Área doEuro atingiu 1,2% no segundo trimestre, ante 1,6% notrimestre antecedente, com destaque para o crescimentode 2,8% registrado na Itália, após dois trimestres de retração.Em junho, a produção industrial do bloco cresceu 0,3%,relativamente a maio, e os pedidos às indústrias expandiram-se 3,1%, sugerindo melhor resultado para o setor industrialno terceiro trimestre. No Reino Unido, a expansão trimestralanualizada do PIB atingiu 2% no segundo trimestre, acimada registrada no primeiro trimestre do ano, mas ratificandoas previsões de desaceleração no ritmo de crescimentorelativamente ao ano anterior.

Na China, a expansão econômica se mantém emritmo acelerado, tendo sido registradas expansões em tornode 9,5% nos três últimos trimestres, consideradas asvariações ante trimestres equivalentes do ano anterior. Onível de atividade segue impulsionado pelo desempenho dasexportações, mas com crescente importância da demandadoméstica. O crescimento anual do PIB deverá situar-seno patamar de 9%.

A taxa de desemprego nos Estados Unidos recuoude 5,4%, em janeiro, para 5%, em julho, enquanto no Japãoreduziu-se a 4,2% em junho, o menor nível desde julho de1998, retornando a 4,4% em julho . Na Área do Euro, apóspermanecer estável desde meados de 2003, a taxa dedesemprego recuou de 8,8%, em abril, para 8,6% em julho.

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A despeito da sistemática elevação das taxas dejuros nos Estados Unidos, e de sua manutenção naseconomias européias, a inflação nas principais economiasocidentais apresentou sinais de recrudescimento no iníciodo segundo semestre, em sintonia com o movimentoascendente no preço do petróleo. A evolução das cotaçõesnesse mercado ainda não foi captada, entretanto, pelos

Gráfico 4.3 – Área do Euro – PIB1/

-2

-1

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II2002

IV II2003

IV II2004

IV II2005

Fonte: Eurostat1/ Variações trimestrais anualizadas e dessazonalizadas.

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Alemanha França Itália Área do Euro

Gráfico 4.4 – China – PIB1/

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II2002

III IV I2003

II III IV I2004

II III IV I2005

II

Fonte: Bloomberg1/ Variações relativas a igual trimestre do ano antecedente.

%

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Jun2000

Dez Jun2001

Dez Jun2002

Dez Jun2003

Dez Jun2004

Dez Jun2005

2000 = 100

EUA Japão Área do Euro

Gráfico 4.2 – EUA, Japão e Área do Euro – Produção industrial

Fontes: Federal Reserve, Economic and Social Research Institute, Eurostat

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Jan2000

Jul Jan2001

Jul Jan2002

Jul Jan2003

Jul Jan2004

Jul Jan2005

Jul

Fontes: Bureau of Labor Statistics , Statistics Bureau , Eurostat

%

EUA Japão Área do Euro

Gráfico 4.5 – EUA, Japão e Área do Euro – Taxas de desemprego

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índices oficiais de preços ao consumidor, tanto no Japãoquanto na China.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed)segue elevando a taxa dos fed funds em 25 pb a cada reuniãodo Federal Open Market Committee (Fomc), desde junhodo ano passado. Considerando que os principais indicadoreseconômicos não foram influenciados expressivamente pelacontração da política monetária, o cenário mais realista é ode manutenção da política de elevação gradual das taxasde juros, pelo menos até o final do ano.

Na Área do Euro, o Banco Central Europeu (BCE)vem mantendo a taxa de juros em 2% a.a. Embora a partirde junho, a inflação ao consumidor superasse o patamar de2%, a evolução do seu núcleo recuou para o nível mais baixodos últimos quatro anos. Esse comportamento reflete,basicamente, a fraca absorção interna na região,principalmente em suas maiores economias. Mesmo com aesperada aceleração da inflação nos próximos meses, devidoaos impactos defasados dos preços do petróleo, o BCE nãodeve alterar sua política de juros.

O Banco da Inglaterra (BoE) reduziu a taxa repoem 25 pb, fixando-a em 4,5% a.a. na reunião de agosto.Essa redução, não obstante a atual aceleração inflacionária,decorreu da trajetória de crescimento econômico aquém dopotencial, dos reduzidos níveis de investimento e consumoprivados, assim como do controle da inflação ao consumidorno horizonte do regime de metas.

No Japão, o núcleo dos preços ao consumidor temse reduzido lentamente, e os preços dos bens industriaisdomésticos vêm aumentando, como resultado da alta nospreços do petróleo. O Banco do Japão (BoJ) prevê que asforças de mercado reduzam a intensidade de ambas astendências no futuro próximo. As expectativas inflacionáriasainda reduzidas, entretanto, não sugerem qualquer alteraçãodo atual viés expansionista da política monetária. A meta deagregados monetários deve permanecer inalterada nointervalo de ¥30 trilhões a ¥35 trilhões, no terceiro trimestre.

Na China, não obstante o vigoroso crescimentoeconômico, a taxa de inflação ao consumidor mantém-seem patamar reduzido e declinante há quatro meses. Nessecenário, mesmo com o maior risco potencial de transmissãoda alta dos preços no atacado, o banco central chinês sinalizaa flexibilização dos controles de preços administrados e orelaxamento das políticas monetária e creditícia.

Gráfico 4.7 – Inflação – EUAVariação anual%

0

1

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3

4

5

Jul2003

Nov Mar2004

Jul Nov Mar2005

Jul

Fonte: Bureau of Labor StatisticsIPP IPC

Gráfico 4.8 – Inflação ao consumidor – Área do EuroVariação anual%

1

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3

Jul2003

Nov Mar2004

Jul Nov Mar2005

Jul

Fonte: EurostatIPCH – Núcleo IPCH

Gráfico 4.9 – Inflação ao consumidor – Reino UnidoVariação anual%

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Jul2003

Nov Mar2004

Jul Nov Mar2005

Jul

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.6 – Taxas de juros oficiaisTaxas anuais

0

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Ago2003

Dez Abr2004

Ago Dez Abr2005

Ago

Fonte: Federal Reserve , BCE e Banco da Inglaterra

EUA Área do Euro Reino Unido

%

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Ao longo do trimestre encerrado em agosto,prevaleceu a evolução favorável nos mercados de crédito,apesar da elevação dos rendimentos dos títulosgovernamentais das economias desenvolvidas. Osfundamentos econômicos cada vez mais sólidos e ocrescimento robusto das exportações mantiveram-se comopilares do cenário favorável para a dívida de economiasemergentes. Em paralelo, condicionantes favoráveis àevolução dos mercados acionários foram neutralizados, emparte, pela elevação consistente das cotações do petróleo.

A partir do fim de junho, registrou-se elevação dos

retornos dos títulos governamentais de curto e de longoprazos, atingindo os valores mais acentuados, no trimestre,nos primeiros dias de agosto, em resposta às reavaliações sobreo dinamismo da economia nos Estados Unidos, mais vigorosoque o esperado. Os rendimentos anuais dos títulos norte-americanos de dez anos registraram média de 4,25% em agosto,ante 3,99% em junho. Na mesma base comparativa, os retornosde papéis similares elevaram-se de 1,24% para 1,42% no Japão;e de 3,20% para 3,25% na Alemanha.

Essa trajetória ascendente foi parcialmente revertidaa partir de meados de agosto, em função do pessimismoassociado às recorrentes elevações nas cotações dopetróleo. Em 31 de agosto, os rendimentos dos títulos dedez anos haviam recuado para 4,01% nos Estados Unidos,3,1% na Alemanha e 1,35% no Japão.

A ampla liquidez internacional e o reduzido grau deaversão ao risco contribuíram para a retração do custo decrédito para emissores soberanos e privados no trimestreencerrado em agosto. Adicionalmente, o expressivodesempenho comercial das economias emergentesexportadoras de commodities constituiu-se em fatorfavorável à avaliação dos fundamentos de crédito dessaseconomias. Nesse cenário, a média do Emerging MarketBond Index Plus (Embi+), indicador do risco associado amercados emergentes, situou-se em torno de 300 pontos notrimestre finalizado em agosto, ante 380 pontos, no trimestreencerrado em maio. Esse resultado refletiu, embora comlimitada intensidade, a reinclusão recente da Argentina nesseíndice.

Assinale-se que a sustentação dos preços dopetróleo em patamares historicamente elevados tende a

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

Jul2003

Nov Mar2004

Jul Nov Mar2005

Jul

Fonte: Bloomberg

IPC IPC – Núcleo

Gráfico 4.10 – Inflação ao consumidor – JapãoVariação anual%

0

1

2

3

4

5

6

Jul2003

Nov Mar2004

Jul Nov Mar2005

Jul

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.11 – China – Inflação ao consumidorVariação anual%

Gráfico 4.12 – Retorno sobre títulos governamentais1/

0

1

2

3

4

5

Ago2003

Nov Fev2004

Mai Ago Nov Fev2005

Mai Ago

% a.a.

EUA Alemanha Japão

Fonte: Bloomberg1/ Média mensal dos rendimentos nominais dos títulos de 10 anos.

250

320

390

460

530

600

8.12004

23.3 7.6 20.8 3.11 18.12005

4.4 17.6 31.8

p. b.

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.13 – Emerging Markets Bond Index Plus (Embi+)

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introduzir incertezas não desprezíveis para a evolução demédio prazo dos spreads praticados nos mercados decrédito, notadamente para emissores de economiasemergentes, tendo em vista os efeitos adversos potenciaissobre o ritmo de atividade e as expectativas inflacionáriasem nível global. Nesse sentido, o aumento recente dainstabilidade na trajetória das cotações do petróleo contribuiupara a elevação do Embi+, de 273 pontos para 294 pontos,entre 10 e 31 de agosto.

A evolução dos mercados acionários evidenciou arelativa resistência das bolsas de valores aos impactos daselevações dos preços do petróleo e dos retornos dos títulosgovernamentais nas economias industriais, prevalecendo,para a sustentação das cotações, os efeitos favoráveis daampla liquidez internacional, da reduzida aversão a risco dosinvestidores e da continuidade do ciclo de crescimento global.

Considerando-se a média do trimestre encerradoem agosto, os índices acionários dos Estados Unidos, DowJones e Nasdaq, aumentaram 0,8% e 6,3%, ante a médiaregistrada no trimestre encerrado em maio. Na mesma basede comparação, o índice japonês Nikkei, aumentou 2,9%,enquanto os índices da Alemanha (DAX) e da Inglaterra(FSTE 100) elevaram-se 9,3% e 5,5%, na seqüência. Nosmercados emergentes, destacam-se as valorizações dosíndices vinculados às bolsas de valores da Rússia (RTS),13,8%; do México (IPC), 9,7%; da Coréia (Kospi), 9,3%; eda Argentina (Merval), 3,5%.

No âmbito dos mercados cambiais, assinale-se oanúncio, em 20 de julho, da alteração do regime cambialchinês e a simultânea valorização de 2,05% do renminbifrente ao dólar norte-americano. Segundo o comunicadooficial, o novo regime cambial será administrado pelo bancocentral do país e permitirá a apreciação ou depreciaçãodiária da moeda local em até 0,3%, frente ao dólar norte-americano, e 1,5%, frente às outras moedas participantesde uma cesta, assim como a possibilidade de alargamentodessas bandas de flutuação diária.

O entendimento do governo chinês é que variaçõesmais intensas das taxas de câmbio, dentro dos mecanismosdefinidos, poderão ocorrer à medida que forem realizadosprogressos adicionais na abertura da conta de capitais dobalanço de pagamentos e no gerenciamento de riscos pelasempresas financeiras e não financeiras do país, assim comoa redução adicional da fragilidade do sistema bancário dopaís e o maior desenvolvimento dos mecanismos de hedgecambial oferecidos pelo mercado financeiro doméstico.

Gráfico 4.14 – Bolsas de valores – EUA 4.1.2002=100

85

90

95

100

105

110

27.82004

8.10 18.11 29.12 8.22005

18.3 29.4 9.6 21.7 31.8

Fonte: BloombergDJIA S&P 500 Nasdaq

70

80

90

100

110

120

27.82004

8.10 18.11 28.12 7.22005

18.3 29.4 9.6 21.7 31.8

Fonte: Bloomberg

FTSE 100 DAX Nikkey 225

Gráfico 4.15 – Bolsas de valores – Europa e Japão4.1.2002=100

90

120

150

180

210

240

27.82004

8.10 18.11 29.12 8.22005

18.3 29.4 9.6 21.7 31.8

Fonte: Bloomberg

Coréia do Sul Brasil México

Gráfico 4.16 – Bolsas de valores – Mercados emergentes 4.1.2002=100

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A apreciação do dólar norte-americano frente àsprincipais moedas internacionais refletiu o aumento dodiferencial das taxas de juros entre os Estados Unidos eoutros países desenvolvidos. A intensificação dessa trajetóriapassou a ser considerada pelo mercado, a partir damanutenção das expectativas de crescimento da economianorte-americana no segundo trimestre, paralelamente aofraco desempenho econômico dos países da Área do Euro,com desdobramentos potenciais sobre a atuação do BCEquanto à política monetária. A cotação do dólar apreciou-se6% ante o iene e 9,1% e 11,8%, respectivamente, ante alibra esterlina e o euro, quando consideradas as cotaçõesde final de 2004 e de final de julho de 2005.

A partir de meados de julho, a continuidade daapreciação do dólar frente às principais moedasinternacionais encontrou maior resistência, devido não só àelevada apreciação da moeda desde o início do ano, comotambém ao fortalecimento da confiança na sustentabilidadedo crescimento da economia japonesa e à redução dasexpectativas quanto à redução das taxas de juros básicaspelo BCE. Em agosto, a cotação do dólar sofreu depreciaçãode 2,6% em relação à libra esterlina, seguindo-se as relativasao euro, 1,8%, e ao iene, 1,7%.

As cotações das moedas dos países emergentes daÁsia refletiram a redução dos superávits comerciaisassociada, principalmente, ao aumento dos preçosinternacionais do petróleo. Consideradas as cotações de finalde agosto e de final de maio, as moedas da Coréia, daTailândia e de Taiwan apresentaram depreciação de 2,6%,1,6% e 4,4%, respectivamente, em relação ao dólar.

As moedas das principais economias latino-americanas, evidenciando os crescentes superávitscomerciais dos países da região, apreciaram-se em relaçãoao dólar no trimestre encerrado em agosto, excetuando-seo peso argentino, em relação ao qual o dólar apreciou-se1%, no período.

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O desempenho positivo do comércio mundial nosegundo trimestre de 2005 foi estimulado pelo crescimentochinês e pelas exportações de países asiáticos, em especialpara os Estados Unidos. A manutenção do ritmo do comérciomundial estará condicionada, no curto prazo, aos efeitos,sobre o nível da atividade econômica mundial, da possívelpersistência dos preços do petróleo em patamar elevado.

Gráfico 4.17 – Cotações do dólar19.9.2003=100

80

90

100

110

2.92003

28.1023.12 17.22004

13.4 8.6 3.8 28.9 23.11 18.12005

15.3 10.5 5.7 30.8

Fonte: Bloomberg

Euro/Dólar Libra/Dólar Iene/Dólar

80

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100

110

2.92003

28.1023.12 17.22004

13.4 8.6 3.8 28.9 23.11 18.12005

15.3 10.5 5.7 30.8

Renminbi/dólar Won/dólarDólar Taiwan/dólar" Baht/dólar

Gráfico 4.18 – Moedas de países emergentesChina, Coréia do Sul, Taiwan e Tailândia19.9.2003=100

Fonte: Bloomberg

Fonte: Bloomberg

70

80

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100

110

2.92003

28.1023.12 17.22004

13.4 8.6 3.8 28.9 23.11 18.12005

15.3 10.5 5.7 30.8

Peso chil./dólar Real/dólarPeso mex./dólar Peso arg./dólar

Gráfico 4.19 – Moedas de países emergentesBrasil, México, Chile e Argentina19.9.2003=100

Fonte: Bloomberg

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A balança comercial norte-americana apresentoudéficit de US$58,8 bilhões em junho, registrando-se aumentoexpressivo das importações de petróleo bruto e de produtosoriginários da China. O déficit acumulado no semestre atingiuUS$342,9 bilhões, ante US$290,9 bilhões no mesmo semestrede 2004, dos quais US$151,2 bilhões com os países do lesteda Ásia, US$90,1 bilhões com a China, US$60,7 bilhões coma América Latina e US$41,6 bilhões com o Japão. A evoluçãorecente dos preços dos combustíveis e a aceleração do nívelda atividade interna nos Estados Unidos sugerem a continuidadede resultados comerciais negativos no restante do ano.

As exportações do Japão vêm apresentandotrajetória crescente em 2005, registrando, nos dois primeirostrimestres do ano, aumentos reais anualizados de 2,6% e5,9%, respectivamente. Esse crescimento, entretanto, nãofoi suficiente para reverter a tendência declinante dosuperávit comercial que, em julho, registrou o quinto mêsconsecutivo de retração, influenciada pela alta dos preçosdo petróleo.

O superávit da balança comercial chinesaalcançou US$10,4 bilhões em julho, o maior nível no ano,ante US$2 bilhões, em julho de 2004. Nos sete primeirosmeses de 2005, as exportações chinesas totalizaramUS$407,9 bilhões, 32% acima do mesmo período de 2004.As importações, no mesmo período, aumentaram 13,8%,para US$358 bilhões.

O declínio do euro, desde o final de 2004, e aretomada do crescimento econômico global têm revigoradoas exportações da região, que cresceram 5% no primeirosemestre deste ano, em relação ao mesmo período do anoanterior. Na mesma base de comparação, as importaçõesda região cresceram 10%, influenciadas pelo aumento dopreço do petróleo. O saldo comercial da região totalizou€17,3 bilhões no semestre, ante €41,1 bilhões, no primeirosemestre de 2004.

A América Latina continua a se beneficiar dos altospreços das commodities, em especial as metálicas e petróleo,e do crescimento econômico dos Estados Unidos e dos paísesdo leste asiático. Segundo a Comissão Econômica para aAmérica Latina e o Caribe (Cepal), as exportações daregião, impulsionadas pelo desempenho dos países daAmérica do Sul, aumentaram 17% no primeiro semestre de2005, em relação ao mesmo período de 2004. As importaçõesapresentaram comportamento semelhante, elevando-se em16% no mesmo período.

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Fev2003

Jun Out Fev2004

Jun Out Fev2005

Jun

US$ bilhões

UE China Japão

Fonte: Bloomberg1/ Média móvel trimestral.

Gráfico 4.20 – EUA – Déficit comercial bilateral1/

-35

-20

-5

10

25

40

55

Jan2003

Abr Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

Ásia UE EUA Japão

Fonte: Bloomberg1/ Média móvel trimestral.

Gráfico 4.21 – China – Saldo comercial bilateral1/

US$ bilhões

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A tendência crescente das cotações dascommodities metálicas, favorecida pelo desempenhoeconômico mundial, manteve-se no segundo trimestre,quando registraram-se aumentos de 24,6% ante igualtrimestre de 2004 e de 5,4% em relação ao trimestreencerrado em março.

As cotações das commodities agrícolas, apósrecuarem no segundo semestre de 2004, têm registradocomportamento ascendente ao longo de 2005, apresentandoelevação de 2,3% no trimestre encerrado em julho, emrelação ao período fevereiro–abril, mas mantendo-se 2,3%abaixo do patamar registrado no trimestre encerrado emjulho de 2004.

O mercado internacional de café continua refletindoo déficit na oferta mundial do produto. Relativamente aotrigo, o Departamento de Agricultura Norte-Americano(Usda), em relatório divulgado em 12 de agosto, destaca aredução da safra argentina em cerca de 10% ante a previsãodo relatório anterior, em função de problemas climáticos,também presentes na produção européia. A produção daChina deverá aumentar, não havendo expectativa dealterações nos preços do produto. Com relação à soja, asafra dos Estados Unidos deverá manter-se no patamar daanterior, favorecendo a estabilidade dos preços internacionais,mesmo com a redução da safra brasileira.

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Os preços do petróleo continuaram pressionados notrimestre encerrado em agosto, podendo exercer algumimpacto negativo sobre a evolução do produto mundial. Aforte volatilidade das cotações traduz pressões de demanda,continuadas tensões políticas nas regiões produtoras,comportamento especulativo praticado por investidores domercado de petróleo, assim como baixo nível de reservasestratégicas norte-americanas. Adicionalmente, assinalem-se os efeitos negativos da ocorrência de fatores climáticosadversos na região do Golfo do México, responsável por30% da prospecção nos Estados Unidos.

Os preços da commodity vêm mantendo-se emtrajetória ascendente nos últimos anos, devendo permanecerpressionados no médio prazo – em 2004, os preços médiosdo barril de petróleo alcançaram US$38,28, ante US$52,36nos oito primeiros meses de 2005. O preço médio do barril

7080

90100

110120

130140

150

Jul2002

Out Jan2003

Abr Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul

Alimentos agrícolas Metais

Fonte: FMI

Gráfico 4.22 – Indice de preço de commodities em DES1995 = 100

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de petróleo tipo U.K. Brent atingiu US$58,43 no trimestreencerrado em agosto, com aumentos de 50,4% e de 14,1%,respectivamente, ante os preços médios observados nostrimestres encerrados em agosto e em dezembro de 2004.Em agosto, a cotação do barril do produto ultrapassou abarreira de US$70.

Em junho, a Organização dos Países Exportadoresde Petróleo (Opep) elevou sua cota de produção oficial em500 mil barris/dia, para 28 milhões de barris/dia (mbd), e, apartir do dia quinze daquele mês, o preço da cesta dereferência da Opep passou a se basear na média dos preçosde onze tipos de petróleo bruto, enquanto no sistema anterioro cálculo era baseado em sete tipos de petróleo bruto. Emagosto, a Opep reduziu sua projeção de crescimento dademanda mundial em 2005 para 1,93%, correspondente a1,58 mbd, ante 1,98% na previsão anterior.

As expectativas de especialistas de mercado quantoà evolução dos preços do petróleo sugerem sua permanência,no segundo semestre deste ano, em torno de US$60 o barril,US$10 acima do patamar esperado em meados de junho.Tais expectativas consideram as cotações do mercado futuro,que apontam preços no patamar de US$65 o barril nospróximos quinze meses – em 25 de agosto, os contratosnegociados para dezembro de 2005 e de 2006 registravam,na ordem, cotações de US$67,33 e US$66,66. Assinale-seque no último dia útil de janeiro de 2005, o preço futuro dobarril de petróleo U.K. Brent para dezembro de 2005 situava-se em U$44,42.

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O comportamento do PIB mundial no segundotrimestre evidencia um quadro de manutenção docrescimento da economia, garantido em boa medida pelodinamismo do comércio internacional. No entanto, dada aelevação dos preços do petróleo, dificilmente o crescimentodo terceiro trimestre deverá se igualar ao registrado notrimestre anterior, conforme já antecipado pela evolução dealguns indicadores antecedentes.

A manutenção dos preços do petróleo em patamareselevados reflete o precário equilíbrio entre a oferta e ademanda global nesse mercado. Esse desequilíbrio traduz,de um lado, a limitação da expansão da oferta associadatanto à falta de capacidade de refino como a problemas nospaíses produtores e, de outro, o aquecimento da demanda,consistente com o nível da atividade econômica mundial.

Gráfico 4.23 – Petróleo – Mercado à vistaUS$ por barril

30

35

40

45

50

55

60

65

70

10.52004

22.6 3.8 14.9 26.10 7.12 21.12005

4.3 18.4 31.5 12.7 23.8

Brent WTI

Fonte: Bloomberg

54

58

62

66

70

Nov2005

Jan Mar2006

Mai Jul Set Nov

US$ por barril

30.6.2005 29.7.2005 25.8.2005

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.24 – Petróleo tipo Brent – Mercado futuro

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Apesar de o momento atual do preço da commodityprovocar oscilações nos mercados financeiros internacionais,como desdobramento das incertezas quanto à capacidadede absorção das empresas dessa elevação de custo deprodução, e gerar dúvidas em relação às expectativas decrescimento do PIB mundial, ainda não é possível configurara situação atual como uma crise, mas sim como um riscolatente à evolução da economia mundial.

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O desempenho recente das contas externasevidencia a trajetória crescente do superávit comercial, nãoobstante a apreciação do real e o aumento das importações.O conjunto favorável de condições externas, representadopelos elevados preços internacionais das commodities e pelocrescimento acelerado do quantum das exportaçõesmundiais, tem contribuído para a continuidade dos resultadosrecordes das vendas externas. Ratificando o comportamentoobservado nos últimos anos, a performance nos oito primeirosmeses de 2005 vem reforçando a sustentabilidade das contasexternas, permitindo a redução das necessidades definanciamento do balanço de pagamentos.

No mesmo sentido, registrou-se ampliação nosingressos líquidos de divisas no País nos primeiros oito mesesdo ano, em comparação a igual período de 2004, comoreflexo dos resultados positivos apresentados pela balançacomercial cambial, em patamar superior às remessas líquidasrelativas a operações financeiras.

As transações correntes permanecem superavitárias,projetando-se, para 2005, resultado anual positivo peloterceiro ano consecutivo.

Nesse contexto, as projeções para o setor externoconstantes deste "Relatório de Inflação" incorporammudanças em relação ao relatório anterior, derivadas deaumento no superávit esperado para a balança comercial ede crescimentos nos gastos líquidos projetados para asviagens internacionais e para as remessas de lucros edividendos. Além disso, essas projeções incorporam aantecipação de pagamentos ao Fundo MonetárioInternacional (FMI) ocorrida em julho; o refinanciamentopropiciado pela troca dos C-Bonds por A-Bonds, que elevouos desembolsos e as amortizações de médio e longo prazos;o anúncio de que o governo exercerá, em outubro, a opçãode call para o estoque remanescente de C-Bonds emmercado; a recente reabertura do Global 25; e o lançamentodo primeiro bônus soberano emitido no exterior, em reais.

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Os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros diretose as taxas de rolagem do passivo externo privado de médioe longo prazos seguem nos níveis previstos anteriormente.Assim, as perspectivas para o financiamento do balançode pagamentos em 2005 continuam favoráveis.

Para 2006, projeta-se novamente superávit emtransações correntes, não obstante a redução estimada nosaldo da balança comercial. Os ingressos líquidos deinvestimentos estrangeiros diretos deverão permanecerestáveis, enquanto os investimentos em ações deverãoapresentar pequena redução. As taxas de rolagem previstaspara o endividamento privado de médio e longo prazos foramestimadas em 70%. Nesse cenário, o mercado cambial serásuperavitário, permitindo a constituição de ativos no exteriorpelo setor bancário. As reservas internacionais brutasestimadas para o final de 2006 deverão apresentar pequenaelevação, a despeito das amortizações ao FMI. Assim, pormais um ano consecutivo, não deverão ocorrer dificuldadesno financiamento do setor externo.

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O mercado de câmbio registrou superávit de US$10,8bilhões no ano, até agosto, mais que o dobro do observado nomesmo período de 2004. No segmento comercial, ascontratações líquidas atingiram US$33,6 bilhões, com elevaçãode 30,2%, no período. As contratações para exportaçõessomaram US$78,5 bilhões e as relativas a importações,US$45 bilhões, apresentando aumentos de 29,4% e de28,8%, respectivamente.

No segmento financeiro, ocorreram saídas líquidasde US$22,3 bilhões, 27% superiores às assinaladas de janeiroa agosto de 2004, registrando-se acréscimos de 33,7% novolume de compras e de 32,1% no relativo a vendas.

As compras líquidas do Banco Central no mercadode câmbio somaram US$10,2 bilhões, ocorridas, em suatotalidade, no primeiro trimestre.

Em decorrência desses resultados, a posição vendidados bancos no mercado à vista passou de US$1,4 bilhão, aofinal de 2004, para US$573 milhões, em agosto.

Tabela 5.1 – Movimento de câmbio

US$ bilhões

Discriminação 2004 2005

Ago Jan- Ano Ago Jan-

Ago Ago

Operações com clientes no país 1,5 8,2 11,9 0,0 11,3

Comercial 2,1 25,8 36,7 4,9 33,6

Exportação 7,2 60,7 93,5 11,1 78,5

Importação 5,1 34,9 56,8 6,2 45,0

Financeiro1/-0,6 -17,6 -24,7 -4,9 -22,3

Compras 13,0 54,2 84,6 10,4 72,4

Vendas 13,6 71,7 109,4 15,3 94,7

Operações com -2,1 -3,6 -5,6 0,0 -0,5

instituições no exterior (líquido)2/

Saldo -0,6 4,6 6,4 0,0 10,8

1/ Exclui operações interbancárias e operações externas do Banco Central.

2/ Movimentações relacionadas com transferências internacionais em reais,

no País, de domiciliados no exterior.

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Tabela 5.3 – Exportação por fator agregado – FOB

Média diária – Janeiro-agosto

US$ milhões

Discriminação 2004 2005 Var. %

Total 365,2 452,9 24,0

Básicos 115,5 133,9 15,9

Industrializados 243,9 309,8 27,0

Semimanufaturados 50,7 62,3 22,9

Manufaturados 193,3 247,5 28,1

Operações especiais 5,8 9,2 58,7

Fonte: MDIC/Secex

Nota: Em jan-ago/2004 e jan-ago/2005, 168 dias úteis.

-20 -6 8 22 36 50

Soja

Químicos

Carnes

Metalúrgicos

Mat. de transporte

Petróleo e derivados

Gráfico 5.1 – Exportações por principais setores Janeiro-agosto – 2005/20041/ – %

Fonte: MDIC/Secex1/ Variação sobre igual período do ano anterior. Em jan-ago/2004 e jan-ago/2005, 168 dias úteis.

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As exportações brasileiras totalizaram US$11,3 bilhõesem agosto, maior valor mensal já registrado. Considerada amédia diária, as exportações atingiram US$493,3 milhões nomês, com redução de 6,3% em relação ao mês anterior eaumento de 19,8% em relação a agosto de 2004. Noacumulado do ano, as vendas externas alcançaram US$76,1bilhões, recorde para o período, com aumento de 24% emrelação ao mesmo período do ano anterior.

As importações atingiram US$7,7 bilhões em agosto,recorde mensal da série histórica. A média diária somouUS$333,7 milhões, superando em 15,9% a de julho e em30,6% a do mesmo mês do ano anterior. No acumulado dosoito primeiros meses do ano, as compras externas alcançaramUS$47,7 bilhões, recorde histórico para o período, comcrescimento de 21% na comparação com as registradas nomesmo período do ano anterior.

O superávit comercial alcançou US$3,7 bilhões emagosto e US$28,4 bilhões nos primeiros oito meses do ano,enquanto a corrente de comércio totalizou US$19 bilhões eUS$123,8 bilhões, respectivamente, nos mesmos períodos.Ressalte-se que esses resultados constituíram-se, também,em recordes históricos.

Registraram-se aumentos das exportações médiasdiárias em todas as categorias de fator agregado em agosto,relativamente ao mesmo mês do ano anterior, exceto emsemimanufaturados. Ressaltem-se, nessa base de comparação,os crescimentos de 21,4% nas vendas externas de bensmanufaturados, que atingiram US$6 bilhões, cifra recorde parameses de agosto, e de 23,8% nas relativas a produtos básicos.

A comparação das médias diárias das exportaçõesacumuladas no ano, até agosto, em relação ao mesmo períodode 2004, revela crescimentos de 15,9% nas vendas deprodutos básicos, impulsionadas pelas vendas de petróleo,do complexo carne (suína, bovina e de frango), de café emgrão e de minério de ferro; de 28,1% nas referentes amanufaturados, com ênfase para óleos combustíveis,aparelhos transmissores e receptores, veículos de carga,autopeças, motores para veículos, bombas ecompressores, açúcar refinado e automóveis; e de 22,9%nas relativas a bens semimanufaturados, ressaltando-seos aumentos nos itens ferro fundido, açúcar em bruto,ferro-ligas, semimanufaturados de ferro e aço, celulosee madeira serrada.

Tabela 5.2 – Balança comercial – FOB

US$ milhões

Período Exportação Importação Saldo Corrente de

comércio

Jan-ago 2005 76 085 47 736 28 349 123 820

Jan-ago 2004 61 355 39 452 21 903 100 808

Var. % 24,0 21,0 39,6 22,8

Fonte: MDIC/Secex

Nota: Em jan-ago/2004 e jan-ago/2005, 168 dias úteis.

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0

4

8

12

16

20

Total Básicos Semimanufatur. Manufaturados

%

Preços QuantumFonte: Funcex

Gráfico 5.2 – Exportações – Índices de preços equantum – Janeiro-julho – 2005/2004Janeiro/Abril - 2005/2004

Considerando seis setores que responderam por,aproximadamente, 55% do total das vendas externas no ano,em relação ao mesmo período de 2004, registraram-seaumentos nas exportações médias diárias de petróleo ederivados, 42,3%; seguindo-se carnes, 33,4%; produtosmetalúrgicos, 32,8%; químicos, 30,5%; e materiais detransporte, 28,1%. Em sentido inverso, as exportações desoja recuaram 15,1%.

De acordo com a Funcex, o crescimento registradopelas exportações, em valor, no período janeiro–julho de 2005,em relação ao mesmo período do ano anterior, refletiuaumentos de 12,1% no quantum e de 10,4% nos preços. Aevolução do quantum exportado refletiu crescimentos de15,5% nas vendas de manufaturados, categoria com maiorparticipação na pauta do país, e de 8% e 5%, respectivamente,nas quantidades exportadas de semimanufaturados ebásicos. Relativamente às variações de preços, registraram-se aumentos de 17,1% nos relativos a produtossemimanufaturados; seguindo-se manufaturados, 10,8%; ebásicos, 7,1%.

As importações médias diárias aumentaram 15,9%em agosto, relativamente ao mês anterior. Consideradas ascategorias de uso final, registraram-se aumentos de 37,3%nas compras externas de combustíveis e lubrificantes; de5,7% nas de bens de consumo duráveis; de 9,3% nas debens de consumo não duráveis; de 7,1% nas de matérias-primas; e de 6,9% nas de bens de capital.

Contribuíram para a expansão das comprasexternas de bens duráveis os aumentos nas importaçõesde automóveis, de objetos de adorno e uso pessoal e demáquinas e aparelhos de uso doméstico; enquanto para asde bens não duráveis, contribuíram vestuário e outrasconfecções, produtos alimentícios, produtos de toucador ebebidas e tabaco. Destacaram-se, nas importações de bensde capital, as relativas à maquinaria industrial, a acessóriosde maquinaria industrial, a máquinas e aparelhos deescritório, partes e peças para bens de capital para aindústria e equipamentos móveis de transporte. Para acategoria de matérias-primas, ressaltem-se as compras deprodutos minerais, partes e peças de produtosintermediários, produtos químicos e farmacêuticos eacessórios de equipamento de transporte.

No ano, também sob o enfoque de médias diárias,registraram-se aumentos nas importações de todas ascategorias de uso, em especial de bens de capital, 28,6%.Esse resultado, assim como a elevação de 18,3% nas

Tabela 5.4 – Importação por categoria de uso final – FOB

Média diária – Janeiro-agosto

US$ milhões

Discriminação 2004 2005 Var. %

Total 234,8 284,1 21,0

Bens de capital 45,5 58,5 28,6

Matérias-primas 125,7 148,7 18,3

Naftas 3,1 5,9 92,5

Bens de consumo 26,0 31,3 20,3

Duráveis 12,2 14,2 16,2

Automóveis de passageiros 2,3 2,7 19,2

Não duráveis 13,8 17,1 23,9

Combustíveis e lubrificantes 37,7 45,6 21,2

Petróleo 26,3 29,3 11,4

Fonte: MDIC/Secex

Nota: Em jan-ago/2004 e jan-ago/2005, 168 dias úteis.

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compras de matérias-primas, sugere a manutenção docrescimento da indústria doméstica.

Relativamente às importações médias diárias dosprincipais setores, as relativas a veículos e suas partescresceram 38,9% no ano, na comparação com o mesmoperíodo do ano anterior. Dentre os setores com taxas decrescimento mais relevantes, assinalem-se plásticos e suasobras, 28,5%; equipamentos mecânicos, 26,9%; combustíveise lubrificantes, 21,2%; eletroeletrônicos, 21%; e químicos,15,2%. Esses setores concentraram cerca de 62% dasimportações brasileiras, no período.

Segundo a Funcex, o aumento registrado pelasimportações, em valor, no período janeiro–julho de 2005,em relação ao mesmo período do ano anterior, decorreude aumentos de 7,3% no quantum e de 10,3% nos preços.O crescimento dos preços foi influenciado, em grandeparte, pela elevação de 35,1% nos preços da categoriade combustíveis e lubrificantes, impulsionados pelaevolução do preço internacional do petróleo. Em relaçãoao quantum importado, registraram-se aumentos emtodas as categorias de uso final, exceto em combustíveise lubrificantes, com diminuição de 12,6%. Os maioresaumentos ocorreram nas importações de bens de capital,28,3%; e de bens duráveis, 23,3%.

As exportações brasileiras destinadas aos principaismercados elevaram-se nos primeiros oito meses do ano, emrelação ao período correspondente do ano anterior. Oprincipal destino foi a União Européia, seguindo-se aAssociação Latino-Americana de Integração (Aladi) e osEUA. Assinalem-se, no período, a recuperação dasexportações para a Argentina e o crescimento das vendasaos países da Aladi, exceto Mercosul e México, da ordemde 35,1% e de 45,1%, respectivamente. Observou-se, ainda,a continuidade da expansão das exportações para mercadosnão tradicionais, atingindo 67,4% nas vendas para a EuropaOriental e 32,2% nas direcionadas a países asiáticos,exclusive China, Japão e Coréia.

Relativamente à origem das importações brasileiras,apenas as provenientes da Europa Oriental não se elevaramno período janeiro–agosto. As compras originárias da Ásiacresceram 41,6%, impulsionadas pelos expressivos aumentosde 51,5% nas importações da região, exclusive China, Japãoe Coréia, e de 47,3% nas compras de produtos chineses, oque reduziu praticamente à metade o superávit comercialobtido com aquele país em idêntico período de 2004.Adicionalmente, as importações procedentes da União

0 9 18 27 36 45

Plásticos e obras

Veíc. automóveis e partes

Químicos orgân./inorgânicos

Eletroeletrônicos

Equipamentos mecânicos

Combustíveis e lubrificantes

Gráfico 5.3 – Importações por principais setores Janeiro-agosto – 2005/20041/ – %

Fonte: MDIC/Secex1/ Variação sobre igual período do ano anterior. Em jan-ago/2004 e jan-ago/2005, 168 dias úteis.

-15

-3

9

21

33

45

Total Bens decapital

Bensintermed.

Duráveis Nãoduráveis

Comb. elubrif.

%

Preços QuantumFonte: Funcex

Gráfico 5.4 – Importações – Índices de preços e quantum – Janeiro-julho – 2005/2004

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Européia, Aladi e Estados Unidos elevaram-se 20,5%, 18,4%e 12,5%, respectivamente.

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Os saldos positivos obtidos em transações correntes,desde meados de 2003, acentuaram-se nos oito primeirosmeses de 2005, mesmo com o aumento das remessas líquidasdas contas de serviços e rendas. O superávit em conta correnteatingiu US$8,7 bilhões nos oito meses, ante US$8 bilhões nomesmo período do ano anterior, desempenho fundamentalmenteassociado ao dinamismo das exportações, que vem contribuindopara a geração de superávits comerciais recordes, e, em menormagnitude, ao resultado em transferências unilaterais. Em dozemeses, o superávit em transações correntes atingiu US$12,5bilhões, 1,78% do PIB.

As despesas líquidas com serviços totalizaramUS$5 bilhões no período janeiro–agosto de 2005, apresentandocrescimento de 80,2% relativamente ao mesmo período de2004, enquanto as remessas líquidas de rendas elevaram-se 27,4%, atingindo US$17 bilhões.

O resultado líquido da conta serviços refletiudespesas líquidas de US$2,6 bilhões com aluguel deequipamentos, o dobro das registradas nos primeiros oitomeses de 2004. Na mesma comparação, o item viagensinternacionais, após apresentar superávit de US$355 milhõesnos primeiros oito meses de 2004, registrou déficit deUS$511 milhões no período correspondente de 2005,evidenciando o aumento de 73,5% nas despesas. Assinale-se que as receitas acumuladas em doze meses encerradosem agosto atingiram US$3,6 bilhões, patamar mais elevadodesde o início da série em 1947, e que as despesas tambémtêm apresentado comportamento ascendente, explicado,basicamente, por sua alta sensibilidade à taxa de câmbio.Os gastos acumulados em doze meses na conta viagensinternacionais encontram-se, desde fevereiro de 2005, acimade US$3 bilhões, registrando US$3,2 bilhões até agosto.

Relativamente à conta de rendas, tradicionalmentedeficitária, os pagamentos líquidos de juros sobre a dívidaexterna atingiram US$9,3 bilhões no período janeiro–agostode 2005, 4,2% acima do patamar observado no períodocorrespondente de 2004. O aumento do déficit na conta derendas, no período, refletiu, fundamentalmente, a elevaçãode 72,4% nas remessas líquidas de lucros e dividendos,resultante da lucratividade das empresas no País no ano

Tabela 5.5 – Exportação e importação por área

geográfica – FOB

Média diária – Janeiro-agosto

US$ milhões

Discri- Exportação Importação Saldo

minação 2004 2005 Var. 2004 2005 Var. 2004 2005

% %

Total 365 453 24,0 235 284 21,0 130 169

Aladi 73 96 31,1 37 44 18,4 36 52

Mercosul 34 45 32,6 24 27 14,3 10 17

Argentina 28 38 35,1 21 24 15,6 7 14

Demais 6 7 20,7 3 3 5,4 3 4

México 15 16 4,6 3 3 19,1 12 12

Demais 25 36 45,1 10 13 27,8 14 22

EUA1/ 75 88 17,1 45 50 12,5 31 38

UE2/ 92 105 15,0 60 73 20,5 31 32

Europa Or.3/ 9 16 67,4 4 4 - 6,6 5 12

Ásia 57 69 21,5 45 64 41,6 12 6

Japão 11 14 27,8 11 13 25,4 0 0

Coréia (Sul) 5 8 38,5 7 9 34,7 - 1 - 1

China 23 24 6,1 13 20 47,3 10 5

Outros 18 24 32,2 14 22 51,5 4 2

Demais 58 78 33,6 43 49 14,0 15 29

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui Porto Rico.

2/ Inclui também os dez países que aderiram em 2004 (além dos que integravam a

Europa Oriental, Chipre e Malta).

3/ Oito países, antes incluídos nesse grupo, passaram para a UE.

Tabela 5.6 – Transações correntes

US$ bilhões

Discriminação 2004 2005 2006

Ago Jan- Ano Ago Jan- Ano1/ Ano1/

ago ago

Transações correntes 1,8 8,0 11,7 0,8 8,7 9,4 0,5

Balança comercial 3,4 21,9 33,7 3,7 28,3 38,0 29,0

Exportações 9,1 61,4 96,5 11,3 76,1 114,0 121,0

Importações 5,6 39,5 62,8 7,7 47,7 76,0 92,0

Serviços -0,5 -2,8 -4,7 -0,8 -5,0 -7,9 -8,1

Transportes -0,2 -1,2 -2,0 -0,2 -1,1 -1,8 -1,9

Viagens internacionais 0,0 0,4 0,4 -0,1 -0,5 -1,2 -1,6

Computação e inform. -0,1 -0,8 -1,2 -0,1 -1,0 -1,6 -1,5

Aluguel equipamentos -0,1 -1,3 -2,2 -0,4 -2,6 -3,9 -3,5

Demais -0,1 0,2 0,4 0,0 0,3 0,6 0,4

Rendas -1,5 -13,3 -20,5 -2,4 -17,0 -24,1 -23,9

Juros -1,0 -8,9 -13,4 -1,3 -9,3 -14,3 -13,9

Lucros e dividendos -0,5 -4,6 -7,3 -1,1 -7,9 -10,0 -10,0

Salários e ordenados 0,0 0,1 0,2 0,0 0,2 0,2 0,0

Transferências correntes 0,3 2,2 3,3 0,3 2,3 3,4 3,5

1/ Projeção.

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anterior, do aumento do estoque de investimentosestrangeiros diretos e da apreciação cambial.

O crescimento das remessas líquidas totais de lucrose dividendos, que atingiram US$7,9 bilhões nos oito mesesde 2005, evidenciou a elevação de 83,3% das remessasrelativas a investimento direto. As remessas líquidas de lucrose dividendos relacionadas a investimento em carteiraaumentaram 53,4%.

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A conta financeira do balanço de pagamentosapresentou remessas líquidas de US$4,3 bilhões, de janeiroa agosto de 2005, ante US$5,6 bilhões no períodocorrespondente de 2004. Os investimentos estrangeirosdiretos líquidos mantiveram-se no mesmo patamarobservado no período de comparação, não obstante osingressos de US$6,1 bilhões, em agosto de 2004, derivadosem grande parte da transação Interbrew-Ambev, que somouUS$4,9 bilhões.

Os investimentos estrangeiros em carteiraproporcionaram captações líquidas de US$2,5 bilhões, anteremessas líquidas de US$3,9 bilhões nos primeiros oitomeses de 2004. Os investimentos estrangeiros líquidos emações somaram US$4 bilhões, com ingressos de US$3,3 bilhõesreferentes a ações negociadas no país e de US$680 milhõesem American Depositary Receipts (ADR). Os investimentosem títulos de renda fixa somaram remessas líquidas deUS$1,5 bilhão, com os bônus da República registrandocaptações líquidas de US$1,1 bilhão, resultado denovas emissões no valor de US$4,5 bilhões, de pagamentode parcelas de pré-Bradies, Bradies e Globals, totalizandoUS$3,4 bilhões, além do refinanciamento, no valor deUS$4,5 bilhões, decorrente da troca de C-Bonds por A-Bonds. Os bônus emitidos pelo setor privado e as notes ecommercial papers apresentaram saídas líquidas deUS$599 milhões e de US$2,9 bilhões, respectivamente.Os títulos de curto prazo registraram desembolsos líquidosde US$535 milhões.

As captações registradas nos oito primeiros mesesde 2005 propiciaram taxas de rolagem de 65% para oendividamento privado de médio e longo prazos, sendo de63% para os papéis (bônus, notes e commercial papers) ede 74% para os empréstimos diretos. Para o ano, projetam-se níveis de rolagem com taxas próximas a 70%, tanto parapapéis como para empréstimos diretos.

Tabela 5.8 – Fontes de financiamento do BP

Itens selecionados

US$ bilhões

Discriminação 2004 2005 2006

Ago Jan- Ano Ago Jan- Ano1/ Ano1/

ago ago

Capitais de médio e

longo prazos 0,5 8,7 14,8 0,4 9,7 15,7 11,5

Bônus públicos 0,0 3,0 5,7 0,0 4,5 7,0 4,5

Títulos privados 0,2 3,4 5,3 0,2 3,7 6,7 5,3

Empréstimos diretos 0,3 2,3 3,8 0,2 1,4 2,0 1,7

Empréstimos de

curto prazo (líq)2/ 0,2 -0,8 -1,2 -0,1 1,6 0,0 0,0

Tít. de curto prazo (liq.) 1,0 0,6 0,4 0,0 0,5 0,0 0,0

Taxas de rolagem para o setor privado3/

Total: 40% 64% 65% 47% 65% 70% 70%

Títulos privados 17% 50% 49% 29% 63% 70% 70%

Empréstimos diretos 190% 109% 127% 86% 74% 70% 70%

1/ Projeção.

2/ Inclui empréstimos diretos e linhas de comércio repassadas por bancos.

3/ Equivale à razão entre desembolsos e amortizações de médio e longo prazos,

exclusive as amortizações decorrentes de conversão de dívida em

investimento direto.

Tabela 5.7 – Conta financeira

US$ bilhões

Discriminação 2004 2005 2006

Ago Jan- Ano Ago Jan- Ano1/ Ano1/

Ago Ago

Conta financeira -1,8 -5,6 -7,7 -1,4 -4,3 -1,9 -0,9

Investimentos diretos -0,8 3,4 8,7 0,9 9,5 14,0 14,0

Brasileiros no Exterior -6,9 -8,4 -9,5 -0,2 -2,3 -2,0 -2,0

Estrangeiros no País 6,1 11,7 18,2 1,1 11,7 16,0 16,0

Participação 6,6 12,7 18,6 2,4 10,8 14,0 16,0

Intercompanhias -0,5 -0,9 -0,4 -1,3 0,9 2,0 0,0

Investimentos em carteira -0,3 -4,3 -4,8 -1,0 1,1 1,6 1,1

Ativos 0,2 -0,4 -0,8 -0,2 -1,3 -0,8 0,0

Passivos -0,5 -3,9 -4,0 -0,8 2,5 2,4 1,1

Derivativos 0,0 -0,5 -0,7 0,0 0,2 0,0 0,0

Outros investimentos -0,7 -4,1 -11,0 -1,3 -15,1 -17,5 -16,0

Ativos 0,2 1,2 -2,2 -2,5 -8,4 -5,7 -7,5

Passivos -0,9 -5,4 -8,8 1,2 -6,7 -11,8 -8,5

1/ Projeção.

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As saídas líquidas via investimento brasileiro direto,que se traduzem em aumento de ativos brasileiros no exterior,atingiram US$2,3 bilhões nos oito meses encerrados emagosto, ante US$8,4 bilhões no mesmo período de 2004,incluindo a contrapartida da mencionada operação Interbrew-Ambev. Do total remetido, o aumento de participação atingiuUS$2,3 bilhões, enquanto os empréstimos de empresasbrasileiras a coligadas no exterior registraram retornoslíquidos de US$25 milhões. Os investimentos brasileiros emcarteira somaram saídas líquidas de US$1,3 bilhão, dos quaisUS$868 milhões são referentes às saídas de investimentosem ações.

As reservas internacionais, no conceito de liquidez,aumentaram US$2,1 bilhões no acumulado de janeiro aagosto de 2005, totalizando US$55,1 bilhões. As reservaslíquidas ajustadas, no conceito do Banco Central, cresceramUS$12,9 bilhões, somando US$40,4 bilhões. Devido à maioroferta de divisas no mercado interno, o Banco Centraladquiriu, ao longo do primeiro trimestre, US$10,2 bilhões nomercado à vista de câmbio. Com relação às operaçõesexternas, destacaram-se o desembolso de US$9 bilhões embônus da República, incluindo US$4,5 bilhões relativos àoperação de troca de C-Bonds por A-Bonds, ocorrida emagosto, e a despesa líquida de US$13,1 bilhões com o serviçoda dívida externa, exclusive FMI. Com relação a esta última,ressaltaram-se as amortizações de US$8 bilhões de bônus,incluindo US$4,5 bilhões da referida operação de troca deC-Bonds; a despesa de US$3,9 bilhões de juros de bônus;as amortizações de US$985 milhões ao Clube de Paris; adespesa de juros de US$918 milhões ao FMI; além dareceita de US$853 milhões com a remuneração das reservas.As amortizações ao FMI totalizaram US$7,8 bilhões, incluídaa antecipação das parcelas trimestrais da linha de créditoSRF (Supplemental Reserve Facility) que venceriam atémarço de 2006. As liquidações de compras do TesouroNacional totalizaram US$6 bilhões, enquanto as demaisoperações geraram despesa de US$2,2 bilhões.

Relativamente às projeções para 2005, estima-seque as reservas brutas atinjam US$58,7 bilhões, comcrescimento de US$5,7 bilhões frente ao ano anterior. Esseresultado reflete projeções, para o ano, de pagamentos deUS$17 bilhões em serviço da dívida externa (incluindo-se aoperação de troca dos C-Bonds e o exercício de call para orestante do estoque em mercado desse papel, previsto paraoutubro), amortizações já efetuadas de US$7,8 bilhões aoFMI, desembolsos de organismos de US$1 bilhão,lançamentos de bônus de US$7 bilhões, incluindo aemissão de US$1 bilhão com a reabertura do Global 25 e

Tabela 5.9 – Demonstrativo de reservasUS$ bilhões

Discriminação 2004 2005 2006

Jan- Ano Jan- Ano1/ Ano1/

ago ago

Posição de reservas no

período anterior 49,3 49,3 52,9 52,9 58,7

Compras líquidas do Bacen 2,6 5,3 10,2 10,2 -

Serviço da dívida (líquido) -8,7 -12,6 -13,1 -17,0 -10,8

Juros -3,9 -5,5 -4,1 -5,5 -5,0

Receita 0,8 1,1 0,9 1,2 1,2

Despesa -4,6 -6,6 -4,9 -6,7 -6,2

Amortização -4,9 -7,1 -9,0 -11,4 -5,8

Desembolsos 3,5 6,7 9,0 12,5 7,0

Organismos multilaterais 0,5 1,0 - 1,0 2,5

Bônus da República 3,0 5,7 9,0 11,5 4,5

Fundo Monetário Internacional -2,7 -4,4 -7,8 -7,8 -7,2

Desembolso - - - - -

Amortização -2,7 -4,4 -7,8 -7,8 -7,2

Demais2/ -1,0 1,2 -2,2 -2,2 -

Compras do Tesouro Nacional 6,6 7,3 6,0 10,0 11,3

Variação de haveres 0,3 3,6 2,1 5,7 0,3

Posição de reservas brutas 49,6 52,9 55,1 58,7 59,0

Posição de reservas líquidas:

Conceito Banco Central 24,6 27,5 40,4 44,0 51,5

1/ Projeção.2/ Compreende pagamentos/recebimentos do Convênio de Créditos Recíprocos

(CCR), flutuação nos preços dos papéis, variação na paridade das moedas e preço do ouro, ágio/deságio, pagamento de comissões e liberação de garantias colaterais.

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de US$1,5 bilhão com o lançamento do bônus externo emreais, com vencimento em 2016, e a operação derefinanciamento, com troca de C-Bonds de US$4,5 bilhões.Estimam-se, ainda, liquidações de compras no mercadodoméstico de câmbio de US$10,2 bilhões do Banco Central,já integralmente realizadas no primeiro trimestre, e de US$10bilhões do Tesouro Nacional, relacionadas ao pagamentodo serviço da dívida externa de sua responsabilidade,incluindo-se a operação de exercício de call dos C-Bonds.As reservas líquidas ajustadas, no conceito do BancoCentral, que não são afetadas pelas amortizações ao FMI,deverão crescer US$16,5 bilhões, totalizando US$44 bilhões.

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Os indicadores de sustentabilidade externa,apurados para o primeiro semestre do ano, evidenciaramque o aumento no valor em dólares das exportações e doPIB, assim como a redução da dívida externa e a política derecuperação das reservas internacionais exerceraminfluência positiva para a melhora das condições externasdo País.

Nos doze meses acumulados até junho, o valor doserviço da dívida reduziu-se 15%, na comparação com operíodo equivalente terminado em junho do ano anterior,enquanto, na mesma base de comparação, o valor dasexportações aumentou 28,1%, diminuindo a participação doserviço da dívida nas exportações de 66,9% para 44,4%,menor percentual desde 1994. Devido ao aumento de 22,5%do PIB em dólares e à redução de 6,9% na dívida externatotal de junho de 2004 a junho deste ano, a dívida externatotal em relação ao PIB reduziu-se de 37,2% para 28,2%,melhor indicador desde 1997.

A relação entre o serviço da dívida e o PIB reduziu-se de 10,1% para 7%, o que constituiu o melhor resultadodesde 1998. O indicador da dívida externa total em relaçãoàs exportações recuou de 2,5 para 1,8, na mesma base decomparação, sendo o melhor indicador da série iniciada em1970. A dívida total líquida de ativos, que em junho de 2004representava 1,7 vezes do valor da receita de exportaçõesdos últimos doze meses, recuou para 1,1 vezes em junho desteano, também registrando o melhor resultado da série histórica.

Com o aumento de 20,2% nas reservas internacionaisbrutas, de junho de 2004 a junho de 2005, o indicador de

Tabela 5.10 – Indicadores de sustentabilidade externa

US$ bilhões

Discriminação 2003 2004 2005

Dez Jun Set Dez Mar Jun

Exportações 73,1 83,4 90,6 96,5 101,5 106,8

Serviço da dívida 53,0 55,8 56,5 51,9 50,5 47,4

Dívida externa total 214,9 205,6 202,2 201,4 201,9 191,3

Dívida externa total líquida 151,0 145,4 141,1 135,7 127,8 121,2

Reservas internacionais 49,3 49,8 49,5 52,9 62,0 59,9

PIB 507,0 553,0 580,0 604,0 638,0 678,0

Indicadores

Dívida total/PIB (%) 42,4 37,2 34,9 33,3 31,6 28,2

Dívida total líquida/PIB (%) 29,8 26,3 24,3 22,5 20,0 17,9

Dívida total/exportações 2,9 2,5 2,2 2,1 2,0 1,8

Dívida total líquida/export. 2,1 1,7 1,6 1,4 1,3 1,1

Serviço dívida/export. (%) 72,5 66,9 62,4 53,8 49,8 44,4

Reservas/dívida total (%) 22,9 24,2 24,5 26,3 30,7 31,3

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reservas/dívida total cresceu de 24,2% para 31,3%,constituindo-se no maior percentual desde 1996, enquantoem relação à dívida de curto prazo por vencimento residual,as reservas representavam, em junho deste ano, 116,2%,maior valor da série trimestral desde dezembro de 1995.

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A evolução da balança comercial, mesmoincorporando o crescimento das importações, fortalece aprojeção de superávit comercial crescente em 2005. Esseresultado favorecerá a obtenção de novo superávit emtransações correntes.

Nos primeiros oito meses do ano, a balançacomercial registrou superávit de US$28,3 bilhões e astransferências unilaterais correntes também apresentarammelhora em relação ao resultado de janeiro a agosto de 2004.Mesmo com a elevação das remessas líquidas nas contasde serviços e de rendas, o superávit em transações correntesrelativo aos oito primeiros meses de 2005 foi maior que oassinalado no mesmo período de 2004. Considerando oresultado acumulado em doze meses, o saldo positivo emtransações correntes totalizou US$12,5 bilhões, equivalentea 1,78% do PIB.

A melhora expressiva nas contas externas deverácontribuir para que o nível de reservas internacionaislíquidas aumente em 2005, pelo terceiro ano consecutivo.As reservas internacionais brutas deverão aumentar peloquinto ano consecutivo, não obstante a antecipação dospagamentos ao FMI. A reversão significativa registradanas necessidades de financiamento do balanço depagamentos, a partir de 2003, esteve associada aodesempenho em transações correntes, fundamentalmenteaos resultados da balança comercial. Os sucessivossuperávits em transações correntes, somados aoscrescentes fluxos líquidos de investimentos estrangeirosdiretos, passaram de US$25,7 bilhões, 4,51% do PIB, emdoze meses até agosto de 2004, para US$30,6 bilhões,4,39% do PIB, na mesma base de comparação de 2005.

A manutenção de elevados superávits comerciais,a redução do estoque da dívida externa, os fluxos líquidosde investimentos estrangeiros diretos e a manutenção dosníveis atuais de reservas internacionais constituemresultados favoráveis para a posição externa brasileira.Fortalecendo esse cenário, o fluxo positivo registrado nomercado de câmbio contratado, nos oito primeiros meses

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do ano, e as recentes emissões soberanas, permitemsustentar a avaliação de que não haverá dificuldades nofinanciamento do balanço de pagamentos, tanto em 2005quanto em 2006.

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Este boxe analisa algumas característicasdos fluxos de capitais líquidos registrados no balançode pagamentos brasileiro, no ambiente de expansãodo saldo comercial e de ingressos líquidos deinvestimentos diretos, que tem caracterizado ocorrente ano.

Entre janeiro e agosto de 2004, a balançacomercial acumulou superávit de US$21,9 bilhões ea conta financeira, déficit de US$5,6 bilhões. Em2005, na mesma base de comparação, a balançacomercial foi superavitária em US$28,3 bilhões,enquanto o déficit da conta financeira reduziu-se paraUS$4,3 bilhões. Assim, é evidente o papelpreponderante dos fluxos de comércio nofinanciamento do balanço de pagamentos, muitoembora os fluxos financeiros também tenhamcontribuído para explicar os resultados ocorridos.

O desempenho positivo dos fluxos decomércio reflete-se no movimento de câmbiocontratado. O saldo das operações de câmbio entrejaneiro e agosto de 2004, positivo em US$4,6 bilhões,ampliou-se para US$10,8 bilhões no mesmo períodode 2005. A contratação líquida de câmbio comercialfoi o fator determinante desta evolução, expandindo-se de US$25,8 bilhões para US$33,6 bilhões, namesma base de comparação.

Em relação aos fluxos da conta financeira,as amortizações junto ao Fundo MonetárioInternacional (FMI), incluída a parcela referente aosaldo dos empréstimos Supplemental Reserve Facility(SRF) antecipada em julho, somaram US$7,8 bilhõesentre janeiro e agosto de 2005. Excluindo tais operações,a conta financeira teria apresentado superávit daordem de US$3,5 bilhões. Esse superávit pode ser

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decomposto, conforme a apresentação padrão dobalanço de pagamentos, em contas de ativo,referentes à movimentação de capitais brasileirosno exterior, e em contas de passivo, referentes àmovimentação de capital estrangeiro. As contasde ativo registraram saídas líquidas de US$11,6bilhões, o que significa aumento da posição deativos brasileiros mantidos no exterior. As contasde passivo, por sua vez, registraram superávit deUS$15,1 bilhões, já excluídas as amortizações aoFMI, contribuindo tanto para o financiamento dobalanço de pagamentos como para a elevação dopassivo externo.

A elevação do estoque de ativos brasileirosmantidos no exterior é, em grande medida,contrapartida do resultado comercial, que proporcionousuperávit de US$8,7 bilhões em transações correntesde janeiro a agosto de 2005. A variação desses saldosem função de fluxos comerciais e financeiros foiestimada em US$5,7 bilhões para o período analisado.Os investimentos brasileiros diretos no exteriorregistraram remessas líquidas de US$2,3 bilhões.

Em relação aos capitais estrangeiros, houveingressos líquidos em todas as três categorias dobalanço de pagamentos. Os InvestimentosEstrangeiros Diretos (IED) somaram US$11,7bilhões nos primeiros oito meses de 2005, valoridêntico ao do mesmo período de 2004, que incluiuingressos de US$4,9 bilhões referentes à operaçãoAmbev-Interbrew. Assim, verifica-se que, neste ano,a distribuição das operações de ingressos tem sidomenos concentrada, o que indica fluxos mais estáveis.

Os investimentos estrangeiros em açõesnegociadas no Brasil e no exterior apresentaram doismovimentos significativos em 2005. Em primeirolugar, ressalte-se a elevação dos volumestransacionados. Considerando os primeiros oito mesesdo ano, a soma das compras e vendas de ações passoude US$18,5 bilhões, em 2004, para US$35 bilhões, em2005. Além disso, o movimento líquido aumentou deUS$477 milhões para US$4 bilhões, na mesma basede comparação.

O déficit em investimentos estrangeiros soba forma de títulos recuou no período. A taxa derolagem para papéis privados de médio e longo prazos

-7,8

-11,6

15,1

-16

-12

-8

-4

0

4

8

12

16

Amortizações FMI Capitais brasileiros Capitais estrangeiros

US$ bilhões

Gráfico 1 – Saldo da conta financeira do BP – ComponentesJaneiro-agosto 2005

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apresentou ligeira elevação entre os primeiros oitomeses de 2004 e de 2005, passando de 50% para 63%.Dessa forma, as amortizações líquidas de papéisprivados se reduziram de US$4 bilhões para US$3,5bilhões nos referidos períodos. Os ingressos líquidosde títulos de curto prazo alcançaram US$535 milhões.Assim, o argumento de que o os fluxos de capitaislíquidos registrados no período recente estariamassociados à atração de capital fundamentalmentede curto prazo não parece encontrar comprovaçãona trajetória dessas contas do balanço de pagamentos.

O Gráfico 2 demonstra a decomposição dosfluxos de capital estrangeiro para os primeiros oitomeses de 2005 e ilustra, claramente, dois aspectos.Os capitais de curto prazo sob a forma de títulos,empréstimos e crédito comercial apresentaramingressos líquidos, vinculados, em grande medida, afinanciamentos do comércio, enquanto os de médio elongo prazos, para as mesmas modalidades,apresentaram saídas líquidas. Entretanto, o traçomarcante dos fluxos de capital estrangeiro é aimportância do financiamento diretamente ligado aosetor real, IED e carteira – ações. Os ingressosproporcionados por esses itens são cerca de cinco vezessuperiores aos influxos de curto prazo acima descritos.

-7,8

5,3

15,7

-2,2 -3,2

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

US$ bilhões

Organismo e agências Longo prazoFMI Curto prazoAções e IED

Gráfico 2 – Capitais estrangeirosJaneiro-agosto 2005

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As projeções para o balanço de pagamentosrelativas a 2005 foram atualizadas em relação àsapresentadas no relatório anterior, tendo sidoincorporados os resultados ocorridos até agosto e osefeitos da apuração do estoque do endividamentoexterno, conforme a posição de junho. Este boxedivulga, ainda, as primeiras projeções para osresultados das contas externas em 2006.

A previsão para o superávit em transaçõescorrentes em 2005 foi elevada para US$9,4 bilhões,1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), relativamenteà projeção anterior, de US$4,6 bilhões. Esse aumentodecorreu, fundamentalmente, do resultado dasexportações, movimento que deve se manter nosmeses restantes do ano.

As exportações acumuladas no ano, atéagosto, atingiram US$76,1 bilhões, com média diáriade US$452,9 milhões, 24% maior do que a registradano mesmo período de 2004. Considerando esseresultado e as informações parciais referentes asetembro, as liquidações de contratações de câmbiode exportação e a sazonalidade da série, procedeu-se à revisão do valor projetado para as exportaçõesno ano, de US$108 bilhões para US$114 bilhões. Asimportações registradas até agosto somaram US$47,7bilhões, resultando em média diária de US$284,2milhões, 21% superior à registrada no mesmo períodode 2004. A projeção das importações em 2005 foireduzida de US$78 bilhões para US$76 bilhões. Apósessas revisões, o saldo comercial deverá situar-seem US$38 bilhões, US$8 bilhões acima do previstono "Relatório de Inflação" de junho.

As remessas líquidas de juros e as de lucrose dividendos para o ano foram elevadas para,

Tabela 1 – Usos e fontes de recursos

US$ bilhões

Discriminação 2004 2005 2006

Ago Jan- Ano Ago Jan- Ano1/ Ano1/

ago ago

Usos -0,6 -14,4 -21,6 -5,6 -15,1 -23,8 -24,4

Transações correntes 1,7 7,9 11,6 0,8 8,7 9,4 0,5

Amortizações de MLP2/ -2,4 -22,3 -33,3 -6,4 -23,8 -33,2 -25,0

Papéis -1,5 -11,3 -17,6 -5,7 -15,2 -20,8 -12,7

Pagas -1,1 -10,7 -16,4 -0,6 -9,4 -15,0 -11,4

Refinanciadas - - - -4,5 -4,5 -4,5 0,0

Conversões em IED -0,3 -0,6 -1,2 -0,6 -1,3 -1,3 -1,3

Créd. de fornecedores -0,2 -1,5 -2,4 -0,1 -1,2 -1,7 -2,5

Empréstimos diretos3/ -0,7 -9,4 -13,3 -0,6 -7,4 -10,6 -9,7

Fontes 0,6 14,4 21,6 5,6 15,1 23,8 24,4

Conta capital -0,3 0,1 0,3 0,1 0,5 0,7 0,7

Inv. estrangeiros diretos 6,1 11,7 18,2 1,1 11,7 16,0 16,0

Papéis domésticos4/ -0,3 0,4 2,1 0,1 4,2 5,0 4,0

Desembolsos de MLP5/ 0,8 12,5 20,4 5,5 17,1 26,6 20,8

Papéis 0,2 6,4 11,0 4,7 12,7 18,2 9,8

Créd. de fornecedores 0,1 0,7 1,0 0,1 0,5 0,8 2,0

Empréstimos6/ 0,5 5,4 8,4 0,8 3,8 7,6 9,0

Ativ. brasil. no exterior -6,1 -7,2 -12,0 -2,9 -11,6 -7,9 -9,5

Empréstimo ao Bacen (FMI) 0,0 -2,7 -4,4 0,0 -7,8 -7,8 -7,2

Demais7/ -0,2 0,5 -0,9 1,6 5,5 -0,6 0,0

Ativos de reservas 0,5 -1,0 -2,2 0,0 -4,6 -8,2 -0,3

1/ Projeção.

2/ Registra amortizações de crédito de fornecedores de médio e longo prazos,

empréstimos de médio e longo prazos e papéis de médio e longo prazos

colocados no exterior deduzidos de refinanciamentos e descontos. Exclui

amortizações de empréstimos do FMI e intercompanhias.

3/ Registra amortizações de empréstimos concedidos por bancos estrangeiros,

compradores, agências e organismos.

4/ Inclui investimentos estrangeiros em ações e em títulos de dívida

negociados no mercado doméstico.

5/ Exclui desembolsos de empréstimos intercompanhias.

6/ Inclui organismos, agências e créditos de compradores.

7/ Registra valores líquidos de refinanciamentos de bônus, papéis de curto

prazo, crédito comercial de curto prazo, derivativos financeiros, depósitos

de não-residentes, outros passivos e erros e omissões.

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respectivamente, US$14,3 bilhões e US$10 bilhões.Da mesma forma, as despesas líquidas da contaserviços foram revistas para US$7,9 bilhões e astransferências unilaterais correntes líquidas, paraUS$3,4 bilhões.

A revisão da projeção para a conta financeirado balanço de pagamentos reverteu o superávit previstono relatório anterior para déficit de US$1,9 bilhão,fundamentalmente em função da antecipação deamortização ao Fundo Monetário Internacional (FMI)referente às parcelas trimestrais da linha de créditoSRF (Supplemental Reserve Facility) quevenceriam até março de 2006.

Os Investimentos Estrangeiros Diretos(IED) líquidos acumularam US$11,7 bilhões nosprimeiros oito meses do ano, mesmo patamarobservado em igual período de 2004. Foi mantida aprojeção de US$16 bilhões para o ano, sendo US$14bilhões referentes à participação no capital.

A revisão do esquema de amortização dadívida externa de médio e longo prazos para 2005resultou em aumento de US$4,5 bilhões noscompromissos anteriormente programados,situando-os em US$33,2 bilhões, em virtude datroca de C-Bonds por A-Bonds ocorrida em agosto.As taxas de rolagem do endividamento externoprivado de médio e longo prazos não sofreramalterações, sendo mantidas em 70% no ano, tantopara papéis, como para os empréstimos diretos. Ocálculo da taxa de rolagem inclui, ainda, a previsãodo exercício de US$1,2 bilhão em opções de put/call, das quais já foram exercidas US$1,1 bilhão,de janeiro a agosto.

Mesmo que a menor demanda porfinanciamento externo implique amortizaçõeslíquidas, o endividamento do setor privado nãoexercerá pressão sobre o financiamento do balançode pagamentos em 2005. Essas amortizaçõeslíquidas implicarão redução do estoque de dívidaexterna privada, contribuindo para a continuidadeda melhora significativa dos indicadores desustentabilidade externa.

A projeção do balanço de pagamentos em2005 inclui, ainda, ingressos líquidos de investimentos

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em portfolio, ações e títulos de renda fixanegociados no País, de US$5 bilhões; remessaslíquidas de US$3,2 bilhões referentes à constituiçãode haveres do setor bancário no exterior, comreflexo sobre a posição de câmbio dos bancos;novos ingressos de US$7 bilhões em bônus daRepública; amortizações de US$7,8 bilhões aoFMI; e equilíbrio dos fluxos de capitais de curtoprazo. O resultado global do balanço deverá serpositivo em US$8,2 bilhões.

Nesse cenário, as reservas internacionais, noconceito de liquidez, deverão encerrar 2005 emUS$58,7 bilhões, o que representaria elevação deUS$5,7 bilhões em relação ao montante observadoao final de 2004. As reservas líquidas, no conceitodo Banco Central, não afetadas pelas amortizaçõesrealizadas ao FMI, devem situar-se em US$44 bilhões,com aumento de US$16,5 bilhões em relação a 2004.

Para 2006, a projeção aponta equilíbrio emtransações correntes, com redução no saldocomercial. Dessa maneira, as exportações devemcrescer 6,1%, comparativamente ao resultadoesperado para 2005, situando-se em US$121 bilhões;e as importações, 21,1%, devendo situar-se em US$92bilhões. A conta de serviços deverá gerar remessaslíquidas de US$8,1 bilhões, ante US$7,9 bilhões em2005, em função de maiores saídas relacionadas atransportes e viagens internacionais. As remessaslíquidas de lucros e dividendos deverão permanecerestáveis, enquanto se projeta redução nas saídaslíquidas de juros e aumento nas receitas detransferências unilaterais correntes, de US$3,4 bilhõesem 2005, para US$3,5 bilhões no próximo ano.

A conta financeira do balanço de pagamentosdeverá permanecer deficitária em 2006,considerando-se que as liquidações de vencimentosdo Tesouro Nacional poderão ser efetuadas com acontratação de recursos em mercado, na suatotalidade, e que o superávit das operações realizadasem mercado tem como contrapartida a constituiçãode haveres no exterior pelos bancos comerciais.

Espera-se a manutenção em 70% da taxade rolagem dos vencimentos de empréstimos privadosde médio e longo prazos.

Tabela 2 – Balanço de pagamentos – Mercado

US$ bilhões

Discriminação 2004 2005 2006

Ago Jan- Ano Ago Jan- Ano1/ Ano1/

ago ago

Transações correntes 2,3 9,2 14,5 1,0 11,2 11,7 -0,1

Capitais (líquido) -2,6 -10,0 -10,7 1,2 4,8 1,7 5,6

Investimento Estrangeiro

Direto 6,1 11,7 18,2 1,1 11,7 16,0 16,0

Em carteira -0,3 0,5 2,2 0,1 4,4 5,0 4,0

Empréstimos de médio

e longo prazos -1,2 -9,8 -13,5 -0,8 -9,6 -13,1 -11,0

Crédito comercial de curto,

médio e longo prazos -0,9 -0,7 -2,3 1,0 3,2 -1,3 -0,1

Bancos 0,0 -2,6 -3,4 -0,2 0,8 -0,3 0,5

Demais -0,8 1,9 1,2 1,2 2,4 -1,0 -0,6

Investimentos brasileiros

no exterior -6,4 -10,6 -13,4 -0,7 -5,9 -4,7 -4,0

Demais 0,1 -1,1 -1,9 0,4 0,9 -0,2 0,7

Hiato financeiro -0,3 -0,7 3,9 2,2 16,0 13,4 5,5

Compras líquidas

do Banco Central 0,0 -2,6 -5,3 0,0 -10,2 -10,2 0,0

Depósitos de bancos 0,3 3,4 1,4 -2,2 -5,7 -3,2 -5,5

1/ Projeção.

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As amortizações de médio e longo prazosdeverão totalizar US$25 bilhões, incluindo US$1,2 bilhãode exercício de opções de put/call. As amortizaçõesao FMI deverão somar US$7,2 bilhões.

Em 2006, projetam-se, ainda, ingressoslíquidos de IED de US$16 bilhões, mesmo patamarde 2005. Os investimentos em portfolio, por sua vez,deverão registrar ingressos líquidos de US$4 bilhões,ante os US$5 bilhões projetados para 2005, enquantoas emissões de bônus da República foram previstasem US$4,5 bilhões.

Nesse cenário, o balanço de pagamentos em2006 mostra-se completamente financiado, com osetor bancário constituindo haveres no exterior nototal de US$5,5 bilhões, contrapartida das operaçõesprevistas para serem realizadas em mercado, noperíodo. O resultado global do balanço deverá serpositivo em US$301 milhões, como resultado dasoperações externas do Banco Central, que incluemas amortizações de Multy-Year Deposit FacilityAgreement (Mydfa), os pagamentos ao FMI e aremuneração das reservas.

As reservas internacionais, no conceito deliquidez, deverão totalizar US$59 bilhões em 2006,não obstante os pagamentos realizados ao FMI. Asreservas líquidas, no conceito do Banco Central,deverão atingir US$51,5 bilhões ao final de 2006, comaumento de US$7,5 bilhões em relação a 2005.Ressalte-se que as projeções para as reservas nãocontemplam, por definição, eventuais intervençõesdo Banco Central no mercado de câmbio.

Tabela 3 – Tesouro Nacional – Serviço da dívida externa1/

US$ milhões

Discriminação Perfil de vencimentos Liquidação de vencimentos

Principal Juros Total Mercado Reservas Total

2 003 Ano 4 743 5 221 9 965 5 507 4 458 9 965

2 004 Ano 6 951 5 403 12 354 7 335 5 020 12 354

20052/ 3/ 6 795 5 639 12 433 10 006 2 427 12 433

Jan 177 659 836 194 642 836

Fev 0 508 508 0 508 508

Mar 16 212 228 29 199 228

Abr 930 1 024 1 954 1 318 636 1 954

Mai 0 177 177 0 177 177

Jun 808 210 1 018 886 132 1 018

Jul 2 502 673 3 175 3 042 133 3 175

Ago 0 533 533 533 0 533

Set 15 376 391 ... ... ...

Out 1 715 859 2 573 ... ... ...

Nov 0 279 279 ... ... ...

Dez 632 128 760 ... ... ...

20064/ 5 678 5 588 11 266 11 266 0 11 266

Jan 1 686 834 2 520 ... ... ...

Fev 0 632 632 ... ... ...

Mar 567 270 837 ... ... ...

Abr 618 817 1 435 ... ... ...

Mai 0 177 177 ... ... ...

Jun 866 171 1 037 ... ... ...

Jul 0 718 718 ... ... ...

Ago 0 445 445 ... ... ...

Set 15 361 376 ... ... ...

Out 372 788 1 160 ... ... ...

Nov 848 279 1 127 ... ... ...

Dez 706 96 802 ... ... ...

1/ Inclui vencimentos de principal e juros relativos a bônus e Clube de Paris.

2/ Dados ocorridos até agosto e previstos para os demais meses do ano.

3/ O Tesouro Nacional poderá contratar divisas no mercado de câmbio para

liquidar o serviço da dívida (principal e juros) relativo a Clube de Paris e

dívida velha (bônus bradies e pré-bradies ), com vencimentos entre setembro e

dezembro de 2005, cujo valor estimado é de US$2.643 milhões, incluindo o

exercício de opção de call do C-Bond , no valor de US$1.096 milhões.

Adicionalmente, o Tesouro Nacional poderá contratar divisas para liquidar o

serviço da dívida relativo a bônus com vencimentos entre setembro e dezembro

de 2005, no valor de US$1.360 milhões.

4/ O Tesouro Nacional poderá contratar divisas no mercado de câmbio para

liquidar o serviço da dívida (principal e juros) relativo a Clube de Paris e

bônus, com vencimentos em 2006, cujo valor estimado é de US$11.266 milhões.

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6Perspectivas para a inflação

Este capítulo do “Relatório de Inflação” apresentaa avaliação feita pelo Comitê de Política Monetária (Copom)sobre o comportamento da economia brasileira desde oúltimo Relatório, em junho de 2005, assim como asperspectivas para a inflação até o final de 2006 e para ocrescimento do PIB até o final de 2005. As projeções paraa inflação são apresentadas em dois cenários principais.O primeiro, denominado cenário de referência, supõe quea taxa básica de juros será mantida inalterada, durante ohorizonte de previsão, em 19,50% ao ano, valor decididopelo Copom em sua última reunião, em 13 e 14 de setembro,e que a taxa de câmbio permanecerá em valor próximo aovigente nos dias que antecederam a reunião (R$2,35 pordólar norte-americano). O segundo cenário, denominadocenário de mercado, utiliza as trajetórias de juros e câmbioque constam da pesquisa realizada pela Gerência-Executivade Relacionamento com Investidores (Gerin) do BancoCentral do Brasil junto a analistas do mercado nas vésperasda reunião do Copom de setembro. É importante ressaltarque esses cenários compõem um procedimento padrão parao balizamento da política monetária, e suas hipóteses nãodevem ser vistas como previsões do Copom sobre ocomportamento futuro das taxas de juros ou câmbio.

As previsões de inflação e de crescimento do PIBdivulgadas por este Relatório não são pontuais. Elasincorporam intervalos de probabilidade que explicitam ograu de incerteza presente no momento em que a decisãosobre a taxa de juros foi tomada. As previsões de inflaçãodependem não apenas das hipóteses sobre as taxa dejuros e câmbio, mas também de um conjunto de hipótesessobre o comportamento de variáveis exógenas relevantes.O conjunto de hipóteses considerado mais provável peloCopom compõe os cenários a que o Comitê atribui pesopreponderante na tomada de decisão sobre a meta para ataxa Selic. Ao expô-las, por meio deste Relatório, o Copomprocura dar maior transparência às decisões de políticamonetária, contribuindo para sua eficácia no controle dainflação, que é seu objetivo precípuo.

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6.1 Determinantes da inflação

Desde a divulgação do “Relatório de Inflação” dejunho, os principais indicadores de atividade ratificaram asboas perspectivas de crescimento para a economia brasileira.Contrariando análises prevalecentes no início do ano,reforçadas após a divulgação das contas nacionais do primeirotrimestre, que antecipavam perda de dinamismo da atividadeem função do recrudescimento da inflação e das ações depolítica monetária implementadas para o seu combate a partirde setembro de 2004, a economia registrou, no segundotrimestre de 2005, seu melhor desempenho desde o primeirotrimestre de 2004. Tendo em vista o crescimento aceleradoao longo de 2004 e os níveis de atividade historicamenteelevados, a acomodação registrada no primeiro trimestre de2005, além de esperada, era consistente com um cenário demanutenção, em bases sustentadas, da trajetória de expansãoiniciada no terceiro trimestre de 2003. Conforme avaliado no“Relatório de Inflação” de junho, o comportamento dosindicadores antecedentes da atividade econômica apontavapara uma aceleração do ritmo de crescimento da economia apartir do segundo trimestre de 2005. Com efeito, o PIBcresceu 1,4% no trimestre abril–junho, quando comparadocom o trimestre anterior, e 3,9%, em relação ao segundotrimestre de 2004.

Já a inflação medida pelo IPCA, depois de se acelerarao longo de todo o primeiro quadrimestre, alcançando 0,87%em abril, apresentou sinais inequívocos de arrefecimento aolongo do segundo quadrimestre. A mudança de patamarsugerida pelos dados foi potencializada pela redução, emintensidade superior à usual, dos preços dos alimentos. Essepadrão de recuo dos indicadores inflacionários foi visível nãoapenas na variação dos índices de preços plenos, mas tambémnas respectivas medidas de inflação subjacentes, embora emmagnitude mais modesta. Além disso, o IGP-DI apresentouvariação negativa por quatro meses consecutivos no períodomaio–agosto. As informações recentemente divulgadassinalizam acomodação dos preços ao consumidor e sugeremalta probabilidade de convergência da inflação para a trajetóriade metas perseguida pela autoridade monetária.

Conforme ressaltado nas edições recentes do“Relatório de Inflação” e nas Notas das últimas reuniões doCopom, em um ambiente em que persiste elevada utilizaçãoda capacidade instalada, a trajetória da inflação dependerámarcadamente dos desenvolvimentos correntes e prospectivosno tocante à ampliação da oferta de bens e serviços para oadequado atendimento da demanda em expansão. A propósito,o ritmo forte de crescimento da atividade registrado no segundo

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trimestre reflete em parte a acentuada recuperação daformação bruta de capital fixo, de 4,5%, após dois trimestresconsecutivos de redução. A produção de bens de capitalacumulou crescimento de 3,5% até julho e de 6,8% em dozemeses, na série dessazonalizada. Embora pareça plausívelque a recuperação recente no ritmo de investimento persistano médio prazo, um foco importante de preocupação emrelação à dinâmica prospectiva da inflação continuará sendoo desempenho da oferta agregada nos próximos trimestres.

No âmbito externo, embora os mercados financeirosinternacionais tenham permanecido voláteis, houve melhoraem relação ao cenário considerado por ocasião da divulgaçãodo último “Relatório de Inflação”. A mudança no regimecambial na China, longamente antecipada pelos mercados decapitais internacionais, ocorreu sem que fossem registradosimpactos significativos sobre a dinâmica dos principais ativosfinanceiros. Parece prematura qualquer avaliação dos efeitosdo furacão Katrina sobre a economia mundial, apesar daconvergência das expectativas no sentido de que ocrescimento da economia norte-americana deverá sertemporariamente afetado. O prêmio de risco-Brasil, após opico recente observado em abril, voltou a recuar no início deagosto e se aproxima dos níveis mínimos históricos observadosem outubro de 1997. Como é de se esperar no caso de qualquergrande economia emergente que adota o regime de câmbioflutuante, a redução do prêmio de risco-Brasil tem sidoacompanhada por movimentos similares da taxa de câmbio.As condições de liquidez e a estabilidade dos mercadoscontinuam sujeitas ao quadro macroeconômico nos paísesindustrializados, especialmente nos Estados Unidos, e àpossível resposta da política monetária do Fed à sua evolução.De maneira geral, os indicadores recentes sugeremperspectivas favoráveis no sentido de que o Fed prossiga emsua política de aumento moderado nas taxas de juros. Talcomo em meses anteriores, persistem como fator depreocupação os desequilíbrios nas contas externas de algumasdas principais economias mundiais e a possibilidade de queeventuais ajustes em suas trajetórias determinem grandesflutuações cambiais. Apesar desse quadro, no qualpermanecem incertezas relevantes, o Copom continuaatribuindo baixa probabilidade a um cenário de deterioraçãosignificativa nos mercados financeiros internacionais.

A principal preocupação no que diz respeito aoambiente internacional é a forte alta dos preços do petróleo,que em termos nominais têm seguidamente alcançado novosmáximos históricos. O recrudescimento dos últimos mesesreforça temores de que esses preços possam atingir picosmais elevados do que se contemplava até há pouco como o

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cenário mais provável, e que, mesmo depois de uma eventualreversão dessas máximas, sustentem-se por mais tempo emnível acima do que vinha sendo prognosticado. Por outro lado,o aumento recente do preço dos combustíveis no Brasildiminuiu os riscos associados aos desdobramentos internosfuturos da dinâmica recente do aumento do preço do petróleo.

Nesse cenário, no período julho–setembro, o Copomdeu continuidade ao processo de distensão da política monetáriainiciado em junho, quando manteve a meta para a taxa Selicem 19,75%, depois de nove elevações consecutivas num totalde 375 p.b. a partir de setembro de 2004. Após ter sido mantidainalterada por mais dois meses, a meta para a taxa Selic foireduzida para 19,50% a.a. em setembro.

A inflação do IPCA acumulada até agosto atingiu3,59%, menor valor registrado nos primeiros oito meses de umano desde 1998. Nos doze meses terminados em agosto, ainflação atingiu 6,02%, recuando do pico de 8,07% atingido emabril. No período maio–agosto, a média mensal da variação doIPCA foi de 0,22%, ante 0,66% nos quatro meses anteriores.Houve deflação dos preços dos bens comercializáveis de junhoa agosto, favorecidos pelo comportamento da taxa de câmbio.A inflação dos preços dos bens não comercializáveis, por suavez, também apresentou redução de patamar nos últimos meses,caindo do valor médio de 0,5% no trimestre março –maio para0,2% de junho a agosto. Destaque-se ainda que o índice dedifusão alcançou 48,4% em agosto, o menor nível desde agostode 1998, sinalizando que a redução das taxas de inflação nãose deve apenas ao efeito de poucos produtos, mas a umcomportamento disseminado dos preços.

Os núcleos do IPCA, segundo os três critériosacompanhados pelo Copom – por exclusão de preçosmonitorados e de alimentos no domicílio; por médias aparadas,com e sem suavização de itens preestabelecidos – que haviamapresentado certa estabilização no início de 2005,desaceleraram-se a partir de maio. O núcleo com suavizaçãode itens preestabelecidos, o núcleo sem suavização e o núcleopor exclusão, que tiveram variação média de 0,65%, 0,55% e0,65%, respectivamente, no período janeiro–abril, registraramvariação média de 0,49%, 0,33% e 0,39% no quadrimestrefindo em agosto. Cabe ressaltar ainda que, após oscilaremem torno de valores relativamente elevados nos primeirosmeses do ano, as três séries de médias móveis vêmconsistentemente se deslocando para baixo. Assim como nocaso da inflação plena, os dados sugerem mudança depatamar, embora em magnitude mais modesta. Ao se confirmaressa mudança de patamar, pode-se argumentar que os núcleosse aproximam da trajetória das metas para a inflação.

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O IGP-DI diminuiu por quatro meses consecutivosno período maio-agosto. Esse movimento foi motivado emgrande parte pelo expressivo declínio do Índice de Preçospor Atacado – Disponibilidade Interna (IPA-DI), que,somente de junho para julho, teve a alta acumulada em dozemeses reduzida de 5,97% para 3,84%. Como conseqüência,atualmente o IGP-DI se encontra em patamar inferior aoque estava em janeiro de 2005, acumulando uma variaçãode apenas 0,32% ao longo do ano. Por sua vez, emboratambém registre quatro recuos no intervalo maio–agosto, oIPA-DI registra variação negativa de 1,57% em 2005 e emagosto apresentou nível inferior ao registrado em outubrode 2004. O movimento do IPA-DI reflete a redução tantonos preços dos bens de consumo, a despeito do aumentonos preços dos bens de consumo duráveis, quanto nos preçosdos bens de produção. Em outra perspectiva, destaca-se aforte redução do Índice de Preços por Atacado (IPA)agrícola, de 5,19% no ano, e, em menor intensidade, aredução do IPA industrial, de 0,33%. Conforme destacadono último “Relatório de Inflação” e em Notas de reuniõesrecentes do Copom, a menor variação do IPA industrial nosúltimos meses refletiu, em parte, a apreciação cambialobservada no período e a própria ação da política monetária.Acumulam-se, portanto, evidências de acomodaçãoconsistente de preços no atacado com efeitos favoráveissobre a variação dos preços ao consumidor, incluindo ospreços administrados do próximo ano. A continuidade dosrepasses para os preços ao consumidor nos próximos meses,bem como sua intensidade, dependerá das condiçõesprospectivas da demanda e das expectativas dos formadoresde preços em relação à trajetória futura da inflação.

Nos primeiros meses de 2005, as expectativas deinflação coletadas pela Gerin junto a analistas de mercadovinham sendo pouco sensibilizadas por desenvolvimentosfavoráveis que poderiam contribuir para arrefecer pressõesinflacionárias, tais como sinais de acomodação no ritmo decrescimento da economia, queda nos preços industriais noatacado, reavaliação das expectativas de mercado para atrajetória da taxa de câmbio e, por fim, a postura maisrestritiva de política monetária adotada a partir de setembrode 2004. De fato, as expectativas para a inflação de 2005subiram ligeiramente em meados de março, para 5,77% e,por ocasião das reuniões do Copom de abril e maio,deterioraram-se ainda mais, atingindo 6,10% e 6,39%,respectivamente. Contudo, recentemente as expectativasapresentaram significativa redução, deslocando-se para6,20%, 5,66% e 5,40% respectivamente em junho, julho eagosto e para 5,19% na segunda semana de setembro. Comisso, as expectativas se aproximaram ainda mais do objetivo

Gráfico 6.1 – Evolução das expectativas de mercado

e das metas referentes à inflação doze meses à frente

0

2

4

6

8

10

12

Mar2003

Jun Set Dez Mar2004

Jun Set Dez Mar2005

Jun Set Dez

(%)

Meta Gerin

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de 5,1% perseguido pela política monetária para o ano.Seguindo dinâmica semelhante, as expectativas para ainflação doze meses à frente também diminuíram ao longodo período maio-agosto, e o fizeram em medida ainda maiordo que a variação nas taxas esperadas para 2005. Asexpectativas para 2006, após 64 semanas de estabilidadeem 5,00%, apresentaram recuo simbólico para 4,98% emagosto e redução significativa para 4,80% em setembro.Além disso, a distribuição das expectativas para 2006 temse deslocado em direção a um formato cuja moda vem seposicionando em torno da meta estabelecida pelo CMN parao próximo ano. Esses desenvolvimentos sugerem que apostura monetária adotada a partir de setembro de 2004, alémde conter as pressões inflacionárias de curto prazo, contribuiude forma importante para a consolidação de um ambientemacroeconômico favorável em horizontes mais longos.

Os dados do PIB a preços de mercado do primeirotrimestre de 2005 foram revisados pelo IBGE e indicamagora crescimento dessazonalizado de 0,4% em relaçãoao último trimestre de 2004, em vez de 0,3% inicialmenteestimado. Haja vista a expansão acumulada de 4,9% noano anterior, a acomodação no ritmo de crescimento daeconomia não surpreendeu. No primeiro trimestre, os dadosrevisados apontam que o crescimento foi sustentado pelosetor de agropecuária, que registrou expansão de 1,7%,enquanto a indústria e os serviços apresentaram quedasde 0,8% e 0,1%, respectivamente.

No segundo trimestre, o crescimento da economiavoltou a se acelerar, confirmando diagnóstico expresso noúltimo “Relatório de Inflação”. A taxa de 1,4%, em relaçãoao período imediatamente anterior, a oitava positiva em série,elevou o resultado do semestre para 3,4% em relação aomesmo período de 2004. Os três setores foram positivamenteafetados, em especial a indústria, que cresceu 3%, com osserviços e a agropecuária sendo contemplados,respectivamente, com taxas de crescimento de 1,2% e 1,1%.

A aceleração do ritmo de crescimento foi maisvisível nos componentes da demanda doméstica. Houveexpansão de 4,5% na formação bruta de capital fixo, apósdois trimestres consecutivos de redução, e de 0,9% noconsumo das famílias, após redução de 0,6% no primeirotrimestre. As exportações de bens e serviços cresceram2,6%, o nono resultado positivo em série, e as importações,2,4%. O crescimento do consumo e do investimento privadofortalece a perspectiva de que esses componentes dademanda agregada continuem constituindo os principaisfatores de sustentação do crescimento da economia. Tendo

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em vista o comportamento dos indicadores antecedentes daatividade econômica e a consolidação progressiva dosresultados do processo de ajuste implementado desdesetembro de 2004, a continuidade do crescimento da economiadeverá se confirmar ao longo dos próximos trimestres.

O último “Relatório de Inflação” registrou que, nosmeses finais de 2004 e nos iniciais de 2005, a sériedessazonalizada de indicadores da produção industrialintercalava momentos de crescimento, estabilidade e redução,embora os dados apontassem tendência de crescimento. Maisrecentemente, esse comportamento parece inalterado, poisse em junho fora registrado o quarto crescimento consecutivoda série, levando em conta os efeitos sazonais, em julho oíndice sofreu redução de 2,5%, anulando parcela significativado ganho auferido no intervalo fevereiro–junho. Em sua maiorparte, esse movimento em julho resulta de ajustes na série,promovidos em função da ocorrência de feriado móvel nãoconsiderado pela metodologia de ajuste sazonal – feriado deCorpus Christi em maio, em vez de junho. De fato, taloscilação ocorre em momento no qual a produção industrialregistra valores historicamente elevados. Essa avaliação écorroborada pela análise de uma série mais estável, de médiasmóveis trimestrais, que apresenta o terceiro mês consecutivocom crescimento e novo máximo histórico, 4,1% superior aovalor de julho de 2004. Além disso, com o desempenho dejulho, as séries de médias móveis trimestrais mostraramelevação em relação a junho de 0,4% para a produção debens de capital, de 0,1% para a de bens intermediários e de2,1% para a produção de bens de consumo duráveis, atingindo,nos três casos, novos máximos históricos. No caso deste últimogrupo, o mais dinâmico no período recente, a produção cresceupelo sexto mês consecutivo, acumulando expansão de 19,2%em relação a julho de 2004. Da mesma forma, pelo critériodas médias móveis trimestrais, para os bens semi e não duráveishouve crescimento pelo terceiro mês consecutivo, o mesmoocorrendo para a indústria em geral.

A aceleração do crescimento no segundo trimestrede 2005 tem se refletido no bom desempenho do mercadode trabalho nos últimos meses. A taxa de desocupação paraagosto foi estimada em 9,4%, pelo terceiro mês consecutivo,o menor nível da série iniciada em outubro de 2001 e 2%inferior ao registrado em agosto de 2004. No mesmo mês, apopulação ocupada cresceu 0,4% em relação a julho e 2,4%se comparado a agosto de 2004. No acumulado do ano, apopulação ocupada aumentou 3,4% em comparação aomesmo período de 2004. Cabe mencionar ainda que os níveisde ocupação – razão entre pessoas ocupadas e populaçãoem idade ativa – revelaram pequena expansão tanto ao longo

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do período janeiro–agosto de 2005, como em comparaçãoaos registrados nos oito primeiros meses de 2004. Em agosto,o rendimento médio real habitual das pessoas ocupadascresceu 0,7% no confronto com julho e 3,7% se comparadoa agosto de 2004. Esse resultado reflete, em parte, a retraçãona variação nos índices de preços ao consumidor e os ganhosobtidos pelos trabalhadores em negociações salariais.

O emprego na indústria de transformação decresceu0,2% em julho, segundo dados da CNI, dessazonalizados peloBanco Central, após uma seqüência de taxas positivas iniciada emjaneiro de 2004. Entretanto, mesmo com a redução recente, asérie ainda acumula crescimentos de 6,0% e de 6,1%,respectivamente, em 2005 e em doze meses. Já a massa salarialreal na indústria de transformação subiu 0,8% em julho, acumulandocrescimentos de 9,0% no ano e de 9,7% em doze meses, superandoo crescimento do emprego e sinalizando aumento do salário médioreal. O emprego formal, computado pelo MTE, também continuaem trajetória de expansão. Com a criação de 117.473 postos detrabalho em julho, a geração de emprego formal superou um milhãode novas vagas em 2005 e 1,3 milhão em doze meses. Conformedestacado nos últimos Relatórios de Inflação, essesdesenvolvimentos favoráveis no mercado de trabalho constituemum mecanismo de retroalimentação, favorecendo sobremaneira asustentabilidade do crescimento ora experimentado pela produção.

Em linha com os desenvolvimentos da atividadeprodutiva, as vendas se encontram em níveis elevados,repercutindo tanto estímulos externos, notadamente nosmercados para bens com maior valor agregado, quantodomésticos via crédito, especialmente nos mercados de bensde consumo duráveis (as vendas de móveis e deeletrodomésticos cresceram em volume 19,3% noacumulado do ano). As vendas no comércio varejistaaumentaram 0,3% em julho, segundo dados dessazonalizadosdo IBGE, perfazendo uma expansão acumulada de 4,6%em 2005. As perspectivas são de fortalecimento do comérciovarejista apesar de, em setembro, o índice de confiança doconsumidor medido pela Fecomercio SP ter apresentado asegunda redução consecutiva e o menor nível desde abrilde 2004. Os robustos resultados da produção e das vendasse refletem no nível de utilização da capacidade instaladana indústria. Segundo dados da FGV, o nível de utilizaçãoatingiu 84,7% em julho, representando acréscimo marginalem relação à taxa de 84,2% observada em abril passado.Segundo informações da CNI, após ajuste sazonal efetuadopelo Banco Central, o nível de utilização da capacidadeinstalada na indústria de transformação alcançou 81,8% emjulho, ante 82,7% em junho. As duas séries mostramutilização da capacidade em patamar historicamente elevado.

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Dados os elevados níveis da produção industrial e dautilização da capacidade instalada, torna-se fundamentalacompanhar o desempenho dos investimentos para que se evitea emergência de pressões inflacionárias. Segundo o IBGE, emrelação ao primeiro trimestre, a FBCF cresceu 4,5% no segundotrimestre de 2005, acumulando expansão de 8,6% em dozemeses. Por sua vez, o indicador de investimento representadopela absorção de bens de capital registrou retração de 5,5%em julho, mas, a despeito desse resultado negativo, tambémcausado pela distribuição de dias úteis entre junho e julho,acumula expansão de 3,8% em 2005. Além disso, deve-seconsiderar que os dados mensais de investimento tendem aapresentar alta volatilidade, sendo mais apropriado o foco emmedidas que capturem a sua tendência. Evidências positivasnesse sentido são o crescimento acumulado da FBCF de 8,6%nos últimos quatro trimestres contra 4,3% para o PIB no mesmoperíodo e o aumento de 28,3% no volume das importações debens de capital no acumulado até julho, quando comparado aomesmo período de 2004. De forma geral, o comportamento daprodução de bens de capital acompanhou o da FBCF, pois apesarda redução de 7,6% registrada em julho, acumula em 2005crescimento de 3,5% na série dessazonalizada.

Como os investimentos apresentam correlaçãoelevada e positiva com a utilização da capacidade instaladae, também, com uma defasagem um pouco maior, correlaçãoelevada e negativa com o risco-Brasil, o comportamentodesses indicadores antecedentes sugere intensificação dosinvestimentos nos próximos meses. Até que esse processose materialize, permanecem as incertezas mencionadas emNotas de reuniões recentes do Copom e em Relatórios deInflação anteriores a respeito da velocidade de ampliação maisimediata da capacidade produtiva e da tendência decrescimento de longo prazo do produto potencial da economia.Mesmo com a aceleração do ritmo de crescimento, a políticamonetária deve seguir vigilante para assegurar que a expansãoda demanda encontre, no lado da oferta, condições para aumentode produção sem pressão significativa sobre os preços.

6.2 Cenário principal:pressupostos eriscos associados

As projeções com as quais o Copom trabalha baseiam-se em um conjunto de hipóteses sobre o comportamento dasprincipais variáveis macroeconômicas. Esse conjunto depressupostos, bem como os riscos a eles associados, compõe ocenário principal com base no qual o Copom toma decisões.

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Os riscos identificados para a dinâmica inflacionáriano Relatório anterior continuam presentes, porém emintensidade distinta, com melhora no cenário doméstico e piorarelativa no cenário externo. No cenário interno, a economiatem apresentado sinais de que está crescendo em ritmocondizente com a ampliação da capacidade produtiva, reduzindoas perspectivas de que se verifique, ao menos no curto prazo,aumentos de preços por pressões de demanda. Além disso,recentemente as expectativas de inflação dos agentes privadosvêm convergindo para a trajetória de metas. No cenário externo,aprofundaram-se as preocupações quanto ao recrudescimentoda escalada do preço internacional do petróleo expressas emrelatórios anteriores. Entretanto, o aumento recente nos preçosdos combustíveis proporcionou maior segurança sobre osdesdobramentos internos futuros da dinâmica recente dos preçosinternacionais do petróleo. Por sua vez, como mencionadoanteriormente, as condições de liquidez e a estabilidade dosmercados continuam sujeitas ao quadro macroeconômico nospaíses industrializados, especialmente nos Estados Unidos, masos indicadores recentes sugerem perspectivas favoráveis deque o Fed prosseguirá em sua política de ajustes moderadosnas taxas de juros.

Desde o início deste ano, a economia tem mostradosinais de expansão, previsivelmente em ritmo menos intensodo que o verificado em 2004. O resultado do PIB no segundotrimestre de 2005 reforça a avaliação de que o ritmo daatividade econômica evolui de maneira compatível com umatrajetória de crescimento sustentado. Conforme mencionadoem edições anteriores do “Relatório de Inflação”, parteimportante da dinâmica prospectiva do processo deformação de preços depende de eventuais descompassosentre a oferta e a demanda agregadas. A menor intensidadeda atividade econômica neste ano, acompanhada darecuperação dos investimentos, abre a perspectiva de umcrescimento mais harmônico entre a oferta e a demandaagregada. Mesmo se mantendo em patamares elevados, autilização da capacidade instalada em julho do ano corrente,segundo dados da CNI, encontra-se cerca de 2,5p.p. abaixodo valor máximo registrado em outubro de 2004, contribuindoassim para coibir a emergência de pressões inflacionárias.No entanto, até que esse cenário se confirme, a ampliaçãoda capacidade produtiva e o crescimento do produtopotencial da economia continuam sendo fonte de incerteza,merecendo atenção especial da autoridade monetária.

As expectativas de inflação, que nos primeirosmeses de 2005 mostraram pouca sensibilidade adesenvolvimentos favoráveis que poderiam contribuir paraarrefecer as pressões inflacionárias, vêm nos últimos meses

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registrando redução significativa e já se aproximam doobjetivo de 5,1% perseguido pela autoridade monetária para2005. Da mesma forma, as expectativas para a inflação em2006 seguiram trajetória decrescente no passado recente.A convergência das expectativas, em parte uma respostados participantes de mercado à postura monetária adotadadesde setembro de 2004, contribui fortemente para que nofuturo a inflação efetivamente convirja para as metas, a umcusto menor em termos de nível de atividade. Comomencionado anteriormente, esses desenvolvimentos sugeremque tal postura, além de conter as pressões inflacionárias decurto prazo, está contribuindo de forma importante para acriação de um ambiente favorável em horizontes mais longos.

A relevância dos preços no atacado como riscolatente para a inflação ao consumidor diminuiu desde o“Relatório de Inflação” de junho. A variação acumulada doIGP-DI no ano atingiu 0,32%, de modo que, em agosto, oíndice se encontrava em patamar inferior ao que estava emjaneiro do corrente ano. Essa estabilidade do IGP-DI sedeveu, em grande parte, à variação negativa de 1,57% doIPA-DI, em virtude de uma forte redução dos preçosagrícolas, aliada a uma redução mais suave nos preçosindustriais. A variação dos preços industriais reflete em boaparte a apreciação cambial observada desde meados de2004 e a postura da política monetária adotada desdesetembro de 2004. Os preços agrícolas, após os aumentosrelativamente grandes no início deste ano, experimentaramdeclínio nos últimos meses. O IPA agrícola encontra-se empatamar inferior ao registrado em agosto de 2003,acumulando queda de 5,19% em 2005 e de 7,56% em dozemeses terminados em agosto. Dessa forma, nos últimosmeses, os preços no atacado não só deixaram de ser umrisco para a inflação no varejo, mas passaram a contribuirpara a redução verificada nos preços ao consumidor. Comonotado em Relatórios anteriores, a intensidade com que asvariações de preços no atacado são transmitidas ao varejodepende das condições prospectivas de demanda e dasexpectativas dos formadores de preços em relação àtrajetória futura de inflação, que recentemente parecemestar atuando na direção esperada, conforme observado nosparágrafos anteriores.

Ao longo dos últimos meses, o Copom temmencionado fatores específicos, entre as incertezas quenormalmente cercam exercícios de projeçãomacroeconômica dada a dificuldade de mensuração dasdefasagens e da intensidade dos canais de transmissão dapolítica monetária, que poderiam vir a prejudicar o processode convergência da inflação para a trajetória de metas. O

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ciclo de aumento da taxa de juros iniciado em 2004 se fazsentir tanto em uma expansão da economia mais condizentecom as condições de oferta, como numa maior convergênciadas expectativas de inflação futura para as metas de inflaçãopredeterminadas. Embora o Copom continue identificandomelhora no quadro avaliado, com a redução dos riscosinternos a que está submetido o processo de convergênciada inflação para a trajetória de metas, as incertezasassociadas às defasagens e magnitudes do mecanismo detransmissão da política monetária permanecem sendo umafonte relevante de risco para esse processo.

A convergência ininterrupta da inflação para atrajetória de metas e a resultante consolidação de um cenáriode estabilidade macroeconômica duradoura contribuirão paraa manutenção do processo de redução progressiva dapercepção de risco macroeconômico que vem ocorrendonos últimos anos. O espaço para que observemos juros reaismenores no futuro continuará se consolidando de formanatural, como conseqüência dessa melhora de percepção.O Copom avalia que a atuação cautelosa da políticamonetária tem sido fundamental para aumentar aprobabilidade de que a inflação convirja para a trajetória demetas. Entretanto, para que essa maior probabilidadecontinue se traduzindo em resultados efetivos, é preciso queos indicadores prospectivos de inflação sigam apresentandoelementos compatíveis com o cenário benigno que tem seconfigurado. Dessa forma, a flexibilização da políticamonetária não comprometerá as importantes conquistas dosúltimos meses no combate à inflação e na preservação docrescimento econômico com geração de empregos.

Ao contrário do quadro interno, o quadro externoapresenta ligeira piora em função da dinâmica dos preçosinternacionais do petróleo. As incertezas quanto à trajetóriafutura dos preços do petróleo, conforme mencionado emRelatórios anteriores, têm se reduzido, haja vista aconsolidação desses preços em patamares mais elevados, comconseqüente repasse para os preços domésticos. Portanto, orecente aumento nos preços dos combustíveis proporcionamaior segurança sobre desdobramentos futuros no mercadointerno, do aumento do preço do petróleo. Por outro lado, nocontexto externo, a principal preocupação reside no temor deque esse preço possa se sustentar por período mais prolongadoem nível significativamente acima do que vinha sendoprognosticado. Adicionalmente, persistem preocupaçõesquanto aos desequilíbrios nas contas externas de algumas dasprincipais economias mundiais e a possibilidade de queeventuais ajustes em suas trajetórias determinem flutuaçõescambiais significantes. Por outro lado, o prêmio de risco-país

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voltou a recuar no início de agosto, aproximando-se dos níveisobservados em outubro de 1997.

O recente aumento dos preços dos combustíveis ea maior quantidade de informação disponível a respeito dosreajustes já ocorridos ao longo deste ano permitiram umareavaliação mais ampla do cenário de preços administradospara 2005 e 2006. As projeções para o conjunto de preçosadministrados no cenário de referência consideram umavariação de 7,8% para 2005, valor 0,5 p.p. acima doapresentado no “Relatório de Inflação” de junho.Especificamente para os preços da gasolina e do gás debotijão, as projeções referentes ao acumulado de 2005passaram de 0%, para ambos os produtos, para 7,5% e -1,7%, respectivamente. Para 2006, as projeções dos preçosadministrados passaram de 5,7% no Relatório de junho, para5,3% atualmente.

O cenário de referência, seguindo os procedimentosnormais adotados em Relatórios anteriores, pressupõe amanutenção da taxa de câmbio ao longo do horizonte deprevisão em R$2,35, e a meta para a taxa Selic em 19,50%,valor fixado na Reunião do Copom de setembro. Essastrajetórias de juros e câmbio são consistentes com um spreadpara a taxa de swap pré-DI de 180 dias de -45 p.b. e 36p.b. para o último trimestre de 2005 e 2006, respectivamente.

No cenário de mercado, houve um fortedeslocamento para baixo da trajetória da taxa de câmbioutilizada. Os valores coletados pela Gerin junto aos analistasde mercado foram reduzidos tanto para o último trimestre de2005 quanto para o último trimestre de 2006, situando-se emR$2,42 e R$2,60, respectivamente. No Relatório de junho, osvalores médios da taxa de câmbio para os últimos trimestresde 2005 e de 2006 estavam, respectivamente, em R$2,64 eR$2,84. Quanto à trajetória esperada para a meta para taxaSelic, quando comparada com o último Relatório, houve leveaumento no trecho final do horizonte de previsão, fazendocom que a taxa média permanecesse em 18,50% no últimotrimestre de 2005 e se elevasse de 15,60% para 15,88%no período equivalente de 2006. Essa trajetória écompatível com spreads para o swap de seis meses de -41 p.b. no último trimestre de 2005 e de -247 p.b. no últimotrimestre de 2006. O cenário de mercado pressupõe aindavariações nos preços administrados de 8,2% e 6,4% para2005 e 2006, respectivamente.

A respeito da política fiscal, os dados disponíveis nãosugerem qualquer risco para o cumprimento da meta de superávitprimário do setor público consolidado para 2005, 2006 e 2007.

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6.3 Previsão de inflação

Com base nos pressupostos acima e nos riscos aeles associados, conforme considerados pelo Copom, eutilizando o conjunto de informações disponível, foramconstruídas as projeções para a variação do IPCA,acumulada em quatro trimestres, compatíveis com astrajetórias de juros e câmbio que caracterizam os cenáriosde referência e de mercado. O cenário de referênciaconsidera a manutenção das taxas de juros em 19,50%,de acordo com decisão tomada na reunião do Copom desetembro deste ano, e a taxa de câmbio constante ao longodo horizonte de previsão em patamar próximo ao quevigorou nos dias que antecederam a reunião (R$2,35 pordólar norte-americano). No cenário de mercado, baseadonos dados de pesquisa realizada junto a um conjuntosignificativo de instituições pela Gerin, a trajetória de jurosesperada pelos agentes aponta para uma taxa Selic médiano quarto trimestre de 2005 em 18,50% a.a., que se reduzaté atingir 15,88% a.a. no último trimestre de 2006. Paraesse mesmo período, a expectativa para a taxa de câmbioparte de uma média de R$2,42 por dólar norte-americanono último trimestre de 2005 e chega a uma média deR$2,60 no último trimestre de 2006.

A inflação acumulada em quatro trimestres,associada ao cenário de referência, apresenta tendênciade queda ao longo do horizonte de projeção, devido,principalmente, aos efeitos do processo de ajuste dos jurosimplementado a partir da reunião do Copom de setembrode 2004. A projeção de inflação parte de 6,1% no terceirotrimestre de 2005, termina o ano em 5,0% e atinge 3,5%ao final de 2006. As maiores reduções na inflaçãoacumulada, conforme mostrado na tabela 6.1, acontecementre o terceiro trimestre de 2005 e o segundo trimestrede 2006, totalizando 2,5 p.p. A maior parte desse movimentoresulta da substituição dos valores registrados no quartotrimestre de 2004 e no primeiro trimestre de 2005(inflações de 2,00% e de 0,9%, respectivamente) pelasprojeções para o quarto trimestre de 2005 (0,96%) e parao primeiro trimestre de 2006 (0,90%). A menordesaceleração da inflação entre o segundo e o últimotrimestre de 2006 deve-se à semelhança dos valoresprojetados para o segundo semestre de 2005 e 2006: amédia das projeções trimestrais para o segundo semestrede 2005 é de 0,89%, ligeiramente superior a 0,84%, valorprojetado para o segundo semestre de 2006. De toda forma,a inflação estimada de 3,5% para 2006 ainda se encontraabaixo da meta de inflação para o ano. A probabilidade

Gráfico 6.2 – Projeção da inflação medida pelo IPCA, com

juros constantes de 19,50% a.a. (Cenário de referência)

Leque de inflação

Obs.: Inflação acumulada em 12 meses (% a.a.).

-2

0

2

4

6

8

10

I2004

II III IV I2005

II III IV I2006

II III IV

(%)

Tabela 6.1 – Inflação do IPCA, com juros constantes de 19,50% a.a.(Cenário de referência)

Período Projeção

central

2005 3 5,7 5,9 6,0 6,1 6,3 6,4 6,1

2005 4 4,3 4,6 4,9 5,1 5,4 5,7 5,0

2006 1 3,0 3,5 3,9 4,3 4,7 5,2 4,1

2006 2 2,2 2,8 3,3 3,9 4,4 5,0 3,6

2006 3 1,9 2,7 3,3 4,0 4,6 5,3 3,6

2006 4 1,6 2,4 3,1 3,9 4,6 5,4 3,5

Intervalo de confiança

10%

30%

50%

Obs.: Inflação acumulada em 12 meses em % a.a.

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estimada de descumprimento da meta em 2005 teveexpressiva redução em relação ao valor divulgado no“Relatório de Inflação” de junho, passando de 23% para3%. Em grande parte, a menor probabilidade se justificapela diminuição do horizonte de previsão e pela posturamonetária adotada a partir de setembro de 2004.

O cenário de mercado apresenta projeçõessistematicamente acima das projeções do cenário dereferência, devido à expectativa dos agentes quanto àdepreciação da taxa de câmbio e reduções no nível dejuros ao longo do tempo. Os valores de 5,2% e 4,8%projetados, respectivamente, para a inflação acumuladaem 2005 e 2006, encontram-se acima dos valoresperseguidos pelo Copom. De forma análoga ao queprojeta o cenário de referência, a diminuição na projeçãoé mais acentuada no final de 2005 e no primeiro trimestrede 2006, conforme destacado na trajetória central daTabela 6.2. O aumento da inflação verificado no últimosemestre de 2006 deve-se à substituição da inflaçãoprojetada para o terceiro trimestre de 2005 (0,80%) pelaprojeção para igual período de 2006 (1,21%). Os bonsresultados da inflação no início do terceiro trimestre de2005 também contribuíram para a redução significativada probabilidade de descumprimento do objetivo para esteano, segundo o cenário de mercado. A mudança daprojeção de 6,3% no “Relatório de Inflação” de junhopara 5,2% neste Relatório, assim como a redução dohorizonte de previsão, permitiram a redução daprobabilidade estimada de descumprimento da meta em2005 de 34% naquele mês para 4% atualmente.

Parte importante da diferença entre as projeçõesdos cenários de referência e de mercado deve-se àshipóteses adotadas para a variação dos preços monitoradose administrados por contrato. No cenário de referência, esseconjunto de preços apresenta variações de 7,8% e 5,3%para 2005 e 2006, respectivamente. O cenário de mercado,por sua vez, considera trajetórias de 8,2% e 6,4% para oconjunto desses preços em 2005 e 2006.

Os cenários atuais mostram reduções acentuadasda inflação nos horizontes mais curtos, seguidos deperíodo de estabilidade (no caso do cenário de referência)ou de pequeno crescimento da inflação (no cenário demercado) para o final de 2006. Esse comportamentocontrasta com o apresentado na Tabela 6.3, que mostraos valores centrais dos cenários de referência e demercado contidos no “Relatório de Inflação” de junho de2005, onde as trajetórias apresentadas são mais suaves.

Gráfico 6.3 – Projeção da inflação medida pelo IPCA, com

expectativas de mercado para as taxas de câmbio e de juros

Leque de inflação

-2

0

2

4

6

8

10

I2004

II III IV I2005

II III IV I2006

II III IV

(%)

Obs.: Inflação acumulada em 12 meses (% a.a.).

Tabela 6.2 – Projeção da inflação medida pelo IPCA, com expectativas de mercado para as taxas de câmbio e de juros1/

Período Projeção

central

2005 3 5,7 5,9 6,0 6,1 6,3 6,4 6,1

2005 4 4,5 4,8 5,1 5,3 5,6 5,9 5,2

2006 1 3,5 4,0 4,4 4,8 5,2 5,6 4,6

2006 2 3,1 3,7 4,2 4,7 5,3 5,9 4,5

2006 3 3,2 3,9 4,6 5,2 5,9 6,6 4,9

2006 4 2,9 3,7 4,4 5,2 5,9 6,7 4,8

Intervalo de confiança

10%

30%

50%

Obs.: Inflação acumulada em 12 meses em % a.a.1/ De acordo com a Gerin.

PeríodoCenário dereferência

Cenário demercado

2005 II 7,5 7,5

2005 III 6,8 7,1

2005 IV 5,8 6,3

2006 I 5,2 5,8

2006 II 4,6 5,4

2006 III 4,0 5,0

2006 IV 3,7 4,7

Tabela 6.3 – Projeções do "Relatório de Inflação" de junho de 2005

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A variação mais acentuada nos horizontes mais curtosfica bem caracterizada pela diferença entre os valoresatualmente projetados para 2005 e 2006. No cenário dereferência, a previsão para 2005 se reduziu em 0,8 p.p.,enquanto que para 2006 diminuiu em 0,2 p.p. No cenáriode mercado, a previsão para 2005 se reduziu em 1,1 p.p.,mas aumentou em 0,1 p.p. para 2006. A queda nos valoresprojetados para os horizontes mais curtos deve-se,primordialmente, aos resultados de inflação favoráveis enão antecipados registrados no trimestre junho–agostode 2005. A redução da projeção no cenário de referênciapara 2006 deve-se, sobretudo, à diferença na trajetóriaesperada para a taxa de câmbio, que passou de R$2,47por dólar norte-americano no Relatório de junho paraR$2,35 por dólar norte-americano atualmente. Essavariação do câmbio mais do que compensou a mudançade -0,25 p.p. na taxa Selic entre os dois relatórios. Tambémcontribuiu para a queda a revisão nos preçosadministrados. O aumento da projeção do cenário demercado para 2006 deveu-se à nova estrutura da curvade juros relevante, swap de 180 dias, que está em nívelinferior ao que estava no último relatório durante quasetodo o horizonte de projeção.

O Gráfico 6.4 mostra a evolução da inflaçãoacumulada nos últimos doze meses, de acordo com oscenários de referência e de mercado deste Relatório,juntamente com a trajetória interpolada da meta para 2004,do objetivo para 2005 e da meta para 2006. Até agosto de2005, os valores referem-se à inflação ocorrida nos últimosdoze meses. A partir de setembro, as trajetórias consideramas projeções dos respectivos cenários para a construçãodos valores acumulados de doze meses. Ao contrário doque ocorria no Relatório de junho, as trajetórias do cenáriode referência e de mercado terminam 2005 em valoresmuito próximos aos do objetivo de 5,1% para o ano. Pelaprimeira vez, a trajetória do cenário de mercado encontra-se, no período janeiro–julho de 2006, abaixo da metainterpolada. A trajetória associada ao cenário de referênciapermanece durante todos os trimestres de 2006 abaixo dasmetas. Ambos os cenários continuam caracterizados portrajetórias descendentes para a inflação, tal como apontadonos Relatórios de março e de junho.

O leque de crescimento do produto, supondo ashipóteses adotadas no cenário de referência, mantém osresultados apresentados no “Relatório de Inflação” dejunho, com taxa de crescimento de 3,4% prevista para 2005.Cabe ressaltar que os intervalos de confiança para asprojeções do PIB são significativamente maiores do que

Gráfico 6.4 – Trajetória das metas e projeções referentes

à inflação acumulada em doze meses

2

3

4

5

6

7

8

9

Abr2004

Jun Ago Out Dez Fev2005

Abr Jun Ago Out Dez Fev2006

Abr Jun Ago Out Dez

(%)

MetaCenário de mercadoCenário de referência

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os adotados para a inflação, pois o modelo de projeçãotrabalha com os conceitos de hiato do produto e produtopotencial, duas variáveis não diretamente observáveis.Além disso, a alta volatilidade inerente a algunscomponentes do PIB (como o investimento, por exemplo)torna naturalmente mais difícil a realização de exercíciosde projeção.

Gráfico 6.5 – Variação do PIB com juros fixos em 19,50% a.a.

Cenário de referência

Leque do produto

-1

1

3

5

7

9

I2004

II III IV I2005

II III IV

(%)

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Este boxe tem como principal objetivo avaliara evolução recente de medidas alternativas do hiato doproduto, atualizando as estimativas apresentadas no“Relatório de Inflação” de setembro de 2004. O hiatodo produto, definido como a diferença entre o produtoefetivo e o produto potencial, é uma variável chave paraindicar possíveis pressões inflacionárias, tendo, portanto,papel central na condução da política monetária.

Como o hiato do produto não pode serdiretamente medido, torna-se necessária sua estimação.O Banco Central acompanha a evolução de indicadoresde hiato do produto obtidos através de quatro diferentesmetodologias de estimação: modelo de tendência linear(TL), filtro Hodrick-Prescott (HP), função de produçãoCobb-Douglas (FP) e uma forma híbrida que combinaestes dois últimos procedimentos (HPFP).

O Gráfico 1 apresenta o hiato do produto deacordo com os métodos FP, HP e TL. Em relação aonível, em geral o hiato estimado pelo filtro HP possuivalor superior ao estimado pelo método FP, enquantoque o obtido pelo modelo de TL não apresenta umpadrão regular. Com relação à variação do hiato, osresultados obtidos por ambos os métodos deestimação tendem a apresentar comportamentosemelhante. Uma importante exceção ocorre nos trêsúltimos trimestres, quando a metodologia FP descreveuma trajetória descendente do hiato do produto,enquanto os métodos HP e TL apresentamcomportamento oposto.

Esse movimento de “abertura” do hiatodescrito pelo método FP é compatível com a reduçãono grau de utilização da capacidade instalada nosúltimos trimestres, o qual, por sua vez, é resultantedo forte crescimento dos investimentos a partir de

Hiato do Produto: Atualização e Novas Estimações

Gráfico 1 – Evolução hiato do produto – 1996-II a 2005-II

Tendência linear, filtro HP e função de produção

Em % ao trimestre

II1996

IV II1997

IV II1998

IV II1999

IV II2000

IV II2001

IV II2002

IV II2003

IV II2004

IV II2005

TL HP FP

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meados de 2003 e do menor crescimento da demanda– ver gráficos 2 e 3. Portanto, as estimativas de hiatodo produto obtidas pelo método FP sugerem que, nosúltimos trimestres, o produto potencial da economiatem apresentado taxas de crescimento maiores doque as do produto efetivo. Por serem resultantes demodelos puramente estatísticos, as estimativas dehiato geradas pelos métodos HP e TL não conseguemcapturar esse efeito dos investimentos sobre acapacidade produtiva da economia.

A metodologia HPFP combina as técnicasda abordagem da função de produção e do filtro HP.Ela permite estimar simultaneamente o produtopotencial e seus componentes não observáveis (nairue naicu, respectivamente, taxa de desemprego e nívelde utilização da capacidade instalada nãoaceleradores da inflação). Sua implementação foiaprimorada com o uso do filtro de Kalman, resultandoem considerável redução no esforço computacional.

Assim como o filtro HP, o método deestimação HPFP requer a calibragem de algunsparâmetros. Dependendo dos valores usados, a sérieresultante para o hiato pode se aproximar maisdaquela obtida pela função de produção ou pelo filtroHP. Nesse sentido, o método HPFP é um caso geraldos métodos HP e FP.

O gráfico 4 apresenta o comportamento dohiato HPFP usando como parâmetros valores quefazem com que o método se aproxime da dinâmicado hiato FP. Como se pode depreender do gráfico, adiferença em relação ao hiato FP é basicamente umadiferença de nível da série.

Essa breve análise deixa claro que aidentificação de medidas adequadas para o produtopotencial e hiato do produto não é uma tarefa simples.As discrepâncias observadas nas séries obtidas pelosdiferentes métodos ressaltam as dificuldadesrelacionadas ao processo de estimação, confirmando aimportância do acompanhamento de indicadoreselaborados por diferentes metodologias, da estreitavigilância na consistência das séries e do aprimoramentoconstante das metodologias utilizadas.

Gráfico 2 – Taxa de crescimento do investimento – FBKF

% em doze meses

-10

-5

0

5

10

15

II1996

IV II1997

IV II1998

IV II1999

IV II2000

IV II2001

IV II2002

IV II2003

IV II2004

IV II2005

Gráfico 4 – Evolução hiato do produto – 1996-II a 2005-II

Tendência linear, filtro HP, função de produção e HPFP

Em % ao trimestre

II1996

IV II1997

IV II1998

IV II1999

IV II2000

IV II2001

IV II2002

IV II2003

IV II2004

IV II2005

TL HP FP HPFP

Gráfico 3 – Nível de utilização da capacidade

instalada da indústria dessazonalizada

72

74

76

78

80

82

84

86

II1996

IV II1997

IV II1998

IV II1999

IV II2000

IV II2001

IV II2002

IV II2003

IV II2004

IV II2005

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A adoção do regime de metas para inflaçãotrouxe, como conseqüência operacional para oBanco Central do Brasil, a necessidade de aprimoraros mecanismos de projeções para a inflação, baseadosem modelos econométricos e indicadoresantecedentes da dinâmica dos principais preços daeconomia. O esforço de projeção traz consigo umjuízo de valor a respeito dos principais riscosassociados ao cenário de referência para as variáveisrelevantes, com a incerteza sendo expressa por meiodos intervalos de confiança apresentados nos lequesde projeção (fan charts) da inflação e docrescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O“Relatório de Inflação” de setembro de 1999 detalhouo processo de construção dos leques e de decisão arespeito da simetria e da variância das projeções.Os leques de inflação e produto são resultado doconsenso obtido entre os membros do Comitê dePolítica Monetária (Copom) a respeito da trajetóriacentral e da incerteza acerca da trajetória futura dasvariáveis relevantes. Em edições anteriores do“Relatório de Inflação”, optou-se geralmente pelaconstrução de leques de projeções simétricos em tornoda projeção central1. Este boxe pretende apresentara experiência de outros países na exposição do balançode riscos da economia e fazer uma aplicação de umadistribuição assimétrica ao leque de projeções paraa inflação brasileira.

A maior parte dos bancos centrais que adotamo regime de metas para inflação, incluindo o Brasil,faz uso de intervalos de confiança, usualmente

Distribuições Assimétricas para os Leques de Previsão: aExperiência Internacional e uma Aplicação para o Brasil

1/ As exceções são dadas pelos cenários apresentados nos Relatórios de junho de 1999 e de dezembro de 2002.

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estimados a partir dos erros de previsão históricos dasprojeções2. A passagem do cálculo do erro de previsãopara a constituição dos parâmetros de variância dadistribuição normal constitui procedimento padrão3. Ofoco principal da análise do balanço de riscosconcentra-se na experiência de dois países, Suécia eInglaterra, por representarem abordagens operacionaissimétricas no tratamento do tema.

Na Inglaterra, desde 1996, o Bank of Englandapresenta suas projeções principais com base emuma distribuição de probabilidade4. O MonetaryPolicy Committee (MPC) faz inferências, a partirda conjuntura atual e das informações conhecidassobre o futuro, não apenas a respeito do valor centralda distribuição, mas também de sua variância e graude assimetria. Todas as informações são ponderadas,de tal forma que os principais riscos ao cenário básicosejam considerados na construção do valor centralda distribuição (moda) e da variância5. Os pesosatribuídos a cada um dos cenários considerados sãoderivados a partir da discussão realizada pelosmembros do MPC em suas reuniões. Outro aspectoimportante é que a própria assimetria da distribuiçãoé alterada ao longo do tempo: fenômenosconsiderados como tendo efeitos temporários sobrea inflação podem, por exemplo, fazer com que obalanço de riscos seja visto como positivo apenas noperíodo de duração estimado para o choque.

A decisão a respeito da variância dadistribuição não considera apenas os fatores inerentesà conjuntura da economia, mas também os problemasoperacionais que são naturais na atividade deprojeção. Exemplo disso foi o alargamento verificado,no último Inflation Report do Banco da Inglaterra,no intervalo de confiança do fan chart para a

2/ As alternativas ao uso do leque de previsão normalmente são baseadas na apresentação de cenários construídos a partir de mudanças nas

trajetórias de algumas variáveis relevantes para o comportamento da inflação. Destacam-se, nesse tipo de procedimento, a Nova

Zelândia e a Austrália.

3/ Alternativamente, alguns países, como a República Checa, utilizam os erros históricos de previsão em procedimentos de simulação

estocástica para gerar os intervalos das projeções. Ver Coates, W., Laxton, D. e Rose, D. (2003), “The Czech National Bank’s

forecasting and policy analysis system”, capítulo 6, disponível em: http://www.cnb.cz/en/publikace.php.

4/ Sobre o uso do fan chart e a distribuição “two-piece normal” utilizada na Inglaterra, ver Britton, E., Fisher, P., e Whitley, J. (1998) “The

Inflation Report projections: understanding the fan chart”. Bank of England Quarterly Bulletin, Fevereiro. http://

www.bankofengland.co.uk/publications/inflationreport/irprobab.htm.

5/ Obviamente, choques independentes podem ser ponderados de forma semelhante aos diferentes cenários para o valor central da

distribuição. Para choques que não sejam independentes, alguma consideração sobre a covariância da distribuição é realizada.

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trajetória do produto da economia nos primeirospassos do horizonte de previsão. A presença derevisões sistemáticas e significativas nos númerosdo PIB fez com que o erro de previsão associado aesses horizontes de previsão ficasse muito elevado6.

O Banco da Suécia (Riksbank) adota umprocedimento operacional praticamente simétrico aoutilizado no Banco da Inglaterra: em vez do grau deincerteza das projeções refletir as opiniões do comitêde decisão de política monetária, é o resultadoagregado da projeção de especialistas do Banco queé levado ao comitê para servir de base para apreciaçãona tomada de decisão7. No período de elaboraçãodo Inflation Report, os especialistas do Bancoelaboram projeções para variáveis específicas,apontando o grau de incerteza e a possibilidade daprojeção estar sub ou sobre-estimada, ambas medidaspor meio de desvios em relação à distribuição normal.Em uma reunião final, o cenário básico é elaborado,agregando às projeções de inflação os efeitos daincerteza e da assimetria sobre as demais variáveisrelevantes. Esse cenário básico é levado para oComitê Executivo, para apreciação e ajustes pontuais.

Tanto o Banco da Inglaterra quanto o daSuécia fazem uso da chamada distribuição normal deduas partes para a constituição de seus fan charts.Nessa distribuição, identificados três parâmetros –moda e duas medidas de variância – é possívelconstituir uma distribuição onde o intervalo deconfiança é assimétrico e que, sob condições bastantesimples, pode convergir para uma distribuição normal.A Figura 1 explicita uma distribuição assimétrica àdireita: a moda da distribuição separa as áreas dediferentes variâncias. Como a variância à direita dovalor central é maior, a média da distribuição é superiorà moda, configurando a assimetria.

Para mostrar que a distribuição normalpadrão constitui um caso especial na normal de duaspartes, definimos:

6/ Ver Inflation Report, agosto de 2005, boxe da página 40.

7/ Conforme Blix e Sellin (1999), o procedimento sueco configura uma abordagem “bottom-up”, ao invés do procedimento “top-down” do

Banco da Inglaterra. Ver Blix, M. e Sellin, P. (1999) “Inflation Forecasts with Uncertainty Intervals”. Sveridges Riksbank Quarterly

Review, número 2, disponível em: http://www.riksbank.com/templates/ItemList.aspx?id=11076

22

21

21

22

σσσσγ

+−=

Figura 1 – Histograma da distribuição normal de duas partes

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

1,45 2,95 4,45 5,95 7,45 8,95 10,45 11,95 13,45

Variância: σ22Variância: σ1

2 Moda: 5,5

Média: 7,28

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como um parâmetro da distribuição cujo valorabsoluto é menor do que a unidade, associado àassimetria da distribuição, definido pelas duasvariâncias s

12 e s

22, além de:

como um parâmetro associado ao desvio-padrão da distribuição normal de duas partes. Comessas definições, a função densidade de probabilidadeda distribuição normal de duas partes assume aseguinte fórmula:

onde “sgn” é uma função que é igual a 1quando a diferença entre os argumentos é maior doque zero, -1 quando a diferença é menor que zero, ezero quando os valores forem iguais. Como no casoda distribuição simétrica temos s

12 = s

22, o parâmetro

g torna-se igual a zero, levando a distribuição para anormal padrão. Além da definição da funçãodensidade, os próprios momentos da distribuiçãonormal de duas partes podem ser todos escritos emtermos dos dois parâmetros acima8. Tambémdestaca-se que valores positivos de g implicam umadistribuição assimétrica à direita. A variância serátão maior que s2 quanto maior for a diferença entres

12 e s

22, sem importar a direção da assimetria.

No que se segue, o boxe procuraestabelecer comparações entre a distribuição normal,freqüente nos procedimentos do Banco Central doBrasil, e as implicações do uso de assimetria possíveisno uso da distribuição normal de duas partes. Comesse objetivo, apresentamos duas condiçõesextremas citadas na edição de junho de 2004 do“Relatório de Inflação”. Na época, o “Relatório deInflação” apontava, na seção 6.2, que os principaisriscos para a trajetória de convergência da inflação

8/ Detalhes adicionais sobre a distribuição normal de duas partes em: Blix, M. e Sellin, P. (1998) “Uncertainty Bands for Inflation

Forecasts”. Sveridges Riksbank Working Paper Series, número 65, disponível em: http://www.riksbank.com/templates/

Document.aspx?id=1013; Britton, E., Fisher, P., e Whitley, J. (1998) “The Inflation Report projections: understanding the fan chart”.

Bank of England Quarterly Bulletin, Fevereiro. http://www.bankofengland.co.uk/publications/inflationreport/irprobab.htm; e Riella, G.,

Staub, R. B. e Rodrigues Neto, J. A., “A Distribuição Normal de Duas Partes: Algumas Extensões”, texto de circulação interna do

Departamento de Estudos e Pesquisas do Banco Central do Brasil.

( ) [ ]

−−−−

++

= )sgn(.12

exp2

1.

1

1

1

1

2)(

2

2

,, µγσµ

πσ

γγ

γσµ xx

xf

22

21

212

σσ

σσσ+

=

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para as metas estavam na velocidade da mudançade rumo na política monetária norte-americana e natrajetória futura dos preços do petróleo. Tendo emvista a alta volatilidade dos preços do petróleo, aexposição de leques assimétricos refletiria o balançode riscos que consideraria maior a probabilidade dea inflação situar-se acima da trajetória centralexposta. Por outro lado, o mesmo documentoapontava que os cenários de baixa persistência dainflação, apesar de terem sua importância diminuídanaquela época, poderiam ser levados em conta naconstrução de um cenário positivo para a distribuiçãodas probabilidades de inflação.

Considerando-se o cenário de referência daépoca como a moda da distribuição esperada pelosmembros do Copom para a inflação e os parâmetrosde erro de previsão utilizado na época, apresentamosna Tabela 1 qual seria a média da distribuição supondodois diferentes graus de assimetria. Conformeexposto, no cenário pessimista em termos de trajetóriada inflação, a média da distribuição seriasistematicamente maior do que a moda apresentada,caracterizando a assimetria à direita da distribuiçãodo leque do gráfico. A Figura 1, apresentadaanteriormente, constitui a distribuição para a previsãodo primeiro trimestre de 2005. Ressalta-se, entretanto,que esse exemplo é meramente ilustrativo pois o valorde γ foi escolhido de forma arbitrária.

Ainda sobre a distribuição acima expostapara o grau de assimetria, o Gráfico 1 mostra asbandas de 50% da distribuição do intervalo deconfiança em cada uma das situações, supondo queo valor central da distribuição corresponde sempre àmoda apresentada no “Relatório de Inflação”.Conforme destacado anteriormente, em ambasformulações assimétricas, a variância da distribuiçãotorna-se maior que a variância gerada peladistribuição normal padrão. De toda forma, com ouso de fan charts assimétricos, a autoridademonetária ganha um instrumento adicional para asinalização à sociedade dos riscos envolvidos nocomportamento futuro da inflação.

Os cenários construídos consideram apenaso problema de choques vistos como permanentes pelaautoridade monetária, ao menos ao longo do horizontede previsão. Uma visão alternativa, por exemplo,

Tabela 1 – Valor central e médias dos

cenários alternativos

Período

Valor central – Moda

Cenário pessimista – Média

Cenário otimista – Média

γ = 0 1/ γ = +0,70 γ = -0,70

2004T2 5,9 6,3 5,5

2004T3 6,3 7,2 5,4

2004T4 6,4 7,7 5,1

2005T1 5,5 7,3 3,7

2005T2 4,8 6,9 2,7

2005T3 4,6 7,0 2,2

2005T4 4,4 6,9 1,9

1/ Equivale ao valor central da distribuição do cenário de referência publicado no

“Relatório de Inflação” de junho de 2004.

Gráfico 1 – Fan chart do "Relatório de Inflação" de junho

de 2004 – Leques padrão e assimétricos

Variação em %

1,0

3,0

5,0

7,0

9,0

2003-IV 2004-II 2004-IV 2005-II 2005-IV

Valor central – RI Banda 50% – RI

Banda 50% – Pessimista Banda 50% – Otimista

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poderia considerar que a volatilidade então presenteno mercado de petróleo configurasse um fenômenotemporário. A Tabela 2 apresenta o cenário dereferência – uma vez mais considerado como modada distribuição –, a média do cenário consideradopessimista com parâmetro γ = +0,7 e a média de umcenário supondo que o parâmetro γ inicialmente sejaigual a 0,7, decaindo, de forma linear, até zero noúltimo ponto do horizonte de previsão (2005-IV). Essarepresentação mostraria um ambiente onde os riscosassociados ao cenário de referência seriamgradualmente eliminados ao longo do tempo.

O cenário de risco decrescente ressalta ocaráter linear da relação entre média, moda e oparâmetro definido de assimetria, tendo em vista aconvergência dos valores estimados para a inflação nosdois extremos do horizonte de previsão. O Gráfico 2mostra a distribuição em torno da moda desses trêscenários. Note-se que a variância também possui umarelação linear com a variância da distribuição, poisos valores iniciais dos extremos do intervalo deconfiança são iguais aos do “cenário pessimista”,convergindo ao longo do horizonte de previsão paraos valores do cenário apresentado em junho de 2004.

Para concluir, deve-se ressaltar que o usode intervalos de confiança nas projeções de inflaçãoapresenta sempre algum tipo de combinação entre atécnica estatística adequada e o julgamento daautoridade monetária. Qualquer projeção realizadanecessariamente implica determinado grau deincerteza acerca de sua realização, o qual deve sermensurado conforme opiniões subjetivas daautoridade monetária. Assim, o objetivo do uso defan charts é transmitir para os agentes econômicosnão apenas o valor principal esperado para asvariáveis, mas também explicitar o grau de incertezainerente às previsões econômicas, levando tambémem consideração os riscos associados.

Tabela 2 – Valor central e médias de cenários com γ variável

PeríodoValor central – Moda

Cenário pessimista – Média

Cenário alternativo – Média

γ = 0 1/ γ = +0,70γ decrescente no

tempo

2004T2 5,9 6,3 6,3

2004T3 6,3 7,2 6,9

2004T4 6,4 7,7 7,1

2005T1 5,5 7,3 6,1

2005T2 4,8 6,9 5,3

2005T3 4,6 7,0 4,9

2005T4 4,4 6,9 4,4

1/ Equivale ao valor central da distribuição do cenário de referência publicado no

“Relatório de Inflação” de junho de 2004.

Gráfico 2 – Fan chart do "Relatório de Inflação" de junho

de 2004 – Leques com variação na assimetria

Variação em %

1,5

3,5

5,5

7,5

9,5

2003-IV 2004-II 2004-IV 2005-II 2005-IV

Valor central – RI Banda 50% – RI

Banda 50% – Pessimista Banda 50% – Alternativo

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Data: 14 e 15/6/2005Local: Sala de reuniões do 8º andar (14/6) e do20º andar (15/6) do Edifício-Sede do Banco Central –Brasília – DF Horário de início: 16h30 (14/6) e 16h36 (15/6)Horário de término: 19h20 (14/6) e 19h30 (15/6) Presentes:Membros do CopomHenrique de Campos Meirelles – PresidenteAfonso Sant’Anna BevilaquaAlexandre Antonio TombiniAlexandre SchwartsmanAntonio Gustavo Matos do ValeJoão Antônio Fleury TeixeiraPaulo Sérgio CavalheiroRodrigo Telles da Rocha AzevedoSérgio Darcy da Silva Alves Chefes de Departamento (todos presentes no dia 14)Altamir Lopes – Departamento EconômicoCarlos Fernando de Barros Serrão –Departamento de Operações do Mercado AbertoJosé Antônio Marciano – Departamento deOperações Bancárias e de Sistema de PagamentosJosé Pedro Ramos Fachada – Gerência-Executivade Relacionamento com InvestidoresMarcelo Kfoury Muinhos – Departamento deEstudos e Pesquisas (também presente no dia 15)Renato Jansson Rosek – Departamento deOperações das Reservas Internacionais

Demais participantes (presentes no dia 14)Alexandre Pundek Rocha – Consultor da DiretoriaFlavio Pinheiro de Melo – Consultor da DiretoriaKatherine Hennings – Consultora da DiretoriaJoão Batista Nascimento Magalhães – AssessorEspecial do PresidenteJocimar Nastari – Assessor de Imprensa Os membros do Copom analisaram a evoluçãorecente e as perspectivas para a economia brasileirae para a economia internacional, no contexto doregime de política monetária, cujo objetivo é atingiras metas fixadas pelo governo para a inflação.

Evolução Recente da Inflação 1. Os índices de preços ao consumidor mostraramarrefecimento da inflação em maio, influenciados,principalmente, pela desaceleração dos preçosmonitorados e dos alimentos. No atacado, os índicesregistraram variação negativa no mês, refletindo acontinuidade da queda dos preços agrícolas,acompanhada pelos preços industriais, que tambémrecuaram, porém com menor intensidade. 2. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo(IPCA) aumentou 0,49% em maio, ante 0,87% emabril. Com esse resultado, a variação no ano atingiu3,18% e a acumulada em doze meses 8,05%. A maiorcontribuição para o resultado do mês veio daelevação na tarifa de energia elétrica, que respondeupor 0,08 p.p., seguida pelo aumento dos preços dosremédios, com 0,07 p.p. Outros destaques de preçosem alta foram vestuário, obedecendo a padrão

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sazonal; e pão francês, em função do preço do trigo.Por outro lado, contribuíram para o recuo do índice,as variações do preço do álcool combustível, -5,42%,e da gasolina, -0,64%, influenciadas pela redução dopreço do álcool anidro. O conjunto de preços livresconsiderados no cálculo do IPCA aumentou 0,59%,em maio, frente a 0,76% no mês anterior, e respondeupor 0,42 p.p. da variação do índice no período. Ospreços monitorados e administrados por contratovariaram 0,25%, ante 1,14% em abril, respondendopor 0,07 p.p. da variação do IPCA. 3. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna(IGP-DI) registrou variação negativa de 0,25% em maio,após alta de 0,51% em abril, acumulando altas de 1,99%no ano e de 8,36% nos últimos doze meses.Considerados os componentes do IGP-DI, o Índice dePreços ao Consumidor – Brasil (IPC-Br) aumentou0,79% no mês, ante 0,88% no mês anterior, peladesaceleração de preços de alimentos e de transportes.A elevação do Índice Nacional do Custo da Construção(INCC) atingiu 2,09% em maio, ante 0,72% no mêsanterior, sobretudo pelo aumento dos custos da mão-de-obra em quatro das doze capitais integrantes doINCC, refletindo datas-base de categorias do setor. OÍndice de Preços por Atacado – Disponibilidade Interna(IPA-DI) registrou variação negativa de 0,98% em maio,após elevação de 0,33% em abril, acumulando alta de0,94% no ano e de 8,48% em doze meses. 4. A variação negativa do IPA-DI em maio refletiu aredução de preços agrícolas e industriais. O IPA-agrícola recuou 2,76%, após queda de 1,6% em abril,em movimento que atingiu a maioria dos produtosque fazem parte do índice. A variação negativa de0,38% dos preços industriais refletiu o comportamentonos preços de segmentos importantes, como produtosalimentares, química e metalúrgica. Considerando oIPA-DI segundo os três estágios de processamento,o recuo dos preços das matérias-primas brutasacentuou-se em maio, influenciado pela evolução dospreços de origem agropecuária. Os preços de bensfinais e bens intermediários, também experimentaramquedas em maio, após aumentos que predominaramno período de janeiro a abril. 5. Os núcleos de inflação para o IPCA reduziram-seem maio. O núcleo calculado pelo método das médiasaparadas com suavização de itens preestabelecidos

situou-se em 0,65%, ante 0,7% no mês anterior, etotalizou 7,61% em doze meses. A mesma medidapara o núcleo, calculada sem o procedimento desuavização de itens preestabelecidos, passou de 0,7%em abril para 0,46% em maio, com aumentoacumulado de 6,62% em doze meses. O núcleocalculado pela exclusão de alimentos no domicílio epreços monitorados diminuiu de 0,71% em abril para0,57% em maio. Em doze meses, essa medida denúcleo do IPCA acumula variação de 7,15%. 6. O núcleo de inflação para o IPC-Br, calculadopela Fundação Getulio Vargas (FGV) pelo métododas médias aparadas simétricas, atingiu 0,73% emmaio, ante 0,65% em abril, totalizando alta de 5,98%em doze meses. 7. O índice de difusão do IPCA mostrou redução donúmero de itens que registraram variações positivasem maio, 65,8%, ante 67,2% em abril.

Avaliação Prospectiva dasTendências da Inflação

8. Os choques identificados e os impactos foramreavaliados de acordo com as novas informaçõesdisponíveis. O cenário considerado nas simulaçõescontempla as seguintes hipóteses: a) as projeções para os reajustes totais nos preçosda gasolina e de gás de botijão para 2005 forammantidas em valor igual ao da reunião anterior: 0%; b) em relação às tarifas de telefonia fixa e de energiaelétrica residencial, as projeções de reajustes para oacumulado em 2005 foram mantidas em valoresiguais aos da reunião de maio, 8,6% e 10,8%,respectivamente; c) para o conjunto total de itens administrados porcontrato e monitorados, com peso de 29,7% no IPCAde maio, o Copom manteve a projeção de 7,3% paratodo o ano de 2005; d) a projeção dos reajustes de todos os itensadministrados por contrato e monitorados para 2006foi revista para cima em 0,6 p.p., passando de 5,1%para 5,7%. A revisão deve-se ao fato de que alguns

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dos itens administrados, para os quais já se dispõe demaiores informações em função dos reajustes para2005 já terem ocorrido, foram projetadosindividualmente para 2006. Para os demais itens, asprojeções continuam baseadas no modelo dedeterminação endógena de preços administrados, queconsidera componentes sazonais, variações cambiais,inflação de preços livres e inflação medida pelo ÍndiceGeral de Preços (IGP); e) a projeção para o spread de seis meses sobre a taxaSelic, seguindo especificação de um modelo VAR queutiliza Selic e swap em níveis a partir dos valores vigentesnos dias que antecederam a reunião do Copom, partede uma média de -2 p.b. no terceiro trimestre de 2005 ealcança 40 p.b. no último trimestre de 2006. 9. Em relação à política fiscal, supõe-se ocumprimento da meta de superávit primário de 4,25%do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 e em 2006.São mantidas as demais hipóteses consideradas nareunião anterior. 10. A partir das hipóteses do cenário de referência,que incluem a manutenção da taxa de juros em19,75% ao ano e da taxa de câmbio em patamarpróximo ao que prevalecia na véspera da reunião doCopom (R$2,47), concluiu-se que as projeções deinflação estão acima do objetivo de 5,1% para 2005,mas abaixo do centro da meta em 2006. No cenáriode mercado, que incorpora as trajetórias para a taxade câmbio e para a taxa Selic esperadas pelos agentesdo mercado na véspera da reunião do Copom, deacordo com os dados da pesquisa realizada pelaGerência-Executiva de Relacionamento comInvestidores (Gerin) do Banco Central do Brasil, asprojeções se encontram acima do objetivo de 5,1%para 2005 e acima da meta de 4,5% para 2006.

Implementação da Política Monetária 11. Depois de atingir 0,87% em abril – o maior valordesde julho de 2004 – e após três meses consecutivosde elevação, a inflação medida pelo IPCA recuouem maio para 0,49%, a maior redução desde outubrode 2003. Esse movimento do IPCA deveu-se emgrande parte à menor variação dos preçosmonitorados, e ocorreu a despeito da aceleração dospreços do vestuário. Apesar de pressões oriundas

de tarifas de energia elétrica, o conjunto dosmonitorados registrou baixo incremento, emdecorrência da queda nos preços dos combustíveis. 12. Os núcleos do IPCA registraram desaceleraçãoem maio, em todos os critérios acompanhados peloCopom – por exclusão ou por médias aparadas, comou sem suavização. O núcleo por exclusão de itensmonitorados e de alimentos no domicílio, queapresentou maior variação em abril entre as trêsmedidas consideradas, desacelerou em maio, refletindoo arrefecimento dos preços livres, tanto de benscomercializáveis como de não-comercializáveis. Onúcleo sem suavização foi o que mais se desacelerou,em linha com a menor variação do índice pleno. Porsua vez, o índice com suavização foi o que menos sedesacelerou, refletindo o componente inercial implícitoem sua construção, sendo também o que permanececom o maior valor acumulado nos últimos doze meses.Em que pese a desaceleração de todas as medidas denúcleo, cabe notar que seus níveis ainda nãoalcançaram aqueles compatíveis com a trajetória demetas. 13. O IGP-DI apresentou deflação de 0,25% emmaio, dando continuidade à forte desaceleraçãoregistrada em abril. Esse comportamento deveu-seao expressivo declínio na variação do IPA, queregistrou deflação de 0,98% em maio, contra inflaçãode 0,33% em abril, refletindo, em parte, novo recuono IPA de produtos agrícolas, revertendo as fortesaltas registradas em fevereiro e março em funçãode condições climáticas desfavoráveis. Além disso,ao contrário do ocorrido nos meses anteriores, oÍndice de Preços por Atacado (IPA) de produtosindustriais também registrou deflação em maio.Dados do IGP-M para o primeiro decêndio de junho,indicam arrefecimento do recuo nos preços dosprodutos agrícolas, mas intensificação da queda nospreços dos produtos industriais. Em todo caso,acumulam-se evidências de uma acomodaçãoconsistente de preços no atacado. Conformedestacado nas Notas de reuniões passadas do Copom,a menor variação do IPA industrial nos últimos mesesreflete, em parte, a apreciação cambial observadano período e a própria ação da política monetária,podendo ter efeitos benéficos sobre a variação futurados preços ao consumidor, desde que se mantenha atendência observada recentemente. A intensidade

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desses repasses dependerá, naturalmente, dascondições prospectivas da demanda e dasexpectativas dos formadores de preços em relaçãoà trajetória futura da inflação. 14. O PIB apresentou crescimento dessazonalizadode 0,3% no primeiro trimestre de 2005 em relaçãoao último trimestre de 2004. O resultado divulgadopelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) confirmou a tendência de acomodação noritmo de crescimento da economia, que completouoito trimestres consecutivos de expansão desde 2003.A acomodação observada a partir do último trimestrede 2004 se verifica após um período de crescimentoacelerado da economia no qual foi atingido um nívelde atividade historicamente elevado. O crescimentofoi sustentado pelo setor de agropecuária queregistrou, na mesma base de comparação, expansãode 2,6%, enquanto a indústria e os serviçosapresentaram quedas de 1,0% e 0,2%,respectivamente. A acomodação no ritmo decrescimento foi mais visível nos componentes dademanda doméstica. Houve reduções de 3,0% naformação bruta de capital fixo e de 0,6% no consumodas famílias. Do ponto de vista do investimento, a quedase deu pelo segundo trimestre consecutivo, apóscrescimento ininterrupto por cinco trimestres, desdemeados de 2003, a taxas muito elevadas. O consumodas famílias apresentou retração após ter registradocrescimento positivo em todos os trimestres de 2004.As exportações de bens e serviços cresceram 3,5%,ao passo que as importações cresceram 2,3% emrelação ao quarto trimestre de 2004. O crescimentodas exportações líquidas confirmou o aumento, noperíodo, da importância relativa da demanda externacomo fator de sustentação do crescimento daeconomia. Tendo em vista o comportamento dosindicadores antecedentes da atividade econômica e aconsolidação progressiva dos resultados do processode ajuste implementado desde setembro de 2004, oritmo de crescimento da economia deverá voltar aacelerar-se ao longo dos próximos trimestres. 15. A produção industrial se manteve estável em abril,em termos dessazonalizados, segundo o IBGE. Esseresultado manteve a produção industrial em nívelpróximo ao seu máximo histórico, atingido emdezembro do ano passado. A estabilidade registradaem abril segue-se a um crescimento dessazonalizado

de 1,5% observado em março e pode estar refletindoa correção de flutuações inerentes a séries submetidasa procedimentos de dessazonalização na presençade feriados móveis. Considerando-se uma série maisestável, de médias móveis trimestrais, o nível deprodução também registrou estabilidade em abril, epermanece no elevado patamar observado desde ofinal de 2004. Os indicadores antecedentes ecoincidentes da série sinalizam estabilidade daprodução industrial em maio. 16. Em termos da composição da atividade industrial,somente a categoria de bens intermediários registroucrescimento em abril. Houve queda na produção debens de consumo – tanto de duráveis, como desemiduráveis e não duráveis. A produção de bens decapital caiu em abril, após ter apresentado altaexpressiva em março. A análise das médias móveistrimestrais sugere que em abril a produção de bensde consumo duráveis manteve a trajetória decrescimento dos últimos meses, e que a produção debens de consumo semiduráveis e não duráveisregistrou queda. Houve queda também na produçãode bens de capital. Os bens intermediários, por seuturno, interromperam a trajetória de reduçãoobservada desde setembro de 2004. A persistir ocomportamento observado na margem, estariamudando o padrão verificado nos dois últimos meses,em que os bens de consumo duráveis mais sensíveisao crédito sustentavam forte desempenho, enquantoitens mais sensíveis à renda perdiam dinamismo. Talcomo em meses anteriores, mais observações serãonecessárias para caracterizar possíveis mudanças nopadrão da atividade industrial. 17. No mercado de trabalho, os números recentesratificam a manutenção do bom desempenho que seobserva há vários trimestres. Segundo pesquisa doIBGE, a taxa de desocupação manteve-se estávelem 10,8% em abril, contrariando o padrão observadoem 2003 e em 2004, quando houve elevação da taxanesse mês. Além disso, no primeiro quadrimestre de2005, a taxa de desocupação continua em níveisinferiores aos registrados em igual período de 2004.A população ocupada aumentou 0,1% em relação amarço, mas houve redução tanto da massa salarialquanto do rendimento médio, em termos reais. Oemprego na indústria de transformação, segundodados da Confederação Nacional da Indústria (CNI),

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dessazonalizados pelo Banco Central, prossegue emtrajetória de crescimento desde o primeiro trimestrede 2003. Após ter caído no início deste ano e crescidoem março, a massa salarial real na indústria voltou arecuar em abril. O emprego formal, computado peloMinistério do Trabalho e Emprego (MTE), tambémcontinua em trajetória de expansão, com a criaçãode um total de 266.095 empregos em abril, valor maisalto para o mês desde o início da série. Com esseresultado, a criação de empregos no setor formaltotalizou mais de meio milhão de novas vagas noprimeiro quadrimestre de 2005. 18. As vendas no comércio varejista recuaram 0,2%em abril, segundo dados dessazonalizados do IBGE.Esse comportamento no mês pode ser atribuído, emparte, à reversão do efeito de feriados móveismencionado no parágrafo 15. O setor de tecidos,vestuário e calçados foi o que apresentou melhordesempenho, com incremento de 13,7%, seguidopelas vendas de móveis e eletrodomésticos, quecresceram 1,0%. Os demais componentesregistraram recuo em relação a março. Segundo ocritério de médias móveis trimestrais, a trajetória decrescimento do volume de vendas parece teralcançado um patamar de acomodação nos últimosmeses, após um período de forte crescimento desdemeados de 2003. Quanto à composição setorial, asvendas de móveis e de eletrodomésticos, e tambémde tecidos, vestuário e calçados, continuam emtrajetória de crescimento. Por outro lado, essemovimento é contrabalançado pela queda nas vendasem hiper e supermercados. O índice de confiançado consumidor medido pela Federação do Comérciodo Estado de São Paulo (Fecomercio SP) apresentounovo recuo, mas ainda permanece em patamareshistoricamente elevados. 19. Conforme ressaltado nas Notas das últimasreuniões do Copom, ainda que tenha havido algumrecuo na utilização de capacidade, de acordo com osdados da CNI dessazonalizados pelo BC, em umambiente em que persiste uma elevada utilização dacapacidade instalada em termos históricos, a trajetóriada inflação dependerá marcadamente dosdesenvolvimentos correntes e prospectivos no tocanteà ampliação da oferta de bens e serviços para oadequado atendimento da demanda. Nesse sentido,o indicador de investimento representado pela

absorção de bens de capital registrou expansão de1,8% no acumulado do ano até abril. O ritmo maislento de crescimento registrado na margem reflete aacentuada queda nos investimentos em maquinárioagrícola e bases de comparação consideravelmentemais elevadas, após a forte expansão dosinvestimentos observada ao longo de 2004, quando ataxa de crescimento dos investimentos alcançou omaior valor anual desde 1994. A produção de bensde capital, por sua vez, acumulou crescimento de13,0% nos doze meses terminados em abril. Emborapareça pouco plausível que a acomodação recenteno ritmo de investimento persista, um foco importantede preocupação em relação à dinâmica prospectivada inflação continuará sendo o desempenho da ofertaagregada nos próximos trimestres. 20. No comércio exterior, os superávits expressivosforam mantidos em maio, reforçando perspectivasmais favoráveis que as anteriormente previstas parao ano. As exportações e as importações continuarama expandir-se a taxas elevadas nos cinco primeirosmeses do ano, em relação a igual período do anoanterior. Nos doze meses encerrados em maio de 2005,as exportações cresceram 32,6% em valor, em relaçãoao mesmo período de 2004. No mesmo critério decomparação, as importações vêm se expandindo à taxade 30,5%, refletindo, em parte, a elevação dos preçosdo petróleo, dado que as importações ex-petróleoaumentaram cerca de 27%. Com as exportaçõescrescendo em ritmo mais forte que as importações, osaldo comercial ampliou-se para US$38,1 bilhões nosúltimos doze meses, o que representa uma expansãode 36,3% em relação aos doze meses encerrados emmaio de 2004. O bom desempenho dos saldoscomerciais proporcionou superávit em transaçõescorrentes de US$13,4 bilhões no período de dozemeses encerrado em maio, equivalente a 2,1% do PIB.A ampliação do comércio exterior registrada nos anosrecentes trouxe consigo uma tendência de reduçãodo índice de concentração das exportações, seja eleavaliado por destino ou por produtos. 21. No âmbito externo, embora os mercadosfinanceiros internacionais tenham permanecidovoláteis, houve melhora em relação ao cenárioconsiderado por ocasião da reunião de maio do Copom.Ao longo das últimas semanas, a elevação dos jurosdos títulos do Tesouro dos Estados Unidos acabou

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sendo mais do que revertida e os títulos de 10 anosatingiram no final de maio seu maior valor desde abrilde 2004, antes do início do processo de ajuste napolítica monetária norte-americana. Da mesma forma,parece ter havido recentemente uma absorção, aindaque parcial, dos choques associados à reavaliação daqualidade do crédito nos Estados Unidos. No caso doBrasil, esses desenvolvimentos foram acompanhadosde reversão nos movimentos de alta no prêmio de risco-Brasil e de depreciação na taxa de câmbio. No entanto,as condições de liquidez e a estabilidade dos mercadoscontinuam sujeitas ao quadro macroeconômico nospaíses industrializados, especialmente nos EstadosUnidos, e à possível resposta da política monetária doFed à sua evolução. Um fator de preocupação adicionalestá associado aos desequilíbrios nas contas externasde algumas das principais economias mundiais e àpossibilidade de que eventuais ajustes em suastrajetórias determinem grandes flutuações cambiais.Apesar desse quadro, no qual há incertezas relevantes,o Copom continua atribuindo baixa probabilidade a umcenário de deterioração significativa nos mercadosfinanceiros internacionais. 22. Os preços do petróleo, por sua vez, após terematingido níveis sem precedentes no fim de março einício de abril, entraram em trajetória de queda atémeados de maio, mas reverteram esse movimento nasúltimas semanas. A elevação nos níveis e na volatilidadedos preços tem ocorrido em resposta a novasinformações sobre condições de demanda, possíveisrestrições à expansão na oferta por parte dos paísesprodutores e estoques disponíveis nos principais paísesconsumidores. As previsões sobre a trajetória futurados preços do petróleo continuam marcadas por grandeincerteza, concentrada, no momento, nas dúvidas arespeito do alcance e da persistência das mudançasrecentes de tendência, o que levou o Comitê a manterem seu cenário básico a hipótese de que não haveráreajuste nos preços domésticos dos combustíveis em2005. No entanto, no que diz respeito ao impacto dospreços internacionais sobre os preços domésticos,ainda que as elevações recentes não se traduzam emaumento no preço da gasolina, elas continuamrepresentando um fator de risco para a trajetória futurada inflação por intermédio dos seus efeitos sobre ospreços de insumos derivados do petróleo, bem comosobre as expectativas dos agentes econômicos. Éimportante assinalar que esse aspecto mais

desfavorável do quadro externo passou a representarum risco maior para a trajetória futura da inflação doque havia sido avaliado na reunião de maio do Copom. 23. Desde a última reunião do Copom, a medianadas expectativas coletadas pela Gerin para a variaçãodo IPCA em 2005 se reduziu, passando de 6,4% para6,2%. Nesse sentido, as expectativas para a inflaçãode 2005 começam a ser sensibilizadas de forma maisperceptível por desenvolvimentos favoráveis que contribuem para arrefecer as pressões inflacionárias,tais como os sinais de acomodação no ritmo decrescimento da economia, a reavaliação dasexpectativas de mercado para a trajetória da taxa decâmbio e a postura mais restritiva de políticamonetária. As expectativas para a inflação dozemeses à frente também diminuíram nas últimassemanas, e o fizeram em medida maior do que avariação nas taxas esperadas para 2005. Asexpectativas para 2006 permaneceram estáveisdesde a reunião de maio. Esses desenvolvimentossugerem que a postura monetária adotada, além deconter as pressões inflacionárias de curto prazo, estácontribuindo de forma importante para aconsolidação de um ambiente macroeconômicofavorável em horizontes mais longos. 24. A projeção de inflação do cenário de referência,que pressupõe a manutenção da taxa Selic em 19,75%a.a. e da taxa de câmbio em R$2,47 ao longo de todoo horizonte de projeção, apresentou redução emrelação à reunião anterior do Copom, mas ainda sesituando acima do objetivo de 5,1% para o ano. Essamelhora deveu-se em especial à mudança nasexpectativas de inflação, à surpresa positiva nainflação de maio e à atualização da medida do hiatodo produto pela incorporação dos dados das ContasNacionais do primeiro trimestre de 2005. As projeçõesbaseadas no cenário de mercado, que incorpora astrajetórias de câmbio e da taxa Selic esperadas pelomercado no período imediatamente anterior à reuniãodo Copom, situam-se acima das projeções do cenáriode referência, mas também se reduziram em relaçãoao mês anterior, pelas mesmas razões apontadas nocaso do cenário de referência. Para 2006, a projeçãode inflação associada ao cenário de referência semanteve constante permanecendo, portanto, abaixodo centro da meta estabelecida pelo ConselhoMonetário Nacional (CMN). Já no cenário de

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mercado, houve ligeira redução na projeção, que, aindaassim, manteve-se acima do centro da meta. 25. O Copom também considerou as projeções deinflação para horizontes situados entre dezembro de2005 e dezembro de 2006, como os períodos de dozemeses que se encerram em março de 2006, junho de2006 e setembro de 2006. Trata-se de horizontes cujosresultados serão mais sensíveis às decisões correntesde política monetária do que os do ano calendário de2005, sendo, ao mesmo tempo, períodos cobertos porprojeções de inflação mais confiáveis do que as jádisponíveis para o ano calendário de 2006. A projeçãodo cenário de referência para o período de dozemeses que se encerra em março de 2006 encontra-se acima do seu valor na trajetória de metas obtidapela interpolação do objetivo de inflação de 5,1% para2005 e da meta de 4,5% estabelecida pelo CMN para2006. No entanto, essa projeção encontra-se abaixoda projeção correspondente efetuada por ocasião dareunião de maio do Copom. Já as projeções do cenáriode referência para os períodos de doze meses que seencerram em junho de 2006 e em setembro de 2006encontram-se abaixo dos valores que dizem respeitoa esses mesmos períodos na trajetória de metas. 26. O Copom reafirma o diagnóstico, expresso nasNotas das últimas reuniões, de que os efeitos do ciclode aumento da taxa de juros básica iniciado emsetembro de 2004 já se fazem sentir tanto nosresultados da inflação nos primeiros meses do ano,como nas projeções de inflação realizadas peloBanco Central e pelos analistas do setor privado. Aatividade econômica deverá continuar em expansão,mas a um ritmo menor e mais condizente com ascondições de oferta, de modo a não resultar empressões significativas sobre a inflação. Além disso,o Copom avalia que houve uma redução napersistência de focos localizados de pressão nainflação corrente e uma melhora do cenário externo,não obstante a elevação recente dos preçosinternacionais do petróleo. Dessa forma, reduziram-se, em relação à reunião de maio, os riscos a queestá submetido o processo de convergência dainflação para a trajetória de metas. 27. Diante disso, o Comitê avaliou que a perspectivade manutenção da taxa de juros básica por umperíodo suficientemente longo de tempo no nível

estabelecido em sua reunião de maio já seria capazde proporcionar condições adequadas para assegurara convergência da inflação para a trajetória de metas,não havendo, portanto, necessidade de prosseguircom o processo de ajuste iniciado na reunião de setembrode 2004. Assim, o Copom decidiu, por unanimidade,manter a meta para a taxa Selic em 19,75% a.a., semviés. Evidentemente, na eventualidade de se verificar umaexacerbação de riscos que implique alteração do cenárioprospectivo traçado para a inflação neste momento peloComitê, a estratégia de política monetária seráprontamente adequada às circunstâncias. 28. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitêvoltaria a se reunir em 19 de julho de 2005 para asapresentações técnicas e, no dia seguinte, paradeliberar sobre a política monetária, conformeestabelecido pelo Comunicado 12.631, de 29.10.2004.

Sumário dos Dados Analisadospelo Copom

Atividade econômica 29. O volume de vendas do comércio varejistaregistrou recuo de 0,2% em abril, em relação ao do mêsanterior, após ajuste sazonal, segundo dados da PesquisaMensal do Comércio (PMC) do IBGE, de abrangêncianacional. Para esse resultado contribuiu, principalmente,a variação negativa de 0,5% observada nas vendas dossegmentos Hipermercados, supermercados, produtosalimentícios, bebidas e fumo. Comparativamente aomovimento varejista registrado em abril de 2004, observou-se crescimento de 3,4% no volume de vendas,destacando-se os segmentos de Móveis eeletrodomésticos e Tecidos, vestuário e calçados, comacréscimos respectivos de 23,9% e 14,8%. As vendasdo subsegmento Super e hipermercados registraramqueda de 2,1%, resultado em parte influenciado pelaalteração na base de comparação, pois as vendas daPáscoa neste ano aconteceram em março. As vendasdo segmento de Veículos e motos, partes e peças, quenão integra a composição do índice geral, cresceram 5,6%.No quadrimestre, o volume de vendas do comérciovarejista aumentou 5% em relação ao verificado nomesmo período de 2004. 30. Indicadores do comércio sinalizaramcomportamento favorável das vendas em maio.

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Segundo a Associação Comercial de São Paulo(ACSP), as consultas ao sistema Usecheque e aoServiço de Proteção ao Crédito (SPC) cresceram 2,7%e 0,4% no mês, respectivamente, em comparação aoobservado em abril, após ajuste sazonal. Nos primeiroscinco meses do ano, esses indicadores revelaramaumentos de 4,4% e 6,2%, respectivamente, quandocomparados ao mesmo período do ano anterior. 31. A pesquisa mensal da Fecomercio SP registrouredução no Índice de Confiança do Consumidor(ICC) em junho, 0,8%, em comparação ao nível demaio, como resultado dos recuos de 1,8% no Índicedas Condições Econômicas Atuais (Icea) e de 0,2%no Índice de Expectativas do Consumidor (IEC). 32. Em relação aos indicadores de investimento, aprodução de insumos da construção civil e afabricação doméstica de bens de capital recuaram1,1% e 2,9% em abril, respectivamente,comparativamente aos níveis observados no mêsanterior, após ajuste sazonal. A importação de bensde capital cresceu 3%, na mesma base decomparação. A expansão da fabricação domésticade bens de capital mostrou desaceleração nosprimeiros meses do ano. Após encerrar 2004 comcrescimento de 19,7%, a categoria apresentouvariação de 2,8% no primeiro quadrimestre de 2005,em relação a igual período do ano anterior. Aimportação desses bens, por outro lado, apresentoutendência de aceleração, evidenciada pelocrescimento de 21,3% no quadrimestre, superior àexpansão de 10,2% registrada em 2004. 33. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) doIBGE, a produção industrial brasileira ficou estável emabril, na série dessazonalizada, em relação à do mêsanterior, mantendo-se próxima do nível recorde atingidoem dezembro de 2004. Considerando a mesma base decomparação, a indústria extrativa foi o grande destaquedo mês, com crescimento de 7,4%, tendo atingido o nívelmais alto da série apurada pelo IBGE. Esse resultadorefletiu, principalmente, os recordes de extração depetróleo no país. A produção da indústria de transformaçãorecuou 0,5% em abril. No primeiro quadrimestre do anoa indústria acumulou expansão de 4,5%. 34. A análise desagregada da produção industrial, comséries sazonalmente ajustadas, revelou que 12 das

23 atividades registraram decréscimo no mês,enquanto outras dez expandiram a produção. O setorde vestuário apresentou variação nula. Entre ossetores que aumentaram a produção, os acréscimosmais expressivos para o resultado geral ocorreramem alimentos, extrativa mineral e veículos automotores,enquanto as maiores contribuições negativas foramregistradas nas indústrias de máquinas e equipamentos,farmacêutica e produtos de metal. Por categorias,apenas a produção de bens intermediários aumentouem abril, 1,3%. A produção de bens de capital recuou2,9% e, entre os bens de consumo, houve queda de0,3% tanto na produção de duráveis como na produçãode semi e não duráveis. 35. Estatísticas da CNI relativas à indústria detransformação mostraram acréscimos de 1% nasvendas reais e de 0,6% nas horas trabalhadas naprodução em abril, em relação às do mês anterior,nas séries ajustadas sazonalmente pelo BancoCentral. Em relação aos índices observados em abrilde 2004, as vendas reais aumentaram 2,9% e ashoras trabalhadas, 9,1%. O nível de utilização dacapacidade instalada (NUCI) alcançou 81,9% emabril, na série dessazonalizada, recuando 0,9 p.p.comparativamente ao observado no mês anterior.Em relação aos índices observados, o NUCI de81,9% em abril ficou 0,3 p.p. acima do verificadono mesmo mês de 2004. 36. Indicadores relacionados à atividade industrialmostraram, em maio, comportamentos diferenciadosapós o ajuste sazonal. Enquanto a expedição de papelãoondulado apresentou expansão, o índice de pedágiosde veículos pesados manteve-se estável e a cargaprópria de energia decresceu. Conjuntamente, essasvariáveis indicam estabilidade da produção fabril emmaio, mantendo a tendência dos últimos meses. Mercado de trabalho 37. O índice de emprego formal cresceu 0,6% emabril, ante o de março, após ajuste sazonal, de acordocom informações do MTE. Comparativamente aoíndice de abril de 2004, houve expansão de 6,5% noemprego formal, com a criação de 1.547 milempregos líquidos no período. Por segmentos, osmaiores crescimentos do emprego ocorreram naindústria de transformação e no comércio.

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38. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME),realizada pelo IBGE nas seis principais regiõesmetropolitanas do país, a taxa de desempregopermaneceu em 10,8% em abril, 2,3 p.p. menor que ataxa observada em abril de 2004. A estabilidade da taxade desemprego em relação à do mês anterior refletiuas variações relativamente pequenas no número dedesocupados e na População Economicamente Ativa(PEA). Em termos absolutos, a PEA aumentou 10 milpessoas e foi estimada em 21,9 milhões de pessoas. Onúmero de trabalhadores desocupados atingiu 2.364 mil,com queda mensal de 0,5%, enquanto o número deocupados cresceu 0,1%, alcançando 19.581 mil pessoas.Pela mesma pesquisa, em abril, o rendimento médioreal registrou queda de 1,8%, relativamente ao de março,e expansão de 0,8% ante o de abril de 2004. 39. No setor industrial, segundo os índices da CNIajustados sazonalmente pelo Banco Central, ocontingente de pessoal empregado evoluiu 0,5% ea massa salarial real recuou 0,1% em abril, ante osníveis de março. Em relação aos patamaresobservados em abril de 2004, o pessoal empregadoe a massa salarial real cresceram 6,6% e 8,7%, naordem. No ano, até abril, comparativamente aos domesmo período de 2004, esses índices mostraramacréscimos respectivos de 6,9% e 9%. Crédito 40. O saldo das operações de crédito do sistemafinanceiro com recursos livres aumentou 1% emmaio. Nas operações com pessoas físicas aexpansão atingiu 3,5%, principalmente pelocomportamento do crédito pessoal, estimulado pelaexpansão das operações consignadas em folha depagamento, particularmente com aposentados peloInstituto Nacional do Seguro Social (INSS). Nascarteiras destinadas a pessoas jurídicas observou-se recuo de 0,2% no saldo das operações comrecursos domésticos e de 3% naquelasreferenciadas em moeda estrangeira, principalmentepelo efeito da baixa das carteiras de crédito de umainstituição sob intervenção do Banco Central. 41. A taxa média de juros incidente sobre asoperações de crédito destinadas a pessoas físicaselevou-se em maio. Nas operações de créditopessoal, devido ao aumento da procura, a taxa média

passou para 77,2% a.a., com acréscimo de 2,2 p.p.de abril para maio, apesar da queda de 0,9 p.p. nataxa média das operações de crédito consignadono mesmo período. Ambiente externo 42. O ambiente internacional continua benigno e comfarta liquidez de curto prazo. Os diversos indicadoresde atividade econômica sinalizam que o desaquecimentodas economias norte-americana e chinesa continuaincipiente, ao contrário dos países da Área do Euro,cujas expectativas de crescimento continuamdesapontando, inclusive com a Itália já apresentandoretração econômica. O Japão, cujo ambiente econômicoestá mais robusto do que há dois anos, ainda apresentaresultados modestos de crescimento. 43. Com relação aos índices de preços, os dados e asexpectativas parecem continuar bem comportados,contribuindo para a baixa probabilidade de alteração daspolíticas monetárias nas principais economias mundiais,principalmente nos Estados Unidos, onde a políticamonetária deverá ser conduzida sem mudanças abruptas. 44. Esse cenário vem pressionando para baixo astaxas de juros nos principais mercados e favorecendouma recuperação do dólar em relação às principaismoedas mundiais. Na Área do Euro, a rejeição daCarta Constitucional pela França e Holandaaumentou a volatilidade dos ativos, incluindo o câmbiono curto prazo. No entanto, esse movimento nãoafetou as condições dos mercados para as economiasemergentes, que já haviam sentido os efeitos dochoque provocado pela reavaliação da qualidade docrédito de algumas corporações norte-americanas. 45. Após ligeiro recuo nos preços das commoditiesem maio, os primeiros indicadores de junhoregistram tendência de recuperação, sem apontartendência definida. Quanto ao petróleo, fatores depressão altista sobre os preços permaneceram aolongo do mês de maio. A preocupação quanto aovolume de estoques de petróleo nos EstadosUnidos, a existência de uma margem estreita entrea oferta e a demanda e fatores geopolíticosmantêm o produto sob perspectiva de elevadavolatilidade de preços e risco de novo ciclo de alta.

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Comércio exterior e reservas internacionais 46. Os resultados da balança comercial trouxeramnovos valores recordes para meses de maio e para operíodo de doze meses encerrado em maio. No mês,a balança comercial registrou superávit de US$3,5bilhões. Em doze meses, o saldo comercial e a correntede comércio, também recorde, alcançaram,respectivamente, US$38,1 bilhões e US$173,8 bilhões,representando acréscimos de 36,3% e 31,8% sobre operíodo anterior equivalente. Em junho, em oito diasúteis, o saldo comercial totalizou US$1,6 bilhão,expansão de 13,1% e de 12,9%, respectivamente, nasexportações e importações, ante os valores médiosobservados no mesmo mês de 2004. 47. As exportações totalizaram US$9,8 bilhões, novorecorde histórico, e apresentaram a maior médiadiária já registrada, US$467,6 milhões, crescimentode 23,6% comparativamente à de maio de 2004. Osembarques de todas as categorias de bens foramrecordes para meses de maio, em decorrência tantode aumento nas quantidades como nos preços externosde importantes produtos da pauta de exportação.Confirmando o processo de diversificação da pautade exportações, não só os produtos manufaturadostradicionais têm apresentado significativa ampliação,mas tal comportamento vem sendo observado,também, em itens com pequena participação na pauta.Destaque-se, adicionalmente, a expansão das vendasexternas para todas as regiões. 48. As importações atingiram o maior valor mensaljá registrado, US$6,4 bilhões, representandoacréscimo de 31,8%, em termos de médias diárias,para US$303,2 milhões, comparativamente aos valoresmédios diários ocorridos em maio de 2004. Todas ascategorias de produtos de importação registraramexpansão, comparativamente ao movimento ocorridoem maio de 2004. Nos cinco primeiros meses do ano,houve aumentos de 31,2% em combustíveis elubrificantes, 27,4% em bens de capital, 20,4% emmatérias-primas e bens intermediários e 20,2% embens de consumo, consideradas as médias diárias emrelação às de igual período do ano anterior. 49. Ao final de maio, as reservas internacionaissituaram-se em US$60,7 bilhões, redução deUS$882 milhões ante a posição registrada no final

de abril. As reservas líquidas ajustadas atingiramUS$39,2 bilhões, crescimento de US$177 milhões,na mesma base de comparação.

Mercado monetário e operações de mercadoaberto 50. Após a reunião de maio do Copom, a curva de jurosapresentou elevação, ajustando-se à decisão do comitê.Posteriormente, até o início de junho, as taxas de médio elongo prazo se reduziram, tanto devido a fatores internos,como o recuo dos índices de inflação corrente e asindicações de acomodação da atividade econômica, quantoa um cenário externo mais favorável. A partir de 6 dejunho, a deterioração do cenário político resultou emelevação das projeções das taxas futuras, principalmenteas mais longas, mas esse movimento foi revertido com adivulgação de índices de inflação abaixo do esperado. Entre18 de maio e 15 de junho, as taxas de juros de um mês e detrês meses elevaram-se 0,14 p.p. e 0,06 p.p.,respectivamente. As taxas de seis meses, de um ano e dedois anos, por sua vez, declinaram 0,17 p.p., 0,54 p.p. e0,32 p.p. A taxa real de juros medida pelo quociente entrea taxa nominal de um ano e a expectativa de inflação paraos próximos doze meses recuou de 12,69% para 12,52%. 51. O Tesouro Nacional captou, no período entre asreuniões do Copom de maio e de junho, R$17,2 bilhõesem leilões de venda de títulos de rendimento prefixado:R$16,7 bilhões mediante a venda de LTN devencimento em 2006 e 2007 e R$459,6 milhões com acolocação de NTN-F de vencimento em 2008, 2010 e2012. Realizou, também, quatro leilões de LFT devencimento em 2008 e 2009, nos quais vendeu oequivalente a R$6,7 bilhões. Além disso, com o objetivode reduzir o volume de títulos vincendos em 1º de julhode 2005, o Tesouro resgatou antecipadamente, em trêsleilões, R$7,4 bilhões em LTN. 52. Na administração da liquidez corrente, o BancoCentral efetuou operações compromissadasprefixadas semanais com prazo de três meses, bemcomo operações de nivelamento da liquidez ao fim dodia. Realizou, também, operações compromissadasovernight em quatorze ocasiões, sendo oito doadorase seis tomadoras de recursos. O excesso de liquidezbancária esterilizado por operações com prazo de até trintadias alcançou a média de R$1,0 bilhão, e por operaçõescom prazo de três meses, a média de R$38,2 bilhões.

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Data: 19 e 20/7/2005Local: Sala de reuniões do 8º andar (19/7) e do20º andar (20/7) do Edifício-Sede do Banco Central –Brasília – DF Horário de início: 16h30 (19/7) e 16h36 (20/7)Horário de término: 19h (19/7) e 19h30 (20/7) Presentes:Membros do CopomHenrique de Campos Meirelles – PresidenteAfonso Sant’Anna BevilaquaAlexandre Antonio TombiniAlexandre SchwartsmanAntonio Gustavo Matos do ValeJoão Antônio Fleury TeixeiraRodrigo Telles da Rocha AzevedoSérgio Darcy da Silva Alves Chefes de Departamento (todos presentes no dia 19)Altamir Lopes – Departamento EconômicoIvan Luís Gonçalves de Oliveira Lima –Departamento de Operações do Mercado AbertoJosé Antônio Marciano – Departamento deOperações Bancárias e de Sistema de PagamentosJosé Pedro Ramos Fachada – Gerência-Executivade Relacionamento com InvestidoresMarcelo Kfoury Muinhos – Departamento deEstudos e Pesquisas (também presente no dia 20)Daso Maranhão Coimbra – Departamento deOperações das Reservas Internacionais Demais participantes (presentes no dia 19)Alexandre Pundek Rocha – Consultor da Diretoria

Katherine Hennings – Consultora da DiretoriaJoão Batista Nascimento Magalhães – AssessorEspecial do PresidenteJocimar Nastari – Assessor de Imprensa Os membros do Copom analisaram a evoluçãorecente e as perspectivas para a economia brasileirae para a economia internacional, no contexto doregime de política monetária, cujo objetivo é atingiras metas fixadas pelo governo para a inflação.

Evolução Recente da Inflação 1. Os indicadores de preços mostraram deflação emjunho, quer se considerem os preços praticados nocomércio varejista ou no atacado. Os resultados dosíndices de preços ao consumidor foram influenciados,no período, principalmente pela retração dos preços dosalimentos, particularmente in natura, e doscombustíveis. No atacado, a variação negativa dosíndices resultou da aceleração da queda dos preçosindustriais, enquanto os preços agrícolas continuaramem baixa, porém em menor intensidade que no mêsanterior. 2. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo(IPCA) registrou variação de -0,02% em junho, ante0,49% em maio, acumulando aumentos de 3,16% noprimeiro semestre de 2005 e de 7,27% nos últimosdoze meses. As principais contribuições para oresultado do mês vieram das quedas de 2,91% nospreços dos combustíveis e de 0,67% nos preços dogrupo alimentação e bebidas, que contribuíram emconjunto com -0,31 p.p. para o resultado mensal do

53. Com o intuito de reduzir o excedente de liquidezbancária previsto para o terceiro trimestre do ano,o Banco Central realizou, em quatro ocasiões, vendade LTN de vencimento em outubro de 2005, de suacarteira, liquidada mediante a compra de LTN devencimento em julho de 2005. O volume financeirodessas operações foi de R$6,3 bilhões.

54. Em maio, o estoque da Dívida Pública MobiliáriaFederal interna (DPMFi) aumentou 1,6% em relação aomês anterior, devido, principalmente, à colocação líquidade R$3,8 bilhões em títulos. O percentual da dívida expostaà variação cambial registrou nova redução, de 4,6%, nofinal de abril, para 4,3%, no final de maio, especialmenteem razão da apreciação da taxa de câmbio.

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IPCA. O conjunto de preços livres considerados nocálculo do IPCA aumentou 0,04% em junho,comparativamente a 0,59% no mês anterior, erespondeu por 0,03 p.p. da variação do índice noperíodo. Os preços monitorados e administrados porcontrato recuaram 0,16%, após alta de 0,25% em maio,respondendo por -0,05 p.p. da variação do IPCA. 3. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna(IGP-DI) registrou variação negativa de 0,45% emjunho, após queda de 0,25% em maio, acumulandoaltas de 1,53% no primeiro semestre do ano e de6,5% nos últimos doze meses. Considerados oscomponentes do IGP-DI, o Índice de Preços aoConsumidor – Brasil (IPC-Br) recuou 0,05% no mês,ante a alta de 0,79% em maio, pela queda de preçosnos itens alimentação e transportes. A elevação doÍndice Nacional do Custo da Construção (INCC)atingiu 0,76% em junho, ante 2,09% no mês anterior,sobretudo pela desaceleração na alta dos preços dosmateriais e serviços, além do esvaziamento doimpacto da elevação dos custos da mão-de-obra, queafetou o INCC em maio. O Índice de Preços porAtacado – Disponibilidade Interna (IPA-DI) registrouvariação negativa de 0,78% em junho, após reduçãode 0,98% em maio, acumulando alta de 0,16% noano e de 5,97% em doze meses. 4. O recuo do IPA-DI em junho refletiu tanto reduçãodos preços agrícolas, como dos industriais. O IPA-agrícola recuou 0,98%, após queda de 2,76% emmaio, em movimento que atingiu a maioria dosprodutos que integram o índice. A intensificação daqueda dos preços industriais, 0,71% em junho, ante0,38% em maio, refletiu o comportamento dos preçosde segmentos importantes da indústria detransformação, como produtos alimentares, químicae metalúrgica. Considerando o IPA-DI segundo ostrês estágios de processamento, a tendência de quedade preços em junho abrangeu tanto os preços de bensfinais, como de bens intermediários e de matérias-primas brutas. O recuo dos preços das matérias-primas brutas atingiu também aquelas de origemmineral, enquanto as de origem agropecuáriacontinuaram em queda, porém com menorintensidade do que a observada em maio. 5. Os núcleos de inflação para o IPCA reduziram-seem junho. O núcleo calculado pelo método das médias

aparadas com suavização de itens preestabelecidossituou-se em 0,49%, ante 0,65% no mês anterior, etotalizou 7,5% em doze meses. A mesma medida parao núcleo, calculada sem o procedimento de suavizaçãode itens preestabelecidos, passou de 0,46% em maiopara 0,26% em junho, com aumento acumulado de6,38% em doze meses. O núcleo calculado pelaexclusão de alimentos no domicílio e preçosmonitorados diminuiu de 0,57% em maio para 0,36%em junho. Em doze meses, essa medida de núcleodo IPCA acumulou variação de 6,96%. 6. O núcleo de inflação para o IPC-Br, calculado pelaFundação Getulio Vargas (FGV) pelo método das médiasaparadas simétricas, atingiu 0,42% em junho, ante 0,73%em maio, totalizando alta de 5,89% em doze meses. 7. O índice de difusão do IPCA mostrou redução donúmero de itens que registraram variações positivasem junho, 61,7%, ante 65,8% no mês anterior.

Avaliação Prospectiva dasTendências da Inflação

8. Os choques identificados e os impactos foramreavaliados de acordo com as novas informaçõesdisponíveis. O cenário considerado nas simulaçõescontempla as seguintes hipóteses: a) as projeções para os reajustes totais nos preçosda gasolina e de gás de botijão para 2005 forammantidas em valor igual ao da reunião anterior: 0%; b) em relação às tarifas de telefonia fixa e de energiaelétrica residencial, as projeções de reajustes para oacumulado em 2005 foram reduzidas entre asreuniões de junho e julho: a primeira passou de 8,6%para 6,5%, e a segunda, de 10,8% para 8,2%; c) para o conjunto total de itens administrados porcontrato e monitorados, com peso de 29,6% no IPCAde junho, o Copom reduziu sua projeção para 2005em 0,3 p.p., passando de 7,3% na reunião de junhopara 7% atualmente; d) a projeção dos reajustes de todos os itensadministrados por contrato e monitorados para 2006foi mantida em 5,7%. Nessa projeção, alguns itens,para os quais já se dispõe de maiores informações

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em função dos reajustes para 2005 já terem ocorrido,foram projetados individualmente. Para os demaisitens, as projeções continuam baseadas no modelode determinação endógena de preços administrados,que considera componentes sazonais, variaçõescambiais, inflação de preços livres e inflação medidapelo Índice Geral de Preços (IGP); e) a projeção para o spread de seis meses sobre ataxa Selic, seguindo especificação de um modeloVAR que utiliza Selic e swap em níveis a partir dosvalores vigentes nos dias que antecederam a reuniãodo Copom, parte de uma média de -50 p.b. noterceiro trimestre de 2005 e alcança 38 p.b. no últimotrimestre de 2006. 9. Em relação à política fiscal, supõe-se ocumprimento da meta de superávit primário de4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 eem 2006. São mantidas as demais hipótesesconsideradas na reunião anterior. 10. A partir das hipóteses do cenário de referência,que incluem a manutenção da taxa de juros em19,75% ao ano e da taxa de câmbio em patamarpróximo ao que prevalecia na véspera da reuniãodo Copom (R$2,35), concluiu-se que as projeçõesde inflação estão acima do objetivo de 5,1% para2005, mas abaixo do centro da meta em 2006. Nocenário de mercado, que incorpora as trajetóriaspara a taxa de câmbio e para a taxa Selic esperadaspelos agentes do mercado na véspera da reuniãodo Copom, de acordo com os dados da pesquisarealizada pela Gerência-Executiva deRelacionamento com Investidores (Gerin) do BancoCentral do Brasil, as projeções se encontram acimado objetivo de 5,1% para 2005 e acima da meta de4,5% para 2006.

Implementação da Política Monetária 11. A inflação medida pelo IPCA recuou pelo segundomês consecutivo em junho, após ter-se mantido emelevação entre janeiro e abril. A queda de 0,02%registrada no mês refletiu a deflação dos preçosmonitorados e dos preços dos bens comercializáveis,bem como a menor variação observada desde outubrode 2004 nos preços dos bens não-comercializáveis.A deflação de junho resultou da bem-sucedida

confluência de dois eventos pouco freqüentes: oconjunto dos preços dos monitorados registrouredução em decorrência da queda nos preços doscombustíveis, em especial do álcool, e os preços livresse mostraram estáveis devido à forte queda dos preçosdos alimentos, notadamente dos itens in natura. 12. Os núcleos do IPCA registraram novadesaceleração em junho nos três critériosacompanhados pelo Copom – por exclusão ou pormédias aparadas, com ou sem suavização. O índicecom suavização foi novamente o que menos sedesacelerou, refletindo o componente inercialimplícito em sua construção, permanecendo com omaior valor acumulado em doze meses. O núcleopor exclusão, apesar de não levar em conta preçosmonitorados e de alimentos no domicílio, itensdeflacionários em junho, foi o que apresentou amaior desaceleração. O núcleo sem suavização, porsua vez, foi o que apresentou a menor variação,tanto no total acumulado em 2005, quanto nosúltimos doze meses. Com a desaceleração dos doisúltimos meses, essas medidas subjacentes deinflação começam a se aproximar de patamarescompatíveis com a trajetória de metas. 13. O IGP-DI apresentou deflação pelo segundo mêsconsecutivo, registrando queda de 0,45% em junho.Esse comportamento deveu-se ao expressivo declíniodo IPA-DI, que registrou deflação de 0,78% em junhoe, em conseqüência, encontra-se atualmente em nívelinferior ao verificado em fevereiro deste ano. Houveaceleração da queda dos preços industriais edesaceleração da queda dos preços dos produtosagrícolas. O novo recuo no Índice de Preços porAtacado (IPA) ocorreu a despeito da leve alta dospreços dos bens de consumo duráveis, refletindo aredução dos preços dos bens de consumo não-duráveis e dos bens de produção. Dados do ÍndiceGeral de Preços – Mercado (IGP-M) para o segundodecêndio de julho indicam arrefecimento do recuonos preços dos produtos industriais e, com maisintensidade, dos produtos agrícolas. Em todo caso,ao longo do segundo trimestre acumularam-seevidências de uma acomodação consistente de preçosno atacado, com efeitos benéficos sobre a variaçãodos preços ao consumidor, que poderão se estenderpelos próximos meses. Conforme destacado nasNotas de reuniões passadas do Copom, a intensidade

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do repasse, bem como sua própria continuidade,dependerá das condições prospectivas da demandae das expectativas dos formadores de preços emrelação à trajetória futura da inflação. 14. A produção industrial cresceu 1,3% em maio, emtermos dessazonalizados, em relação a abril, umresultado marcadamente superior ao antecipado porseus indicadores antecedentes e coincidentes. Essavariação fez com que a produção industrial atingissenovo máximo histórico, superando o nível alcançadoem dezembro do ano passado. Trata-se da terceiraalta mensal consecutiva, acumulando um crescimentode 2,8% no período fevereiro–maio. Em relação aomesmo mês de 2004, a elevação foi de 5,5%, o quemantém uma seqüência de 21 meses de taxaspositivas nesse tipo de comparação. Considerando-se uma série mais estável, de médias móveistrimestrais, o nível de produção também registrouelevação significativa em maio, após três meses derelativa estabilidade. Os indicadores antecedentes ecoincidentes da série sinalizam para junho expansãoda produção industrial similar à observada em maio. 15. Em termos da composição da atividade industrial,todas as categorias registraram crescimento em maio,com o setor de bens de consumo duráveis exibindo omaior incremento, seguido pelo de bens de capital,ambos se recuperando das quedas registradas em abril.Da mesma forma, considerando-se as séries de médiasmóveis trimestrais, todas as categorias apresentaramcrescimento, sugerindo expansão generalizada daindústria. Destaca-se que a produção de bens decapital apresentou o maior crescimento nesse critério,interrompendo uma série de três recuos. Na margem,ao longo do ano corrente, os bens de consumo duráveis,mais sensíveis ao crédito, repetidamente sustentaramforte desempenho, enquanto itens mais sensíveis àrenda perderam dinamismo. 16. No mercado de trabalho, os números recentesratificam o bom desempenho que se observa há váriostrimestres. Segundo pesquisa do Instituto Brasileirode Geografia e Estatística (IBGE), a taxa dedesocupação reduziu-se de 10,8% em abril para10,2% em maio, a menor taxa do ano, dois pontospercentuais inferior ao valor registrado em maio de2004. A população ocupada aumentou 1,24% emrelação a abril, e 3,77% de janeiro a maio, em

comparação com igual período de 2004. Por outrolado, houve redução tanto da massa salarial, quantodo rendimento médio, em termos reais, associadapossivelmente à elevação do Índice Nacional dePreços ao Consumidor (INPC) acima do esperadopelos agentes. O emprego na indústria detransformação cresceu 0,1% em maio, segundo dadosda Confederação Nacional da Indústria (CNI),dessazonalizados pelo Banco Central, dandocontinuidade à trajetória de crescimento iniciada noprimeiro trimestre de 2004. A massa salarial real naindústria de transformação subiu 0,9% em maio eacumula crescimento de 9,1% no ano. O empregoformal, computado pelo Ministério do Trabalho eEmprego (MTE), também continua em trajetória deexpansão. Com a criação de 195.536 postos detrabalho em junho, a geração de emprego formaltotalizou quase um milhão de novas vagas em 2005,apesar da desaceleração no ritmo de expansão daatividade econômica em trimestres recentes. 17. As vendas no comércio varejista aumentaram0,4% em maio, segundo dados do IBGEdessazonalizados pelo Banco Central, fazendo aexpansão acumulada em 2005 alcançar 4,5%. Emlinha com o comportamento observado da atividadeindustrial, o setor de móveis e eletrodomésticosapresentou a maior expansão no mês. Pelo critériode médias móveis trimestrais, houve crescimento dasvendas no varejo, depois de três recuosconsecutivos, registrando-se patamar similar aoobservado no início do ano, quando a série atingiu oseu máximo histórico. As vendas no setor de móveise eletrodomésticos cresceram fortemente, enquantoos demais setores que compõem o indicador docomércio varejista registraram retração no volume.Em julho, o índice de confiança do consumidor medidopela Federação do Comércio do Estado de São Paulo(Fecomercio SP) apresentou crescimento de 0,2%em comparação ao nível de junho, e se situou empatamar 12,3% superior ao do mesmo mês de 2004. 18. De acordo com os dados da CNI, dessazonalizadospelo Banco Central, a utilização da capacidadeinstalada na indústria de transformação voltou a subirem maio, atingindo 81,8%. Recentemente, o indicadorvem intercalando incrementos positivos e negativos,sinalizando uma possível acomodação num nívelelevado de utilização da capacidade instalada em

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termos históricos, conforme ressaltado nas Notas dasúltimas reuniões do Copom, a despeito da expansãoda produção industrial no período. Nesse contexto, atrajetória da inflação dependerá dos desenvolvimentoscorrentes e prospectivos no tocante à ampliação daoferta de bens e serviços para o adequado atendimentoda demanda. O indicador de investimento representadopela absorção de bens de capital registrou expansãoacumulada de 2,6% no ano, até maio. A despeito dasbases de comparação consideravelmente elevadas, apósa forte expansão dos investimentos observada ao longode 2004, o indicador sinaliza na margem um ritmo maisintenso de crescimento, determinado pelo aumento dasimportações líquidas e, principalmente, pela maiorprodução doméstica de bens de capital. Esta últimaacumulou crescimento de 2,7% no ano e de 10,9% nosdoze meses terminados em maio. Embora pareçaplausível que os sinais de recuperação do ritmo deinvestimento se consolidem, um foco importante depreocupação em relação à dinâmica prospectiva dainflação continuará sendo o desempenho da ofertaagregada nos próximos trimestres. 19. No comércio exterior, os superávits expressivosse mantiveram em junho, quando se registrou omáximo da série histórica, reforçando perspectivasmais favoráveis que as anteriormente previstas parao ano. O saldo acumulado em 12 meses alcançouUS$38,3 bilhões e supera em mais de US$2 bilhõesa mediana das expectativas de mercado para 2005.Nos doze meses encerrados em junho, asexportações cresceram 28,1% em valor, em relaçãoao mesmo período de 2004. No mesmo critério decomparação, as importações se expandiram 26,9%,refletindo, em parte, a elevação dos preços dopetróleo, apesar de a contribuição dessa commodityvir diminuindo. A despeito de exportações eimportações terem-se expandido a taxas elevadasno primeiro semestre, na margem observa-searrefecimento das taxas de crescimento. O bomdesempenho dos saldos comerciais no período dedoze meses encerrado em junho proporcionousuperávit em transações correntes de US$12,5bilhões, equivalente a 1,8% do PIB. 20. No âmbito dos mercados financeiros internacionais,embora a volatilidade tenha permanecido alta, houvemelhora em relação ao cenário considerado porocasião da reunião de junho do Copom. Houve redução

do prêmio de risco-Brasil e apreciação da moedadoméstica. No entanto, as condições de liquidez e aestabilidade dos mercados continuam sujeitas aoquadro macroeconômico nos países industrializados,especialmente nos Estados Unidos, e à possívelresposta da política monetária do Fed à sua evolução.Um fator de preocupação adicional está associadoaos desequilíbrios nas contas externas de algumasdas principais economias mundiais e à possibilidadede que eventuais ajustes em suas trajetóriasdeterminem grandes flutuações cambiais. Apesardesse quadro, no qual há incertezas relevantes, oCopom continua atribuindo baixa probabilidade a umcenário de deterioração significativa nos mercadosfinanceiros internacionais. 21. Os preços do petróleo, após um movimentolocalizado de alta no início de julho, recuaramfortemente nos dias que precederam a reunião doCopom, a despeito de ainda se posicionarem empatamares historicamente elevados. A elevação nosníveis e na volatilidade dos preços tem ocorrido emresposta a novas informações sobre condições dedemanda, possíveis restrições à expansão na ofertapor parte dos países produtores e estoques disponíveisnos principais países consumidores. Tal como emmeses anteriores, as previsões sobre a trajetóriafutura dos preços do petróleo continuam marcadaspor grande incerteza, o que levou o Comitê a manterem seu cenário básico a hipótese de que não haveráreajuste nos preços domésticos dos combustíveis em2005. No entanto, no que diz respeito ao impacto dospreços internacionais sobre os preços domésticos,ainda que as elevações recentes não se traduzam emaumento no preço da gasolina, continuamrepresentando um fator de risco para a trajetória futurada inflação por intermédio dos seus efeitos sobre ospreços de insumos derivados do petróleo, bem comosobre as expectativas dos agentes econômicos. Apesardo recuo recente, os preços internacionais do petróleocontinuam representando um risco importante para atrajetória futura da inflação. 22. Houve redução significativa na mediana dasexpectativas coletadas pela Gerin para a variaçãodo IPCA em 2005, que passou de 6,21% para 5,66%.A redução ocorre pelo segundo mês consecutivo ereflete em grande parte a desaceleração não-antecipada da inflação captada no IPCA de junho.

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Além disso, as expectativas para a inflação de 2005dão sinais de estarem sendo sensibilizadas de formaperceptível por desenvolvimentos favoráveis quecontribuem para arrefecer as pressões inflacionárias,tais como a reavaliação das expectativas de mercadopara a trajetória da taxa de câmbio e a postura maisrestritiva de política monetária. As expectativas para ainflação doze meses à frente também diminuíram nasúltimas semanas, mas o fizeram em medida menor doque a variação nas taxas esperadas para 2005. Asexpectativas para 2006 permaneceram estáveis em5%. Como mencionado em Notas de reuniões anterioresdo Copom, esses desenvolvimentos sugerem que apostura monetária adotada, além de conter as pressõesinflacionárias de curto prazo, está contribuindo de formaimportante para a consolidação de um ambientemacroeconômico favorável em horizontes mais longos. 23. A projeção de inflação do cenário de referência,que pressupõe a manutenção da taxa Selic em19,75% a.a. e da taxa de câmbio em R$2,35 aolongo de todo o horizonte de projeção, apresentouredução em relação ao divulgado no “Relatório deInflação” de junho, mas ainda se situa acima doobjetivo de 5,1% para o ano. Essa melhora deveu-se fundamentalmente à surpresa positiva na inflaçãode junho e à apreciação da taxa de câmbio. Asprojeções baseadas no cenário de mercado, queincorpora as trajetórias de câmbio e da taxa Selicesperadas pelo mercado no período imediatamenteanterior à reunião do Copom, situam-se acima dasprojeções do cenário de referência, mas tambémse reduziram em relação ao apresentado no“Relatório de Inflação”, pelas mesmas razõesapontadas no caso do cenário de referência. Para2006, a projeção de inflação associada ao cenáriode referência se elevou marginalmente, maspermanece abaixo do centro da meta estabelecidapelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Já nocenário de mercado, houve aumento da projeção,que se manteve acima do centro da meta. 24. O Copom também considerou as projeções deinflação para horizontes situados entre dezembro de2005 e dezembro de 2006, como os períodos de dozemeses que se encerram em março de 2006, junho de2006 e setembro de 2006. Trata-se de horizontes cujosresultados serão mais sensíveis às decisões correntesde política monetária do que os do ano calendário de

2005, sendo, ao mesmo tempo, períodos cobertos porprojeções de inflação mais confiáveis do que as jádisponíveis para o ano calendário de 2006. Asprojeções do cenário de referência para os períodosde doze meses que se encerram em março de 2006,junho de 2006 e setembro de 2006 se encontramabaixo dos valores que dizem respeito a esses períodosna trajetória de metas obtida pela interpolação doobjetivo de inflação de 5,1% para 2005 e da meta de4,5% estabelecida pelo CMN para 2006. 25. O Copom reafirma o diagnóstico, expresso nasNotas das últimas reuniões, de que os efeitos do ciclode aumento da taxa de juros básica iniciado emsetembro de 2004 continuam sendo sentidos tanto nosresultados recentes da inflação, como nas projeçõesde inflação realizadas pelo Banco Central e pelosanalistas do setor privado. A atividade econômicadeverá continuar em expansão, mas em ritmocondizente com as condições de oferta, de modo anão resultar em pressões significativas sobre ainflação. Além disso, o Copom avalia que houve umamelhora do cenário externo, não obstante apermanência de níveis elevados para os preçosinternacionais do petróleo. Dessa forma, vai-seconfigurando, de maneira mais definida, um cenáriobenigno para a evolução da inflação. Nesse contexto,a política monetária passa a se defrontar com o desafiode garantir a consolidação dos desenvolvimentosfavoráveis que se antecipam para o futuro. 26. Diante disso, o Comitê avaliou que a perspectivade manutenção da taxa de juros básica por um períodosuficientemente longo de tempo no nível estabelecidoem sua reunião de maio seria capaz de proporcionarcondições adequadas para assegurar a convergênciada inflação para a trajetória de metas. Assim, o Copomdecidiu, por unanimidade, manter a meta para a taxaSelic em 19,75% a.a., sem viés. Evidentemente, naeventualidade de se verificar uma alteração no cenárioprospectivo traçado para a inflação neste momentopelo Comitê, a estratégia de política monetária seráprontamente adequada às circunstâncias. 27. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitêvoltaria a se reunir em 16 de agosto de 2005, para asapresentações técnicas e, no dia seguinte, paradeliberar sobre a política monetária, conformeestabelecido pelo Comunicado 12.631, de 29.10.2004.

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Sumário dos Dados Analisadospelo Copom

Atividade econômica 28. O volume de vendas do comércio varejistaapresentou crescimento de 0,4% em maio, em relaçãoao do mês anterior, após ajuste sazonal, segundo dadosda Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, deabrangência nacional. Para esse resultado, contribuíramos acréscimos de 2,1% nas vendas de Móveis eeletrodomésticos e de 0,9% de Combustíveis elubrificantes. O segmento Hipermercados,supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo,de maior peso na composição do resultado do comérciovarejista, registrou queda de 0,4%, enquanto as vendasde Tecidos, vestuário e calçados recuaram 13%.Comparativamente ao dado de maio de 2004, observou-se expansão de 2,7% no volume de vendas, destacando-se o segmento de Móveis e eletrodomésticos, comacréscimo de 18,3%, que repercutiu com maiorintensidade a ampliação do crédito. As vendas dosegmento de Veículos e motos, partes e peças, que nãointegra a composição do índice geral, cresceram 1,8%no período. De janeiro a maio deste ano, o volume devendas do comércio varejista aumentou 4,5% emrelação ao verificado no mesmo período de 2004. 29. Indicadores do desempenho varejista sinalizaramrelativa estabilidade para junho. Dados da Federaçãodo Comércio do Estado do Rio de Janeiro(Fecomercio RJ) mostraram crescimento de 0,3%nas vendas reais em junho, relativamente ao mêsanterior, após ajuste sazonal. Segundo a AssociaçãoComercial de São Paulo (ACSP), as consultas aoServiço de Proteção ao Crédito (SPC) cresceram1,1% em junho, relativamente a maio, na sériedessazonalizada, enquanto aquelas efetuadas aosistema Usecheque recuaram 0,8%. No primeirosemestre do ano, esses indicadores revelaramaumentos de 6,3% e 4,5%, respectivamente, quandocomparados ao mesmo período do ano anterior. 30. Pesquisa mensal da Fecomercio SP registrou altade 0,2% no Índice de Confiança do Consumidor(ICC) em julho, em comparação ao nível de junho,como resultado da expansão de 1,1% no Índice dasCondições Econômicas Atuais (Icea) e da queda de0,3% no Índice de Expectativas do Consumidor (IEC).

31. Em relação aos indicadores de investimento, aprodução de insumos da construção civil e afabricação doméstica de bens de capital cresceram0,8% e 3,4% em maio, respectivamente, emcomparação aos níveis observados no mês anterior,após ajuste sazonal. A importação de bens de capitalaumentou 5%, na mesma base de comparação. Aexpansão da fabricação doméstica de bens de capitalmostrou desaceleração nos primeiros meses do ano,movimento que refletiu, em parte, o expressivo recuoda produção de máquinas e peças agrícolas. Apósencerrar 2004 com crescimento de 19,7%, a produçãoda categoria apresentou variação de 2,7% no períodode janeiro a maio de 2005, em relação à de igualperíodo do ano anterior. A importação desses bens,por outro lado, mostrou tendência de aceleração,evidenciada pelo crescimento de 24,3% no ano atémaio, ante a expansão de 10,2% registrada em 2004. 32. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) doIBGE, a produção industrial brasileira cresceu 1,3%em maio, em relação à do mês anterior, após ajustesazonal, atingindo novo patamar recorde na sériehistórica. A produção da indústria extrativa aumentou2%, alcançando o nível mais alto da série apuradapelo IBGE, principalmente, pelos sucessivosacréscimos das extrações de petróleo e minério deferro no país. A produção da indústria detransformação cresceu 1,1%, no mesmo período. Noano, até maio, a indústria acumulou expansão de 4,7%,resultado dos acréscimos de 9,4% na produçãoextrativa e de 4,4% na indústria de transformação. 33. A análise desagregada da produção industrial,considerando as séries sazonalmente ajustadas,revelou que 15 das 23 atividades mostraramcrescimento no mês. Dentre esses, os acréscimosmais expressivos para o resultado geral ocorreramem refino de petróleo e produção de álcool, materialeletrônico e equipamentos de comunicações, fumo,máquinas e equipamentos, bebidas e indústriasextrativas. As maiores contribuições negativas foramregistradas nas indústrias de alimentos, metalurgiabásica e perfumaria, sabões e produtos de limpeza.Todas as categorias de uso registraram expansãoprodutiva em maio, destacando-se os acréscimos de3,7% na produção de bens de consumo duráveis ede 3,4% na de bens de capital. A fabricação de bensintermediários, de maior peso no resultado global da

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indústria, cresceu 0,8%, e a de bens de consumo semie não duráveis, 0,6%. 34. Estatísticas da CNI mostraram recuo de 0,7%nas vendas reais e aumento de 0,5% nas horastrabalhadas na produção em maio, em relação às domês anterior, nas séries ajustadas sazonalmente peloBanco Central. Em relação aos índices observadosem maio de 2004, as vendas reais recuaram 1,5%, eas horas trabalhadas cresceram 7,6%. O nível deutilização da capacidade instalada alcançou 81,8%em maio, na série dessazonalizada, aumentando 0,2%,comparativamente ao observado no mês anterior.Considerando a série sem ajuste sazonal, o nível deutilização de 82,3% ficou próximo ao verificado emmaio de 2004, de 82,8%. 35. Os indicadores da atividade industrial apontam fortecrescimento dessazonalizado para a produção em junho.Houve expansão da produção de autoveículos no mês,após ajuste sazonal, acumulando 15,8% no primeirosemestre de 2005. Também, a expedição de papelãoondulado, a carga de energia elétrica e o índice depedágios de veículos pesados mostraram crescimentoem junho, conforme dados dessazonalizados. Mercado de trabalho 36. O índice de emprego formal registrou crescimentomensal de 0,4% em maio, após ajuste sazonal, deacordo com informações do MTE. Comparativamenteao índice de maio de 2004, houve expansão de 6,1%no emprego formal, com a criação de 1.467 milempregos líquidos no período. Por segmentos, osmaiores crescimentos do emprego ocorreram nocomércio e na indústria de transformação. 37. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME),realizada pelo IBGE nas seis principais regiõesmetropolitanas do país, a taxa de desemprego recuou de10,8% em abril para 10,2% em maio, situando-se 2 p.p.abaixo da observada em maio de 2004. A redução mensalda taxa de desemprego decorreu do aumento no númerode trabalhadores ocupados, 242 mil, e da queda de 5,1%no número de trabalhadores desocupados, 121 milpessoas. Em termos absolutos, a PopulaçãoEconomicamente Ativa (PEA) teve aumento de 121 milpessoas e foi estimada em 22,1 milhões de pessoas.Segundo a mesma pesquisa, o rendimento médio real em

maio deste ano manteve-se estável, comparativamenteao registrado em igual mês de 2004. Em relação aoobservado em abril de 2005, entretanto, o rendimentoreal experimentou queda de 1,5%, o segundo recuomensal consecutivo. Tal movimento deve-se, em parte,ao recrudescimento das taxas de inflação nesse período. 38. No setor industrial, segundo os índices da CNIajustados sazonalmente pelo Banco Central, o contingentede pessoal empregado e a massa salarial real aumentaramrespectivamente 0,1% e 0,9% em maio, ante os níveisde abril. Em relação aos patamares observados em maiode 2004, o pessoal empregado e a massa salarial realevoluíram 5,7% e 9,2%, respectivamente. No ano, atémaio, comparativamente ao mesmo período de 2004,esses índices mostraram acréscimos respectivos de 6,5%e 9,1%. Crédito e inadimplência 39. O saldo das operações de crédito do sistema financeirocom recursos livres aumentou 1,6% em junho. Nasoperações com pessoas físicas, o saldo evoluiu 2,1%,principalmente pelo comportamento do crédito pessoal,dada a continuidade da expansão das operaçõesconsignadas em folha de pagamento, particularmente comaposentados pelo Instituto Nacional do Seguro Social(INSS). Nas carteiras destinadas a pessoas jurídicas,observou-se expansão de 1,9% no saldo das operaçõescom recursos domésticos e recuo de 0,6% naquelasreferenciadas em moeda estrangeira. 40. A taxa média de juros incidente sobre as operaçõesde crédito com recursos livres recuou em junho. Nasoperações destinadas a pessoas físicas, a taxa médiadiminuiu 1 p.p., passando para 64,7 % a.a., enquanto,naquelas contratadas com pessoas jurídicas, observou-se recuo de 0,3 p.p., para 33,4% a.a. 41. No sistema financeiro, a taxa de inadimplênciarecuou 0,4 p.p. em junho, considerando-se asoperações de crédito com recursos livres, situando-se em 7,3%. Nas operações com pessoas físicas, aproporção de atrasos nas operações contratadasalcançou 12,2% em junho, 0,7 p.p. inferior à do mêsanterior. Em relação aos créditos contratados compessoas jurídicas, a taxa de inadimplência passou de 3,5%em maio para 3,4% em junho.

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42. A taxa líquida de inadimplência no comércio,calculada pela ACSP, passou de 7,4% em maio para5,1% em junho. Esse resultado decorreu da expansãode 2,9% no número de registros cancelados e daqueda de 4% no número de novos registros no mês.No primeiro semestre, a taxa média de inadimplênciasubiu para 6,4%, ante a de 5,7% no mesmo períodode 2004, sobretudo pela desaceleração dos registroscancelados, em face da menor propensão doscredores em oferecer prazos mais dilatados pararegularizar a situação dos devedores. Ambiente externo 43. Os indicadores da economia internacionalrecentemente divulgados evidenciam crescimentosustentável, em especial nos Estados Unidos e na China,e recuperação moderada na Área do Euro e Japão. 44. Nos Estados Unidos, os últimos dados de produçãoindustrial, emprego, confiança do consumidor evendas no varejo reforçam a percepção de que onível de atividade da economia permanece aquecido,acima das previsões estabelecidas. 45. Na Área do Euro, a economia deu sinais derecuperação no primeiro trimestre do ano, crescendo0,5% frente ao trimestre anterior e 1,4% em relaçãoao mesmo período do ano anterior. O grau de confiançados empresários dos doze países que compartilham oeuro subiu em junho pela primeira vez em nove meses,e o índice correlato da produção industrial se elevou,ajudado pela depreciação da moeda. 46. Os atentados terroristas em Londres não afetaramo ambiente econômico. O impacto inicial limitou-seaos mercados financeiros, em especial os bursáteis,mas foi prontamente absorvido, e os negóciosvoltaram a transcorrer normalmente. As bolsaseuropéias registraram queda significativa no dia dosataques, mas não houve efeitos mais fortes sobre ospreços dos ativos nos Estados Unidos e nos mercadosemergentes, que voltaram a se recuperar após oimpacto inicial das notícias. 47. De maneira geral, o quadro inflacionário permanecesob controle. Nos Estados Unidos, o resultado do índicede inflação ao consumidor (CPI) referente ao mês dejunho apresentou variação nula (0%), enquanto o índice

de inflação ao produtor (PPI) ficou estável em junho nacomparação mensal, apesar do alto preço internacionaldo petróleo. No Reino Unido, o índice de preços aoconsumidor registrou alta de 2% em junho, ante junhodo ano passado, 0,1 ponto percentual acima do previsto.Assim, não se vislumbra mudança nas posturas daspolíticas monetárias das principais economias. 48. No mercado de petróleo, as cotações permanecemelevadas, com grande volatilidade, em função,principalmente, das divulgações das estimativas deestoques do produto e derivados nos Estados Unidos,além das tensões geopolíticas nas regiões produtoras. Comércio exterior e reservas internacionais 49. Os resultados do comércio exterior trouxeramnovos valores recordes para meses de junho e parao período de doze meses encerrado em junho. Nomês, a balança comercial registrou superávitrecorde de US$4 bilhões. Em doze meses, o saldocomercial e a corrente de comércio, tambémrecordes, alcançaram, respectivamente, US$38,3bilhões e US$175,4 bilhões, representandoacréscimos de 30,4% e 27,6% sobre o períodoanterior equivalente. Em julho, o saldo de US$2,7bilhões apurado nos onze primeiros dias úteis domês apresentou variações de 28% e de 10,6%,respectivamente, nas exportações e importações,ante valores médios observados em julho de 2004. 50. As exportações alcançaram, pela primeira vez, opatamar de US$10,2 bilhões em junho, eapresentaram a segunda maior média diária járegistrada, US$464 milhões, crescimento de 4,4%,comparativamente à de junho de 2004. Os embarquesde manufaturados e semimanufaturados foramrecordes para meses de junho, em decorrência tantode aumento nas quantidades, como nos preçosexternos de importantes itens da pauta de exportação.O recuo das exportações de produtos básicosdecorreu dos menores embarques de petróleo, de sojaem grão e de farelo de soja, além da queda nascotações internacionais do complexo soja. Dandocontinuidade à diversificação da pauta brasileira,observada nos últimos dois anos, outros produtos compequena participação têm apresentado significativaampliação de vendas. No primeiro semestre de 2005,destaque-se, ainda, a expansão das exportações para

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todas as regiões, mesmo para a Ásia, a despeito dorecuo nas vendas para a China. 51. As importações atingiram US$6,2 bilhões, segundomaior valor mensal já registrado, representandoacréscimo de 6,6%, em termos de médias diárias,comparativamente aos valores ocorridos em junho de2004. Todas as categorias de produtos de importaçãoregistraram expansão, comparativamente ao resultadode junho de 2004. No primeiro semestre, houve aumentos de 27,2% em bens de capital, 20,5% em bensde consumo, 18,3% em matérias-primas e bensintermediários e 17,3% em combustíveis e lubrificantes,considerados os valores de igual período do ano anterior. 52. Ao final de junho, as reservas internacionais situaram-se em US$59,9 bilhões, redução de US$824 milhões antea posição registrada no final de maio. As reservas líquidasajustadas atingiram US$40,5 bilhões, com expansão deUS$1,3 bilhão, na mesma base de comparação. Mercado monetário e operações de mercadoaberto 53. No período posterior à reunião do Copom dejunho, a curva de juros apresentou recuo em toda asua extensão. Esse movimento deveu-seprincipalmente ao declínio dos índices de inflaçãoao consumidor, à deflação apontada pelos IGPs, àqueda nas projeções de inflação, tanto para o anode 2005, quanto para 12 meses à frente, e àapreciação do real. A combinação desses fatoreslevou a curva de juros a assumir inclinação negativatambém nos prazos mais curtos, traduzindo aexpectativa por parte do mercado de que o ciclo derelaxamento da política monetária deva começarproximamente. A redução das taxas de jurosreferentes aos prazos mais longos acompanhou amelhora do risco-país, tendo em vista um cenárioexterno no qual as condições de liquidez favoráveisàs economias emergentes não parecem ameaçadas,a não ser pela volatilidade do preço do petróleo.Entre 15 de junho e 20 de julho, as taxas de um, detrês e de seis meses, de um ano e de dois anosreduziram-se em 0,13 p.p, 0,27 p.p, 0,42 p.p, 0,25p.p. e 0,19 p.p, respectivamente. A taxa real de jurosmedida pelo quociente entre a taxa nominal de umano e a expectativa de inflação para os próximosdoze meses recuou de 12,52% para 12,43%.

54. Em julho, o resgate líquido de instrumentoscambiais, incluídos os vencimentos de juros, foi decerca de US$49 milhões. Em 2005, o resgate líquidoacumulado, incluídos os vencimentos de juros, atingiuaproximadamente US$15,1 bilhões. 55. Entre as reuniões do Copom de junho e de julho,o Tesouro Nacional captou R$33,8 bilhões em leilõesde venda de títulos de rendimento prefixado: R$33bilhões mediante a venda de LTN de vencimento em2006 e 2007 e R$798 milhões com a colocação deNTN-F de vencimento em 2010 e 2012. Os leilões devenda de LFT, de vencimento em 2008 e 2009,realizados em quatro ocasiões, movimentaram oequivalente a R$12,5 bilhões. 56. Na administração da liquidez, o Banco Centralinterveio por meio de operações compromissadasprefixadas semanais, com prazo de três meses, e deoperações compromissadas de curtíssimo prazo,dezenove tomadoras e duas doadoras de recursos.Além disso, realizou operações de nivelamento daliquidez ao final do dia. O excesso de liquidez bancáriaesterilizado por operações com prazo de até trinta diasalcançou a média de R$12,7 bilhões e, por operaçõescom prazo de três meses, a média de R$35,3 bilhões. 57. Com o intuito de reduzir o excedente previsto deliquidez bancária para o terceiro e para o quartotrimestres, o Banco Central realizou leilões de vendade LTN de sua carteira conjugada à compra de títulosde prazo mais curto a preço preestabelecido. Em 22/6, vendeu LTN de vencimento em outubro de 2005,recebendo em pagamento LTN resgatáveis em julho.Em 6/7, 13/7 e 20/7 fez operações da mesma natureza,que tiveram por objeto as LTN de vencimento emjaneiro de 2006 e em outubro de 2005. O volumefinanceiro total dessas operações foi de R$7,4 bilhões. 58. Em junho, o estoque da Dívida Pública MobiliáriaFederal interna (DPMFi) aumentou 2%, somando-seaos juros apropriados a colocação líquida de R$5,7bilhões em títulos. A parcela da dívida exposta àvariação cambial registrou nova redução, de 4,3%,no final de maio, para 4,1%, no final de junho, emconseqüência da apreciação cambial.

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Data: 16 e 17/8/2005Local: Sala de reuniões do 8º andar (16/8) e do20º andar (17/8) do Edifício-Sede do Banco Central –Brasília – DF Horário de início: 16h55 (16/8) e 16h30 (17/8)Horário de término: 19h15 (16/8) e 18h30 (17/8) Presentes:Membros do CopomHenrique de Campos Meirelles – PresidenteAfonso Sant’Anna BevilaquaAlexandre Antonio TombiniAlexandre SchwartsmanAntonio Gustavo Matos do ValeJoão Antônio Fleury TeixeiraRodrigo Telles da Rocha AzevedoPaulo Sérgio CavalheiroSérgio Darcy da Silva Alves Chefes de Departamento (todos presentes no dia 16)Altamir Lopes – Departamento EconômicoIvan Luís Gonçalves de Oliveira Lima –Departamento de Operações do Mercado AbertoRadjalma Costa – Departamento de OperaçõesBancárias e de Sistema de PagamentosJosé Pedro Ramos Fachada – Gerência-Executivade Relacionamento com InvestidoresMarcelo Kfoury Muinhos – Departamento deEstudos e Pesquisas (também presente no dia 17)Daso Maranhão Coimbra – Departamento deOperações das Reservas Internacionais Demais participantes (presentes no dia 16)Alexandre Pundek Rocha – Consultor da DiretoriaKatherine Hennings – Consultora da DiretoriaFlávio Pinheiro de Melo – Consultor da DiretoriaJocimar Nastari – Assessor de Imprensa Os membros do Copom analisaram a evoluçãorecente e as perspectivas para a economia brasileirae para a economia internacional, no contexto doregime de política monetária, cujo objetivo é atingiras metas fixadas pelo governo para a inflação.

Evolução Recente da Inflação 1. A despeito do aumento sazonal dos índices depreços ao consumidor em julho, a análise do conjuntode resultados daquele mês mostra continuidade doprocesso de arrefecimento da inflação, comodecorrência da desaceleração na maior parte dosseus itens, bem como da retração de preçosimportantes, como a observada no grupoalimentação. As discretas variações positivas dosíndices de preços ao consumidor refletiram,sobretudo, os reajustes localizados em itensmonitorados, como telefone fixo, gasolina e plano desaúde. No atacado, a variação negativa dos índices,pelo terceiro mês consecutivo, resultou tanto docomportamento dos preços agrícolas quanto dosindustriais. 2. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo(IPCA) registrou alta de 0,25% em julho, após a quedade 0,02% observada em junho, acumulando elevaçõesde 3,42% no ano, até julho, e de 6,57% nos últimos dozemeses. A principal contribuição para o resultado do mêsveio do aumento de 4,21% na tarifa de telefone fixo, querespondeu por 0,14 p.p. do resultado mensal do IPCA.Os preços monitorados, com alta de 0,84%, foramresponsáveis por toda a variação do IPCA no mês, umavez que o conjunto de preços livres manteve-se estávelem julho. A queda dos preços do grupo alimentação ebebidas, de 0,77%, compensou os aumentos discretos deoutros grupos do índice, respondendo pela estabilidadedos preços livres no período. 3. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna(IGP-DI) recuou 0,4% em julho, registrando variaçãonegativa pelo terceiro mês consecutivo. No ano, atéjulho, o IGP-DI acumulou variação de 1,12%, e, nosúltimos doze meses findos em julho, de 4,88%.Considerados os componentes do IGP-DI, o Índicede Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-Br) variou0,13% no mês, após queda de 0,05% em junho,principalmente pela elevação do grupo habitação,devido ao aumento da tarifa de telefone fixo. Aelevação do Índice Nacional do Custo da Construção

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(INCC) atingiu 0,11% em julho, ante 0,76% no mêsanterior, sobretudo pelo esvaziamento do impacto daelevação dos custos da mão-de-obra, que afetou oINCC em maio e em junho. Em julho, o Índice dePreços por Atacado – Disponibilidade Interna (IPA-DI) registrou variação negativa pelo terceiro mêsconsecutivo, -0,69%, acumulando queda de 0,53%no ano e aumento de 3,84% em doze meses. 4. O novo recuo do IPA-DI em julho refletiu tanto aredução dos preços agrícolas, como dos industriais. OIPA-agrícola variou -1,6%, ante a queda de 0,98% emjunho, pela redução dos preços no grupo animais ederivados e pela intensificação da queda dos preços delavouras para exportação. Destaque-se que as taxasdos grupos legumes e frutas e cereais e grãosmostraram-se positivas no mês, revertendo tendênciado bimestre anterior. O arrefecimento da queda dospreços industriais, -0,38% em julho, ante -0,71% emjunho, foi influenciado pelo comportamento dos preçosdos combustíveis e lubrificantes, que apresentaram altade 1,78% em julho, após recuos de 1,1% em maio e de0,12% em junho. Outros segmentos importantes daindústria de transformação, como produtos alimentares,metalúrgica e produtos de matéria plástica continuaramcom variações negativas de preços. Considerando oIPA-DI segundo os três estágios de processamento, atendência de queda de preços em julho abrangeu tantoos preços dos bens finais como dos bens intermediáriose das matérias-primas brutas, a despeito da reversãodos preços dos combustíveis para consumo e para aprodução. 5. O núcleo de inflação para o IPCA calculado pelométodo das médias aparadas com suavização de itenspreestabelecidos situou-se em 0,45%, ante 0,49% nomês anterior, e totalizou 7,4% em doze meses. Amesma medida para o núcleo, calculada sem oprocedimento de suavização de itenspreestabelecidos, passou de 0,26% em junho para0,31% em julho, com aumento acumulado de 6,08%em doze meses. O núcleo calculado pela exclusãode alimentos no domicílio e preços monitorados ficoupraticamente estável em julho, 0,37%, ante 0,36%em junho. Em doze meses, essa medida de núcleodo IPCA acumulou variação de 6,87%. 6. O núcleo de inflação para o IPC-Br, calculadopela Fundação Getulio Vargas (FGV) pelo método

das médias aparadas simétricas, atingiu 0,3% emjulho, o menor resultado mensal desde outubro de2000. No ano, até julho, o indicador variou 3,61%,totalizando alta de 5,83% em doze meses. 7. O índice de difusão do IPCA mostrou expressivaredução do número de itens que registraram variaçõespositivas em julho, 53,7%, ante 61,7% no mês anterior.

Avaliação Prospectiva dasTendências da Inflação

8. Os choques identificados e os impactos foramreavaliados de acordo com as novas informaçõesdisponíveis. O cenário considerado nas simulaçõescontempla as seguintes hipóteses: a) as projeções para os reajustes totais nos preçosda gasolina e de gás de botijão para 2005 forammantidas em valor igual ao da reunião anterior: 0%; b) em relação às tarifas de telefonia fixa, as projeçõesde reajustes para o acumulado em 2005 foramreduzidas em 0,4 p.p., passando de 6,5% na reuniãode julho para 6,1% na de agosto. As projeções paratarifas de energia elétrica residencial foram mantidasem 8,2% para o ano de 2005; c) considerando todo o conjunto de itensadministrados por contrato e monitorados, com pesode 29,6% no IPCA de julho, o Copom manteve aprojeção de 7,0% para a variação dos preços em2005; d) a projeção de reajustes dos itens administradospor contrato e monitorados para o ano de 2006 foimantida em 5,7%. Os itens para os quais se dispõede maiores informações, em função de os reajustespara 2005 já terem sido efetivados, foram projetadosindividualmente. No que se refere aos demais itens,as projeções continuam baseadas no modelo dedeterminação endógena de preços administrados, queconsidera componentes sazonais, variações cambiais,inflação de preços livres e inflação medida pelo ÍndiceGeral de Preços (IGP); e) a projeção para o spread de seis meses sobre ataxa Selic, seguindo especificação de um modelo VARque utiliza Selic e swap em níveis a partir dos valores

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vigentes nos dias que antecederam a reunião doCopom, parte de uma média de -83 p.b. no terceirotrimestre de 2005 e alcança 35 p.b. no último trimestrede 2006. 9. Em relação à política fiscal, supõe-se ocumprimento da meta de superávit primário de 4,25%do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 e em 2006.São mantidas as demais hipóteses consideradas nareunião anterior. 10. A partir das hipóteses do cenário de referência,que incluem a manutenção da taxa de juros em19,75% ao ano e da taxa de câmbio em patamarpróximo ao que prevalecia na véspera da reunião doCopom (R$2,35), concluiu-se que as projeções deinflação se encontram acima do objetivo de 5,1%para 2005 e abaixo do centro da meta em 2006. Nocenário de mercado, que incorpora as trajetórias paraa taxa de câmbio e para a taxa Selic esperadas poragentes do mercado na véspera da reunião do Copom,de acordo com os dados da pesquisa realizada pelaGerência-Executiva de Relacionamento comInvestidores (Gerin) do Banco Central do Brasil, asprojeções se encontram acima tanto do objetivo de5,1% para 2005, quanto da meta de 4,5% para 2006.

Implementação da Política Monetária 11. A variação do IPCA em julho indicou acontinuidade do processo de acomodação da inflaçãoem níveis inferiores aos verificados nos primeirosmeses do ano, apesar de ter apresentado elevaçãoem relação a junho. No trimestre maio–julho ainflação medida pelo IPCA acumulou 0,72%, contra2,08% no trimestre fevereiro–abril. Com a variaçãode 0,25% registrada em julho, a inflação acumuladaem doze meses pelo IPCA caiu para 6,57%, 0,70p.p. abaixo do valor de junho e 1,5% abaixo do picorecente atingido em abril. Tal como no mês anterior,houve estabilidade dos preços livres e o resultado sedeveu exclusivamente ao crescimento dos preçosadministrados, em particular da telefonia fixa. Ospreços dos bens comercializáveis sofreram queda demaior intensidade, contrabalançada pela aceleraçãodos preços dos bens não comercializáveis. 12. A acomodação da inflação em níveis mais baixosé visível também no comportamento dos núcleos de

inflação. Embora ainda permaneça com a maiorvariação acumulada no ano e nos últimos doze meses,entre as três medidas acompanhadas pelo Copom, onúcleo com suavização de itens preestabelecidosdesacelerou novamente, apesar do componenteinercial implícito em sua construção. O núcleo porexclusão, por sua vez, manteve-se estável em relaçãoa junho. Finalmente, o núcleo sem suavização, quecontinua registrando a menor variação acumulada,tanto em 2005, quanto nos últimos doze meses,apresentou pequena aceleração em julho. Dequalquer maneira, com a desaceleração em maio eem junho e com a relativa estabilidade em julho, asmedidas subjacentes de inflação registraramnovamente queda nos valores acumulados nos últimosdoze meses e se aproximaram ainda mais de valorescompatíveis com a trajetória de metas de inflação. 13. O IGP-DI apresentou deflação pelo terceiro mêsconsecutivo, registrando queda de 0,40% em julho.Uma vez mais, esse comportamento foi explicadopelo expressivo declínio do IPA-DI, que registroudeflação de 0,69%, reduzindo, de junho para julho, aalta acumulada em doze meses de 5,97% para3,84%. O novo recuo no IPA refletiu tanto a reduçãodos preços dos bens de consumo, inclusive duráveis,quanto dos bens de produção. Dados do Índice Geralde Preços – Mercado (IGP-M) para o primeirodecêndio de agosto assinalam o quarto, e maior, recuoem quatro meses. Esse movimento combinou ligeiroaprofundamento na queda dos preços dos produtosindustriais e forte intensificação da queda dos preçosdos produtos agrícolas. Tanto no ano de 2005 comonos últimos doze meses, os índices gerais de preçosregistram variações inferiores à do IPCA. Dessaforma, acumulam-se evidências de acomodaçãoconsistente dos preços no atacado, com efeitosfavoráveis sobre a variação dos preços aoconsumidor. Conforme destacado nas Notas dereuniões passadas do Copom, a intensidade de taisefeitos nos próximos meses, bem como sua própriacontinuidade, dependerá das condições prospectivasda demanda e das expectativas dos formadores depreços em relação à trajetória futura da inflação. 14. A produção industrial cresceu 1,6% em junho,em termos dessazonalizados, em relação a maio,resultado que ratificou a tendência sugerida pelosindicadores antecedentes e coincidentes da série. O

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desempenho de junho fez com que, pelo segundo mêsconsecutivo, a produção industrial atingisse um novomáximo histórico. Trata-se da quarta alta mensalseguida, elevando para 5% o crescimento acumuladono ano. Considerando-se uma série mais estável, demédias móveis trimestrais, o nível de produçãotambém registrou um máximo histórico pelo segundomês consecutivo, com crescimento de 1% em relaçãoa maio. Nos últimos doze meses, a produção industrialregistrou elevação de 6,7%. Os indicadoresantecedentes e coincidentes da série apontam quedada produção industrial em julho, mas continuidade docrescimento na série de médias móveis trimestrais. 15. Considerando-se a composição da produçãoindustrial, todas as categorias de uso registraramcrescimento, repetindo o comportamento observadoem maio. Os destaques ocorreram, novamente, naprodução de bens de consumo duráveis, comcrescimento de 8,1%; e de bens de capital, comcrescimento de 4,2%. O menor crescimento, de 0,7%em termos dessazonalizados, ocorreu na produção debens de consumo semi e não-duráveis. Após terexibido maior volatilidade no início do ano, a produçãode bens de capital aumentou pelo segundo mêsconsecutivo e acumula crescimento de 3,8% em 2005.O aumento expressivo na produção de bens deconsumo duráveis representou o quinto mêsconsecutivo de crescimento e elevou a expansãoacumulada no ano para 16,7%. Com o desempenhode junho, as séries de médias móveis trimestraismostraram elevação de 1,9% para a produção de bensde capital e de 4,2% para a produção de bens deconsumo duráveis, atingindo em ambos os casos novosmáximos históricos. Para os bens semi e não duráveiso crescimento se deu pelo segundo mês consecutivo,com a expansão alcançando 6,7% nos seis primeirosmeses de 2005, em relação ao mesmo período de 2004,e 0,4% em relação a maio na série de média móveltrimestral. Os resultados de junho mostram maiorregularidade e disseminação do crescimento entrecategorias, em relação ao desempenho verificado nosprimeiros meses do ano, e ratificam as perspectivasfavoráveis sinalizadas pela evolução da série agregadade produção industrial. 16. No mercado de trabalho, os números relativos ajunho confirmam o bom desempenho que vem severificando ao longo do corrente ano. Segundo

pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), a taxa de desocupação para o mêsde junho foi estimada em 9,4%, o menor nível da sérieiniciada em outubro de 2001, e 2,3 pontos percentuaisinferior ao valor registrado em junho de 2004. Apopulação ocupada aumentou 3,7% no primeirosemestre, em comparação com o mesmo período de2004. Em junho, após dois meses em queda, orendimento médio real habitual das pessoas ocupadascresceu 1,5%, no confronto com o mês anterior. Oemprego na indústria de transformação cresceu 0,1%em junho, segundo dados da Confederação Nacionalda Indústria (CNI), dessazonalizados pelo BancoCentral, dando continuidade à trajetória de crescimentoiniciada em janeiro de 2004. A massa salarial real naindústria de transformação subiu 0,5% em junho eacumula crescimento de 9,0% no ano. O empregoformal, computado pelo Ministério do Trabalho eEmprego (MTE), também continua em trajetória deexpansão. Com a criação de 195.536 postos de trabalhoem junho, a geração de emprego formal totaliza quaseum milhão de novas vagas em 2005. 17. As vendas no comércio varejista aumentaram1,2% em junho, segundo dados dessazonalizados doIBGE, perfazendo uma expansão acumulada de 4,6%em 2005. Como em meses anteriores, e em linhacom o comportamento da produção industrial emmeses recentes, o crescimento foi liderado pelasvendas de móveis e eletrodomésticos, queaumentaram 4,3% em junho. O comportamentofavorável das vendas foi atestado também pelarevisão por parte do IBGE dos dados de maio, quepassaram a mostrar um crescimento dessazonalizadode 1,2%, ante os 0,4% registrados originalmente. Comesse resultado, a média móvel trimestral da sériemostra agora crescimento de 0,9% em junho emrelação a maio. A revisão dos dados de maio fezcom que todas as atividades, com exceção de tecidos,vestuário e calçados, passassem a registrarcrescimento nos últimos dois meses. No caso doshiper e supermercados a revisão dos dados de maiotransformou uma queda de 0,4% em elevação de0,7%. Tal como no caso da produção industrial, osdados de junho das vendas no comércio varejistaapontam maior regularidade e disseminação docrescimento e, juntamente com o comportamento doemprego, da renda e do crédito, sugerem perspectivasfavoráveis para os próximos meses.

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18. De acordo com dados da CNI, dessazonalizadospelo Banco Central, a utilização da capacidadeinstalada na indústria de transformação voltou a subirem junho, atingindo 82,8%. Esse nível se equiparaao registrado no início de 2005, e, pela primeira vezno ano, a utilização da capacidade cresce por doismeses consecutivos. Dessa forma, após um intervalode acomodação em patamares historicamenteelevados da utilização de capacidade, pode-sevislumbrar para o segundo semestre um cenário emque a capacidade ociosa se estreite ainda mais.Conforme ressaltado nas Notas das últimas reuniõesdo Copom, em ambiente onde persiste elevadautilização da capacidade instalada em termoshistóricos, a trajetória da inflação dependerá dosdesenvolvimentos correntes e prospectivos no tocanteà ampliação da oferta de bens e serviços para oadequado atendimento à demanda. O indicador deinvestimento representado pela absorção de bens decapital registrou expansão de 2,5% em junho e de4,3% no primeiro semestre. A despeito das bases decomparação consideravelmente elevadas, após a forteexpansão dos investimentos observada ao longo de2004, o indicador sinaliza, na margem, ritmo intensode expansão, em especial das importações de bensde capital, que cresceram 28,3% em volume até julho,quando comparadas ao mesmo período de 2004. Ocomportamento da produção de bens de capital, comcrescimento dessazonalizado de 5,2% em maio e de4,2% em junho, também reforça essa tendência derecuperação dos investimentos. Embora estejam seconsolidando as evidências de recuperação do ritmode investimento, o desempenho da oferta agregadanos próximos trimestres continuará sendo um focoimportante de preocupação em relação à dinâmicaprospectiva da inflação. 19. No comércio exterior, o estabelecimento derecordes foi a norma por mais um mês. Em julho,registraram-se os máximos das séries históricas deexportações e do saldo na balança comercial,consolidando as expectativas de que, em 2005, ocomércio com o resto do mundo tenha desempenhosuperior ao do ano passado. O saldo acumulado emdoze meses até julho alcançou US$39,9 bilhões,elevando-se na margem em mais de US$1,5 bilhão.Nos doze meses encerrados em julho, as exportaçõescresceram 26,2% em valor, em relação aos doze mesesanteriores, apresentando desaceleração no

crescimento na margem. No mesmo critério decomparação, as importações aumentaram 24,5%. Namargem, as importações vêm se desacelerando maisdo que as exportações, a despeito da elevaçãosignificativa dos preços do petróleo, exceção feita àsimportações de bens de capital, cujo crescimento emvalor nos últimos doze meses acelerou para 24%, omaior desde março de 1998. O bom desempenho dossaldos comerciais no período de doze meses encerradoem julho proporcionou superávit em transaçõescorrentes de US$13,4 bilhões, equivalente a 1,9% doPIB. Os dados indicam que a demanda externacontinua contribuindo para a expansão da economiade forma mais importante do que se imaginava no iníciodeste ano. 20. No âmbito dos mercados financeiros internacionais,a volatilidade permaneceu relativamente elevada, enão houve alteração significativa em relação ao cenárioconsiderado por ocasião da reunião de julho do Copom.A mudança no regime cambial na China, longamenteantecipada pelos mercados de capitais internacionais,ocorreu sem que fossem registrados impactossignificativos sobre a dinâmica dos principais ativosfinanceiros. O prêmio de risco-Brasil recuou paraníveis próximos aos mínimos históricos observados emoutubro de 1997, mas esse movimento não sesustentou. A oscilação do prêmio de risco-Brasil foiacompanhada por movimento similar da taxa decâmbio. As condições de liquidez e a estabilidade dosmercados continuam sujeitas ao quadromacroeconômico nos países industrializados,especialmente nos Estados Unidos, e à possívelresposta da política monetária do Federal Reserve(Fed) à sua evolução. De maneira geral, os indicadoresrecentes sugerem perspectivas favoráveis no sentidode que o Fed prossiga em sua política de aumentomoderado nas taxas de juros. Um fator de preocupaçãoadicional está associado aos desequilíbrios nas contasexternas de algumas das principais economias mundiaise à possibilidade de que eventuais ajustes em suastrajetórias determinem grandes flutuações cambiais.Apesar desse quadro, no qual há incertezas relevantes,o Copom continua atribuindo baixa probabilidade a umquadro de deterioração significativa nos mercadosfinanceiros internacionais. 21. A principal preocupação no que diz respeito aoambiente internacional é a forte alta dos preços do

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petróleo. Seu recrudescimento recente reforçatemores de que esses preços possam atingir picos maiselevados do que se contemplava até há pouco como ocenário mais provável, e que, mesmo depois de umaeventual reversão dessas máximas, sustentem-se pormais tempo em um nível acima do que vinha sendoprognosticado. Como em meses anteriores, asprevisões sobre a trajetória futura dos preços dopetróleo continuam marcadas por grande incerteza, oque levou o Comitê a manter em seu cenário básico ahipótese de que não haverá reajuste nos preçosdomésticos dos combustíveis em 2005. Esse cenáriotem sido mantido por encontrar suporte em avaliaçõesque sublinham o papel de elementos especulativos nasoscilações recentes de preços, que poderiamretroceder em breve mesmo com a inevitávelpermanência de alguns focos importantes de tensãogeopolítica. É forçoso, porém, reconhecer que, desdea última reunião do Copom, o cenário central detrabalho para a evolução dos preços do petróleo vemse tornando progressivamente menos plausível e que,portanto, aumentaram significativamente os riscos àsua concretização, riscos que poderiam se materializarem uma elevação nos preços domésticos da gasolinaem 2005. Além disso, independentemente do queocorra com os preços domésticos da gasolina, deve-se sempre ter em conta que a elevação dos preçosinternacionais do petróleo desde já representa um fatorde risco para a trajetória futura da inflação, dado quese transmite à economia doméstica por intermédio dosseus efeitos sobre os preços de insumos derivados dopetróleo, bem como sobre as expectativas dos agenteseconômicos. 22. Desde a reunião de julho do Copom houve novaredução na mediana das expectativas coletadas pelaGerin para a variação do IPCA em 2005, que passoude 5,66% para 5,40%. A redução ocorre pelo terceiromês consecutivo e reflete em grande parte adesaceleração não antecipada da inflação captadano IPCA de julho. Com isso, as expectativas seaproximaram ainda mais do objetivo de 5,1%perseguido pela política monetária para o ano,enquanto as expectativas para a inflação doze mesesà frente diminuíram marginalmente nas últimassemanas. Já as expectativas para 2006, após 64semanas de estabilidade em 5%, tiveram um recuosimbólico para 4,98%. Além disso, desde a reuniãode junho do Copom, houve redução progressiva da

média e do desvio-padrão da distribuição deprojeções. Tais dados são sintomáticos de umdeslocamento da distribuição no sentido de maiorotimismo dos agentes privados quanto à inflação de2006. Isso pode ser visto como indício de que asexpectativas para horizontes mais longos continuamsendo sensibilizadas por desenvolvimentos favoráveisque contribuem para arrefecer as pressõesinflacionárias, tais como a reavaliação dasexpectativas de mercado para a trajetória da taxa decâmbio e a postura de política monetária. Comomencionado em Notas de reuniões anteriores doCopom, esses desenvolvimentos sugerem que asdecisões de política monetária dos últimos meses,além de conter as pressões inflacionárias de curtoprazo, estão contribuindo de forma importante paraa consolidação de um ambiente macroeconômicocada vez mais favorável em horizontes mais longos. 23. A projeção de inflação do cenário de referência,que pressupõe a manutenção da taxa Selic em 19,75%a.a. e da taxa de câmbio em R$2,35 ao longo de todoo horizonte de projeção, apresentou redução emrelação à reunião anterior do Copom, mas situando-se ainda acima do objetivo de 5,1% para o ano. Amelhora deveu-se fundamentalmente à surpresapositiva na inflação de julho, à redução dasexpectativas de inflação e à reavaliação dasestimativas de reajustes de preços administrados parao restante do ano. As projeções baseadas no cenáriode mercado, que incorpora as trajetórias de câmbioe da taxa Selic esperadas pelo mercado no períodoimediatamente anterior à reunião do Copom, situam-se acima das projeções do cenário de referência, masse reduziram em relação ao mês anterior. Para 2006,a projeção de inflação associada ao cenário dereferência se reduziu marginalmente, permanecendoabaixo do centro da meta estabelecida pelo ConselhoMonetário Nacional (CMN). Já no cenário demercado, houve estabilidade, de modo que a projeçãose manteve acima do centro da meta. 24. O Copom também considerou as projeções deinflação para horizontes situados entre dezembro de2005 e dezembro de 2006, como os períodos de dozemeses que se encerram em março de 2006, junho de2006 e setembro de 2006. Trata-se de horizontes cujosresultados são mais sensíveis às decisões correntesde política monetária do que os do ano-calendário de

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2005, sendo, ao mesmo tempo, períodos cobertos porprojeções de inflação mais confiáveis do que as jádisponíveis para o ano-calendário de 2006. Asprojeções do cenário de referência para os períodosde doze meses que se encerram em março de 2006,junho de 2006 e setembro de 2006 se encontramabaixo dos valores que dizem respeito a esses períodosna trajetória de metas obtida pela interpolação doobjetivo de inflação de 5,1% para 2005 e da meta de4,5% estabelecida pelo CMN para 2006. 25. O Copom reafirma o diagnóstico, expresso nasNotas das últimas reuniões, de que os efeitos do ciclode aumento da taxa de juros básica iniciado emsetembro de 2004 continuam sendo sentidos tantonos resultados recentes da inflação como nasprojeções de inflação realizadas pelo Banco Centrale pelos analistas do setor privado. A atividadeeconômica deverá continuar em expansão, mas emritmo condizente com as condições de oferta, de modoa não resultar em pressões significativas sobre ainflação. Além disso, o Copom avalia que, nãoobstante a elevação recente dos preços internacionaisdo petróleo, que representa um riscosignificativamente maior do que havia sido avaliadona reunião de julho do Copom, o cenário externocontinua favorável. Assim, continua se configurando,de maneira cada vez mais definida, um cenáriobenigno para a evolução da inflação. Tal como nareunião de julho, o Copom enfatiza que o principaldesafio da política monetária nesse contexto égarantir a consolidação dos desenvolvimentosfavoráveis que se antecipam para o futuro. 26. No regime de metas para a inflação, a autoridademonetária orienta suas decisões de acordo com osvalores projetados para a inflação futura, analisandodiversos cenários alternativos para a evolução dasprincipais variáveis que determinam a dinâmica dospreços. A consolidação dos desenvolvimentosfavoráveis que vêm sendo observados para osprincipais índices de preços deverá contribuir de formaimportante para reduzir a incerteza em relação aocomportamento futuro da inflação, tornando mais fáciltanto a avaliação de cenários pela autoridademonetária quanto a coordenação de expectativas dosagentes privados. Da mesma forma, a persistênciade uma postura mais ativa de política monetária emum contexto em que os indicadores de atividade têmmostrado repetidos sinais de vigor e uma parcela dos

resultados favoráveis para a inflação de curto prazoresponde a fatores pontuais, que tendem a apresentaralguma reversão no futuro, poderá fazer com que ainflação se aproxime de forma mais consistente dosobjetivos estabelecidos para horizontes mais curtos.Como conseqüência desse processo, as expectativaspara horizontes mais longos poderão ser afetadas deforma mais duradoura, reduzindo sobremaneira oscustos associados à convergência da inflação para atrajetória de metas estabelecida para a atuação daautoridade monetária. 27. Diante disso, o Copom decidiu, por unanimidade,manter a meta para a taxa Selic em 19,75% a.a, semviés, e acompanhar atentamente a evolução docenário prospectivo para a inflação até a sua próximareunião para então definir os próximos passos naestratégia de política monetária implementada desdesetembro de 2004. 28. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitêvoltaria a se reunir em 13 de setembro de 2005, paraas apresentações técnicas e, no dia seguinte, paradeliberar sobre a política monetária, conformeestabelecido pelo Comunicado 12.631, de 29.10.2004.

Sumário dos Dados Analisadospelo Copom

Atividade econômica 29. O volume de vendas do comércio varejistaapresentou crescimento de 1,2% em junho, emrelação ao do mês anterior, após ajuste sazonal,segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio(PMC) do IBGE, de abrangência nacional. Nacomparação com junho de 2004, o aumento dasvendas atingiu 5,3%, com crescimento em seis dasoito atividades pesquisadas. Para este resultado, aprincipal contribuição continuou sendo da atividademóveis e eletrodomésticos, 21,4%. 30. Segundo a Associação Comercial de São Paulo(ACSP), o número de consultas ao Serviço deProteção ao Crédito (SPC) recuou 0,6% em julho,relativamente ao de junho, na série dessazonalizada,enquanto as consultas efetuadas ao sistemaUsecheque cresceram 0,1%. No ano, até julho, essesindicadores revelaram aumentos de 5,7% e 3,7%,

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respectivamente, quando comparados aos do mesmoperíodo do ano anterior. 31. Pesquisa mensal da Federação do Comércio doEstado de São Paulo (Fecomercio SP) registrouqueda de 5,4% no Índice de Confiança do Consumidor(ICC) em agosto, em comparação ao nível de julho,como resultado da queda de 9,9% no Índice deExpectativas do Consumidor (IEC), enquanto oÍndice das Condições Econômicas Atuais cresceu3,1%. 32. Em relação aos indicadores de investimento,observou-se nova expansão em junho. A produçãodoméstica e a importação de bens de capitalcresceram 4,2% e 2,5%, respectivamente, emcomparação aos níveis observados no mês anterior,após ajuste sazonal. A produção de insumos daconstrução civil apresentou expansão de 2,7%, omelhor desempenho mensal observado neste ano,ainda considerada a série isenta de flutuaçõessazonais. No primeiro semestre de 2005, emcomparação com o mesmo período de 2004, essesindicadores acumularam expansões respectivas de3,8%, 26,3% e 2%. 33. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) doIBGE, a produção industrial brasileira cresceu 1,6%em junho, em relação à do mês anterior, após ajustesazonal, atingindo novo patamar recorde na sériehistórica. A produção da indústria de transformaçãoexpandiu 1,5%, enquanto a produção da indústriaextrativa aumentou 0,2%, ambas alcançando o nívelmais alto da série apurada pelo IBGE. No primeirosemestre de 2005, a indústria acumulou expansão de5%, resultado dos acréscimos de 4,7% na indústriade transformação e de 10,4% na produção extrativa. 34. A análise desagregada da produção industrial,considerando as séries sazonalmente ajustadas,revelou que 18 das 23 atividades mostraramcrescimento no mês. Entre essas, os acréscimos maisexpressivos para o resultado geral ocorreram nossegmentos de veículos automotores e de materialeletrônico e equipamentos de comunicações. Asmaiores contribuições negativas decorreram dosdesempenhos de refino de petróleo e produção deálcool e de outros produtos químicos. Por categoriasde uso, todos os segmentos registraram expansão

produtiva em junho, destacando-se os acréscimos de8,1% na produção de bens de consumo duráveis, ede 4,2% na de bens de capital. A fabricação de bensintermediários, de maior peso no resultado global daindústria, cresceu 0,9%, e a de bens de consumo semie não duráveis, 0,7%. 35. Estatísticas da CNI mostraram acréscimos de1,2% nas vendas reais e de 2,4% nas horastrabalhadas na produção em junho, em relação às domês anterior, nas séries ajustadas sazonalmente peloBanco Central. Em relação aos índices observadosem junho de 2004, as vendas reais e as horastrabalhadas cresceram 2,9% e 8%, respectivamente.O nível de utilização da capacidade instalada alcançou82,8% em junho, na série dessazonalizada,aumentando 1,1% em relação ao observado no mêsanterior. Considerando a série sem ajuste sazonal, onível de utilização de 82,9% ficou 0,3 p.p. abaixo doverificado em junho de 2004. 36. Indicadores setoriais da indústria apontaram reduçãoda atividade em julho. Dados relativos à expedição depapelão ondulado, produção de autoveículos, cargaprópria de energia elétrica e ao fluxo de veículos pesadosno mês – índice ABCR – mostraram retraçãocomparativamente aos dados observados em junho,depois de efetivados os ajustes sazonais. Mercado de trabalho 37. O índice de emprego formal registrou crescimentomensal de 0,4% em junho, após ajuste sazonal, deacordo com informações do MTE.Comparativamente ao índice de junho de 2004, houveexpansão de 6% no emprego formal, com a criaçãolíquida de 1.455 mil empregos no período, comdestaque para a geração de postos de trabalho naindústria de transformação e no comércio. 38. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME),realizada pelo IBGE nas seis principais regiõesmetropolitanas do País, a taxa de desemprego recuoude 10,2% em maio para 9,4% em junho, situando-se 2,3p.p. abaixo da observada em junho de 2004. A reduçãoda taxa de desemprego em relação a maio de 2005refletiu a queda do número de desocupados, -193 mil,ou -8,6%, relativamente maior que a queda da PEA, -181 mil, ou -0,8%. Em termos absolutos, a População

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Economicamente Ativa (PEA) foi estimada em 21,9milhões de pessoas. Segundo a mesma pesquisa, orendimento médio real habitual das pessoasocupadas cresceu 1,5% em junho deste ano,comparativamente ao registrado em maio, ao atingirR$945,80. Em relação ao nível observado em junhode 2004, entretanto, o rendimento real experimentouqueda de 0,3%. 39. No setor industrial, segundo os índices da CNIajustados sazonalmente pelo Banco Central, ocontingente de pessoal empregado e a massa salarialreal aumentaram, respectivamente, 0,1% e 0,5% emjunho, ante os níveis de maio. Em relação aospatamares observados em junho de 2004, o pessoalempregado e a massa salarial real evoluíram 5,3% e8,7%, respectivamente. No primeiro semestre de2005, comparativamente ao mesmo período de 2004,esses índices mostraram acréscimos respectivos de6,4% e de 9%. Crédito e inadimplência 40. O saldo das operações de crédito do sistemafinanceiro com recursos livres cresceu 1,6% em julho.Nas operações com pessoas físicas, o saldo aumentou2%, principalmente pelo comportamento do créditopessoal, dada a continuidade da expansão dasoperações consignadas em folha de pagamento. Nascarteiras destinadas a pessoas jurídicas, o total dasoperações com recursos domésticos aumentou 1,2%e o das operações referenciadas em moedaestrangeira, 1,6%. 41. A taxa média de juros incidente sobre asoperações de crédito com recursos livres recuou emjulho. Nas operações destinadas a pessoas físicas ataxa média diminuiu 0,2 p.p., passando para 64,5 %a.a., enquanto naquelas contratadas com pessoasjurídicas observou-se recuo de 0,4 p.p., para 33% a.a. 42. No sistema financeiro, a taxa de inadimplência,considerando-se as operações de crédito comrecursos livres com atraso superior a quinze dias,aumentou 0,1 p.p. em julho, atingindo 7,4%. A taxade inadimplência das pessoas físicas diminuiu para12%, ante 12,4% em junho, e a das pessoas jurídicas3,5%, ante 3,4% no mês anterior.

43. A taxa líquida de inadimplência no comércio,calculada pela ACSP, recuou de 5,1% em junho para4,2% em julho. Esse resultado decorreu da expansãode 4,1% no número de registros cancelados e daqueda de 2,5% no número de novos registros no mês. Ambiente externo 44. Os indicadores preliminares de crescimento doproduto apontam para expansão sustentada, porémdesbalanceada, da economia mundial no segundotrimestre. Enquanto a China e os Estados Unidoscresceram 6,7% e 3,4%, respectivamente, em baseanualizada, o Japão e a Área do Euro cresceram,respectivamente, 1,1% e 1,2%, na mesma base decomparação. 45. Indicadores mensais de atividade evidenciam amanutenção desse ritmo de crescimento para oterceiro trimestre. Identifica-se ligeira melhoria nosdados da economia européia e do Japão, corroborandoa visão de um cenário macroeconômico maispromissor no segundo semestre. Tal percepçãopoderá ser afetada pelos constantes aumentos dascotações do petróleo que, voláteis nos últimos meses,atingiram o patamar de US$65,00 o barril, motivados,principalmente, pelas preocupaçõescom o limite decapacidade de produção da commodity. O mercadofuturo aponta para preços elevados. 46. Apesar dos aumentos das cotações do petróleo,a evolução dos preços nas principais economiasapresentou variações reduzidas dos índices aoconsumidor, ensejando manutenção das respectivaspolíticas monetárias. Nos Estados Unidos, o Fedaumentou a taxa básica de juros em 0,25 p.p., para3,5% a.a., indicando que pretende remover a políticamonetária acomodatícia gradualmente. No ReinoUnido, o Banco da Inglaterra decidiu reduzir a taxa dejuros em 25 pontos base, fixando-a em 4,5%, sob ajustificativa de enfrentar a desaceleração econômicado país. O Banco Central Europeu manteve inalteradaa taxa de juro na região, que permaneceu em 2%. 47. A mudança cambial na China não provocouimpactos significativos sobre as variáveis financeirasinternacionais, que esboçaram alguma volatilidade nodia do anúncio das medidas. Anunciada a flexibilizaçãocambial na China, a Malásia também adotou um novo

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regime cambial que, a exemplo do chinês, seráadministrado em referência a uma cesta de moedas,permitindo maior flutuação das respectivas moedasdentro de uma estreita banda de flutuação. 48. De maneira geral, o quadro inflacionáriopermanece sob controle. Nos Estados Unidos, oresultado do Índice de Inflação ao Consumidor (CPI)referente ao mês de junho apresentou variação nula(0%), enquanto o Índice de Inflação ao Produtor(PPI) ficou estável em junho na comparação mensal,apesar do alto preço internacional do petróleo. NoReino Unido, o índice de preços ao consumidorregistrou alta de 2% em junho, ante junho do anopassado, 0,1 ponto percentual acima do previsto.Assim, não se vislumbra mudança nas posturas daspolíticas monetárias das principais economias. 49. No mercado de petróleo, as cotações permanecemelevadas, com grande volatilidade, em função,principalmente, das divulgações das estimativas deestoques do produto e derivados nos Estados Unidos,além das tensões geopolíticas nas regiões produtoras. Comércio exterior e reservas internacionais 50. O comércio exterior registrou, em julho, resultadosque representaram, mais uma vez, recordes para omês e para o período de doze meses. O superávitcomercial superou US$5 bilhões pela primeira vezna história do comércio exterior brasileiro. Em dozemeses, o saldo comercial e a corrente de comércioalcançaram, respectivamente, US$39,9 bilhões eUS$178 bilhões, configurando expansões de 29,4%e de 27,1% sobre os períodos anteriores equivalentes.Em agosto, o saldo de US$1,7 bilhão, apurado nosdez primeiros dias úteis do mês, representou variaçõesde 16,2% e de 18,8%, respectivamente, nasexportações e importações, ante os valores médiosobservados em agosto de 2004. 51. As exportações alcançaram US$11,1 bilhões emjulho, superando pela primeira vez o patamar deUS$11 bilhões, e apresentaram a maior média diáriajá registrada, de US$526,7 milhões, que refletem ocrescimento de 28,9%, comparativamente à de julhode 2004. O valor das exportações de produtosbásicos, de US$3,8 bilhões, constituiu-se em recordehistórico mensal para a categoria. O principal

produto de exportação foi petróleo em bruto,alcançando US$850 milhões. Ainda em decorrênciade aumentos nas quantidades e nos preços externosde importantes itens da pauta de exportação, asvendas de manufaturados e semimanufaturadosforam recordes para meses de julho. Considerandoos primeiros sete meses do ano, merece destaque oaumento para 55% da representatividade dasexportações de produtos manufaturados na pautade exportações, ante 53,1% no mesmo período de2004. Além da continuidade da diversificação dapauta brasileira, observou-se expansão dasexportações para todas as regiões, com crescimentoexpressivo das vendas para novos mercados. 52. As importações atingiram US$6,1 bilhões em julho,com acréscimo de 14,7% em termos de médias diárias,comparativamente ao ocorrido no mesmo mês 2004. Àexceção de combustíveis e lubrificantes, todas ascategorias de produtos de importação registraramexpansão no período, comparativamente a julho de 2004.No ano, até julho, observaram-se aumentos de 27,6%em bens de capital, 19% em bens de consumo, 17,9%em matérias-primas e bens intermediários e 13,7% emcombustíveis e lubrificantes, considerados os valoresmédios diários de igual período do ano anterior. 53. Ao final de julho, as reservas internacionaissituaram-se em US$54,7 bilhões, redução de US$5,2bilhões ante a posição registrada no final de junho,principalmente devido à antecipação de pagamentosao FMI, de US$5 bilhões. As reservas líquidasajustadas atingiram US$40,5 bilhões, permanecendoestáveis na mesma base de comparação. Mercado monetário e operações de mercadoaberto 54. No período que se seguiu à decisão do Copomde julho, as taxas de juros elevaram-se, especialmentenos vencimentos mais longos. Tal movimento tevecomo principais determinantes a preocupação como cenário doméstico, as oscilações das taxas dos títulosdo Tesouro americano e a volatilidade nas cotaçõesinternacionais do petróleo. No início do mês deagosto, porém, a curva de juros voltou a aproximar-se do patamar anterior à reunião, diante da quedanos índices de inflação corrente, bem como nasexpectativas inflacionárias, e da melhora do cenário

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externo, com o recuo do risco-país e da taxa decâmbio. Nos últimos dias, a divulgação de novosindicadores de inflação favoráveis provocou oaumento da inclinação negativa do trecho curto dacurva, com o diferencial entre a meta para a taxaSelic e a taxa de seis meses passando de -0,83 p.p.para -1,15 p.p. entre 20 de julho e 17 de agosto. Nomesmo período, as taxas de um mês, de três e deseis meses e de um ano reduziram-se em 0,11 p.p.,0,21 p.p., 0,32 p.p. e 0,04 p.p.; enquanto as taxas dedois e de três anos elevaram-se em 0,19 p.p. e 0,15p.p., respectivamente. 55. O resgate líquido de instrumentos cambiais emagosto, incluídos os vencimentos de juros, foi decerca de US$5,7 milhões. O resgate líquidoacumulado em 2005, incluídos os vencimentos dejuros, manteve-se no nível de US$15,1 bilhões.

56. O Tesouro Nacional captou, entre as reuniõesdo Copom de julho e de agosto, R$10,8 bilhões emleilões de venda de títulos prefixados: R$10,2 bilhõesmediante a venda de LTN, de vencimento em 2006,2007 e 2008, e R$594,5 milhões com a colocação deNTN-F, de vencimento em 2010 e 2012. Os leilõesde venda de LFT, de vencimento em 2008 e 2009,realizados em três ocasiões, movimentaram oequivalente a R$6,1 bilhões.

57. Na administração da liquidez, o Banco Centralinterveio por meio de operações compromissadasprefixadas semanais, com prazo de três meses, e deoperações compromissadas de curtíssimo prazo,dezesseis doadoras e duas tomadoras de recursos.Realizou, também, operações de nivelamento daliquidez ao final do dia. O excesso de liquidez bancáriaesterilizado por operações com prazo de três mesesalcançou a média de R$41,6 bilhões. Por outro lado, asoperações com prazo de até trinta dias apresentaramsaldo diário médio doador de R$4,8 bilhões. 58. Para reduzir o excedente de liquidez bancáriaprevisto para o quarto trimestre, o Banco Centralrealizou, em 20/7, 27/7, 3/8 e 10/8, leilões de vendade LTN de vencimento em janeiro de 2006, de suacarteira, conjugada à compra de LTN de vencimentoem outubro de 2005. O volume financeiro total dessasoperações foi de R$3,3 bilhões. 59. Em julho, o estoque da Dívida Pública MobiliáriaFederal interna (DPMFi) aumentou 1,1%, comoresultado da apropriação de R$12,6 bilhões de jurose do resgate líquido de R$2,4 bilhões. A parcela dadívida exposta à variação cambial permaneceuestável em 4,1% no final de julho.

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Resolução 3.289, de 3.6.2005 – Dispôs sobre ofuncionamento do Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas (FGP). A Lei 11.079, de 2004, que instituiu asnormas gerais para licitação e contratação de parceriaspúblicos-privadas no âmbito da administração pública,autorizou a criação do FGP, com a finalidade de prestargarantia de pagamento de obrigações pecuniárias assumidaspelos parceiros públicos federais nesses contratos. Nessesentido, a referida Resolução estabeleceu que aadministração do FGP somente poderá ser exercida porinstituição financeira, controlada direta ou indiretamente pelaUnião, e que seja autorizada pela Comissão de ValoresMobiliários (CVM) para o exercício de administração decarteira de valores mobiliários.

Resolução 3.291, de 23.6.2005 – Fixou a metade inflação para 2007, que será igual à meta de 2006, de4,5%, com intervalo de tolerância de menos 2 p.p. e de mais2 p.p.

Resolução 3.292, de 23.6.2005 – Manteve em9,75% a.a. a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), avigorar no terceiro trimestre de 2005.

Circular 3.287, de 21.7.2005 – Dispôs sobre aconstituição e a implementação, no Banco Central do Brasil,do Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional(CCS). Esse cadastro destina-se ao registro de informaçõesrelativas a correntistas e clientes de instituições financeiras,bem como a seus representantes legais ou convencionais.O CCS vai propiciar o atendimento de requisição, formuladapelas autoridades legalmente competentes, quanto aodetalhamento de informações sobre o relacionamento entreinstituições financeiras e clientes. As instituições financeirassão responsáveis pela exatidão, tempestividade nofornecimento e atualização diária dos dados do CCS.

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Resolução 3.303, de 29.7.2005 – Prorrogou, para31 de dezembro de 2006, o prazo fixado no art. 1º daResolução 3.227, de 2004, para a contratação definanciamentos ao amparo do Programa de Modernizaçãodo Parque Industrial Nacional (Modermaq), mantido o limiteglobal de R$2 bilhões para todo o período e as demaiscondições estabelecidas na mencionada resolução.

Resolução 3.304, de 29.7.2005 – Alterou odirecionamento de recursos captados em depósitos depoupança pelas entidades integrantes do Sistema Brasileirode Poupança e Empréstimos (SBPE). Dessa forma, essasentidades ficam dispensadas de cumprir a aplicação mínimade 65% de suas captações em caderneta de poupança,desde que o valor dos novos financiamentos para aquisiçãoe produção de imóveis, no terceiro e quarto trimestres de2005 seja superior em, no mínimo, 50% aos montantesregistrados em igual período do ano anterior.

Resolução 3.310, de 31.8.2005 – Disciplinou aLei 11.110, de 25.4.2005, que instituiu o Programa Nacionalde Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO),relativamente à parcela dos recursos de depósitos à vistadestinada às operações de microcrédito, e consolida em umaúnica instrução normativa a regulamentação acerca dasoperações de microcrédito voltadas para a população debaixa renda e para microempreendedores. Além disso,mantém o limite de até 4% para a taxa de juros nasoperações relativas ao microcrédito produtivo orientadoestabelecido na Resolução 3.229, de 2004, assim como elevao valor máximo dos créditos para R$5 mil, admitindo-se acontratação de operações de até R$10 mil.

Resolução 3.314, de 8.9.2005 – Dispôs sobreconcessão de prazo para pagamento de parcelas vencidasou vincendas de financiamentos de custeio relativos à safra2004/2005. Nesse sentido, a quitação do saldo devedorcorrespondente às parcelas dos financiamentos de custeiovinculados às culturas de arroz, milho, soja, sorgo, trigo ealgodão foi prorrogada para março e abril de 2006.

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Decreto 5.468, de 15.6.2005 – Reduziu parazero, para vigorar a partir de 16.7.2005, as alíquotas doImposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidentessobre bens de capital mencionados no Decreto 4.955, de15.1.2004, e no Decreto 5.173, de 6.8.2004. Ressalta-seque as alíquotas sobre bens de capital vinham passando por

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um processo de redução gradativa. Com a edição doDecreto 4.955, passaram de 5% para 3,5%; e, pordeterminação do Decreto 5.173, de 3,5% para 2%. Acompleta desoneração do IPI alcança 99% dos bens decapital (máquinas e equipamentos utilizados pelas indústrias)e, inicialmente, estava prevista para acontecer somente apartir de janeiro de 2007.

Lei 11.124, de 16.6.2005 – Instituiu o SistemaNacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), criouo Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social(FNHIS) e o Conselho Gestor do FNHIS. O SNHIS foicriado para atender aos seguintes objetivos:

a) viabilizar para a população de menor rendao acesso à terra urbanizada e à habitaçãodigna e sustentável;

b) implementar políticas e programas deinvestimentos e subsídios, promovendo eviabilizando o acesso à habitação voltada àpopulação de menor renda;

c) articular, compatibilizar, acompanhar e apoiar aatuação das instituições e órgãos que desempenhamfunções no setor da habitação.

Portaria 222, de 30.6.2004, do Ministério daFazenda – Elevou de R$50 mil para R$100 mil o valor dosdébitos consolidados que, de forma simplificada, podem serparcelados com a Secretaria Receita Federal. Esse benefíciopode ser concedido pela Procuradoria-Geral da FazendaNacional, em qualquer caso, quando inscrito o débito naDívida Ativa da União; pela Secretaria da Receita Federal,quando se tratar de tributos ou contribuições por elaadministrados; e pelos demais órgãos do Ministério daFazenda que efetuem a arrecadação e a cobrança, na viaadministrativa, de outras receitas da Fazenda Nacional.

Medida Provisória 255, de 1º.7.2005 –Prorrogou de 1.7.2005, para o último dia útil de dezembrode 2005, o prazo para opção pelo regime de tributação doImposto de Renda Retido na Fonte de Pessoa Física comalíquotas decrescentes, dos participantes de planos debenefícios de caráter previdenciário operados por entidadede previdência complementar, por sociedade seguradora ouem Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi),já existentes na data da publicação da Lei 11.053, de29.12.2004, que instituiu o referido regime para quemingressar em planos de benefícios a partir de 1.1.2005. EssaMedida Provisória também reduziu a zero a alíquota daContribuição Provisória sobre Movimentação Financeira(CPMF) incidente quando da transferência de reservas

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técnicas, fundos e provisões de plano de benefício entreentidades de previdência complementar ou sociedadesseguradoras, tendo em vista que tais reservas sãoconstituídas em favor dos participantes e apenasadministradas por estas entidades.

Emenda Constitucional 47, de 5.7.2005 –Restituiu alguns benefícios para a aposentadoria dosservidores públicos, suprimidos pela reforma previdenciáriade dezembro de 2003. Os itens mais relevantes aprovadospela Emenda foram os seguintes:

a) paridade salarial para os servidores que seaposentarem segundo os critérios da EmendaConstitucional 41/2003, ou seja, reajustes salariaisnas mesmas proporções e na mesma data queos concedidos aos funcionários em atividade,desde que o servidor preencha, cumulativamente,os seguintes requisitos: a) trinta e cinco anos decontribuição, se homem, e trinta anos, se mulher;b) idade mínima de 60 anos (homem) e 55 anos(mulher); e c) vinte anos no serviço público, dezanos na carreira e cinco anos no cargo em quese der a aposentadoria;

b) regra de transição, voltada para os servidoresque ingressaram muito cedo no serviço público.Pela regra, os servidores admitidos até 16.12.1998poderão se aposentar com proventos integrais,desde que satisfaçam, cumulativamente, asseguintes exigências: a) idade mínima resultanteda redução de um ano que exceder os 35 anos decontribuição exigidos (30 anos no caso da mulher);e b) 25 anos de exercício no serviço público,quinze anos de carreira e cinco anos no cargoem que se der a aposentadoria.

Medida Provisória 258, de 21.7.2005 – Instituiua Receita Federal do Brasil, mediante a unificação daSecretaria da Receita Federal com a Secretaria da ReceitaPrevidenciária. Essa nova autarquia entrou em funcionamentoem 15.8.2005, e ficou subordinada ao Ministério da Fazenda.O objetivo central da medida foi unificar as atividades deadministração tributária e aduaneira da União, com vistas àredução dos custos operacionais, à simplificação dosprocessos, à integração dos sistemas de atendimento,controle e de tecnologia da informação, e à melhoria nograu de atendimento ao contribuinte.

Decreto 5.497, de 21.7.2005 – Disciplinou aforma de ocupação de cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores (DAS), níveis 1, 2, 3

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e 4, da administração pública federal direta, autárquica efundacional. Doravante, 75% dos níveis 1, 2, e 3, e 50% donível 4 serão ocupados exclusivamente por servidores decarreira.

Lei 11.143, de 26.7.2005 – Dispôs sobre osubsídio de Ministro do Supremo Tribunal Federal, referidono art. 48, inciso XV, da Constituição Federal, e deu novaredação ao caput do art. 2º da Lei 8.350, de 28.12.1999.Com essa medida, o teto dos vencimentos do ministro foiestipulado em R$21.500,00, retroativo a janeiro de 2005,passando para R$24.500,00 a partir de 1º.1.2006 .

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Portaria STN 300, de 28.4.2005 (DOU2.5.2005) – Autorizou a emissão de Notas do TesouroNacional Série I (NTN-I) no valor de R$3.449.325,33 (trêsmilhões, quatrocentos e quarenta e nove mil, trezentos evinte e cinco reais e trinta e três centavos), inscritos emrestos a pagar em 15.12.2004, a serem utilizadas nopagamento de equalização das taxas de juros dosfinanciamentos à exportação de bens e serviços brasileirosamparados pelo Programa de Financiamento àsExportações (Proex).

Portaria STN 395, de 31.5.2005 (DOU2.6.2005) – Autorizou a emissão de Notas do TesouroNacional Série I (NTN-I) no valor de R$29.198.227,94 (vintee nove milhões, cento e noventa e oito mil, duzentos e vintee sete reais e noventa e quatro centavos), referenciada a15.5.2005, a serem utilizadas no pagamento de equalizaçãodas taxas de juros dos financiamentos à exportação de bense serviços brasileiros amparados pelo Proex.

Portaria STN 396, de 31.5.2005 (DOU 2.6.2005)– Autorizou a emissão de Notas do Tesouro Nacional Série I(NTN-I) no valor de R$24.728.097,64 (vinte e quatro milhões,setecentos e vinte e oito mil, noventa e sete reais e sessentae quatro centavos), inscritos em restos a pagar em 15.12.2004,a serem utilizadas no pagamento de equalização das taxas dejuros dos financiamentos à exportação de bens e serviçosbrasileiros amparados pelo Programa de Financiamento àsExportações (Proex).

Circular Secex 34, de 8.6.2005 (DOU 9.6.2005)(SGP – EUA) – Tornou público que as autoridades norte-americanas deram início ao processo de revisão anual de

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2005 do Sistema Geral de Preferências dos Estados Unidos,conforme edital publicado no Federal Register, em 9.5.2005,Volume 70, nº 88.

Medida Provisória 252, de 15.6.2005 (MP doBem) (DOU 16.6.2005) – Instituiu o Regime Especial deTributação para a Plataforma de Exportação de Serviçosde Tecnologia da Informação (Repes), o Regime Especialde Aquisição de Bens de Capital para EmpresasExportadoras (Recap) e o Programa de Inclusão Digital;dispôs sobre incentivos fiscais para a inovação tecnológica.

Decreto 5.467, de 15.6.2005 (DOU 16.6.2005)(PIS/Pasep e Cofins sobre produtos de informática) –Estabeleceu termos e condições para a redução a zero dasalíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofinsincidentes sobre a receita de venda dos produtos de informáticade que trata o Programa de Inclusão Digital, nos termos doparágrafo 2º do artigo 28 da Medida Provisória 252/2005.

Decreto 5.468, de 15.6.2005 (DOU 16.6.2005) –Alterou para zero as alíquotas do Imposto sobre ProdutosIndustrializados (IPI) incidentes sobre os produtos (bens decapital) relacionados no Decreto 4.955, de 15.1.2004.

Portaria STN 447, de 22.6.2005 (DOU28.6.2005) – Autorizou a emissão de Notas do TesouroNacional Série I (NTN-I) no valor de R$26.898.808,78 (vintee seis milhões, oitocentos e noventa e oito mil, oitocentos eoito reais e setenta e oito centavos), referenciada a15.6.2005, a serem utilizadas no pagamento de equalizaçãodas taxas de juros dos financiamentos à exportação de bense serviços brasileiros amparados pelo Proex.

Resolução Bacen 3.295, de 1º.7.2005 – Dispôssobre alterações em programas de investimento,amparados em recursos equalizados pelo Tesouro Nacionaljunto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES) e sobre a linha de crédito FinameAgrícola Especial.

Lei 11.131, de 1º.7.2005 (DOU 4.7.2005) –Autorizou a União a prestar auxílio financeiro aos estados,ao Distrito Federal e aos municípios, com o objetivo defomentar as exportações do País; altera a Medida Provisória2.185-35, de 24.8.2001; e dá outras providências. Conversãoem Lei da Medida Provisória 237, de 27.1.2005.

Circular Secex 42, de 6.7.2005 (DOU 7.7.2005)(SGP – União Européia) – Tornou público, no site Ministério

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do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),o novo esquema do SGP da Comunidade Européia.

Resolução Camex 21 e 27, de 18.7.2005 e de26.8.2005 (DOU 19.7.2005 e de 29.8.2005) (Ex-Tarifários) – Alterou para 2% (dois por cento), até30.6.2007, as alíquotas ad valorem do Imposto de Importaçãoincidentes sobre Bens de Capital, Bens de Informática eTelecomuncações da lista anexa, na condição de ex-tarifários, e adotou outras providências.

Portaria STN 524 , de 27.7.2005 (DOU28.7.2005, retificação DOU 4.8.2005) – Autorizou aemissão de Notas do Tesouro Nacional Série I, NTN-I, novalor de R$49.221.016,83, (quarenta e nove milhões,duzentos e vinte e um mil e dezesseis reais e oitenta e trêscentavos), referenciada a 15.7.2005, a serem utilizadas nopagamento de equalização das taxas de juros dosfinanciamentos à exportação de bens e serviços brasileirosamparados pelo Proex.

Resolução Bacen 3.303, de 29.7.2005 –Prorrogou o prazo para a concessão de financiamentos aoamparo do Modermaq, de que trata a Resolução Bacen3.227, de 2004.

Resolução Bacen 3.306, de 1º.8.2005 – Dispôssobre a linha de crédito destinada ao financiamento decolheita e de estocagem de café do período agrícola 2004/2005, ao amparo de recursos do Fundo de Defesa daEconomia Cafeeira (Funcafé).

Portaria Secex 14, de 3.8.2005 (DOU 5.8.2005)(Cota Hilton) – Incluiu no Anexo C da Portaria 15/04, queconsolida as disposições regulamentares das operações deexportação, dos itens 0201.30.00 e 0202.30.00, carnes deanimais da espécie bovina, frescas, refrigeradas oucongeladas, tendo em vista a necessidade de tornar públicoo critério de distribuição entre empresas nacionais docontigente exportável de 5.000 toneladas de carne bovinain natura na modalidade “Cota Hilton”, concedido pela UniãoEuropéia ao Brasil, por meio do Regulamento (CE) 936/97,para o período compreendido entre 1º.7.2005 e 30.6.2005.

Decreto 5.505, de 5.8.2005 (DOU 8.8.2005)(Recap) – Regulamentou o caput e o parágrafo 1º do artigo15 da Medida Provisória 252/05, que dispõe sobre o RegimeEspecial de Aquisição de Bens de Capital para EmpresasExportadoras (Recap). Suspendeu a exigência daContribuição para o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-

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Importação incidentes sobre a importação dos bens de capitalespecificados, quando importados para incorporação ao ativoimobilizado diretamente pelo beneficiário do Recap.

Resolução Camex 26, de 11.8.2005 (DOU19.8.2005, retificada no DOU 23.8.2005) – Alterou aLista de Exceções à Tarifa Externa Comum (TEC).

Circular Secex 52, de 23.8.2005 (DOU24.8.2005) – Redistribuiu, entre as empresas que especifica,a cota de 6.000 unidades de automóveis e veículoscomerciais leves até 1.500kg de capacidade de carga, nasexportações do Brasil para o Uruguai.

Portaria STN 571, de 23.8.2005 (DOU25.8.2005) – Autorizou a emissão de Notas do TesouroNacional Série I (NTN-I) no valor de R$33.043.442,27 (trintae três milhões, quarenta e três mil, quatrocentos e quarentae dois reais e vinte e sete centavos), referenciada a15.8.2005, a serem utilizadas no pagamento de equalizaçãodas taxas de juros dos financiamentos à exportação de bense serviços brasileiros amparados pelo Programa deFinanciamento às Exportações (Proex).

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Henrique de Campos MeirellesPresidente

Afonso Sant'Anna BevilaquaDiretor

Alexandre Antonio TombiniDiretor

Alexandre SchwartsmanDiretor

Antonio Gustavo Matos do ValeDiretor

João Antônio Fleury TeixeiraDiretor

Paulo Sérgio CavalheiroDiretor

Rodrigo Telles da Rocha AzevedoDiretor

Sérgio Darcy da Silva AlvesDiretor

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Henrique de Campos MeirellesPresidente

Afonso Sant'Anna BevilaquaDiretor

Alexandre Antonio TombiniDiretor

Alexandre SchwartsmanDiretor

Antonio Gustavo Matos do ValeDiretor

João Antônio Fleury TeixeiraDiretor

Paulo Sérgio CavalheiroDiretor

Rodrigo Telles da Rocha AzevedoDiretor

Sérgio Darcy da Silva Alves

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Altamir LopesChefe do Departamento Econômico (Depec)

Daso Maranhão CoimbraChefe do Departamento de Operações das ReservasInternacionais (Depin)

José Antonio MarcianoChefe do Departamento de Operações Bancárias e deSistema de Pagamentos (Deban)

José Pedro Ramos Fachada Martins da SilvaGerente-Executivo da Gerência-Executiva de Relacio-namento com Investidores (Gerin)

Marcelo Kfoury MuinhosChefe do Departamento de Estudos e Pesquisas(Depep)

Ivan Luis Gonçalves de Oliveira LimaChefe do Departamento de Operações do MercadoAberto (Demab)

Diretor

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a.a. Ao ano

Abel Associação Brasileira das Empresas de Leasing

ACSP Associação Comercial de São PauloADR American Depositary Receipts

Aladi Associação Latino-Americana de Integração

Anatel Agência Nacional de TelecomunicaçõesAnfavea Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

BCE Banco Central Europeu

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BoE Banco da Inglaterra

BoJ Banco do Japão

Bovespa Bolsa de Valores de São PauloCaged Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

CDB Certificado de Depósito Bancário

Cepal Comissão Econômica para América Latina e o Caribe CMN Conselho Monetário Nacional

CNI Confederação Nacional da Indústria

Cofins Contribuição para Financiamento da Seguridade SocialCVM Comissão de Valores Mobiliários

DAX Deutscher Aktienindex

DBGG Dívida Bruta do Governo GeralDI Depósito Interfinanceiro

DLGG Dívida Líquida do Governo Geral

DJIA Dow Jones Industrial Average

DLSP Dívida Líquida do Setor Público

Embi+ Emerging Market Bond Index Plus

EUA Estados Unidos da AméricaFapi Fundo de Aposentadoria Programada Individual

Fecomercio RJ Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro

Fecomercio SP Federação do Comércio do Estado de São Paulo FED Federal Reserve

FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

FGV Fundação Getulio Vargas FMI Fundo Monetário Internacional

FMP Fundos Mútuos de Privatização

FOMC Federal Open-Market Committee

Funcex Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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Ibovespa Índice da Bolsa de Valores de São Paulo

ICC Índice de Confiança do Consumidor

Icea Índice das Condições Econômicas AtuaisIcei Índice Conjuntural de Emprego Industrial

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IEC Índice de Expectativas do Consumidor IED Investimentos Estrangeiros Diretos

IGP-DI Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna

IGP-M Índice Geral de Preços – Mercado INPC Índice Nacional de Preços ao Consumidor

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IPA-OG Índice de Preços por Atacado – Oferta GlobalIPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

IPC-Br Índice de Preços ao Consumidor – Brasil

LDO Lei de Diretrizes OrçamentáriasLFT Letras Financeiras do Tesouro Nacional

Loas Lei Orgânica da Assistência Social

LSPA Levantamento Sistemático da Produção Agrícola LTN Letras do Tesouro Nacional

Mapa Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MTE Ministério do Trabalho e Emprego

Opep Organização dos Países Exportadores de Petróleo

p.p. Pontos percentuais PAP Plano Agrícola e Pecuário

Pesa Programa Especial de Saneamento de Ativos

PIB Produto Interno Bruto PIM-PF Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física

PMC Pesquisa Mensal do Comércio

PME Pesquisa Mensal de EmpregoProagro Programa de Garantia da Atividade Agropecuária

Proex Programa de Financiamento às Exportações

Rais Relação Anual das Informações SociaisRDB Recibo de Depósito Bancário

SBPE Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo

Selic Sistema Especial de Liquidação e CustódiaSCR Sistema de Informações de Crédito

SGP Sistema Geral de Preferências

SPC Secretaria de Previdência ComplementarSRF Linha de Reservas Suplementar

TEC Tarifa Externa Comum

USDA Departamento de Agricultura Norte-Americano