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HELDER MARQUES CARNEIRO ADVOGADO ________________________________________________________________ Telefone: 21 342 49 31 Rua de S. Julião, 110 – 1º 1100-526 LISBOA Telefax: 21 342 49 31 CÉDULA 7082L SERVIÇOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE OEIRAS 3ª Secção Procº 840/11.5TAOER REQUERIMENTO PARA ABERTURA DE INSTRUÇÃO Exmº Senhor Juiz de Direito PAULO JORGE ALVES GUINOTE, vem requerer Abertura de Instrução, O que faz nos termos seguintes: 1. A Instrução visa avaliar a probabilidade de um arguido vir a ser condenado em julgamento, devendo ser arquivado o Inquérito caso essa probabilidade não se verifique.

REQUERIMENTO PARA ABERTURA DE INSTRUÇÃO · de notícias, de opinião política, de investigação jornalística ou, até, de mero desempenho de fretes a quem distribuiu a notícia

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SERVIÇOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE OEIRAS

3ª Secção

Procº 840/11.5TAOER

REQUERIMENTO PARA ABERTURA DE INSTRUÇÃO

Exmº Senhor Juiz de Direito

PAULO JORGE ALVES GUINOTE, vem requerer Abertura de Instrução,

O que faz nos termos seguintes:

1. A Instrução visa avaliar a probabilidade de um arguido vir a ser

condenado em julgamento, devendo ser arquivado o Inquérito caso

essa probabilidade não se verifique.

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2. O Arguido está acusado por ter editado um texto no seu Blogue, com

o que terá alegadamente ofendido a honra do Assistente.

3. O Assistente sustenta que o texto editado pelo Arguido se trata de

um ”artigo colocado on line” – cfr. Parte final do nº 10 da Acusação,

com o que pretende estabelecer uma equivalência entre o texto

editado pelo Arguido e uma qualquer peça jornalística de tipo

clássico.

4. Ora bem, como será pacífico, um Blogue não é uma publicação,

ainda menos equiparável a um jornal, nem um texto que se edite

num blogue assume as características ou a qualidade de um artigo

jornalístico.

5. Em especial, um Blogue individual - como é o caso do Blogue do

Arguido - não passa de um repositório de pensamentos, reflexões,

opiniões e desabafos do respectivo autor, em especial sobre o tema

da Educação.

6. Trata-se de uma forma alternativa de emitir opinião estritamente

pessoal, ao abrigo do primado da inteligência e da liberdade

individuais, não enquadrável nos esquemas clássicos de publicação

de notícias, de opinião política, de investigação jornalística ou, até,

de mero desempenho de fretes a quem distribuiu a notícia para a

encomenda ser publicada no jornal do dia seguinte.

7. Isto tudo, em tese geral, como é evidente.

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8. A blogosfera desenvolveu-se na última década como um espaço

alternativo de comunicação, caracterizando-se, segundo alguns

autores, como uma reacção perante os grande órgãos de informação

que se tornaram cidadelas de grupos que se consideram acima da

crítica e do vulgo, que funcionam de acordo com estratégias de

defesa mútua e de distorção dos factos ou cedência a interesses

sempre que isso auxilia as suas estratégias comerciais particulares

e/ou os seus alinhamentos político-ideológicos 1.

9. Outros autores, como Manuel Castells, preferem sublinhar a

importância da partilha e do valor da comunicação horizontal e livre

que a internet permite, sendo num «perfeito exemplo da prática de

liberdade de expressão a nível global, numa era dominada por

grandes grupos mediáticos e burocracias governamentais de exercício

de controlo»2.

10. Para outros autores, ainda, a blogosfera é especialmente

interessante pela combinação entre a personalidade individual e as

tecnologias que permitem a interactividade, a construção de

comunidade virtuais e uma genuína conversação nas suas mais

diversas variantes, entre o um e o múltiplo3.

11. No entanto isto não se passa num vazio ético total de regras de

conduta sendo vários os consensos em torno do comportamento

que, embora diverso do dos órgãos de comunicação tradicionais,

deve ser adoptado nos blogues, como é o caso de propostas como

1 Hugh Hewitt (2005) Blog – Understanding the Information Reformation That’s

Changing Your World. Nashville: Nelson Books, pp. 88ss, entre outras. 2 Manuel Castells (2004), A Galáxia Internet – Reflexões sobre a Internet, Negócios e

Sociedade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, p. 76. 3 David Kleine e Dan Burstein (2005), Blog! How the newest media revolution is

changing politics, business and culture. New York: CDS Books, p. xxi.

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aquela que apresenta como cinco primeiros princípios os seguintes:

a) É teu direito dares voz à tua opinião;

b) Sê crítico de tudo, até de ti mesmo;

c) Usa o teu poder para proteger;

d) Diz a verdade sempre;

e) Apresenta a tua opinião como sendo a tua opinião4.

12. É tudo isto que o arguido tem praticado na sua prática blogosférica

no blogue A Educação do meu Umbigo, desde a sua criação em

Novembro de 2005.

A PUBLICIDADE

13. Importa realçar que a acessibilidade directa do público a um texto

editado num blogue, depende em especial do tempo em que o

mesmo permanece acessível “em primeira página”.

14. Ou seja, tudo se passa assim: num blogue são editados textos numa

“folha virtual infinita” na qual o mais recente “empurra” o anterior

para “baixo”. Este facto faz com que o acesso a um blogue aconteça

sempre sobre o mais recente texto que tenha sido editado, com a

consequência de ter que percorrer “para baixo” a tal “folha infinita”

até surgir no ecran o texto específico que eventualmente se procure.

4 Disponível em Code of Ethics for Bloggers, Social Media and Content Creators

(http://www.designisphilosophy.com/code-of-ethics-for-bloggers-social-media-and-

content-creators/).

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15. Acontece que, por razões técnicas da informática, a tal “folha

infinita” de textos não está, na sua totalidade, directamente

acessível, ou visível, on line. O próprio sistema informático quebra

essa continuidade pois só tem capacidade para manter directamente

acessível e visível certa quantidade de espaço virtual que usa para os

textos mais recentes.

16. E, assim, os texto mais antigos são condensados numa sub-página

virtual, deixam de estar visíveis no blogue e o respectivo acesso

passa a ser possível só mediante busca específica para os encontrar.

17. Porém, este mecanismo não conduz a situações iguais em todos os

blogues, pois que a quantidade de textos que se editem num dia

determina a maior ou menor velocidade de preenchimento do

espaço disponível para se manter visível no blogue.

18. Por exemplo, um blogue que edite um texto por dia mantém

directamente acessíveis todos os textos que tenha editado nas,

talvez, duas últimas semanas, pois que só o acumulado de duas

semanas obriga a enviar para o arquivo virtual os textos editados no

início desse período.

19. O que permite concluir, neste exemplo, que um texto estará

directamente acessível a quem consultar aquele blogue durante duas

semanas.

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20. No caso dos autos não acontece assim, pois que a quantidade dos

textos editados pelo Arguido é grande e acontece por vezes que se

esgota, ao fim de um único dia, o espaço virtual disponível em

acesso directo. – basta consultar o Blogue para se perceber esta

realidade – cfr. http://educar.wordpress.com/

21. Isto obriga a que, para se consultar um “texto de ontem”, já se tenha

que procurar no arquivo virtual, pois que esse texto já não está

directamente acessível, portanto, à vista, de quem abra e consulte o

blogue “hoje”.

22. Por outro lado, os blogues não estão directamente acessíveis à

generalidade das pessoas. Quem os consulta, regra geral, são pessoas

que habitualmente o fazem, segundo os temas do seu interesse.

23. De algum modo, os blogues assumem as características dos “grupos

de discussão temática” que existem pela internet.

24. Os blogues, muito embora admitindo o acesso a qualquer pessoa, na

prática só são frequentados pelos leitores habituais.

25. Quer-se significar com isto que um blogue não está pendurado por

duas molas de roupa no expositor de um quiosque, conforme

acontece com os jornais.

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26. Deste modo, sustentamos, para efeitos da agravante prevista na

alínea a) do nº 1 do artº 183º do CP, que um blogue não é um meio

de comunicação social, nem é um meio de fácil acesso, nem se traduz

num meio que facilita, por si só, a divulgação.

27. Coisa diferente é reconhecer-se a potencialidade infinita de

divulgação que os meios informáticos, através da internet, admitem.

28. Mas no caso concreto, facilmente se conclui que, descontando os

amigos do Assistente que foram consultar deliberadamente aquela

página específica do blogue para poderem vir testemunhar os danos

morais alegados, só o grupo habitual de frequentadores ou leitores

do Blogue leram o texto do Arguido.

29. E esse grupo de leitores habituais, que se admite ser grande, são

quase todos Professores e, por isso, há muito que tinham má opinião

sobre os textos jornalísticos do Assistente, portanto, não foi o texto

do Arguido que os confrontou com qualquer novidade a esse

propósito.

30. Daí que não seja suficiente a potencialidade de grande divulgação,

para se estabelecer a facilidade da divulgação. Há a necessidade de

ponderar, no caso concreto, a facilidade de acesso ao texto. Porque

um meio de divulgação, com contingências de acesso, não pode ser

considerado um meio de divulgação fácil.

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OS COMENTÁRIOS DE TERCEIROS

31. No caso dos autos, o Blogue está aberto a comentários por parte dos leitores.

32. Ora bem, o que os comentadores disseram ou deixaram de dizer não é da responsabilidade do Arguido, o que o próprio deixou explícito no seu texto.

33. Não é o Arguido que emite qualquer dos comentários acusados, portanto nunca poderia estar movido pelo ânimo de ofender. E falindo o elemento subjectivo, não pode haver “crime”.

34. É certo que o Arguido tem o poder de eliminar, à posteriori, comentários. Algo que já fez noutras ocasiões, quando solicitado para o efeito.

35. Porém, no caso dos autos, tal conduta de censor só faria sentido se o Assistente tivesse suscitado essa atitude.

36. Ou seja, o Assistente, segundo acusa, leu os comentários e sentiu-se ofendido por eles. Porém em momento algum contactou o Arguido dando-lhe conta dessa ofensa, em especial, solicitando ao Arguido que procedesse, então, à respectiva eliminação.

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37. É que não cabe ao Arguido adivinhar o que pode ou não ofender o Assistente. Nem o Assistente tem o direito de se colocar num pedestal obrigando os mortais a intuir os seus estados de alma e a antecipar os seus presumíveis desejos.

38. O Assistente só poderia imputar ao Arguido o conteúdo dos comentários – e mesmo assim com duvidosa eficácia – se tivesse interpelado o Arguido para que os eliminasse e este se tivesse recusado.

39. Não o tendo feito, como efectivamente não o fez, só resta ao Assistente demandar criminalmente os autores de cada um dos comentários, mas nunca nos presentes autos.

40. Pelo exposto, na parte dos comentários é evidente a ilegitimidade do Arguido.

A CRÍTICA DO ESCRITO DO ASSISTENTE

41. O Arguido criticou os erros do texto jornalístico do Assistente .

42. E apresentou os seus argumentos evidenciando os erros daquele texto jornalístico.

43. Conforme decorre do conteúdo do texto do Arguido, o texto jornalístico do Assistente era materialmente falso quer em afirmações, quer, em especial, nas suas conclusões.

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44. Com efeito, na caixa de texto em questão escreve-se que os

professores estariam “a salvo” das medidas de austeridade do

Orçamento de Estado para 2011.

45. E estabelece-se uma causalidade directa entre esse facto e as

negociações entre o ME e os sindicatos realizadas em Janeiro de 2010

(qualificadas, de forma opinativa, como ”vitória”), mas que apenas

teriam passagem a legislação efectiva durante o mês de Junho desse

ano.

46. Para além disso refere que esse acordo teria levado a progressões

salariais que orçariam em cerca de 680 milhões de euros durante o ano

de 2010, 341 milhões dos quais até o mês de Julho desse ano.

47. Qualquer daqueles factos afirmados no texto do Assistente são

directamente desmentidos pela leitura da própria fonte por ele citada,

no caso o Boletim de Execução Orçamental de Julho de 2010, assim

como o de 2009. – ambos estão disponíveis on line no site do

Governo.

48. Conforme resulta do texto do Arguido, o texto do Assistente interpreta em erro dados estatísticos, com a manifesta intenção de prejudicar a imagem pública dos Professores.

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49. Aquele texto alegadamente jornalístico foi publicado num contexto

social, profissional e político de grande crispação.

50. Estava em pleno poder o Governo do Primeiro Ministro Sócrates, useiro e vezeiro na intoxicação da opinião pública, mediante o ataque na comunicação social dirigido aos grupos profissionais que estivessem, no caso, na objectiva “reformista” do governo.

51. Invocam-se estes factos a título de serem públicos e notórios, pois que o mesmo comportamento governamental foi dirigido também contra os Magistrados.

52. Era público que os assessores de imprensa – formais ou informais - dos Ministérios “largavam” notícias já elaboradas nas redacções de certos jornais e publicações, visando diminuir a força negocial desse grupo profissional, pela manipulação de dados e pela ocultação da verdade, nomeadamente a estatística.

53. Nos termos vistos, o texto “jornalístico” do Assistente estava errado, apresentava manipulação objectiva de dados e concluía de forma errada imputando à Classe dos Professores o benefício em muitos milhões.

54. Ora bem, na época o Arguido, na qualidade de professor, estava especialmente melindrado, ofendido, revoltado e indignado com o enorme manancial de informações falsas e manipuladas que o Ministério da Educação, desde que foi liderado pela Senhora Ministra Maria de Lurdes Reis Rodrigues, aliás, testemunha arrolada pelo Assistente, punha sistematicamente a circular, visando virar a população em geral contra a classe dos professores e visando diminuir a força negocial das estruturas representativas dos mesmos.

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55. Acontece que o texto “jornalístico” do Assistente como veículo das

falsidades e das erradas conclusões evidenciadas, surge exactamente num contexto dialéctico em que os professores estavam a ser atacados, com meios intelectualmente desonestos, por alguns jornalistas manifestamente a soldo – gratuito ou não, não interessa – dos interesses do Ministério da Educação.

56. Admite-se em tese geral, apesar de o seu texto jornalístico envolver todas as baixas qualidades de uma publicação a soldo da central de propaganda do Ministério de então, que o Assistente não estivesse por conta e a mando do Ministério da Educação.

57. Mas, então, tratou-se de uma terrível coincidência, resultando a ofensa do Assistente exclusivamente dessa extraordinária conjugação de factores aleatórios.

58. Mas uma coisa é certa: o texto jornalístico do Assistente, em especial por comportar afirmações falsas, raciocínios errados e conclusões ofensivas, causou grande perturbação e revolta ao Arguido.

A SEMANTICA

59. Queixa-se o Assistente de algumas expressões usadas no texto do Arguido – artº 12 da Acusação.

60. Ora bem, desde logo, nenhuma das expressões usadas no texto do Arguido visavam o Senhor Paulo Chitas enquanto cidadão, contribuinte ou eleitor.

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61. As expressões usadas pelo Arguido dirigiram-se apenas e tão só ao

Jornalista Chitas, e no âmbito restrito da crítica aos textos jornalísticos por ele assinados que versaram, com erro e com provocatória falsidade, a temática da luta dos Professores.

62. Assim, toda e qualquer expressão usada pelo Arguido dirigia-se a repudiar o agravo da Honra de Professor perpetrada pelo Jornalista Chitas, destinava-se a salientar os erros objectivos praticados pelo Jornalista Chitas, tencionava criticar a atitude persecutória que o jornalista Chitas tem dirigido aos Professores.

63. Ou seja, as expressões utilizadas pelo Arguido nunca visaram, nem seguramente atingiram, o que quer que fosse fora do âmbito restrito da crítica ao conteúdo dos textos assinados pelo Assistente.

64. Esta matéria releva de forma essencial na discussão do dolo específico exigido pelo tipo do artº 180º do CP.

65. Porque uma coisa é querer ofender alguém, coisa diferente é criticar, com verdade, mesmo de forma contundente, uma obra específica de alguém.

66. De todo o modo, percorrendo o teor das expressões que o Assistente invoca como ofensivas – artº 12 da Acusação -, temos que:

a) “Análises manipuladoras” – Trata-se de uma opinião

depreciativa, é certo, mas enquadrada num vocabulário

perfeitamente admissível numa querela com os contornos que

temos vindo a referir. Ademais, demonstrando-se no texto do

Arguido onde e como o Assistente tinha manipulado a sua

análise, não se vislumbra a respectiva relevância criminal.

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b) “Aquilo que em termos técnicos se chama uma merda,

desculpem, uma mentira, desculpem, uma utilização abusiva de

dados inexistentes”. – Uma vez mais se trata de uma opinião

depreciativa dirigida ao texto do Assistente. Ninguém se pode

ofender por ter sido criticado, com fundamentação, por ter

efectuado “uma utilização abusiva de dados inexistentes”.

c) “especialmente nhurro de entendimento ou então é mesmo

desonesto na abordagem que fez do assunto” – uma vez mais

está em causa uma opinião sobre a “abordagem que fez do

assunto”, ou seja, critica-se obviamente o texto do Assistente.

Não se diz que o Assistente é desonesto, por exemplo, com os

dinheiros do seu condomínio. Diz-se que o Assistente é

desonesto – obviamente ao nível intelectual – “ na abordagem

que faz ao assunto”. E o arguido no seu texto explica em que se

consubstancia essa falta de honestidade intelectual na

abordagem do assunto. Já agora recordamos que “nhurro” tem

como principal significado “teimoso”.

d) “Ou seja, esta caixa de texto é mesmo uma enorme bosta

jornalística e um monumento à desonestidade intelectual

sendo que o autor é useiro e vezeiro neste tipo de habilidades”

– Uma vez mais as expressões depreciativas são dirigidas aos

textos do Assistente - “à caixa jornalística” - que estavam a ser

criticados e não dirigidas a estabelecer uma teoria geral da

personalidade do Assistente. Aliás a expressão “Ou seja”

estabelece a ligação para o parágrafo anterior onde o Arguido

explica “as asneiras” do Assistente nas extrapolações erradas

que efectua sobre os dados disponíveis. Curiosamente, o

Assistente não se queixa do vocabulário “asneira” que também

lhe foi dirigido naquele contexto. O mais que se dirige

pessoalmente ao Assistente é a expressão “useiro e vezeiro

neste tipo de habilidades”. Mas convenhamos que mesmo nessa

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imputação directa dirigida ao Assistente não se ultrapassa os limites

da linguagem acalorada.

e) “Ou então estava inspirado, como nos tempos em que

adulterou escalas num gráfico de uma revista especial sobre o

estado da educação há um par de anos”. Junta-se como Doc. nº

1 um texto publicado no blogue do Arguido em 21.06.2006 – e

que consta no respectivo arquivo – onde se evidencia que já

nessa época o ora Assistente praticava o desporto de se

“enganar” e de manipular a interpretação de gráficos e de

escalas. Obviamente, concluindo em falsidade e mentira material

sempre contra a posição dos Professores.

67. Nos termos vistos , as expressões utilizadas pelo Arguido visam

criticar o texto do Assistente – referindo-se a textos pretéritos do

mesmo Assistente sobre o mesmo assunto da Educação.

68. É inegável que as expressões comportam, em intensidades

diferentes, um juízo depreciativo, mas o mesmo é dirigido

exclusivamente ao conteúdo dos textos do Assistente.

69. Nenhuma das expressões, mesmo consideradas de forma avulsa,

ultrapassam os limites da linguagem utilizada numa discussão

acalorada.

70. É certo que o estilo de algumas expressões pode ser considerado

como linguagem grosseira - a expressão “merda”, apesar de

emendada, ou a expressão “bosta”. Mas não é a grosseria semântica

que determina a relevância criminal na tangibilidade da Honra.

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71. Pode estar em causa a sensibilidade moral, o decoro social, e

escrúpulo deontológico do Assistente perante a expressão “bosta”.

72. Mas não pode estar em causa qualquer relevância criminal, só pelo

facto de um texto daquele jornalista, depois de demonstrada a

saciedade a falsidade dos factos afirmados e a tendenciosidade das

conclusões formuladas, ser classificado como “bosta”.

73. Criminoso seria, isso sim, acusar o Jornalista de falsidade nos factos e

de tendenciosidade nas conclusões, e, afinal, o mesmo ter produzido

uma peça jornalística de inatacável idoneidade.

74. Mas, nos termos mais que vistos, a peça jornalística assinada pelo

Assistente não comporta qualquer daquelas virtudes, antes pelo

contrário.

75. Razão pela qual qualquer cidadão que critique aquele mau

jornalismo concreto está a prestar um bom serviço à comunidade.

76. Nenhuma das expressões é dirigida ao Assistente fora do âmbito da

crítica dos textos por ele elaborados com os erros e as falsidades

supra evidenciadas.

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77. A censura penal é uma última ratio de censura pelo que, em especial

no âmbito dos crimes particulares, não deve ser prosseguida de

forma leviana, pois que nem todos os melindres subjectivos ou egos

inflamados merecem tutela, ainda menos criminal.

78. O Assistente foi confrontado com uma crítica aos seus textos

alegadamente jornalísticos, potenciada pelo clima da crispação que

se vivia no contexto sócio-profissional da época.

79. Que o Assistente não estivesse a fazer um frete ao Ministério da

Educação usando conscientemente falsa informação para denegrir

os Professores não discutimos agora – guardamos essa parte para o

julgamento se o houver – ,mas o Assistente sabia perfeitamente que

ao abordar a temática dos professores, ainda por cima acusando-os

com falsidade de beneficiar de muitos milhões, estava a abanar um

vespeiro.

80. Por isso não pode vir agora armado em virgem ofendida. O

Assistente sabia ao que se estava a expor, sabia o que pretendia,

conhecia a dimensão da provocação jornalística que protagonizava.

81. Salienta-se ainda a postura, que só se pode considerar como pueril,

do Assistente ao “acusar” o Arguido de “o não ter contactado” –

Ponto 10. da Acusação.

82. Salvo melhor opinião, o Assistente é que deveria ter contactado o

Arguido dando-lhe conta do seu desconforto com a situação

publicada no Blogue.

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83. Ou seja, o Assistente nada fez para acabar com a tremenda “ofensa à

sua consideração de jornalista”. Deixou que a “ofensa” persistisse só

para que se pudesse queixar ainda mais dela.

84. Ou seja, pretendemos com isto concluir que, se a ofensa à Honra e

Consideração do Assistente tivesse sido a milionésima parte daquilo

que ele reclama em euros, certamente que teria assumido uma

qualquer iniciativa junto do Arguido para que o texto fosse retirado

do Blogue.

85. Mas não o fez, exactamente como o bombeiro que, podendo apagar

rapidamente o fogo, deixa arder até ao fim só para justificar as horas

extraordinárias no rescaldo.

86. O que o Assistente deveria ter feito para salvaguardar a Honra que só

em Tribunal pretende ver ofendida era ter ido ao Blogue, explicar

que o seu artigo jornalístico afinal não tinha erros de raciocínio, nem

teimosias de entendimento, nem desonestidade intelectual nas

interpretações, nem análises manipuladoras, nem sequer visava

difundir informação falsa sobre os resultados da luta dos professores

– em suma, que o Arguido, afinal é que estava errado nas conclusões

formuladas.

87. Deveria o Assistente, enfim, assumir o contraditório e sustentar as

suas posições. Pois é disso que se alimenta a Blogosfera. È disso que

se alimenta a discussão dos assuntos em democracia.

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88. Coisa diferente é existirem jornalistas habituados a largar qualquer

aleivosia do alto da sua cátedra, convencidos que uma qualquer

opinião, só pelo facto de ser publicada, passa a ser uma verdade

absoluta e inatacável.

89. O Assistente nunca contactou o Arguido dando-lhe conta das “suas

ofensas”, visando a conciliação dos direitos em confronto.

90. O Assistente veio directamente para Tribunal, acedendo

directamente à última ratio da composição de interesses antagónicos,

nunca dando oportunidade a qualquer composição pré-judicial.

91. O que não nos deixa qualquer dúvida, até pelo anexo subjectivo

constante na peça acusatória, quanto à tentativa de silenciar o

Blogue do Arguido.

92. Os juízos de experiência comum explicam-nos que uma pessoa que se

sinta genuinamente ofendida e melindrada tenta logo que possa

acabar com a causa do melindre, nomeadamente, abordando o

causador da ofensa. Quanto assim não acontece e se vem

directamente para Tribunal é porque o móbil não é a alegada ofensa.

A ofensa é um mero pretexto. De quê, logo se verá.

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CONCLUSÕES

A. O Blogue do Arguido não é um “meio de comunicação social”

análogo aos jornais e revistas, mas apenas um “diário aberto”,

repositório de pensamentos, reflexões, opiniões e desabafos

pessoais, em especial sobre o tema da Educação.

B. O Blogue do Arguido, pese embora admitir-se a potencialidade de

grande divulgação dos seus textos, não pode ser considerado um

meio de divulgação fácil, devido a condicionantes de acesso.

C. Não era exigível ao Arguido a remoção dos comentários efectuados

por terceiros, porque o Assistente nunca manifestou essa pretensão.

D. O texto do Arguido dirigia-se a repudiar o agravo da Honra de Professor perpetrada pelo Jornalista Chitas , destinava-se a salientar os erros objectivos praticados pelo Jornalista Chitas, tencionava criticar a atitude persecutória que o Jornalista Chitas tem dirigido aos Professores, tudo no âmbito restrito da crítica ao conteúdo dos textos assinados pelo Assistente.

E. O texto “jornalístico” do Assistente estava errado, apresentava manipulação objectiva de dados e concluía de forma errada imputando à Classe dos Professores, com mentira, o benefício em muitos milhões.

F. O texto “jornalístico” do Assistente com aquelas censuráveis características surge num contexto dialéctico em que os professores estavam a ser atacados, com meios intelectualmente desonestos, por alguns jornalistas manifestamente a soldo dos interesses do Ministério da Educação.

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G. As expressões utilizadas pelo Arguido visam criticar o texto do

Assistente, envolvem um juízo depreciativo, mas o mesmo é dirigido exclusivamente ao conteúdo dos textos do Assistente e nenhuma das expressões, mesmo consideradas de forma avulsa, ultrapassa os limites da linguagem utilizada numa discussão acalorada.

H. Mesmo que alguma expressão possa ser considerada como

linguagem grosseira, tal circunstancia não estabelece, ipso facto, a

sua relevância criminal.

I. O Assistente nada fez para acabar com a lesão que alega, deixando

que a “ofensa” persistisse só para que se pudesse queixar ainda

mais dela.

J. Em momento algum o Assistente coloca em causa, do ponto de vista

da materialidade versada no seu texto e no texto do Arguido, as

criticas concretas que o Arguido dirigiu ao seu texto, refugiando-se

em formulações vagas de estados de alma, mas passando

intencionalmente ao lado da questão essencial: a falsidade dos

pressupostos e das conclusões do seu texto jornalístico.

K. O Assistente não tem a sua Honra e Consideração beliscadas. Apenas

o respectivo ego. Mas a este a lei penal não confere cobertura, ainda

menos quando esse ego se recusa a discutir, afinal, onde está a

verdade dos factos. No texto jornalístico do Assistente ou no texto

do blogue do Arguido ?

L. Quanto se vem directamente para Tribunal é porque o móbil não é a

alegada ofensa. A ofensa é apenas um pretexto.

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M. Qualquer cidadão que critique aquele mau jornalismo concreto está a

prestar um bom serviço à comunidade, pois que sociedade alguma

pode sobreviver com saúde num ambiente de mentira jornalística.

N. Não resultam dos autos suficientes indícios que confiram substrato

material aos elementos típicos dos crimes acusados, razão pela qual,

num juízo de mera probabilidade, se deve concluir pela altamente

provável não condenação do arguido em sede de julgamento.

Nesta fase, o Arguido deseja que seja avaliada judicialmente a

submissão do processo a julgamento. Em termos probatórios,

apenas junta um documento, na convicção de que a mera discussão

dos elementos constantes nos autos, em especial o conteúdo da

Acusação que circunscreve o objecto do processo, seja bastante e

suficiente para o fim processual pretendido.

Termos em que avaliado judicialmente o

conteúdo dos autos e da Acusação e efectuado o

debate em contraditório, se requer o arquivamento do

Inquérito.

Junta-se um documento referido supra em 66. e)

Junta procuração

O Advogado,