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Refere-se à semiotização e a opinião pública. Trata-se de três problemas acerca da oposição entre sujeito individual e sociedade: 1) dos fatores subjetivos que desempenharam papel de grande importância pelos mass mídia de alcance mundial (estudantes chineses, povo indiano, queda da cortina de ferro, guerra do golfo, etc.). É como se tivesse que domesticar a opinião árabe por um processo de subjetivação que envolvesse o ponto de vista yankee por meio da mídia e das armas. São singularidades subjetivas reivindicadas na história contemporânea, pois fracassou certa representação universalista da subjetividade. As ciências estão insuficientes e mal armadas para a mistura de apego arcaizante às tradições culturais e a aspirações à modernização tecnológica. Torna-se necessário forjar a concepção transversalista da subjetividade respondendo às amarrações territorializadas [territórios existenciais] e para abertura de sistemas de valor [universos incorporais] sociais e culturais. Ressalta-se a heterogeneidade dos componentes semiológicos significantes; os elementos fabricados pelos mass mídia, cinema e as dimensões semiológicas a- significantes; 2) das produções maquínicas do subjetivo. Transformações tecnológicas que reduzem e homogeneízam a subjetividade e uma tendência a singularizar seus componentes, no caso dos microcomputadores. A produção maquínica de subjetividade nem é pior nem é melhor, depende de sua articulação com os agenciamentos coletivos de enunciação. Melhor é a criação de universos de referência, pior quando depende da mídia; c) dos aspectos ecológicos e etológicos, na renúncia aos complexos freudianos universais constituintes da subjetividade, por fases desde a infância. Valorizar o caráter trans-subjetivo (ecologia mental e social). Busca-se uma intersecção de universos incorporais ou de referência para recompor uma corporeidade existencial. Re-singularizar: transplantes por transferência, procedimentos de uma criação, o paradigma estético – criam-se novas modalidades de subjetivação, tal qual um artista plástico. A tecnociência, o seu processo criativo (estético) e a criatividade tendem a encontrar uma especificação artística, mas o paradigma estético implica uma instância ético- política. A definição de subjetividade dá-se quando o individuo ou

[RESENHA] Caosmose - Um Novo Paradigma Estético

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Caosmose - Um novo paradigma EsteticoFelix Guattari

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Refere-se semiotizao e a opinio pblica. Trata-se de trs problemas acerca da oposio entre sujeito individual e sociedade: 1) dos fatores subjetivos que desempenharam papel de grande importncia pelos mass mdia de alcance mundial (estudantes chineses, povo indiano, queda da cortina de ferro, guerra do golfo, etc.). como se tivesse que domesticar a opinio rabe por um processo de subjetivao que envolvesse o ponto de vista yankee por meio da mdia e das armas. So singularidades subjetivas reivindicadas na histria contempornea, pois fracassou certa representao universalista da subjetividade. As cincias esto insuficientes e mal armadas para a mistura de apego arcaizante s tradies culturais e a aspiraes modernizao tecnolgica. Torna-se necessrio forjar a concepo transversalista da subjetividade respondendo s amarraes territorializadas [territrios existenciais] e para abertura de sistemas de valor [universos incorporais] sociais e culturais. Ressalta-se a heterogeneidade dos componentes semiolgicos significantes; os elementos fabricados pelos mass mdia, cinema e as dimenses semiolgicas a-significantes; 2) das produes maqunicas do subjetivo. Transformaes tecnolgicas que reduzem e homogenezam a subjetividade e uma tendncia a singularizar seus componentes, no caso dos microcomputadores. A produo maqunica de subjetividade nem pior nem melhor, depende de sua articulao com os agenciamentos coletivos de enunciao. Melhor a criao de universos de referncia, pior quando depende da mdia; c) dos aspectos ecolgicos e etolgicos, na renncia aos complexos freudianos universais constituintes da subjetividade, por fases desde a infncia. Valorizar o carter trans-subjetivo (ecologia mental e social). Busca-se uma interseco de universos incorporais ou de referncia para recompor uma corporeidade existencial. Re-singularizar: transplantes por transferncia, procedimentos de uma criao, o paradigma esttico criam-se novas modalidades de subjetivao, tal qual um artista plstico. A tecnocincia, o seu processo criativo (esttico) e a criatividade tendem a encontrar uma especificao artstica, mas o paradigma esttico implica uma instncia tico-poltica.

A definio de subjetividade d-se quando o individuo ou coletividades emergem como territrios existenciais auto-referentes em adjacncia com uma alteridade subjetiva. O coletivo uma multiplicidade alm do indivduo, junto ao socius, e aqum da pessoa. As condies de produo evocam instncias humanas intersubjetivas (linguagem) e instncias sugestivas ou identificatrias (etologia, interao institucional, dispositivos maqunicos, universos de referncias incorporais): parte no-humana, a heterognese da subjetividade. Contedos ditos cientficos (psicanalticos), mitologias religiosas e mticas valem como produo de subjetividade. A subjetividade capitalstica est no contexto do desenvolvimento contnuo dos mass mdia, dos equipamentos coletivos, da revoluo informtica. Trata-se de descentrar da questo do sujeito para a questo da subjetividade. Tomar a relao sujeito/objeto pelo meio e passar o que se exprime e o contedo em primeiro plano, pois a subjetividade d consistncia qualidade ontolgica enunciadora. Todas as modelizaes se equivalem, exceto por suas relaes (agregaes) que traam certo vetor, uma escolha micropoltica. O inconsciente maqunico de Proust , por exemplo, uma discursividade a partir de ritornelos complexos que desenvolvem universos de referencias heterogneos, h a necessidade de um corte, uma parada ou mudana temporal.

O inconsciente um equipamento coletivo. Do paradigma cientificista ao tico-esttico. Admitir que cada indivduo, cada grupo social veicule sua modelizao de subjetividade atravs de cartografias, de demarcaes cognitivas, mticas e rituais em relao aos seus afetos, angstias, inibies e pulses. O inconsciente superpe mltiplos estratos heterogneos de subjetivao (de extenso e consistncia). Trata-se de um inconsciente mais esquizo, de fluxo e de mquina abstrata, mais do que de estrutura e de linguagem. H a criao de uma textura ontolgica heterognea, uma nova tomada de conhecimento sem mediao, mas aglomerao ou prtica (no-discursiva) de subjetividade, ela mesma mutante.