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Universidade Federal de Goiás Faculdade de Letras Goiânia, 30 de Junho de 2015. Disciplina: Leitura e Produção Textual Docente: Gláucia Vieira Cândido Discente: Wendel Alves de Sousa – 201505067 __________________________________________________________________ ______________ RESENHA O texto estudado: “Refletindo sobre a mediação do processo de leitura', o segundo capítulo do livro Leitura: Ações de Mediação Pedagógica de Eliane Marquez da Fonseca Fernandes 1 e organizado por Sinval Martins de Sousa Filho 2 , apresenta um total de dezenove páginas (pgs. 35-54) e foi publicado pela Pontes Editores no presente ano (2015), em Campinas, São Paulo. “O Projeto “Leitura e escrita: ações de mediação pedagógica”, desenvolvido na Universidade Federal de Goiás (UFG), recebe o apoio da Fundação de amparo à Pesquisa de Goiás (FAPEG) e congrega pesquisadores com interesse em ampliar conhecimento acerca do ensino de língua portuguesa. A partir dos pressupostos teóricos da Linguística Socio-interativa educacional (BORTONI- RICARDO,2005), ocupamo-nos de questões de mediação 1 A Profª Eliane Marquez tem Pós-Doutorado em Educação pela UnB (2011) e Doutorado em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás (2007) e atualmente trabalha como adjunto 4 na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Texto e Análise do Discurso. Atua nos seguintes temas: leitura e escrita, gêneros do discurso, análise do discurso e ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa. É líder da Rede Goiana de Pesquisa: texto, discurso e ensino e também do Grupo de Pesquisa CNPq CRIARCONTEXTO: estudos do texto e do discurso. (Texto informado pelo autor em http://lattes.cnpq.br/6909779518031618). 2 Sinval Martins de Sousa Filho é Professor Adjunto 4 (DE) na Faculdade de Letras - Universidade Federal de Goiás, onde atua na Graduação (Licenciatura em Língua Portuguesa e Bacharelado em Linguística) e na Pós-graduação (Estudos Linguísticos), é Pós-Doutor em Psicolinguística, Doutor em Letras e Linguística e mestre em Letras e Linguística. Tem atuado principalmente nas seguintes áreas temáticas: educação escolar, língua portuguesa, língua xerente, formação inicial ('regular' e diferenciada), formação continuada, educação intercultural, educação bilíngue, gêneros textuais/discursivos, letramento, gramática descritiva e proscritiva, referenciação e funcionalismo linguístico. (Texto informado pelo autor em http://lattes.cnpq.br/5359385370592200).

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Universidade Federal de GoiásFaculdade de LetrasGoiânia, 30 de Junho de 2015.Disciplina: Leitura e Produção TextualDocente: Gláucia Vieira CândidoDiscente: Wendel Alves de Sousa – 201505067________________________________________________________________________________

RESENHA

O texto estudado: “Refletindo sobre a mediação do processo de leitura', o segundo capítulo do livro Leitura: Ações de Mediação Pedagógica de Eliane Marquez da Fonseca Fernandes1 e organizado por Sinval Martins de Sousa Filho2, apresenta um total de dezenove páginas (pgs. 35-54) e foi publicado pela Pontes Editores no presente ano (2015), em Campinas, São Paulo.

“O Projeto “Leitura e escrita: ações de mediação pedagógica”, desenvolvido na Universidade Federal de Goiás (UFG), recebe o apoio da Fundação de amparo à Pesquisa de Goiás (FAPEG) e congrega pesquisadores com interesse em ampliar conhecimento acerca do ensino de língua portuguesa. A partir dos pressupostos teóricos da Linguística Socio-interativa educacional (BORTONI-RICARDO,2005), ocupamo-nos de questões de mediação pedagógica no ensino/aprendizagem da leitura e escrita com jovens falantes de variedades de pouco prestígio social.” (FERNANDES, PANIAGO. 2015. p.1)3

O texto chama à atenção a questão do analfabetismo/analfabetismo funcional presente em diversos âmbitos sociais brasileiros, e realiza uma correlação dessa realidade com as relações resultantes dos processos voltados às “rotinas interacionais entre os pesquisadores (que assumem o papel de professores) e alunos leitores e produtores de texto com diferentes graus de competência leitora (...)” (FERNANDES, SOUSA FILHO. 2015. p. 1). É enfática durante todo o texto a conceituação de que a transmissão do conhecimento seja possível por meio da partilha de informações e da produção de novos dados; é um processo que ocorre através da interação. A

1 A Profª Eliane Marquez tem Pós-Doutorado em Educação pela UnB (2011) e Doutorado em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás (2007) e atualmente trabalha como adjunto 4 na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Texto e Análise do Discurso. Atua nos seguintes temas: leitura e escrita, gêneros do discurso, análise do discurso e ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa. É líder da Rede Goiana de Pesquisa: texto, discurso e ensino e também do Grupo de Pesquisa CNPq CRIARCONTEXTO: estudos do texto e do discurso. (Texto informado pelo autor em http://lattes.cnpq.br/6909779518031618).

2 Sinval Martins de Sousa Filho é Professor Adjunto 4 (DE) na Faculdade de Letras - Universidade Federal de Goiás, onde atua na Graduação (Licenciatura em Língua Portuguesa e Bacharelado em Linguística) e na Pós-graduação (Estudos Linguísticos), é Pós-Doutor em Psicolinguística, Doutor em Letras e Linguística e mestre em Letras e Linguística. Tem atuado principalmente nas seguintes áreas temáticas: educação escolar, língua portuguesa, língua xerente, formação inicial ('regular' e diferenciada), formação continuada, educação intercultural, educação bilíngue, gêneros textuais/discursivos, letramento, gramática descritiva e proscritiva, referenciação e funcionalismo linguístico. (Texto informado pelo autor em http://lattes.cnpq.br/5359385370592200).

3 Mediação pedagógica no ensino da leitura e da escrita Profª Drª Eliane Marquez da Fonseca Fernandes(UFG)Profª Drª Maria de Lourdes Faria dos Santos Paniago UFG)

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alfabetização, portanto, alicerçada neste processo, só é possível quando se tornam presentes tais circunstâncias: o compartilhamento do conhecimento é um esforço coletivo; da escola, da sociedade, do aluno. É culturalmente difundido em nosso país o viés elitista da leitura no papel de designação do homem no campo social, o que pode ser responsável pela “rejeição” por parte de alguns alunos durante seu aprendizado. Ler não é fácil. Interpretar tampouco. Utilizando-se de mediações4 ocorridas durante a realização do projeto Leitura e Escritas: ações de mediação pedagógica, a autora exemplifica os processos, diretrizes e procedimentos utilizados na interação entre o pesquisador e aluno, focando-se na internalização dos conceitos e informações apresentadas por este: como o processo de aprendizado (principalmente na leitura), se dá nessas interações. “Acredita-se que o desenvolvimento linguístico possa crescer significativamente quando há um processo sistematizado de mediação de leitura e escrita.”(FERNANDES, SOUSA FILHO. 2015. p. 37) O cerne esmiuçado neste capítulo volta-se à análise da aplicação de protocolos de mediação efetuada por um pesquisador integrante do projeto a uma estudante do ensino médio de educação básica, buscando o desenvolvimento da capacidade leitora da aluna.

É evidente que o intuito principal do texto está em expor os mecanismos de funcionamento do projeto, evidenciando suas funções e seus benefícios aos envolvidos de modo geral. Exemplo disso é o desenvolvimento (sutil, mas ainda deduzível) apresentado pela aluna durante a mediação com o pesquisador.

Os processos exemplificados ao longo do capítulo conferem ao texto um aspecto científico e experimental, agregando peso na conceituação que o leitor adquire com a sua leitura. Tal aspecto, aliado ao falar sucinto adotado no texto, possibilitam ao leitor uma maior proximidade ao texto e assunto relacionados, dificultando que venha a ocorrer incompreensão ou interpretações ambíguas daquilo que se está lendo. Mesmo que a obra provavelmente venha a se manter dentro do âmbito acadêmico voltado às áreas relacionadas com a linguagem, pode ser entendido em seus conceitos e conclusões básicas por aqueles que se disponham a lê-la. São abordados, ainda no texto, diversos conceitos sustentados como justificativa a determinadas conclusões, destacando-se nomes de áreas relacionadas à linguística e psicolinguística, como Vygotsky, Marcuschi, Perrenoud, Freire, Bortoni-Ricardo e Solé, servindo-se como base à fundamentação teórica apresentada na obra; sendo pertinente sua leitora como fonte exterior de estudo, uma vez que seus conceitos aparecem suficientemente definidos.

Percebe-se o tom crítico na avaliação da conversa gravada durante a sessão, complementado, de certa maneira, pelo apontamento de traços que poderiam ser úteis à mediação e deslizes cometidos pelo pesquisador em conduzir a aluna às acepções necessárias para a continuidade do estudo. O que torna-se justificável, visto que a mediação tenta, de forma mais controlada, reproduzir o cenário encontrado em sala de aula, sob condições normais de ensino: o pesquisador é discente no curso de Letras – Português, mas encontra-se aqui no posto de docente, e provavelmente tais apontamentos o irão beneficiar futuramente na prática da licenciatura. Obviamente, que não apenas ao pesquisador utilizado como exemplo nesta mediação, o texto apresenta material de observação e experimentação útil a todo e qualquer estudioso que esteja envolvido no processo de lecionar, de compartilhar seu conhecimento com outrem, difundindo-o desta forma. Além de evidenciar ao leitor (essencialmente os discentes de licenciatura), as dificuldades que podem surgir da falta de um conhecimento prévio do assunto a ser discutido, falta de objetividade, ou até mesmo de um necessário 'jogo de cintura'; habilidades que se tornam necessária durante estes processos. Encerra, reiterando à não simplificação dos processos de aprendizado e sim à sua sistematização, explicitando o quão importante é o papel do professor (assim como o do aluno também), na internalização.

4 (…) o termo mediação advém da psicologia de Vygotsky (1998), sobretudo quando esse autor trata das zonas de desenvolvimento cognitivo – as zonas real, proximal e potencial – nas quais os signos atuam como mediadores principais para o desenvolvimento das funções superiores. Ainda, para Vygosty (1998), todo o processo de desenvolvimento cognitivo se dá na interação entre sujeitos. (p. 36).

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BIBLIOGRAFIA

FERNANDES, E. M. F; SOUSA FILHO, S. M. Refletindo sobre a mediação do processo de leitura. In: Leitura: Ações de Mediação Pedagógica. São Paulo, Pontes Editores, 2015. p. 35-54.

FERNANDES, E. M. F; PANIAGO, M. F. L. S. Mediação pedagógica no ensino da leitura e da escrita. Disponível em:http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/wp-content/uploads/2014/11/2499.pdf Acessado em 20, Junho, 2015.