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SEMINÁRIO ADVENTISTA LATINO-AMERICANO DE TEOLOGIA INSTITUTO ADVENTISTA DE ENSINO DO NORDESTE Relatório: Fenomenologia da Religião Aluno: Alberto Arthur Reiter Júnior Professor: Érico Tadeu Xavier Disciplina: Fenômeno Religioso da Cidade Curso: Mestrado Intracorpus em Teologia – Missão Urbana Autor Título do Livro Pg. Lidas Horas Cácio Silva Fenomenologia da Religião 148 10 FENOMENOLOGIA DA RELIGIÃO Compreendendo as ideias religiosas a partir das suas manifestações O Conteúdo: O autor introduz defendendo a importância da fenomenologia da religião para compreender as ideias que estão por trás de ritos religiosos de uma cultura e o que significam para aqueles que os praticam. Afirma que como missionários, antes de apresentar o evangelho para determinado povo, a primeira providência a se tomar é buscar uma compreensão satisfatória do mesmo. Afirma que compreender um povo equivale compreender a sua cultura e essa envolve complexos sistemas que regulamentam o comportamento do grupo social. E coloca a antropologia cultural como a ciência que mais tem contribuído no trabalho missionário para compreensão dos povos alvos de evangelização. Finaliza e seção deixando claro que para análise da cultura como um todo, utiliza-se a antropologia cultural ou, mais especificamente, a etnologia. Para análise da língua, a linguística antropológica, e para análise da religião, deve-se lançar mão da fenomenologia da religião. O autor apresenta uma breve introdução sobre o surgimento da ciência da religião, mostra também a controvérsia acerca da terminologia. Chegando a indagar qual

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SEMINÁRIO ADVENTISTA LATINO-AMERICANO DE TEOLOGIA

INSTITUTO ADVENTISTA DE ENSINO DO NORDESTE

Relatório: Fenomenologia da Religião Aluno: Alberto Arthur Reiter JúniorProfessor: Érico Tadeu XavierDisciplina: Fenômeno Religioso da CidadeCurso: Mestrado Intracorpus em Teologia – Missão Urbana

Autor Título do Livro Pg. Lidas Horas

Cácio Silva Fenomenologia da Religião 148 10

FENOMENOLOGIA DA RELIGIÃOCompreendendo as ideias religiosas a partir das suas manifestações

O Conteúdo:

O autor introduz defendendo a importância da fenomenologia da religião para compreender as ideias que estão por trás de ritos religiosos de uma cultura e o que significam para aqueles que os praticam. Afirma que como missionários, antes de apresentar o evangelho para determinado povo, a primeira providência a se tomar é buscar uma compreensão satisfatória do mesmo. Afirma que compreender um povo equivale compreender a sua cultura e essa envolve complexos sistemas que regulamentam o comportamento do grupo social. E coloca a antropologia cultural como a ciência que mais tem contribuído no trabalho missionário para compreensão dos povos alvos de evangelização. Finaliza e seção deixando claro que para análise da cultura como um todo, utiliza-se a antropologia cultural ou, mais especificamente, a etnologia. Para análise da língua, a linguística antropológica, e para análise da religião, deve-se lançar mão da fenomenologia da religião.

O autor apresenta uma breve introdução sobre o surgimento da ciência da religião, mostra também a controvérsia acerca da terminologia. Chegando a indagar qual seria correto; ciência da religião ou ciência das religiões? Ou ainda, ciências da religião ou ciências das religiões? Não se deteve a esta pormenor ao afirmar que os próprios cientistas da religião ainda não chegaram a um consenso a este respeito. Segue apresentando várias correntes ou escolas de estudo do fenômeno religioso que surgiram: (1) ESCOLAS HISTÓRICO-RELIGIOSAS – onde surgiu a tese levantou a tese de que as sociedades iletradas creem num “Ser Supremo” (Andrew Lang 1844-1912). Posteriormente surge “Origem da Ideia de Deus”, obra de Schmidt -1912ss, que contempla um número extensivo de religiões “primitivas” da terra. Esta escola está interessada no conjunto dos fatos religiosos enquanto manifestações da cultura humana, podendo ser um método descritivo, analítico ou comparativo. Dessa forma, sua grande utilidade está na classificação das religiões e fornecimento de dados para fins de comparação. (2) ESCOLAS LINGUÍSTICAS - Friedrich Max Müller (1823-1900) foi o primeiro a propor o primeiro cruzamento sistemático da linguística com o mundo das religiões. Para ele, as palavras são originariamente eventos. Os nomes de divindades evocam fatos históricos ou fenômenos da natureza. E assim, estudando a origem dos nomes é possível descobrir a origem das religiões. Emile Benveniste (1902-1976) afirma que a análise lingüística possibilita não

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apenas a descoberta das origens religiosas, mas também a compreensão da religiosidade em si. (3) ESCOLAS PSICOLÓGICAS – Esta escola dedicou-se inicialmente ao estudo da psicologia da conversão (Stanley Hall 1844-1924), passando pelas influências do temperamento na conversão (Albert Coe 1862-1951), finalizando com Sigmund Freud (1856-1939) com sua abordagem negativista da religião, interpretando a mesma como um produto de conflitos ancestrais, equivalentes à infância da humanidade. No seu livro “Totem e Tabu” (1913), ele tenta explicar a origem da religião com a controvertida teoria do “Complexo de Édipo”. (4) ESCOLAS SOCIOLÓGICAS – Escola com sua ênfase no retorno às origens (Claude-Henri 1760-1825), “lei dos três estágios” (Augusto Comte 1789-1857) dando ênfase ao fato religioso em si, para ele a religião passa por três sub-estágios sucessivos: fetichismo, politeísmo e monoteísmo. Frase célebre da escola: Tudo o que há de essencial na sociedade é fruto da religião e, portanto, a essência da religião é a idéia de sociedade (Émile Durkheim 1853-1917). As escolas sociológicas contribuem em muito para a compreensão do fenômeno religioso, especialmente no estudo da função social da religião. (5) ESCOLAS ANTROPOLÓGICAS – Teoria do Animismo (Edward Burnet Tylor 1832-1917) afirma que a religião surgiu da concepção de “alma” – princípio vital que “anima” o corpo humano, bem como a natureza. Esse conceito teria surgido da tentativa do homem antigo de entender e explicar o fenômeno do sonho. E a partir do conceito da alma, teria surgido também o conceito de espíritos. Assim, as religiões teriam evoluído do animismo politeísta para o monoteísmo. O desenvolvimento do conceito do rito e do mito ao fornecer um status metodológico à antropologia em geral (Bronislaw Malinowski 1884-1942). Tylor e Malinowski são expoentes da antropologia cultural, mas surgiu uma outra linha de pesquisa conhecida como antropologia social. Essa teve seu início com o inglês Edward Evan Evans-Pritchard (1902-1973), que privilegia a sociedade como recipiente da cultura. Enquanto a antropologia cultural está mais atenta aos comportamentos, técnicas, linguagens e símbolos, a antropologia social volta seu olhar para as instituições e, em especial, aos sistemas de parentesco.

Aborda também a história da fenomenologia da religião e sua tentativa de conceituação. Surgindo o termo “fenomenologia” em 1764. Já o termo “fenomenologia da religião” foi criado pelo holandês Pierre Daniel Chantepie de la Saussaye (1848-1920). “Fenômeno” vem do grego fainomenon, que significa literalmente “aquilo que aparece”, “que se mostra”. Logo, fenomenologia é, literalmente, “o estudo do que aparece”. Apresenta “religião” como um sistema explicatório que trata das últimas questões da vida e da morte, das razões da própria existência ou; religião como um sistema cultural. Distingue religião de magia – religião é quando a pessoa é subordinada aos seres espirituais, enquanto magia é quando a pessoa domina e controla as forças sobrenaturais.

Apresenta no conteúdo a importância da teologia bíblica como respondente cultural. Defende a ideia de que enquanto lançamos mão da fenomenologia da religião para analisar e compreender a religiosidade do povo; devemos lançar mão da teologia bíblica para apresentar respostas relevantes e devidamente contextualizadas às muitas perguntas que a cultura fará ao evangelho. Fala também sobre a importância de entender como o homem religioso distingue e classifica os vários elementos do seu mundo. Em suma sua cosmovisão, como o homem religioso vê o universo, sua distinção entre o sagrado e o profano. Defendendo a ideia das três linguagens básicas da experiência religiosa: o símbolo, o mito e o rito e os define. Apresenta o símbolo não somente como um meio de comunicação da experiência religiosa, mas defende a ideia de que fornece todo o pano de fundo para o mito e o rito, estando necessariamente presente nestes. Defende a transignificação dos objetos. Falando sobre dogma, concorda que nas religiões iletradas a elaboração dogmática é pouco

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presente por causa do imediatismo entre o mito e o rito. Leva a observar que o dogma não surge do povo e sim de uma elite pensante. Assim, ele não vem diretamente do divino, como o mito e o rito, mas é uma tradução que o teólogo faz da crença da multidão.

Apresenta também a história do conceito de animismo, inicialmente defendida como simplesmente como “a crença em seres espirituais” A palavra “animismo” tem origem na expressão latina “anima”, associada à ideia de “alma” como um princípio ativo de vida ou força vital, presente em quase todas as coisas, animando e dando vida às mesmas. Falando sobre sincretismo mostra a origem do termo grego (syn, “união” + cretismo,“cretenses” = união das cidades cretenses contra inimigos comuns). Mostrando que somente no século 16 a expressão passou a ser relacionada à mistura religiosa. David Hesselgrave entende sincretismo como uma modificação e adaptação de crenças e práticas de sistemas opostos (ou diferentes) resultando em um novo sistema. O autor prefere definir como: a mistura de princípios religiosos diferentes ou opostos, com a aceitação de todos como verdadeiros, em maior ou menor escala, independente dessa mistura se dar em nível de influência apenas ou de uma fusão. Sincretismo não é uma religião, mas sim uma mistura religiosa, da mesma forma que miscigenação é uma mistura racial. Depois de ter apresentado a instrumentalidade da fenomenologia como método de pesquisa no trabalho missionário, o autor encerra a sua argumentação lembrando que o trabalho missionário não consiste apenas na compreensão da religiosidade do povo. O fim último da ação missionária é a glorificação do nome de Deus entre as nações e a salvação dos perdidos. Portanto, apenas com os recursos humanos, por melhores que sejam, não se alcançará o objetivo final. Encerra a firmando que se faz necessária a ação de Deus para que o Seu próprio reino seja expandido entre os povos.

Intenção do Autor:O autor propõe apresentar a fenomenologia da religião como método de pesquisa.

Define a fenomenologia como “o estudo das coisas em seus aspectos observáveis, contrapondo-se à sua causalidade”. Ou seja, deseja propor estudar as causas religiosas através da observação das suas manifestações. Apresenta o surgimento da Fenomenologia da Religião como ciência a partir da Sociologia e da Antropologia enumerando os grandes teóricos da religião como fenômeno social, mesmo antes do termo se estabelecer.

Relevância para a matéria:No contexto brasileiro, temos uma crescente ênfase no estudo da antropologia e da

linguística nos currículos de treinamento missionário, mas o estudo da fenomenologia ainda é, de modo geral, pouco evidenciado. Este conteúdo acrescenta valor significativo ao estudo proposto. Pois afirmam os cientistas da religião que a investigação fenomenológica é a melhor opção para se aproximar, o máximo possível, do significado real da experiência religiosa. Apresenta o conceito de fenomenologia como tentativa de compreender a essência da experiência humana, seja ela psicológica, social, cultural ou religiosa, a partir da análise das suas manifestações.

Pontos positivos ou contribuições:Podemos destacar positivamente na obra: (1) A tentativa do autor em mesclar teoria e estudos de casos variados favorecendo a aplicabilidade do conteúdo. (2) A sugestão da leitura complementar pós-conteúdo indicando bibliografia específica sobre o tema do capítulo. (3) O autor foi feliz ao afirmar que não valerá compreender de forma relevante uma religião se não apresentarmos o evangelho também de forma relevante à mesma.(4) A vasta bibliografia demonstra a preocupação do autor em estabelecer firmemente os limites da sua abordagem. (4) Apesar de ser evangélico ele consegue suficiente neutralidade.