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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.405.244 - SP (2013/0322683-1)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHORECORRENTE : VINHOS SALTON S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO E OUTROADVOGADO : RICARDO NUSSRALA HADDAD E OUTRO(S)RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
DECISÃO
TRIBUTÁRIO. SELO DE CONTROLE DO IPI. NATUREZA
TRIBUTÁRIA OU ACESSÓRIA. TRIBUNAL DE ORIGEM QUE AFIRMOU A
MULTIPLICIDADE DE RECURSO E ENCAMINHOU OS AUTOS A ESTA
CORTE COMO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. NECESSIDADE
DE JULGAMENTO PELA 1a. SEÇÃO SOB O RITO DO ART. 543-C DO
CPC.
1. Trata-se de Recurso Especial interposto por VINHOS SALTON
S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO E OUTRO, com fundamento na alínea a do art. 105, III
da Constituição Federal, objetivando a reforma do acórdão proferido pelo egrégio TRF
da 3a. Região, da lavra do ilustre Desembargador Federal MAIRAN GONÇALVES MAIA:
TRIBUTÁRIO. SELO DE CONTROLE DE IPI. NATUREZA
JURÍDICA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.
1. A aquisição de selo para controle do IPI tem natureza
jurídica de obrigação acessória, por visar facilitar a fiscalização e
arrecadação do tributo principal, conforme previsão contida no artigo 113, §
2o., do CTN.
2. A cobrança pela confecção e fornecimento dos selos, nos
moldes do Decreto-Lei 1.437/75, constitui ressarcimento aos cofres públicos
do seu custo e não tem natureza jurídica de taxa ou preço público.
3. Por força art. 3o. do Decreto-Lei 1.437/75, houve
revogação do benefício da gratuidade prevista originariamente no art. 46 da
Lei 4.502/64 e retirada a matéria do âmbito legal, atribuindo ao Ministro da
Fazenda competência para regulamentá-la por meio de ato normativo
próprio.
4. Por não se estar diante de obrigação de natureza tributária,
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mas acessória, não se verifica ofensa ao princípio da legalidade estrita
insculpido no art. 150, I da Constituição Federal, nem tampouco revogação
do Decreto-lei 1.437/75, por força do artigo 25, inciso I do ADCT, sendo
legítima a atribuição de competência prevista no artigo 3o. do Decreto-lei
1.437/75 (fls. 452).
2. Os Embargos Declaratórios opostos (fls. 458/460), foram
rejeitados (fls. 466/473).
3. Nas razões do seu Apelo Nobre, alega a parte recorrente violação
aos arts. 3o., 7o. e 97, I, III e IVdo CTN, aos seguintes argumentos:
É que o tributo ressarcimento dos custos de aquisição dos selos de
controle de IPI teve seu substrato legal revogado pelo art. 25 do ADCT, de
sorte que os artigos e 237 do Regulamento do IPI (Decreto 4.544/2002) e o
artigo 27 da Instrução Normativa 73/2001 não têm respaldo legal para impor
aos contribuintes a prestação pecuniária. Tem-se violação ao Princípio da
Legalidade.
Não bastasse isso, com a revocação do art. 3o. do Decreto
1.437/75 pelo art. 25 do ADCT, o fato gerador e a alíquota do tributo
denominado de ressarcimento dos custos de aquisição dos selos de IPI só
foram descritos em função de delegação, o que é repudiado pelo art. 7o. do
CTN (fls. 487).
4. Com contrarrazões (fls. 525/535), o recurso foi admitido na
origem (fls. 548/549).
5. Na decisão da Corte local que admitiu o Recurso Especial, a
ilustre Vice-Presidente da Corte Regional Desembargadora Federal SALETTE
NASCIMENTO afirmou a repetitividade de questões em suficiente identidade e enviou o
presente recurso a esta Corte como representativo de controvérsia, sobrestando os
demais.
6. De fato, entende-se que havendo multiplicidade de recursos
relativos a essa mesma matéria e que ainda não foi apreciada sob o rito dos
recursos repetitivos, deve se fazê-lo, para se evitar decisões conflitantes emanas
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pelo Poder Judiciário.
7. Assim, recebe-se o Apelo Especial como recurso representativo
de controvérsia, com fundamento no art. 543-C do CPC e art. 2o., § 1o., da Resolução
STJ 8/2008.
8. A delimitação da tese controvertida é esta: o ressarcimento dos
custos de aquisição dos selos de controle do IPI, instituído pelo art. 3o. do Decreto
1.437/75, tem natureza tributária e não foi recepcionado pelo art. 25 do ADCT.
9. Remetam-se os autos à 1a. Seção.
10. Comunique-se esta decisão aos Ministros integrantes da 1a. Seção
do STJ e aos Presidentes dos Tribunais de Justiça dos Estados e dos Tribunais
Regionais Federais, para os fins previstos no citado art. 2o., § 2o., da Resolução STJ
8/2008.
11. Abra-se vista dos autos ao douto MPF para o parecer no prazo de
quinze dias.
12. Publique-se. Intimações necessárias.
Brasília/DF, 07 de abril de 2014.
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
MINISTRO RELATOR
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