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RESTRIÇÕES À COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS COM TÍTULOS PRECATÓRIOS

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RESTRIÇÕES À

COMPENSAÇÃO

DE TRIBUTOS COM

TÍTULOS PRECATÓRIOS

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Por que estabelecer restrições à compensação de tributos com títulos precatórios?

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Antes de responder esta questão é essencial analisar alguns princípios e objetivos especificados na Constituição Federal.

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FUNDAMENTOS E OBJETIVOS

A Constituição Federal especifica que o Brasil é um Estado Democrático de Direito.

Somente há democracia onde os direitos humanos fundamentais são efetivados.

A efetivação dos direitos humanos fundamentais exige investimentos (recursos financeiros). Portanto há a necessidade de cobrar Tributos.

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FUNDAMENTOS E OBJETIVOS

O Art. 1º da CF define que a República Federativa do Brasil tem como fundamentos:(...)II – a cidadania;III – a dignidade da pessoa humana;(...)

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FUNDAMENTOS E OBJETIVOS

No art. 3º da CF estão os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, entre eles:-a construção de uma sociedade livre, justa e solidária;- a erradicação da pobreza;- a redução da desigualdade social.

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DEVERES E DIREITOS FUNDAMENTAIS

A cidadania deve ser concebida como um direito, sendo que, simultânea e paralelamente, a noção de dever deve ser inserida no seu conteúdo, já que não existem direitos sem seus correlatos deveres.

(Ana Maria D‘ávila. A Cidadania na CF de 1988. Constituição e Democracia. São Paulo: Malheiros, 2006)

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DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

A dignidade do ser humano não consiste em cada um exigir seus direitos, mas, sobretudo, consiste em cada um assumir seus deveres como pessoa e como cidadão e exigir de si mesmo seu cumprimento permanente. [...] O que existe é um esquecimento do dever. Ou, mais exatamente, um esquecimento do meu dever, mas não dos deveres alheios. O dever é substituído pela exigência. (Gregório Robles. Os Direitos Fundamentaise a Ética na Sociedade Atual. Traduzido por Roberto Barbosa Alves. Barueri: Manole, 2005)

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DEVERES E DIREITOS FUNDAMENTAIS

Hodiernamente, não se pensa mais os direitos fundamentais dissociados dos deveres fundamentais. É uma relação de alteridade indissociável, uma superação do individualismo em favor do coletivismo. Uma visão do tributo como norma de rejeição social é ultrapassada, sob uma perspectiva de uma sociedade dinâmica que se quer mais justa e solidária.

(Roberto Wagner Lima. Direito Financeiro e Justiça Tributária. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004) 8

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TRIBUTOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS

A vinculação entre o Direito Tributário e os Direitos Fundamentais é uma tendência da doutrina contemporânea que se consolida a partir da conscientização de que a tributação existe como forma de realização de justiça social.

(Dra. Betina Treiger Grupenmacher. Tributação e Direitos Fundamentais. São Paulo: Dialética, 2004)

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NECESSIDADE DE ARRECADAR TRIBUTOS

A tributação severa e progressiva das grandes fortunas e das grandes rendas, nos países que as realizaram, como a Inglaterra, os Estados Unidos, a Suécia, a Suíça e outros, teve como conseqüências a modificação da pirâmide da distribuição da riqueza individual: diminuiu as fortunas excepcionais, elevou o padrão de vida das demais classes.(Aliomar Baleeiro. Uma Introdução à Ciência das Finanças. 16 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006)

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DIREITOS FUNDAMENTAIS DO CONTRIBUINTE

Não se pode esquecer que a tributação excessiva foi uma das causas de revoluções históricas como a norte-americana, a francesa e a Inconfidência Mineira no Brasil.

A capacidade contributiva e o mínimo existencial devem ser respeitados.

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PODER

Há muito o Estado não é o único detentor de poder – talvez nunca tenha sido. No mundo contemporâneo, o Estado não é o único sujeito capaz de condicionar, restringir ou eliminar a liberdade das pessoas (indivíduos ou grupos).(Wilson Steinmetz. A vinculação dos Particulares a Direitos Fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2004)

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PODER

Se o poder não é só do Estado, a responsabilidade pela efetivação do Estado Democrático, dos direitos humanos fundamentais, também não é exclusiva do Estado.

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INTERVENÇÃO ESTATAL

A Crise Econômica de 2008 comprova que a intervenção estatal na economia é necessária.

Se o Estado deve intervir na economia para salvar grandes empresas, muito mais para efetivar os direitos humanos fundamentais. Essa intervenção exige recursos financeiros, portanto há a necessidade de arrecadar tributos.

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RESUMO

Ao avaliar a compensação de tributos com títulos precatórios não se pode olvidar de que:-Efetivar os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil depende de recursos financeiros. A tributação é uma necessidade, entretanto ela não pode ser ilimitada;-Pagar tributo é um dever fundamental, visto que não há direitos sem deveres;-O Estado não é o único detentor do poder, portanto a responsabilidade pela efetivação dos direitos humanos fundamentais não é exclusiva do Estado.

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TÍTULOS PRECATÓRIOS

Precatório é uma ordem para a satisfação de um crédito certo, líquido e exigível.

O Precatório foi criado pelo fato do Estado não cumprir decisões judiciais e pela possibilidade que existia do Congresso Nacional vetar o crédito para o pagamento de dívidas reconhecidas pelo Poder Judiciário.

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TÍTULOS PRECATÓRIOS

A inclusão do § 2º no Art. 78, no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, através da EC 30, de 13/09/2000, originou o debate jurídico quanto a obrigatoriedade ou não do Estado compensar tributos com títulos precatórios.

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TÍTULOS PRECATÓRIOS

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.Art. 78. § 2º. As prestações anuais a que se refere o caput deste artigo terão, se não liquidadas até o final do exercício a que se referem, poder liberatório do pagamento de tributos da entidade devedora.

Como deve ser interpretado esse “PODER LIBERATÓRIO” dos precatórios?

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PODER LIBERATÓRIO

O “PODER LIBERTÓRIO” mencionado na Constituição deve ser entendido em seu sentido comum, ou seja, não pago o precatório a tempo e modo próprios, este tem o poder de liberar seu titular do pagamento de dívidas tributárias da entidade devedora, por meio de mecanismos próprios de extinção das obrigações tributárias.

(José Otávio de Viana Vaz. O Pagamento de Tributos por Meio de Precatórios. Editora Del Rey: Belo Horizonte, 2007) 19

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TRIBUTOS PODEM SER PAGOS COM PRECATÓRIO?

Doutrinariamente, há divergências de opiniões quanto a legalidade do pagamento de tributo com Precatório (princípio da isonomia, quebra da ordem cronológica, precatório é uma mera ordem judicial, etc).

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TÍTULOS PRECATÓRIOS

Objetivando favorecer a concretização de uma sociedade justa, precatórios vinculados a débitos de natureza alimentícia e os de pequeno valor devem ser aceitos para compensação com os créditos tributários nas seguintes condições:

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RESTRIÇÕES À COMPENSAÇÃO a)ao titular original do precatório, o Estado deverá pagar o valor nominal especificado no precatório;b)Quando o precatório for cedido a terceiro: b1) se o cessionário for pessoa jurídica que tenha receita bruta = ou < a R$ 30.000,00 por mês, o precatório poderá ser compensado pelo seu valor nominal; b2) se o cessionário for pessoa jurídica com receita bruta > a R$ 30.000,00 por mês, o precatório deverá ser compensado com base em seu valor de mercado ou o valor alcançado em leilão; c)se o cessionário for pessoa física, o Estado deverá pagar pelo precatório o seu valor de mercado ou o valor alcançado em leilão. 22

Page 24: RESTRIÇÕES À COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS COM TÍTULOS PRECATÓRIOS

FUNDAMENTOS DAS RESTRIÇÕESFundamentos das restrições à compensação do crédito tributário com precatórios:1)interpretação jurídica no pós-positivismo ou neoconstitucionalismo;2)incitação ao crime contra a ordem tributária;3)enaltecimento do concorrente desleal;4)exceções à ordem de apresentação dos precatórios; 5)respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal;6)estímulo a sonegação;7)tratamento diferenciado às microempresas.

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PÓS-POSITIVISMO OU NEOCONSTITUCIONALISMO

De acordo com o pós-positivismo, o Poder judiciário deve interpretar a lei com base em princípios de modo que se concretize a justiça, em especial a justiça social.

A interpretação da lei deve levar em consideração a sua legitimidade. O Poder Judiciário deve interpretar a norma que faculta a compensação de tributos com títulos precatórios objetivando a efetivação dos princípios da dignidade da pessoa humana e o da igualdade material.

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TRIBUTOS PODEM SER PAGOS COM PRECATÓRIO?

Para o neoconstitucionalismo não basta a legalidade, deve-se avaliar a legitimidade, portanto a aceitação e as restrições estabelecidas à compensação de tributos com títulos precatórios estão fundamentadas na objetividade de consolidar a justiça social, reduzir a desigualdade social e efetivar a igualdade material.

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PÓS-POSITIVISMO OU NEOCONSTITUCIONALISMO

O Tribunal de Justiça de São Paulo publicou comunicado dirigido aos credores de precatórios informando que pessoas e escritórios, agindo de má-fé, vêm negociando com credores a compra de seus precatórios por valores muito abaixo do valor de face desses títulos, devidos pelo Estado. Para, o advogado, Antônio R. Sandoval Filho a venda de precatórios configura uma espécie de estelionato contra cidadãos desprotegidos. A compensação pode até ser jurídica e constitucionalmente plausível, mas é imoral e geradora de riqueza do atravessador e à “empresa de rapina”.

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PÓS-POSITIVISMO OU NEOCONSTITUCIONALISMO

Avaliando a legalidade e a legitimidade da lei, o Dr. Moacir Danilo Rodrigues, juiz de Porto Alegre especificou em sua decisão: “A lei é injusta. Claro que é. Mas a Justiça não é cega? Sim, mas o juiz não é. Por isso: Determino o arquivamento do processo deste inquérito”.

Dr. Adilson Rodrigues Pires afirma: “permitir incentivos a pessoas com maior capacidade contributiva, de modo a reduzir o seu encargo financeiro, é inverter o princípio da justiça”.

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INCITAÇÃO AO CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

Há divergências de opinião quanto a caracterização de crime contra a ordem tributária por deixar de recolher impostos. Pedro Roberto Decomain, Celso Ribeiro Bastos, Andréas Eisele, Luiz Regis Prado, Yoshiaki Ichihara, Sérgio Antônio Rizelo e Francisco de Assis Alves consideram crime contra a ordem tributária deixar de recolher o ICMS devido. A maioria dos doutrinadores não aceita esse entendimento.(Pedro Roberto Decomain. Crimes Contra a Ordem Tributária. Forum, 2008)

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INCITAÇÃO AO CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

Inúmeras decisões do Superior Tribunal de Justiça destacam que o real contribuinte do ICMS é o consumidor, visto que se trata de um tributo indireto, portanto se a empresa não recolher o ICMS devido estará se apropriando de um valor pertencente ao Estado.

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INCITAÇÃO AO CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

O Dr. Pedro Roberto Decomain ressalta que se, em 30 dias após o vencimento, o cidadão não pagar a conta de telefone a empresa suspende a prestação de serviço sem antes procurar se informar qual a razão do atraso no pagamento. Essa mesma rigidez deve haver na cobrança do tributo. O não repasse do imposto ao Estado, sem justificativa convincente, deve ser classificado como crime contra ordem tributária.

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INCITAÇÃO AO CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

Inadimplência. Deve caracterizar crime contra ordem tributária o não recolhimento do ICMS devido que for apurado com base no regime de caixa. A tributação deve ser justa. Do mesmo modo que é incoerente uma empresa ampliar suas atividades por intermédio do imposto não repassado ao Estado, também é injusto condenar um contribuinte pelo não recolhimento de um imposto que efetivamente ainda não passou pelas suas mãos.

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ENALTECIMENTO DO CONCORRENTE DESLEAL

Ao serem utilizados precatórios, sem qualquer disciplina anterior, o agente econômico vem a se colocar em uma situação de vantagem em relação a seus concorrentes que solvem os mesmos débitos em dinheiro, de tal sorte que alguns têm a possibilidade de se expandir mais que outros, rendendo, mesmo, a possibilidade de eliminação da concorrência, caracterizada como abuso do poder econômico pelo § 4º do art. 173 da CF.(Ricardo Antônio Lucas Camargo. Mercado de Precatórios e Crédito Tributária. Porto Alegre: Fabris editor, 2008).

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ENALTECIMENTO DO CONCORRENTE DESLEAL

Em março de 2005, a Gazeta de Alagoas divulgou que havia fortes indícios de que a Schincariol estava negociando R$ 3 bilhões em títulos precatórios. Importante ressaltar que, devido ao deságio, pagaria R$ 1 bilhão pelos precatórios. Em junho de 2005, com a efetivação da Operação Cevada, a Polícia e a Receita Federal acusam o grupo Schincariol de sonegar cerca de R$ 620 milhões por ano, ou seja, R$ 3 bilhões nos últimos cinco anos.Justifica estabelecer limites ao pagamento de tributos com precatórios.

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EXCEÇÕES À ORDEM CRONOLÓGICA

Uma das barreiras para o sucesso na especulação dos títulos precatórios é o art. 100, caput, da CF, por determinar que a Fazenda deverá efetuar o pagamento de seus credores conforme a ordem de apresentação dos precatórios. Haveria desrespeito ao princípio da isonomia.Quebrar a ordem cronológica para beneficiar especuladores e sonegadores é inaceitável, entretanto se for objetivando justiça social, prejudicar um indivíduo em favor da coletividade torna-se tolerável.

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LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

A Lei de Responsabilidade Fiscal tem como finalidade conduzir os governos a uma administração eficiente dos recursos públicos. O Estado para atuar economicamente depende da existência de recursos financeiros disponíveis. Não pode tomar decisões sem avaliar a estimativa do impacto orçamentário-financeiro. Todos esses fatores justificam um planejamento e rígido controle na compensação de tributos com títulos precatórios.

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ESTÍMULO À SONEGAÇÃO FISCAL

Em 2008, a dívida ativa da União correspondia a R$ 680 bilhões, enquanto que a arrecadação prevista era de R$ 622 bilhões. Apenas 10% dos contribuintes são responsáveis por 60% da dívida ativa. No Brasil, a maior parte da renda (50%) fica nas mãos de uma minoria (10%). A concentração de renda está na mesma proporção da sonegação, portanto é inaceitável que o Poder Judiciário interprete uma norma jurídica de modo que produza efeitos contrários aos objetivos fundamentais estabelecidos na Constituição Federal. 36

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TRATAMENTO DIFERENCIADO ÀS MICROEMPRESAS

O art. 170 da CF especifica que a ordem econômica tem como fundamento a valorização do trabalho humano e da livre iniciativa. Visando concretizar esses objetivos, o constituinte estabeleceu que a União, os Estados, o DF e os Municípios deverão adotar um tratamento diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte. Elas são simbólicas na arrecadação, mas expressivas na geração de empregos.

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CONCLUSÃO

As restrições são constitucionais, visto que os objetivos das limitações são:a)combater a exploração dos mais necessitados;b)impedir o agravamento da desigualdade social;c)efetivar os direitos humanos fundamentais;d)assegurar a livre concorrência;e)beneficiar a microempresa;f)desestimular o crime contra a ordem tributária;g)exigir o cumprimento da Lei Respons. Fiscal;h)favorecer pgto precatórios natureza alimentar;i)agilizar o pgto de precatórios de menor valor.Trata-se de interpretar e aplicar a lei com base nos ideais do neoconstitucionalismo.