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Concurso de Pessoas Conhecido também como: co-deliquência, concurso de agentes ou concurso de delinquentes. Espécies de crimes quanto ao concurso de pessoas: a) monossubjetivos ou de concurso eventual: são aqueles que podem ser praticados por um ou mais agentes. Constituem a maioria dos crimes previstos na legislação penal. Ex.: furto, roubo, homicídio. b) plurissubjetivos ou de concurso necessário: são os que só podem ser praticados por uma pluralidade de agentes em concurso. Ex: quadrilha, bando, rixa. Espécies de crimes de plurissubjetivos: (i) de condutas paralelas: as condutas auxiliam-se mutuamente, visando a produção de um resultado comum. Todos os agentes unem-se em prol de um objetivo idêntico, no sentido de concentrar esforços para a realização do crime. Ex. quadrilha ou bando (art. 288, CP). (ii) de condutas convergentes: as condutas tendem a encontrar-se, e desse encontro surge o resultado. Não se voltam, portanto, para a frente, para o futuro, em busca da consecução do resultado delituoso, mas ao contrário, uma se dirige à outra, e desse encontro resulta o delito. Ex. bigamia (art. 235, CP). (iii) de condutas contrapostas: as condutas são praticadas umas contra as outras. Os agentes são, ao mesmo tempo, autores e vítimas. Ex. crime de rixa (art. 137, CP). Espécies de concursos de pessoas: a)Concurso necessário : refere-se aos crimes plurissubjetivos, os quais exigem o concurso de pelo menos duas pessoas. A co-autoria é obrigatória, podendo ou não haver a participação de terceiros. b)Concurso eventual : refere-se aos crimes monossubjetivos, que podem ser praticados por um ou mais agentes. Quando cometidos por duas ou mais pessoas haverá co-autoria ou

Resumo Concurso de Pessoas

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Concurso de PessoasConhecido tambm como: co-deliquncia, concurso de agentes ou concurso de delinquentes.Espcies de crimes quanto ao concurso de pessoas:a) monossubjetivos ou de concurso eventual: so aqueles que podem ser praticados por um ou mais agentes. Constituem a maioria dos crimes previstos na legislao penal. Ex.: furto, roubo, homicdio.b) plurissubjetivos ou de concurso necessrio: so os que s podem ser praticados por uma pluralidade de agentes em concurso. Ex: quadrilha, bando, rixa.Espcies de crimes de plurissubjetivos: (i) de condutas paralelas: as condutas auxiliam-se mutuamente, visando a produo de um resultado comum. Todos os agentes unem-se em prol de um objetivo idntico, no sentido de concentrar esforos para a realizao do crime. Ex. quadrilha ou bando (art. 288, CP). (ii) de condutas convergentes: as condutas tendem a encontrar-se, e desse encontro surge o resultado. No se voltam, portanto, para a frente, para o futuro, em busca da consecuo do resultado delituoso, mas ao contrrio, uma se dirige outra, e desse encontro resulta o delito. Ex. bigamia (art. 235, CP). (iii) de condutas contrapostas: as condutas so praticadas umas contra as outras. Os agentes so, ao mesmo tempo, autores e vtimas. Ex. crime de rixa (art. 137, CP). Espcies de concursos de pessoas: a)Concurso necessrio: refere-se aos crimes plurissubjetivos, os quais exigem o concurso de pelo menos duas pessoas. A co-autoria obrigatria, podendo ou no haver a participao de terceiros. b)Concurso eventual: refere-se aos crimes monossubjetivos, que podem ser praticados por um ou mais agentes. Quando cometidos por duas ou mais pessoas haver co-autoria ou participao, dependendo da forma como os agentes concorrerem para a prtica do delito. Autoria Teoriasa) Teoria Unitria: todos so considerados autores, no existindo do partcipe. Autor todo e qualquer causador do resultado tpico, sem distino. Baseada na teoria da conditio sine qua non (teoria da equivalncia dos antecedentes) qualquer contribuio, maior ou menor, para o resultado considerada sua causa. b)Teoria Extensiva: toma por base a teoria da equivalncia dos antecedentes e no faz qualquer diferenciao entre autor e partcipe: todos so autores. Admite a existncia de causas de diminuio de pena, com vistas a estabelecer diferentes graus de autor. Surge a figura do cmplice, ou seja, o autor menos importante aquele que contribuiu de modo menos significativo para o evento. c) Teoria Restritiva: faz diferena entre autor e partcipe. A autoria no decorre da mera causao do resultado, pois no qualquer contribuio para o desfecho tpico que se pode enquadrar nesse conceito. Trs vertentes: c1) Teoria ou critrio objetivo-formal: somente considerado autor aquele que pratica o verbo, isto , o ncleo do tipo legal. quem mata, subtrai. Autor quem realiza a conduta principal; partcipe ser aquele que, sem realizar a conduta principal, concorre para o resultado. Ex. mandante e a quem executa o crime. Teoria adotada pelo Capez. c2)Teoria ou critrio objetivo-material: autor no aquele que realiza o verbo do tipo, mas a contribuio objetiva mais importante. Trata-se de critrio gerador de insegurana fica na dependncia exclusiva daquilo que o intrprete ir considerar relevante.* no adotada c3) Teoria do domnio do fato: autor aquele que detm o controle final do fato, dominando toda a realizao delituosa, com plenos poderes para decidir sobre sua prtica, interrupo e circunstncias. No importa se o agente pratica ou no o verbo ncleo do tipo legal, o que a lei exige o controle de todos os atos, desde o incio da execuo at a produo do resultado. Assim, o mandante, embora no realize o verbo ncleo do tipo, deve ser considerado autor, uma vez que detm o controle final do fato at a sua consumao, determinando a prtica delitiva. Teoria defendida por Wessels para quem: autor quem dirige a ao, tendo o completo domnio sobre a produo do resultado, enquanto partcipe um simples concorrente acessrio. No Brasil: Damsio, Alberto Silva Franco, Luiz Flvio Gomes.Formas de concurso de pessoas:(i) Co-autoria: todos os agentes, em colaborao recproca e visando ao mesmo fim, realizam a conduta principal. Ocorre co-autoria quando dois ou mais agentes, conjuntamente, realizam o verbo ncleo do tipo. Poder haver uma diviso dos atos executivos. Ex.: no delito de roubo, um dos co-autores emprega violncia contra a vtima e o outro retira dela um objeto.* no cabe co-autoria em crime omissivo prprio se duas pessoas deixam de prestar socorro a uma pessoa ferida, podendo cada uma delas faz-lo sem risco pessoal, ambas cometero o crime de omisso de socorro. (ii) Participao: partcipe quem concorre para que o autor ou co-autores realizem a conduta principal, o seja, aquele que, sem praticar o verbo (ncleo) do tipo, concorre de algum modo para a produo do resultado. Ex. o agente que exerce a vigilncia sobre o local para que os comparsas realizem o roubo.Diferenas entre autor e partcipes:a) autor: aquele que realiza a conduta principal descrita no tipo incriminador.b) Partcipe: aquele que, sem realizar a conduta descrita no tipo, concorre para sua realizao

Excees pluralsticas ou desvio subjetivo de conduta: a teoria pluralstica foi adotada, como exceo, no 2 do art. 29, do CP. Ex.: motorista conduz trs ladres a uma residncia para o cometimento de um furto. Enquanto aguarda no carro, os outros praticam estupro e matam. O partcipe (motorista) responde por furto, os demais latrocnio e estupro.* Outras excees no Cdigo: art. 126 (provocador do aborto) e a gestante pelo artigo 124.Natureza jurdica da participao: de acordo com a teoria da acessoriedade, a participao uma conduta acessria do autor, tida por principal. No existe descrio tpica para quem auxilia, instiga ou induz outrem a realizar a conduta principal, mas to-somente para quem pratica diretamente o prprio verbo do tipo. O art. 29, do CP funciona como uma ponte entre o tipo legal e o partcipe. chamada de norma de extenso ou ampliao da figura tpica opera-se uma adequao tpica mediata ou indireta norma de extenso pessoal e espacial. Pessoal: porque estende o tipo, permitindo que alcance outras pessoas alm do autor; e espacial, porque o tipo ampliado no espao.Espcies de acessoriedade: a) mnima: basta ao partcipe concorrer para um fato tpico que no seja ilcito. Assim: quem concorre para a prtica de um crime de homicdio amparado pela legtima defesa responde pelo crime s importa saber se o fato principal tpico. b) limitada:o partcipe s responde pelo crime se o fato principal tpico e ilcito. c) extremada: o partcipe somente responsabilizado se o fato principal tpico, ilcito e culpvel no responder por crime algum se tiver concorrido para a atuao de um inimputvel. D) hiperacessoriedade: o fato deve ser tpico, ilcito e culpvel, incidindo ainda sobre o partcipe todas as agravantes e atenuantes relativas ao autor principal responde por tudo e mais um pouco.* Teoria adotada (Capez): teoria da acessoriedade extremada (ou mxima). A culpabilidade necessita da culpabilidade do sujeito ativo, para ser aplicada. Autoria Mediata:Autor mediato aquele que se serve de pessoa sem condies de discernimento para realizar por ele conduta tpica. Ela usada como mero instrumento de atuao, como se fosse uma arma. Ex. a obriga b, mediante grave ameaa, a ingerir substncia abortiva. A o autor mediato do aborto; e b ter culpabilidade excluda pela inexigilidade de conduta diversa. A autoria mediata pode resultar de:a) ausncia de capacidade penal da pessoa da qual o autor mediato se serve. Ex. induzir inimputvel prtica do crime.b) coao moral irresistvel. Se a coao for fsica, haver autoria imediata, desaparecendo a conduta do coato.c) provocao de erro de tipo escusvel. Ex.: o autor mediato induz o agente a matar um inocente, fazendo-o crer que estava em legtima defesa.d) obedincia hierrquica: o autor da ordem sabia que esta ilegal, mas se aproveita do desconhecimento de seu subordinado.* em todos esses casos, no foi a conduta do autor mediato que produziu o resultado, mas a de pessoa por ele usada como instrumento de seu ataque.Requisitos para o concurso de pessoas: a) pluralidade de condutas: exige-se no mnimo, duas condutas, quais sejam, duas principais, realizadas pelos autores (co-autoria), ou uma principal e outra acessria. b) relevncia causal de todas elas: a conduta deve contribuir para a ecloso do resultado. c) liame subjetivo ou concurso de vontades: unidade de desgnios vontade de todos de contribuir para a produo do resultado, sendo o crime produto de uma cooperao desejada e recproca. No necessrio que as vontades se encontrem para a produo do resultado, no se exige prvio acordo, bastando apenas que uma vontade adira outra. Ex.: bab abandona a criana em uma rea de intensa criminalidade, objetivando seja ela morta. Ser partcipe do homicdio, sem que o assassino saiba que foi ajudado. d) identidade de infrao para todos: em regra, todos, co-autores e partcipes, devem responder pelo mesmo crime, ressalvadas as excees pluralsticas. Participao e crime culposo - Duas posies:(i) No h que se falar em participao, que acessria. Todas as ocorrncias sero crimes autnomos, pq um tipo aberto, em que no existe descrio da conduta principal.(ii) Mesmo sendo tipo aberto, possvel a participao, pq possvel definir qual a conduta principalFormas de participao: a) moral: instigao ou induzimento. Instigar reforar uma idia que j existe; induzimento, fazer brotar a idia no agente. b) material: auxlio. Aquele que presta ajuda efetiva na preparao ou execuo do delito.* cumplicidade: no existe atualmente no Cdigo essa figura, h apenas co-autoria e participao nas suas diversas modalidades. Conceitos Finais: a) autoria colateral: mais de um agente realiza a conduta, sem que exista liame subjetivo entre eles. Ex.: a e b disparam simultaneamente contra a vtima, sem que um conhea a conduta do outro. Cada um responder pelo crime que cometeu, um homicdio e o outro, tentativa. b) autoria incerta: quando na autoria colateral, no se sabe quem foi o causador do resultado. Nesse caso, ambos responderiam pelo homicdio tentado (in dubio pro reo). c) autoria desconhecida ou ignorada: no se consegue apurar quem foi o realizador da conduta = arquivamento do inqurito. d) participao de participao: quando ocorre uma conduta acessria de outra acessria. o auxlio do auxlio, o induzimento do instigador. e) participao sucessiva: quando o mesmo partcipe concorre para a conduta principal de mais de uma forma. Primeiro auxilia, induz; depois, instiga. f) conivncia ou participao negativa (crimen silenti): quando o sujeito, sem ter o dever jurdico de agir, omite-se durante a execuo do crime, quando tinha condies de impedi-lo. g) participao por omisso: quando o sujeito, tendo o dever de agir para evitar o resultado (art. 13, 2, CP), omite-se intencionalmente, desejando que ocorra a consumao. Responder na qualidade de partcipe. h) participao em crime omissivo: consiste em uma atitude ativa do agente, que auxilia, induz ou instiga outrem a omitir a conduta devida. Ex.: agente instiga outrem a no pagar a prestao alimentcia devida responder pela participao no crime de abandono material. i) co-autoria parcial ou funcional: utilizada a denominao pela teoria do domnio do fato. Para Capez no foi adotada essa classificao. j) multido delinquente: casos de linchamentos ou crimes praticados mediante influncia de multides. Agentes respondem pelo crime em concurso, com atenuante genrica do art. 65, III, e, do CP. k) participao impunvel: ocorre quando o fato principal no chega a ingressar em sua fase executria = no h punio (art. 31, CP). Comunicabilidade e Incomunicabilidade de Elementares e Circunstncias Circunstncias: so dados acessrios, no fundamentais para a existncia da figura tpica, que ficam a ela agregados, no integram sua essncia. Espcies de circunstncias: (a) subjetivas ou de carter pessoal: dizem respeito ao agente e no ao fato: antecedentes, personalidade, conduta social, motivos do crime, reincidncia... (b) objetivas: relacionam-se ao fato e no ao agente: tempo do crime, lugar do crime, modo de execuo, etc. Elementares: configuram todos os dados fundamentais para a existncia da figura tpica, sem os quais esta desaparece. Espcies de elementares: idem s circunstncias (objetivas e subjetivas). A regra do art. 30, do CP: a) as circunstncias subjetivas (pessoal) jamais se comunicam, sendo irrelevante se o co-autor ou partcipe delas tinha conhecimento. Ex.: reincidncia. b) as circunstncias objetivas comunicam-se, desde que o co-autor ou partcipe delas tenha conhecimento. Ex.: crime cometido contra o cnjuge, o terceiro concorre para o crime com essa agravante se tinha conhecimento dessa circunstncia. c) as elementares (ambas) se comunicam, desde que o co-autor ou partcipe delas tenha conhecimento. Ex.: condio de funcionrio pblico, para o delito ao art. 312, CP (peculato). Concurso de pessoas no infanticdio art. 123, CP trs situaes possveis: 1. me mata o prprio filho contando com o auxlio de terceiro: ela autora de infanticdio, elementares comunicam-se, e o partcipe tambm responde pelo mesmo crime. 2. terceiro mata o recm-nascido, contando com a participao da me: terceiro responde por homicdio, pois foi autor da conduta principal; a me responde por homicdio tambm, j que foi partcipe. 3. me e terceiro executam em co-autoria a conduta principal, matando a vtima: me ser autora de infanticdio, e o terceiro, responder pelo mesmo crime, nos termos expressos no art. 29, CP (teoria unitria).