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ISSN 1808-8457 1
XII Encontro de Pós-Graduação e Pesquisa Universidade de Fortaleza 22 à 26 de Outubro de 2012
FORMAÇÃO DO GESTOR E A PRÁXIS DOCENTE: UMA ARTICULAÇÃO
ENTRE TEORIA E PRÁTICA
Regiane Rodrigues Araújo1* (IC), Emanuelle Oliveira da Fonseca2 (PG), Maria Socorro Lucena Lima3 (PQ).
1Graduação em Filosofia, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza-CE.
2 Mestrado Acadêmico em Educação,
3 Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza-CE
Email: [email protected]
Palavras-chave: Leitura. Ensino superior. Formação docente.
Resumo
Muitos professores que atuam no curso de licenciatura possuem uma formação esvaziada de leituras
significativas para seu processo de formação. Baseado nessa concepção, a presente pesquisa vem analisar
a concepção de leitura na perspectiva histórico-cultural, compreendendo como se dá uma prática social de
produção, transmissão e apropriação de sentidos pelos sujeitos leitores, baseada numa interação entre
leitor, texto e autor. O objetivo é compreender o papel formador da leitura na vida dos docentes, bem
entender como a mesma é constituída na universidade e como ela pode intervir no exercício da sua
profissão. Para tanto, será utilizada uma pesquisa pesquisa qualitativa com análise de conteúdo e a revisão
teórica de autores que estudam sobre e história da leitura, leitura na universidade e formação docente. E
uma pesquisa de campo, de caráter exploratório, cujos sujeitos entrevistados foram nove alunos de
graduação do Curso de Pedagogia da Universidade Regional do Cariri, localizada á 500 km de Fortaleza,
Ceará. A pesquisa mostrou que os graduandos tem consciência da importância da leitura para sua formação
docente, no que concerne ao conhecimento cienfifico. Porém, a construção do conhecimento daquilo que
está sendo aprendido só acontece quando o mesmo estiver pautado na fundamentação teórica. Outro
achado da pesquisa é o fato de que alguns universitários possuiem dificuldades de compreender os textos.
Isso acontece pela falta de leitura no ensino básico, favorecendo assim para uma má formação intelectual
no ensino superior.
Introdução
Grande parte dos professores que trabalharam com os alunos que hoje estão nos cursos de
licenciatura demonstram que estes tiveram uma educação esvaziada de leituras que contribuissem para o
processo de formação dos professores enquanto leitores. Esse foi um dos motivos pelo qual se configurou a
problemática da pesquisa: Livros recomendados na Universidade? Nesse âmbito, cabe discutir o papel da
Universidade na formação do leitor crítico e problematizar alguns aspectos que caracterizam a prática de
leitura neste nível de ensino; sobretudo no que se refere às deficiências de leitura apresentadas pelo corpo
discente ao ingressar na Universidade, o que compromete o desenvolvimento do ensino-aprendizagem.
Analisa-se, portanto, a concepção de leitura na perspectiva histórico-cultural, que a compreende
como uma prática social de produção, transmissão e apropriação de sentidos pelos sujeitos leitores, através
da interação entre leitor, texto e autor, demarcada histórica e ideologicamente.
Este trabalho apresenta um estudo decorrente de uma pesquisa realizada no curso de Pedagogia da
URCA- Universidade Regional do Cariri, intitulada Formação de professores: a leitura na aprendizagem da
profissão. Temos como objetivo compreender o papel formador da leitura na vida dos docentes, bem
entender como a mesma é constituída na universidade e como ela pode intervir no exercício da sua
profissão.
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Concebemos a prática da leitura como fundamental na vida dos professores, pois através dela os
sujeitos adquirem a capacidade de refletir constantemente acerca da sua prática docente, além de contribuir
para a formação de leitores conscientes de seu mundo.
Metodologia
A metodologia utilizada se refere a uma pesquisa qualitativa com análise de conteúdo e a revisão
teórica de autores que estudam sobre e história da leitura, leitura na universidade e formação docente. E
uma pesquisa de campo, de caráter exploratório, cujos sujeitos entrevistados foram nove alunos de
graduação do Curso de Pedagogia da Universidade Regional do Cariri, localizada á 500 km de Fortaleza,
Ceará. Como instrumentos de coletas de dados foram utilizamos questionários com a seguinte reflexão:
Fale sobre as leituras na universidade, entretanto, com o objetivo identificar como essas leituras são feitas
no ensino superior e como eles veem essas leituras. A partir dessa reflexão pretendemos interligar as
práticas de leituras e o processo de formação dos seres em processo de formação.
Acreditamos que o processo de significação da leitura não é estático, nem mecânico, porém é
dotado de vários mecanismos como contradição, transformação, reprodução que se relacionam diante de
uma leitura. Portanto, consideramos que a aquisição de sentidos por parte dos sujeitos-leitores é dada de
forma histórica, com base nas suas experiências pessoais de linguagem e na capacidade de
problematizar/compreender as diversas formas de leitura.
Resultados e Discussão
1. A HISTORIA DA LEITURA: UMA ANÁLISE NO CONTEXTO EDUCACIONAL
Para compreendermos a histórica da leitura é preciso compreendermos como se dá a articulação
entre o relato cronológico dos eventos que possibilitaram a sua evolução com as formas de produção, de
socialização e de representações da leitura na sociedade.
Acerca da história da leitura e como ela teve inicio Fischer (2006) acreditar que os primeiros Homo
Sapiens liam entalhes em ossos, todavia os entalhes continham significados que era usado em marcação de
dias ou de ciclos lunares, outra leitura da época era a arte rupestre, repleta de símbolos, informações e
significados.
No século XXI, a leitura ocupa um papel fundamental, principalmente no mercado de trabalho onde
necessita, exigindo mão-de-obra qualificada. Todavia, o ato de ler não está relacionado apenas as leituras
que proporcionam prazer ou distração, mas aquelas que precisam e necessitam ser feita no ambiente de
trabalho ou no meio acadêmico.
Para Zilberman (1999), a leitura iniciou quando a sociedade teve a necessidade de criar um código
que fosse aceito por todos, tais códigos seria usado para intermediar as relações sociais, econômicas e
familiares.
Acreditamos que a leitura cumpre um papel fundamental no processo de transformação da realidade
educacional, social e cultural, já que o hábito ou a falta da mesma é também uma questão cultural. Portanto,
sem a leitura (livros), haverá uma fragmentação na cultura e poderá a partir daí surgir novos tipos de cultura
da leitura como as que são feitas através da internet.
Com relação ao futuro da leitura alguns acreditam que não haverá devido ao advento da tecnologia
e dos sistemas de comunicação por voz, a respeito do futuro da leitura Fischer (2006, p.14), diz que:
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A leitura do futuro está sendo moldada também por novos equipamentos. As publicações não se limitam mais à impressão. A publicação em microfilme e microficha permite um amplo armazenamento de materiais escritos (em geral, bibliotecas, arquivos ou séries a serem documentados preservados e vendidos, realizada a custo baixíssimo).
É necessário compreendermos os sons, as imagens e objetos, logo estamos fazendo uma leitura de
tudo o que nos cerca. Todavia, não podemos desconsiderar a importância que os livros possuem no
processo de formação humana, proporcionando um o processo de conscientização, ou seja, uma elevação
da consciência ingênua à consciência crítica resultando no processo de educação crítica e dialógica.
Daí a necessidade de proporcionar uma formação baseada numa fundamentação teorica sólida que
seja capaz de instigar os docentes ao hábito da leitura que resultem em uma vida melhor para todos os
sujeitos, visíveis em uma qualidade melhor de ensino.
2. PRÁTICAS DE LEITURAS NA UNIVERSIDADE: UMA REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO
DOCENTE
O desafio de formar leitores, pelo que temos observado através dos indicadores educacionais e
demográficos, é um problema que está presente em todo o processo de evolução histórica e de
democratização do acesso à educação no Brasil, necessitando ser analisado a partir de determinantes
variadas (culturais, econômicas, socias e políticas).
De acordo com Libânio (2006) existem de um lado, as políticas educacionais e as diretrizes
organizacionais e curriculares que abordam idéias e práticas que vão influenciar os profissionais da escola
no processo de desenvolvimento das práticas formativas dos alunos. E de outro os profissionais da
educação que poderão aderir ou não as políticas e diretrizes do sistema escolar, assim como podem
dialogar com elas e formular de forma coletiva práticas formativas e inovadoras. Esses profissionais devem
ter uma consciência critica sobre o papel transformador que desempenha na sociedade, procurando
conduzir uma aprendizagem que favoreça o conhecimento critico do aluno.
Para estudar a leitura na aprendizagem da profissão docente consideramos que os futuros
professores estejam abertos para a reflexão sobre a leitura que possuem contato durante seu cotidiano e as
que são estudadas na Universidade. Porém, essas leituras acadêmicas devem proporcionar uma reflexão
critica sobre o assunto abordado.
As práticas de leitura desenvolvidas nesses espaços restringiam-se às finalidades de elaboração de
resumos e fichamentos, ou em decorrência dos trabalhos em grupo, na divisão e apresentação dos textos
que compunham as apostilas das disciplinas em tópicos. Esvaziadas de sentido, essas práticas não tinham
a possibilidade de colaborar para o processo de formação dos professores enquanto leitores, que, de acordo
com Lima (2004, p.29), “precisam ter a consciência do seu próprio prazer para a leitura para que possam
fazer dessa leitura, uma conversa com sua prática pedagógica”.
O professor deve trabalhar o poder da escuta e não somente a da fala, proporcionando abertura
para um diálogo, tendo o cuidado e a sensibilidade para perceber o que o educando traz para socializar e
interagir com o conteúdo apresentado. Com efeito, a formação dos profissionais da educação encontra
guarida neste modo desses sujeitos que implica formação para a emancipação, para a liberdade, para a
cidadania.
3. RESULTADOS DA PESQUISA
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Para complementar essa investigação sobre leitura na universidade, fizemos uma entrevista com os
participantes do grupo focal. Entretanto, a pesquisa foi realizada na URCA- Universidade Regional do Cariri
no curso de Pedagogia os mesmos eram nove alunos, sendo oito mulheres e apenas um homem. A
integração na pesquisa foi opção dos alunos, após aberta, as inscrições para esse fim.
De inicio os resultados da pesquisa de campo foram nos mostrando que os alunos participantes da
pesquisa veem a leitura na universidade como um resgate do valor da mesma, eles percebem isso quando
iniciam as leituras que são recomendadas, principalmente aquelas do inicio do semestre. Além de tudo os
graduandos acabam reconhecendo a importância da mesma para o desempenho acadêmico, esse
reconhecimento acontece no momento em que os professores recomendam ou “obriga-os” a fazerem
determinadas leituras, contudo, alguns falam das dificuldades que muitos enfrentam devido a falta ou o
hábito de ler, tais afirmações são possíveis de serem verificadas nas falas dos investigados em destaque:
Portanto, com o ingresso na universidade tivemos a oportunidade de expandir o nosso olhar no que diz respeito a leitura, pois reconectamos e somos incentivados a ler os mais diversos livros, como: os de Paulo Freire, Saviani, Libâneo entre outros. Estar na universidade é uma oportunidade única e é lá onde temos a oportunidade de abrir os nossos horizontes. Aluno: A. No inicio do semestre passado resgatar o hábito da leitura foi um pouco complicado, já que na universidade as leituras são diárias. O estudante universitário não consegue viver sem a leitura, pois a mesma é indispensável. Um novo mundo começa a surgir, os hábitos são diferentes, porém começa a ser construída uma nova visão de mundo real, começamos a perceber as pessoas por outro lado. Aluno B. Desde o primeiro semestre temos na graduação os mais variados textos. Inicialmente, há uma cobrança para o cumprimento de tarefas com base nas leituras, mas, é impressionante as falhas que os estudantes apresentam, as dificuldades em cumprir estas tarefas. Devido a isso pude notar que os professores incentivam os alunos mais pelo fato de se apropriarem do conhecimento do que mesmo pela relação que a leitura tem com a vida. Todavia, pude perceber o quanto posso ler na universidade e o quanto a leitura é importante para enxergarmos a realidade. Os textos auxiliam no meu desempenho durante a formação. Aluno C.
A entrada na universidade marca um período novo na vida de cada estudante. Desse modo, ao
entrar em contato com os diversos tipos de textos os alunos devem se sentir envolvidos com as atividades
destinadas ao seu crescimento acadêmico. Não importando o suporte utilizado (textos, livros, internet), as
atividades propostas devem colaborar para o desenvolvimento de bons leitores, assim como estimular a
criticidade na produção de textos. Para tanto, observamos na fala deles que muitos sentem-se
sobrecarregados com a aquelas leituras acadêmicas que são tidas como obrigatórias ao longo do curso.
Entretanto, eles conseguem compreender que a prática da leitura na universidade é essencial para a
formação docente, bem como para a vida.
É inquestionável que a leitura assume um papel muito significante ao longo de nossas vidas, a partir
disso, entendemos que as diversas atividades interativas e cognitivas que envolvem os leitores, têm
dependência direta com a construção de conhecimentos e com as experiências pessoais trazidos por estes.
Conclusão
Ao longo da pesquisa percebemos que os graduandos tem clareza de que a leitura na universidade
faz a diferença na formação docente, no que concerne ao conhecimento cienfifico. Todavia, acreditamos
que a construção do conhecimento daquilo que está sendo aprendido só se consolidará quando o mesmo
estiver pautado na fundamentação teórica, contudo, essa fundamentação teórica encontra-se nas leituras
cientificas que são feitas na universidade, ou seja, no decorrer do curso. Outro achado da pesquisa que se
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constitui de suma importância é o fato de que alguns universitários tem dificuldades de compreender os
textos, para tanto, na maioria das vezes essa dificuldade de compreensão estar na falta de leitura no ensino
básico, gerando assim um empobrecimento intelectual e a má formação no ensino superior.
As representações e ações destes sujeitos, assim como a inserção dos mesmos no âmbito das
instituições que exercem a função social da qualificação para a leitura devem ser portadores de
informações, saberes, práticas que podem ajudem no seu processo de formação leitora e de seus alunos.
Referências
FISCHER, Steven Roger. História da leitura. São Paulo: Editora Unesp, 2006.
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas,
estrutura e organização. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2006. (coleção docência em formação. Série saberes
pedagógicos).
LIMA, Maria Socorro Lucena. Leitura de textos na formação de professores: transportando indagações.
In LIMA, Maria Socorro Lucena; SALES, Josete de Oliveira Castelo Branco. Aprendiz da prática docente.
Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, Ed UECE, 2004. P.26-33
ZILBERMAN, A leitura no Brasil: sua história e suas instituições. Disponível em: http://www. Unicamp.
br/iel/memória/ensaios/Regina.htmal. Acesso em: Junho de 2011
Agradecimentos