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Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE Prof.ª Grazia Alunos: Adenauer Araujo e Ana Biatriz – 5 Período de Bach. Em ciências Sociais. 13/10/2010 Resumo Franz Boas e a concepção particularista de cultura Se Tylor é o inventor do conceito cientifico de cultura, Boas será o primeiro a fazer pesquisas em campo, ou seja, observação direta e prolongada das culturas estudadas, neste sentido ele é o inventor da “Etnografia”. Toda obra de Boas é uma tentativa de pensar a diferença. Para ele, a diferença fundamental entre os grupos humanos é de ordem cultural e não racial. Como se pensavam os etnocentristas. Os seus estudos serviram para desmontar o conceito de raça superior e inferior. Entre 1908 e 1910, Boas realizou um estudo com imigrantes chagados nos Estados Unidos e demonstrou recorrendo ao método estatístico, à extrema rapidez da variação dos traços morfológicos, (em particular a forma craniana), sob a pressão de um ambiente novo. Segundo ele o conceito de raça humana, concebido apartir de traços físicos permanentes e específicos de um grupo humano, não resiste a um exame rigoroso. As pretensas raças, não estáveis, Não há caracteres imutáveis. Então é 1

Resumo Franz Boas

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Page 1: Resumo Franz Boas

Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

Prof.ª Grazia

Alunos: Adenauer Araujo e Ana Biatriz – 5 Período de Bach. Em ciências Sociais.

13/10/2010

Resumo

Franz Boas e a concepção particularista de cultura

Se Tylor é o inventor do conceito cientifico de cultura, Boas será o

primeiro a fazer pesquisas em campo, ou seja, observação direta e prolongada

das culturas estudadas, neste sentido ele é o inventor da “Etnografia”. Toda

obra de Boas é uma tentativa de pensar a diferença. Para ele, a diferença

fundamental entre os grupos humanos é de ordem cultural e não racial. Como

se pensavam os etnocentristas. Os seus estudos serviram para desmontar o

conceito de raça superior e inferior. Entre 1908 e 1910, Boas realizou um

estudo com imigrantes chagados nos Estados Unidos e demonstrou recorrendo

ao método estatístico, à extrema rapidez da variação dos traços morfológicos,

(em particular a forma craniana), sob a pressão de um ambiente novo.

Segundo ele o conceito de raça humana, concebido apartir de traços físicos

permanentes e específicos de um grupo humano, não resiste a um exame

rigoroso. As pretensas raças, não estáveis, Não há caracteres imutáveis. Então

é impossível definir uma raça com precisão, mesmo recorrendo ao chamado

método das medias. Boas, também contribuiu para mostrar o absurdo que era

a idéia de uma ligação entre traços físicos e traços mentais, dominante na

época e implícita na noção de raça. Para ele era evidente que os dois aspectos

dependiam de analises completamente diferentes. E por ser contrario e esta

idéia, ele adotou o conceito de cultura que lhe parecia o mais apropriado,

diante da grande diversidade humana. Não há diferença biológica entre

primitivos e civilizados, somente há diferenças de culturas adquiridas e logo,

não inatas. Franz Boas foi um dos primeiros cientistas sociais a abandonar o

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conceito de raça na explicação dos comportamentos humanos. Para Boas,

havia pouca esperança de descobrir leis universais de funcionamento das

sociedades e das culturas humanas e ainda menos chance de se encontrar leis

da evolução das culturas. Essa afirmação serve como critica ao método de

periodização, que consiste em reconstruir os diferentes estágios de evolução

da cultura a partir de pretensas origens. Boas ficou na história da antropologia

como o fundador do método indutivo e intensivo de campo. Ele concebia a

etnologia como uma ciência de observação direta: segundo ele, no estudo de

uma cultura particular, tudo deve ser anotado, ate o detalhe do detalhe. Na sua

preocupação com de haver contato direto, não apreciava o recurso de

informante. O etnólogo se quer conhecer e compreender uma cultura deve

aprender a língua em uso, conviver diretamente com os indivíduos da

comunidade, cuja cultura é objeto de estudo, prestar atenção a todo detalhe, as

conversas informais, espontâneas.

Devemos a Franz Boas, a concepção antropológica do “relativismo

cultural”, mesmo que não tenha sido ele o primeiro a pensar a relatividade

cultural, nem o criador desta expressão, que só aparecerá mais tarde. Para ele

o relativismo cultural é antes de tudo um principio metodológico. A fim de fugir

de qualquer forma de etnocentrismo no estudo de uma cultura particular,

recomendava abordá-la sem a priori, sem compará-la prematuramente a outras

culturas, ele aconselhava a prudência, a paciência, os pequenos passos na

pesquisa. Tinha consciência da complexidade de cada cultura e julgava que

somente o exame metódico de um sistema cultural em si mesmo poderia

chegar ao fundo de sua complexidade. Alem do principio metodológico, o

relativismo cultural de Boas implicava também numa concepção relativista da

cultura.

Franz Boas defendia que cada cultura é dotada de um estilo próprio e particular

que se exprime através da língua, das crenças, dos costumes e também da

arte. Este estilo este espírito próprio a cada cultura influi sobre o

comportamento dos indivíduos. Para Boas a tarefa do etnólogo também era

elucidar o vinculo que liga o individuo a sua cultura. Sem duvida há um vinculo

estreito entre o relativismo cultural como principio metodológico e como

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principio epistemológico levando a uma concepção relativista da cultura. A

transformação de uma etnografia de viajantes, que apenas passam em uma

etnografia de estada de longa duração modificou completamente a apreensão

das culturas particulares.

Já no fim de sua carreira, Boas insistia em outro aspecto do relativismo

cultural. Um aspecto que poderia ser um principio ético que afirma a dignidade

de cada cultura e exalta o respeito e a tolerância em relação a culturas

diferentes e esse modo de ser diferente tem o direito a estima e proteção, se

estiver ameaçada.

A herança de Boas: A história cultural

De todas as pesquisas de Boas, é o estudo sobre dimensão histórica

dos fenômenos culturais que os seus sucessores Clark Wissler e Alfred

Kroeber, vão se esforçar para explicar o processo de distribuição dos

elementos culturais no espaço. Eles se utilizam de conceitos de alguns

etnólogos alemãs difusionistas do inicio do século, para refinar principalmente a

noção de “área cultural” e de “traço cultural”. Esta ultima noção deve permitir

em principio definir os menores componentes de uma cultura. Exercício

aparentemente bastante simples, mas ele se revela bastante difícil e até

ilusório, tão difícil se torna isolar um traço cultural ou elemento de um conjunto

cultural, sobretudo no domínio simbólico. A idéia é estudar a repartição

espacial de um ou vários traços culturais nas culturas próximas e analisar o

processo de sua difusão, quando se percebe uma grande convergência de

traços semelhantes em dado espaço, fala-se então de “área cultural”. No centro

desta área se encontram as características fundamentais de uma cultura; na

sua periferia estas características se entrecruzam com os traços culturais das

áreas vizinhas. Kroeber mostra que o conceito de área cultural funciona bem

no caso dos indígena norte americanos, pois ali as áreas culturais e áreas

geográficas são mais ou menos coincidentes. Mas em outras regiões do mundo

este conceito é discutível, pois as fronteiras não são tão nítidas e as áreas

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culturais só podem ser definidas de maneira aproximativa, apartir de um

numero pequeno de traços comuns.

Varias criticas foram feitas contra os esquemas teóricos de conceituais

dos antropólogos que defendiam a tese da difusão da cultura, a difusão seria o

resultado dos contatos entre diferentes culturas e a circulação dos traços

culturais. Observaram-se, em algumas reconstituições históricas bastante

imprecisão, em alguns casos até aberrantes, pois certos etnólogos

hiperdifusionistas europeus realizaram pesquisas apartir desta linha de

raciocínio. A maioria dos discípulos de Boas, formados pelo seu rigor

metodológico e empírico, mostrou-se, no entanto, prudentes em suas

interpretações. Além do impressionante acumulo de observações empíricas, as

contribuições teóricas desta corrente da antropologia americana para a

compreensão da formação da cultura são bastante importantes. Devemos a ela

o conceito de “modelo cultural”. Que determina o conjunto estruturado dos

mecanismos pelos quais uma cultura se adapta a seu meio ambiente. Esta

teoria é estudada com mais profundidade na escola “cultura e personalidade”.

Os estudos realizados por Boas e seus discípulos, (fenômenos de

contato cultural e fenômeno de empréstimo cultural), abrem caminho para

futuras pesquisas sobre aculturação e trocas culturais. Nos trabalhos sobre os

empréstimos culturais, mostram que as modalidades de empréstimos

dependem ao mesmo tempo do grupo que dá e do grupo que recebe. Estes

autores também formularam a hipótese que será teorizada mais tarde que,

entre empréstimo e inovação cultural não há diferenças essenciais, á

diferenças essenciais, sendo o empréstimo freqüentemente uma transformação

e ate recriação do elemento emprestado, pois ele deve se adaptar ao modelo

cultural da cultura receptora.

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