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Em situação difícil, e engolidos pelos grandes, os pequenos e médios frigoríficos lutam para sobreviver a uma carga tributária injusta O REDEMOINHO TRIBUTÁRIO Abrafrigo entra com pedido de mandado de segurança contra novas restrições do estado de Santa Catarina O Deputado Federal Luiz Carlos Setim (DEM) fala sobre as batalhas da pecuária em 2008 VEJA ENTREVISTA Abrafrigo Revista da ED. Nº 1 | ANO 1 | JAN. DE 2009 Para reduzir carga tributária na emissão da Nota Fiscal Eletrônica para pequenos e médios frigoríficos, Abrafrigo entra com ação judicial

Revista Abrafrigo01

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v e j a e n t r e v i s t a Em situação difícil, e engolidos pelos grandes, os pequenos e médios frigoríficos lutam para sobreviver a uma carga tributária injusta › Abrafrigo entra com pedido de mandado de segurança contra novas restrições do estado de Santa Catarina O Deputado Federal Luiz Carlos Setim (DEM) fala sobre as batalhas da pecuária em 2008 e D. N º 1 | A N O 1 | j A N . D e 2 0 0 9

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Em situação difícil, e engolidos pelos grandes, os pequenos e médios frigoríficos lutam para sobreviver

a uma carga tributária injusta

O redemOinhOtributáriO

› Abrafrigo entra com pedido de mandado de segurança contra novas restrições do estado de Santa Catarina

O Deputado Federal Luiz Carlos Setim (DEM) fala sobre

as batalhas da pecuária em 2008

veja entrevistaAbrafrigoRevista da

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º 1

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09› Para reduzir carga tributária na emissão da Nota Fiscal eletrônica para pequenos e médios frigoríficos, Abrafrigo entra com ação judicial

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .3

Associação Brasileira de Frigoríficos Av. Cândido de Abreu, 427 - 16º andar - sala 1601/1602 - Centro Cívico - CEP 80530-000

Fone (41) 3021-3221 Fax (41) 3254-7977e-mail: [email protected]

Os pequenos e médios frigoríficos de todo o país sempre tiveram poucos canais de acesso ao grande público, autoridades governamentais e aos meios de comu-

nicação em geral. Isso começou a mudar com a criação da Abrafrigo – Associação Brasileira dos Frigoríficos, em novembro de 2003, quando os problemas enfrentados pelo setor – como a difícil sobrevivência num mercado marcado pela competição desleal com os grandes e pelas distorções tributárias trazidas pelo PIS/Cofins, começaram a estar mais presentes em todos os setores da sociedade.

Com o lançamento desta Revista da Abrafri-go, uma publicação dirigida trimestral, a maneira de fazer chegar a todos os segmentos da socieda-de as informações sobre o que de fato acontece no setor de pequenas e médias empresas da área de frigoríficos ganha um extraordinário reforço através de reportagens, depoimentos, entrevistas e notas.

Neste primeiro número, apresentamos um balanço do que foi o ano de 2008 para o setor e quais sãos as perspectivas para 2009. Também trazemos uma matéria de capa mostrando a difí-cil arte da sobrevivência dos pequenos e médios empreendimentos de Norte ao Sul do País.

Outra matéria importante mostra os novos programas e as mudanças que devem ocorrer com a posse da nova diretoria, ocorrida no dia 16 de dezembro, na Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), a mais importante entidade de representação do agronegócio bra-sileiro, e que agora pela primeira vez na história, tem uma mulher no seu comando, a senadora Kátia Abreu (DEM-Tocantins). Além disso, temos uma entrevista exclusiva com o deputado Luiz Carlos Setim (DEM-PR), da Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara, e um dos mais ardorosos defensores no Congresso da desonera-ção tributária dos pequenos e médios frigoríficos. Por esta amostra dá para ver que a Revista da Abrafrigo tem conteúdo informativo para dar o que falar.

Boa leitura e até a próxima edição

Péricles Pessoa SalazarPresidente da Abrafrigo

reDAçãO e PrOjetO gráFiCO editora [email protected] 3082-8877

jOrNAliStA reSPONSávelBernardo Staviski

imPreSSãOgráfica Capital

tirAgem 2.500

Expediente

4. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

A competição dos pequenos e médios frigoríficos com as grandes empresas exportadoras está cada vez mais difícil. Aumento de custos, falta de animais no mercado e as antigas distorções tributárias agravam a situação de quem não faz comércio exterior.

O Redemoinho Tributário: A Difícil Vida de quem não Exporta

Capa

08Pág

Índice

indicadores do trimestre pg 05

Passando por transformações estruturais nos últimos anos, a pecuária já mostra que trabalha com inovação tecnológica e profissionalização da sua mão de obra. O problema ainda são os impactos tributários e a recuperação do número de matrizes bovinas.

Entrevista com o deputado federal paranaense Luiz Carlos Setim, um dos mais atuantes membros e primeiro vice-presidente da Comissão de Agricultura da Câmara.

As Batalhas do Ano que Passou

entrevista

14Pág

O ano de 2008 foi pródigo em ações para chamar a atenção dos problemas tributários que envolvem os frigoríficos brasileiros.

As Batalhas do Ano que Passou

Questões tributárias

30Pág

Balanço 2008 pg 16

Abrafrigo entra com pedido de mandado de segurança contra novas restrições estabelecidas pelo estado de Santa Catarina que impedem a livre comercialização local de carne e leite por empresas de outros estados

Fechando a Fronteira pg 20

Abrafrigo entra com ação judicial para reduzir carga tributária que acompanha a emissão da Nota Fiscal Eletrônica para pequenos e médios frigoríficos.

Nota Fiscal eletrônica pg 22

Ruim para a cadeia produtiva, ruim para o ambiente e uma tortura para o animal, a exportação de bois vivos preocupa pelo crescimento exponencial no país a cada ano.

Cuidado Animal pg 25

Com expectativa de repetir a produção de carne bovina do ano passado e com a falta de solução para a escassez de boi magro, a expectativa para o ano que vem é de que ele seja a base para um ano melhor que virá em 2010.

Perspectivas 2009 pg 28

Notas pg 32

Com Katia Abreu na CNA, agronegócio tem mulher no comando pela primeira vez e a promessa de mudanças importantes no setor.

mudanças pg 34

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .5

indicadores do trimestre

A valorização da carne brasileira permitiu

que os exportadores ampliassem a receita de R$ 4,1 bilhões em

2007 para R$ 5 bi-lhões em 2008.

Valorização da Carne

Os números de 2008

A falta de bois no mercado brasileiro se

deu devido ao abate indiscriminado de matrizes anos atrás

o que elevou o preço da carne.

Prática Indiscriminada

De 2007 para 2008 as exportações caíram

de 1 milhão e 530 mil toneladas

para 1 milhão 294 mil.

Queda nas Exportações

A queda de 15,4% nas ex-portações de carne brasileira no acumulado até novembro de 2008, segundo as informa-ções divulgadas pelo Ministério da Agricultura e Abastecimen-to (Mapa) e compiladas pela Abrafrigo, é mais um elemento que se agrega ao quadro de di-ficuldades que os pequenos e médios frigoríficos brasileiros estão enfrentando. Com maior estoque nas mãos, os grandes empreendimentos do setor vão mirar o mercado interno para desovar seu excedente e a com-petição, que já é desfavorável ao pequeno e médio empresário, vai se acirrar ainda mais.

Segundo os dados da Abra-frigo, as exportações caíram de 1 milhão e 530 mil toneladas em 2007 para 1 milhão 294 mil toneladas em 2008, no mesmo período de 11 meses. A valo-rização da carne brasileira, no

entanto, permitiu que os ex-portadores tivessem a receita ampliada de R$ 4,1 bilhões em 2007 para R$ 5 bilhões em 2008, num crescimento de 22%, em-bora exportado menos produ-tos, situação que deve mudar em 2009 devido aos elevados estoques dos principais parcei-ros comerciais brasileiros, prin-cipalmente a Rússia, que vem se queixando do alto preço do produto brasileiro, segundo constatou o próprio presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar, numa missão em que visitou Moscou em agosto do ano pas-sado. “Tivemos que explicar a situação do rebanho brasileiro e da falta de bois no mercado de-vido ao abate indiscriminado de matrizes anos atrás que elevou o preço da carne”, disse Péricles.

30Pág

6. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

As operações de comércio exterior nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná apresentaram crescimento sensível em 2008.

Comércio Exterior

Estados que mais exportam

2 º Mato Grosso › 173 mil toneladas (13,4%) 3º Goiás › 162 mil toneladas (12,6%) do mercado 4º Mato Grosso do Sul › 97 mil toneladas (7,5%) 5º Minas Gerais › 70 mil toneladas (5,5%)

São Paulo › 577 mil ton. (44,6%) 1o LugarO principal produto ex-

portado pelos frigoríficos bra-sileiros é a carne desossada de bovino congelada, e os núme-ros de novembro da Abrafrigo mostram que São Paulo con-tinua sendo o estado que mais exporta carne no país, com 577 mil toneladas, o que cor-responde a 44,6% do mercado total. O Mato Grosso está na segunda posição com 13,4 % do mercado e vendas de 173 mil toneladas; Goiás vem em tercei-ro lugar com 162 mil toneladas exportadas e 12,6% do merca-do; Mato Grosso do Sul está na quarta posição com vendas de 97 mil toneladas e participação de 7,5% enquanto Minas Gerais fica com o quinto lugar com vendas de 70 mil toneladas e participação de 5,5% no merca-do exportador.

A boa notícia do quadro divulgado pela Abrafrigo é o franco crescimento das opera-ções de comércio exterior nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná depois de ficarem qua-se três anos fora do mercado, a partir da descoberta de focos de febre aftosa no final de 2005. As vendas para o exterior do Mato Grosso do Sul nos primeiros 11 meses de 2008 cresceram 168% e o estado já acumula 7,5 % do mercado exportador brasileiro, enquanto que o Paraná cresceu 158%, elevando sua participa-ção do zero para 1,9% do mer-cado. Outros estados que tive-ram sua participação aumentada foram o Rio de Janeiro, cujas exportações cresceram 28% e Santa Catarina, com 15% de elevação, embora a participação destes estados ainda seja peque-na no mercado em geral.

Mato Grosso do Sul › 168%Paraná › 158% Rio de Janeiro › 28%Santa Catarina › 15%

Crescimento

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .7

A Rússia continua sendo o país maior

importador da carne brasileira com compras de 380 mil toneladas.

O maior importador

Alguns novos mercados passaram a comprar mais, mas isso não chegou a compensar a queda nas importações em se-tores mais tradicionais. Angola passou de 15 mil para 19 mil toneladas, Hong Kong, merca-do que mais cresceu, passou de importações de 86 mil toneladas em 2007 para 146 mil toneladas em 2008 e o Irã comprou 74 mil toneladas contra 56 mil tonela-das em 2007. A Venezuela tam-bém aumentou suas aquisições no Brasil: de 42 mil toneladas im-portadas em 2007 passou para 84 mil toneladas em 2008.

Países da Europa também reduziram suas importações como consequência dos embargos.

Grandes Compradores

A Venezuela aumentou suas

aquisições no Brasil de 42 mil toneladas em 2007 para 84 mil ton.

em 2008

Novos Mercados

Principais Destinos

Mato Grosso do Sul › 168%Paraná › 158% Rio de Janeiro › 28%Santa Catarina › 15%

Segundo as informações da Abrafrigo, a Rússia continua sendo o país maior importador da carne brasileira com compras de 380 mil toneladas até novem-bro, o que significa uma que-da acentuada nas exportações porque em 2007, até esta épo-ca, as aquisições haviam atingi-do a 428 mil toneladas. Outro país que reduziu suas importa-ções do Brasil foi o Egito, que caiu de 176 mil toneladas em 2007 para 72 mil toneladas em 2008. Grandes compradores da Europa também reduziram suas importações como consequência dos embargos realizados devido aos problemas de rastreabilida-de do rebanho brasileiro que muito lentamente começa a se adaptar às exigência das União Européia. A Alemanha reduziu suas compras de 22 mil tonela-

das para 7 mil tone-ladas; a Holanda caiu de 59 mil toneladas para 26 mil tone-

ladas e o Reino Unido passou de 80 mil tone-ladas adquiridas

em 2007 para 51 mil toneladas em 2008.

8. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .9

O Brasil possui em operação, hoje, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) 750

plantas de frigoríficos pertencentes a diversas empresas. Destas, pelo menos 60 que pertencem a grandes grupos empresariais, muitos com ações em Bolsa de Valores, são uni-dades modernas com boa parte de sua produção destinada a exporta-ção. Restam, portanto, a margem deste mercado que recebe incentivos, financiamentos e muito apoio por causa de seus movimentos no comér-cio exterior, pelo menos 690 plantas de frigorífi-cos de pequeno e médio porte que estão lutando por sua sobrevivência num mercado cada vez mais apertado e aonde as dificuldades se acumulam na mesma velocidade das más no-tícias.

Há algum tempo a Abrafrigo levantou a bandeira da desoneração tributária do PIS/Cofins para este tipo de empreendimento porque isso pode significar a diferença en-tre sua permanência no mercado, gerando empregos e distribuíndo riqueza, ou o seu fechamento. Os 4,20% de impostos que incidem

sobre os pequenos e médios frigo-ríficos que não realizam operações de exportação obrigam a uma com-petição desleal aonde os pequenos sempre levam desvantagem: apesar de terem custos maiores, são obri-gados a competir de igual para igual na aquisição do boi com os grandes empreendimentos exportadores, com custos bem inferiores e alavan-cados em capital de giro graças as

portas abertas nos bancos oficiais e mesmo privados que financiam os seus projetos de expansão e de aquisição. Graças a isso, o que se vê, como pa-norama do mercado por todo o país, é um número enorme de aquisições de pequenas unidades pelos grandes grupos ou o fe-chamento das portas de quem não aguenta operar sem margens de lucro por

muito tempo. E, ultimamente, tudo tem conspirado contra o pequeno e médio frigorífico: as exportações estão em queda como consequên-cia da retração mundial de crédito e parte deste excedente deverá ser encaminhado pelos grandes frigorí-ficos ao mercado interno, o que por sinal pode baixar perigosamente as cotações do boi que, em 2008, fi-nalmente mostraram sinais de recu-

A competição dos pequenos e médios frigoríficos com as grandes empresas exportadoras está cada vez mais difícil. Aumento de custos, falta de animais no mercado e as antigas distorções tributárias agravam a situação de quem não faz comércio exterior.

A difícil Vida de quem não Exporta

"Hove um total de 7 mil demissões nos últimos tempos no setor por conta da ociosidade das plantas que está em 50%"

Capa

10. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

CompetiçãoDesleal Na foto, frigorífico de médio porte na capital paranaense: Os 4,20% de impostos que incidem sobre os pequenos e médios frigoríficos que não realizam operações de exportação obrigam a uma competição desleal aonde os pequenos sempre levam desvantagem.

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .11

12. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

peração para animar o produtor a investir no setor e recuperar a ca-pacidade de desfrute do rebanho brasileiro.

Isso pode acirrar ain-da mais a competição já desfavorável ao pequeno num setor que, segun-do Mapa, está operando com 50% de capacidade ociosa e cuja capacidade de abate nos frigoríficos com inspeção federal caiu em novembro passado para números de 2003, na faixa de 1,3 milhão de ca-beças mensais.

“A concentração que está ocorrendo no merca-do, com grandes empre-sas engolindo e comprando as pe-quenas ou mesmo pelo fechamento das menores é algo que pode preju-dicar e muito o produtor que ficará

a mercê de um pequeno número de empresas que poderão ditar os pre-ços no mercado”, afirma um dos fundadores da Abrafrigo, o suplen-

te de senador por Goiás, João José Batista Stival (PMDB). “É por isso que nesse momento o gover-no deveria dar atenção prioritária a desoneração do pequeno e médio fri-gorífico para equilibrar a competição. Ainda não é tarde para se fazer isso”, acrescenta.

Segundo Stival, a si-tuação é mais ou menos parecida em todo o país, com as unidades menores “sobrevivendo a duras

penas” por questões de mercado e pelas distorções tributárias. “Há pelo menos 10 plantas paradas em Goiás e se formos somar com o

Você Sabia?Das 750 plantas de

frigoríficos em operação no Brasil, 60 pertencem a

grandes grupos empresariais, e cerca de 690 plantas de

frigoríficos são de pequeno e médio porte.

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)

"... é algo que pode prejudicar e muito o produtor que ficará a mercê de um pequeno número de empresas que poderão ditar os preços no mercado

Desoneração do pequeno e médio frigorífico para equilibrar a competição: "Ainda não é tarde para se fazer isso".

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .13

que está acontecendo no Pará e To-cantins acredito que há pelo menos 50 unidades com inspeção federal paradas, com o que isso significa de desemprego de milhares de pessoas e prejuízos”, diz ele.

Paulo Costa, presidente do Sin-dicarnes do Pará confirma que pelo menos quatro plantas que geravam mais de 400 empregos cada uma fecharam recentemente suas por-tas por falta de matéria-prima e por problemas econômicos. “Uma das alternativas que permitia a pequena empresa continuar sobrevivendo e competindo no mercado era o pre-ço do couro do boi que sempre se manteve na faixa de 6% a 10% da arroba e que hoje não está nem em 2%. Isso leva o pequeno e o mé-dio a insolvência”, diz ele. No Pará, por sinal, a concentração do setor é uma das mais evidentes: “Grandes empresas como o Minerva, Merco-sul e Bertin fizeram muitas aquisi-ções de empresas nos últimos 18 meses”, conta ele.

No Rio Grande do Sul, o presi-dente do Sicadergs, Ronei Alberto Lauxen informa que muitas plantas de pequenos e médios frigoríficos fechadas foram reativadas pelos grandes empreendimentos nos últi-mos dois anos, principalmente pelo Mercosul, o sexto maior do país. “ Mas o problema maior é a falta de animais para abate. Temos mais três plantas fechadas recentemente e com a queda em 40% no abate em todo o estado houve a demis-são de 7.500 pessoas”, calcula ele. “As dificuldades vão permanecer em 2009 porque a quantidade de animais disponível para abate será praticamente a mesma”, acrescenta. O Rio Grande do Sul está com um rebanho de 13 milhões de cabeças, mas já teve 14,5 milhões, mesmo computando-se o gado leiteiro nes-ta estatística.

Mas é no Mato Grosso que a ação das grandes empresas con-centrou-se com maior ênfase, com

praticamente todos os grandes fri-goríficos atuando no estado e au-mentando a concentração empresa-rial. E o problema passa a agravar-se coma falta de animais para abate. “ Nós temos pelo menos quatro in-dústrias paradas e várias em férias coletivas. Hove um total de 7 mil demissões nos últimos tempos no setor por conta da ociosidade das plantas que está em 50%”, relata Luis Antônio de Freitas, presiden-te do Sindifrigo do Mato Grosso. “Nós estávamos atravessando um período em que o produtor estava estimulado para investir na sua atividade e com isso ampliar o rebanho para que não falte boi nos pró-ximos anos. Com o atual quadro de redução de pre-ços e queda na exportação os prejuízos e a insolvência só vão aumentar e o pro-dutor pode perder seu en-tusiasmo”, conclui ele.

Em Minas Gerais, o presidente da Afrig, Sil-vio Silveira, informa que nos últimos 12 meses pelo menos cinco plantas de frigoríficos menores que estavam fechadas foram reativadas pelas grandes empresas exportadoras. “Se a questão tributária não for resolvida será um ano muito ruim para nós. Não há como continuar

Na foto, o suplente de senador por Goiás, João José Batista Stival.

sobrevivendo quando o preços de um subproduto como o couro, que nos dava certa estabilidade, cai para 30 centavos quando chegou a cus-tar R$ 2,80 o quilo. Eu mesmo es-tou com prejuízos há três meses na minha empresa”,diz ele. Em Minas Gerais, segundo Silvio Silveira há outro componente de elevação de custos: “O Ministério da Agricultu-ra está intensificando as ações para que também os pequenos e médios frigoríficos se modernizem. Mas como fazer isso se não há dinheiro para investimentos?”, relata ele ›‹

14. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

Como o Sr. viu a passagem do ano de 2008? A pecuária brasi-leira correspondeu às expectativas dos que nela atuam? › Re-vista da Abrafrigo

Setim › O Congresso é uma caixa de ressonância do produtor brasileiro, tanto na área da pecuária como na área da agricultura brasileira e recebemos produto-res de todos os segmentos com a realização de muitas audiências públicas. Acho que 2008 foi um ano mui-to positivo exceto por um porém. Para o setor como

um todo e para a pecuária em par-ticular, houve um crescimento mui-to grande dos custos de produção. Mesmo na pecuária, o óleo diesel caro impacta fortemente quando você reforma pastagens. Mas subi-ram os sais minerais, fertilizantes, adubos. São vários insumos que fi-zeram com que o custo da pecuária subisse da mesma forma que o da agricultura.

Mas a remuneração do preço do boi não tem acompanhado estas elevações de pre-ços? › Revista da Abrafrigo

Setim › Nós fizemos um levanta-mento em que se demonstra que nos últimos 14 anos o preço do boi teve uma alta de 217%, mas o salário mínimo cresceu 500%, o adubo aumentou 560%, o calcáreo subiu 466%, o óleo diesel aumen-tou 503%, considerando o preço da arroba do boi de R$ 81,00. Em 1994, a arroba estava a R$ 25,60. Então o aumento ainda foi peque-no em relação ao custo dos insumos e dos salários. Por um outro lado, nós também observamos que a pe-cuária não está tão defasada como alguns outros produtos agrícolas graças aos recentes aumentos de preços. Pelo lado da indústria, nós observamos que a tributação é que mais prejudica a atividade - e esta

é uma bandeira que nós levantamos na Câmara junto com as entidades sindicais e associações. Estamos tra-vando uma verdadeira batalha para reduzir os efeitos do PIS/Cofins que está onerando e muito a indústria brasileira de frigoríficos, principalmente a empresa que não realiza exportações. Há um compromisso do governo de que isso seja revisto, mas ainda não conseguimos os resultados esperados É um trabalho que deveremos continuar no início de 2009 para que consigamos junto ao Ministério da Fazenda e Receita

As Batalhas do ano que passou

entrevista

EM SEU PRIMEIRO MANDATO no Congresso, o deputado federal paranaense Luiz Carlos Setim (DEM), 64 anos, é um dos mais atuantes membros e primeiro vice-presidente da Comissão de Agricultura da Câmara. Administrador de Empresas, Advogado, Agropecuarista e também empresário do setor de frigoríficos em São José dos Pinhais (PR) e ex-presidente do sindicato paranaense do setor, ele acompanha passo a passo o que acontece no setor de carnes no Brasil e é um dos mais ferrenhos defensores da pecuária brasileira e das empresas que trabalham em todos os segmentos da cadeia produtiva. Em entrevista a Revista da Abrafrigo, ele fez um balanço otimista do setor em 2008 e das preocupações e assuntos não resolvidos que ficaram para 2009.

O Deputado Federal Luiz

Carlos Setim (DEM) fala

sobre as batalhas da

pecuária em 2008

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .15

Federal um tratamento igualitário para os frigoríficos que não são exportadores.

Quais efeitos desse problema? › Revista da Abrafrigo

Setim – Temos o risco de uma concentração muito grande no setor, com o mercado e o produtor ficando nas mãos de poucas empresas. O crédito presumido concedido de uma maneira geral – que nós achamos até necessário para o frigorífico exportador – criou um tipo de concorrência desleal em relação ao que não exporta. Nós começamos este trabalho em 2007 com reuniões desde então na Receita Federal, no Pa-lácio do Planalto e na Comissão da Agricul-tura da Câmara e acreditamos que estamos ganhando mais adeptos para a nossa causa que é a de corrigir essa distorção tributária. Mas dependemos de ações do Executivo no sentido de dar um tratamento diferenciado para os frigoríficos que não tem exporta-ção. Todavia o perigo de se aumentar muito a concentração é eminente porque muitas empresas em dificuldades acham que é pre-ferível vender a indústria do que continuar num segmento onde não há rentabilidade. Por isso o trabalho na Câmara vai continuar e contamos com o apoio de muitos deputa-dos, o Ministério da Agricultura tem sido um parceiro, mas não chegamos ainda a um acordo com o Ministério da Fazenda. O que estamos buscando junto aos ministé-rios, frigoríficos e associações de uma maneira geral é que haja uma negociação entre os frigoríficos para que essa alteração na legislação traga uma tributação que possa ser equalizada atendendo os dois segmen-tos – o que exporta e o que não exporta – tornando a concorrência equilibrada.

Como empresário do setor, como o Sr. vê a situação dos frigorí-ficos hoje? › Revista da Abrafrigo

Setim – Acredito que muito se tem falado em crise,que vamos enfrentar uma crise, mas na verdade, ela já está no Brasil em alguns segmentos como o da pecuária, o da carne bovina. Ele tem sido apenas de subsistência ou de grande dificuldades para o frigo-rífico que não exporta, produtor e agora até para o próprio confinador em virtude das altas dos insumos. É um ramo que não está tendo uma rentabilidade que permita a recuperação do investimento.

Mas o mercado externo não tem ajudado a melhorar a situação do produtor? › Revista da Abrafrigo

Setim › A conquista pelo Brasil dos mercados inter-nacionais, a aceitabilidade da carne brasileira fez com que o pecuarista voltasse a investir no seu negócio. Nós observamos hoje preços diferenciados para os que tem produtividade, mas apenas para os que tem habilitação para vender ao mercado europeu. Talvez isso traga incentivo para o produtor obter melhor re-muneração. Mas este é um grupo muito pequeno e o que move de fato a pecuária brasileira é o grupo que está sofrendo com alto custo dos insumos, manuten-ção do rebanho e valorização da terra e que precisam de uma melhor remuneração. É o que se espera para 2009 já que o mundo é carente de proteína animal.

Esperamos uma valorização da carne no mercado interno e um aumento das expor-tações no ano que vem.

E como o Sr. vê 2009 para a pecuária e para o empresário? › Revista da Abrafrigo

Setim › O brasileiro é muito versátil e quando se fala em crise as pessoas começam a ficar preocupadas. No entanto, ao longo dos anos aprendemos a desprezar o “s” da palavra crise, isso está na vida do brasilei-ro. Vamos trocar as dificuldades por novos desafios, investimentos, nova apresentação, nova alternativa de renda. Somos otimistas e vamos enfrentar novos desafios que pode-rão ser transformados em melhora de con-sumo. Em cada país a crise é absorvida de

um maneira diferente e esperamos que emprego e a renda não sejam afetados e a crise acabe logo.

Dá para continuar investindo? › Revista da Abrafrigo

Setim › Há um trabalho que estamos fazendo na Câ-mara dos Deputados em que mostramos que todos os segmentos econômicos do país tem tido dificuldades pela alta de preços da energia, aumento de salários e no preço dos insumos. O governo tem se preocupado com isso abrindo linhas de crédito, editando medidas provisórias, reduzindo juros e produzindo incentivos. Mas nós achamos que seria mais importante atingir a população brasileira como um todo e isso poderia ser feito com a redução do preço do óleo diesel. O diesel faz parte da vida do brasileiro no transporte coletivo, no trator, no frete. Seria uma maneira do governo aju-dar a todos. O barril do petróleo está pouco acima de R$ 40,00 e há todos indicativos necessários para que o governo entre com uma participação destas que atin-giria o brasileiro de Norte a Sul e em todas as classes sociais.

"Nós fizemos um

levantamento em que se

demonstra que nos últimos 14

anos o preço do boi teve uma

alta de 217%, mas o salário

mínimo cresceu 500%"

16. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

N estes últimos anos a pe-cuária de corte vem so-frendo transformações estruturais. Do lado

da indústria fica visí-vel uma grande inova-ção tecnológica além da profissionalização das grandes empresas. En-quanto isso, os pequenos e médios sofrem com um grande atraso pe-los impactos tributários existentes.

Mesmo assim, paula-tinamente, a cadeia pro-dutiva cresce como um todo. Nos últimos três anos os preços estavam baixos para o produtor, com fechamen-to de mercados devido a proble-

mas sanitários. Isto impactou nos preços baixos recebidos, fazendo com que o produtor, desestimu-lado, vendesse suas matrizes, que

por sua vez não gera-ram bezerros e bois prontos terminados para o abate hoje. No acumulado até o fi-nal de 2008, os abates de bovinos no Brasil, com inspeção federal, somaram 20,4 milhões de cabeças, 20% menor do que o realizado em todo o ano de 2007.

Com esta redução da máquina de produ-

ção bovina, a cadeia produtiva se encontrou em um novo patamar de preços pecuários. Se antes es-

Passando por transformações estruturais nos últimos anos, a pecuária já mostra que trabalha com inovação tecnológica e profissionalização da sua mão-de-obra. O problema ainda são os impactos tributários e a recuperação do número de matrizes bovinas.

Recuperando o fôlego

"Normalmente um frigorífico

tem de ter uma rentabilidade

bruta, pagos os impostos, na

faixa de 8% e eles não estão

conseguindo isso"

Balanço 2008

recuo na indústria, faz preço da arroba cair, mesmo com pouca oferta

Praça 1º dez. 17º dez. Variação (%)

SP - Barretos 89,00 80,00 -10,11

GO - Goiânia 81,00 75,00 -7,41

RS - Pelotas 2,57 2,41 -6,23

MS - Dourados 84,00 74,00 -11,90

MT - Alta Floresta 78,00 69,00 -11,54

RO - Sudoeste 80,00 66,00 -17,50

Fonte: Scot Consultoria

Descompasso

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .17

tavam baixos, a menor produção fez com que os preços ficassem mais altos por causa da redução

do plantel bovino bra-sileiro. Números de novembro de 2008 do Ministério da Agricul-tura (Mapa) indica-ram que naquele mês foram abatidos 1,325 milhão de cabeças sob

inspeção federal, ante as 1,944 milhão de igual mês de 2007. Com isso, os abates dos frigorí-ficos com inspeção federal recu-aram fortemente e já se igualam aos patamares vistos no ano de 2003. Paulo Molinari, da Safras

& Mercado, ressalta que esses nú-meros do Mapa referem-se a cer-ca de 50% do abate no País. "Mas, geralmente, a outra metade cos-tuma apresentar curva parecida", acrescenta o especialista.

Não apenas pela questão sani-tária, mas também pela migração que houve no setor, com produ-tores se desfazendo das matrizes para locar suas terras para o plan-tio de cana-de-açúcar para produ-ção de álcool. Este fenômeno de redução do plantel aconteceu de maneira simultânea ao aumento da capacidade instalada nos frigo-ríficos. Se de um lado reduziu o plantel e do outro aumentou a ca-pacidade da indústria, houve um descompasso entre oferta e de-manda. Nesse momento, os gran-des frigoríficos diversificaram e criaram novas plantas, além de adquirirem muitas empresas me-nores internamente, aumentando a concentração do setor. Isso fez com que o preço do boi aumen-tasse, fazendo com que todos os preços de animais de reposição (bezerro, garrote e boi magro) aumentassem também, forçando ainda mais o preço do boi gordo para cima. Resultado: o preço da arroba chegou a quase o dobro de dois anos atrás, chegando a atin-gir R$ 90 no primeiro semestre de 2008.

A situação é difícil e igual para todas as outras pequenas e médias empresas brasileiras do setor. Os preços estão mui-to altos para o consumidor. No mercado do boi ninguém conse-gue manipular o preço. Nenhum frigorífico individualmente ou grande produtor pode fazer isso, o que vale é o mercado da ofer-ta e procura. Quem faz o preço é o “grande mercado”. E este preço, hoje, está inviabilizando completamente os pequenos e médios frigoríficos que não são exportadores. Porque a popula-

Couro em baixa

No terceiro trimestre de 2008 a oferta de couro caiu

17%. Alguns curtumes deixaram de funcionar

ou reduziram a aquisição por falta de matéria-

prima e/ou dificuldades financeiras, havendo relatos de férias coletivas

e encerramento definitivo de atividades. Fonte: IBGE

Desestimulados pelo baixos

preços recebidos, produtores

venderam suas matrizes, que

por sua vez não geraram bezerros

e bois prontos terminados para o

abate hoje.

18. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

retrAçãO em novembro de 2008 abates no Brasil atingem menor nível em cinco anos. (em milhôes de cabeças)*

1,3231,693 1,789

2,0841,944

1,325

20042003 2005 2006 2007 2008

Fonte: Ministério da Agricultura *Abates em frigoríficos com inspeção federal

ção não tem poder aquisitivo su-ficiente para pagar a elevação dos preços da carne. E também por-que os pequenos e médios não vivem só da carne, mas também dos subprodutos. Hoje, apura-se no boi um valor de R$ 78 pela carne e paga-se ao produtor R$ 86. O que cobre a dife-rença: o couro, o sebo, os miúdos. Mas também estes subprodutos estão complicados atualmen-te. Segundo balanço do IBGE divulgado no fi-nal de 2008 a oferta de couro, por exemplo, caiu 17% no terceiro trimes-tre, causada pela baixa oferta de animais para abate. Alguns curtumes deixaram de funcionar ou reduziram a aquisição por falta de matéria-prima e/ou dificuldades financeiras, havendo relatos de férias coletivas e encer-ramento definitivo de atividades. “Normalmente um frigorífico tem de ter uma rentabilidade bru-ta, pagos os impostos, na faixa de 8% e eles não estão conseguindo isso. Não há como repassar estes altos preços ao consumidor. En-tão as empresas estão pedalando

para não caírem e apenas espe-rando que o mercado melhore, que o quadro vire”, diz o presi-dente da Abrafrigo, Péricles Pes-soa Salazar. “Perdi em novembro e dezembro, mas espero que em janeiro eu recupere”. É essa ma-neira de pensar do setor. De um

modo geral, vão ape-nas sobrevivendo em meio a altos e baixos.

A Crise

A crise da falta de crédito está afetan-do o setor, inclusive nos grandes frigorífi-cos exportadores. Pri-meiro os grandes não conseguiram os ACC’s (adiantamento de con-tratos de câmbio) para

fazer as exportações. Por outro lado, os importadores também ti-veram dificuldades. A Rússia, que é a maior compradora de carne bovina do Brasil, com fatia 400 mil toneladas/ano, esta tendo di-ficuldades de importar. A moeda deles, o Rublo, desvalorizou-se em relação ao Real e tornou as importações muito mais caras, e ainda houveram dificuldades

"Consideramos que 30% seria o ideal para ter o equilíbrio da cadeia produtiva, com preços ao produtor estáveis e que não prejudique a indústria"

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .19

para se obter crédito no sistema financeiro deles. Desde setem-bro as exportações para aquele país estão paralisadas. “Estive em Moscou no mês de agosto e lá percebemos a dificuldades em relação aos preços que o Brasil vinha cobrando quando dobrou de R$ 45 para R$ 85 o preço da arroba. Tivemos que explicar o fenômeno de redução de plantel e falta de matéria-prima, mas de-pois veio a crise de crédito e aí parou de vez”, diz Péricles. “Eles estão com estoques muito altos de dianteiros, o que mais impor-tam do Brasil, e está difícil de voltar a exportar em curto prazo até pelo fechamento dos portos da Rússia devido a formação do gelo nos terminais”, completa o presidente da Abrafrigo.

Hoje o Brasil está exportan-do 22% a 23% da sua produção de 6 milhões de toneladas de carne anuais e vende no merca-do interno 78%. Antes se expor-tava 25%. “Nós consideramos que 30% seria o ideal para ter o equilíbrio da cadeia produtiva, com preços ao produtor estáveis e que não prejudique a indústria voltada para o mercado interno. Se a exportação cair para 10% e a diferença voltar ao mercado in-terno isso derruba os pequenos e médios porque eles não tem capacidade de competir com os grandes”, finaliza Péricles ›‹

O Brasil consome hoje 36 quilos de carne per capita anual, mas já consumimos perto de 40 quilos/ano na média brasileira. É um número que tem um potencial muito grande para subir. Quando aumenta a renda média do brasileiro, cresce também o consumo de proteínas animais. Então é preciso que a renda do brasileiro aumente para expandir o consumo. Nos últimos anos houve aumento da renda, mas em 2008 houve uma certa estabilidade.

Consumo de carne

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .21

A Abrafrigo ingressou na Justiça Federal de Santa Catarina em meados de dezembro com um pe-

dido de mandando de segurança contra uma decisão da Diretoria Técnica e a Gerência de Defesa Sanitária Animal da CIDASC – Companhia Integrada de Desen-volvimento Agrícola de Santa Catarina, entidade vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural daquele estado. Segundo a Abrafrigo, as alterações propostas Instrução de Serviço 007/2008 – GE-DSA, de 20 de agosto de 2008, estão ocasionan-do restrições à venda de produtos originários do Paraná e outros estados brasileiros porque im-pedem que empresas de outras regiões do país comercia-lizem livremente carne e leite em Santa Catarina mesmo que sejam integrantes do SIF – Serviço de Inspeção Federal ou SIE – Serviço de Inspeção Estadual. Pela Instru-ção 007/2008, empresas só podem vender estes produtos em Santa Catarina através de algumas distri-buidoras locais.

“Não há nenhuma razão de or-dem técnica ou mudança de quadro de risco sanitário para que Santa Catarina promova estas alterações e sim apenas razões de ordem po-lítica”, argumenta a Abrafrigo. “E

ainda há afronta a Instrução Nor-mativa número 44 de 2 de outubro de 2007 do Ministério da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento que implementa o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção de Fe-bre Aftosa (PNEFA) e afirma que “ todo produto procedente de esta-belecimento integrante do sistema

brasileiro de inspeção de produtos de origem terá livre trânsito em todo o território nacional”.

A recente norma de Santa Catarina, na sua maior restrição, requer que o estabelecimento de destino seja registrando no SIF ou SIE e habi-litado como matadouro Frigorífico de Bovinos ou Entrepostos de Carnes, o que na prática reduz a comercialização a seis ou sete empresas do estado,

já que as de fora não podem realizar a comercialização. “Em se tratando do risco sanitário, não há qualquer ação preventiva neste dispositivo, uma vez que é o Ministério da Agri-cultura, através do seu Serviço de Inspeção, que fiscaliza a origem do produto e seria ele mesmo que fis-calizaria o estabelecimento de desti-no”, diz a Abrafrigo. E conclui: “ o produto de origem, desde que fisca-lizado, poderá transitar livremente e a restrição imposta por Santa Cata-rina é desmotivada e ilegal porque contraria norma federal do Minis-tério da Agricultura” ›‹

Abrafrigo entra com pedido de mandado de segurança contra novas restrições estabelecidas pelo estado de Santa Catarina que impedem a livre comercialização local de carne e leite por empresas de outros estados

Fechando a Fronteira

"Não há nenhuma razão

de ordem técnica ou

mudança de quadro de

risco sanitário para que

Santa Catarina promova estas

alterações"

justiça

legiSlAçãO instrução Normativa número 44 de 2 de outubro de

2007 do ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento:

Todo produto de origem animal

procedente da zona livre de

febre aftosa sem vacinação e de estabelecimento integrante do sistema brasileiro de inspeção

de produtos de origem terá livre trânsito em todo o

território nacional.

22. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .23

O setor de carnes e frigorífi-cos passou a emitir Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) a partir de dezembro, quan-

do se juntou a outros setores que também são abrangidos pela obri-gatoriedade de utilização deste tipo de documento. A obrigatoriedade estava em vigência desde abril para os setores de cigarros e combus-tíveis e, em dezembro, foi ampliada para frigo-ríficos e atacadistas que promovem as saídas de carnes frescas, refrigera-das ou congeladas, das espécies bovinas, suínas, bufalinas e avícola, além de outros setores.

Com a nova siste-mática, o contribuinte e a própria Receita te-rão muitos benefícios, como redução dos cus-tos, maior agilidade do processo, segurança da informa-ção, facilidade para fiscalização de mercadorias e a diminuição do uso e armazenamento de papel. O Fis-co poderá acompanhar, em tempo real, a atividade econômica e a in-tegração de informações com as Secretarias de Fazenda de outros estados e com a Receita Federal.

“Isso é muito bom que aconte-ça porque pode inibir a sonegação

fiscal no país não apenas no nosso setor, mas em todos os setores. Para nós, é importante que haja uma or-ganização efetiva das indústrias frigoríficas e que todos paguem a mesma coisa, com o que a compe-tição será igual. Se todos pagarem está ótimo”, comenta o presidente da Abrafrigo, Pércles Salazar. Se-gundo ele, o que vinha acontecen-

do no setor, dada a falta de capacidade contributi-va, “é que muitos pagam, alguns não pagam e há ainda o abate clandestino que evidentemente tam-bém não paga. Na hora de disputar o mercado do boi para para comprar o boi e vender a carne, por-tanto, a questão do im-posto impacta fortemen-te. Como será obrigatória a emissão da nota fiscal eletrônica todos terão de

emitir e, dessa forma, espera-se que a sonegação fiscal desapareça o que é muito bom”, explica.

Mas nem tudo é tão simples e tão fácil, segundo Péricles Salazar. “Nós temos a questão da distorção tributária do PIS/Cofins que incide sobre empresas que trabalham com o mercado interno e que está sendo discutida arduamente. Com a emis-são da nota eletrônica, logicamen-

Abrafrigo entra com ação judicial para reduzir carga tributária que acompanha a emissão da Nota Fiscal eletrônica para pequenos e médios frigoríficos.

Na Justiça para evitar Prejuízos

"Se nós aplicarmos o crédito cheio nas nossas empresas o percentual que incide sobre o faturamento cai de 4,2 a 4,3 para 1%"

Nota fiscal eletrônica

› Redução dos custos

› maior agilidade do processo

› Segurança da informação

› Facilidade para fiscalização de mercadorias

› Diminuição do uso e armazenamento de papel.

› Acompanhamento, em tempo real, da atividade econômica pelo Fisco

NOvA legiSlAçãO A partir de dezembro, o setor de carnes e frigoríficos passou a emitir Nota Fiscal eletrônica (NF-e).

vejA AlguNS BeNeFÍCiOS:

24. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

A empresa emissora de Nota Fiscal Eletrô-nica gera um arquivo eletrônico que contém

as informações fiscais da operação comercial, assinado digitalmente com certificado digital,

para garantir a integridade dos dados e a autoria do emissor. Este arquivo eletrônico

corresponde à e será transmitido pela Inter-net para a Secretaria de Fazenda de jurisdição do contribuinte. Esta fará uma pré-validação

do arquivo e devolverá um protocolo de recebimento (autorização de uso), sem o qual não poderá haver o trânsito da mercadoria. A NF-e também será transmitida para a Receita Federal do Brasil que é o repositório nacional

de todas as notas emitidas.

te a empresa vai ter que pagar 4% sobre o faturamento e aí não existe capacidade contributiva para isso. Num primeiro momento isso pode prejudicar muito setor”, informa. O que a Abrafrigo está fazendo neste sentido? A atual legislação impede os frigoríficos que atuam somente no mercado interno de ter um cré-dito cheio de 100% sobre os bois que compram dos pecuaristas. Hoje o crédito presumido é de 60%. A posição da entidade é a de que se aplique os 100% e, com a nota fis-cal eletrônica a recomendação é a de fazer com que todos adotem o crédito cheio de 100%. No entan-to, essa não é a visão da Receita Federal. “É por isso estamos dis-cutindo esta questão judicialmente. Se nós aplicarmos o crédito cheio nas nossas empresas o percentual que incide sobre o faturamento cai de 4,2 a 4,3 para 1%. Quem fatura R$ 6 milhões ao mês, ao invés de pagar R$ 240 mil vai pagar R$ 60 mil. Nesse caso fica compatível pa-gar”. Como a Receita Federal não aceita essa argumentação, a Abrafri-go interpôs uma ação judicial que busca uma liminar para manter o crédito presumido em 100%. “Nós estamos discutindo e vamos ganhar essa ação. Estamos orientando as nossas empresas para aplicar o cré-dito cheio quando usarem a Nota Fiscal Eletrônica para não ficarem inadimplentes junto a Receita Fede-ral”, conclui Péricles Salazar ›‹

lei triButáriA mesmo com a obrigatoriedade da emissão da Nota Fiscal eletrônica (NF-e), os problemas com as distorções tributárias da incidência do PiS/COFiNS continuam. Veja como é hoje a legislação e qual a posição da ABRAFRIGO:

› Os frigoríficos que atuam somente no mercado interno têm um crédito presumido de 60%.

› O percentual que incide sobre o faturamento é de cerca de 4,3%.

› Quem faturasse R$ 6 milhões ao mês, hoje pagaria R$ 240 mil sobre seu faturamento.

› Os frigoríficos que atuam somente no mercado interno deverão adotar o crédito cheio, de 100%

› Com crédito cheio, o percentual que incide sobre o faturamento é 1%.

› Quem faturasse R$ 6 milhões ao mês, pagaria R$ 60 mil sobre seu faturamento

A atual Legislação Posição da Entidade

Como funciona a NF-e

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .25

T oda semana, milhares de bois e vacas são submetidos a uma jornada de três se-manas desde o porto ama-

zônico de Belém até Beirute, no Líbano. O gado é comprimido em caminhões sob o abrasador calor amazônico. Durante quatro dias são incapazes de se mover ou deitar e não recebem nem alimento nem água. Os que caem são esmagados ou feridos. No navio, a utilização de ferrões elétricos para carregá-los aumenta ainda mais o estresse do gado enfraquecido. Esmagados contra animais estranhos, os ani-mais se ferem uns aos outros na

ruim para a cadeia produtiva, ruim para o ambiente e uma tortura para o animal, a exportação de bois vivos preocupa pelo crescimento exponencial no país a cada ano.

Tratando com o devido cuidado

Cuidado Animal

sua agitação. Insolações, traumas e doenças respiratórias serão dizima-dores numa jornada de dezessete dias. Quando chegam ao Líbano, os animais são muitas vezes abatidos de forma desumana e violadora das normas religiosas. Após semanas de desnecessário sofrimento animal, o consumidor é erradamente levado a crer que a carne é ‘Halal’”. Este é o relato de uma das campanhas da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA), que tem o objeti-vo conscientizar e minimizar esse sofrimento animal, incentivando a adoção de medidas alternativas pe-los governos de todo o mundo. "O

Imagem de maus tratos

causados pela exportação de "bois em

pé" para o Líbano: parte da campanha

da WSPA.

26. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

sofrimento desses animais é inacei-tável no século 21. E não é só isso. O transporte de animais vivos faz os países exportadores deixarem de arrecadar tributos e gerar em-pregos, enfraquecendo suas agroin-dústrias. É preciso substituir essa atividade pelo comércio de carne

industrializada somente", destaca Antonio Augusto Silva, diretor re-gional da WSPA Brasil, no lança-mento da campanha. "O abate hu-manitário, realizado em frigoríficos próximos ao local onde os animais foram criados, seria uma alternativa muito mais aceitável" completa An-

tonio.Atentos à esse

cenário, represen-tantes de frigorífi-cos e da indústria de couro, reforça-ram o alerta a uma das estatísticas que mais preocupam: na primeira metade do ano, foram ex-portados 181,3 mil

Você Sabia?em 2007, 1.750 animais brasileiros se afogaram

quando um navio de transporte de animais vivos afundou parcialmente num

porto da venezuela. Os seus restos em decomposição

contaminaram as praias e linha costeira.

Fonte: WSPA - Sociedade Mundial de Proteção Animal

Gado sendo embarcado Fonte: WSPA

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .27

bovinos vivos, aumento de 37,3% em relação ao período de janeiro a junho de 2007. A receita quase tri-plicou. Cresceu 176,9%, para US$ 144,6 milhões. Há uma apreensão de que é possível que se repita o que ocorreu no ano passado, quando o segundo semestre concentrou prati-camente 70% dos embarques do boi em pé (bois vivos) do país.

Os principais países comprado-res são a Venezuela, Irã, Rússia e o Líbano, com as operações de comer-cialização realizadas a partir do Pará e do Rio Grande do Sul. No ano passado, foram embarcados 430 mil animais vivos para estes destinos, e a previsão para 2008 é a de que este número tenha dobrado. A Abrafri-go considera esse tipo de negócio

um retrocesso para o país porque não agrega valor algum a economia regional e a exportação é isenta de qualquer tipo de taxa ou imposto, além do que “já está havendo falta de matéria-prima em estados como o Pará e o Rio Grande do Sul”, se-gundo o presidente da Abrafrigo, Péricles Pessoa Salazar.

Já Luiz Bittencourt, presidente-executivo do CICB (Centro das In-dústrias de Curtumes do Brasil),em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, diz que a preocupação vem da "ve-locidade com que cresce essa forma de exportar". Para Bittencourt, há ris-cos ao emprego e se ge-ram menos divisas com a venda de gado em pé, em vez de produtos com al-gum valor agregado.

O que complica é que os importadores pagam melhor que as empresas brasileiras. Os negócios costumam ser fechados com prêmios de R$ 1 a R$ 2 por arroba. Além disso, levam em conta um rendimento de carcaça de 52%, o que muitas vezes o pecuarista não consegue com o frigorífico. Péricles Salazar, diz que "a competição é de-sigual". Por isso, a entidade encami-nhou à Receita Federal proposta de adoção de sobretaxa para esse tipo de embarque.

Outro agravante é que atual-mente há menos animais dispo-níveis para abate porque, de 2004 a 2006, os pecuaris-tas intensificaram o abate de vacas e be-zerras, em resposta às baixas cotações da época para a ar-roba do boi. Com custos de produção em alta, as margens se reduziram e os fazendeiros se des-

fizeram das fêmeas. Agora, há me-nos matrizes em reprodução. Dimi-nuiu o número de bezerros e caiu, conseqüentemente, o total de bois prontos para o abate. A previsão é a de que apenas na virada da década a oferta volte a crescer, reflexo dos preços mais altos praticados desde o final do ano passado.

Mais problemas

Durante o processo de exportação, milhares de cabeças de gado per-manecem na retroáreas portuárias, em locais não preparados para isso du-rante muito tempo. Com a produção de mate-rial orgânico em grande quantidade, originário das fezes dos animais, a poluição nas áreas por-tuárias está atingindo níveis alarmantes. Além dos problemas ao meio ambiente na faixa ter-

ritorial dos portos, a atividade de exportação de animais vivos tam-bém esta contaminando faixas ma-rítimas. Segundo uma denúncia da NEMA – Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental do Rio Grande do Sul, foram encontrados no litoral gaúcho os restos de 160 ovelhas, o que segundo a entidade se deve ao lançamento ao mar de animais que morrem nos navios durante a viagem. A Abrafrigo já

encaminhou ao Iba-ma uma solicitação para que fiscalize a exportação de ani-mais vivos que está sendo realizada pelo porto do Rio Gran-de, no Rio Grande do Sul e também no Pará pelos pro-blemas ambientais que atividade está ocasionando ›‹

"O transporte de animais vivos

faz os países exportadores deixarem de

arrecadar tributos e gerar

empregos, enfraquecendo

suas agroindústrias"

Trajeto de 17 dias dos

bois vivos (boi em pé) que

deixam o porto amazônico

de Belém até a cidade libanesa de

Beirute.

No site www.wspabrasil.org é possível conhecer as

evidências registradas e adicionar o nome a uma

carta que será enviada para o governo brasileiro pedindo o fim

desse tipo de transporte.

28. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .29

Para 2009, a previsão é de que sejam produzidos no Brasil 8,3 milhões tonela-das de carne bovina, se-

gundo dados da Safras & Mercado, o que significa repetir o volume de 2008. Além disso, a curva da ten-dência da falta de boi magro deve continuar sem solução por algum tempo. Mas será que esses dados também significam que as coi-sas não devem mudar muito para 2009?

Aparentemente sim. A ten-dência para o ano que vem é que o mercado continue vivendo um quadro de oferta bastante difícil. No entanto, o que está acontecen-do neste exato momento é que o preço ainda alto vai estimular o produtor para que, desta vez, ele faça o caminho inverso e invista mais. Logo, a oferta de bovinos para abate vai aumentar. Mas isso somente vai acontecer em meados de 2010.

Para a indústria frigorífica é importante que o produtor receba um bom preço para que ele se sinta motivado para produzir a matéria-

prima que os consumidores brasi-leiros e do mercado mundial ne-cessitam. Neste mercado existem diversos fatores que influenciam os preços. Se agora estamos viven-do um período de bonança para produtor, onde ele está estimulado a produzir e ofertar mais animais à longo prazo, é bem provável que nos próximos anos, quando se re-gularizar a oferta de animais para a indústria, a exportação brasileira também esteja regularizada e retomada plenamente. “Espera-se que em 2010 o Brasil esteja exportando pelo menos 30% da sua pro-dução e isso é muito im-portante porque absorve toda a oferta de bovinos excedente do mercado interno”, ressalta o pre-sidente da Abrafrigo, Péricles Pessoa Salazar. E isso pode ajudar no equilíbrio dos preços. Hoje são 175 milhões de cabeças e, para 2010, e com a am-pliação do rebanho, deve-se che-gar ao redor de 190 a 200 milhões de cabeças, o que dá para atender plenamente o mercado interno e atender as exportações desde que elas estejam entre 25% a 30% da produção brasileira.

No entanto, este objetivo só pode ser alcançado com um sis-tema de defesa sanitária eficiente em todo o Brasil, de forma que o governo federal aloque recur-sos suficientes para que todos os estados sejam eficientes na defe-sa sanitária. Em parte, o governo

Com expectativa de repetir a produção de carne bovina do ano passado e com a falta de solução para a escassez de boi magro, a expectativa para o ano que vem é de que ele seja a base para um ano melhor que virá em 2010.

De olho em 2009

"espera-se que em 2010

o Brasil esteja exportando pelo menos 30% da

sua produção e isso é muito

importante porque absorve

toda a oferta de bovinos excedente"

Perspectivas 2009

está atendendo o setor, mas quem faz a alocação de recursos não é o Ministério da Agricultura que por sinal está preocupado fortemente com a questão, e sim o ministério da Fazenda. É importante destinar cada vez mais recursos para defe-sa sanitária e que todos os estados tenham competência para proteger seu rebanho. Com isso eliminamos a hipótese de uma eventual rejei-

ção por parte de organis-mos internacionais como aconteceu no episódio da febre aftosa. Se isso acontecer, vai ser criado um problema de fluxo e novamente os preços se perturbam e serão afe-tados. “É preciso que a OIE – Organização Internacional de Ipezo-tias, que cuida da saúde animal no mundo, disci-pline a declaração de um estado ou país com febre aftosa. As conclusões de laboratório não estão

formatadas entre o nosso país e mesmo outros países em relação a OIE que ainda não definiu uma legislação bem detalhada para que se declare um estado ou país com febre aftosa”, diz Péricles. Dessa forma, ainda existe risco de algo ocorrer como no Paraná aonde os exames de laboratório não con-firmaram a doença, mas os pro-cedimentos da OIE obrigaram ao reconhecimento de um surto de aftosa. Esse conflito conceitual precisa ser resolvido e o ministério precisa trabalhar mais isso em âm-bito internacional ›‹

Gado em 2010

Hoje são 175 milhões de cabeças de gado e, para

2010, deve-se chegar ao redor de 190 a 200 milhões, o que dá para atender plenamente o mercado interno e externo

desde que as exportações estejam entre 25% a 30% da

produção brasileira.

30. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

A solução das distorções tri-butárias que envolvem a ativida-des dos frigoríficos avançou em 2008. No Brasil há dois grandes tributos que impactam na ativi-dade: o ICMS, dos estados e os Pis Cofins, impostos federal. No ICMS a tributação é zero em São Paulo, Minas Gerais e Paraná e nos demais estados varia entre 2% a 3%. Nos principais estados produtores, se entendeu que a re-ceita que vem do setor pecuário é insignificante para a arrecada-

ção. O grande problema hoje é o PIS/Cofins, tributo federal que, segundo sua normatização para os frigoríficos que vendem só no mercado interno, o percentu-al de imposto a ser recolhido no sistema não-cumulativo é algo próximo a 4,2% sobre o seu fatu-ramento. Então um pequeno fri-gorífico que fatura R$ 6 milhões mensais terá que pagar mais de R$ 240 mil, o que é totalmente incompatível com sua capacidade de contribuição. Não há como o

O ano de 2008 foi pródigo em ações para chamar a atenção dos problemas tributários que envolvem os frigoríficos brasileiros.

Tirando Um Peso

Questões tributárias

Reunião para discutir o PIs/Cofins: Da direita para a esquerda Péricles Salazar, Deputado Luiz Carlos Setim, Deputado Marcos Monte, Silvio Silveira e Ronei Lauxen.

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .31

"todos os deputados e

senadores da Comissão de

Agricultura já sabem do

problema que existe na

pecuária que é a distorção do

tributária"

pequeno e médio frigorífico pa-gar isso. É por isso que a Abra-frigo vem lutando para corrigir essa distorção tributária. Se isso não for feito, o grande vai acabar comprando o pequeno e concen-trando ainda mais o setor frigorí-fico brasileiro e aí o produtor vai ficar nas mãos somente dos gran-des frigoríficos. Que poderão di-tar preços. É interessante para o produtor ficar nas mãos só dos grandes ou é importante que te-nhamos um universo de frigorífi-cos em condições de igualdade de competição para comprar o gado do produtor?

Evidentemente que a segunda solução seria a ideal para cadeia produtiva. Não deve haver nenhum oli-gopólio que prejudique a cadeia como um todo. Então é interessante que o pequeno e médio so-brevivam e para sobrevi-ver é preciso corrigir esta distorção do PIS/Cofins.

A solução deste pro-blema avançou muito em 2008. O trabalho foi re-alizado fortemente junto as autoridades de Brasí-lia. Hoje o Ministério da Fazenda, o Ministério da Agricul-tura, os ministros, a Secretaria da Receita Federal, todos os deputa-dos e senadores da Comissão de Agricultura já sabem do proble-ma que existe na pecuária que é a distorção do tributária. O que falta, portanto, é a decisão políti-ca. Há um movimento contrário ao da Abrafrigo que representa pequenos e médios frigoríficos que é o dos grandes frigoríficos liderados pela ABIEC. Os gran-des não querem aceitar uma mu-dança nessa regra. Assim, as au-toridades não querem se mexer porque se há um movimento pró e outro contra, eles ficam inertes, ficam na dúvida. O problema foi

levado várias vezes ao vice-presi-dente da República que levou o assunto ao presidente Lula e ao ministro da Fazenda. A Abrafri-go está buscando um consenso junto aos grandes exportadores. A definição de uma alíquota que satisfaça a eles e satisfaça aos pe-quenos e médios. Há uma cor-rente que acha que isso é possível discutir. Todos os ensaios feitos, os números estudados apontam que a proposta apresentada pela Receita Federal para acabar de vez com o problema é altamente vantajosa e satisfaz tanto para os pequenos e médios como para os grandes fragoríficos. É a desone-

ração do PIS/Cofins no mercado interno e a manutenção do crédi-to presumido de 60% proporcional às expor-tações. Os grandes fri-goríficos aceitam a de-soneração no mercado interno, mas querem que os 60% seja sobre toda a produção, o que é um incentivo duplo porque eles também vendem no mercado interno. Eles recebe-riam incentivo pelo

mercado e pela aquisição do boi, o que é um incentivo duplo muito difícil de ser aceito pela Receita Federal. E mesmo na proporcio-nalidade a Abrafrigo já fez um es-tudo que prova que este benefício e a proposta, são muito bons para todos. Muitas pessoas hoje tem a opinião de que o interesse que os grandes frigoríficos de fato tem, na verdade, não é o de resolver o problema do PIS/Cofins e assim manter o quadro de dificuldade que desestabiliza os pequenos e médios, de manter a dificulda-de para continuar concentrando a atividade, o que é uma forma deles adquirirem os frigoríficos com problemas ›‹

› No Brasil há dois grandes tributos que impactam na pecuária: o ICMS e os Pis/Cofins. No ICMS a tributação é zero em São Paulo, Minas Gerais e Paraná e nos demais estados varia entre 2% a 3%.

› O grande problema é o PIS/Cofins que, segundo sua normatização para os frigoríficos que vendem só no mercado interno, o percentual de imposto a ser recolhido no sistema não-cumulativo é algo próximo a 4,2% sobre o seu faturamento.

Para entender melhor

32. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

Notas

Ao contrário da Sadia, que foi atingida em cheio pelo episódio dos derivativos, a Per-digão fechará 2008 com balan-ço bastante positivo e deverá manter os R$ 600 milhões de investimentos previstos para 2009. Até o terceiro trimestre,

a empresa havia registrado receita bruta de R$ 3,5 bilhões, 80,4% a mais do que em igual perí-odo de 2007. A empresa anunciou redução de 20% na produção de aves e suínos no primeiro trimestre de 2009. A medida visa desovar esto-ques acumulados por causa da queda na demanda internacional e das enchentes em Santa Catarina, que paralisaram o Porto de Itajaí, de onde partem 60% dos produtos exportados pela empresa. O ajuste na produção será decidido por segmento e unidade. Na planta de abate bovinos em Mirassol, por exemplo, os funcionários permanecerão em férias coletivas do dia 15 de dezembro ao dia 4 de janeiro. Motivo: falta de bois para abate.

A Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios da Secreta-ria de Agricultura e Abas-tecimento (Codeagro/SAA) criou um grupo de trabalho para propor normas técnicas para a pecuária bo-vina e definir pa-drões mínimos de qualidade. Na primeira reunião, o grupo decidiu que a prioridade será para a certificação da unidade de produção de pecuária bovina de corte na fase inicial dos trabalhos, numa

A rastreabilidade é o ponto de interrogação dos frigoríficos gaúchos para 2009. Se houvesse volume significativo de animais rastreados, seria possível retomar os embarques para a União Eu-ropéia e o Chile, o que garantiria um ano novo próspero. Porém, a falta de gado com certifica-ção de origem levou o presidente do Sicardergs, Ronei Lauxen, a rever a projeção para o próxi-mo ano. O setor pretendia, entre 2009 e 2010, bater o recorde de 2006, quando foram abatidas 2,1 milhões de cabeças e exportadas 240 mil to-neladas. Este ano deve ser encerrado com abate de 1,45 milhão de bovinos e embarque de 100 mil toneladas.

Rastrear é preciso

O mercado consumidor está cada vez mais exigente. Hoje em dia, certificados e garantias de origem são ferramentas essenciais para comer-cialização, principalmente quando o destino é o mercado externo. Com a carne não é diferente avalia o consultor Miguel da Rocha Cavalcanti, diretor de Marketing da Agripoint. O consultor acredita que, para garantir o aumento da deman-da e a valorização da carne no mercado exte-rior, o Brasil precisa investir massivamente no marketing. "Foi o que fizeram os Estados Unidos, difundindo informações sobre o teor nutricional da carne, ensinando a prepará-la, desenvolven-do produtos inovadores”, diz. Para ele, o Brasil precisa de uma melhor coordenação vertical da cadeia produtiva da carne bovina. “Essa defici-ência torna o setor lento na tentativa de acompa-nhar as mudanças do mercado, no atendimento às demandas do consumidor moderno", explica o consultor

A Falta de Marketing no Setor

rio grande do Sul

Balanço Positivo Perdigão

Normas TécnicasSão Paulo

congruência com o pro-grama “Risco Sanitário Zero. A intenção da SAA é que esse grupo de traba-lho proponha uma norma que estabeleça os requisi-tos mínimos para que uma

propriedade rural de bovinos possa desen-volver as boas práti-cas, visando atender

às questões sanitárias e de qualidade que São Pau-lo estabelecerá como pa-drão paulista. O trabalho será estendido à pecuária de leite e outros setores da produção animal.

mercado

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .33

O Brasil planeja con-cluir acordos sanitários com a China na área de carnes bovina, suína e de aves para aumentar exportações e reverter a forte tendência de déficit observada na balança comercial entre os dois países. Atualmente, a China já consome esses produtos brasileiros, mas eles são primeira-mente exportados a Hong Kong e então redi-recionados ao continente. Um levantamento do governo brasileiro apurou que o déficit comercial com a China no primeiro semestre de 2008 foi superior a US$ 1 bilhão, apesar do alto preço das commodities observado entre janeiro e junho. E em que produtos nós temos maiores chances de reduzir esse déficit mais rapidamente? Nas car-nes, que são produtos dos quais somos grandes exportadores mundiais e, na China, nós não estamos ainda entrando.

A Comissão Européia elevou a quantidade de propriedades brasileiras habilitadas a exportar para países da União Européia para 633. O número de fazendas mato-grossenses habilita-das para exportar carne bovina in na-tura à União Européia subiu para 103, alta de 14,4% ante ao número anterior, de 90 propriedades. Minas Gerais conta com 301 propriedades autori-

O foco do Friboi estará voltado para Brasil e Argentina em 2009. Segundo o presiden-te da JBS, Joesley Mendonça Batista, as oportunidades de crescimento para carne bovina na Austrália são escassas. "As oportunidades vão existir na América do Sul, em 2009", disse Joesley, ressaltando que a empresa será bastante seletiva, dadas as condições econômi-cas globais. "Não acho que é hora de nos apressarmos. Está na hora de sermos extrema-mente cuidadosos", disse ao MeatMagazine. As indústrias da carne do Brasil e da Argen-tina estão muito mais frag-mentadas do que nos Estados Unidos, e por isso, oferecem mais oportunidades. "E depois de eventualmente adquirir mais companhias de carne na América do Sul, se quisermos continuar crescendo teremos que pensar em carne de porco ou de outro animal", disse.

O Grupo Mercosul demitiu em dezem-bro os 480 funcionários do seu frigorífico localizado em Paiçandu (10 km a leste de Maringá-PR). Eles voltavam de um período de 30 dias de férias coletivas e encontraram a empresa de portas fechadas. O Mercosul informou que a queda nas exportações moti-vou o fechamento da plataforma de operação. O Grupo estava instalado há quase três anos no município e tinha capacidade para abater 300 animais por dia. Há cerca de dois meses, outro frigorífico do grupo em Naviraí (MS) também teve as portas fechadas. O Mercosul ainda deve manter 10 frigoríficos em funcio-namento espalhados pelo Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso e Pará.

Acordos Sanitários

China

zadas a exportar. Goiás soma 129 fazendas. A coordenadora de Pecuária da Federação da Agricultura e Pecuá-ria de Mato Grosso (Famato), Milene Vidotti, afirma que com a habilitação de 100% do território mato-grossense para exportar à UE a partir deste mês, a tendência é aumentar o número de propriedades aptas a comercializar com o bloco europeu.

Mais propriedades habilitadasunião européia

Brasil e ArgentinaFriboi

Demissõesmercosul

34. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

Na noite de 16 de dezembro passado, numa concorri-da solenidade em Brasília, Kátia Abreu, 46 anos, se-

nadora da República pelo Estado de Tocantins (DEM), to-mou posse na presidência da Confederação da Agri-cultura e Pecuária do Brasil (CNA), a principal entidade na representação de produ-tores rurais do país. Com ela, pela primeira vez na história do Brasil, o agrone-gócio brasileiro, setor que representa 24% do Pro-duto Interno Bruto (PIB), emprega 37% da força de trabalho e gera 36% das ex-portações, passa a ter uma mulher no comando de um entidade que reúne 27 fe-derações estaduais, 2.142 sindicatos rurais e mais de 1 milhão de produtores sin-dicalizados.

Entre seus programas de gestão, uma de suas principais bandeiras refere-se a questão tributária, o que interessa diretamente aos frigoríficos e pecuaristas brasi-leiros. “As peculiaridades do setor agrícola — relativas objetivamente ao abastecimento, segurança ali-mentar e até mesmo à segurança de Estado — devem ser equacionadas por políticas próprias de incenti-vos e compensações, transparentes, sem caráter protecionista ou pater-nalista, sob forma, por exemplo, de isenção de tributos, como fazem a

Grã Bretanha e 34 estados norte-americanos”, explicou ela num arti-go publicado no dia da posse.

Para ela, no entanto, “no Bra-sil, infelizmente, a carga tributá-

ria segue na contramão, onerando a produção de alimentos com impostos e contribuições da ordem de 16,9%. Bem maior que o total de tributos pa-gos nos Estados Unidos (0,7%) e três vezes mais que os 5,1% que incidem na cadeia de produtos alimentares da Europa. Temos de participar des-se debate com o governo. Além de discutir regime tributário, leis trabalhis-tas e ambientais, temos de discutir ainda a expan-são e melhoria do sistema de armazenamento e es-coamento da produção, para preservar a compe-titividade do agronegócio brasileiro”, disse.

A mudança de filo-sofia da gestão e sinal de novos tempos na CNA,

por sinal, estão presentes em qua-se todas as propostas da senadora: “Acredito em mudanças e não te-nho medo de fazê-las. Os consumi-dores, por exemplo, não nos devem agradecimentos pelos alimentos que consomem, pois pagam por eles, com dinheiro suado, os preços do mercado. Preferimos ser recom-pensados dignamente pelos nossos produtos, como empresários que

Com Katia Abreu na CNA, agronegócio tem mulher no comando pela primeira vez e a promessa de mudanças importantes no setor.

Com coragem para Mudar

mudanças

Principais Programas

Os principais programas que serão implementados pela

nova diretoria da CNA, eleita para o triênio 2009/2011, são os

seguintes:

"No Brasil, infelizmente, a

carga tributária segue na

contramão, onerando a

produção de alimentos com

impostos e contribuições da ordem de

16,9%"

PrOjetO terrA ADOrADA Capacitação em responsabilidade

Ambiental rural. tem o objetivo de contribuir para a formação, conscientização e mudança de

comportamento da população rural no que diz respeito a questões relacionadas

ao meio ambiente proporcionando uma melhor qualidade de vida, inserção

social e preservação ambiental trazendo como resultado uma certificação de

conformidade das propriedades rurais. Sua operacionalização ocorrerá por

meio de ações educativas que buscarão a diminuição dos impactos ambientais

em atividades produtivas rurais.

PrOgrAmA emPreeNDeDOr rurAl visão de Futuro. tem como

objetivo elaborar e implantar projetos de grupos ou de indivíduos, no

sentido de desenvolver e estimular o empreendedorismo relacionado ao

agronegócio. É dividido em três fases, como: elaboração de projetos; discussão

e implementação prática e formação de lideranças. Hoje, o programa é

sinônimo de sucesso, foi nacionalizado, já está em diversos estados do País

e vem mudando a vida de produtores rurais, que passaram a ter uma visão

empresarial de suas propriedades, aproveitando as necessidades do

mercado e investindo em segmentos específicos de maior rentabilidade.

Senadora Kátia Abreu: Promessa de mudanças no panorama do agronegócio brasileiro.

36. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

PrOjetO mãOS Que trABAlHAm Capacitação

em legislação trabalhista rural Buscará conscientizar

empregadores e trabalhadores sobre os principais problemas relacionados ao atendimento

da legislação trabalhista rural, bem como em questões de segurança e saúde do setor

melhorando assim as condições de trabalho, higiene e conforto,

tendo como base a Nr 31 – Norma regulamentadora de

Segurança e Saúde no trabalho, trazendo como conseqüência

uma certificação de conformidade das propriedades

rurais. Seu caráter educativo baseia-se na premissa de que o bem-estar pleno do homem do campo favorece sua maior

eficiência profissional, bem como ganhos econômicos e

sociais.

PrOgrAmA CAmPO FuturO em busca do mercado. resultado de uma parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem rural

(SeNAr), CNA e Bolsa de mercados e Futuro (Bm&F), o Projeto Campo

Futuro – gestão de Custos e riscos para Produtores rurais envolve

tanto as Administrações regionais do SeNAr quanto as Federações

da Agricultura e Pecuária de vários estados. O objetivo é que o produtor rural passe a operar

regularmente no mercado futuro e se transforme em formador de

opinião a respeito da utilização desse mecanismo em sua região.

PrOgrAmA iNCluSãO DigitAl rurAl informatização para todos.

O foco central deste programa é oferecer aos trabalhadores, produtores e suas famílias o

conhecimento necessário para a utilização de tecnologias de informática, utilizando-se de

unidade móvel de informática totalmente equipada nas

comunidades rurais. Os cursos ocorrerão dentro do micro-ônibus o qual terá comprimento mínimo para comportar os participantes.

O micro-ônibus será adaptado em unidade móvel de informática, dotado de todos os acessórios,

mobiliários e documentações exigidas pelo Denatran, para

atender ao público rural. este sairá percorrendo as comunidades rurais para o atendimento do público alvo, que será arregimentado através de

parceiros diversos do SeNAr de cada localidade.

PrOgrAmA ÚterO É viDA Programa de Prevenção do Câncer de Colo de Útero da

mulher rural Seu grande objetivo é diminuir as

dificuldades com relação a atendimentos básicos na área

de saúde para as mulheres rurais através da promoção de ações de sensibilização,

conscientização e mobilização como: palestras sobre

higiene pessoal, alimentar e doméstica, alimentação e

nutrição e doenças sexualmente transmissíveis e principalmente realizando exame preventivo e diagnóstico de câncer de colo

de útero – papanicolau - em mulheres em idade reprodutiva e posteriormente encaminhamento

dos resultados.

FAzeNDA legAl levando informações. O Programa Fazenda legal foi criado

em 2005 com o objetivo de promover a transformação do pequeno e médio produtor em

empreendedor rural, oferecendo subsídios para a solução das

questões técnicas, fundiárias, ambientais, tributárias,

previdenciárias e trabalhistas a serem enfrentadas pelo produtor

rural no desenvolvimento de suas atividades.

PrOgrAmA evOluçãO SiNDiCAl rurAl Capacitação

dos Agentes Sindicais. O programa visa à capacitação de dirigentes e técnicos de Sindicatos rurais,

abordando desde procedimentos administrativos relacionados à

rotina dos sindicatos aos serviços que podem ser prestados pela

instituição. todo o trabalho é construído a partir de um

diagnóstico das necessidades de capacitação dos Dirigentes e

funcionários, das ações que estão sendo desenvolvidas e os principais

resultados até o momento e caracterização das demandas em função da realidade do Sindicato.

plantaram, cuidaram e colheram visando auferir lucros legítimos”, afirmou. Para ela, é fundamental “mudar a cabeça do fazendeiro e, assim, mudar a imagem negativa que a sociedade ainda tem dos produtores, vistos por muitos, de forma equivocada, como eternos dependentes de favores financeiros do governo e sistemá-ticos descumpridores da legislação traba-lhista”.

Segundo Kátia Abreu, “as estimativas para a agricultura mundial até 2016 indi-cam que o Brasil tem tudo para avançar na produção. As exportações agrícolas podem garantir o crescimento, apesar da crise. Estimativas confiáveis apontam: em 10 anos, a produção aumentará em mais de 54% e o país responderá por 38% da pro-dução mundial. A expansão ocorrerá tanto graças ao aumento da produtividade como da área plantada”, revelou. Isso significa, na prática, que o Brasil poderá ter 41% do mercado, ante os 30% de que dispõe hoje.

No seu discurso de posse, Kátia Abreu propôs a afirmação dos produtores rurais na sociedade brasileira através de rupturas no modo do produtor se relacionar com o mercado, o consumidor, o governo e a eco-nomia global. “É falso que sejam os em-presários rurais, por se dedicarem à ativi-dade econômica da agricultura, protótipos do atraso, da fortuna injusta, da proprie-dade usurpada e do poder feudal”, disse. Para mudar esta imagem, a nova diretoria da CNA assume com um plano estratégico de promover oito projetos inovadores para o campo, como a capacitação do produtor em Responsabilidade Ambiental (Projeto Terra Adorada), a capacitação em Legisla-ção Trabalhista (Projeto Mãos que Traba-lham) e os programas de Inclusão Digital Rural e Campo Futuro. O objetivo desses projetos é promover um choque de globa-lização nos produtores brasileiros. Essa é uma das faces mais visíveis da ruptura pro-posta pela nova direção da entidade.

A senadora Kátia Abreu também acusou o Estado brasileiro, por sua buro-cracia e instituições, de “renegar” o pro-dutor rural. “Sempre com profundo mau humor, não nos reconhece”, disse ela. “Parece incomodado e considera exótico o fato do agronegócio representar 24% do Produto Interno Bruto, empregar 37% da força de trabalho, gerar 36% das exportações. Qual a proporção da retri-buição do Estado ao setor agropecuário? Nem um décimo do valor de tão espan-tosa participação na economia”, justificou.

Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009 .37

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38. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009