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Revista Ano 2 Nº 2 2013 Expressão

Revista Expressão 2013

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Revista Expressão 2013

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  • Revi

    sta

    Ano 2 N 2 2013

    Expresso

  • EDITORIALCultura e Educao

    Todo ato educativo, toda prtica educacional, traz em seu bojo uma concepo cultural de educao, e vrios autores chamam a ateno para o papel relevante do que denominamos sensibilidade esttica, ao exporem suas consideraes sobre educao de qualidade, capaz de propiciar o desenvolvimento da imaginao, interpretao do vivido e o bom exerccio profissional.

    A ampliao cultural melhora o senso ldico, aumenta a autonomia moral e intelectual, aprimora a convivncia, ao privilegiar a integrao da pessoa com o meio social, garantindo a construo de relacionamentos solidrios para a prtica de cidadania dentro do contexto comunitrio.

    Embora muito da formao cultural de cada estudante venha de sua vivncia familiar, o ingresso em um curso superior implica na necessidade de apreenso de novas normas e enfrentamento de dilemas ticos; o desenvolvimento da conscincia moral e os conflitos recorrentes dos intercmbios sociais podem ser trabalhados no mbito

    escolar, para o compartilhamento da herana cultural, melhorando e ampliando seu capital cultural privado.

    A disposio para o dilogo, assim como os comportamentos inclusivos, tendem a marcar a sociedade contempornea pelos seus aspectos de multiculturalidade, o que torna o olhar mais cosmopolita, essencial na preparao para a vida extramuro escolar.

    A ampliao cultural pode facilitar a integrao ao grupo social mais prximo, pois a falta de disposio para o dilogo e a ausncia de comportamento inclusivo impossibilitam a compreenso do prprio mundo; a conduta excludente e voltada apenas sua prpria trajetria no dar origem ao comportamento democrtico e formao de profissionais verdadeiramente afinados com seu tempo e comunidade.

    Uma slida formao acadmica, que inclua a complementao cultural, eficiente no auxlio da gnese do ser humano.

    Wanda Camargo Conselho Editorial da Revista Expresso.

  • CoordEnAo do ProjETo UniBrAsil FUTUro E ACAdEmiA UniBrAsil

    responsvel pelo encaminhamento de propostas culturais; coleta e divulga informaes sobre rgos, entidades, programas e projetos financiadores de atividades artsticas e culturais; toma providncias para a viabilizao do espao fsico e equipamentos necessrios para a realizao das atividades culturais.

    Prof Wanda CamargoE-mail: [email protected].: +55(41) 3361-4202 I 3361-4234

    CEnTrAl dE rElACionAmEnTo

    Complexo de Ensino Superior do Brasil - UniBrasilTel.: +55 (41) 3361-4200Rua Konrad Adenauer, 442 - Tarum - CEP: 82820-540 www.unibrasil.com.brConselho Editorial do 2. Volume 2013: Wanda Camargo, Patrcia Russo de Paula e Silva Gibran, Alexandre Silva Wolf

    AssEssoriA dE ComUniCAo

    Gerente de Marketing: Patrcia Russo de Paula e Silva GibranAssessora de Comunicao: Geanine Ditzel Projeto Grfico e Criao: Wessley OliveiraIlustrao da capa: Andrea KraemerFotografias: Priscilla Fiedler, Jenifer Magri, Helton Lia, Lucas Sarzi, Letcia Gabrielle, Jefersom Macedo e Ricardo BruningColaborao: Jenifer Magri e Adriane Leopardo Gonalves

    Periodicidade: Anual

    Presidente: Clmerson Merlin Clve

    Diretor Geral: Srgio Ferraz de Lima

    Diretor Acadmico: Jairo Maral

    Diretor Administrativo, Financeiro e de Infraestrutura: Eraldo Luiz Silvestrin

    {

    ExPEdiEnTE

  • Eros roBErTo GrAU e o Quartier saint-Germain-des-Prs | 08

    nElson sAvioli - o visionrio verde | 10

    sAvioli - Concurso de redaes | 14

    miGUEl KriGsnEr e o empreendedorismo | 16

    Por que ler os clssicos? lUiz FEliPE Pond e os instrumentos para lidar com a humanidade | 20

    {sUmrioUniBrasil Futuro | 02

    Academia UniBrasil | 25

    Cultura UniBrasil | 54

    Gnero, Sustentabilidade e Responsabilidade Social | 72

    nGElo vAnhoni e o Plano nacional de Educao | 26

    PAUlo BErnArdo - os direitos Fundamentais e a potencialidade democrtica da lei de Acesso informao | 30

    PAUlo ABro - o direito memria e verdade | 32

    FlviA CinTrA e mirEllA ProsdCimo - maria de rodas | 36

    isrAEl hEnriQUE FEFErmAn - inovao Estratgica | 40

    Edson CAmPAGnolo - A importncia da formao universitria para o desenvolvimento das indstrias do Estado | 42

    mAriA TErEzA UillE GomEs - justia restaurativa - Uma crtica propositiva ao modelo do sistema de justia Penal | 46

    lYGiA PUPATTo - incluso digital | 50

    As Adaptaes do Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil | 56

    Grutun! literatura | 58

    Grutun! repertrio | 59

    Grutun! Pesquisa | 60

    Grutun! Comunidade | 61

    Atividades em Parceria | 62

    Encontro com a Palavra com GUsTAvo FrAnCo - dinheiro e magia | 66

    Projeto mulheres Paranaenses | 74

    sade Feminina: desafios para as polticas pblicas | 76

    responsabilidade social e sustentabilidade | 80

  • As Faculdades Integradas do Brasil esto sempre abertas ao dilogo, ao debate e inovao. Em conformidade com esse pensamento, a Instituio criou em 2008 o Projeto UniBrasil Futuro, que tem como objetivo a manuteno de um canal permanente de divulgao e discusso de ideias, ou seja, de pensar o Brasil que queremos para ns, para nossos alunos, para nossos filhos, para a comunidade.

    O UniBrasil Futuro realizado periodicamente e direcionado aos estudantes e comunidade. Nos ltimos anos, foram convidadas a ministrar palestras e debater suas propostas figuras importantes de vrias vertentes polticas, artsticas e do pensamento, como: Daniel Piza, Arnaldo Antunes, Osmar Dias, Ministro Paulo Bernardo, Gustavo Franco, Marina Silva e Eliane Cantanhde.

    Em 2012, o Projeto recebeu grandes personalidades como: Eros Roberto Grau, que, no dia 20 de maro, palestrou sobre O ofcio de escritor e o Quartier Saint-Germain-

    des-Prs; Nelson Savioli, em 29 de maro, que abordou a questo dos Empregos verdes, estratgias de formao de Recursos Humanos e o Centro de Referncia das Profisses do Futuro; Miguel Krigsner, que palestrou, em 30 de maio,

    sobre o tema Empreendedorismo; e, Luiz Felipe Pond, que falou para a escola de comunicao na noite de 23 de

    outubro sobre O politicamente correto.

  • Aps trilhar uma carreira de sucesso no mundo jurdico como professor e advogado, Eros Grau chegou ao pice quando Ministro do Supremo Tribunal Federal. Autor de diversos livros na rea do Direito, referncia para todos os professores e alunos no s pelos seus livros, mas principalmente pelos seus votos enquanto ministro do STF.

    O Quartier Saint-Germain-des-Prs foi escolhido por Eros Grau para ser o objeto do seu novo livro, e foi tema transverso de sua palestra nas Faculdades Integradas do Brasil.

    Uma simpatia em pessoa. No gosta que o chamem de ministro, apenas professor. Foi com essa simplicidade que o professor Eros Roberto Grau passou pelas Faculdades Integradas do Brasil neste ano, no mais para falar de assuntos jurdicos de grande repercusso nacional, mas, sim, de coisas da vida, como literatura, cultura e Paris. Hoje, Eros Grau se dedica esposa, aos filhos e aos seus romances, que adora escrever.

    E no poderia ser diferente. Paris encanta, apaixona, ilude e cega, assim como o amor, e com amor, e muito bom humor, que Eros Grau descreve, em sua obra Paris-Quartier Saint-Germain-des-Prs, os aspectos histricos dos principais lugares que conheceu, inclusive dos restaurantes, bares e cafs do quartier.

    Sentindo-se aceito e reconhecido como um verdadeiro cidado parisiense, Eros nos convida a conhecer uma Paris vista por seus olhos, no uma Paris perfeita, mas o lugar aonde os bons americanos vo quando morrem.

    O livro Paris-Quartier Saint-Germain-des-Prs, escrito pelo renomado jurista Eros Grau, faz o leitor viajar pela charmosa cidade de Paris, especialmente por Saint-German-des-Prs, quartier que integra o VI arrondissement Luxembourg.

    Mesmo que com a insistncia do autor o livro seja classificado como ensaio, poderia ser, tambm, um livro de crnicas - escrito no tempo da delicadeza. Muito diferente do vocabulrio jurdico a que estamos acostumados a ler, Eros imprime sua marca de leveza e bom humor ao longo de seus relatos. Alm disso, a obra repleta de informaes culturais do quartier. Como quem conhece verdadeiramente Saint-German-des-Prs e seus arredores, talvez at mais que os prprios parisienses em geral, descreve generosamente os aspectos histricos dos principais lugares por onde flanou, inclusive dos restaurantes, bares e cafs de sua predileo.

    Aps anos de convivncia, Eros e sua esposa Tnia ganharam a cidadania do quartier e, como um tpico gemanopratins (onde

    AUTORES:

    Carlos Eduardo Dipp Schoembakla - coordenador adjunto do Curso de Direito; professor de Direito Civil e Processo Civil das Faculdades Integradas do Brasil.

    Denise Goedert acadmica do Curso de Direito das Faculdades Integradas do Brasil.

    EROS ROBERTO GRAU e o Quartier Saint-Germain-des-Prs

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  • os habitantes sabem uns da vida dos outros), tanto conhece e conhecido das personalidades francesas de renome (na literatura, na poltica e nas artes), como tambm conhecido do pedinte (sempre visto no Caf de Flore) que, da mesma forma, recebe tratamento respeitoso, recheado de interesse pela sua forma de existncia. Percebe-se que o seu envolvimento com o lugar e com as pessoas est longe de ser superficial, como sucede grande maioria dos turistas (meros predadores das grifes modernas, como faz referncia), ao contrrio, sua postura revela olhar atento e, de certo modo, intrigante, sempre em busca de conhecer o quartier em sua essencialidade.

    Em cada um de seus captulos, o autor faz referncia s pessoas que teve oportunidade de conhecer. Algumas, coadjuvantes, apenas ilustram comicamente o cenrio. Outras, respeitadas e admiradas pelo seu ofcio (como o caso de Mimi, tocador de acordeo que morrera e deixou saudades). Outras, ainda, pessoas amigas com quem tivera o prazer de desfrutar jantares e tardes de vinhos.

    Nada passa inadvertido sua observao. Considervel a simpatia que mantm por temas ligados ao humano, ao qual dedicou um dos captulos a contar parte da histria da vida e o fim trgico de Adrienne Le Couvreur (morta em 1730). Movido por curiosidade ou mesmo pelo sentimento de ter recebido uma misso para desvendar o caso, Eros empenhou-se em um considervel trabalho de pesquisa. Preci sava descobrir como ela havia morrido e onde fora enterrado seu corpo. No se conformaria em deixar o assunto sem soluo. Buscou descobrir o que aconteceu com Adrienne e, ao que tudo indica, descobriu, mas como disse: o quanto li e descobri a respeito desta mulher demasiado, excede a tolerncia deste ensaio. p.107).

    Entre crnicas e poesias, o livro no trata apenas de um lugar, mas, sim, da relao do autor com ele. Como que num intuito de eternizar o Quartier Saint-Germain-des-Prs, tal qual conheceu, Eros sabe que ele poder mudar, mas no

    deseja que seja estranho ao seu quartier, deseja apenas que tenha sido parte da eternidade de Saint-Germain-des-Prs.

    Considera-se que Eros Graus atingiu o pice das profisses de advogado e de professor. Mas ele afirma aos jovens que hoje estudam Direito, que ter chegado a isso no apenas uma conquista sua. Quando menino, chegando do colgio com boas notas, seu pai simplesmente dizia: no fez mais do que a obrigao. Aos jovens que hoje estudam Direito, eu pediria apenas que no se deixem seduzir por teorias que propem a substituio da garantia e certeza da lei pelos valores dos juzes. A legalidade o ltimo instrumento de defesa dos humildes.

    Como autor consagrado de livros de Direito e do romance Tringulo no Ponto, Eros Grau no novato nas letras, mas sua expectativa para o novo livro de que este seja considerado interessante. Poderia ser outra?

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    >> O jurista e professor Eros Grau em sua participao no UniBrasil Futuro

  • Savioli formado em Direito, mas sempre foi profissional de recursos humanos. Diretor de RH de algumas das maiores empresas do Brasil, Superintendente Executivo da Fundao Roberto Marinho e Diretor de Assuntos Internacionais da ABRH nacional.

    Aborda o tema Empregos verdes e estratgias de formao de recursos humanos no Brasil e internacionalmente; alm disso, discorre sobre o Centro de Referncia das Profisses do Futuro (que far parte do Museu do Amanh, no Rio de Janeiro).

    Est escrito nos dicionrios que visionrio aquele indivduo que tem projetos grandiosos, de realizao difcil. No senso comum, o visionrio o indivduo utpico, sonhador.

    O mundo em que vivemos foi construdo com base na lgica racionalista da busca de resultados imediatos e, por medo ou comodidade, refugou at hoje pessoas com essa competncia. Porm, quando um visionrio foge do bloqueio e consegue mudar o padro dominante, investido daquilo que Schumpeter chamou na sua teoria da destruio criadora de empreendedor inovador, logo levado categoria de dolo. Perceba-se, porm, que muitas vezes esse dolo aceito por todos muda somente o padro, mas poucas vezes altera a lgica do modelo estabelecido. Na verdade, se seguir os mesmos princpios de antes, ele potencializa a excluso, gerando pobreza e destruio, exaurindo os recursos naturais.

    unnime a opinio de que esse modelo est ultrapassado. Nem o planeta o suporta, nem a sociedade o quer. Neste momento, quem pode apresentar caminhos optativos atual situao tambm so visionrios, desde que investidos de outra mentalidade: a da sustentabilidade.

    Inspirar o desenvolvimento dessa competncia, adormecida em cada um de ns sob a perspectiva da sustentabilidade, foi a grande contribuio da palestra proferida por Nelson Savioli, atual Superintendente Executivo da Fundao Roberto Marinho e Presidente do Conselho Deliberativo da ABRH-RJ Associao Brasileira de Recursos Humanos, sobre o tema Empregos verdes e estratgias de formao de recursos humanos, comentando tambm sobre o Centro de Referncia das Profisses do Futuro que far parte do Museu do Amanh do Rio de Janeiro.

    Sua notoriedade foi construda por meio do sucesso do seu principal livro Carreira Manual do Proprietrio (Seja Dono do Seu Passe), que difundiu o planejamento de vida e carreira entre os gestores e estudantes da rea de negcios. A obra, mesmo com vrias edies publicadas e traduzida para muitos

    NElSON SAvIOlI - O visionrio verde

    AUTOR:

    Claudio Skora coordenador do Curso de Administrao das Faculdades Integradas do Brasil.

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  • idiomas, teve, em entrevista, o seguinte comentrio de seu autor: o livro no tem nada de original. S trabalhei em cima de coisas que j estavam sendo praticadas. Percebe-se, aqui, no apenas o visionrio, mas tambm uma postura humilde, tpica daqueles que sabem como ensinar.

    Homem no s de palavras, mas tambm de aes, teve em sua trajetria profissional vrios momentos em que demonstrou sua diferente forma de compreender o mundo. Sob sua responsabilidade uma rea especfica de ecologia social, mais tarde transformada em desenvolvimento social, foi criada num perodo em que nenhuma empresa ousava pensar nisso. Numa grande multinacional francesa, fundou no somente um centro de avaliao de potencial para identificar lideranas, mas tambm o programa Portas Abertas, democratizando as relaes com os operrios em pleno perodo das grandes greves do ABC paulista. Em um conhecido jornal brasileiro, instituiu o processo de qualidade na redao gerando resultados impressionantes. Ao homem visionrio e humilde, soma-se agora o poder de realizao, competncia daqueles que sabem motivar pelo exemplo.

    Em sua palestra, ao falar sobre os empregos verdes, Nelson Savioli alertou a plateia, com cerca de quinhentos estudantes e professores. que a humanidade precisa caminhar, a passos largos, em direo a uma rpida transio em busca de uma economia com baixo consumo de carbono, necessria para evitar os efeitos irreversveis e perigosos das mudanas climticas sobre as sociedades e reforou que tal postura implicar em uma profunda repercusso em nossa maneira de produzir, consumir e ganhar a vida em todas as naes e setores.

    Gestor ambiental em obras, lighting designer, gestor de manejo de florestas, analista de extrativismo, auditor de reciclagem e at mesmo chief visionary officer, so exemplos de profisses que comeam a se desenhar para esta nova

    sociedade. Quem desdenha dessas possibilidades desconhece, por exemplo, aes concretas com esse propsito, como o Pacto Global, da ONU, citado por Savioli.

    De acordo com a ONU, o Pacto Global, lanado em julho de 2000, uma plataforma de liderana para o desenvolvimento, implementao e divulgao das polticas e prticas de responsabilidade social corporativa e sustentabilidade. O Pacto Global da ONU no um instrumento regulador, mas, sim, uma iniciativa voluntria, que se baseia na responsabilidade pblica, na transparncia e na divulgao de aes para proporcionar um espao para a inovao e a ao coletiva. Nessa perspectiva, no Paran, a Federao das Indstrias, por meio das vrias aes do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial, no qual participam as Faculdades Integradas do Brasil, congrega centenas de empresrios que atuam com essa viso de mundo e

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  • acreditam na construo de um mundo mais inclusivo e sustentvel.

    Por meio do trabalho cotidiano de empreendedores visionrios, so criados empregos diretos nos setores que produzem bens e servios mais verdes, empregos indiretos em suas cadeias de fornecimento e empregos induzidos, quando as poupanas de energia e matria-prima se transformam em outros bens e servios de maior intensividade de mo de obra.

    Para Savioli, os empregos verdes podem ser criados em reas urbanas, bem como em zonas rurais, e incluem ocupaes em todo o espectro laboral, desde o trabalho manual at o altamente qualificado. O potencial de empregos verdes existe em pases de todos os nveis de desenvolvimento econmico.

    Este pensamento coincide com o da Organizao Internacional do Trabalho (OIT), que incentiva programas que promovam empregos verdes orientados para os grupos que deles mais necessitam: os jovens, as mulheres e os pobres. Para a OIT, para que os empregos verdes cumpram o papel chave de desenvolvimento sem excluses sociais, devem ser criados empregos decentes que proporcionem rendimentos adequados, proteo social e respeito aos direitos dos trabalhadores e que permitam a esses trabalhadores expressar sua opinio nas decises que afetaro suas vidas. Acredita a OIT que a transio para uma economia mais verde poderia gerar entre 15 e 60 milhes de novos empregos em nvel mundial nas prximas duas dcadas e tirar dezenas de milhes de trabalhadores da pobreza.

    Savioli apresentou tambm o Museu do Amanh, grandiosa obra que est sendo construda no Rio de Janeiro. Iniciativa da prefeitura carioca e da Fundao Roberto

    Marinho, na qual ele ocupa o cargo de Superintendente Executivo. Este museu, de acordo com o que foi divulgado, ser um ambiente de experincias que permitir ao visitante fazer escolhas pessoais, vislumbrar possibilidades de futuro, perceber como ser a sua vida e a do planeta nos prximos 50 anos. Esse espao vai explorar variedades do amanh nos campos da matria, da vida e do pensamento, alm de debater questes como mudanas climticas, crescimento e longevidade populacionais, integrao global, aumento da diversidade de artefatos e diminuio da diversidade da natureza.

    Estar frente de um projeto como este no pode ser ao de um homem visionrio, humilde e realizador. preciso algo a mais: sensibilidade. Em Savioli, isto evidente por meio da leitura dos seus muitos haicais. Quem se dedica a contemplar esse tipo de poema sabe que, alm do sabor da leitura, os versos promovem a condio de apenas insinuar, dando ao receptor a funo de interpretar, de preencher as lacunas de significados que a sntese absorveu.

    Apesar de no ter seguido o cartesiano formato de um haicai, a sensao criada na noite de 29 de maro de 2012 foi a mesma. Nelson Savioli em sua palestra desenhou futuros nos quais pudemos nos enxergar como agentes ativos na construo de uma nova sociedade, convidando a todos a liderar esse movimento. Instigou em todos uma postura visionria de mundo possvel e diferente. No nos deu caminhos certos, mas os inspirou. Por algumas horas viajamos alguns metros a mais em direo a uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentvel. Poucos passos foram dados, verdade, mas estes no sero retrocedidos, afinal, quem viaja por prazer acha to distante um como mil quilmetros.

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  • >> Nelson Savioli, superintendente da Fundao Roberto Marinho e diretor da ABRH

  • O Curso de Administrao das Faculdades Integradas do Brasil promoveu entre seus alunos um concurso de redaes sobre os temas abordados por Nelson Savioli. Assim, o Ncleo Docente Estruturante selecionou trabalhos de dois alunos como representantes do pensamento do corpo discente, em que se nota claramente a preocupao com o meio ambiente como realidade para esta gerao, os jovens que construiro o futuro sabem que a preservao do planeta condio indispensvel para a prpria sobrevivncia.

    O assunto preservao e sustentabilidade vem sendo destacado nos noticirios, escolas e empresas. Mas, mesmo estando informados sobre o que est acontecendo e que as nossas atitudes nos prejudicaro no presente e intensamente no futuro, poucos tomam conscincia da importncia de comear a modificar seus hbitos em prol do meio ambiente.

    notrio, a partir das grandes catstrofes ambientais ocorridas no mundo nos ltimos anos, que est ocorrendo um desequilbrio muito grande entre as foras que regem nosso ecossistema. Falta ou excesso de chuvas, tsunamis, furaces, descongelamento das geleiras, so alguns exemplos das importantes alteraes que nosso clima est sofrendo.

    Essas alteraes se devem em grande parte poluio ambiental gerada por empresrios gananciosos que, na busca pelo lucro a qualquer preo, contribuem enormemente para o agravamento dessa situao.

    Felizmente grande parcela de nosso quadro industrial est caminhando na direo contrria situao que expomos acima, buscando o desenvolvimento de tecnologias limpas, que permitam diminuir a emisso de poluentes, trazendo menores impactos ao ecossistema.

    Para que as organizaes desenvolvam tais atividades, elas devem ter inseridas em seu leque de profissionais pessoas competentes e habilidosas para executar, dirigir e controlar seus objetivos e influenciar os demais colaboradores.

    O problema que o nmero de profissionais disponveis no mercado pequeno, por isso quem tiver interesse em entrar nessa rea deve comear a se especializar logo. A procura tende a aumentar, e quanto mais tarde os profissionais e as empresas comearem a se preocupar com o meio ambiente, mais prejuzos iro ter.

    AUTORES:

    Ana Carla Honorato e Eduardo Lus Rossi acadmicos do Curso de Administrao das Faculdades Integradas do Brasil; vencedores do Concurso de Redao.

    SAvIOlI - Concurso de redaes

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  • Para que esse processo tenha continuidade, necessria cada vez mais a formao de profissionais voltados para o mercado verde, pois eles funcionaro como multiplicadores dos conceitos ambientais, criando assim um crculo virtuoso.

    A maioria das aes que conhecemos anunciada por empresas verdes, mas s fazer propaganda no adianta, preciso colocar em prtica e, o mais importante, que se desenvolvam seus projetos com eficcia.

    No basta apenas a cpula da organizao ter conscincia e atitudes corretas, preciso educar os seus colaboradores, de todos os nveis. Com todos comprometidos com a misso da empresa, acabaro influenciando suas famlias e os grupos informais que os cercam, fazendo assim com que os consumidores percebam o quanto a organizao leva a srio seus ideais verdes, para preservar e encontrar recursos sustentveis.

    Nossos governantes tambm devem interagir nesse processo, criando mecanismos que incentivem a reduo de poluentes pelas indstrias, compensando-as com a reduo de impostos.

    Como podemos observar, ns, como agentes da comunidade, teremos papel fundamental nesse processo, seja nas empresas em que trabalhamos, cobrando e executando polticas verdes, seja como consumidores, priorizando produtos que contenham o selo verde que demonstra o comprometimento com o meio ambiente.

    Todos ns temos que ter conscincia de que quem sair perdendo no ser apenas o planeta, e sim ns mesmos e as futuras geraes. A opo parar de cuidar apenas da nossa rvore e comear a cuidar de toda a floresta.

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  • MIGUEl KRIGSNER e o empreendedorismo

    O fundador do Grupo O Boticrio, o empreendedor e visionrio Miguel Krigsner, palestrante hbil em democratizar o conhecimento e criar espaos dialgicos, capazes de propiciar ao pblico uma viso analtica da sociedade, falou sobre empreendedorismo, sua trajetria pessoal e empresarial, alm de suas realizaes e planos para o futuro, que, uns e outros, so muitos. Esta edio do UniBrasil Futuro tambm comps a programao da vII Jornada de Negcios do Curso de Administrao.

    AUTOR:

    Wanda Camargo assessora da Presidncia das Faculdades Integradas do Brasil.

    Miguel Krigsner foi o fundador do Grupo Boticrio, a maior rede de franquias em perfumarias e cosmticos do mundo, empresa que atualmente inicia um projeto inovador de uso da gentica e da tripla nanotecnologia na preveno e tratamento do envelhecimento da pele; projeto baseado em pesquisas realizadas em seu prprio laboratrio.

    Alm de empreendedor de sucesso, um empresrio comprometido com a responsabilidade social e com as causas da humanidade. Quando a preservao do meio ambiente era apenas uma ideia entre ns, foi criada a Fundao Grupo Boticrio de Proteo Natureza, por iniciativa de Miguel Krigsner, que no apenas um discurso bem intencionado sobre ambientalismo, trata-se de um empreendimento de grande porte, com realizaes concretas e significativas em todo o pas. Mostra-nos que pode ser feito, que na dimenso de cada pessoa e de cada empresa ns podemos. Somos capazes disso.

    Outra iniciativa sua foi o Museu do Holocausto de Curitiba. Um memorial muito necessrio para memrias muito tristes. Afinal, essas pessoas existiram, esses crimes existiram e no podem ser esquecidos.

    Poucas pessoas conseguem, como Miguel Krigsner, aliar a preocupao com necessidades bsicas do ser humano, sade, alimentao; seus valores, como a preservao ambiental; com a satisfao das suas necessidades emocionais, como a beleza e a autoestima.

    O palestrante a prova de que o sucesso profissional pode, e deve, estar associado s boas atitudes pessoais e sociais, de que a tica um imperativo para a realizao. Um visionrio que acredita na concretizao de sonhos com planejamento, grande apreciador de cinema, msica clssica e teatro de bonecos. Sua frase preferida: nunca deixe que suas memrias sejam maiores que os seus sonhos.

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  • Diante de uma plateia formada por acadmicos e profissionais vidos pela histria de sucesso do empresrio responsvel pela criao da maior rede de franquias em perfumaria e cosmticos do mundo, Miguel Krigsner revelou que no h um perfil nico de empreendedor. So vrias as caractersticas que devem ser observadas, e a principal delas enfrentar desafios. Krigsner acrescentou que tambm importante saber mobilizar pessoas. Procuramos engajar pessoas em um nico sonho, mas de forma a realizar o sonho de cada uma delas. Assim construmos relaes benignas em que todos os stakeholders da organizao se beneficiam.

    Para Krigsner, no h como empreender seguindo uma cartilha. O que h so profissionais com um perfil mais arrojado, talvez com certo desapego e coragem para enfrentar certas situaes em que as derrotas acontecem. O empreendedor precisa saber encarar os erros e analisar onde falhou para que possa enfrent-los de outra maneira, disse. Inovao, viso ampla e respeito sustentabilidade foram outros pontos destacados pelo empresrio. preciso levar as coisas muito a srio, pois hoje no existe mais lugar para pessoas mais ou menos. O Brasil precisa de empreendedores que queiram fazer a diferena com a proposta de tentar transformar o pas, criando situaes que efetivamente possam melhorar a vida de todos.

    O compromisso com a sociedade observado tambm em sua revelao sobre uma importante lio que aprendeu ao longo dos anos. O poder e a vaidade, quando mal administrados, podem ser extremamente prejudiciais s relaes humanas. Para haver uma relao harmnica dentro de um negcio, importante que todos tenham satisfao, transparncia e equilbrio para que ningum se sinta prejudicado.

    Para o presidente das Faculdades Integradas do Brasil, professor Clmerson Merlin Clve, foi muito importante convidar o empresrio Miguel Krigsner para contar um pouco de

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    >> Miguel Krigsner (ao centro) com o presidente das Faculdades Integradas do Brasil, Clmerson Merlin Clve, e a assessora da presidncia, professora Wanda Camargo

  • sua experincia como empreendedor aos acadmicos da Escola de Negcios. A sustentabilidade, o empreendedorismo e a inovao so hoje pontos fortes para a Escola de Negcios, e Krigsner contou sua histria de sucesso a partir desses conceitos. Clve recordou que, antes da Eco 92, Krigsner j falava em sustentabilidade, inclusive j tendo estabelecido programas de defesa da ecologia e do meio ambiente por meio da Fundao Boticrio. Miguel Krigsner um exemplo de empresrio que fala a partir de valores e princpios que so importantes para a construo da sociedade brasileira e um estmulo para os nossos alunos, ao dizer: voc tambm pode, estude em primeiro lugar e depois realize.

    Miguel sinnimo de empreendedorismo no Paran e, por esse motivo, relevante que os alunos conheam a histria e a experincia desse empresrio. Alm de estimular os acadmicos a empreender, Krigsner mostra como possvel trabalhar a questo da sustentabilidade e da inovao ao mesmo tempo.

    O coordenador do curso de Administrao das Faculdades Integradas do Brasil, professor Cludio Marlus Skora, conta que sempre pergunta aos calouros qual a empresa em que eles gostariam de trabalhar e O Boticrio est sempre entre as primeiras da lista. A

    empresa um cone de como um negcio pode se transformar em uma corporao extremamente forte, que leva o nome de Curitiba e do Paran para todo o mundo. Skora ressalta tambm que a palestra de Miguel Krigsner foi extremamente positiva, uma vez que mostrou aos acadmicos como ousar e empreender com conscincia ambiental. Tambm refora que as oportunidades esto abertas a todos os alunos, basta sonhar grande e ter ousadia para buscar os objetivos.

    O professor do curso de Economia das Faculdades Integradas do Brasil, Edson Stein, explica que palestras que apresentam casos de sucesso, como a do empresrio Miguel Krigsner, estimulam os alunos a empreender, a criar alternativas inovadoras. O professor indica aos alunos que querem empreender escolher bem a rea de atuao, informar-se e conversar com empreendedores do meio para que possam fazer a diferena no ramo escolhido.

    Ester Proveller, da comunidade Israelita do Paran, esteve presente no evento e tambm comentou a relevncia de palestras como essa. muito importante instigar os jovens, at porque o Brasil um pas empreendedor, mas acredito que falta um pouco de estmulo.

    O Projeto UniBrasil Futuro tem por objetivo manter um canal permanente de discusso e divulgao de ideias, estimulando o dilogo, o debate e a inovao.

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  • >> Miguel Krigsner, fundador do Grupo O Boticrio, no evento UniBrasil Futuro

  • Por que ler os clssicos? lUIz FElIPE POND e os instrumentos

    para lidar com a humanidadeEm fala proferida nas Faculdades Integradas do Brasil, o filsofo luiz Felipe Pond exps suas ideias, publicadas periodicamente em sua carreira acadmica e na sua coluna semanal no jornal Folha de So Paulo. Centralizando-as, est o olhar crtico sobre o mundo e a recusa a seguir uma atitude passiva ao se legitimarem os lugares-comuns perpetrados na fala cotidiana. Para organizar seu ponto de vista, Pond props a discusso sobre a literatura como fonte essencial para o trabalho na educao.

    Convidado para ministrar uma fala aos estudantes no Projeto UniBrasil Futuro, o filsofo Luiz Felipe Pond fez jus sua persona miditica e posicionou-se como franco polemista, como um arauto que, em uma espcie de marcha quixotesca, dedica-se a combater o que denomina de praga PC. Ou seja: ajustou sua mira, como sempre, s contaminaes das diversas instncias miditicas com o que chama da praga do politicamente correto, a tendncia em manter os diversos receptores em sua zona de conforto ao se produzir contedos pasteurizados (para emprestar um jargo tpico do mau jornalismo) falas e textos que no ofendem ningum, que estimulam a manuteno do status quo, no causam desagrado nem tensionam o pensamento crtico. Em nome de uma chamada poltica da tolerncia, abre-se mo da prpria humanidade e de uma saudvel postura de debate pblico, esperado cincia para assumirem-se prontamente opinies pr-estabelecidas, alm de engavetar certos temas como intocveis.

    Pond, como era esperado, no fugiu polmica e tocou no que tabu: posicionou-se contra as cotas para estudantes negros, contra a ideia do amor romntico, contra uma concepo idealizada da maternidade (a nica razo plausvel para se ter filhos por nada, provocou), contra o discurso da sade total. Desconstruiu a ideia do senso comum da felicidade e a tendncia (ps) moderna a uma vida espiritualizada-mas-sem-religio, desconectada daquilo que dela provm, como a culpa. Problematizou os ganhos e os nus da emancipao feminina, que deslocou o homem a um lugar incerto, quase obsoleto (e indesejado mesmo s mulheres!) em prol de uma meta de igualdade entre os sexos. Entre os diversos filsofos que configuram sua fala, pontua, no por acaso, o dramaturgo Nelson Rodrigues como algum que foi capaz de desvendar a alma humana em seus personagens, cercados de sentimentos mundanos e de amor verdadeiro aquele que ocorre quando se perde o respeito, pois (parafraseando trecho de seu libelo Contra um mundo melhor) no h nada de mais mentiroso do que a ideia de afetos corretos. No toa, as sagas perpetradas por Rodrigues sero esmiuadas na prxima obra do filsofo.

    Nesse encontro, porm, Pond resolveu centralizar sua fala na literatura. No sem razo, intitulou sua palestra Para uma

    AUTOR:

    Maura Oliveira Martins - professora-pesquisadora e coordenadora do curso de Jornalismo das Faculdades Integradas do Brasil.

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  • educao clssica no contemporneo a partir da experincia em sala de aula. Afinal, para que ler os clssicos? Por que, em sala de aula, o conhecimento humanista trazido pelos cnones literrios deve conviver em p de igualdade com o conhecimento tcnico atrelado s especificidades das reas? Pond nos esclarece: nos clssicos, encontramos o que perene, o que permanece, a essncia humana recapitulada. Os grandes dilemas ticos do ser transparecem, por exemplo, nos enfrentamentos de Otelo ou de Macbeth, das obras homnimas de Shakespeare. Do mesmo modo, Sonia, par do atormentado Raskolnikv, em Crime e Castigo, de Dostoievski, apontada pelo filsofo como personagem perfeita para entendermos a dinmica dos afetos e do amor que nos despe da tica da alteridade tpica da praga PC (o profundo respeito aos limites do outro, e por contiguidade, a ns mesmos). Em sua profunda humildade, ao despir-se do ego, Sonia revela-se profundamente humana, tal como somos aos desvestirmos nossas defesas. J diria Italo Calvino que a literatura a Terra Prometida em que a linguagem se torna aquilo que na verdade deveria ser; com sua fala, Pond talvez pudesse concluir que a literatura o espelho que reflete o que sempre fomos e continuaremos a ser.

    Ressalta-se, portanto, que a figura de Pond cumpre uma das concepes assumidas na instituio para o papel esperado ao docente: todos os grandes professores se posicionam, afinal, como grandes provocadores, cuja misso compreende a desconstruo das certezas pr-estabelecidas e tpicas do senso comum que facilitam e viabilizam nossa vida cotidiana, mas que so insuficientes no ambiente acadmico. Cabe aos mestres a tarefa de causar desconforto, sacudir seus estudantes da cmoda posio das crenas em busca de novos modelos, novas formas (mais amplas, menos satisfatrias) de se observar o mundo em sua complexidade. Cabe ao professor apresentar ao seu aluno realidades outras para alm dos relatos monossmicos e redutores difundidos pelos meios de comunicao e perpetuados no nosso convvio. Talvez esse papel se resuma com preciso na significativa frase de Luiz Felipe Pond: educao dar aos mais jovens as ferramentas para lidar com sua prpria humanidade. Como no podemos jamais nos libertar dela, os clssicos seguem como excelentes instrumentos didticos para tensionarmos positivamente

    nossos alunos para lidar consigo mesmos.

    Luiz Felipe Pond doutor em Filosofia Moderna pela USP/Universidade de Paris e ps-doutor pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e da Fundao lvares Penteado. Colunista da Folha de So Paulo, autor dos livros: Do Pensamento no Deserto; Conhecimento na Desgraa; O Homem Insuficiente; Crtica e Profecia; Contra um Mundo Melhor e Guia Politicamente Incorreto da Filosofia.

    Mas, principalmente, uma pessoa com capacidade de ter ideias originais e coragem para diz-las. Um escritor que, primeira vista, surpreende, pois no muito comum o colunista de opinio que trata seu leitor como adulto, com intelecto, sensibilidade e senso de humor de adulto. Em sua atividade diria, deixa clara a importncia da cultura na formao acadmica, e fala de um tema fundamental: educao. Coerentemente, no foge da polmica, falando contra as modas na educao, contra aqueles modismos simplificadores que servem apenas preguia e ao atraso.

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  • >> O filsofo Luiz Felipe Pond falou sobre o politicamente correto em sua passagem pelas Faculdades Integradas do Brasil

  • O Projeto Academia UniBrasil foi concebido com dois objetivos: o geral, convidar pessoas vitoriosas na vida pessoal e profissional para ministrar palestras nas Faculdades Integradas do Brasil relatando suas carreiras e trajetrias profissionais, e o especfico, de acrscimo da motivao dos alunos aos estudos, mediante conhecimento de exemplos positivos de palestrantes, cujo comportamento e trajetria possam ser emulados.

    Toda instituio de ensino superior possui uma determinada cultura, um tipo diferenciado de meta proposta para a formao de seus alunos, e que depende de seu entendimento interno do que seja o processo educacional, suas proposies e finalidades.

    Essa cultura a caracteriza, suas metas a identificam, implicando na adoo de determinados propsitos e formas de conduzir no apenas a formao dos alunos para a futura carreira, mas tambm na compreenso do que seja a educao e as possibilidades de exerccio da cidadania.

    Evidncias empricas parecem sugerir que a cultura escolar influi nas concepes de ensino do corpo docente e discente, modificando as expectativas de um sobre o outro, as prticas pedaggicas e as perspectivas de boa convivncia social. So tambm estabelecidos por esta cultura escolar: os objetivos alcanados, as formas hierrquicas de trabalho, as realizaes acadmicas, a adequao de contatos interpessoais.

    Evidentemente a motivao do aluno assunto relevante na rotina universitria, pois determina no apenas o tempo dedicado pelo estudante aprendizagem, aos resultados escolares atingidos e ao sucesso acadmico ao longo do tempo, mas tambm sua convivncia em comunidade como cidado preparado para contribuir com o desenvolvimento social e econmico.

    Para os especialistas na rea, motivao no considerada um componente indissocivel da personalidade do aluno, embora muitas de suas caractersticas, tais como as habilidades e interesses inatos, possam ter razovel influncia sobre ela, pode constituir-se em um diferencial importante na satisfao existencial imediata e de longo prazo.

    A motivao do discente pode ser significativamente alterada, se a instituio conseguir, por meio do seu ambiente de aprendizagem, ampliar suas perspectivas futuras, diminuir sua ansiedade e aumentar sua eficcia nos estudos.

    ACADEMIA

  • O Projeto Academia UniBrasil foi concebido com dois objetivos: o geral, convidar pessoas vitoriosas na vida pessoal e profissional para ministrar palestras nas Faculdades Integradas do Brasil relatando suas carreiras e trajetrias profissionais, e o especfico, de acrscimo da motivao dos alunos aos estudos, mediante conhecimento de exemplos positivos de palestrantes, cujo comportamento e trajetria possam ser emulados.

    Toda instituio de ensino superior possui uma determinada cultura, um tipo diferenciado de meta proposta para a formao de seus alunos, e que depende de seu entendimento interno do que seja o processo educacional, suas proposies e finalidades.

    Essa cultura a caracteriza, suas metas a identificam, implicando na adoo de determinados propsitos e formas de conduzir no apenas a formao dos alunos para a futura carreira, mas tambm na compreenso do que seja a educao e as possibilidades de exerccio da cidadania.

    Evidncias empricas parecem sugerir que a cultura escolar influi nas concepes de ensino do corpo docente e discente, modificando as expectativas de um sobre o outro, as prticas pedaggicas e as perspectivas de boa convivncia social. So tambm estabelecidos por esta cultura escolar: os objetivos alcanados, as formas hierrquicas de trabalho, as realizaes acadmicas, a adequao de contatos interpessoais.

    Evidentemente a motivao do aluno assunto relevante na rotina universitria, pois determina no apenas o tempo dedicado pelo estudante aprendizagem, aos resultados escolares atingidos e ao sucesso acadmico ao longo do tempo, mas tambm sua convivncia em comunidade como cidado preparado para contribuir com o desenvolvimento social e econmico.

    Para os especialistas na rea, motivao no considerada um componente indissocivel da personalidade do aluno, embora muitas de suas caractersticas, tais como as habilidades e interesses inatos, possam ter razovel influncia sobre ela, pode constituir-se em um diferencial importante na satisfao existencial imediata e de longo prazo.

    A motivao do discente pode ser significativamente alterada, se a instituio conseguir, por meio do seu ambiente de aprendizagem, ampliar suas perspectivas futuras, diminuir sua ansiedade e aumentar sua eficcia nos estudos.

    Algumas metas educacionais mostram-se mais efetivas que outras, e as razes de cunho pessoal demonstram-se mais adequadas ao desenvolvimento da motivao que as impessoais para um bom programa de estudos. Afinal, duas classes de metas so possveis: as intrnsecas, como obteno da sade, contribuio com o meio social, desenvolvimento pessoal, insero social, que atendem s necessidades psicolgicas bsicas de relacionamento, autonomia e competncia; e as extrnsecas, como dinheiro, fama, sucesso, boa aparncia fsica, interligadas ao bem-estar e percepo social positiva.

    Focar-se apenas em metas extrnsecas, tais como as de desempenho, fomenta comparaes interpessoais e ostentao de sinais externos do prprio mrito, capazes de produzir ansiedade, superficialidade e menor resilincia.

    Tarefas assumidas por motivao intrnseca, com percepo autnoma, sero sempre melhor realizadas que aquelas impostas externamente; e em funo disso cabe s escolas a mudana de uma cultura predominantemente competitiva para outra, que estimule a aprendizagem de forma desafiadora, que desenvolva em seus estudantes o interesse pela sua prpria competncia e evoluo pessoal.

    Ouvir o profissional de sucesso permite ao aluno autorreferncia no desenvolvimento de certas tarefas, demonstrao de domnio de determinadas habilidades, ou maior compreenso de fenmenos fsicos ou sociais, j que o interesse intrnseco controla as atividades trazendo o prazer da aprendizagem.

    Wanda Camargo coordenadora do Projeto Academia UniBrasil

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  • NGElO vANHONIe o Plano Nacional de Educao

    O Deputado Federal ngelo vanhoni discute com alunos e professores de Pedagogia, licenciatura em Educao Fsica e Servio Social, que atuaro como educadores, as propostas do Plano Nacional de Educao (PNE). Este documento que reflete, e deveria embasar toda a poltica educacional do pas, em todos os nveis e modalidades de ensino, estabelecendo diretrizes, objetivos, estratgias, metas e prazos para a educao brasileira, no momento em que as polticas pblicas da rea so planejadas, para que haja um controle social e anlise de seus reflexos na prtica educativa.

    AUTOR:

    Paulla Helena Silva de Carvalho - coordenadora do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas do Brasil e diretora do Colgio Estadual Santa Gemma Galgani.

    O Plano Nacional de Educao (PNE) onde se reflete toda a poltica educacional de um povo, inserido no contexto histrico, que desenvolvida a longo, mdio ou curto prazo. Alm disso, o PNE estabelece polticas para formao dos trabalhadores em educao, financiamento e gesto do sistema e escolar. O PNE 2011-2020 resultado da Conferncia Nacional de Educao (CONAE) realizada em 2010, em Braslia. Tal conferncia teve a participao de representantes dos diversos segmentos da educao do pas, de instituies pblicas, privadas, de todos os nveis e modalidades de ensino, sindicatos e demais movimentos sociais e sociedade civil.

    O Projeto referente ao Plano Nacional de Educao, que ter validade por dez anos, surgiu como demanda da Cmara de Deputados em 2010, ao qual ngelo Carlos Vanhoni foi indicado como relator. O processo para construo do texto atual teve Conferncias Municipais, Regionais e Estaduais, das quais saram indicaes de texto, assim como delegados para a discusso nacional.

    Em junho de 2012, o Plano Nacional de Educao foi aprovado pela Comisso Especial da Cmara Federal, e o texto aprovado foi encaminhado ao Senado Federal, prevendo uma expanso dos recursos para educao de 5,1% (atual) para 7%, at alcanar os 10% ao fim da vigncia do plano. O governo, representado pelo MEC, anunciou que vai avaliar os efeitos e resultados da deciso e, por enquanto, espera o processo de tramitao do projeto at o Senado. O processo de votao do PNE foi adiado vrias vezes e, devido a isso, diversos estudantes lotaram o plenrio da comisso, o que de certa forma resultou em uma presso que permitiu a concluso dos votos.

    ngelo Carlos Vanhoni, mais conhecido como Vanhoni, nascido em 1955, no municpio de Paranagu, Estado do Paran, filho do ex-deputado e presidente da Assembleia Legislativa paranaense, Vidal Vanhoni. Atualmente Vanhoni deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT/PR).

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  • Iniciou sua carreira poltica quando ainda era estudante de Filosofia, na PUC/PR, onde durante o perodo acadmico foi lder estudantil. Possui graduao em Letras pela Universidade Federal do Paran, local em que tambm defendeu as causas estudantis.

    Atuou como bancrio no antigo Banestado Banco do Estado do Paran, local em que fez parte de lutas sindicais, como a greve dos bancrios em 1985. Foi ainda secretrio-geral da CUT (Central nica dos Trabalhadores) do Paran e vice-presidente do sindicato dos bancrios de Curitiba (PR).

    Em sua histria poltica, podemos destacar que, no ano 1988, disputou as eleies para vereador de Curitiba, sendo reeleito em 1992. Na Cmara Municipal, teve destaque na fiscalizao do Poder Executivo e na criao da Lei de Incentivo Cultura. De 1994 a 2006 atuou como Deputado Estadual, sempre pelo Partido dos Trabalhadores. Vale destacar que, durante todo o perodo de atuao na poltica, esteve frente das questes de educao e cultura.

    Neste momento, o Deputado Federal tem recebido reconhecimento diante do processo de discusso, anlise e aprovao do Plano Nacional de Educao. Porm, aes anteriores podem se reconhecidas, tais como: aprovou uma reforma na lei da Secretaria de Estado da Educao em prol dos educadores, conseguindo reajuste nos salrios e qualificao profissional. autor da Lei n 8623/95, que garante o transporte gratuito nos meios coletivos para os deficientes fsicos carentes. Por intermdio de emenda nesse mesmo projeto, garantiu tambm passagem gratuita para um acompanhante.

    Frente ao exposto, devemos lembrar que esses so momentos em que o ato de planejar coletivamente - deve ser garantido na escola e, neste caso, as condies para que ele ocorra dependem da inteno e ao dos sujeitos envolvidos na gesto da escola. Planejar a escola, o currculo e sua forma de ensinar necessrio para que, ao menos em certa medida, a funo social da escola seja cumprida.

    Porm, somente discutir o que fazer, por vezes, fica no vazio, acaba em palavras, promessas e discursos. por isso que aparece a defesa da sistematizao do que foi planejado. E isso ocorre por meio da construo dos planos. Segundo Padilha (2001), plano o documento que registra decises, tais como: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer. O plano a apresentao sistematizada e justificada

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  • das decises tomadas relativas ao a realizar

    Este o caso do Paran, o qual tem reunido, desde o ms de maro de 2011, representantes das universidades, sindicato de professores, professores das diversas redes de ensino e suas respectivas modalidades, estudantes e demais interessados para propor junto aos Senadores algumas mudanas a serem alcanadas.

    Atualmente, o Plano Nacional da Educao institui 20 metas para o prazo de 2011 a 2020. Vale ressaltar que muitas das aes previstas no Plano que venceu em 2010 no foram cumpridas, cada qual por seu motivo: plano e ao diferenciados; sem tempo necessrio; os envolvidos no chegaram a um consenso; a educao no ser tomada como prioridade diante dos demais Ministrios; desvio de intenes etc.

    O novo PNE prev, em seu artigo 2, diretrizes a serem tomadas neste processo de planejamento da educao em nvel federal:

    I - erradicao do analfabetismo;

    II - universalizao do atendimento escolar;

    III - superao das desigualdades educacionais;

    IV - melhoria da qualidade do ensino;

    V - formao para o trabalho;

    VI - promoo da sustentabilidade socioambiental;

    VII - promoo humanstica, cientfica e tecnolgica do Pas;

    VIII - estabelecimento de meta de aplicao de recursos pblicos em educao como proporo do produto interno bruto;

    IX - valorizao dos profissionais da educao;

    X - difuso dos princpios da equidade, do respeito diversidade e a gesto democrtica da educao.

    Para ter como fim tais objetivos, o Plano apresenta as vinte metas que daro suporte para as polticas pblicas no mbito educacional em todo perodo de vigncia do PNE (2011/2020). Fica assegurada ainda a promoo de, pelo menos, duas conferncias nacionais de educao at o final do perodo com o objetivo de avaliar e monitorar a execuo do PNE 2011-2020 e subsidiar a elaborao do Plano Nacional de Educao para o decnio 2021-2030.

    Tais metas e objetivos devem refletir o processo de planejamento a ser realizado tambm no nvel estadual, sendo assim, de posse do PNE, os Estados brasileiros devem reunir os segmentos que representam a educao para que o Plano Estadual de Educao seja construdo e divulgado para ser base das aes polticas e cobranas coletivas nesta rea.

    Vale destacar que a ampla discusso e divulgao deste documento primordial para que a populao possa acompanhar e cobrar os rumos tomados pela educao nos prximos dez anos, assim, no corremos o risco de que o plano seja mais uma regulamentao que no saia do papel, como ocorreu com o PNE passado. Alm disso, importante que os Estados e municpios se organizem, pois, a partir do PNE nacional, as demais instncias devem coletivamente - construir os Planos Estaduais e Municipais de Educao.

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  • >> O Plano Nacional de Educao foi o tema da palestra do Deputado Federal ngelo Vanhoni

  • PAUlO BERNARDO - Os Direitos Fundamentais e a

    potencialidade democrtica da lei de Acesso Informao

    vivemos um momento paradoxal, de um lado os recursos da informtica nos fazem crer que toda informao est disponvel a um toque, de outro, informaes relevantes para o cidado ou a coletividade ainda permanecem ocultas por artifcios ou mero voluntarismo dos que as detm. Uma das principais metas democratizao do acesso internet por meio do Plano Nacional de Banda larga exposta por Paulo Bernardo, e o tema de grande importncia para todos os brasileiros, com destaque para aqueles ligados s reas do Direito, Comunicaes e Cultura.

    AUTOR:

    Eneida Desiree Salgado - professora do Programa de Ps-Graduao em Direito - Mestrado das Faculdades Integradas do Brasil. Professora do Departamento de Direito Pblico da UFPR.

    Paulo Bernardo da Silva um servidor pblico e um militante. Comeou a atuar no movimento estudantil em 1973 na Universidade de Braslia, onde estudava Geologia. Foi expulso em 1975, por tentar reorganizar o Diretrio Central dos Estudantes. No mesmo ano, ingressou no Banco do Brasil, fazendo carreira na rea de processamento de dados.

    Entrou no Partido dos Trabalhadores com a redemocratizao, em 1985, e em 1990 candidatou-se Cmara dos Deputados e obteve sucesso. Eleito por trs vezes deputado federal pelo Estado do Paran, atuou tambm no Poder Executivo, como Secretrio de Fazenda do Estado de Mato Grosso do Sul e de Londrina e como Ministro do Planejamento, Oramento e Gesto de 2005 a 2010.

    Ministro das Comunicaes desde 1 de janeiro de 2011 e parece estar onde gosta. Frequentador assduo das redes sociais, responde pessoalmente s mensagens e convites que recebe e entra em boas discusses no espao virtual. Compartilha msicas brasileiras, crnicas, notcias de cultura, de tecnologia e at de poltica; permite-se, de quando em quando, postagens pessoais. Pessoalmente, no destoa de seu perfil e acessvel e bem humorado. Responde com firmeza e tranquilidade at mesmo perguntas delicadas, mostrando equilbrio na defesa de seus pontos de vista.

    Est determinado a ampliar o acesso dos brasileiros internet, com banda larga e, em alguns casos, por satlite, permitindo maior controle e participao popular. At agora, tem como principal resultado de sua atuao junto ao Ministrio das Comunicaes a Lei de Acesso Informao Lei n 12.527/2011 que representa, ao menos normativamente, uma revoluo na Administrao Pblica brasileira ao impor a transparncia. Regula o acesso a informaes previsto na Constituio Federal,

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  • ressaltando que todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado. Pretende disciplinar as formas de participao do usurio na administrao pblica direta e indireta, regulando especialmente o seu acesso a registros administrativos e a informaes sobre atos de governo; garantindo que so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao.

    Por outro lado, afirma tambm caber administrao pblica a gesto da documentao governamental e as providncias para franquear sua consulta a toda a comunidade, o que extremamente importante no Brasil de hoje, por delimitar claramente seu alcance.

    O mesmo diploma normativo lana novo olhar sobre o perodo da ditadura brasileira, ao disciplinar de maneira distinta o sigilo das informaes.

    Seus principais desafios frente da pasta so o marco regulatrio da internet, o marco regulatrio da comunicao

    social com temas polmicos como o controle social da mdia e o monoplio nos meios de comunicao e a garantia da qualidade da prestao de servios de telecomunicaes.

    Foi oportuna a promulgao da Lei que, enfim, torna operacionais os dispositivos do acesso a informaes prenunciado em nossa Constituio. Igualmente oportuna a vinda de uma figura pblica com a dimenso poltica do ministro Paulo Bernardo para falar sobre este assunto.

    Belas brigas para um poltico que sempre foi marcado pelo comedimento e pela busca de consensos.

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    >> O Ministro das Comunicaes, Paulo Bernardo, participou da academia UniBrasil a convite da Instituio

  • PAUlO ABRO - O direito memria e verdade

    Ao contrrio do querem fazer crer muitos dos que no desejam revisitar o passado, a gerao dos filhos e netos da represso tem tanta legitimidade quanto vtimas e familiares para reivindicar o direito a rememorar o mais sombrio perodo j vivido no pas, seja para evitar a repetio, seja para reposicionar o discurso falacioso que ainda prevalece na narrativa oficial, o de que os militares agiam conforme a legalidade. O exerccio da memria e da verdade, bem como o direito reparao s vtimas e responsabilidade dos torturadores parte da necessria rebeldia contra a impunidade do passado e que segue como herana do presente.

    AUTOR:

    Carol Proner professora das Faculdades Integradas do Brasil e Co-Diretora do Programa Mster-Doutorado Oficial da Unio Europeia, Derechos Humanos, Interculturalidad y Desarrollo - Universidade Pablo de Olavide/ Univesidad Internacional da Andaluzia, Espanha.

    Paulo Abro Pires Junior, ou Paulo Abro, como costuma ser chamado, vem se destacando no mundo jurdico e na mdia por suas fortes declaraes, reflexes e posicionamentos a respeito das diferentes fases da luta pela anistia no Brasil, do momento ditatorial militar at o presente. As reflexes feitas pelo jovem Secretrio Nacional de Justia (nascido em 1975) so coerentes com o prprio exerccio do que defende com eloquncia, o direito memria e o direito verdade, o direito a conhecer a verdade dos tempos que ele prprio no viveu, a violncia que caracterizou o regime militar com tudo o que significou, as razes polticas, econmicas, o modus operandi, os requintes da tortura e da barbrie instalados no pas a partir do golpe de Estado de 1964.

    Ao contrrio do querem fazer crer muitos dos que no desejam revisitar o passado, a gerao dos filhos e netos da represso tem tanta legitimidade quanto as vtimas e familiares para reivindicar o direito a rememorar o mais sombrio perodo j vivido no pas, seja para evitar a repetio, seja para reposicionar o discurso falacioso que ainda prevalece na narrativa oficial, o de que os militares agiam conforme a legalidade. O exerccio da memria e da verdade, bem como o direito reparao s vtimas e o direito justia para responsabilizar os torturadores parte da necessria rebeldia contra a impunidade do passado e que segue como herana do presente.

    Mas no so meramente as razes geracionais que garantem fora ao discurso de Paulo Abro e, sim, a experincia adquirida nos diversos cargos pblicos que j ocupou, tendo trabalhado em diferentes funes sempre conectadas a temas de grande relevncia para os direitos humanos no Brasil. J coordenou a Misso Brasileira sobre a Lei de Anistia junto Comisso Interamericana de Direitos Humanos na OEA Organizao dos Estados Americanos em Washington (2008), a Diretoria Nacional do Programa Cooperao para o intercmbio internacional, desenvolvimento e ampliao das polticas de Justia de Transio no Brasil do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), foi membro do Grupo de Trabalho da Presidncia da Repblica para a elaborao do projeto de lei

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  • para a criao da Comisso Nacional da Verdade (2009) e, atualmente, responde pela presidncia do Conselho Nacional de Combate a Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP), pela Direo Nacional do Programa de Cooperao Internacional de Enfrentamento ao Trfico de Pessoas no Brasil da Organizao das Naes Unidas contra Drogas e Crime Organizado (UNODC), pela presidncia do Comit Nacional para os Refugiados (CONARE), pela presidncia da Comisso de Anistia do Ministrio da Justia, ao mesmo tempo em que segue exercendo o cargo de Secretrio Nacional de Justia.

    Mesmo com a intensa trajetria pblica e o excesso de competncias e funes sob sua responsabilidade, no descuidou da dimenso acadmica, tendo concludo o mestrado em direito pela Unisinos, em 2000, e o doutorado em direito pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro em 2009. Em decorrncia da formao adquirida, participou e organizou uma srie de eventos, congressos, seminrios e obras dedicadas aos temas correlatos justia transicional. no campo terico que seu discurso ganha consistncia ao encontrar as ferramentas discursivas, poltico-filosficas e jurdicas prevalecentes nos diversos processos, incluindo pesquisas sobre experincias comparadas ocorridas em pases latino-americanos, europeus, africanos.

    Ouvir Paulo Abro, como tivemos o privilgio no evento promovido pela Academia UniBrasil no dia 24 de maio de 2012, tambm, portanto, ouvir a experincia que acumulou na gesto pblica nos ltimos anos, experincia que coincide com os momentos mais importantes a partir da deciso do governo brasileiro de enfrentar o passado por meio de instncias especficas, comisses, pessoal especializado, medidas de reparao econmica, atos de resgate da memria das vtimas e da memria coletiva. Boa parte do trabalho feito nessa seara est sob liderana do Presidente da Comisso da Anistia, que alia as j mencionadas caractersticas da formao poltico-terica, tambm capacidade de agregar e estimular pessoas e instituies no caminho da reviso, inclusive metodolgica, das aes de transio.

    Conforme entende Paulo Abro, Vivemos no Brasil uma transio pactuada, controlada, distinta da Argentina, onde a transio se deu por ruptura, onde as foras militares saram desmoralizadas diante de uma crise econmica e,

    depois, pelo episdio das Malvinas. No Brasil, no houve essa ruptura. Nossa caracterstica a dita transio lenta, gradual e segura, que est posta at hoje. E o marco jurdico fundante dessa transio controlada a Lei de Anistia de 1979. por isso que toda e qualquer vez que quisermos discutir justia de transio, reparaes, comisso da verdade, ser inafastvel discutir a dimenso da anistia.

    O resultado das assertivas de Paulo Abro no raras vezes gera polmica. O debate provoca o reacionarismo de parcela, cada vez mais minoritria, da sociedade diante da deciso do governo de enfrentar o passado, pedir desculpas s vtimas da represso (com a belssima iniciativa das Caravanas da Anistia), investir em projetos como Memrias Reveladas, financiar publicaes em revistas, livros, arquivos e outros espaos de reviso histrica, bem como de instalar uma Comisso Nacional da Verdade com recursos, mandato e estrutura de funcionamento.

    Como porta-voz de tantos espaos fundamentais e com o acmulo de experincias, Paulo Abro um exemplo de servidor pblico, de jurista e de ser humano.

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  • >> Paulo Abro, Secretrio Nacional de Justia e presidente da Comisso de Anistia do Ministrio da Justia, falou a acadmicos da Instituio

  • FlvIA CINTRA e MIREllA PROSDOCIMO - Maria de Rodas

    A palestra Incluso e Mdia constituiu-se em aula inaugural da Escola de Comunicao, e a palestra foi proferida por duas mulheres vencedoras, atuantes na rea de comunicao: Flvia Cintra e Mirella Prosdocimo, cadeirantes, que tm a mobilidade limitada, mas nenhuma limitao na contribuio para a formao do profissional de comunicao.

    Profissionais realizadas, com imensa contribuio ao fazer acadmico, Flvia Cintra reprter, e Mirella Prosdocimo, criadora da Adaptare Consultoria, empresa que atua na rea de incluso e adaptao de ambientes corporativos.

    AUTOR:

    Maria Paula Mansur Mader - professora da Escola de Comunicao das Faculdades Integradas do Brasil.

    Duas mulheres articuladas, inteligentes, muito ativas do ponto de vista profissional e com uma condio em comum: ambas so cadeirantes. Mirella Prosdcimo a responsvel por uma brilhante campanha de grande repercusso, especialmente nas redes sociais, denominada Esta vaga no sua nem por um minuto; a outra, Flvia Cintra, jornalista da Rede Globo que, junto a outras autoras - Carolina, Tatiana, Juliana e Katya - lana o livro Maria de rodas: delcias e desafios na maternidade de mulheres cadeirantes. So profissionais bem sucedidas, mes de filhos amados, protagonistas de suas prprias vidas, e cadeirantes.

    Flvia Cintra e Mirella Prosdcimo falaram sobre suas experincias, as dificuldades encontradas, as conquistas obtidas, a questo da incluso e a percepo da mdia sobre a incluso das pessoas com deficincia.

    Alis, segundo suas palavras, o termo correto para se referir a este grupo : pessoas com deficincia, e no portadores de necessidades especiais. Essa foi uma resoluo da ONU de 2004, em que ficou convencionado que a melhor maneira, visto que o atual contexto dos direitos das pessoas com deficincia est baseado no modelo social de direitos humanos, cujo pressuposto de reconhecimento de pessoa com deficincia como titular de direitos e liberdades fundamentais, independentemente de sua limitao funcional. Nesse sentido, no se porta uma deficincia como se fosse uma bolsa que se retira em seguida para no momento posterior recoloc-la. Por isso a expresso pessoa portadora de deficincia no uma boa expresso para identificar o segmento. Pessoas com necessidades especiais tambm no identifica de fato sobre que grupo est se referindo, se considerarmos que todos tm alguma necessidade especial.

    Flvia feriu-se gravemente em um acidente de carro, em 1991, quando tinha 18 anos. Perdeu os movimentos do pescoo para baixo por causa de uma leso em sua coluna cervical. No entanto, aps meses de fisioterapia, acabou recuperando o domnio dos braos e hoje, apesar das limitaes de locomoo, consegue

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  • levar uma vida muito ativa. Lido com todos os desafios de uma me moderna, ser cadeirante apenas mais um, diz Flvia.

    A gravidez de uma mulher com leso medular, como ocorre com grande parte das cadeirantes, difcil e mais desconfortvel do que para a maioria das mulheres e, geralmente, no recomendada a sedao por anestesia raquidiana. Mulheres que so mes entendem perfeitamente a deciso inescapvel que essas moas tomaram, pois, ainda que correndo riscos e enfrentando dores, o chamado da maternidade mais forte, e elas optaram por atend-lo.

    Aps sofrer um acidente de carro que a deixou tetraplgica h 20 anos, Mirella Prosdcimo concluiu o Ensino Mdio, graduou-se em Letras, fez especializao em Educao Especial e Incluso e est concluindo Ps-Graduao em Gesto Social e Sustentabilidade. a criadora da Adaptare Consultoria, empresa que atua na rea de incluso e adaptao de ambientes corporativos, bem como treinamento para a recepo adequada de pessoas com deficincia no mercado de trabalho. Mirella tambm responsvel pela campanha Esta Vaga no sua nem por um minuto, que busca aumentar a conscientizao da sociedade sobre os direitos das pessoas com deficincia.

    A palestra ministrada por Flvia e Mirella foi aula inaugural da Escola de Comunicao, e segundo Maura Martins, coordenadora do curso de Jornalismo, a palestra das duas profissionais se afina com a poltica do curso de Jornalismo, que preza pela incluso social e pelo planejamento de solues comunicacionais envolvendo todos os tipos de demandas do pblico. Certamente, suas falas traro boas ideias para os produtos planejados pelos alunos dentro do curso.

    A relevncia do tema tambm evidente para a formao dos alunos de Publicidade e Propaganda e de Relaes Pblicas, pois promove uma reflexo sobre a comunicao e sua adequao, considerando as necessidades de uma sociedade que inclui outros grupos de pblicos, com caractersticas particulares e que no devem ser esquecidas nas abordagens de campanhas e nas polticas de relacionamento.

    Alm disso, Mirella apresentou aos alunos de comunicao um exemplo de case de sucesso, j que em pouco mais de um ms o movimento Esta Vaga no sua nem por um minuto obteve mais de mil adeptos no Facebook, alm de se propagar tambm por outros canais de mdia online como Twitter, YouTube e Vimeo, sem contar o prprio blog do movimento (http://estavaganaoesua.wordpress.com). Vale lembrar que a iniciativa da campanha da agncia TheGetz, o que demonstra uma excelente estratgia de imagem associada ao engajamento causa. De acordo com Maurcio Ramos, diretor institucional da agncia, o objetivo vai alm de mobilizar pessoas para a causa, e pretende provocar aes efetivas por parte dos governantes.

    Sem intermedirios, ouvimos falar de incluso pelas palavras de duas pessoas maduras que podem contar, de ctedra e cadeira, a situao da pessoa deficiente hoje, suas dificuldades, suas vitrias e, principalmente, a mdia frente queles que se encontram nessa situao.

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  • >> Incluso e Mdia foi o tema debatido por Flvia Cintra e Mirella Prosdocimo

  • ISRAEl HENRIQUE FEFERMAN- Inovao Estratgica

    Com a evoluo da pesquisa gentica, torna-se possvel fazer diagnsticos personalizados e prescrever tratamentos mais eficazes, mais adequados a cada paciente, com menores efeitos colaterais. Israel Feferman discorre sobre a pesquisa, que requer conhecimentos e tecnologias de ponta, altos custos e maturao lenta, algo que supnhamos realizado apenas em pases do antigo primeiro mundo.

    AUTOR:

    Wanda Camargo assessora da Presidncia das Faculdades Integradas do Brasil.

    Os melhores cuidados com gestantes e recm-nascidos, a melhor escolarizao, as campanhas de vacinao, o saneamento bsico e os avanos na medicina tm proporcionado aumento significativo da expectativa de vida da populao mundial; no Brasil, essa expectativa j ultrapassou os 70 anos e deve crescer mais.

    Vida mais longa impacta os sistemas previdencirios e de sade; as doenas degenerativas como Alzheimer e as que afetam a coluna vertebral so um grande desafio de nosso tempo.

    A par disso, enfrentamos uma questo que sempre incomodou mulheres e homens, o envelhecimento da pele, que traz como principal consequncia vulnerabilidade a doenas como melanomas e, por que no? afeta a autoestima, a to injustiada e to humana vaidade.

    Os determinantes do envelhecimento cutneo so complexos, ligados a fatores ambientais e de comportamento, como a exposio exagerada luz solar e s caractersticas genticas de cada indivduo. At pouco tempo atrs os tratamentos disponveis eram preventivos, paliativos ou mesmo invasivos, como os procedimentos cirrgicos, e tinham foco pouco individualizado.

    Poucas pessoas no Paran podem falar sobre esses assuntos com a mesma pertinncia que Israel Henrique Feferman, diretor executivo da Skingen Inteligncia Gentica, do Grupo O Boticrio, que implantou o processo de Gesto Tecnolgica de Produtos, incluindo a Rede Tecnolgica nacional e internacional, e estruturou o Laboratrio de Biologia Molecular (Labim) para a realizao de pesquisas ligadas ao processo de envelhecimento da pele.

    O palestrante farmacutico Bioqumico, com MBA em Gesto Empresarial pela FGV e extenso universitria em Estatstica pela Rutgers University (EUA), especialista em gesto estratgica, pelas Kellog University (EUA) e Duke University (EUA). Tem vasta experincia nas reas de Pesquisa e Desenvolvimento de

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  • Produtos, Garantia da Qualidade, Operaes e Marketing. Foi Diretor de Pesquisa e Inovao d`O Boticrio, acumulando interinamente a diretoria de Operaes. Tambm conselheiro da Fundao Grupo Boticrio de Proteo Natureza, desde 2003.

    , ainda, membro de diversos grupos tcnicos da Associao Brasileira de Cosmetologia, Centro de Gesto de Estudos Estratgicos ligados ao Ministrio de Desenvolvimento da Indstria e Comrcio Exterior e da Associao Brasileira das Indstrias de Higiene, Perfumaria e Cosmticos. Participa do Centro de Referncia em Inovao, promovido pela Fundao Dom Cabral.

    Suas ponderaes foram acompanhadas pelos professores e alunos da Escola de Sade, e consideradas relevantes para o entendimento de como uma empresa paranaense pode se tornar conhecida mundialmente investindo em tecnologia e valorizao do conhecimento.

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    >> Israel Henrique Feferman, diretor executivo da Skingen Inteligncia Gentica, do Grupo O Boticrio

  • EDSON CAMPAGNOlO - A importncia da formao

    universitria para o desenvolvimento das indstrias do Estado

    Edson luiz Campagnolo, presidente da FIEP - Federao das Indstrias do Paran, um empreendedor desde muito cedo, aps vrias experincias no comrcio, fundou empresas que atuam no setor corporativo e tambm como fornecedores para grandes marcas mundiais do segmento esportivo. Sua palestra forneceu aos alunos da Escola de Negcios dados significativos da necessidade de formao acadmica nos vrios espaos empresariais e sociais.

    AUTOR:

    Bianca Larissa Klein professora do Curso de Administrao das Faculdades Integradas do Brasil.

    O presidente da FIEP comprometido com o desenvolvimento do Paran. Foi presidente da Associao Comercial e Empresarial de Capanema e, posteriormente, presidiu a Coordenadoria das Associaes Empresariais do Sudoeste. Ocupou ainda a vice-presidncia da Federao das Associaes Comerciais e Empresariais do Paran e exerceu a funo de Secretrio de Indstria e Comrcio de Capanema. Presidiu o Sindicato das Indstrias do Vesturio do Sudoeste do Paran.

    Em 2003, tomou posse como vice-presidente da FIEP, sendo reeleito em 2007. No mesmo ano, foi eleito membro do Conselho Estadual do SENAI Paran, e reeleito em 2009. Em 2010, passou a presidir o Conselho Estadual do SESI Paran.

    Como empresrio de confeco, Campagnolo participou ativamente do Conselho Setorial da Indstria do Vesturio, sendo um dos responsveis pela criao do Paran Business Collection, principal vitrine da moda paranaense.

    Em agosto de 2011, foi eleito presidente da FIEP, com expressiva votao. Na FIEP, protagonista de importantes iniciativas. Foi o idealizador da campanha A Sombra do Imposto, que tem por objetivo conscientizar a populao sobre o peso dos tributos e iniciar um movimento pela reforma tributria. Tambm coordena o Conselho Temtico de Assuntos Tributrios.

    Em face da vasta experincia profissional do palestrante e diante de sua posio de destaque no mbito de representatividade industrial, que lhe foi sugerido o tema proferido: A importncia da formao universitria para o desenvolvimento das indstrias do Estado.

    Num primeiro momento, Campagnolo ressaltou sua excelente impresso sobre as Faculdades Integradas do Brasil,

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  • principalmente no que se refere ao fato de possibilitar momentos de troca como esse.

    Da mesma forma, a prpria indstria deve ser repensada, assim como o perfil do trabalhador da indstria e do comrcio. Sob essa perspectiva, discorreu sobre o papel da FIEP, SESI, SENAI, IEL e da indstria paranaense na vida das pessoas e na tarefa de colocar o Brasil no lugar de destaque em que ele deve estar.

    O palestrante trouxe um vdeo institucional da FIEP, cujo contedo vlido reproduzir:

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    ...Todos esses empresrios podem contar com o apoio e comprometimento

    do sistema FiEP, uma instituio que

    trabalha de forma integrada, com foco

    no desenvolvimento industrial e sua

    representatividade, promovendo a

    educao, o crescimento sustentvel

    e a melhoria de vida das pessoas. o

    sistema FiEP formado pela FiEP, o

    sEsi, o sEnAi e o iEl. o sEsi promove

    a qualidade de vida do trabalhador e de

    seus dependentes, estimula a gesto

    socialmente responsvel das empresas,

    a prtica de esportes, o acesso cultura

    e educao empreendedora. o sEnAi

    promove a educao profissional e

    tecnolgica de jovens e adultos e os

    prepara para o mercado de trabalho e

    incentiva o constante aprendizado. o iEl

    atua entre os centros de conhecimento

    e as empresas sempre em busca dos

    maiores talentos para cada necessidade

    das indstrias. frente de todas essas

    entidades est a Federao das indstrias

    do Estado do Paran a FiEP. A FiEP

    o brao poltico e institucional da indstria

    paranaense, apoiando o empresrio

    com servios e produtos para diversas

    reas. uma entidade voltada para o

    desenvolvimento e a inovao do setor

    industrial que ultrapassa os limites da

    fbrica, preocupada com o bem estar

    social dos trabalhadores da indstria e da

    comunidade. A FiEP oferece assessoria

    ao empresariado e aos sindicatos filiados.

    Busca meios de manter a indstria

    paranaense em constante desenvolvimento

    por meio de um dilogo com a sociedade

    para entender as demandas industriais

    do nosso estado. Alm disso, a FiEP tem

    setores que orientam o empresariado

    sobre os caminhos para captar recursos

    para a indstria. Produz pesquisas e

    anlises sobre a economia do setor e

    incentiva a competitividade. oferece apoio

    ao exportador, dando suporte para a

    internacionalizao das empresas por meio

    de cooperaes internacionais, projetos,

    consultorias e capacitao. A FiEP

    incentiva o associativismo empresarial

    como forma de representatividade do

    setor. A FiEP defende os interesses da

    indstria, valorizando princpios como

    independncia, transparncia e tica. Com

    108 sindicatos filiados, so mais de 46 mil

    indstrias que geram 820 mil empregos.

    A FiEP representa cada uma dessas

    indstrias. Cada trabalhador atuando com

    fora total para o desenvolvimento de um

    Paran cada vez melhor.

  • Comentando o vdeo, o palestrante afirmou que a FIEP brao poltico e institucional das indstrias. O Estado basicamente agrcola, mas vem se transformando em importante referncia industrial desde os anos 70 e 80 quando recepcionou a cadeia automotiva, que representa 8% da produo industrial do Brasil. O Paran, afirmou enfaticamente, tornou-se um estado industrial. Por outro lado, lembrou que o Paran e o Brasil so celeiros do Mundo.

    Explicou que o Sistema S engloba vrias reas econmicas: Agricultura (SENAR), Comrcio (SESC e SESI), Cooperativismo (SESCOOP), Transporte (SEST), Empreendedorismo (SENAE) e Indstria (SENAI). Esclareceu, tambm, que a FIEP no uma entidade Pblica - nem o SENAC, o SEBRAE e o SESC - e muito menos um espao de eventos.

    Destacou que a receita da FIEP vem da indstria, mas que tambm conta com recursos do Estado. Como exemplo, citou o CNI 23 Centros de Inovao que recebem investimentos do governo federal, uma vez que o Paran sedia uma rea de eletroqumicas.

    Segundo o palestrante, a FIEP tem se mobilizado no sentido de verificar quais so os Setores Portadores de Futuro para o Estado do Paran 2015, bem como da Prospectiva para a futura indstria. Ou seja, qual futuro queremos construir? Para responder a essa pergunta, seis regies do estado foram pesquisadas, revelando-se os Setores de destaque: a Biotecnologia, a rea agro alimentar e a sustentabilidade.

    A partir disso, foram questionados quais perfis profissionais sero demandados. O resultado da pesquisa apontou para 12 setores, contemplando 231 perfis profissionais (24 Biotecnologia, 24 Meio Ambiente, 25 Construo, 29 TIC, 12 Turismo, 14 Metal, 14 papel,16 Agroindstria, 17 produtos de consumo, 18 plstico, 19 sade e 19 energia).

    Da pesquisa j foi possvel retirar tendncias importantes dos perfis profissionais, ou seja, profissionais com conhecimento em: Inovao aberta, WEB30, Sustentabilidade, Qualidade de vida, indstrias de base, tecnologias, mitigao de impactos ambientais, personalizao/customizao, adio de valor aos sistemas de produo, desenvolvimento colaborativo, consumo consciente.

    Tambm, das tendncias apresentadas, verificaram-se quais os domnios fundamentais exigidos dos perfis profissionais: gesto de projetos, interdisciplinaridade, gesto de pessoas, propriedade industrial, gesto integrada de resduos, gesto do conhecimento, sustentabilidade, vigilncia tecnolgica e inteligncia competitiva.

    Os perfis profissionais que apareceram no estudo tambm apontaram exigncia das seguintes habilidades e competncias: articulao para a sustentabilidade, gesto da inovao, desenvolvimento de novos produtos alimentares, materiais polimricos inteligentes, produtos de consumo bioativados, telemedicina, interao humanocomputador e biotecnologia para minimizao dos gases do efeito estufa.

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  • Campagnolo afirmou que tem sido realizadas, no campo da indstria, vrias aes importantes, como exemplo a Tecnopar viabilizando incentivos fiscais para produzir empreendedores voltados para o desenvolvimento cientfico.

    Da mesma forma, a FIEP tem projetos estruturantes, como a Escola de qualidade de vida para a indstria, a Escola de Gesto da Indstria, a Faculdade da Indstria, o Instituto SENAI de Inovao e a Bel.09 Banda larga de terceira gerao.

    O palestrante finalizou defendendo um novo capitalismo, um capitalismo social, com consumo consciente, e afirmou que ningum deve esquecer jamais dos seus sonhos.

    Receber e ouvir o presidente da FIEP, Edson Campagnolo, vem reafirmar que a Academia est inserida na sociedade e tem um papel extremamente relevante, na medida em que pode suprir suas necessidades por meio do conhecimento.

    O evento um dos exemplos da aproximao da Academia com os diversos espaos sociais, revelando que as Faculdades Integradas do Brasil, como instituio de ensino de qualidade, cumpre com a trade da educao: ensino, pesquisa e extenso.

    >> Edson Luiz Campagnolo, presidente da FIEP, falou sobre a importncia da formao universitria para o desenvolvimento das indstrias

  • Justia Restaurativa Uma crtica propositiva ao modelo

    do Sistema de Justia PenalMaria Teresa Uille Gomes, Secretria de Estado da Justia, Cidadania e Direitos Humanos, cuja atuao tem tido destaque pela defesa intransigente dos Direitos Humanos, quebra o vnculo com o sistema clssico e formalista de Justia Penal, que dava a privao de liberdade do condenado como nica resposta sociedade diante do delito. lembrando que essa linha de enfrentamento esquece que na base do delito h um conflito humano, uma gerao de expectativas que vo alm da mera execuo da pretenso punitiva estatal, a exposio traz contribuio importante ao futuro profissional do Direito.

    AUTOR:

    Paulo Coen - professor de Direito Penal e Medicina Legal no Curso de graduao em Direito das Faculdades Integradas do Brasil e na ps-graduao da FEMPAR Fundao Escola do Ministrio Pblico do Estado do Paran.

    Em encontro de Docentes das Faculdades Integradas do Brasil, quando da abertura do semestre letivo, questionou-se quanto ao momento em que nossos acadmicos deixam de pensar a partir do senso comum e passam a desenvolver o pensamento baseado em uma lgica jurdica.

    Acredita-se que a palestra proferida pela Dra. Maria Teresa Uille Gomes possa auxiliar esse processo. Em suas palavras, trouxe o importante conceito da Justia Restaurativa, que se busca implantar no sistema de Justia Penal do Estado, parte do novo Modelo de Gesto da Execuo Penal no Estado do Paran.

    Integram esse projeto de forma relevante, mediante o Projeto de Lei Estadual n 135/2012, as APACs - Associaes de Proteo e Assistncia aos Condenados, entidades civis de Direito Privado, com personalidade jurdica prpria, dedicadas recuperao e reintegrao social dos condenados a penas privativas de liberdade. Cada APAC filiada FBAC Fraternidade Brasileira de Assistncia aos Condenados, rgo coordenador e fiscalizador das APACs, entidade reconhecida internacionalmente como de utilidade pblica.

    O mtodo empregado por essas associaes visa oferecer ao reeducando condies de reintegrao vida em sociedade e se baseia em 12 elementos voltados valorizao humana e evangelizao. O sistema no se volta apenas ao condenado, mas tambm s vtimas.

    Dra. Maria Teresa Uille Gomes, no Auditrio Cordeiro Clve das Faculdades Integradas do Brasil, em 17 de agosto de 2012, discorreu sobre uma oportunidade para que uma mudana se opere. Secretria de Estado da Justia, Cidadania e Direitos Humanos, a palestrante promotora de Justia, sendo a primeira mulher a ocupar a Procuradoria Geral de Justia do Paran, em 2002. Foi presidente do Colgio dos Procuradores, de rgo Especial do Ministrio Pblico, do Conselho Superior do Ministrio Pblico e do Conselho de Curadores da Fundao

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  • Escola do Ministrio Pblico do Paran. Em 2011, assumiu como Secretria da Justia, Cidadania e Direitos Humanos do Paran; em fevereiro de 2012, foi eleita Vice-Presidente do Conselho Nacional de Secretrios de Estado de Justia, Direitos Humanos e Administrao Penitenciria. Sua atuao tem tido destaque pela defesa intransigente dos Direitos Humanos.

    Isso quebra o vnculo com o sistema clssico e formalista de Justia Penal, que dava a privao de liberdade do condenado como nica resposta sociedade diante do delito, e forma de demonstrar uma pretensa fora vitoriosa do Direito. Essa linha de enfrentamento entre o infrator e o Estado esquece que na base do delito h um conflito humano, uma gerao de expectativas que vo alm da mera execuo da pretenso punitiva estatal. Nesse modelo, a vtima relegada a um simples papel testemunhal.

    Essas associaes so entidades auxiliares do Judicirio e do Executivo na Execuo Penal, nos trs regimes de cumprimento da sano penal (fechado, semiaberto e aberto). Os condenados participantes frequentam cursos profissionalizantes e supletivos alm de outras atividades, e recebem da comunidade assistncia jurdica, mdica, psicolgica e espiritual, mas so corresponsveis pelo sistema, tomando parte inclusive dos mecanismos de disciplina e segurana das unidades, juntamente com funcionrios, voluntrios e diretores das entidades.

    No h presena de policiais ou agentes penitencirios, e o custo unitrio ao Estado, que , no Paran, de aproximadamente 2 mil reais por reeducando, cai para uma frao desse valor. H, porm, uma rgida disciplina fundada em horrios de trabalho e atividades, com envolvimento, inclusive, da famlia do reeducando. Para tanto, os condenados participantes permanecem em unidades de pequeno porte, com mdia de 100 a 180 reeducandos, localizadas, preferencialmente,

    em local prximo ao de origem do participante, o que desonera os familiares e viabiliza os propsitos reintegradores do mtodo. Inova-se, portanto, pela valorizao da capacidade individual de recuperao e tambm pelo fato de o sistema municipalizar a execuo penal.

    Eis que com a proposta das APACs, bem como das APADs - Associaes de Preveno, Ateno e Reinsero Social de Usurios e Dependentes de Drogas, objeto do Projeto de Lei Estadual n 134/2012, proposta tambm defendida junto Assembleia Legislativa pela Secretria Maria Teresa Uille Gomes, no ltimo ms de abril, tem-se a tentativa de implementao de uma execuo penal de carter verdadeiramente restaurativo, afastando cada vez mais a realidade de um sistema penal eminentemente retributivo.

    Isso, em plena poca de nfase a um Direito Penal mximo e quilo que se pode chamar de Estado

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  • Miditico no tocante questo criminal, um lampejo de sobriedade diante do sobredito lugar comum do discurso da imprensa de massa incorporado, infelizmente, at por setores do Judicirio, do Ministrio Pblico e mesmo da Academia.

    Muitos elogiam a metodologia de segurana pblica denominada Tolerncia Zero, aplicada nos Estados Unidos a partir do final dos anos 1980, em especial na cidade de Nova York. Esse tipo de modelo criminal baseado na Teoria das Janelas Quebradas, conceito publicado em 1982 pelo cientista poltico James Q. Wilson e pelo psiclogo criminologista George Kelling. O propsito da publicao era vincular desordem e criminalidade. Assim, metaforicamente, afirmou-se que, se uma janela fosse quebrada por um delinquente e no fosse imediatamente consertada, levaria o observador concluso de que naquele local ningum se importava com isso e, por conseguinte, tampouco na manuteno da ordem. Isso desaguaria na desordem, incitando as pessoas a quebrarem as janelas ntegras restantes e, em breve, viria a decadncia, o abandono daquela regio pelas pessoas de bem, ficando o local nas mos dos criminosos.

    Na obra de 1996, Fixing Broken Windows Restoring Order and Reducing Crimes in Our Communities, Catherine Coles e George Kelling ressaltam a relao causal entre a tolerncia a pequenas infraes e a criminalidade violenta. Ou seja, o pequeno delinquente no reprimido de hoje ser o criminoso violento de amanh.

    Assim, a no tolerncia mesmo a menores infraes seria uma clara mensagem da observncia da Ordem por parte daquela comunidade. A mensagem repressiva acolhida em sua totalidade no Brasil mostrou-se claramente ineficaz; as mesmas fontes

    estatsticas que justificaram sua adoo demonstram seu no funcionamento.

    A palestrante, por vrias vezes, conclamou a comunidade acadmica a se incorporar ao processo, de forma opinativa, visando oferecer propostas tanto para o aprimoramento do sistema quanto, inclusive, para complementar as sugestes j oferecidas ao novo Cdigo Penal.

    Em uma iniciativa inovadora, falou da realizao de uma pesquisa para estudo no apenas da figura do criminoso, mas tambm do perfil da vtima dos crimes violentos.

    Ademais, ressaltou as consequncias da reincidncia, hoje da ordem de quase 80% nos egressos do Sistema de Justia Penal. Questiona-se se isso poderia ser atribudo to somente natureza incorrigvel e contumaz do delinquente, como se quer fazer pensar, ou tambm prpria sociedade que, conduzida pelo