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Revista QQD #1 - Março 2015

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PALAVRA DO EDITOR F ala, pessoal. Tudo certo?

Me chamo Henrique Chaparro. Sei que muitos de vocês não devem me conhecer, mas eu, junto com o Adrian Pavoni e mais um grupo de amigos, decidi criar esse site em maio de 2013. Entre idas e vindas e altos e baixos, o site comple-ta dois anos em maio desse ano. É um número bem inex-pressivo perto do que ainda teremos pela frente. Mas tudo que fizermos hoje será a base do amanhã.

No final do ano passado, decidimos criar uma revista men-sal do site. Na nossa visão, a publicação traria ainda mais seguidores ao site, além de divulgar a marca. E é isso que a gente quer: divulgar nosso trabalho. Mas no que consiste o nosso “pôjeto”? Em inovar. E seguimos mantendo esse ideal.

Como é a primeira revista, eu gostaria de agradecer a cada um dos que contribuiram pro QQD crescer. Aos amigos que acompanham e opinam sobre o nosso trabalho. Aos que fe-charam tantas portas pra nós (sem essas portas fechadas, outras não seriam abertas). Ao site Falando de Premier Le-ague, que foi a base pra tudo isso. Aos grandes craques do futebol mundial, que nos dão um motivo a mais pra gostar de esporte. É difícil imaginar, mas muita gente tem sua par-cela de “culpa” nessa bagaça. No mais, obrigado a todos que sempre fortaleceram isso, de verdade!

É só o começo.

EXPEDIENTE

Diretor-geral do QQDHenrique Chaparro

Editor-chefeYuri Casari

Redatores Eduardo Caspary

Eduardo SchiefelbeinGabriel Belo

Matheus EduardoVinícius FrançaWillian Pereira

DiagramadorYuri Casari

Acesse: www.quatroquatrodois.com

QQD | Quatro Quatro DoisMarço | 2015

Todos os direitos reservados

SUMÁRIO

Certezas do futebol................................6Daniel Alves: ele não é mais o mesmo.......7Artigo: Com alma de Libertadores..........12Na Memória........................................13Vivendo a 4ª divisão..............................17Entrevista: Eduardo Didi.......................20Craque do mês....................................24O preço de uma taça.............................25Foto do mês.........................................28Futebol Arte........................................30A palavra é sua....................................31

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CERTEZAS doFUTEBOL !

O Craque Neto sofre de uma rara do-ença hereditária, chamada “mao espechula-thismo chrôniko”, em que tudo que ele fala não acontece ou acontece ao contrário. Seu avô, conhecido apenas como “Craque”, foi o paciente zero dessa condição. Ele trabalhava com ações em 1929, nos EUA, quando especu-lou mal uma ação e causou a quebra da bolsa americana, que resultou numa crise econômi-ca no país todo. O filho de “Craque”, conhe-cido como “Craque Filho”, vendeu todas as ações do Google quando valiam 10 dólares para tentar a sorte no ramo de videocassetes. O “Craque Neto”, vendo o insucesso da famí-lia com o passar dos anos no ramo de ações, depois de se aposentar como jogador, virou comentarista e tenta há 74 anos dar um furo certo de reportagem.

Aquilo que você sempre pensou da maneira que nunca viu

Depois de eleger Thiago Silva e David Luiz como os zagueiros do ano, a FIFA elegeu Caio Júnior como melhor técnico, Tiago Lei-fert como melhor jornalista esportivo e deu o Prêmio Fair Play vitalício a Pepe.

A transferência de Paulo Vinícius Coelho pela Fox Sports foi no valor de 85 milhões de reais, ultrapassando a compra de Tévez pelo Corinthians em 2005 e, assim, assumiu o primeiro lugar como transferência mais cara da história do futebol brasileiro. Há uma cláusula que estabelece que a cada es-calação completa de um time paraibano de antes da década de 40 que o jornalista sou-ber, ele ganha mais 20.000 reais, e a cada jogo do Campeonato Mato-Grossense sub-13 que ele souber a súmula inteira, mais 25.000 reais vão cair na conta do comenta-rista. O contrato vai até 2017 e tem uma mul-ta rescisória de 300 milhões de reais para emissoras estrangeiras.

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ELE NÃO É MAIS O MESMO

Daniel Alves já não é mais o jogador “that we used to know”. Mas existe uma explicação lógica para isso

A carreira de um jogador de fute-bol tem bons e maus momentos, e isso não é novidade para ninguém. Para Daniel Alves, o momento não é dos mais favoráveis, e já está assim há algum tempo. No último dia 24, na vitória do Barcelona sobre o Manchester City, dentro da Inglaterra, o lateral-direito foi subs-tituído após sofrer uma falta e esbravejou ao sair de campo. O fato resume o que é a reali-dade do brasileiro nos últimos 2 anos, ou tal-vez em um intervalo de tempo maior do que esse. Como nada acontece por acaso, esse declínio do último camisa 2 do Brasil em uma Copa do Mundo tem uma justificativa plausível - acredite se quiser! Para entender um pouco melhor essa situação, é necessário voltar no tempo, mais necessariamente nos momentos áureos do defensor baiano. Alguns anos atrás, em meados de 2006, ainda com a camisa do

Sevilla, “Dani”, como é carinhosamente ape-lidado pelos espanhóis, dava seus primeiros passos rumo à glória, com o bicampeonato da Liga Europa da UEFA, além de outras compe-tições nas quais este teve notório destaque. Nesse meio-tempo, suas assistências e a técni-ca refinada chamaram a atenção do poderoso Barcelona. Com o fim das especulações, Daniel chegou ao Barcelona, juntamente com o trei-nador Pep Guardiola. Um marco na carreira de ambos, especialmente na do ex-jogador do Bahia. Aqui começa a explicação para a as-censão e, principalmente, para o declínio do lateral mais estiloso do planeta. Com Pep, Da-niel encontrou um paraíso à sua disposição, ao menos na parte futebolística. No popular “tiki taka”, o time mais famoso da Catalunha ga-nhou o mundo, e um dos grandes trunfos era justamente o posicionamento do camisa 2. No

por Matheus Eduardo

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esquema 4-3-3, o time era baseado no princí-pio de ter em seu time titular um lateral ofen-sivo e outro defensivo - Abidal, com a finalida-de de obter um equilíbrio e não deixar o time exposto ao ataque adversário. Nessa temática, coube a Daniel a função de ser o jogador que atuaria pelo lado do campo com função téc-nica e tática de contribuir com os homens de frente. E assim surgiram os momentos áureos do jogador tupiniquim, principalmente atra-vés de triangulações com Messi e Xavi pela direita e as inúmeras assistências no período denominado “Era Pep”, entre 2008 e 2012.

Taticamente, este era o Barcelona na úl-tima temporada sob o comando de Pep Guar-diola (2011/12). Alterações em relação à “es-calação oficial”, adaptadas à função de Daniel Alves. Atenção ao recuo de Abidal, como tercei-ro zagueiro e ao posicionamento de Dani, ini-cialmente lateral-direito. À direita, o desenho tático atual.

Com o passar do tempo, o Barcelona fez o seu jogo fluir tendo Dani como uma válvula de escape pela direita, apoiando os atacan-tes e servindo-os, à medida que o volume de jogo crescia - especialmente com Messi. Não por curiosidade, Daniel Alves é o jogador que mais assistiu gols do craque argentino. No en-tanto, todas as virtudes e o grande repertório ofensivo do camisa 2, em meio a esse esque-ma muito bem arquitetado para explorar vir-tudes, maquiava um defeito muito relevante apresentado pelo lateral brasileiro. Embora fosse o cara nas subidas ao ataque, Alves dei-xava muito a desejar em aspectos defensivos,

Desenho tático do Barcelona na atu-al temporada, em partida contra o Atlético de Madrid, seguindo adaptações que vêm desde a temporada com Tito Vilanova: Alba e Alves nas laterais, time ofensivo e defesa exposta. Bus-quets complementando o quarteto defensivo para não expor tanto o time. Daniel avança, mas tem a obrigação de acompanhar o winger es-querdo do time adversário

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especialmente na marcação e na cobertura do seu lado de campo. Isso é tão explícito que, como observado na imagem acima, é neces-sário que um dos zagueiros faça a cobertura pelo seu lado, enquanto Busquets, volante de origem, é recuado para proteger a linha de-fensiva, e o até então lateral-esquerdo Abidal torna-se zagueiro pelo seu lado. O plano deu certo por 4 anos, mas já dizia uma música co-nhecida: "todo carnaval tem seu fim". Com a saída de Guardiola, um novo técnico chegou. Tito Vilanova, que era auxiliar de Pep no comando do clube blaugrana, as-sumiu o cargo de treinador. Junto com ele, a primeira de muitas mudanças: Abidal, antigo dono da lateral-esquerda, foi tratar-se de um câncer e deu lugar a um novo contratado, o es-panhol e ex-jogador de La Masia, Jordi Alba. Com as novas peças, novas mudanças acon-teceram, especialmente com Daniel. O antigo esquema, com o lateral-esquerdo tornando-se um terceiro zagueiro, não existia mais. O time, até então, preparado para manter a seguran-ça de sua defesa, precisou se expor e obrigar jogadores menos qualificados a trabalharem de maneira defensiva. O grande atingido nes-sa história? Ele mesmo, nosso lateral brazuca!

Com a obrigação de marcar e cobrir os win-gers adversários, o camisa 2 sofreu bastante com as jogadas no mano a mano e protagoni-zou um momento de extrema fragilidade de-fensiva do Barcelona em meio a uma tempo-rada de adaptação a um estilo de jogo novo e um treinador que passava por problemas pro-fissionais e pessoais. O resultado dessa pe-leja toda foi um traumatizante 7 a 0 no placar agregado contra o Bayern de Munique pela Liga dos Campeões da UEFA, lá na temporada 12/13, onde Dani Alves bateu de frente com Franck Ribéry, o terceiro melhor jogador do mundo naquele momento. Para quem pensa que a explicação para por aqui, deve se perguntar também qual é o motivo pelo qual Daniel não é mais o cara das assistências e dos gols de fora da área como em outros momentos. Mas isso também tem uma explicação. Assim como na temporada com Tito Vilanova, nos anos seguintes, com treinadores diferentes, o Barcelona não con-seguia encontrar um padrão de jogo, como o mantido até 2012. Sob o comando de Tata Martino, na temporada passada, questionou--se muito em como o time não tinha um bom trabalho conjunto e também em como o esti-

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lo de jogo mudou, cessando também o ponto forte do time na “Era Pep”, com muitas infil-trações e entradas com passes curtos. O fato é que esta era a grande arma do Barcelona para marcar tantos gols de maneira rápida e letal, e assim Daniel geralmente deixava seus parcei-ros de time na cara do gol várias vezes. Com os novos treinadores - incluindo o atual técni-co, Luis Enrique -, o estilo de jogar se alterou bastante, e o grande repertório de passes rá-pidos e curtos foi trocado por uma série inces-sante e tediosa de cruzamentos para a área, geralmente inutilizados. Além disso, muito se questiona sobre a capacidade de finalização do lateral-direito, uma arma letal durante seus bons momentos por Sevilla, Barcelona e Seleção Brasileira. Es-pecialmente no período pós-Guardiola, essa virtude deixou de ser tão utilizada e eficaz como em outros tempos, possivelmente coin-cidindo com a queda de rendimento já ex-plicada no parágrafo acima. Além disso, tem muito a ver com o estilo de jogo do Barcelona, especialmente, além da maneira como o time buscava criar espaços no campo de ataque. Geralmente, com Xavi e Iniesta na distribuição do jogo, havia muita triangulação, passes rápi-dos e bastante movimentação quando o time catalão estava no campo de ataque. Com isso,

sobrava espaço para o elemento surpresa do esquema em questão (no caso, Daniel Alves) aparecer em lugares inesperados e encontrar espaço para o arremate, algo que deixou de acontecer com tamanha frequência após a ins-tabilidade de treinadores no Camp Nou. Tendo falado tudo isso, penso que é necessário ter paciência e até um pouco de racionalidade em relação às críticas a Daniel Alves ou seu estilo de jogo. Além de tudo, há também a questão da idade e, especialmente com um “defensor”, o que é sua posição de origem, o tempo às vezes limita a funcionali-dade do atleta. Antes de qualquer coisa, é ne-cessário entender que o atual dono da lateral--direita do Barcelona nunca foi um jogador de cacoete defensivo invejável, tampouco que a função que este desempenha hoje é a mesma de 3 anos atrás. Por outro lado, esse momen-to é, provavelmente, a grande hora para uma mudança de ares. O Barça almeja um jogador com outras características para a sua posição, haja vista a frequência de críticas sobre o bra-sileiro e ainda há mercado e clubes com esti-los diferentes de trabalhar e pensar o futebol. Agora, o ultimato será dado no meio do ano, quando a temporada se encerra e o contrato de Dani Alves com o Barcelona expira. Talvez seja a hora de mudar.

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Artigo por Vinícius França

Com alma de Libertadores

Se dissessem há cinco anos atrás que, em um jogo de Libertadores da América, não haveriam bandeiras e nem os animados mas-cotes das equipes em campo, a resposta seria uma só: “este jogo não é de Libertadores da América”. Porém, neste dourado 2015, é exa-tamente esse cenário o previsto para aconte-cer dentro dos gramados da Sudamérica por esforço cru e único da maestrina de seu fute-bol. É impressionante o esforço da CONME-BOL para descaracterizar sua principal com-petição e derrubar um dos últimos bastiões do esporte pulsante e vivo que ainda resistia ante ao assalto de almas cometido pela mo-dernidade.

Com o perdão pela poesia forçada no primeiro parágrafo, temos de concordar que é arrepiante assistir a sequência de trapalhadas da Confederação ao gerir o espetáculo. Os cartolas alocados em Luque conseguiram ul-trapassar em menos de dois meses qualquer limite aceitável de burrada contra o torcedor no ato de redigir o regulamento da Liberta-dores e dentre os tópicos mais bizarros adi-cionados ao código para a edição atual, está o

que rege a presença dos mascotes em campo junto às equipes. Nossos ilustres engravatados querem MULTAR a equipe que subir o túnel acompanhada de seu guarda-caça histórico. A pena? 10 mil dólares em primeiro e portões fechados em caso de reincidência.

Para definir do jeito mais suave, é uma atrocidade. Mais empenhada em combater um possível marketing de guerrilha do que a vio-lência dos vândalos infiltrados nas torcidas, a CONMEBOL vai traçando um fim melancólico para a fervura que tanto marcou fãs e jogado-res por todo o mundo. Sem os ingredientes que fazem la Copa (e os demais torneios, que seguem o mesmo regimento) serem a repre-sentação mais sublime de paixão ao futebol, as partidas correm o risco de não passarem de um insosso toque de bola. O assassinato em Oruro, ocorrido em 2013, continua impune, mas a cartolagem insiste em focar na pelúcia dos mascotes, que podem estampar o sorriso do concorrente. Os patronos não vão gostar. Assim, fica o aplauso à cegueira administrati-va e à falta de amor ao jogo. No ganamos, ni perdimos, aún nos divertimos.

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Na Memória por Eduardo Caspary

A maldição do favoritismo

Era um Inter vacinado. Prometera a si mesmo que outro martírio como o vivido em Belém do Pará um ano antes não mais ocorre-ria. Mas, ao mesmo tempo, era um Inter jovem e desconhecido, que fez do laboratorial ano de 2003 um ponto de partida para um crescimen-to que, aliado a uma nova filosofia de gestão de futebol, o levou à Yokohama anos depois. No advento dos pontos corridos em solo bra-

sileiro, o grande destaque do time era não ter destaque algum. Respaldado pelo chefe Car-valho, de quem virou amigo, Muricy Ramalho ganhava sua primeira chance em um grande clube e não tinha outra alternativa a não ser apostar nas categorias de base. Nos passos de Nilmar e Daniel Carvalho, o time surpreendia a todos com uma campanha sólida que, dizem, o fez favorito no fatídico Gre-Nal.

Num momento de transição de forças na história da dupla Gre-Nal, relembre vitória surpreendente do lado azul

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Era um Grêmio no sufoco. Sentia na pele o desgaste de uma ótima geração for-mada por nomes como Zinho, Anderson Lima, Polga e Rodrigo Fabri, que venceu uma Copa do Brasil e bateu na trave duas vezes na Li-bertadores. Sentia na pele porque esse grupo comandado por Tite simplesmente ruiu após o treinador ser criticado publicamente pelo ex-dirigente Luiz Eurico Vallandro (lembram dele?) no famoso episódio das “ovelhinhas”, onde o cartola acusava o treinador de defen-der certos jogadores. Tamanha crise de bas-tidores levou dirigentes, treinador e um por um dos melhores jogadores embora. O último a sair deveria apagar a luz. Darío Pereyra e Nestor Simionato vieram para tentar apagar o fogo e apenas se queimaram. Como o último dos últimos recursos, chegou Adílson Baptista,

o Capitão América, com o único objetivo de tentar evitar o pior, mesmo que naquela tarde o Grêmio entrasse em campo em último lugar, de onde não parecia ter mais forças para sair. Foi nesse sonoro e incoerente antago-nismo que as duas equipes pisavam no gra-mado do velho Beira-Rio, às 18h de 12 de ou-tubro de 2003. No improvável clássico 356, era o Grêmio, recém saído do período de vitórias do final da década de 90 e início dos anos 2000, que disputava a duras penas a fuga do rebaixamento. Enquanto isso, o Inter nadava em mares calmíssimos e se permitia sonhar com uma ida à Libertadores do ano seguinte. Afinal de contas, uma vitória colorada no clás-sico – esperada por todos, inclusive por mui-tos gremistas – colocaria a equipe na zona de classificação.

Tinga disputa bola com Daniel Carvalho: naquele domingo de outubro, o “favorito” perdeu no Beira-Rio (Foto: divulgação)

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Bastou Héber Roberto Lopes apitar o início de jogo para o tal favoritismo dar lugar à imprevisibilidade comum em clássicos. As cartas se embaralham. Mais de 38 mil colora-dos prontos para fazerem a festa assustavam--se com a evidente inversão de papeis: era o Grêmio, à luz de sua lanterna, que jogava como um mandante e postulante à Libertadores, en-quanto o Inter limitava-se a defender como quem não estivesse entendendo nada do que estava acontecendo. Prova disso foram os su-cessivos escanteios que os azuis tiveram com menos de 10 minutos de partida, onde um de-les culminou com um arremate para fora, de dentro da pequena área, do glorioso atacante Caio, que hoje comenta futebol na Rede Glo-bo. No 3-5-2 adorado por Muricy, o Inter demonstrava clamorosas dificuldades em sair de trás. Quando conseguiu, nos pés do jovem atacante Diego, irmão de Diogo, o bandeiri-nha Rogério Rolim errou ao erguer seu ins-trumento e impedir o ataque dos mandantes, para desespero de uma arquibancada aflita. No momento que o Inter ensaiava uma melho-ra e já obrigava o goleiro Eduardo Martini a sujar o uniforme, veio o golpe certeiro, o soco no estômago e no orgulho dos colorados, que choraram lágrimas da alma ao verem o antigo

ídolo Christian, vestido de azul naquela tarde, acertar aos 33min um balaço no ângulo de Clemer e fazer justiça a um placar que já avi-sava que não ficaria no zero como no primeiro turno do campeonato. Na segunda etapa, os onze jogado-res colorados esqueceram tática, técnica e qualquer outra coisa relacionada ao futebol para se jogarem ao ataque na base do aba-fa, da pressão, como um trem desgovernado que não sabe onde vai e deixa tudo aberto lá atrás. A tentativa de sufocar o rival resultou em apenas uma chance clara de gol, quando o volante Flávio, sempre ele, carimbou o traves-são de Martini. Fora isso, o colorado imprimia uma pressão mentirosa, que mais agonizava o seu próprio torcedor do que preocupava o ad-versário. Lúcido, o Grêmio se fechava com sa-bedoria e oferecia perigo nos contra-golpes, empilhando chances de gols perdidas com direito a bola salva em cima da linha por Cle-mer. Para ninguém esquecer que era Gre-Nal, Sangaletti e Anderson Lima trataram de lem-brar ao fazerem faltas duras, se engalfinharem e serem expulsos. Fim de jogo e vitória gre-mista, que a partir dali arrancava no campeo-nato e postergava o rebaixamento para o ano seguinte. Mesmo assim, naquele fatídico clás-sico, houve quem arriscasse um favorito.

O jornal Correio do Povo, de Porto Alegre (RS), publicou as notas segundo a sua editoria de esportes no dia seguinte ao jogo

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4ªVivendo a divisãoTexto e fotos: Willian Pereira

Calor de 25 graus em Pirassununga, interior de São Paulo. O Estádio Bellarmino Del Nero mal abre os portões e um grupo de tor-cedores toma seus lugares no setor descober-to das arquibancadas, local em que o sol está 100% presente. O Atlético Pirassununguense (CAP) ainda se aquece no gramado enquan-to as bandeiras são colocadas no alambrado. Debaixo de sol ou chuva, a 4ª divisão do Cam-peonato Paulista está presente nos finais de semana da torcida do centenário clube da ci-dade. Em 2012, o estudante de história Made-quier Naressi, 29, criou a “Malucos do Vale”, torcida organizada que não poupa esforços para acompanhar o time durante a tempora-da. Para ele, torcer representa o amor. Estar em todos os jogos é uma tradição de família e, desde criança, o CAP é prioridade. “Desmarco qualquer evento por ele, que está em primei-ro lugar. A arquibancada descoberta é nosso ponto de encontro. Lá, independente de chuva ou sol, só os que gostam de verdade ficam”. A paixão influenciou também sua namorada, a agrônoma Márcia Fuzaro, 28. Juntos há mais de

dois anos, preferem o ambiente futebolístico à outra programação. “Prefiro vir porque gosto daqui. Tudo pelo amor, que são ele e o CAP. Não dá para viver sem”, comenta ela.

Palavra de jogador

“O torcedor é o 12º jogador em campo. Sua presença é fundamental. É uma injeção de ânimo para nós. Quando vamos jogar em casa ou fora, tê-los do nosso lado é algo que forta-lece demais”, afirma Ederson Martins, lateral direito do Atlético.

O amor sem idade

“Todo jogo eu fico correndo atrás do bandeirinha gritando e reclamando. Não sei se ajuda, mas faço isso só para tirar sua aten-ção,” diz o pequeno Eduardo Vieira, de apenas nove anos. O professor de educação física Mário Trapani, 69, há mais de 50 anos é apaixonado pelo CAP. O fato de nunca ter subido de divi-são, não atrapalha em nada. “Frequento o es-

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tádio para apoiar o Pirassununguense desde que as arquibancadas eram de madeira [...] estamos sempre juntos, a quarta divisão não me intimida”. Mário conta que sempre gos-tou de cinema, pescar e nadar, mas larga tudo para ir ao jogo. “Sou casado e tenho três filhos. Se tiver algum problema com eles no dia, avi-so a mulher e vou do mesmo jeito. Se estive-rem doentes, ela cuida. Só perco se for algo muito grave, mas, graças a Deus isso nunca foi necessário”. Com o aposentado Euclides Bech, 59, a relação também é antiga. O tempo livre o deixa mais próximo da equipe. “Durante a se-mana acompanho os treinos e fiz amizade com todo o pessoal de lá. Eles dizem que sou o tor-cedor número um”, afirma em tom descontra-ído.

Acima, à esquerda: O casal Márcia e Madequier dividem a paixão pelo clube. Acima: Euclides Bech, faná-tico torcedor do CAP. À esquerda: o professor Mario trapani ignora a idade e comemora gol subindo pelo alambrado.

O clube

Fundado em 7 de setembro de 1907, o Atlético Pirassununguense é o segundo clube em atividade mais antigo do estado, atrás ape-nas da Ponte Preta. No Brasil é o 13º. Entretan-to, a equipe se profissionalizou somente em 1918 e, desde então, passa pelas divisões de acesso. A primeira partida oficial do clube foi realizada em 23 de fevereiro de 1908, contra o Paulista, de São Carlos, e obteve sua primeira vitória, por 2 a 1. O CAP possui apenas um título: o do Campeonato Amador do Interior, em 1954. O Bellarmino Del Nero, seu estádio, foi inaugura-do em 1931, com originalmente 8 mil lugares. Hoje, o local tem capacidade para 5.300 apai-xonados. Natural de Cornélio Procópio (PR), Alex, meio-campista do Internacional, com passagens também pelo Corinthians, chegou a atuar no time entre 2000 e 2001, onde jogou a Copa São Paulo de Futebol Junior.

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Entrevistapor Henrique ChaparroFotos: Danilo Camargo

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PELA GLÓRIAMÁXIMA

Vivendo e realizando novos sonhos a cada dia. Logo na sua primeira temporada na Liga Futsal, tornou-se um dos joga-

dores mais jovens a conquistar o torneio. Mas ele quer mais. Mais títulos e mais espaço para escrever sua história.

QuatroQuatroDois: Como foi o seu início no futsal?Eduardo Dídi: Iniciei aos 6 anos, na escoli-nha de futsal do colégio. Fiquei um ano ali, até meu pai me levar para fazer um teste no CEPE para categoria fraldinha na época. Passei no teste e fiquei um tempo jogando estadual, mas não me destacava muito e não gostava daque-la coisa levada a sério. Decidi sair. Jogava em escolinhas menores em Canoas-RS. Só depois de um tempo que nasceu o Dinamigos, feito pela minha família e amigos, onde dos 9 aos 12 anos vivi intensamente o futsal. Depois, me mudei para Horizontina-RS, devido à transfe-rência de trabalho do meu pai. Lá, havia o John Deere Futsal, profissional, e eu comecei a jo-gar pelas categorias sub-13 e sub-15. Foi em Horizontina que realmente vi que era o futsal que eu queria para a minha vida. Aquele so-nho, cresceu então voltei pra canoas, com 15 anos. Morei com a minha vó para voltar a jo-gar no cepe e estudar. Foi no sub-15 e no sub-17 do CEPE que vivi a fase mais feliz da mi-nha carreira antes do profissional. Foi graças ao CEPE que tive a oportunidade de ir para o Kuwait pela primeira vez, em 2012. A par-tir daí, a minha relação com o futsal começou

a ficar mais profissional. Tive minha primeira oportunidade como adulto na AFUSCA, de Ca-choeirinha-RS em 2013, no meu primeiro ano de sub-20.

QQD: Por quê o futsal e não o futebol?Dídi: Eu sempre estive em ginásio, meu avô e meu pai sempre foram do futsal amador em Canoas. Era algo que já estava no sangue. Aos 11 anos, até tentei fazer um teste no Interna-cional. Fiquei pouco mais de 1 mês e fui dis-pensado. Tinha muita diferença de tamanho e não me adaptei também. Aí, voltei para o fut-sal e nunca mais quis sair.

QQD: A “Era Falcão” está acabando. Quem você acha que pode substituir o craque?Dídi: Falcão é insubstituível. Até o Pelé gera dúvida entre alguns se foi o maior, já que tem o Maradona disputando, por exemplo. Mas o Falcão é único. O futsal tem uma carência de ídolos. Será muito difícil quando o Falcão se aposentar.

QQD: Você acha que o esporte é pouco valo-rizado no Brasil?Dídi: Sim. Não é dado o devido valor ao futsal,

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que é o esporte mais praticado no país. Não é olímpico, isso é triste e dificulta. Deveria ter mais espaço na midia, mais incentivo para vender melhor o “produto” futsal.

QQD: Como foi atuar ao lado de grandes ído-los do futsal nesta temporada, como o próprio Falcão?Dídi: O que estou vivendo é um sonho. Cada dia aqui é uma realização e estou aproveitan-do ao máximo para ser feliz com essa opor-tunidade, sempre crescendo e aprendendo. Mas eu quero muito mais. Tudo isso está me ajudando no meu futuro.

QQD: Como foi sua passagem pelo Kuwait? O esporte é tratado de que maneira por lá?Dídi: O Kuwait foi a melhor coisa que acon-teceu pra mim, pois foi algo muito diferente. Com apenas 16 anos conhecer um país assim, sozinho. Fui duas vezes. Na primeira, fui jogar um torneio sub-17. Já na segunda, fui convida-do para jogar o Al Roudan, torneio do Rama-dan. Foi também na segunda que conheci o Falcão, que me trouxe para essa oportunidade no Brasil Kirin. O futsal no Kuwait é um pro-duto novo, e eles gostam bastante. Eu gostei muito. Quero voltar pra lá algum dia.

QQD: Você acha que a CBFS deveria melho-rar a organização da liga?Dídi: Eu acredito que a liga nacional está bem organizada. O futsal de um modo geral vai evoluir com o tempo, principalmente com essa reformulação da federação. Porém, fa-lando da liga nacional em si, eu acho que está bem organizada.

QQD: É sabido que você e Falcão convivem muito bem. Que tipo de papel ele desempe-nhou dentro do vestiário na campanha do tí-tulo?Dídi: Ele e os demais jogadores, tanto os lí-deres do time quanto os mais novos, são muito importantes dentro do vestiário. Nosso grupo é diferenciado por ter inteligência e motiva-ção além do normal. Isso contribui para que

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os jogos tenham os resultados do ano passado. Mas falando do Falcão, parece que ele já sabe que vai ganhar. Confiança acima da média.

QQD: Você e o Pimpolho (foto acima) já fi-zeram história no futsal, sendo os campeões mais jovens da liga. Acredita que essa dupla ainda possa dar muito trabalho?Dídi: (risos) Espero que sim! Só o futuro irá dizer, mas posso afirmar que temos muita von-tade disso. Trabalho não vai faltar.

QQD: Você considera o futsal brasileiro mais organizado que o futebol daqui?Dídi: Não tenho como te responder sim ou não, pois são esportes diferentes. Investimen-tos absurdamente desiguais. O futebol en-volve muita gente. Empresário, agente, muito dinheiro e muita mídia, o que o torna muito diferente do futsal.

QQD: Qual foi o gol mais marcante da tua car-reira?Dídi: Não fiz muitos gols, mas acho que foi no Kuwait. Foi o gol que marquei no jogo que fui escolhido o melhor da partida. Não foi um golaço, mas foi um gol importante, que contri-buiu para que eu viesse ao Brasil Kirin.

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CRAQUE DO MÊS

Quer golaços? Chame Philippe Cou-tinho! Com a maioria dos votos da nossa redação, o brasileiro foi eleito o craque do mês. Seus golaços e suas assistências contribuíram muito para a recente arrancada do Liver-pool. A equipe agora soma 11 jogos de invencibilidade e está na quinta posição da Premier League. Muito se deve ao nosso craque do mês!

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O preço de uma taça por Gabriel Belo

É reconhecível a fatia do bolo que os estaduais representam para os principais clu-bes brasileiros. Equipes midiáticas como, por exemplo, Corinthians, Flamengo, Palmeiras e São Paulo muitas vezes fazem mais dinheiro com cotas de TV durante o estadual do que na própria Libertadores da América. Mas, por um momento, vamos tentar esquecer isso. Ou pelo menos maquiar, para que a seguinte pergunta possa ser feita: HOJE, quanto vale um estadual? O troféu tem algu-ma representatividade, ou é objeto de desejo em pleno ano de 2015? Questões que não tão difíceis de responder. Há algum tempo o torneio se tornou

Apesar de ainda encherem os bolsos dos grandes clubes, estaduais vêem sua moral respirar por aparelhos

uma pré-temporada entendida, ou um obstá-culo no calendário, como preferir. Para equi-pes que estão se reconstruindo, como o Pal-meiras, o Vasco, o Botafogo e o Grêmio, por exemplo, ele ainda tem alguma importância. Preparar o elenco para o Brasileirão é uma causa nobre. Porém, mesmo para os que pensam nis-so como benefício, ainda há de se reconhecer todas as adversidades. Três/quatro meses de ocupação no calendário, gramados precários que podem ocasionar lesões e a tal falta de vontade. Nenhum time que tenha alguma ex-pressão coloca estadual como prioridade, como era a algumas décadas. É um torneio

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obsoleto, que ocupa calendário e que tem apenas como grande objetivo dar ritmo de jogo. Os bons momentos são os clássicos, mas até isso está perdendo valor. Obviamente, esse é a visão de um torcedor de time de primeira divisão. Para times menores/ de divisões inferiores, os estaduais são mais relevantes. Mas aí é necessário separar as coisas. Criação de mais divisões, torneios re-gionais para as equipes não ficarem paradas. Existiriam maneiras de buscar soluções, mas essa não parece ser a vontade da CBF. Algumas equipes já ameaçaram “lar-gar” o estadual, escalando equipes mais jo-vens. Mas aí veio a pressão das federações, que conseguiram atingir seu objetivo. O úni-co clube que não se deixou influenciar foi o Atlético/PR. No entanto, é claro que dói muito

menos no bolso de um clube como o CAP do que de outros grandes. No ano mais bem sucedido em que re-alizou isso, o Atlético chegou à final da Copa do Brasil e emplacou uma classificação para a Libertadores. É exagero ficar cinco meses pa-rado mas, se pensarmos que uma equipe ex-tremamente limitada foi longe por se sobres-sair fisicamente, imagine o que um clube com mais recursos técnicos faria. É uma discussão válida, instigante. Vai ser complicado alguma coisa mudar, pelo menos enquanto todos ficarem acomodados. O fato é: ninguém mais passa uma noite sem dormir por ter perdido um estadual. A moral do torneio se perdeu, ele mais atrapalha do que ajuda. Alguém tem que fazer a diferença.

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A palavra é sua por Jônatas Pereira

Até onde o nosso ego não nos deixa aceitar a máxima: dar um passo para trás para dar outros tantos pra frente? O nosso orgulho de torcedor é tão acentuado que preferimos ver o nosso tão querido time figurar no grupo de elite do futebol sem nenhuma competitivi-dade ou expressão a vê-lo, durante um breve ano, no grupo secundário, brigando por títu-lo e, de forma mais importante, passando por grande reformas/melhorias gerenciais. Os benefícios econômicos de se dis-putar uma série secundária são claros e não é necessário muito esforço para identificá-los e entendê-los. Um clube dito grande, ao dis-putar outra série, tem, por exemplo, sua folha salarial reduzida consideravelmente, pois o elenco que essa série exige não é tão dispen-dioso quanto à série de elite. Com isso, há a

oportunidade de se revelar/amadurecer bons jogadores que foram contratados com custo baixo/sem custo e aproveitá-los, também, no ano seguinte, quer seja como moeda de tro-ca, gerador monetário quer seja, até mesmo, como parte do elenco a ser montado para o retorno à primeira divisão. No futebol brasileiro, temos alguns exemplos que comprovam isso: o Corinthians foi rebaixado em 2007 e, em 2012, foi cam-peão da Libertadores e, mais tarde, campeão do Mundial de Clubes da FIFA. O Timão pas-sou por diversas reformulações que incluem mudança na diretoria, bem como mudança da filosofia dentro do clube (principalmente). Nesse mesmo cenário, temos o Atlético-MG que foi rebaixado em 2005 e, logo em seguida, veio a figurar como um dos clubes a serem ba-

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tidos no futebol brasileiro. Em ambos os casos, os clubes revelaram jogadores, geraram mais capital, investiram em infraestrutura, o marke-ting conseguiu fazer brotar a essência dos tor-cedores: apoiar e vestir a camisa nas boas e nas más. Situação semelhante foi a do Vasco da Gama rebaixado em 2008 e Campeão da Copa do Brasil em 2011. Outro exemplo disso é o Fluminense: o Tricolor das Laranjeiras foi rebaixado para a série C no final da década de 90 e hoje é um dos clubes brasileiros mais vitoriosos dos últimos anos com uma Copa do Brasil e dois Campeonatos Brasileiros, além de um (doloroso) vice-campeonato da Liber-tadores. Por outro lado, o rebaixamento faz com que ocorra uma descontinuidade no cresci-mento da torcida desse time. Uma torcida se constrói – lê-se “se aumenta” - com ídolos, tí-tulos; em suma, com triunfos. Toda uma gera-ção assistirá a queda desse clube, sucumbirá ao negativismo que a mídia impõe a ele como intrínseco ao rebaixamento e, portanto, não se sentirá motivada a torcer por esse clube, não se sentirá identificada... Depois de alguns anos, se fizermos um estudo do crescimento dessa torcida, veremos que, no ano do rebai-xamento, haverá um “rombo”. Já ouviu falar que “Há males que vêm para o bem”? Pois bem, será que, de fato, no futebol, aceitamos ou conseguimos vislum-brar isso? – decida se essa pergunta é retó-rica ou não -. É como um alcoólatra que vive sua rotina de forma pífia o qual não consegue enxergar o mundo parado. Apenas girando. Que, dia após dia, se lamenta por sua vida de insucesso, vê o resto dela indo pelo ralo e, ain-da assim, teima em procurar ajuda: passar um tempo em reabilitação. Para esse alcoólatra, os males serão os dias internados numa clíni-ca... E para os clubes?! Serão as rodadas que antecedem o fim do campeonato; serão as zoações dos rivais, serão as arquibancadas, gramados, estádios de baixo investimento; serão as demissões, as despedidas; serão as soluções invasivas e extremas; serão as cobranças da torcida; se-

rão as constantes saídas da zona de conforto... Cabe ao clube garantir que tudo isso seja pas-sageiro: que esses males sejam os precurso-res e a condição necessária e suficiente para o bem, para o triunfo e para as glórias as quais esses clubes estão habituados. Garantir que o orgulho seja devolvido a cada torcedor que derramou suas lágrimas ao ver o seu time pre-so à zona de rebaixamento após o apito final da última rodada do campeonato. Garantir um novo recomeço escrito por vitórias.

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