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SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS PARA AR, ÁGUA, SOLO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ABR A JUN 2011 www.pollutionengineering.com www.revistaPE.com.br Investigando um Mistério Ambiental Pág. 16 Estudos Piloto com Efluentes Pág. 22 Eficiência Energética em ETEs e ETAs Pág. 32 Iluminando a Contaminação no Solo Pág. 36 EFLUENTES Modernos, Tratamentos MODERNOS

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Revista de meio ambiente

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Page 1: Revista_PE

SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS PARA AR, ÁGUA, SOLO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

ABR A JUN 2011

www.pollutionengineering.comwww.revistaPE.com.br

Investigando um Mistério AmbientalPág. 16

Estudos Piloto com EfluentesPág. 22

Eficiência Energética em ETEs e ETAsPág. 32

Iluminando a Contaminação no SoloPág. 36

EFLUENTESModernos,

TratamentosMODERNOS

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ABR a JUN 2011 www.revistaPE.com.br 3

O Mistério do Contaminante . . . . . . . . .16Descoberta a presença de PCE na água subterrânea dos poços de abas-

tecimento da reserva natural de Big Pine, encontrar a fonte de contami-

nação foi uma tarefa de investigação.

Registros de Estudoscom Efluentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22Encontrar solução para um problema não é tarefa fácil, particulamente

quando se fala em tratamento de efluentes. Este artigo traz estudos piloto

de como sair de um problema e chegar a uma solução viável.

Efluentes Modernos,Tratamentos Modernos . . . . . . . . . . . . . .24O consumo de algumas drogas pelos humanos, como cafeína, está al-

terando os tipos de contaminantes encontrados no ambiente aquático.

Os novos tipos de efluentes exigem também novos tipos de tratamento.

Controlando Custos com Bombas . . . . . . . . . . . . . . .32O custo de operação de bombas é o maior custo energético em

estações de tramento de água e efluentes. Para ajudar empresas que

utilizam esse recurso, este artigo mostra como controlar tais custos.

Tornando Visívela Contaminação . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 A tecnologia LIF (Laser Indutor de Fluorescência) ainda é pouco conhe-

cida, mas já está presente em algumas ferramentas que podem detectar

contaminantes no solo com precisão.

ARTIGOS

A B R I L A J U N H O 2 0 1 1 N Ú M E R O 9

CONTEÚDOCOLUNASEditoriais

Por Roy Bigham (EUA). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04Por Udo Fiorini (Brasil) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06

Panorama Legal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13Por Renata Franco de Paula Gonçalves Moreno

Ambiente Gerencial . . . . . . . . . . . . . . . . 14Por Valdir Folgosi

Visão Regional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

DEPARTAMENTOSExpediente PE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04

Índice de Anunciantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .06

PE Eventos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .07

EnviroNews . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .08

Produtos PE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

Registros de Estudos com Efluentes

Pág. 22

Pág. 24

Efluentes Modernos, Tratamentos Modernos

Page 4: Revista_PE

4 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

EDITORIAL

Nanotecnologia significa literalmente o estudo de materiais que têm menos de 100 nanômetros de espessura. Um nanômetro (nm) é a bilionésima fra-

ção do metro. Mesmo se colocarmos 100.000 partículas de 1 nanômetro uma ao lado da outra, isso ainda será mais fino que um fio de cabelo humano.

A ciência está descobrindo que as propriedades dos mate-riais mudam com seu tamanho. Por exemplo, o ponto de fusão do ouro é 1063°C. Contudo, uma partícula de 4 nm do mesmo material se funde a 850°C.

E por que isso é tão importante? Bom, com o ponto de fusão reduzido, isso significa que a energia necessária para mover um elétron de uma camada de valência para a camada de condutância é menor. Isso pode significar que computadores poderiam ser mais rápidos consumindo menos energia.

Eu me lembro da década de 60, quando tudo foi miniaturizado. Os rádios, que antigamente eram grandes caixas que ocupavam quase a estante inteira, foram encolhidos para uma caixinha portátil. A tecnologia dos tran-sístores foi rapidamente utilizada para fazer coisas menores e mais convenientes. As pilhas eram consumidas em grandes quantidades, mas elas eram baratas e descartáveis, era o que pensávamos.

A nanotecnologia poderia conseguir tornar as coisas muito menores. Mas talvez não há razão para ficarmos tão empolga-dos. Eu mencionei o consumo de pilhas e como as considerá-vamos descartáveis. Naquela época, estávamos desinformados do potencial dano jogá-las no lixo. Grupos ao redor do mundo estão advertindo o possível dano da adoção apressada da nanotecnologia.

Dessa forma, a agência Ambiental americana (EPA) se

mobilizou para apoiar projetos de pesquisa sobre nanotec-nologia. A agência recebeu $ 5.5 milhões para o trabalho. O objetivo deles é determinar cientificamente se há algum risco em utilizar esses novos materiais. Eles poderão escapar de produtos como tecidos, tintas ou plásticos durante o uso ou no seu descarte? As partículas poderão se modificar com o tempo e interagir com outros elementos naturais? Essas partí-culas poderiam se tornar, ou formar, materiais que de alguma maneira poderiam ser tóxicos aos humanos ou ao ambiente?

Outros departamentos do governo e o Reino Unido junta-

ram esforços para financiar essa pesquisa. A EPA montou um site especial para acompanhar esse programa: www.epa.gov/nanoscience. Quem sabe, talvez poderemos finalmente desco-brir se o tamanho realmente importa. PE

(Nano)detalhesCada vez mais ouvimos o termo “nanotecnologia”, mas está claro o real significado desse termo?

EQUIPE DE EDIÇÃO BRASILEIRAS+F Editora - (19) 3288-0437www.sfeditora.com.brwww.revistaPE.com.br

Udo Fiorini - [email protected] | (19) 9205-5789

Sunniva [email protected] | (19) 9229-2137

Fabrício Braga [email protected]

ESCRITÓRIO CORPORATIVO NOS EUA2401 West Big Beaver, Ste. 700, Troy, Michigan 48084 | Fone: +1 (248) 362-3700 | www.pollutionengineering.com

Tom Exposito| Senior Group Publisher

Seth Fisher | Publisher+1 248-244-6248 | [email protected]

Roy Bigham | Editor+1 248-244-6252 | [email protected]

Tammie Gizicki | Diretora de [email protected]

John Talan |Gerente de Produção+1 248-244-8253 | [email protected]

REPRESENTANTES DE PUBLICIDADE NOS EUA

Steve Roth | Gerente de Vendas Centro Oeste/Costa Leste EUA+1 847-256-3040 | [email protected]

Lori Koning | Venda Costa Leste EUA+1 814-833-9303 | [email protected]

DIRETORES CORPORATIVOS

Timothy A. Fausch - Edição

John R. Schrei – Edição

Christine A. Baloga – Desenv. de Mercado

Steve M. Beyer – Custom Media Rita M. Foumia – Estratégia Corporativa

Scott Kesler – Tecnologia da Informação

Vince M. Miconi – Produção

Lisa L. Paulus – Finanças

Michael T. Powell – Criação

Douglas B. Siwek – Marketing

Nikki Smith - Guias

Marlene J. Witthoft - Recursos Humanos

Scott Wolters – Conferências e Eventos

John E. Thomas – Clear Seas Research

Pollution Engineering EXPEDIENTE

www.revistaPE.com.br

A ciência está descobrindo que as propriedades dos materiais mudam com seu tamanho. ””““

Roy BighamEditor da PE no [email protected]

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6 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

EDITORIAL

m uma recente viagem, observando os costumeiros hábitos do ser humano, fiquei impressionado com o volume de resíduos gerados em atividades simples

como um jantar. Em uma sociedade em que os produtos descartáveis tornaram a rotina diária mais rápida e prática, a economia de tempo tem um custo: foram gerados 60 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos em 2010 no Brasil, de acordo com Associação Brasileira de Limpeza Pública, cada brasileiro gerou aproximadamente 800 gramas de resíduos por dia. Somente uma parte de todo esse volume, depois de “desaparecer” na cesta de lixo, chegam ao destino apropriado, o aterro sanitário. Considerando um custo aproximado de R$ 70 por tonelada de resíduos, o lixo custará ao país R$ 4,2 bilhões por ano, se todo o resíduo for depositado corretamente, como propõe a lei que regulariza o setor. A lei 12.305/2010, que institui a política nacional de resíduos sólidos, tem o objetivo de organizar e definir os envolvidos e suas responsabilidades com seus resíduos, mas ela ainda é causa de dúvidas, provocando diversas discussões entre os empresários, principalmente quanto à responsabilidade compartilhada e a logística reversa para coleta de embalagens e dispositivos diversos.

A coleta e a destinação de resíduos sólidos é apenas um item na esfera do saneamento ambiental, que abrange também a coleta e o tratamento de esgoto. No Brasil, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 57% da população não possui coleta de esgoto em suas residências. Para definir formas de atuação sobre o abastecimento de água e o esgotamento sanitário, entre outras ações do saneamento ambiental, a lei 11.445/2007 instituiu que fosse elaborado o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB).

O PLANSAB se desenvolve para viabilizar o atendimento da

lei do saneamento, e tem como objetivo a universalização dos serviços de saneamento básico e o alcance de níveis crescentes de saneamento básico no território nacional. Dados recentes do plano indicaram que para levar água potável e rede de coleta de efluentes sanitários para toda a população brasileira até 2030, serão necessários entre R$ 250 e 270 bilhões.

Esses são dados que demonstram a necessidade e a grandeza dos investimentos para regularizar um aspecto básico da nossa relação com o ambiente, mas que também demonstram nossa atual situação e a relevância econômica da correta determinação da importância do ambiente para o país. A evolução nas diretrizes e regulamentações ambientais é uma etapa importante para definição de como o Brasil irá tratar a questão ambiental, não somente para a preservação dos recursos naturais, mas também para expor claramente aos empresários como deverá ser a relação de suas atividades econômicas com o ambiente, proporcionando menores incertezas para futuros investimentos. A questão ambiental é também uma questão de progresso, fundamentalmente educacional, mas que deve ser nítida e inequívoca para assim, favorecer o progresso econômico. PE

Saneamento ambiental

Udo Fiorini Editor da PE no [email protected]

A definição de leis e práticas para o saneamento ambiental é necessária para o progresso do país.

E

Índice AnunciantesAnunciante Pág. Anunciante Pág.

Essencis ........................................................................................ 11www.essencis.com.brEtatron .......................................................................................... 09www.etatron.com.brFenasan ....................................................................................... 33www.fenasan.com.brFiema ........................................................................................... 27www.fiema.com.br Neptune ...................................................................................... 35www.neptune1.comRinen............................................................................................. 07www.rinen.com.br WAM ............................................................................................. 07www.wam.com.br

Aecom ......................................................................................... 15www.aecom.comAmbriex ........................................................................................ 3ª capawww.ambriex.comB&F Dias ....................................................................................... 19www.bfdias.com.br Centroprojekt.............................................................................. 29www.centroprojekt-brasil.com.brEarth Soft ...................................................................................... 2ª capawww.earthsoft.comEcotech ....................................................................................... 20www.ecotech.comEfacec ......................................................................................... 05www.efacec.com.brEp Engenharia ............................................................................ 4ª capawww.epengenharia.com.br

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ABR a JUN 2011 www.revistaPE.com.br 7

PEEVENTOSE V E N TO S l N E G Ó C I O S l P E S S OA S

Acesse o calendário completo de eventos no site www.revistaPE.com.br

JULHO21 a 22 Membranas Filtrantes - Curso Portal Tratamento de Água - São Paulo, SPww.tratamentodeagua.com.br

AGOSTO01 a 03 Fenasan 2011São Paulo, SPwww.fenasan.com.br

SETEMBRO25 a 28 Fitabes - Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento AmbientalPorto Alegre, RS www.fitabes.com.br

OUTUBRO04 a 06 II Cimas - Congresso de Meio Ambiente Subterrâneo

São Paulo, SP www.abas.org/cimas

05 a 08 Sustain Total - Brazil Waste Summit 2011 - Fórum Brasileiro e Feira Internacional de Resíduos SólidosCuritiba, PRwww.sustaintotal.com.br

NOVEMBRO08 a 10 FIMAI - Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade - São Paulo, SPwww.fimai.com.br

ABRIL24 a 27 Fiema Brasil - Feira Internacional de Tecnologia para o Meio AmbienteBento Gonçalves, RSwww.fiema.com.br

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8 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

ENVIRONEWSTecnovip agora é distribuidora da Ion Science

Tecnovip tornou-se em 2011 distribuidora oficial da empresa inglesa Ion Science para a América Latina. Obteve também o certificado e o status de centro autorizado de serviços.

A Ion Science é fabricante de detectores de compostos orgâ-nicos voláteis, também conhecidos como VOC´s. Dentro de sua linha estão: detectores PID / VOC, detectores de vazamen-to, detectores de SF6, analisadores de mercúrio, monitores de corrosão, e outros.

A nova linha de Medidores de VOC´s chega com exclusivi-dade ao Brasil, através da Tecnovip, para atender uma ampla

gama de aplicações, tais como:- monitoramento ambiental de ater-

ros sanitários- monitoramento ambiental de resí-

duos industriais- monitoramento e detecção de gases

de fumigação- medição de VOC´s em postos de

combustíveis e aeroportos- medição de VOC´s na indústria

- mediçao e detecção de SF6- monitoramento e detecção de vazamentos na indústria

de óleo e gás- monitoramento e detecção de resíduos da exploração

mineral, tais como mercúrio, cianeto e cloro- monitoramento de corrosão em estruturas metálicas- detecção de vazamentos na indústria automotiva, durante

montagem dos veículos- detecção e monitoramento de CFC´s- prevenção de incêndios- monitoramento em processos de seqüestro de CO

2

- monitoramento e detecção de solventes em processos, armazenamento e transporte

- monitoramento de processos de filtragem e/ou lavagem de gasesA equipe Tecnovip está treinada e capacitada para dar

suporte antes, durante e após a aquisição de toda a linha de Medidores de VOC´s da Ion Science, incluindo serviços de instalação, treinamento, calibração e assistência técnica.

Mais informações pelo telefone (19) 3859-9459 ou email

[email protected].

A

O

E V E N TO S l N E G Ó C I O S l P E S S OA S

mais avançado equipamento para o tratamento de efluentes, a mais recente pesquisa sobre efici-ência energética e os cases de sucesso da aplica-ção da gestão ambiental são alguns itens que irão

convergir para o mesmo lugar entre 24 e 27 de abril de 2012. O ponto de encontro será a Feira Internacional de Tecnolo-gias para o Meio Ambiente, a Fiema Brasil, que no próximo ano terá a quinta edição. O evento de negócios nos setores ambiental e da sustentabilidade ocorre no Parque de Eventos de Bento Gonçalves, na Serra gaúcha, com a organização da Fundação Proamb, entidade com 20 anos de atuação nessas áreas.

A Fiema Brasil tem como características de destaque ser uma feira com um desenho por segmentos – as empresas de uma mesmo campo de atuação ficam localizadas em um setor dentro da exposição, facilitando o contato dos visitantes – e ter um público bastante focado. Esses ele-mentos fortalecem os objetivos do evento, que são reunir quem tem e quem busca produtos, serviços e conceitos avançados voltados à produção mais limpa, à gestão am-biental e à proteção dos recursos naturais para fazerem

negócio, se aproximarem, trocarem conhecimento. Poten-cializando esse trabalho, ocorre dentro da programação da feira a Rodada de Negócios. A programação, umas das atrações da edição de 2010 da Fiema, teve seu tamanho dobrado em relação ao evento anterior, em 2008. Foram mais de 400 reuniões e um volume de negócios em torno de R$ 10 milhões.

Em paralelo a exposição industrial, a Fiema Brasil tem uma programação diversificada e que reforça a ideia de concentrar avançados e diferentes focos sobre a questão ambiental. Na grade das atrações chamam a atenção a Construção Sustentável (projeto arquitetônico constru-ído na feira com todos conceitos e elementos voltados à sustentabilidade), o Meeting Empresarial (encontro vol-tado à discussão da gestão ambiental pelo público em-presarial) e o Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente (centrado no segmento acadêmico e técnico).

Mais informações acesse www.fiema.com.br.

O universo ambiental reunido na Serra Gaúcha

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ABR a JUN 2011 www.revistaPE.com.br 9

E V E N TO S l N E G Ó C I O S l P E S S OA S

Clean passa a distribuir com exclusividade no Brasil os produtos da americana Waterlog, empresa do grupo YSI especializada em equipa-mentos para o monitoramento ambiental.

A Waterlog é uma das empresas líderes do mercado ame-ricano e, em breve, os produtos da empresa estarão disponí-veis para consultas no site da Clean. “É a Clean expandindo seu portfólio e trazendo, como sempre, tecnologia de ponta para o Brasil”, diz Rogério Andrade, Diretor de Negócios da Clean. “Depois da parceria de grande sucesso com a Sontek, que também é do grupo YSI, estamos agora com a Waterlog, uma empresa que é referência mundial em instrumentos para medição de nível por tecnologia radar e borbulhamen-to, dataloggers, transmissores de dados por satélite, GPRS e rádio e também sensores meteorológicos. É uma grande satisfação para nós essa parceria”, completa.

Mais informações pelo telefone (19) 3794-2900 ou email

[email protected]

A

ENVIRONEWSE V E N TO S l N E G Ó C I O S l P E S S OA S

Clean representa Waterlog com exclusividade

Vibropac instala as primeiras unidades de pré-tratamento de efluentes

ão duas unidades fabricadas em Aço Inox com capa-cidade para tratar 250 l/s cada uma, cuja função é fazer o tratamento preliminar de uma ETE na cidade de Pirassununga/SP.

Este tratamento preliminar é feito, inicialmente, pela peneira rotativa do equipamento com malha de 6,0 mm que recebe o efluente bruto e tem como função reter os sólidos de tamanho maior que 6,0 mm. Esses sólidos são elevados por um parafuso até a zona de compactação da peneira e passam pelo compactador que diminui a sua umidade e o seu volu-me, antes de descartá-los para uma caçamba.

Em seguida, o efluente cai dentro da caixa de areia, onde os chamados sólidos finos decantam para o fundo do tanque e um parafuso horizontal, que se movimenta no sentido con-trário ao fluxo do efluente os conduz até o coletor do parafu-so extrator inclinado que então faz a elevação, desidratação e descarte dos resíduos. O efluente já livre de todos os sólidos

segue para o tratamento posterior a jusante do equipamento.

Mais informações pelo telefone (11) 2108-5600 ou email

[email protected]

Page 10: Revista_PE

10 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

ENVIRONEWSE V E N TO S l N E G Ó C I O S l P E S S OA S

Grupo Combustol & Metalpó apresenta modelo sutentável e inovador no tratamento do lixo

departamento de Soluções Ambientais, do Grupo Combustol & Metalpó apresentou, durante o 64º Congresso da ABM - Associação Brasileira de Me-talurgia, Materiais e Mineração, um empreendi-

mento que envolve a modelagem industrial para tratamento térmico de resíduos sólidos urbanos com a geração de energia elétrica, projeto foi gerido pelo Grupo Combustol & Metalpó em parceria com a Usina Verde e com a Thermes.

O funcionamento da nova tecnologia tem início com a lici-tação por parte de municípios para concessão da exploração do lixo urbano por um período de longo prazo, garantindo o fornecimento de resíduos sólidos urbanos e o pagamento dos serviços de tratamento dos resíduos, de forma similar a que já existe em aterros e lixões. Os resíduos sólidos produzidos por residências e comércio em geral são coletados e passam por uma estação de transferência, sendo depois transporta-dos para local de tratamento térmico e conseqüente geração de energia.

“As vantagens deste processo são inúmeras”, afirmou Ro-naldo Martire, gerente técnico comercial do departamento de Soluções Ambientais do Grupo Combustol & Metalpó, destacando que a nova tecnologia tem a capacidade de re-

duzir em até 90% o volume de resíduos sólidos gerados nas cidades, evitando a destinação inadequada do lixo urbano em locais como aterros não controlados e lixões a céu aberto.

Entre outras vantagens do processo, Martire citou: a in-clusão social de catadores com condições dignas de trabalho, uma vez que cada módulo de tratamento térmico pode em-pregar cerca de 50 pessoas para a seleção de materiais reci-cláveis em etapa inicial do processo; a geração de energia elé-trica nova, de aproximadamente 3,3 mW por módulo ou 150 toneladas/dia; o atendimento às determinações de emissões ambientais, já que o processo evita a formação de metano e de poluentes orgânicos resistentes que causam o efeito estufa; a possibilidade de utilização das cinzas e inertes resultantes do processo na construção civil de blocos ou pavimentação de ruas e estradas; a viabilidade do emprego de equipamen-tos e materiais nacionais, por ser uma tecnologia 100% bra-sileira e finalmente, o menor investimento e a operação mais simplificada, em comparação a plantas similares do mundo.

Mais informações pelo telefone (11) 3906-3000 ou email

[email protected] e [email protected]

E V E N TO S l N E G Ó C I O S l P E S S OA S

Enfil alavanca crescimento em novas áreas de controle ambiental

Enfil Controle Ambiental está ampliando suas atividades em 2011, passando a atuar nas áreas de Remediação de Solos Industriais Contaminados e na aplicação de tecnologia “Waste to Energy”

(geração de energia pela queima do lixo), dois mercados que têm demonstrado grande potencial de crescimento, como conseqüência das mudanças na legislação ambiental brasileira.

“Só em São Paulo existem cerca de 400 locais com solo contaminado por resíduos industriais. Vamos atuar neste segmento em Remediação de Áreas Contaminadas, como ex-tensão do trabalho que já realizamos para indústrias dos se-tores de óleo & gás, mineração, siderurgia, metalurgia, ener-gia, papel e celulose e outras”, diz Franco Tarabini Jr., sócio e diretor da Enfil. Entre os principais clientes da empresa para sistemas de tratamento de água e efluentes ou eliminação da emissão de poeiras e gases, estão Petrobrás, Gerdau, Sider-

Peru, CSN, Arcelor Mittal, Usiminas, Belgo Mineira, MPX, Aracruz, Klabin e Rio Polímeros, entre outras. A empresa teve um faturamento de R$ 380 milhões em 2010, e emprega 700 colaboradores.

Para ingressar neste mercado, a Enfil formalizou par-ceria com a Walm Engenharia e Tecnologia Ambiental, empresa que tem 18 anos de experiência nos protocolos de gerenciamento de áreas contaminadas, partindo da avaliação preliminar e diagnóstica do problema até a de-finição do projeto de remediação do solo. A Enfil dará o passo seguinte neste processo, realizando o trabalho de engenharia e a aplicação de tecnologias de ponta para a remediação das águas subterrâneas e solos contamina-dos.

Mais informações pelo telefone (11) 3093-2727 ou email

[email protected]

A

E V E N TO S l N E G Ó C I O S l P E S S OA S

O

Page 11: Revista_PE

PEPRODUTOS

ABR a JUN 2011 www.revistaPE.com.br 11

AGV MP10AGV MP10 é um amostrador de grande volu-me para partículas Inaláveis ou de até 10mm.Ele permite a determinação das concentra-

ções (mg/m3) de partículas de até 10 mm em suspensão (MP10) no ar ambiente. E utili-

za o método de separação inercial/filtração, atendendo à resolução nº 3 do CONAMA. A ENERGÉTICA fabrica e comercializa o AGV MP10, com cabeça de separação de fabricação própria.

EnergéticaRio de Janeiro, RJ+55 (21) 3797-9800www.energetica.ind.br

Lançamento de linha de Decanters Os Decanters B&F DC para remoção de clarificado em processos de SBR (Sequential Batch Reactor – Reatores à Batelada) são totalmente fabricados em aço inoxidável AISI 304 ou AISI 316. Possuem um exclu-sivo conjunto de bloqueio que impede a entrada de esgoto bruto

durante as fases de enchimento, mis-tura e durante o processo de aeração evita o arraste de espuma e lodo. O sis-tema de abertu-ra e fechamento é auto regulável sendo controlá-vel através de válvula atuada de descarte na saída do reator.Contam com duas câmaras independentes

de flutuação, sistema de braços articulados fixos na parede do tanque e limitadores de profundi-dade por cabos de aço inoxidável, conferindo maior confiabilidade e estabilidade do produto durante as operações, além de contar com sistema de ajuste de flutuação com lastros de compensação.Durante a fase de esvaziamento do clarificado o sistema de coleta opera como bafle, evitan-do o arraste de escuma e material sobrena-dante. O exclusivo desenho do conjunto com grande superfície de coleta somada as baixas taxas de velocidade, garante o fluxo laminar e a não remoção do lodo decantado. A descar-ga é direcionada através de tubo flexível para a saída na válvula atuada.

B&F Dias Vinhedo, SP+55 (19) 3856-4044www.bfdias.com.br

Sistema Sustentável de Secagem de LodoA Albrecht mostrará na FENASAN um sistema sustentável de secagem de lodo de Estação de Tratamento de Esgoto com aproveitamento do biogás como fonte de energia térmica. O projeto, instalado na cidade de Montes Claros/MG, é referência nacional por ser a primeira planta de tratamento de esgoto a utilizar o próprio biogás gerado na esta-ção como combustível para fazer a secagem e higienização do lodo.No Brasil, embora haja gran-de quantidade de sistemas anaeróbios que produzem o biogás, o aproveitamento deste raramente é adotado. Além de incentivar a raciona-lização do uso dos recursos naturais, minimizando o con-sumo de matéria-prima e desenvolvendo mecanismos de redução da geração de resíduos, o aproveitamento do biogás visa otimizar a matriz energética, utilizando um combustível renovável e abundante, além de evitar a emissão destes gases para a atmosfera.Com a secagem térmica garante-se a redução do peso e do volume do lodo, facilitando o manuseio, o transporte e a disposição, bem como a higienização do lodo (eliminação dos patógenos).

AlbrechtJoinville, SC+55 (47) 4009-3313www.albrecht.com.br

Page 12: Revista_PE

PEPRODUTOS

12 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

TAK 55 Desinfecção por UV WedecoO sistema UV TAK, que será apre-sentado na FENASAN, é de fácil instalação, garantindo operações seguras e sem uso de produtos químicos, além de oferecer exce-lentes resultados de desinfecção. Instalado nos canais abertos finais de efluentes, o design modular do TAK proporciona capacidade de fluxo praticamente ilimitada. Ele permite que os efluentes possam ser reutilizados para fins agrícolas ou para descarga no meio ambiente.

ITT Water & Wastewater Brasil São Paulo, SP +55 (11) 3732-0150www.itt.com

Conversor de Frequência VLT® Aqua DriveO VLT® AQUA Danfoss é indicado para aplicações com água e esgoto. Com uma grande e poderosa variedade de recursos incorporados e opcionais, o componente oferece melhor relação custo-benefício para aplicações com água e esgoto. Com a sintonia automática dos con-troladores PI, o drive monitora como o sistema reage de acordo com as correções efetuadas pelo drive e aprende com elas, tal que a ope-ração estável e precisa seja alcançada rapidamente. Permite controlar (em circuito fechado) enchimento da tubulação. Evita danos causa-dos pela água, tubos danificados ou vazamento. O controlador em cascata padrão controla até três bombas, com uma bomba líder fixa.

Danfoss Osasco, SP+55 (11) 2135-5400www.danfoss.com.br

Sistemas de GradeamentoAs grades são utilizadas em estações de tratamento para reter e separar sólidos dos efluentes. São instaladas no canal de chegada do efluente bruto com funcionamento contínuo ou intermitente.No segmento de gradeamento médio e grosso, encontramos:• Grade Rotativa Mecanizada, para canais de pouca profundidade; • Grade Automática com Cremalheira, para qualquer profundidade de canal;• Grade Automática com Correntes sem Fim, para canais com lâmi-na d’água de até 10m;• Grade Automática com Cabos de Aço, modelo 4 cabos.Destacamos entre os equipamentos para gradeamento fino, a Grade Escalar Autolimpante, indicada para sólidos a partir de 3mm.

Ecosan+55 (11) 3468-3821São Bernardo, SPwww.ecosan.com.br

Tubos e Conexões de PRFVTubos e Conexões de PRFV com liner termofixo ou termoplástico, diâ-metros de 50mm à 1000mm, classe de pressão de 2 Kgf/cm² até 32 Kgf/cm² e rigidez de 2.500 N até 10.000 N. Seguindo rigorosamente as normas de fabricação NBR 15536-1 e os ensaios correspondentes.

Características e Propriedades: resistentes à alta temperatura, abrasão, corrosão, alta resistência mecânica, peças leves facilitando o manuseio e transporte do produto, baixo custo de operação,

instalação e manutenção. Indicados para transporte de água e esgoto, ETEs e ETAs, siste-

ma de captação de água e outros fluídos industriais.

VetroIbaté, SP+ 55 (16) 3343-1556www.vetro.com.br

Painel de aeração Hiox• Bolhas ultra finas de1mm • 200% a mais de oxigênio na superfície de transferência de área do que os disc difusores• 30% maior SOTE que um convencional difusor de bolhas finas• Ampla gama de fluxo• Alta cobertura de piso, mais que 60%O sistema de aeração HiOx ® é o mais energético dos equipamen-tos de aeração eficientes no mercado, aumentando a eficiência de aeração de 20% ou mais, o melhor dos dispositivo comumente utilizados de bolhas finas. Isto significa que há uma redução mínima de 20% sobre o custo da energia na aeração, e uma economia de 10% no custo total da planta de energia. Além disso, HiOx é fácil e barato para instalar, operar e manter.

Parkson São Paulo, SP+55 (11) 2091-7387www.parkson.com.br

Novos sopradores consomem 30% menos energiaA utilização dos novos sopradores ZS da Atlas Copco proporcionam uma redução de custo de energia elétrica cerca de 30% inferior ao de sopradores convencionais tipo “Lóbulo”. Eles estão disponíveis no Brasil, para instalações de tratamento de água e também de trata-mento de efluentes industriais.Essa tecnologia é uma novidade de alto impacto para quem tra-balha com tratamento de efluentes. Desde o século 19, não havia nenhum avanço na mecânica de funcionamento dos sopradores. Como o consumo de energia deles representa 70% do custo total de uma estação, qualquer economia é muito significativa. Segundo a EPA, o potencial de economia para o setor de Tratamento de Águas e Esgotos somente nos EUA, é de R$ 1 bilhão por ano. Ele também reduz as emissões de carbono relacio-nadas ao consumo de energia.

Atlas-CopcoBarueri, SP+55 (11) 3478-8700www.atlascopco.com.br

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Por Renata Franco de Paula Gonçalves MorenoPANORAMALEGAL

ABR a JUN 2011 www.revistaPE.com.br 13

Nova resolução determina que resíduos de qualquer fonte poluidora só poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após tratamento.

Resolução CONAMA altera normas de controle e lançamento de efluentes

controle dos recursos hídricos e do lançamento de efluentes no Brasil teve inicio na década de 70, jun-tamente com a maior parte da legislação voltada à

proteção ambiental. Especificamente sobre o tema, em 1986 foi editada a Resolução CONAMA nº 20/1986, que tratava da classificação e enquadramento dos corpos d’água no Brasil. Em 2005, houve alteração desta Resolução com a edição da Resolu-ção CONAMA nº 357/2005, que também foi alterada em 2008 pela Resolução CONAMA nº 397.

Recentemente, o Conselho Nacional de Meio Ambiente pu-blicou a Resolução nº. 430, em 13 de maio de 2011, que trata das condições, parâmetros, padrões e diretrizes para a gestão do lançamento de efluentes em corpos d’água receptores.

Referida Resolução altera as Resoluções anteriores do mesmo órgão, determinando que efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos corpos recepto-res após o devido tratamento e seguindo as novas orientações legais. Entretanto, manteve as disposições anteriores no que diz respeito à classificação e enquadramento de corpos d’água (em doces, salobras e salinas).

A Resolução nº 430/2011 indica ainda que suas determina-ções devem ser observadas quando do lançamento indireto de efluentes no caso de inexistência de legislação, normas ou ou-tras formas de disposições do órgão ambiental competente e/ou diretrizes da operadora de tratamento de esgoto sanitário atuante.

Continua vigente a proibição de lançamento de efluentes que confira características de qualidade em desacordo ao corpo re-ceptor com as metas obrigatórias progressivas estabelecidas em razão de seu enquadramento, além da vedação do lançamento de efluentes que contenham Poluentes Orgânicos Persistentes (POP’s), e a mistura de efluentes com água de melhor qualidade com intuito de diluição dos mesmos.

Vale observar que a nova Resolução insere condição de lan-çamento de efluente, qual seja, a Demanda Bioquímica de Oxi-gênio, sendo que o limite estabelecido no art. 16, I, “g” somen-te poderá ser reduzido em casos em que haja comprovação da existência de estudo de autodepuração comprovando que tal lançamento atinge as metas do enquadramento do corpo re-ceptor.

Existe a previsão ainda, que somente em casos excepcionais o órgão ambiental competente poderá permitir o lançamento em desacordo com os parâmetros determinados na Resolução (art. 6º). Esses casos excepcionais serão analisados pelo órgão ambiental, que somente permitirão tal emissão em caráter tem-porário e desde que tecnicamente fundamentado.

Estabelece ainda, que os responsáveis por fontes poluidoras devem realizar o automonitoramento periódico dos efluentes lançados, levando em consideração critérios e procedimentos de automonitoramento que poderão ser estabelecidos pelo ór-gão ambiental competente, ou, na sua ausência, devem ser defi-nidos pelo próprio responsável considerando as normas técni-cas específicas sobre o tema. (art. 24)

Importante indicar ainda, que a norma apenas trata de lan-çamento em corpos hídricos, ou seja, não se aplica a lança-mento em solo. Entretanto, dispõe que, ainda que tratados, os efluentes lançados em solo não podem gerar qualquer tipo de poluição ou contaminação das águas superficiais e subter-râneas.

Por fim, a Resolução traz diversas alterações de condições e diretrizes que devem ser observadas pelos responsáveis por lançamentos de efluentes em corpos d’água, no entanto, apesar de entrar em vigor na data de sua publicação, é possível que, o órgão ambiental conceda aos empreendimentos e demais ativi-dades poluidoras o prazo de até três anos para que a adequação ocorra, desde que comprovada a existência de licença ambiental emitida pelo órgão competente.

O que talvez nos chame mais atenção é a criação de dois pa-drões de emissão distintos, um para efluentes em geral (Capi-tulo II, Seção II) e outro para esgotos sanitários (Capítulo II, Seção III). Tal segregação, além de conferir tratamento diferen-ciado à mesma matéria (lançamento de efluentes), poderá gerar dúvidas na aplicação da norma, causando maior prejuízo do que a própria intenção do controle. Além disso, poderá ensejar a adoção de tratamento diferenciado entre o Poder Público e a iniciativa privada, fugindo dos objetivos das normas ambien-tais – qual seja, a proteção integral do meio ambiente, para as presentes e futuras gerações. PE

Renata Franco de Paula Gonçalves Moreno É formada em Direito pela Universidade

São Francisco e em Ciências Sociais

pela UNICAMP, com extensão em

Direito Ambiental pelo Instituto Brasileiro

de Advocacia Pública - IBAP e Direito

Internacional Público pela Academia de

Direito Internacional da Haia (Holanda).

É mestre pela Université de Metz (França)

e doutoranda em Ciências Sociais na

UNICAMP. Associada do escritório Emerenciano, Baggio e

Associados Advogados, responsável pelo Departamento de

Direito Ambiental.

O

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14 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

Por Valdir FolgosiAMBIENTEGERENCIAL

Das atuais perspectivas de reaquecimento do setor até projeções de investimentos do governo.

Saneamento no Brasil

s empresas brasileiras estão cada vez mais cons-cientes de seu papel em relação ao meio ambiente. Várias ações vêm sendo desencadeadas na iniciativa

privada para preservar os recursos naturais. A sustentabilidade virou uma bandeira nacional e nós, da Centroprojekt, estamos participando desse processo atuando como referência no tra-tamento de água, efluentes, controle da poluição atmosférica e resíduos urbanos. Atualmente, dispomos de modernas tecnolo-gias e sistemas, que atendem as exigências mercadológicas e a legislação ambiental vigente.

Após a crise mundial de 2008, que afetou diversos segmentos da economia, inclusive o nosso, podemos dizer que o mercado de saneamento ambiental agora dá sinais de reaquecimento. No nosso caso específico, logo após a crise conseguimos nos manter graças aos investimentos realizados pela Pe-trobras. A estatal é um de nossos principais clientes e sua postura é de investir na melhoria da qualidade de seus efluentes industriais, se adequando à rigorosa le-gislação ambiental brasileira. Nos anos de 2010/2011, foram retomados investimentos por parte de outros setores, como os de Papel e Celulose, Siderurgia e Mi-neração. Nossa expectativa é muito positiva para os próximos anos.

Já no setor público, estamos atuando com bastante força nas empresas de saneamento. Mas é cedo para dizer que o país irá conseguir atingir a meta estipulada para 2030 em rela-ção ao meio ambiente. Essa meta só será concretizada se houver pesados investimentos direcionados para a universalização do saneamento, ou seja, que todos os municípios tenham coleta e tratamento de esgoto e abastecimento de água.

Sabemos que para conseguir as metas ambientais é necessá-rio que o poder público invista cerca de R$ 296 bilhões, o que significa uma média de investimento de R$ 15 bilhões/ano. Isso representa de três a quatro vezes a média dos últimos 10 anos. Trata-se, digamos, de uma cifra que nos permite afirmar que o setor público precisará realizar parcerias com o setor privado para alcançar seus objetivos.

Por outro lado, o Brasil tornou-se um mercado importante no setor de saneamento. As empresas aqui instaladas contam com know-how similar às empresas estrangeiras, pois elas com-plementam o conhecimento das tecnologias com particulari-dades de nosso meio ambiente. Muitas de nossas empresas são multinacionais e contam com o suporte das matrizes, porém os técnicos e engenheiros são brasileiros. Essa condição é favorável, uma vez que os profissionais agregam o conhecimento local das características físico-químicas das nossas águas e dos próprios

efluentes industriais.Nossa água, por exemplo, principalmente no litoral, tem cer-

tas características (alta matéria orgânica, alta cor e baixa tur-bidez), que necessitam de tratamentos específicos, os quais as empresas brasileiras têm o domínio da tecnologia. A tendência nesse segmento é utilizar cada vez mais tecnologias de membra-nas de ultrafiltração para tratamento de água e efluentes. Há ca-sos em que conseguimos produzir um efluente final quase que totalmente reaproveitável. Podemos citar, como exemplo, pro-jetos desenvolvidos em refinarias de petróleo que quase atingem o reuso pleno, ou seja, o efluente tratado serve como fonte de alimentação de água industrial. A Petrobras é uma das empresas que têm optado pelo tratamento de efluentes por membranas, uma das mais avançadas tecnologias do momento.

Digo que a água é o futuro ouro branco, pois será cada vez mais escassa e o seu tratamento, mais complexo, exigindo in-vestimentos em pesquisas para o desenvolvimento de novas tecnologias.

Hoje, as empresas que gastam recursos com tratamento de água estão tendo retornos sobre o capital bastante atrativos e temos o arcabouço legal que dá segurança aos investidores e à demanda existente. PE

A

Valdir FolgosiEngenheiro com pós-graduação em

Administração de Empresas da FGV.

Presidente do SINDESAM, Sindicato

Nacional de Equipamentos para

Saneamento Básico e Ambiental desde

2010. Sócio Diretor da Centroprojekt do

Brasil empresa tradicional no ramo de

Água, Efluente e Poluição Atmosférica

desde março/2001. Sócio Diretor da CFA, empresa na área

de Tratamento de Água e Efluentes. Gerente da Engenharia

da Filsan Equipamentos e Sistemas.

A tendência nesse segmento é utilizar cada vez mais tecnologias de membranas de ultrafiltração para tratamento de água e efluentes.

””““

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16 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

MISTÉRIO DO Contaminante

reserva natural de Big Pine compreende uma área de pouco mais de 1 km², próximo a um pequeno vilarejo na

Califórnia. O terreno é relativamente plano, com uma declividade à Leste, em direção ao rio Owens, que varia de 1 a 4%. O ponto de relevo mais alto da reserva está localizado ao sudoeste da propriedade em uma cota de 1234 metros acima do nível do mar.

Dois sistemas de abastecimento de água existem na reserva. O primeiro sistema consiste em poços de captação de água subterrânea (Poço 1 e Poço 2) que abastece 139 residências. O segundo sistema é um poço particular que abas-tece 35 conexões em um estacionamento para trailers. A população total da reser-va é de estimada em 456 pessoas.

Apesar da qualidade da água estar atendendo grande parte dos parâmetros de qualidade para consumo, foi encon-trado percloroetileno (PCE, solvente clorado) nos dois poços de captação de água. A detecção de PCE nesses poços causou surpresa, pois a presença de PCE era inesperada já que os poços de abaste-cimento estavam a mais de 1 quilometro da cidade mais próxima e 30 metros acima da cota topográfica da cidade. Curiosamente, os poços estavam loca-lizados no ponto mais alto da área, em uma cota mais elevada do que qualquer local em que possa haver uma atividade potencialmente contaminadora do solo e água subterrânea.

Como resultado dessas diferenças topográficas, houve uma preocupação imediata de que a fonte de água da reser-va pudesse ter sido contaminada por um

despejo ilegal de PCE, feito dentro da área de influência dos poços de captação. Então um estudo sistemático foi realizado para compreender a dinâmica hidroge-ológica do local, determinando a forma da área de influência das bombas de cap-tação para mapear as possíveis fontes de PCE e desenvolver medidas de mitigação.

Avaliação AmbientalUma ampla avaliação ambiental foi reali-zada em 1999 pela SCS Engineers. Como parte da avaliação, um estudo preliminar de todas as possíveis fontes de PCE que poderiam afetar a água subterrânea. As áreas identificadas como potenciais fon-tes de contaminação incluíam:

• Uma fábrica de acessórios para banheiro, localizada a sudoeste, distante 1 quilometro e a uma cota 32 metros abaixo do poço. Como parte do processo

Descoberta a presença de PCE (percloroetileno) na água subterrânea, encontrar a fonte de contaminação foi uma tarefa de investigação.

Por ANTHONY J. MAGGIO, SCS Engineers e ALAN BACOCK, Reserva natural de Big Pine, EUA

A

ContaminanteO Mistério

do

16 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

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ABR a JUN 2011 www.revistaPE.com.br 17

MISTÉRIO DO Contaminante

de fabricação, os acessórios metálicos eram limpos e mergu-lhados em uma solução aquecida desengordurante de PCE. Após essa limpeza, as peças recebiam um recobrimento em pó e eram então aquecidas em um forno. Algumas peças também recebiam um recobrimento de poliuretano.

• Um aterro público encerrado, a 1,1 quilômetro a sudoeste e 13 metros abaixo do nível do poço. Apesar de estar em uma cota abaixo do poço, o perfil hidrogeológico do local sugeriu uma dispersão transversal do lixiviado do aterro.

• Uma antiga cisterna de água, a 6 metros do poço à jusante do gradiente hidráulico. Inicialmente o tanque estava coberto, mas foi deixado descoberto por anos. No fundo do reservatório há indícios que o local foi utilizado para descarte de resíduos. O tanque foi classificado como possível fonte dos PCE devido sua proximidade com o poço.

• Um ferro velho que existia a aproximadamente 30 metros do poço 1 e à uma cota de 1,5m abaixo da superfície do poço. A existência do ferro velho foi confirmada por um operador do sistema de abastecimento de água local. Contudo ele não soube fornecer detalhes sobre os resíduos que eram ali depositados. Na época da avaliação, o ferro velho já havia sido desativado e sua área limpa há muito tempo.

Fase I da Avaliação AmbientalApós a avaliação preliminar concluída, deu-se início à Fase I, em 30 de Abril de 1999, com uma visita na fábrica de acessórios para banheiro, acompanhada do antigo proprietário do local. Algumas perguntas foram feitas sobre o processo de produção, quando questionado sobre o PCE, o proprietário da empresa respondeu que o composto foi utilizado por um período como agente desen-graxante para limpar as peças antes de aplicar a cobertura metáli-ca, mas o processo foi alterado e o solvente não foi mais utilizado.

Inicialmente o proprietário não permitiu a inspeção de

uma pequena sala encontrada durante a visita, mas após uma pequena conversa ele permitiu a entrada no recinto. Lá havia um grande tanque cheio de PCE. Quando questionado sobre o fato, o proprietário admitiu que ainda utilizava o solvente, mas estava destilando o solvente utilizado regenerando-o, evitando assim a geração de resíduos. Contudo, nenhum equipamento de destilação foi encontrado nas instalações. O lodo gerado no processo de limpeza das peças estava sendo retirado do tanque e gerenciado como resíduo não perigoso e, ultimamente, era disposto no aterro municipal de Bishop. Essa prática violava as normas de gerenciamento de resíduos perigosos.

Uma revisão dos registros disponíveis mostrou que entre 1994 e 1998, a fábrica teve um contrato com uma empresa para remover o solvente, reciclá-lo e devolvê-lo para a fábrica. Aproximadamente, de 55 a 75 litros de PCE por mês ainda eram utilizados nas operações da fábrica. O contrato foi encer-rado em 1998, mas presumivelmente o PCE continuava a ser utilizado como anteriormente.

Os resultados dos estudos da Fase I imediatamente levanta-ram preocupações sobre as práticas de disposição do resíduo de PCE gerado. O proprietário viveu em uma área de 3 hectares na divisa com o limite noroeste da reserva. Pareceu plausível para a equipe que o proprietário da fabrica pôde ter deposi-tado o solvente utilizado em um aluvião a oeste da reserva. O proprietário negou esse fato, mesmo assim, ele foi alertado que o depósito ilegal de resíduos perigosos é uma violação federal.

Avaliação das Fontes de Abastecimento de ÁguaEm Setembro de 2000, como parte do programa de proteção

Figura 1: Localização da Reserva de Big Pine

Figura 2: Localização da Reserva de Big Pine

Reserva de Bridgeport

Limite da Bacia do Lago Mono

Bacia Mono

Reserva Natural Benton

Divisor de Águas da Bacia do Rio Owens

Cidade de BishopCidade de Big Pine

Reserva Natural de Big Pine

Reserva Natural de Lone PineCidade de

Lone Pine

Cidade de Los Angeles

Cidade de São Francisco

Vale

do

Rio

Ow

en

s

Reserva Natural de Bishop

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18 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

MISTÉRIO DO Contaminante

dos pontos de captação de água, uma avaliação da potabilidade da água extraída dos Poços 1 e 2 foi realizada.

A avaliação foi desenvolvida para:• Definir a localização das fontes de água subterrânea.• Conhecer e registrar as atividades potencialmente conta-minadoras em um raio de 1 quilômetro a partir dos dois principais poços.• Proporcionar uma análise de vulnerabilidade.• Delinear uma zona de proteção em torno dos poços.

Teste de Bombeamento no AquíferoComo parte da avaliação, um teste de bombeamento de aquífe-ro foi realizado no Poço 1 para observar e medir a resposta do aquífero ao bombeamento. Comparando-se a curva de bombe-amento com a curva típica de Theis, uma barreira de recarga pôde ser observada e uma expressão gráfica da influência do rio na recarga local foi desenvolvida. Os resultados dos testes for-neceram os dados necessários para calcular a transmissividade, o coeficiente de armazenamento e o raio de influência do aquí-fero. Esses parâmetros foram utilizados para avaliar medidas de proteção para os poços.

Gradiente e Direção do Fluxo de Água SubterrâneaO monitoramento das elevações do nível de água sob condições estáticas revelaram que a água flui para sudeste a uma veloci-dade de 10 centímetros por dia. O rio Big Pine funciona como um divisor de águas subterrâneas. Do lado sul do rio, a água subterrânea flui para sudeste, em direção à reserva. No lado norte, flui para noroeste, em direção à cidade. O rio é uma fonte de recarga subterrânea constante e principal fonte de água para os Poços 1 e 2 (veja Figura 4).

Zona de Proteção dos PoçosA zona de proteção envolta dos poços foi calculada utilizando equações de fluxo uniforme, determinando a área de contri-buição dos poços. A forma da zona de proteção é uma elipse determinada pelo rio Big Pine. O ponto de estagnação está a 35 metros sudoeste (jusante) do poço 1. Esse é o ponto em que qualquer contaminante não pode mais ser aspirado pela bomba no poço (veja Figura 4).

A Tabela 1 mostra zonas de proteção baseadas no tempo de deslocamento do contaminante até a área do poço, os resultados das análises do aquífero e os padrões recomendáveis de distância mínima de fontes de contaminação. Um mapa com a zona elíp-tica e as subzonas está disponível na Figura 4.

Avaliação das Atividades Potencialmente Contaminadoras

Uma lista inicial das atividades potencialmente contamina-doras no raio de 1,5 km dos poços foi incluída no relatório de avaliação ambiental. Essa lista incluiu atividades como postos de gasolina e oficinas mecânicas na cidade, um aterro público encerrado e a fábrica de peças metálicas para banheiro. Apesar de estudos adicionais terem revelado a presença de PCE no solo e no lençol freático, a fábrica e outros pontos levantados como atividades potencialmente contaminadoras estão localizadas fora do raio de influência dos poços de abastecimento. Somente dois locais estão dentro da área delimitada:

• A velha cisterna de água• O antigo ferro velhoEssas potenciais fontes de contaminação estão localizadas

dentro da zona de influência dos poços de bombeamento, con-taminantes que possivelmente se infiltrassem no aquífero por esses locais seriam sugados pelas bombas. Nenhuma outra ati-vidade potencialmente contaminadora foi encontrada no local. Amostras de águas superficiais foram analisadas, mas todas as análises indicaram ausência de contaminantes.

Restaram quatro fontes de contaminação que poderiam ter afetado as águas subterrâneas:

A proximidade entre a antiga cisterna e o poço de abastecimento pode ser vista nessa foto

Tabela 1: Zona de proteção da água subterrânea baseada no tempo de deslocamento

ZonaTempo de

deslocamento

Distância

até o poço

Distância

Mínima

Requerida

Local do Poço NA NA 15 metros

A 2 anos 65 metros 180 metros

B5 5 anos 160 metros 300 metros

B10 10 anos 330 metros 460 metros

Zona de Amortecimento

20 anos 650 metros NA

Figura 4: A zona de influência para o poço de abastecimento

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MISTÉRIO DO Contaminante

• A velha cisterna, que poderia ter sido utilizada como depó-sito de lixo. Solventes poderiam ter sido descartados no local.

• O ferro velho poderia ter armazenado óleos ou solventes em concentrações tais que, com o tempo, poderiam ter perco-lado pelo solo até alcançar o aquífero.

• Alguma combinação dos dois cenários listados acima poderia ter ocorrido.

• O PCE pode ter sido enterrado no solo em quantidades significativas, percolado até o aquífero e alcançado os poços de abastecimento.

Sabendo que o proprietário da fábrica encerrou o contrato com a prestadora do serviço de coleta do material contami-nante em 1998, e que o PCE foi detectado nos poços desde 1995 (aproximadamente 5 anos antes da avaliação ambiental), foi considerado que qualquer despejo inapro-priado do contaminante no solo teria sido feito na zona B5 (dado os 5 anos de deslo-camento do contaminante) e a 160 metros de distância dos poços.

Uma busca na zona B5 foi feita para encontrar evidências de algum depósito de PCE. Entretanto, como o composto é extre-mamente volátil quando exposto à atmosfe-ra (especialmente durante os quentes meses de verão), detectar o PCE pode ser extrema-mente difícil, se não impossível. Nenhuma evidência do possível aterro indevido de PCE no local foi encontrada.

De Dezembro de 1995 a Junho de 2003, a concentração de PCE na água retirada pelas bombas excedeu os limites máxi-mos de concentração para o contaminante. Frequentemente as concentrações estavam acima de 20 partes por bilhão (ppb), quan-do a concentração máxima tolerável é de 5

ppb. Em Dezembro de 2000 as concentrações começaram a cair e, em Setembro de 2005, o PCE não foi mais detectado nos poços de abas-tecimento. Para proteger a saúde dos morado-res, outro poço de abastecimento foi perfurado em 2004. Não havia sinais de contaminação nesse novo poço.

As investigações sobre as potenciais áreas contaminadoras continuaram com a coleta de amostras de ar, água e solo em vários locais. Os resultados mostraram que a fábrica possuía áreas com elevadas concentrações de PCE; dessa forma, atividades de remediação foram conduzidas no local. Poços de monitoramen-to foram instalados ao redor da fábrica para determinar se a contaminação havia atingido o aquífero, mas nenhum PCE foi detectado. Poços de extração de vapor foram instalados no ferro velho, mas também não foram encon-trados contaminantes no local. Parece que o contaminante se degradou até concentrações indetectáveis; consequentemente, nenhuma ação adicional foi conduzida. PE

Anthony J. Maggio é Geólogo e especialista em Hidrogeologia na SCS Engineers, California, EUA. Alan Bacock é coordenador do Programa

de gestão de águas da Reserva de Big Pine.

Figura 3: Potenciais fontes de contaminação por PCE das águas subterrâneas

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22 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

THEWETLAND DIARIES

r do Ponto A (saber que há um problema que precisa ser resol-vido) até o Ponto B (ter uma solução com eficiência com-provada) não é uma tarefa fácil, particularmente no tratamen-

to de efluentes. Fornecedores podem oferecer diferentes estratégias para um problema, mas raramente oferecem um pacote completo para solucionar o pro-blema. Engenheiros consultores podem oferecer um relatório avaliando as dife-rentes tecnologias, mas não provam que cada tecnologia funcionaria em uma situação específica. Fabricantes de equi-pamentos específicos podem fornecer dados de testes realizados, mas geral-mente oferecem uma única tecnologia, pode ser ou não a melhor alternativa.

O método mais rápido e de menor risco para ir do Ponto A (o problema) até o Ponto B (a solução) é testar tecnologias diferentes, comparando custos e benefí-cios, e coletar dados reais para demonstrar a eficiência. Testes pilotos são comuns em experimentos acadêmicos, mas são também um meio mais rápido e de menor custo para obter informações. Sistemas genéricos podem ser montados com alguns tanques, isso já é o suficiente para testar várias tecnologias em escala piloto.

Testes Pilotos de Sistemas Especializados de TratamentoHá vários sistemas de tratamento que podem ser construídos com uma quan-tidade mínima de equipamentos espe-cializados. Eles incluem, entre outros,

lagoas anaeróbias, filtros recirculantes e leitos cultivados. É verdade que bombas e sopradores são necessários para com-pletar esses sistemas, mas pouco disso precisa ser trazido de fora. Esses sistemas tendem a ter mais sucesso em lugares que dispõe de espaço para instalação e para empreendimentos geralmente instalados em lugares distantes como minas, aero-portos, aterros sanitários e plantas petro-químicas, pois precisam de um sistema de tratamento para seus efluentes.

Frequentemente, o maior problema é que o efluente possui algumas particu-laridades, sendo necessário um sistema de tratamento único; pesquisas ou teses sobre o assunto podem não retratar com fidelidade um caso específico para indi-car o melhor processo de tratamento. Por exemplo, o aeroporto internacional de Bufalo Niagara nos EUA realizou um teste piloto para verificar se um trata-mento aeróbio seria capaz de degradar o fluido descongelante utilizado na pista para evitar a formação de gelo, presen-te na água do sistema de drenagem da pista. A única maneira de realizar testes e obter resultados confiáveis, nesse caso, foi construir uma unidade piloto dentro de um freezer frigorífico. Os resultados comprovaram a eficiência do sistema e foram utilizados para dimensionar o sis-tema que atualmente opera no aeroporto.

Outro problema é a falta de conheci-mento nessa área. Pesquisas acadêmicas não conseguem fornecer dados que abor-dem detalhes específicos de modelagem de sistemas de tratamento aeróbios. A base de conhecimento em como operar

sistemas de tratamento é variada e impro-vavelmente poderá ser utilizado o mesmo sistema em uma refinaria no Brasil e outra nos Emirados Árabes. O meio mais rápido de utilizar esse conhecimento é construir um modelo em escala piloto e testá-lo. Os estudos de caso a seguir oferecem um panorama de como várias empresas utilizaram essas informações para basear o projeto final de seus siste-mas de tratamento de efluentes.

Glicol na PistaO aeroporto internacional de Bufalo, EUA, utiliza por ano mais de 800 mil litros de um produto a base de glicol para descongelar aeronaves e o pavimen-to da pista de pouso. Esses compostos são coletados pelo sistema de drenagem e devem ser tratados adequadamente antes do descarte. Para avaliar a capaci-dade de um sistema aeróbio tratar esse efluente, um estudo de tratabilidade foi conduzido em escala piloto. Os resulta-dos demonstraram eficiência de 95% no

REGISTROS DE ESTUDOS COM EFLUENTES

Utilizando estudos piloto para sair de um problema e chegar a uma solução viável.

Por MARK O. LINER, Engenheiro Sênior, Naturally Wallace Consulting, EUA

IGrandes tanques podem ser utilizados para montar um ensaio piloto e desenvolver testes para comprovar os conceitos dos projetos. Isso pode garantir uma enorme economia de tempo e dinheiro.

O lixiviado de aterros podem ser um meio complexo. Os testes acima permitiram avaliar vários processos de tratamento e resultaram um projeto final de sucesso.

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tratamento. Esses dados foram utiliza-dos como base para projetar o sistema para tratar uma carga de 5.000 kg de DBO por dia.

BTEX na Antiga RefinariaUm sistema subsuperficial de fluxo verti-cal foi construído em uma antiga refina-ria da British Petroleum para determinar as taxas de degradação para compostos organoclorados. Particularmente, o sis-tema deveria se comprovar eficiente no tratamento de BTEX em condições de baixa temperatura. O sistema piloto de quatro células forneceu a compreensão necessária do processo de aeração para acelerar a taxa de tratamento. Também foi testado uma forração com folhas e uma cobertura especial. As taxas de tratamento do estudo piloto foram uti-

lizadas para projetar o sistema em escala real, capaz de tratar 11.400 m³/dia de água contaminada com gasolina. O sis-tema conseguiu alcançar os parâmetros projetados uma semana após o startup.

Amônia no Pacífico NorteUm estudo piloto de larga escala foi rea-lizado para auxiliar no processo de sele-ção de um projeto para tratamento do lixiviado de um aterro. O piloto foi con-figurado para investigar como a aeração contínua ou intermitente poderia afetar o desempenho do sistema de tratamen-to. O estudo forneceu dados para o uso de um processo de oxidação anaeróbia da amônia para conversão da amônia e do nitrato em nitrogênio gasoso.

O resultado do estudo piloto quantifi-cou a eficiência dos diversos procedimen-tos testados: uma aeração intermitente conseguiu remoção do nitrogênio 400% maior que o sistema de aeração contínua. A diferença clara no desempenho do pro-cesso não foi somente instrumental, na escolha do processo de aeração, mas serviu também como uma prova conceitual sim-ples do processo de tratamento biológico.

Amônia no SurinameUma mina de ouro na América do Sul precisava de um sistema de baixo custo de operação e manutenção para tratar amô-nia na lagoa de rejeitos. Mais de 16.000 m³ por dia de água precisavam de trata-mento antes do descarte no rio adjacente. Um teste de tratabilidade foi realizado pra determinar as taxas de remoção da amô-nia e para fornecer dados suficientes para dimensionar o processo de tratamento.

O teste foi feito em três fases. Na etapa inicial, um lixiviado artificial foi formula-

do e testado em um reator no laboratório. Durante a segunda fase foi utilizado a água da própria lagoa de rejeitos para testar o reator no laboratório. Na fase final, o reator foi construído e testado na lagoa. Os resultados dos testes demons-traram sucesso na remoção de amônia, sem nenhuma inibição à nitrificação.

Fenol na América do SulUma planta petroquímica na América do Sul está atualmente utilizando lagoas facultativas para tratar a água do proces-so de refino. Um tratamento adicional é necessário para remover fenóis, a empre-sa está no processo de pesquisa para utilizar uma lagoa aerada para fornecer o polimento do efluente. Um ensaio piloto no local está testando os tempos de detenção hidráulica e o fluxo de ar para verificar a capacidade desse sistema em alcançar os parâmetros necessários para descarte do efluente. Os resultados iniciais indicaram sucesso na remoção de fenóis e amônia.

Nitrogênio Orgânico no Reino UnidoUma fábrica no Reino Unido precisava modificar a capacidade de seu processo de tratamento existente ou construir um novo forno para oxidar termicamente os rejeitos da linha de produção. O efluente continha significante concen-tração de hidrocarbonetos e compostos nitrogenados.

Para investigar o tratamento biológi-co dessa mistura, uma série de reatores biológicos foram construídos no local. O ensaio piloto está em andamento. Os últimos resultados indicam alto nível de remoção dos compostos orgânicos e variável tratamento da amônia.

Sair do Ponto A e chegar no Ponto B nesses casos foi uma simples questão de realizar um rápido teste dos conceitos já conhecidos. Resta pouco para analistas de laboratório e engenheiros ponderarem quando, após alguns meses, resultados dos testes demonstram 90% de eficiência no tratamento. A utilização de estudos piloto, como os exemplificados aqui, fornecem a confiança para construir os sistemas definitivos, particularmente para tratar efluentes com características únicas, que há pouco conhecimento precedente. PE

Mark O. Liner, engenheiro sênior na Naturally Wallace Consulting, EUA. Ele pode ser conta-tado através de mark.liner@naturallywallace.

com.

Uma mina de ouro na América do Sul precisava de um sistema de baixa manutenção para tratar a amônia. O teste acima auxiliou a determinar as características do sistema proposto e dimensionar apropriadamente o projeto final.

Os estudos piloto podem ser realizados em tanques mais sofisticados, misturadores e sensores podem simular as condições exatas de operação e fornecer resultados mais precisos.

Page 24: Revista_PE

24 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

Efluentes Modernos Tratamentos Modernos

uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas é discu-tido há décadas, mas até recentemente essa dis-cussão não havia chega-

do na esfera do controle ambiental. Nos últimos anos, estão sendo identificadas concentrações crescentes de substâncias como a cafeína e nicotina em corpos d’água. Isso chegou a tal ponto que essas drogas se tornaram uma nova classe de contaminantes ambientais identificados no ambiente aquático, e por isso têm interessado especialistas em tratamento de água.

A presença desses compostos, inal-terados ou na forma de metabolitos humanos, em efluentes sanitários foram relatadas em vários países. Além disso, já foi comprovado que esses contaminan-tes somente são removidos parcialmente pelas estações de tratamento de efluentes (ETEs) que utilizam tratamentos con-vencionais, acarretando no lançamento de tais compostos nos corpos hídricos receptores. Como a água desses rios e lagoas pode ser utilizada para abastecer outras cidades a jusante do despejo, é importante que essas drogas sejam eliminadas no processo de tratamento da água.

O uso de Osmose Reversa (OR) se comprovou efetivo na remoção de con-taminantes emergentes, como os pro-dutos farmacêuticos, do efluente com

eficiência de 95%. Pesquisadores da Universidade de Hokkaido no Japão exploraram a capacidade de membranas de poliamida (XLE) e de acetato de celu-lose (SC-3100) para eliminar compostos farmacêuticos neutros. A rejeição pela membrana de XLE é altamente relacio-nada com o peso molecular, enquanto a rejeição da membrana SC-3100 depen-deu da polaridade da substância.

O objetivo desse estudo foi exami-nar a habilidade de diferentes tipos de membranas de OR em eliminar os com-postos de várias drogas sob condições reais de operação. Experimentos foram desenvolvidos em uma pequena planta de OR, montada dentro de uma ETE no nordeste da Espanha, que trata o efluen-te urbano. O efluente secundário, após o tratamento biológico, foi utilizado para alimentar a OR. Amostras do afluente da membrana e o permeado foram estuda-dos para obter os valores de rejeição. Três tipos de membranas de OR em paralelo foram testadas com cafeína, nicotina, seu metabolito cotinina, codeína, seu meta-bolito norcodeína e compostos anfe-tamínicos (AMP e METH). O rejeito dos compostos estudados presentes no afluente das membranas também foram estudados sazonalmente.

Compostos EstudadosCompostos inclusos no estudo, seus metabólitos e algumas de suas caracte-

rísticas químicas podem ser encontradas na Tabela 1. Com exceção da cafeína, todos os compostos estudados são lista-dos como substâncias que podem causar algum dano à saúde. Apesar da cafeína ser caracterizada como um estimulan-te, ela foi incluída nesse estudo por ser considerada um indicador de poluição em ambientes aquáticos com efluentes sanitários. AMP, METH, MDA, MDMA (ecstasy) e MDEA são drogas estimulan-tes, utilizadas devido sua capacidade de causar euforia. A AMP e a METH são aprovadas também para usos medici-nais. A Nicotina é encontrada no tabaco, cigarros e produtos para auxiliar na sen-sação de fumo. Em humanos, a nicotina é prontamente metabolizada em cotini-na. A Codeína é um opiáceo, comumen-te utilizado como medicamente para tratar dores leves a moderadas. A code-ína é metabolizada em norcodeina após a ingestão.

MembranasDetalhes sobre as membranas são apre-sentados na Tabela 2. Três diferentes membranas de poliamida foram utili-zadas para o estudo. A membrana de baixa energia, LE, amplamente utilizada em processos industriais que operam em baixa pressão. A BW30, membrana padrão na indústria, possui alta rejeição e alta produtividade. A XFR, uma mem-brana da Dow Chemical, com avançada

OPor ROSA BOLEDA, KATARIINA MAJAMAA, PETER AERTS, VERÓNICA GÓMEZ, TERESA GALCERAN e FRANCESC VENTURA

A crescente presença de drogas lícitas e ilícitas nos corpos d’água tornou-se motivo de atenção. Métodos de tratamento para esses novos compostos estão sendo pesquisados.

Efluentes Modernos, Tratamentos Modernos

Page 25: Revista_PE

ABR a JUN 2011 www.revistaPE.com.br 25

Efluentes Modernos Tratamentos Modernos

Nome Estrutura n° CAS Massa Molecular pKa Log P

CafeínaN

N

N

N

O

O

CH3

CH3

CH3

58-08-2 194.2 10.4 0.16

Nicotina N

NCH3

54-11-5 162.23 3.1 1.17

Cotinina NO

NCH3

486-56-6 176.22 4.89 0.34

Norcodeina O

HOHO

CH

O3

NH

467-15-02 285.34 9.23 0.69

Codeína O

HOHO

CH O3

N CH3

76-57-3 299.37 8.21 1.19

MDA

O

OCH3

NH2

4764-17-4 179.21 8 1.82

MDMAO

ONH

CH3

CH3

42542-10-9 193.24 8-10.5 2.28

MDEA

O

O

NH

CH3

CH3

82801-81-8 207.26 8.5 2.77

AMP

NH2

CH3300-62-9 135.1 10 1.76

METH

NHCH3

CH3537-46-2 149.1 9.5 2.22

Tabela 1: Propriedades dos compostos estudados

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26 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

Efluentes Modernos Tratamentos Modernos

resistência ao fouling, ou entupimento, voltada para tratamento de efluentes. As membranas possuíam 6 centímetros de diâmetro e 35 centímetros de com-primento.

A rejeição foi especificada nas seguin-tes condições: 2.000 ppm de NaCl, 25°C, 5% de recuperação e pressão de 10.3 bar (LE) e 15.5 bar (BW30 e XFR). Dois conjuntos de membranas novas foram utilizados, um para as amostragens no verão e outro as amostragens realizadas no inverno.

A Planta Piloto de Osmose Reversa e as Condições Experimentais

A planta piloto utilizada no expe-rimento foi montada em uma ETE municipal (16.500 m³/d) na Espanha. O processo de tratamento existente con-siste de um tratamento primário, um tratamento biológico secundário e um tratamento terciário que incluía a clora-ção, coagulação/floculação, clarificação e filtração. Nesse experimento, o efluente do tratamento secundário foi utilizado como afluente do processo de OR. O esquema do processo está representado na Figura 1.

Para avaliar a variação sazonal na presença dos compostos estudados, três etapas de amostragens foram realizadas em meses diferentes; Junho, Agosto e Março. Detalhes do afluente e as con-dições experimentais do momento da amostragem estão organizados na Tabela 3. Amostras de 1 litro armazenadas em frasco âmbar foram coletadas da saída do tratamento secundário.

Padrões, Reagentes e MetodologiaForam utilizadas soluções padrão (1 mg/mL em metanol) de AMP, METH, MDA, MDMA, MDEA, cafeína, codeína,

norcodeina, nico-tina e cotinina. As soluções padrão de cada composto e os padrões deu-terados, AMP-d8, METH-d9, MDA-d5, MDMA-d5, M D E A - d 5 ,

13C3-cafeína, codeína-d6, nicotina--d4 e cotinina-d3, foram adquiridos da Cerilliant.

Os compostos de interesse foram analisados seguindo o método desen-volvido por pesquisadores da univer-sidade de Santiago de Compostela, na Espanha, baseado na extração em fase sólida (SPE) com cromatógrafo líquido de ultra-performance acoplado espec-trômetro de massas (SPE-UPLC/MS/MS). Brevemente, 100 mL de água com padrão deuterado foram enriquecidas por SPE com cartuchos Oasis-HLB da Waters. Os cartuchos foram lavados com uma solução aquosa de metanol 5%, secos com nitrogênio e eluídos utilizan-do metanol.

Os compostos foram analisados por UPLC/MS/MS. Uma coluna Acquity BEH C18 (100 mm x 2.1 mm, 1.7 µm) e para uma excelente separação dos com-postos de interesse foi utilizado solvente A: Acetonitrila com 0,1% de ácido fór-mico e solvente B: ácido fórmico/ for-miato de amônio (pH 3.5). O UPLC foi acoplado a um espectrômetro de massas Quttro Micro de triplo quadrupolo ope-rando em modo de ionização positiva de eletrospray. A aquisição dos dados foi realizada no modo de monitoramento selecionado de reações (SRM). O íon precursor de cada composto foi o íon protonado molecular. Duas transições

por composto foram empregadas como requer a União Européia. A quantifica-ção e a confirmação das transições tam-bém foram publicadas.

Presença dos Compostos Estudados no Efluente da ETE por Época do Ano

Dez diferentes compostos (Tabela 1) foram estudados; as concentrações observadas no efluente durante as três etapas de amostragem estão apresenta-das por grupo de compostos nas Figura 2-5. Com exceção da AMP, todos os compostos estudados foram detectados no efluente do tratamento secundário, indicando que o processo biológico convencional somente não foi suficien-te para remover os contaminantes do efluente. A maioria dos compostos estu-dados apresentou claro aumento em sua concentração durante o verão (Junho a Agosto). Isso pode estar relacionado ao fato que a região é muito visitada por turistas, elevando a população (e por conseguinte a carga orgânica) no perío-do de férias.

A codeína foi encontrada em alta concentração nas três etapas de amos-tragem. Seu metabólito, a norcodeína também foi encontrada, mas em uma concentração de 20 a 33 vezes menor se comparado a codeína. Durante o verão verificou-se elevação nas concen-trações de todas substâncias estudadas, mas algumas tiveram elevação de quatro vezes (para codeína) e seis vezes (norco-deína), comparando-se as concentrações das três etapas.

A concentração de nicotina e seu metabólito cotinina podem ser obser-vados na Figura 3. Em todas as amos-tragens a concentração de cotinina foi

Figura 1: Diagrama de fluxo da planta piloto.

Nome Área ativa (m2)

Rejeição ao NaCl (%)

MWCO (dalton)

LE 0.54 99.3 ~100

BW30 0.54 99.5 ~100

XFR 0.54 99.5 ~100

Tabela 2: Detalhes das membranas utilizadas.

Nota do tradutor: MWCO - Molecula Weight Cut Off

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28 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

Efluentes Modernos Tratamentos Modernos

Figura 2: Concentração de Norcodeína e Codeína no afluente da OR.

Figura 3: Concentração de Nicotina e Cotinina no afluente da OR.

Figura 4: Concentração de MDA, MDMA, MDEA, AMP e METH no afluente da OR.

maior que a de nicotina. Isso pode estar relacionado com o tempo de meia vida dos dois compostos. A nicotina perma-nece inalterada no organismo humano por cerca de duas horas, já a cotinina permanece 20 horas e normalmente é detectada no sangue e na urina por vários dias. Por essa razão a cotinina é utilizada como indicador de exposição ao tabaco ao invés da nicotina. Pode-se visualizar na Figura 3, a presença dos dois compostos é razoavelmente estável em todas as etapas, com um importante aumento na etapa de Agosto. As con-centrações encontradas estão dentro dos limites relatados por Boleda et al para ETEs similares.

As concentrações dos compostos de anfetaminas são apresentados na Figura 4. Não foi encontrado anfetamina nas amostras analisadas e metanfetamina foi encontrada em concentrações muito baixas, entre 0,6 e 1 ng/L. A maior concentração foi encontrada duran-te o verão. A MDA e MDMA foram encontradas no efluente em todas as etapas. Assim como a METH, ambas drogas ilícitas apresentaram aumento na concentração durante a alta temporada de turismo. Também foi encontrado MDEA nas amostras, mas em concentra-ções mais baixas.

A cafeína foi encontrada em altas con-centrações, entre 446 – 4.106 ng/L, em todas as amostras. Esses resultados estão de acordo com Buerge et al., que relatou concentrações de 30 – 9500 ng/L encon-tradas em ETEs que possuíam excelente eficiência, entre 81% e 99,9%.

Assim como com os outros com-postos testados, maiores concentrações foram observadas durante a temporada de verão, especialmente na amostragem realizada em Agosto, quando o efluente da ETE era aproximadamente 9 vezes mais concentrado que a amostra de inverno.

Porcentagem de EliminaçãoA concentração dos compostos nas amostras do permeado das membranas de OR durante as três etapas de amos-tragens estão apresentadas na Tabela 4. A porcentagem de eliminação, ou rejeição,

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Efluentes Modernos Tratamentos Modernos

de todos os compostos foi calculado conforme a seguir:

Rejeição = (1- Cp

Cf

) x 100

Onde: Cp = concentração do permeado

e Cf = concentração do afluente.

Os resultados foram agrupados na Tabela 5 e Figuras 6 – 8, de acordo com o tipo de membrana, LE, BW30 e XFR, respectivamente. A rejeição de diferen-tes grupos de compostos será discutida, mas algumas tendências gerais foram observadas:

• Em alguns casos as concentrações dos compostos estudados nas amostras do permeado ficaram abaixo dos limi-tes de quantificação (Tabela 4). Nesses casos, a rejeição foi calculada utilizan-do a concentração do permeado, que é metade do limite de quantificação (LDQ). Esses valores são apresentados na Tabela 5.

Parâmetro Unid. Junho/08 LE/BW30/XFR

Agosto/08 LE/BW30/XFR

Março/09 LE/BW30/XFR

Temperatura ºC 24 28 18

pH - 7.3 7.4 7.1

Condutividade do efluente

µS/cm

2160 2042 2041

Vazão do permeado

l/h 6.2/6.8/6.5 7.6/8.1/8.1 6.5/6.9/6.7

Recuperação % 4/4/4 4/5/3 4/4/4

Pressão de alimentação

bar 8.6 7.4 9.0

Rejeição salina

% 97.5/97.5/98.5 97.5/97.5/98.1 98.4/98.7/98.7

Tabela 3: Composição das amostras da ETE e condições experimentais durante a

amostragem.

Figura 5: Concentração de cafeína no afluente da OR.

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30 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

Efluentes Modernos Tratamentos Modernos

• Em geral os valores de rejeição obti-dos foram altos, indicando que a osmose reversa é uma tecnologia adequada para remover as substâncias estudadas do efluente.

• Não foi observada grandes diferen-ças entre as três membranas estudadas, o que é importante já que as membranas de baixa energia podem ser eficiente-mente utilizadas para esses compostos.

A rejeição de cada etapa e por mem-brana para a nicotina, cotinina e cafeína é apresentada na Figura 6. Para a Cotinina, foi obtida alta rejeição, entre 92% e 97%, em todas as etapas e membranas. Em contraposição, a rejeição da nicotina foi menor, entre 28% e 75%. A menor rejei-ção foi obtida durante a etapa de inverno. Durante as duas primeiras etapas (Junho e Agosto), a rejeição foi significativa-

mente melhor, entre 59% e 75%. Uma diferença significativa de rejeição entre as três membranas foi observada nas amostras de inverno, a membrana BW30 apresentou resultados 15% melhores que as membranas LE e XFR. Essa diferença de desempenho não foi observada para nenhum outro composto, portanto, esse resultado pode ser desconsiderado.

A cafeína foi muito bem segregada por OR, entre 96% e 99% durante a etapa de verão, mas rejeições significativamen-te menores, 55% a 70%, foram obtidas durante a etapa de inverno. Como visto com a nicotina, as amostras de inverno apresentaram variação entre as mem-branas testadas, mas os resultados foram opostos. A rejeição com a membrana BW30 foi cerca de 20% menor que o obtido com a LE ou a XFR. Essa corre-

lação não foi observada com qualquer outro composto testado, e a repetibilida-de entre a mesma amostra não consisten-te, portanto esse resultado pode ser des-considerado. Outros estudos já realizados sugerem cerca de 90% de rejeição para a cafeína, que está de acordo com os valores obtidos nas amostras coletadas no verão.

A razão pela qual a rejeição foi mais alta no verão não está clara. Baseado no modelo padrão de transporte de soluto na OR, esperaria-se que os resultados fossem exatamente o contrário. A troca de membranas poderia estar relacionada com o fenômeno, mas nesse caso um comportamento similar era esperado para todos os compostos testados, e não somente com a cafeína e a cotinina.

A codeína e norcodeína não foram detectadas no permeado, mesmo quan-do apresentavam alta concentração no afluente da OR. Assim, a eliminação da OR foi alta, na ordem de 99% para code-ína e 90% a 98% para a norcodeína, com todas as membranas testadas.

Os percentuais de eliminação de MDA, MDMA, MDEA e METH estão representados na Figura 7. O percentual de rejeição do MDMA foi cerca de 93% a 98%, nenhuma correlação entre a rejei-ção e o tipo de membrana ou variação na estação do ano pode ser observada. Já MDA e MDEA apresentaram varia-ções sazonais na rejeição. Para MDA, a rejeição na etapa de junho foi entre 48% e 50%, enquanto a rejeição na etapa de Agosto foi ligeiramente maior, entre 63% e 65%. A etapa realizada no inverno

Tabela 5: Porcentagem de eliminação para três análises de permeado nas três etapas.

Tabela 4: Concentração observada (ng/L) no afluente da OR e do permeado nas membranas LE, BW30 e XFR.

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Efluentes Modernos Tratamentos Modernos

Figura 7: Rejeição de MDA, MDMA, MDEA e METH nas membranas de OR.

foi mais conclusiva em relação as outras etapas, já que a rejeição variou entre 46% e 76%.

Os resultados obtidos para a rejeição da MDEA foram questionáveis, os valo-res de rejeição foram geralmente muito baixos, de 9% a 73% em Junho, entre 11% a 22% em Agosto e 51% em Março. Em geral, as concentrações observadas estão muito próximas do LDQ, o que pode afetar na precisão dos resultados.

A metanfetamina estava presente no efluente da ETE em baixas concentra-ções e não pode ser detectada nas amos-tras do permeado. As porcentagens de eliminação variaram de 61% a 91%. PE

Sobre os autores:

1. AGBAR-Aigües de Barcelona. Gral. Batet

5-7. 08028, Barcelona (Espanha)

2. Dow Water e Soluções de Processo,

Industriestraße 1, 77836 Rheinmünster

(Alemanha)

3. University Rovira i Virgili. Departamento

de Química analítica e Química Orgânica,

C/ Marcel•lí Domingo s/n, 43007 Tarragona

(Espanha)

4. Universidade de Barcelona, Química

Analítica. Av. Diagonal 647. 08028 Barcelona

(Espanha)

Para mais informações sobre a Dow Water e

Soluções de Processo visite www.dow.com/

liquidseps.

Agradecimentos

Esse estudo foi realizado com o auxílio do

Projeto Sostaqua, liderado por Agbar, visando

o desenvolvimento de tecnologias para a

sustentabilidade do ciclo urbano da água.

Os autores gostariam de agradecer o apoio

e os fundos do governo espanhol através do

CDTI (Centro para el Desarrollo Tecnológico

Industrial) dentro do programa Ingenio 2010.

Os autores gostariam de agradecer também

a equipe da ETE da Sorea (membro do grupo

Agbar), pela contribuição na execução prá-

tica dos estudos, assim como a ACA (Agencia

Catalana de l’Aigua) por autorizar a insta-

lação da planta piloto nas suas instalações.

Figura 6: Rejeição de nicotina, cotinina e cafeína nas membranas de OR.

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32 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

ransportar líquidos é uma função frequentemen-te necessária em todas as empresas, desde prédios comerciais e indústrias, até

na irrigação e no tratamento de água e efluentes. Dependendo do ramo e ativida-de, as bombas podem representar até 50% do consumo total de energia elétrica de uma empresa, o que representa que essa é uma excelente oportunidade de aumentar a eficiência e a economia de energia. Como regulações e custos mais altos forçam as empresas a considerar mais os custos com energia elétrica, as aplicações que envolvem bombas devem ser examinadas de perto.

Muitas empresas devem tratar e trans-portar grandes volumes de água para utilização em seus processos e depois conduzir seu efluente novamente para tratamento e disposição. Na etapa da água limpa de tais empresas, os proces-sos de bombeamento consomem pelo menos 85% da energia elétrica utilizada nesse processo; para os efluentes, 16%.

Alguns dos desafios em bombeamen-to incluem:

• Bombas superdimensionadas: resultam de aplicações conservativas

e/ou provisões para uma expansão da capacidade.

• Ciclos de operação variáveis: raramente as bombas funcionam na

capacidade máxima 24/7, mas elas devem ser dimensionadas para a condição máxima de operação.

• Encontrar o maior ponto de efici-ência: Estabelecer procedimentos para que as bombas operem pró-ximas do seu ponto de eficiência

máximo.A melhor abordagem para a gestão de

energia em estações de tratamento de água/ efluentes é a combinação de medi-das de Eficiência Energética Passiva e Eficiência Energética Ativa, complemen-tadas por uma auditoria formal e um processo de quantificação energética.

Energia PassivaDevido ao mercado de bombas ser grande, bem estabelecido e geralmente sempre buscando novidades, é fácil encontrar uma solução de bombeamento que proporcione algumas chances de economia energética além de operação adequada às suas necessidades.

Aqui estão algumas medidas de energia passiva que uma empresa pode utilizar.

Primeiro, um operador deve ter e gerenciar um registro completo dos dados de funcionamento das bombas, para avaliar tendências de custos energéticos e falhas, então deve avaliar os custos de ciclo de vida e o possível retorno da substituição por motores mais eficientes.

Segundo, quando um motor falha, o operador deve ter em mente os custos da troca do equipamento versus o custo de um conserto, isso considerando todo o ciclo de vida.

Outro item que deve ser considerado como uma medida passiva é a reparação de qualquer vazamento no sistema de ar comprimido utilizado em ferramentas ou no controle de válvulas. A iluminação também é outra fonte típica de possibilidades de economia de energia.

Atualizar equipamentos elétricos simples por aparelhos mais eficientes geralmente trazem um retorno rápido sobre o investimento e permitirão investimentos em outras medidas de eficiência energética ativa. Em algumas circunstâncias por exemplo, pode-se utilizar a luz natural para iluminar alguns ambientes, reduzindo a necessidade de lâmpadas por todo lado.

Energia AtivaOs inversores de frequência fornecem uma excelente abordagem para gestão de energia ativa. Os inversores de frequência podem regular a velocidade dos motores,

Por JACK CREAMER, Gerente Comercial do Seguimento Bombas, Schneider Eletric e LEE E. FERRELL, Eng., Associado U.S. GBC LEED, Centro de Pesquisas Água e Efluentes Schneider Eletric.

T

CONTROLANDO CUSTOS

COM BOMBAS O maior custo energético em estações de tratamento de água e efluentes é o custo de operação das bombas.

Figura 1: Distribuição do consumo de energia em um processo de tratamento de água típico.

Figura 2: Distribuição do consumo de energia em um processo de tratamento de efluentes típico.

Page 33: Revista_PE
Page 34: Revista_PE

34 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

CONTROLANDO CUSTOS

COM BOMBAS e consequentemente a velocidade das bombas, o que resulta em:

• Capacidade de ajustar a velo-cidade do motor para casos de bombas superdimensionadas, reduzindo o consumo de energia.

• Capacidade de adequar a velo-cidade do motor com os ciclos de funcionamento – reduzindo o consumo de energia em situa-ções de pouca demanda.

• Capacidade de trabalhar com bombas próximo de seu ponto de melhor eficiência, novamente, reduzindo o consumo de energia.

Os princípios de eficiência dos inversores de frequência são baseados nas Leis de Afinidade:

1. A vazão é proporcional à velocidade do motor.

2. A pressão é proporcional ao qua-drado da velocidade do motor.

3. A energia é proporcional ao cubo da velocidade do motor.

Utilizando a lei de afinidade para ener-gia, fica claro que reduzindo a velocidade do motor da bomba em aproximadamen-te 10%, o consumo de energia é reduzido em mais de 25%. Se reduzirmos a velo-cidade em 20%, o consumo de energia é reduzido em aproximadamente 50%.

Sistemas de BombeamentoA correta aplicação dos sistemas de bombeamento é um importante aspec-to para aprimorar a gestão energética. Desenvolver habilidades para monitorar eficiências pode reduzir os custos ope-racionais totais. Existem muitos docu-mentos relatando o perfil crescente de custos de uma operação de tratamento de água e efluentes. O aumento nos custos é referente à depreciação e envelhecimento da infraestrutura e pressões legais no mercado. Além disso, o custo de capta-ção e tratamento da água eleva os custos operacionais.

Com o monitoramento adequado, as eficiências podem ser direcionadas e a informação utilizada para basear progra-mas de resposta à demandas ou reduzir os custos energéticos aproveitando-se de períodos em que as tarifas de energia são menores. A utilização correta das bom-bas pode ser decidida com o adequado

monitoramento dos equipamentos, auxi-liando assim os operadores a utilizarem as bombas nos momentos certos para operarem com a maior eficiência possível. Estratégias podem ser desenvolvidas para supervisionar toda a rede de distribuição, analisando a capacidade de armazena-mento e a automação de processos, com a finalidade de reduzir períodos com sobrecarga de demanda, que geram maio-res custos energéticos.

A automação também é necessá-ria para reduzir os custos operacionais. Automação utilizada para controlar a velocidade das bombas assim como para otimizar estratégias que são complexas de executar manualmente. Tais estratégias podem considerar os melhores horários para funcionar as bombas, baseado na diferenciação da estrutura tarifária das concessionárias de energia elétrica, arma-zenando água ou efluente para posterior bombeamento. Além disso, a automação dos equipamentos permitirá que sinais de queda de rendimento sejam percebidos mais rapidamente, possibilitando assim uma melhor manutenção preventiva.

Procedimentos Operacionais PadrãoO sucesso na gestão energética para bombas está em utilizar a menor quan-tidade possível de energia mantendo a conformidade na operação. Operações adequadas e procedimentos de manu-tenção são o primeiro passo para manter um sistema eficiente. Deve-se também manter rotinas de limpeza das linhas de

sucção e descarga para prevenir atrito e manter o nível da água nos tanques de sucção e descarga em um ponto ideal.

Outro procedimento é reduzir o con-sumo de energia através da redução da altura manométrica de uma bomba. A redução na altura manométrica é propor-cional à redução do consumo de energia. A altura manométrica é reduzida tam-bém pela redução em perda de carga.

Dimensionar uma bomba acima de suas necessidades para manter uma margem de segurança operacional irá resultar em redução do ciclo de vida da bomba e aumentar o consumo de energia. Gerenciar a vazão de uma bomba com inversores de frequência, na maioria dos casos, ou a redução no diâmetro do rotor irão aumentar a eficiência em uma bomba superdimensionada. Condições de baixa vazão como em estiagens ou a redução do consumo de água em uma comunidade resultarão em uma bomba ineficiente. Novamente, inversores de frequência ou a redução do rotor poderão ajudar nessas situações. A restrição no fluxo devido entupimentos ou incrustação também prejudicarão a eficiência energética.

Calibrado com EficiênciaUm fator importante para melhorar a eficiência energética é a calibração dos equipamentos. Medidores de vazão e sen-sores de pressão corretamente calibrados permitirão que a bomba funcione perfei-tamente. Por exemplo, se um medidor de vazão está fora de calibração e realiza uma leitura incorreta da vazão real, pequenas

Figura 3: Para melhorar a eficiência geral, combine medidas de eficiência energética ativa e passiva.

Mensuração e controle

de energia

Eficiência energética passiva Eficiência energética ativa

Comece com o básico

Otimizar através de Controle & Automação

Monitorar, manter, melhorar

Controle de bombas, otimização do software, controle do processo,

inversores de frequência…

Instalação de medidores, serviços de monitoramento,

softwares de análise de eficiência energética.

Escolha bombas com eficiêncai energética

comprovada, material de isolamento, correção

do fator de potência.

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CONTROLANDO CUSTOS

COM BOMBAS

mudanças na velocidade causarão incre-mento significativo à conta de energia devido a relação cúbica entre a velocidade e a energia mencionada anteriormente.

Um exemplo de sucesso de tal estra-tégia é o plano de ação focado em redu-zir o consumo energético elaborado pela Schneider Electric e implementado em 26 unidades de uma empresa em 2004. Além da elaboração de vários planos e procedi-mentos de economia passiva de energia, a empresa utilizou inversores de frequência

para controlar rotinas das bombas e do sistema de aquecimento, ventilação e refri-geração. De 2004 a 2008, a empresa econo-mizou $6,1 milhões reduzindo o consumo de energia elétrica em 14% e evitando a emissão de 40.000 toneladas de CO2.

O acompanhamento da demanda é um importante aspecto da gestão ativa de energia. Para isso, sistemas de monitora-mento podem ser instalados apenas em determinados componentes, em proces-sos ou até mesmo para monitorar toda a

empresa, sendo possível inclusive receber relatórios completos elaborados a partir do sistema de aquisição de dados.

A correta gestão da energia elétrica representa uma excelente oportunidade de redução de custos operacionais, prin-cipalmente em estações de tratamento de água e efluentes. Dependendo da matriz energética, a eficiência energética representa também redução na pegada de carbono. Não há melhor ganho para uma empresa do que reduzir os custos e ainda ajudar o ambiente. PE

Jack Creamer é o gerente comercial do segmento de bombas da Schneider Eletric América do Norte. Ele pode ser contata-do em +1 (919) 217-6464, [email protected], www.schneider--electric.us. Lee E. Ferrell é Engenheiro Ambiental, espe-cializado em gestão energética, acreditado em LEED e membro do U.S. Green Bulding Council, EUA. É consultor de processos e energia para tratamento de água e efluen-tes da Schneider Electric. Ele pode ser conta-tado em +1 (864) 886-1640 ou em [email protected].

Figura 4: Aplique a lei da afinidade para energia e verifique que com a redução da velocidade do motor e consequentemente da bomba, em 10%, reduz o consumo de energia em mais de 25%. Reduzindo a velocidade em 20%, o consumo de energia cai pela metade.

N = Velocidade; Q =Vazão; H = Altura Manométrica; P = Potência

Velocidade, % Velocidade, % Velocidade, %

Vazã

o, %

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36 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

CONTAMINAÇÃOTORNANDO VISÍVEL A

remediação de qualquer área contaminada é uma tarefa complicada. Mas no instante em que se descobre que combustível, óleo, hulha ou creosoto foi derramado ou vazou para o solo, tudo rapidamente fica mais complicado

– desde aspectos legais até o orçamento do projeto. Felizmente, existem algumas tecnologias, frequentemente ignoradas, dispo-níveis para auxiliar no planejamento de projetos de remediação, reduzindo a exposição legal da empresa e controlando os cus-tos. Já é hora de apresentar esses novos instrumentos capazes de fornecer um panorama completo dos sites.

Velhos hábitosPara localizar e mapear a contaminação subterrânea, os técni-cos realizam amostragens coletando amostras físicas do solo, com trados ou sondas, perfurando várias vezes o solo para coletar amostras suficientes para definir a área afetada. Esse processo é repetido até que o técnico acredite que toda a área potencialmente afetada esteja coberta.

Técnicos experientes conseguem dizer se há óleo, combustíveis ou outras substâncias derivadas de petróleo pelo cheiro e pela aparência do solo. Para determinar a magnitude da contami-nação ou o tipo de substância, as amostras devem ser enviadas para um laboratório analítico qualificado, o que pode atrasar em vários dias ou até algumas semanas o início do trabalho no campo.

Apesar desse método ser aceito pelas agências ambientais e já ser utilizado por décadas, normalmente ele resulta em uma figu-ra incompleta da área atingida. Coletar amostras suficientes para definir com precisão a natureza e a extensão da contaminação seria muito caro. Frequentemente, técnicos são pressionados a tomar atalhos no intuito de conter os custos, o que pode levar a dados inconsistentes. Além disso, o processo de amostragem está relacionado com outros problemas, como a ineficiência na recuperação da amostra, compressão do solo e imprecisão na profundidade. Além disso, a maioria das análises não diferen-ciam os contaminantes dissolvidos ou carreados pela água, do combustível/óleo concentrado, conduzindo os técnicos a uma suposição equivocada que a pluma de contaminação é maior do

que ela é realmente.Após a obtenção dos dados, os técnicos geram então um

plano para a remediação. Infelizmente é comum descobrir áreas afetadas pela contaminação, anteriormente desconhecidas, após o início das atividades de remediação. Uma remobilização de equipes de amostragem é então necessária para criar uma melhor representação da distribuição do contaminante. Casos como esse, reduzem o tempo hábil para finalizar o projeto e elevam os custos.

Iluminando o caminhoPara mapear a distribuição frequentemente heterogênea de óleos, combustíveis ou outros líquidos não solúveis em água (NAPLs) com precisão, algumas empresas adotaram novas fer-ramentas que utilizam o Laser Indutor de Fluorescência (LIF), uma tecnologia que foi inventada no começo da década de 90 e desde então tem sido comprovada pela agência ambiental americana (EPA). O LIF permite coletar mais leituras do solo em menos tempo. Ao invés de coletar amostras físicas, as ferra-mentas de leitura ótica do LIF utilizam a luz para coletar infor-mações em tempo real assim que a sonda é inserida no solo.

Em termos simples, a sonda age como uma ferramenta que pinta uma imagem detalhada de onde o óleo ou combustível vazou, foi derramado ou por onde ele passou desde a fonte de contaminação. Os resultados são apresentados em registros coloridos que mostram o tipo e a profundidade dos contami-nantes através de cada perfuração. Se um contexto amplo do site é desejado, todos os registros podem ser combinados com coordenadas geográficas para criar um modelo conceitual do site (CSMs) utilizando softwares disponíveis de vários fornece-dores. Os CSMs ilustram claramente a distribuição dos NAPLs no solo e mostram aos engenheiros exatamente o que eles pre-cisam saber para remediar o site – uma única vez.

A tecnologia de LIF utiliza a fluorescência inerente dos hidro-carbonetos policíclicos aromáticos (HAPs) presente em óleos pesados, combustíveis e outros NAPLs. O petróleo leve, por exemplo, aparece quase branco sob a excitação da luz ultravioleta (UV), o diesel combustível emite uma luz clara azul-esverdeada. Por sua vez, NAPLs densos como combustíveis para navios ou

Por RANDY ST. GERMAIN, Presidente da Dakota Technologies Inc., EUA

A

CONTAMINAÇÃOA tecnologia de indução de fluorescência ainda é pouco conhecida, mas pode detectar contaminantes no solo com precisão.

TORNANDO VISÍVEL A

36 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

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ABR a JUN 2011 www.revistaPE.com.br 37

CONTAMINAÇÃOTORNANDO VISÍVEL A

hulha não fluorescem bem sob a luz UV, mas reagem aos com-primentos de onda de luz visível. Por causa desse fenômeno, instrumentos específicos para cada grupo de contaminantes foi desenvolvido, o UV optical screening tool (UVOST) para detec-ção de NAPLs leves. Para hulhas e creosotos foi desenvolvido o tar-specific green optical screening tool (TarGOST).

Geralmente, um instrumento de LIF consiste de uma sonda de aço com uma abertura fortemente protegida por uma pelí-cula feita de safira. Conforme a sonda penetra o solo, o laser emite luzes através dessa abertura. Qualquer HAPs contidos em combustíveis, petróleo ou hulha são excitados pela luz, fluorescendo-os. Um cabo de fibra ótica transmite os sinais de fluorescência até a superfície onde eles são registrados no equi-pamento e mostrados em tempo real. Dessa forma, técnicos e consultores simplesmente assistem o desenvolvimento dos registros surgindo na tela, reagindo imediatamente aos resulta-dos e determinando o próximo local de sondagem.

Enquanto o plano de amostragem mais liberal analisa o solo somente a cada um metro, os instrumentos de LIF leem e arma-zenam medidas a cada centímetro aproximadamente, durante todo o tempo que a sonda penetra o solo. Essa habilidade de rapidamente analisar cada centímetro do solo permite aos equipamentos descobrirem pequenas mais importantes linhas de junção ou fraturas do contaminante.

Os equipamentos de LIF além de coletarem mais dados por sondagem que a amostragem convencional, ainda fornecem os dados em tempo real. De fato, esses equipamentos normal-

mente realizam 10 a 20 sondagens por dia (cobrindo uma área de 90m² a 150m²), enquanto o método convencional cobre uma área de 30m² a 60m².

Maravilhas do LIFA amostragem através do laser é flexível porque pode ser reali-zada sob qualquer condição climática ou em qualquer condição de terreno, podendo ser utilizado até a partir de barcos. O LIF também funciona em diferentes condições de solo – e eles podem ser utilizados em sedimentos sob a água. As maiores limitações são pedregulhos, leito rochoso e outras obstruções sólidas, mas esses também são obstáculos para outros equipamentos de amos-tragem. Equipamentos de LIF também podem ocasionalmente detectar falsos positivos a partir de conchas, turfa ou calcita, mas técnicos experientes reconhecerão esses sinais distintos e poderão realizar uma amostragem no local para confirmar a presença ou ausência do contaminante.

Apesar da tecnologia LIF poder ser utilizada em muitas aplicações, ela é especialmente aplicada em áreas contaminadas porque pode ajudar a reduzir a exposição legal e manter o orça-mento dentro do previsto. Não notar uma contaminação no site pode ser muito litigioso, portanto muitos consultores usam o LIF exclusivamente para gerar CSMs. Isso permite a eles um entendimento mais completo do local, auxiliando a garantir que todo o contaminante foi devidamente removido.

No desenvolvimento de projetos de remediação, tomar ini-ciativas para reduzir o tempo e recursos gastos é essencial, por isso o papel do LIF é tão importante. Devido à capacidade de gerar CSMs mais completos que a amostragem tradicional, o LIF pode eliminar frustações e custos adicionais provoca-dos pela descoberta de novos locais contaminados durante o processo. De uma forma simples, o LIF localiza exatamente a distribuição do NAPLs, uma única vez. PE

Randy St. Germain é presidente da Dakota Technologies, empresa

especializada em produtos e serviços com a tecnologia LIF. Ele pode

ser contatado pelo email [email protected] ou +1

(701) 237-4908. Visite www.dakotatechnologies.com.

Todos os registros podem ser compilados para criar um modelo conceitual em três dimensões do site.

Para cada sondagem, o LIF gera registros coloridos que ilustram a contaminação e a profundidade.

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VisãoRegional

38 Pollution Engineering ABR a JUN 2011

Rio Grande do Norte – Agilizando o

licenciamento ambiental no Estado.

A ferramenta de informática do Instituto de

Desenvolvimento Sustentável e Meio Am-

biente (IDEMA) já pode ser acessada por

meio do site do órgão, no endereço www.

idema.rn.gov.br. Os novos processos já saem

com login e senha inicial, que pode ser alte-

rada pelo usuário. Todos os empreendedores

que possuem processo no órgão, e não rece-

beram senha, podem solicitar login e senha

de acesso na Central de Atendimento do

órgão, em sua sede.

Para garantir a segurança dos dados , todas

as informações trocadas entre empreende-

dor e técnicos serão auditadas, ou seja, fica-

rão gravadas no sistema e poderão ser aces-

sadas em caso de dúvidas pelo chefe do

setor. O empreendedor não saberá o nome

do colaborador do IDEMA que está analisan-

do o seu processo. Essa medida irá garantir a

privacidade do profissional.

São Paulo – Licenciamento ambiental

pela internet.

O processo de licenciamento ambiental no

Estado de São Paulo também ganhará mais

agilidade com o lançamento de um novo

portal na internet que simplificará o acesso

do empreendedor, facilitando o envio das in-

formações necessárias para o fornecimento

da autorização legal ao setor produtivo.

Esse novo portal será lançado brevemente

na internet, acredita-se que 90% de todo o

licenciamento feito no Estado passe a ser fei-

to pelo meio eletrônico, com todo o rigor e

celeridade, eliminando a burocracia e simpli-

ficando os trâmites do licenciamento.

BRASIL - Nova resolução Conama

sobre lançamento de efluentes.

Importante alteração promovida pela nor-

ma é que ela revoga parcialmente a Resolu-

ção CONAMA 357 de 2005, que estabelecia

anteriormente condições e padrões de lan-

çamento de efluentes. Desta norma, foram

mantidos os critérios e parâmetros relativos à

classificação e enquadramento de corpos

d’água (em doces, salobras e salinas).

As condições de lançamento de efluen-

tes permanecem as mesmas da CONAMA

357/05 acrescidas de Demanda Bioquímica

de Oxigênio (DBO 5 dias a 20°C), que deve

observar remoção mínima de 60% de DBO, e

valores máximos para Benzeno, Estireno, Etil-

benzeno, Tolueno e Xileno.

Aos empreendimentos e demais atividades

poluidoras que, na data da publicação

desta Resolução, contarem com licença

ambiental expedida, o órgão ambiental

competente poderá conceder prazo de até

três anos, contados a partir da publicação

da Resolução, para se adequarem às condi-

ções e padrões novos ou mais rigorosos esta-

belecidos nesta norma.

Para tanto, o empreendedor apresentará ao

órgão ambiental competente o cronograma

das medidas necessárias ao cumprimento

da Resolução. O prazo previsto poderá ser

prorrogado por igual período, desde que

tecnicamente motivado.

São Paulo - Novos Padrões de Quali-

dade do Ar Aprovados para o Estado.

O Conselho Estadual do Meio Ambiente

(Consema) de São Paulo aprovou a adoção

de novos padrões para medir a poluição, de

acordo com as metas da Organização Mun-

dial de Saúde (OMS).

Com o padrão mais rígido, o Estado delimita

metas de qualidade do ar mais exigentes do

que as vigentes hoje. Pelos atuais padrões

utilizados pela Companhia Ambiental do

Estado de São Paulo (Cetesb), Antes de se

alcançar os níveis finais preconizados pela

OMS, outras três metas intermediárias deve-

rão ser contempladas. Só para a primeira há

prazo estabelecido: três anos. Já para as ou-

tras metas a definição de datas ocorrerá ao

longo da primeira fase.

Esse novo paradigma da má qualidade do

ar deverá ter reflexos importantes a médio

prazo. Novas metas influenciarão os requisi-

tos para empresas obterem licenças ambien-

tais e a aplicação de medidas mais extremas

nas cidades, como a interrupção de aulas e

a ampliação do rodízio de veículos sempre

que o nível de poluição atingir índices críti-

cos.

Sofreram alterações os parâmetros para di-

óxido de carbono, Partícula inaláveis gros-

sas, instituição do parâmetro para partículas

inaláveis finas (menores que 2,5µm), fumaça,

chumbo, dióxido de nitrogênio e ozônio.

A revisão ainda será encaminhada ao gover-

nador Geraldo Alckmin (PSDB), que deve pu-

blicar um decreto com essas determinações.

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