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Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental Semestre 01 . Módulo 06 Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco CEFET-PE CEAD - Coordenação de Tecnologias Educacionais e Educação a Distância 2007

RI Modulo6

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Page 1: RI Modulo6

Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental

Semestre 01 . Módulo 06

Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco CEFET-PE

CEAD - Coordenação de Tecnologias Educacionais e Educação a Distância

2007

Page 2: RI Modulo6

Governo FederalPresidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da SilvaMinistro da EducaçãoFernando HaddadSecretaria de Educação a DistânciaSEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

CEFET-PE Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco

Diretor GeralSérgio Gaudêncio Portela de MeloDireção de EnsinoMaria Tereza Duarte DutraGerente de Ensino SuperiorElba Maria Nogueira Ferraz Ramos

Coordenação de Tecnologias Educacionais e Educação a Distância

Coordenação do NúcleoMaria das Graças Costa Nery da SilvaSuplente CoordenadorRosângela Maria BarbosaCoordenação do CursoJosé Severino BentoConteudistasSivaldo Souza SilvaSuzene Izídio da SilvaElcida de Lima AraújoAlcides MilitãoElizete da Silva CoelhoEduardo Fernandes AraújoProjeto Gráfico e Editoração EletrônicaEliana Virgínia Vieira de MeloJosinaldo Barbosa da SilvaBolsistasLuciano Aguiar SantosLeila Priscila Nunes da SilvaRevisão OrtográficaLeoana Maria de SáFátima SuassunaIlustraçãoLuciano Aguiar Santos

Page 3: RI Modulo6

Sumário

Módulo 6 Relações Interpessoais-Sócio-Ambientais ..........................25

Estatística Aplicada ............................................................. 05

Expressão Gráfica Aplicada ................................................ 51

Fundamentos da Geologia .................................................. 35

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Disciplina: Estatística Aplicada

Módulo 6

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7

OBJETIVOS:

Ao final do capítulo, o estudante deve ser capaz de:

Determinar o tamanho de uma amostra para estimar médias e propor-ções.

Explicar o Teorema do Limite Central e sua importância para a Inferência Estatística.

Calcular Intervalos de Confiança para Médias e Proporções.

Aplicar Teste de Hipóteses.

Elementos de Inferência Estatística

1. Procedimentos para Dimensionamento de uma Amostra

O procedimento para dimensionamento de uma amostra desenvolve-se em etapas distintas:

Analisa-se o questionário1 ou roteiro da entrevista e escolhe-se qual é (são) a(s) variável (eis) mais importante(s) do grupo e a mais significa-tiva;

Identifica-se o nível de mensuração da variável: é ordinal, intervalar ou nominal;

Identifica-se se a população é finita ou infinita.

Em função dessas etapas teremos os seguintes métodos para cálculos de “n”(Dimensionamento da amostra):

Variável intervalar e população infinita 2.( )znds

=

Variável intervalar e população finita 2

2 2

.( 1) .

znd N z

2

2

s .Ν=

− + s

Variável nominal ou ordinal e população infinita

2

2

( . . )z p qnd

=

Variável nominal ou ordinal e população finita

2

2 2 2

( . . . )[ ( 1) . . ]

z p q Nnd d N z p q

=− +

»

»

»

»

»

»

»

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Em que:

Z → abscissa da curva normal padrão, fixado um nível de confiança.

Se o nível de confiança for 95,5%, Z=2;

Se o nível de confiança for 95,0%, Z=1,96;

Se o nível de confiança for 99,0%, Z=2,57.

Em geral, utiliza-se Z=2.

σ → desvio-padrão da população, expresso na unidade variável.

d → erro amostral, expresso na unidade da variável (| | )X dm− < ;

d: máxima diferença aceitável; µ → média populacional e x → média amostral.

N → Tamanho da população.

p → estimativa da verdadeira proporção de um dos níveis da variável esco-lhida (em decimal; ex: 20% = 0,2; 30% = 0,3; etc.).

q → 1-p

Exemplo: 40% do lixo coletado na amostra são de plástico, então p=0,4 (forma decimal de 40%) e q=0,6 (ou seja: 1 - 0,4 = 0,6).

Questionário1

→ O questionário é fundamental na pesquisa e deve ser elaborado com planejamento e muita atenção. Os seguintes procedimentos devem ser observados nessa elaboração:

Definir as características a serem avaliadas: Deve conter somente perguntas sobre as características que se deseja estudar (quanto maior o questionário, menor será a confiabilidade do mesmo);

Estabelecer a forma de mensuração das características:* Variáveis quantitativas: kg, m, l, meses, etc., que devem acompanhar as respostas;

* Variáveis qualitativas: Deve haver uma lista completa de alternativas (inclusive alternativas como “não tem opinião”, etc.) de forma a evitar respostas sem sentido.

»

»

»

»

»

»

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9

2.Intervalo de Confiança e o Teorema do Limite Central

2.1 A Idéia Básica de Intervalo de Confiança

Trata-se de uma técnica para se fazer inferência estatística. Seja Θ um parâmetro populacional e seja θ^ um estimador de Θ, podemos estimar o parâmetro Θ usando informação de nossa amostra. Chamamos o único número que representa o valor mais plausível do parâmetro (baseado nos dados amostrais) de uma estimativa pontual de Θ. Contudo, sabemos que o valor estimado na maior parte das vezes não será exatamente igual ao valor verdadeiro. Então, também seria interessante encontrar um intervalo de confiança que forneça um intervalo de valores plausíveis para o parâme-tro baseado nos dados amostrais.

Um Intervalo de confiança de 95% para um parâmetro populacional for-nece um intervalo no qual estaríamos 95% confiantes de cobertura do verdadeiro valor do parâmetro.

Conhecida a distribuição de probabilidade de θ^, é possível construir um intervalo:

^ ^1 2θ ≤ θ ≤ θ

que contém θ, e se exigir que a probabilidade do intervalo seja de (1-α) = nível de confiança. Geralmente (1-α).100 = 90%; 95%; 99%...

2.2 O Teorema do Limite Central

A Distribuição Normal estudada anteriormente é considerada importante, porque, qualquer que seja a distribuição da variável para grandes amostras, as médias amostrais, usualmente, serão aproximadamente normalmente distribuídas e tenderão a uma distribuição normal, à medida que o tamanho da amostra cresce.

Pode-se ter uma variável original com uma distribuição diferente da normal, podendo até ser uma variável discreta; mas, se forem tomadas várias amos-tras grandes desta distribuição e feito o histograma das médias amostrais, será obtida uma forma parecida com a curva normal.

Perceba que a distribuição Normal possibilita a estimação de parâmetros de populações, mesmo sem o conhecimento de sua real forma. Uma das mais importantes aplicações da distribuição normal, para fins estatísticos, tem a ver com a distribuição de médias. As médias das amostras de certos

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10

tamanhos, tomados de forma que cada item da amostra seja selecionado independentemente dos outros, apresentarão uma distribuição próxima da normal. Esse fato é fundamental, pois significa que você pode generalizar em um processo aleatório, utilizando médias computadas com dados da amostra.

A distribuição da média amostral X é aproximadamente

Normal com média µ e desvio padrão / ns .

Em que µ e σ são a média e o desvio padrão populacionais das medidas individuais X , e n é o tamanho da amostra. Denota-se:

2~ ( , / )X N nms

Ou seja, a aproximação para a normal melhora à medida que o tamanho da amostra cresce. Este resultado é conhecido como o Teorema Central do Limite e permite inferir a partir da amostra, sem qualquer conhecimento da distribuição da população.

Representação esquemática do teorema do Limite Central (Fonte: www.ufmt.br)

Exemplo1: No lançamento de um dado, o espaço amostral é: {1,2,3,4,5,6} e todos os números têm a mesma probabilidade de aparecer. Por exemplo, a possibilidade do número “2” (dois) aparecer no lançamento de um dado é P=1/6. No entanto, se forem lançados dois dados e calculada a média, essa média seguirá uma distribuição aproximadamente normal.

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11

Observe a simulação do lançamento de dois dados (Fonte: producao.ufrgs.br)

Resultados obtidos no lançamento de dois dados (36 lançamentos)

1º Dado 2º dado Soma Média 1º Dado 2º Dado Soma Média1 1 2 1,0 5 2 7 3,51 2 3 1,5 3 4 7 3,52 1 3 1,5 4 3 7 3,51 3 4 2,0 2 6 � 4,03 1 4 2,0 6 2 � 4,02 2 4 2,0 3 5 � 4,01 4 5 2,5 5 3 � 4,04 1 5 2,5 4 4 � 4,03 2 5 2,5 3 6 9 4,52 3 5 2,5 6 3 9 4,51 5 6 3,0 4 5 9 4,55 1 6 3,0 5 4 9 4,52 4 6 3,0 4 6 10 5,04 5 6 3,0 6 4 10 5,03 3 6 3,0 5 5 10 5,01 6 7 3,5 5 6 11 5,56 1 7 3,5 6 5 11 5,52 5 7 3,5 6 6 12 6,0

Tabela de Freqüências da média dos dois dados

Média dos dois dados Freqüência1,0 11,5 22,0 32,5 43,0 53,5 64,0 54,5 45,0 35,5 26,0 1

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12

Observe que a construção do histograma da tabela de freqüências levará a uma curva normal.

Exemplo 2 (Fonte: www.producao.ufrgs.br): Um pesquisador deseja saber a média da idade dos alunos do curso de estatística da Rede Metrológica RS.

Supondo que a população seja:

29 35 2� 43 35 21 49 4139 2� 35 52 39 35 35 2655 42 57 60 44 40 3� 4634 50 32 36 2� 20 36 23

Calcula-se a média (µ) e o desvio padrão (σ). Então:

Mas, se não fosse possível analisar a população inteira, e os dados fossem coletados, por exemplo, por amostras de tamanho n=4, teríamos, então, que:

n n n n n n n n29 35 2� 35 43 21 49 4139 2� 35 39 52 35 35 2655 42 57 44 60 46 3� 4634 50 32 2� 36 20 36 23

Média 39,25 38,75 38,00 36,50 47,75 29,00 39,50 34,00Desvio 9,76 8,17 11,25 5,85 9,07 8,69 5,59 9,72

Assim, pelo Teorema do Limite Central, deve se calcular a média da amos-tra (µx), a variância (σ2

x) e o desvio padrão (σx).

Média das médias (µx):

“O controle estatístico do processo, em geral,, trabalha com a média das amostras,, pois, independentemente da distribuição dos valores individuais, a média desses valores seguirá aproximadamente uma distribuição normal (Fonte: www.producao.ufrgs.br)”.

Por esse motivo, o controle estatístico é comumente utilizado no setor industrial, entre outros, no controle de qualidade da produção.

Page 13: RI Modulo6

13Variância:2

2

2 22

( )

1 8 1 7

(39,25 37,84) ... (34,00 37,84)4,98

8 1

n

i

X

XN

N K

ms

s

−=

= − = − =

− + + −= =

Desvio-Padrão:2 10,034,98 / 5,01

2X X ns s s s= = ∼ = = ∼ (resultados semelhantes)

Vejamos mais um exemplo (Fonte: www.itchihuahuaii.edu.mx):

Considere uma população cuja distribuição de freqüência é representada abaixo:

X Freqüência Freqüência Relativa0 1 1/5 = 0,22 1 1/5 = 0,24 1 1/5 = 0,26 1 1/5 = 0,2� 1 1/5 = .0,2

I – Deve se calcular a média populacional (µ), a variância (σ2) e o desvio- padrão populacional (σ).

22

2 2 2 2 22

0 2 4 6 8 20 45 5

( )

(0 4) (2 4) (4 4) (6 4) (8 4) 40 85 5

8 2.83

n

i

n

i

X

N

XN

m

m

ms

s

s

=

+ + + += = =

−=

− + − + − + − + −= = =

= =

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14

II – Construir o gráfico de distribuição de freqüências para a população:

Gráfico da População

Este gráfico não se apresenta conforme a distribuição normal, então, deve-se tomar amostras da população. Por exemplo:

X 0 1 2 3 4 5 6 7 �F 1 2 3 4 5 4 3 2 1

III - Calcular a média da amostra (µx), a variância (σ2x) e o desvio padrão

(σx).

22

2 2 22

( )

1(0) 2(1) 3(2) 4(3) 5(4) 4(5) 3(6) 2(7) 1(8) 100 425 25

( )

1(0 4) 2(1 4) ..........1(8 4) 100 425 25

4 2

n

Xi

X

NX

Xi

X

X

f XN

f XN

m

m

ms

s

s

=

+ + + + + + + += = =

−=

− + − + −= = =

= =

IV – Construir o gráfico de distribuição de freqüências para a população das médias da amostra:

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Gráfico da distribuição de freqüências para a população das médias da amos-tra

Observe que foi obtida uma aproximação com a distribuição normal. Portanto, é razoável aproximar a distribuição amostral de para uma distribuição nor-mal, uma vez que se conhecem a média, o desvio padrão e a distribuição amostral.

2.3 Intervalo de Confiança

Podemos determinar Intervalos de Confiança para a média populacional (µ) quando a variância (σ2) é conhecida ou desconhecida. É possível, tam-bém, determinar Intervalos de confiança para a variância, o desvio-padrão, a proporção ou para a probabilidade. Mas, neste módulo, vamos analisar o Intervalo de Confiança em relação à média.

Intervalos de confiança de 95% para uma média

Vimos pelo Teorema do Limite Central que, para uma amostra suficien-temente grande, a distribuição das médias amostrais em torno da média populacional é Normal, com desvio padrão σ/√n. Chamamos de σ/√n o erro padrão (SE) da média, uma vez que quanto menor seu valor, tanto mais pró-ximas estarão as médias amostrais da média populacional µ, ou seja, tanto menor será o erro.

média populacional = mdesvio padrão populacional = s

S.E da média = σ/√n

Isto significa que 68,3% de todas as médias amostrais cairão dentro de ± 1 SE (ou SD) da média populacional µ. Similarmente, 95% de todas as médias amostrais cairão dentro de ± 1,96 x SE de µ.

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16

Então, intervalos da forma:

Conterão a verdadeira média populacional µ x 95% das vezes.

entre é igual a µ ± 1 σ 68,26% (1) µ ± 2 σ 95,44% (2) µ ± 3 σ 99,74% (3)

Como podemos não saber o verdadeiro desvio padrão populacional (σ). Podemos utilizar, para grandes populações, o desvio padrão amostral (s), que será uma boa estimativa de σ. Portanto, podemos calcular o erro padrão substituindo σ por s, de modo que:

/ ,SE s n=

Portanto, um intervalo de confiança de aproximadamente 95% para µ é:

Este tipo de intervalo de confiança para a média pode ser usado para grandes amostras, independentemente da distribuição da variável original.

Intervalos de confiança mais exatos

Quando se consideram populações pequenas, onde s é uma estimativa menos confiável de σ, constrói-se intervalo de confiança sem considerar o valor 1,96. Utiliza-se um valor um pouco maior para mostrar a menor confiança.

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A Fórmula abaixo possibilita o cálculo desse intervalo

O valor requerido é obtido na tabela de distribuição t (de Student). Toma-se o valor correspondente à linha r = n-1 graus de liberdade (g.l). Quanto menor for o valor de n, maiores serão os valores de t (e mais próximo de 1,96 será o valor de t). Neste módulo, não vamos nos aprofundar nessa temática, fica a seu critério um maior aprofundamento, pesquisando na bibliografia sugerida ou em outras.

Exemplo: (Fonseca, Jairo Simon da) A amostra: 9, 8, 12, 7, 9, 6, 11, 6, 10, 9 foi extraída de uma população normal. Construir um intervalo de confiança para a média ao nível de 95%.

Solução: Calcula-se a média e o desvio-padrão da amostra:

X = 8,7 (média) e S = 2 (desvio-padrão da amostra).

Como o intervalo de confiança será de 95%, tem-se que: (1-α) = 95% e g.l = n-1 = 10 – 1 = 9 (a amostra tem 10 dados).

Logo:

P( 8,7 – 2,2622 . 2/√10 ≤ µ ≤8,7 + 2,2622 . 2/√10) = 95%

ou P( 7,27 ≤ µ ≤ 10,13) = 95% → O intervalo [7,27; 10,13] contém a verda-deira média com 95% de confiança.

2.4. Significância Estatística de um Desvio

Os desvios que não se distanciam muito da média são considerados esta-tisticamente desvios não-significativos e representam uma grande fração de valores ao redor da média. Fica estabelecido que o intervalo ao redor da média que corresponde a 95% dos valores da população será denominado intervalo de desvios não significativos; este valor é arbitrário e denomina-se área ou região de não significância (C).

Os valores que ficarem fora do intervalo dos desvios não-significativos são considerados desvios significativos.

A letra α indica a região de significância ou nível de significância (os valores mais utilizados para α são 0,05; 0,01 e 0,001).

Page 18: RI Modulo6

1�

Representação Gráfica

Exemplo (Motta, Valter T, 2006): Suponha que a Pressão Arterial Sistólica (PAS) de homens com idade entre 20 e 25 anos possua média (µ) igual a 120 mmHg e desvio padrão (σ) igual a 10 mmHg. Em um grupo de 25 indivíduos fumantes de mesma idade e sexo, observou-se que a PAS média ( ) foi de 124 mmHg. A diferença observada de 4 mmHg pode ser considerada como sendo um desvio sem maiores conseqüências?

Resolução: Deve-se verificar se a PAS média dos 25 fumantes (124 mmHg) distancia-se de modo estatisticamente significativo da média da população de referência (µ = 120 mmHg). Mas, para isso, deve-se estabelecer previa-mente um critério. Usando α = 0,05, determina-se uma região central de 95% e duas áreas caudais de 2,5%.

Lembre-se que:

Z → abscissa da curva normal padrão, fixado um nível de confiança.

Se o nível de confiança for 95,5%, Z=2;

Se o nível de confiança for 95,0%, Z=1,96;

Se o nível de confiança for 99,0%, Z=2,57.

Então, os valores críticos de Z que limitam essa área, vão de -1,96 a 1,96. Ou ainda, pode-se dizer que 1,96 é o valor crítico de Z para α = 0,05.

Para se obter o escore Z de uma amostra, utiliza-se a fórmula:

Para os dados do exemplo temos: 124 120 210 / 25

Z −= =

»

»

»

Page 19: RI Modulo6

19

Observe que: Z calculado (Z=2) é maior que o Z0,05/2 = 1,96. Então, o Desvio é significativo (é pequena a probabilidade de essa amostra de fumantes apresentarem uma média de PAS mais elevada simplesmente pelo acaso).

2.5. Teste de Hipóteses

É uma técnica para se fazer inferência estatística. A partir de uma amostra realiza-se o teste para inferir (estimar) para toda a população. Em geral, inter-valos de confiança são a forma mais informativa de apresentar os achados principais de um estudo.

Quando se formula uma hipótese em relação a uma determinada caracterís-tica de uma população, tem-se que a amostra extraída pode:

Pertencer à população de origem, e as diferenças observadas são devido às flutuações normais;

Não pertencer à população, e as diferenças encontradas representam um efeito real e não um acaso.

2.6. Nível de Significância

Para a formulação de uma hipótese, devem-se estabelecer os limites que se tomam como base para afirmar que certo desvio é decorrente do acaso ou não.

São aceitos como estatisticamente significativos os níveis P=0,05 e P=0,01, ou seja, 5% e 1%.

Deve-se estabelecer o nível de significância antes da pesquisa (experi-mento) ser realizada, que corresponde ao risco que se corre de rejeitar uma hipótese verdadeira ou aceitar uma hipótese falsa. A significância de um resultado também é denominada de valor p (p-value).

2.7. Hipótese Estatística

É uma suposição quanto ao valor de um parâmetro populacional ou quanto à natureza da distribuição de probabilidade de uma variável populacional.

»

»

Page 20: RI Modulo6

20

2.7.1. Tipos de Hipótese

As hipóteses referentes às médias populacionais são:

Ho → Hipótese Nula: µ=µo (as duas médias foram extraídas da mesma população);

H1 → Hipótese alternativa: µ≠µo (as duas médias não foram extraídas da mesma população).

2.7.2. Tipos de Erros

Tipo I → A Hipótese é verdadeira, mas é rejeitada.

Tipo II → A Hipótese é falsa mais é aceita.

A probabilidade de ocorrência do erro tipo I é designado por α (nível de signi-ficância do teste) e do erro tipo II, por ß.

Síntese dos possíveis erros e acertos de um teste

RealidadeHo verdadeira Ho falsa

DecisãoAceitar Ho Decisão correta (1- α) Erro Tipo II (ß)Rejeitar Ho Erro tipo I (α) Decisão correta (1- ß)

Fonte: Fonseca, Jairo Simon da (1996).Obs.: o erro tipo I só pode ocorrer quando se rejeita HoObs.: o erro tipo II só pode ocorrer quando se aceita Ho.

Exemplo: Pode ser feito o teste de lançamento de uma moeda para verificar se ela é viciada ou não.

Sendo: p=1/2 (a probabilidade de cair cara) e q=1/2 (a probabilidade de cair coroa). Podem-se estabelecer duas hipóteses:

Hipótese nula: Ho: p-q = 0 → p=q. Então, pode-se concluir que a moeda não é viciada.

Hipótese Alternativa: H1: p-q ≠ 0 → p ≠ q. Então, pode-se concluir que a moeda é viciada.

»

»

»

»

»

»

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21

2.8. Elementos de Qualquer Teste de Hipóteses

Neste módulo, não é possível nos aprofundarmos no tema, o qual pode ser estudado por você, caro(a) aluno(a), consultando-se a bibliografia sugerida ou outras que tratam do tema. Contudo, vamos traçar os passos que devem ser seguidos para realizar um teste de hipóteses:

Identificar o teste estatístico apropriado para os dados que se desejam analisar (podem ser testados valores das médias, correlações, freqüên-cias, etc.);

Estabelecer o nível de significância;

Estabelecido o nível de significância, escolhe-se o teste apropriado (que exige conhecimento de Estatística);

A escolha do Teste depende, em geral, de:

- Tipos de dados: nominais, ordinais ou intervalares (vide módulos):

Nominais → estudo de proporções - Teste de Qui-quadrado;

Ordinais → estudo de proporções, medianas, quartis, moda – Testes: Qui-quadrado; Kruskal-Wallis, regressão lógica e outros testes não paramétricos.

Intervalares: estudo de proporções, medianas, quartis, moda - Testes: Qui-quadrado; Kruskal-Wallis. Também se podem estudar as médias, desvios-padrão, efetuar análise de variância, a correla-ção e regressão linear e outros testes não paramétricos.

V) Analisar se a amostra é pequena ou grande;

VI) Definir a hipótese nula (Ho) → Em geral, escolhe-se aquela que se deseja rejeitar e provar o contrário.

VII) Definir a hipótese alternativa (H1) → Freqüentemente essa hipó-tese é simples: “Ho não é verdadeira”.

VIII) Obter a distribuição nula, que é simplesmente a distribuição amos-tral do teste estatístico, supondo que a hipótese nula seja verdadeira.

IX) Comparar a estatística observada com a distribuição nula. Se o valor obtido cai numa região suficientemente improvável da distribuição nula, então, H0 é rejeitada como improvável de ser verdadeira.Se, por outro lado, o valor obtido cai numa região provável da distribuição nula, então, H0 não pode ser rejeitada.

I)

II)

III)

IV)

»

»

»

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22

Importante: Aceitar H0 não significa que a hipótese nula seja verdadeira , mas, apenas, que não existe evidência suficiente para rejeitá-la.

Caro(a) aluno(a), o estudo da Estatística possibilita um grande enriquecimento nos seus trabalhos científicos. Com os módulos estudados, oferecemos as ferramentas necessárias para um bom desempenho nessa área; mas lembre-se de que muitas informações foram vistas superficialmente, e cabe a cada um, em função das necessidades ou interesses, aprofundar esses estudos. Apresentamos, adiante, referências bibliográficas que podem ajudá-lo(a) em suas consultas.

Exercícios:

1) Sendo p=q= 0,5, população infinita, d=0,04 e 1-α=95%, determine o tama-nho da amostra.

2) Sendo p=q= 0,5, população de 80.000, d=0,05 e 1-α = 95,5%, determine o tamanho amostral.

3) O CEFET-PE conta com cerca de 6000 alunos. Obtenha uma amostra representativa correspondente a 20% da população.

4) Tenho 80 lâmpadas numeradas numa caixa. Como obtemos uma amostra de 12 lâmpadas?

5) Considerando sua turma, calcule, pelo Teorema do Limite Central, a média da idade de todos os alunos da sala.

6) Dada a seguinte população representativa da temperatura (em oC) regis-trada em determinada localidade, num certo período:

10 0� 12 11 1314 09 12 21 1913 25 24 0� 1111 13 14 22 2120 23 26 27 2110 11 0� 09 0914 15 17 1� 1�16 10 24 25 2527 22 21 09 11

Page 23: RI Modulo6

23

calcule o tamanho da amostra para se estimar a média, sendo d=1 e 1-α=95,5%;

retire uma amostra aleatória simples, considerando o tamanho amostral obtido em “a”;

agrupe os elementos da amostra em classes;

calcule sua média;

calcule o desvio-padrão amostral;

calcule a média da população e verifique se (│µ - │≤ d).

7) Na sua turma de Gestão Ambiental, analisando a distribuição das alturas, verifique se ela representa uma distribuição normal. De qualquer forma, cal-cule:

a média;

a variância;

o desvio-padrão;

retire uma amostra de 20% dos alunos dessa sala;

calcule a média dessa amostra;

construa, ao nível de significância de 95%, o intervalo para a verdadeira altura média dos alunos.

8) Uma amostra é composta pelos seguintes elementos: 6, 6 ,7 ,8, 8, 8, 9, 10, 10, 10, 11, 12, 12, 13, 15, 15. Construir os intervalos de confiança para a média, sendo: 1-α = 97,5% e 1-α = 90,0%.

a)

b)

c)

d)

e)

f)

a)

b)

c)

d)

e)

f)

Page 24: RI Modulo6

24

REFERÊNCIAS

FONSECA, J. S. da e MARTINS, G. de A. – Curso de Estatística, 6ª Ed. – São Paulo: Atlas, 1996.

MOTTA, V. T. – Bioestatística, 2ª Ed. – Caxias do Sul (RS): Educs, 2006.

CALLEGARI – JACQUES, S.M. – Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed, 2003.

CRESPO, A.A. – Estatística Fácil – 18ª Ed. - São Paulo (SP), Editora Saraiva, 2002.

FARHAT, C.A.V. e ELIAN, S.N – Estatística Básica – 1ª Ed. – São Paulo (SP), Editora LCTE, 2006.

www.ufmt.br

www.producao.ufrgs.br

www.itchihuahuaii.edu.mx):

Alguns programas (softwares) estatísticos:

Statística → www.statsoft.com;

Minitab → www.minitab.com

EpiCalc → www.myatt.demon.co.uk

SAS → www.sas.com

Stata → www.stata.com

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Disciplina Relações Interpessoais Sócio-Ambientais

Módulo 6

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Capítulo 1: ética ambiental

Apresentação

Neste módulo, vamos refletir um pouco sobre problemas ambientais nas escalas global e local, discutindo sobre ética, política e educação ambiental como formas de construir uma consciência pró-ativa, visando à conservação e preservação ambiental.

1. Questões ambientais globais e locais

Muitas questões ambientais globais poderiam ser tratadas neste tópico, todavia vamos tomar como exemplo aquelas relativas às mudanças climáti-cas globais.

Mudanças climáticas é um tema muito discutido na atualidade e tais mudan-ças advêm das somas das perturbações causadas por diferentes atividades humanas, tais como o desflorestamento intensivo e a emissão de poluentes na atmosfera.

Nas diferentes formações vegetacionais do mundo, o homem desempenha atividades que requerem a retirada da cobertura vegetal. Em função de suas necessidades, o homem retira a vegetação para uso energético (lenha, carvão); madeireiro (construção de casas e cercas, fabricação de utensí-lios, etc.), estabelecimento da agricultura (feijão, milho, hortaliças e outros); pastoreio (Figura 1); estabelecimento de moradias (urbanização) (Figura 2), entre outros.

A retirada da vegetação leva a uma modificação das paisagens naturais e também a uma alteração na taxa de seqüestro de Carbono de cada ambiente, porque as plantas, através do processo denominado de fotossíntese, são as principais responsáveis pela retirada do Carbono do ar.

O aumento da concentração de CO2 (seja pela retirada da cobertura vegetal, seja pelo excesso de emissão de gases na atmosfera) leva a um aumento da temperatura, induzindo mudanças climáticas em escala local e mundial.

IMPACTOS DO AQUECIMENTO GLOBAL

Entre os impactos que poderão ser ocasionados pelo aquecimento global, podemos destacar problemas graves relacionados à:

àgua: 3 bilhões de pessoas podem ser expostas à severa escassez de água;

saúde: 600 milhões de pessoas podem ser atingidas pela fome e pela desnutrição em razão de secas, à degradação dos ambientes e à salinização do solo;

biodiversidade: 30% das espécies animais e vegetais poderão ser extintas, se a temperatura média do mundo subir entre 1,5ºC e 2,5ºC;

economia: 4ºC de aumento na temperatura do ar pode levar a uma perda média de 1% a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) global (Fonte: Modificado de http://www.unifacs.br/ pesquisa/eventos/ 6%20seminario%20combustiveis/tarde/Paulo%20Cunha%202007%20JUNHO%20UNIFACS.pdf).

FORMAS DE MODIFICAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS

NATURAIS

O homem faz uso diversificado da vegetação. Entre eles, temos a exploração da mesma para uso como lenha, como mostra a figura abaixo. Esta prática tem levado à eliminação local de espécies, redução do tamanho das populações e

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2� Figura 1. Vista de uma área de caatinga, onde a vegetação lenhosa foi retirada para estabelecimento de uma área de pastagem. Nestas áreas, poucos indivíduos arbóreos

remanescentes são mantidos no pasto (Foto: Elcida L. Araújo).

Figura 2. Vista de uma área de caatinga,onde a vegetação foi retirada para construção de residências(Foto: Elcida L. Araújo).

Além de questões ambientais globais, localmente muitos problemas ambien-tais são vivenciados pela sociedade. A maioria deles ocorre devido à ocupação desordenada das cidades e à exploração predatória dos recursos naturais. O lixo resultante das atividades humanas, via de regra, é um problema ambiental de escala local, que traz transtornos, também, à saúde humana, tornando-se um problema social, sanitário e ambiental.

Em ecossistemas aquáticos (como os reservatórios, açudes, etc.), o excesso de nutrientes que chega ao ambiente aquático, proveniente de efluentes domésticos e rejeitos industriais, tem causado a eutrofi-zação artificial (ou seja, o enriquecimento excessivo de determinados nutrientes). A crescente eutrofização dos corpos d’água proporciona o surgimento de florações de microalgas (florações significa o cres-cimento excessivo de algumas populações de microalgas), podendo algumas delas serem tóxicas à saúde dos animais, incluindo o homem. Um exemplo de um problema desta natureza pode ser o famoso caso, conhecido como Síndrome de Caruaru, onde 76 pacientes de uma clí-nica de hemodiálise, do município de Caruaru-PE, morreram por serem tratados com água que estava contaminada com uma toxina, denomi-nada de microcistina. Este problema ambiental ocorreu em escala local, mas teve repercussão em escala mundial, sendo discutido em vários fóruns ambientais e de saúde pública.

fragmentação florestal.

Outra prática bastante utilizada, na região nordeste, é a retirada da vegetação para estabelecimento de áreas de agricultura, como vemos abaixo, representado pelo cultivo de palma.

Foto: Suzene I. Silva

Ainda outra prática usual é a retirada de vegetação para estabelecimento de áreas de pastagens. Vejam, na foto abaixo, extenso trecho desflorestado onde o gado pasta livremente.

Foto: Suzene I. Silva

TESTE DE ÉTICA

“Ao tomar uma decisão, faça 3 perguntas:

1. É uma decisão legal? (do ponto de vista civil, criminal e em relação à política da empresa?).

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Vamos, agora, comentar um pouco sobre o problema da ética versus a polí-tica ambiental adotada por nossa sociedade.

2. Ética ambiental x política ambiental

Antes de adentrarmos propriamente em uma discussão sobre a ética e a política ambiental, nos cabe entender melhor o que é ética. Por isso tecere-mos, abaixo, alguns comentários sobre a ética e a prática.

A palavra ética vem do grego “ethos”, que quer dizer o modo de ser, o caráter. Os romanos traduziram a palavra “ethos” do grego para o latim “mos” (ou no plural “mores”), que quer dizer costume, de onde vem a palavra moral. Tanto “ethos” (caráter) como “mos” (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente humano que não é natural, o homem não nasce com ele como se fosse um instinto, mas o costume é “adquirido ou conquistado por hábito”. Portanto, ética e moral, pela própria etimologia, dizem respeito a uma reali-dade humana que é construída, histórica e socialmente, a partir das relações coletivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e vivem.

Podemos ampliar a compreensão desta palavra buscando entender o que diz os dicionários de nossa língua. Ética é conceituada como parte da filoso-fia que estuda os valores morais da conduta humana. Também é entendida como um conjunto de princípios morais que devem ser observados no exer-cício de uma profissão.

Os termos ética e moral, hoje em dia, são utilizados como sinônimos. Todavia, do ponto de vista técnico existe distinção entre estes dois termos. A moral pode ser entendida como um sistema de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social, ou seja, que são acatadas pelo indivíduo de forma livre e consciente, por convicção íntima, e não como uma imposição do grupo social.

Já a ética pode ser entendida como a teoria, o conhecimento ou a ciência do comportamento moral, que busca explicar, compreender, justificar e criticar a moral de uma sociedade. Logo, a ética é filosófica e científica, ao contrário da moral, que, como vimos acima, tem caráter normativo.

Existe um ditado popular que diz que uma vida só é vivida quando é envol-vida em outra vida, ou seja, a vida humana requer convívio, indicando que o homem não pode viver só. É na convivência ou na vida social que o homem torna-se realizado como um ser moral e ético. São nas relações interpessoais que os questionamentos de ordem moral aparecem. Em muitas situações, o homem freqüentemente necessita refletir sobre como deve agir

2. É uma decisão imparcial? (Todos os envolvidos serão ganha-dores?)

3. Vou me sentir bem comigo mesmo, tomando esta decisão? (Se for publicado nos jornais? / Se a minha famíliasouber?)”

Se as 3 respostas forem positivas, o quociente da nossa Inteligência Emocional (IE) é alto e a nossa decisão provocaráretornos de excelentes resultados.

Se forem negativas, os retornos serão comprovadamente desas-trosos a curto ou longo prazo e devemos desenvolver, com urgência, o quociente da nossa Inteligência Emocional (IE).

Atualmente, para evitar as con-seqüências desastrosas da falta de ética, inúmeras instituições, empresariais ou não, possuem seu Código de Ética obrigatório para todos os participantes, condição de permanência na organização.

A integridade é a única conduta vencedora e sintoma de alto quo-ciente de Inteligência Emocional.

Livro consultado: “O Poder da Administração Ética” Kenneth Blanchard / N.V. Peale (Fonte: http://www. mh.etc.br/documentos/seja_bem_sucedido_nas_rela-coes_humanas.pdf)”.

UM POUCO DO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

1950 e 1960, diante de episódios como a contaminação do ar em Londres e Nova York.

1953 e 1965, a diminuição da vida aquática em alguns dos Grandes Lagos norte-americanos, a morte de aves provocada pelos efeitos secundários imprevistos do DDT e outros pesticidas.

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e quais decisões deve tomar. Por exemplo, diante de um distúrbio ambiental e mediante uma proposta de suborno para não registrar uma denúncia, o Gestor Ambiental necessita tomar uma decisão que vai envolver seu caráter moral e ética profissional.

Toda a reflexão sobre os problemas que um gestor ou qualquer outro profis-sional tem a enfrentar estará relacionada ao que é socialmente considerado correto ou errado, justo ou injusto, bom ou mal, segundo a moral vigente, exigindo deles ações e comportamentos que envolvem uma avaliação, um julgamento ou um juízo de valor.

Ao deixarmos de refletir os porquês de nossas atitudes, estamos, de certa forma, aceitando como natural a realidade social, política, econômica e cultural vigente. Conseqüentemente, deixamos de exercitar nossa capaci-dade crítica, ou seja, não colocamos em prática os nossos valores éticos e morais.

Os valores éticos e morais do homem se refletem nas políticas ambientais. A história do crescimento econômico e do desenvolvimento tecnológico no país está, infelizmente, relacionada à degradação dos recursos naturais, tornando críticos os impactos causados ao ambiente.

As políticas públicas ambientais nascem em resposta aos transtornos ambien-tais que comprometem a economia e a sustentabilidade de gerações futuras. Por exemplo, o ciclo da cana-de-açúcar foi e ainda é muito importante para a história econômica da região Nordeste. Todavia, um dos subprodutos desta prática econômica, conhecido como vinhaça, tornou-se um sério problema ambiental bastante discutido nas décadas de 70 e �0. A vinhaça é um subpro-duto do processo de fabricação do álcool (etanol), obtido a partir da destilação do caldo fermentado da cana-de-açúcar. Este subproduto, durante décadas, foi lançado ao céu aberto, nos mananciais de superfície (rios, riachos, entre outros), ocasionando danos à flora e à fauna do ambiente aquático.

Devido a todos os problemas ambientais advindos da deposição da vinhaça no ambiente, muitos fóruns sociais e políticos foram instituídos, levando ao aparecimento de políticas ambientais efetivas para o tratamento da vinhaça. Estas políticas levaram à aprovação de leis ambientais, hoje, em vigência, tais como: 1. a Portaria MINTER n° 323, de 03/11/1980, que proíbe o lan-çamento da vinhaça nos mananciais superficiais; 2. Resolução CONAMA n° 0002, de 05/06/1984, que determina a realização de estudos e apresentação de projeto de resolução, contendo normas para controle da poluição causada pelos efluentes das destilarias de álcool e pelas águas de lavagem da cana; 3. Resolução CONAMA n° 0001, de 23/01/1986, que obriga que seja realizada a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e o Relatório de Impacto Ambiental

1960 e 1970, construção de grande parte dos conhecimentos atuais dos sistemas ambientais do mundo foi gerada nesse período.

1972, Conferência de Estocolmo, discussão do desenvolvimento e ambiente, conceito de ecodesenvolvimento .

1973, no Brasil, cria-se a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA).

1975, a UNESCO, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, cria o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA).

1978, Criação de cursos voltados às questões ambientais em várias universidades brasileiras.

1983, no Brasil, o Decreto n.º 88.351/83, que regulamenta a Lei n.º 226/87, determina a necessidade da inclusão da Educação Ambiental nos currículos escolares de 1º e 2º graus.

1986, I Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente.

1987, realiza-se o Congresso Internacional sobre a Educação e Formação Relativas ao Meio Ambiente, em Moscou, Rússia, promovido pela UNESCO.

1989, Primeiro Encontro Nacional sobre Educação Ambiental no Ensino Formal, IBAMA-UFRPE, Recife.

1990, o Ministério da Educação (MEC), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) desenvolvem diversas ações para consolidar a Educação Ambiental na Brasil.

1990, Declaração de Haia, preparatório da Rio-92 – aponta a importância da cooperação internacional nas questões ambientais.

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(RIMA) para novas indústrias instaladas ou quaisquer ampliações efetua-das nas já existentes. Assim, o Gestor Ambiental passou a ter instrumentos legais para fiscalização e monitoramento de empreendimentos econômicos no setor alcooleiro.

Outro exemplo ambiental, muito discutido na atualidade, diz respeito ao esta-belecimento de empreendimentos em áreas ciliares, ou seja, em áreas com vegetação que ocorre em torno dos mananciais hídricos. Estas áreas eram e ainda são preferidas por proporcionar água para agricultura, para o pasto-reio e para as atividades humanas. O quadro atual mostra que a maioria das margens ciliares encontra-se descaracterizada e muitas das espécies, consi-deradas ciliares, não são mais encontradas com freqüência nessas áreas.

O problema ambiental das margens ciliares requer ações que proíbam o desmatamento de novas áreas e que incentivem o reflorestamento destes ambientes. As ações de reflorestamento de matas ciliares são medidas que proporcionam uma melhoria da qualidade da água do manancial, porque possibilitam: 1. melhoria das condições de infiltração e armazenamento da água pluvial nas imediações da área reflorestada, pois a malha formada pelas raízes da vegetação auxilia na retenção da água, reduzindo seu esco-amento superficial; 2. redução da erosão das margens ciliares, minimizando problemas de assoreamento do leito do corpo hídrico; 3. o aumento da superfície de sombreamento, o que favorecerá a redução da taxa de evapo-ração das águas; 4. recuperação da paisagem natural do ambiente ciliar e 5. o aumento da biodiversidade local.

Hoje, devido ao problema ambiental e ao exercício das políticas públicas, existem leis de proteção às margens ciliares. Estas se constituem em ins-trumentos legais que devem ser utilizados pelo gestor no gerenciamento de ambientes ciliares. Entre as leis, vamos citar duas que serão úteis na prática do Gestor Ambiental:

a Lei nº 4771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Código Florestal, estabelece, como de preservação permanente, as florestas e demais formas de vegetação natural, situadas ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d´água naturais ou artificiais;

Resolução CONAMA No 302, de março de 2002, que dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno de manan-ciais hídricos. O Art. 1º desta Resolução versa sobre o estabelecimento de parâmetros, definições e limites para as Áreas de Preservação Permanente de reservatório artificial e a instituição da elaboração obri-gatória de plano ambiental de conservação e uso do seu entorno. O Art 3º desta Resolução constitui Área de Preservação Permanente a área

1)

2)

1992, Conferência Rio-92 estabelece uma proposta de ação, denominada Agenda 21.

1993, Criação dos Centros de Educação Ambiental do MEC, com a finalidade de criar e difundir metodologias em Educação Ambiental.

1994, I Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental, Guadalajara, México.

1997, Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientização Pública para a Sustentabilidade, Grécia.

1997, I Teleconferência Nacional de Educação Ambiental, MEC. “

(Fonte: http://www.proext. ufpe.br/cadernos/meio%20ambiente/OFICINAS%20DE%20ARTESANATO%20COM%20O%20LIXO%20NA%20ILHA%20DE%20ITAMARACA-PE.doc).

GESTÃO AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

“A gestão pública estratégica dos recursos hídricos é de fundamental importância para a conservação e bom uso da água e deve ser encarada como prioridade pelos órgãos gestores que tratam dessa temática. Por se tratar de um bem natural, único, essencial ao ser humano e à vida e que está distribuído de forma desigual no planeta, além de apresentar atualmente, em todo o mundo, sinais evidentes de crescente escassez e deterioração, a gestão dos recursos hídricos é tratada de forma preponderante na Gestão Ambiental.

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com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reservató-rios artificiais, medida a partir do nível máximo normal de:

trinta metros para os reservatórios artificiais situados em áreas urbanas consolidadas e cem metros para áreas rurais;

quinze metros, no mínimo, para os reservatórios artificiais de geração de energia elétrica com até dez hectares, sem prejuízo da compensação ambiental;

quinze metros, no mínimo, para reservatórios artificiais não utilizados em abastecimento público ou geração de energia elétrica, com até vinte hectares de superfície e localizados em área rural.

Assim, a prática profissional do gestor requer o conhecimento das leis ambien-tais e estas, por sua vez, ao serem elaboradas, refletem atitudes éticas e morais da sociedade em relação aos seus problemas ambientais.

3. Educação ambiental formal e informal e sua contribuição na construção da conscientização ambiental

A compreensão do termo Educação Ambiental (EA) pode ser considerado ainda em construção, sendo seu entendimento dependente do que compre-endemos como meio ambiente.

Para alcançar a meta do desenvolvimento sustentável, a educação ambiental deve contribuir para a formação de um indivíduo social, que reflita e busque desenvolver novas formas de relações interpessoais e com o ambiente em seu entorno.

A educação ambiental pode ter caráter formal e informal. A educação ambiental formal constitui-se em um eixo integrador do processo educativo, envolvendo as normas institucionais, os conteúdos formais, as experiências de aprendizagem, entre outros. Logo, a educação promove um novo modelo de socialização educativa, que pode também ser considerada socialização ambiental. A Educação Ambiental (EA) formal busca auxiliar o indivíduo na prática da criticidade, do diálogo, do resgate de valores e saberes comunitá-rios, da formação de cidadãos e da transformação da realidade. A Educação Ambiental Formal é aquela desenvolvida na rede de ensino, através da ativi-dade curricular, tendo como referência pedagógica os Parâmetros Curriculares Nacionais do MEC e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), tanto no planejamento quanto na execução de currículos.

I)

II)

III)

A implantação de um programa de Educação Ambiental em um sistema de gestão pública do recurso hídrico deve, primeiramente, contemplar por parte do Gestor Público, conforme salienta Layrargues, “... a vontade política para garantir a existência das instâncias de intervenção social legítimas, representativas, autônomas e transparentes, na formulação e implementação de políticas que agreguem amplos setores da sociedade e não permitam o surgimento de posturas clientelistas,...”.

Um sistema de gestão pública do recurso hídrico deve buscar a cooperação e participação conjunta de autoridades locais, setores privados e a comunidade, de maneira a incorporar a variante ambiental na expansão e melhoria da qualidade de vida da população, atuando como suporte aos processos de decisão do desenvolvimento sustentado e ainda deve ser um referencial para a coordenação de atividades ambientais entre setores, agentes e lugares. O seu principal objetivo deve ser o trato e manejo ambiental de maneira integral dos sistemas hídricos ou bacias, buscando aproveitá-los, protegê-los e recuperá-los, a fim de satisfazer as crescentes demandas da população, prevenindo-se quanto aos problemas de esgotabilidade, centrado na orientação de preservação da água para o futuro.

O engajamento do cidadão e a percepção dos problemas ambientais locais são os primeiros passos para o sucesso de uma eficiente política que contemple os objetivos da Educação Ambiental, definidos na

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A Educação Ambiental Informal é aquela praticada fora do ambiente escolar. Está principalmente vinculada a ações comunitárias, sendo desenvolvida por associação de moradores, clubes, igrejas, etc. A Educação Ambiental Informal tem por objetivo sensibilizar a sociedade para os problemas ambientais, de forma que a mesma possa mudar de atitudes em relação à exploração e conservação dos recursos naturais. Tenta fazer com que todos se sintam participantes e responsáveis pelo uso e conservação do ambiente, evitando, assim, sua degradação.

De modo geral, a Educação Ambiental Informal utiliza técnicas diversifica-das para a percepção dos problemas ambientais. Para isto, muitas vezes se utiliza da cultura popular local (teatro, dança, música) para realizar uma comunicação em massa mais eficiente. A prática da educação Ambiental Informal permite fazer um diagnóstico local das necessidades e prioridades das comunidades.

Tanto a Educação Ambiental Formal quanto a Informal constituem-se em um processo de ensino-aprendizagem permanente e contínuo que objetiva a preparação de cidadãos conscientes, que participem de tomadas de deci-sões em prol de uma gestão sócio-ambiental, comprometida com a melhoria da qualidade de vida e do bem -estar social de gerações presentes e futuras, tanto a nível local quanto global.

4. Atividade a ser desenvolvida pelo(a) aluno(a)Identifique e apresente, no fórum desta disciplina, as principais ques-tões ambientais de seu município.

Discuta estratégias de ação para minimizar os problemas ambientais identificados por você.

5. Bibliografia consultada

BRAGHIROLLI, M. E.; BISI, G. P.; RIZZEN, L. A.; NICOLETTO, U. 2000. Psicologia Geral. 1ª ed. Vozes, Petrópolis- RJ.CAMPBELL, B. 1983. Ecologia Humana. Edições 70. Lisboa. 260p.D´ASSUMPÇÃO, E.A. 1984. Comporta-se fazendo: conceitos de ética para o profissional de saúde. Editora PUC-MG, FURMAC. Belo Horizonte. 241p.DIAS, G.F. 1992. Educação Ambiental: princípios e práticas. Ed. Gaia, São Paulo.

RICKLEFS, R. E. 1996. A economia da natureza. 3a. ed. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 469p.

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I Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, realizada em Tbilisi, em 1977, e que coloca a necessidade da:

Consciência - para que se possam ajudar os indivíduos e grupos sociais na busca da sensibilidade e conseqüente assimilação da consciência necessária dos problemas do meio ambiente global e suas questões;

Conhecimento - para adquirirem uma diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio ambiente e os problemas que o afetam;

Comportamento - que resulte em comprometimento com uma série de valores éticos, tal que os indivíduos se sintam interessados pelo meio ambiente, participando, assim, da proteção e da melhoria ambiental;

Habilidades - para adquirirem as habilidades necessárias para a correta identificação e resolução de problemas ambientais;

Participação - visando proporcionar a possibilidade da participação ativa nas tarefas que busquem resolver os problemas ambientais” (Fonte: http://www.aguabolivia.org/situacionaguaX/IIIEncAguas/contenido/trabajos_azul/TC-126.htm).

a)

b)

c)

d)

e)

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Disciplina: Fundamentos da Geologia

Módulo 6

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Aulas 01 e 02

Conforme visto no Módulo III, a composição ideal de um solo para o plan-tio deve apresentar em torno de 50% de material sólido e 50% de poros (espaços vazios). A parte sólida do solo apresenta ±45% de material mine-ral e ±5% de material orgânico. Os poros estão divididos em macroporos (espaços grandes, através dos quais o ar e a água circulam) e microporos (espaços pequenos, através dos quais a água fica retida), apresentando ±25% de ar e ±25% de água.

Então vejamos:

1. Material mineral

As partículas minerais do solo podem ser classificadas tanto quanto o seu tamanho como sua origem e composição. Em relação à origem, existem dois tipos:

os remanescentes da rocha que deu origem ao solo;

os produtos secundários, decompostos e/ou recompostos depois da intemperização dos minerais da rocha-mãe.

Os minerais primários existentes, na maior parte dos solos, são aqueles componentes das rochas mais resistentes ao intemperismo químico e, por isso, permanecem mais tempo no solo, mantendo sua composição original, mas podendo fragmentar-se pela ação do intemperismo físico.

Os minerais secundários provêm da decomposição daqueles da rocha-mãe, que são mais suscetíveis de se alterarem. Em sua maioria, encontram-se caracteristicamente em partículas de pequeno tamanho e a composição quí-mica é muito peculiar. São, em sua grande maioria, as argilas que imprimem ao solo propriedades muito importantes.

Os minerais do solo podem também ser classificados em argila, silte e areia, conforme a dimensão de suas partículas. A proporção desses componentes pode ser precisamente determinada no laboratório pela análise granulomé-trica.

a)

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2. Matéria orgânica

A matéria orgânica do solo é proveniente da adição de restos de origem vege-tal ou animal. As folhas, raízes, caules, frutas e outros detritos vegetais e produtos de origem animal, como os corpos dos vermes e de micróbios bem como o esterco, estão entre esses principais tipos de adição, tanto naturais (quando, por exemplo, da reciclagem dos vegetais da floresta, horizontes O), como artificiais (como, por exemplo, pela adição de esterco e palhas nos cultivos).

Este resto orgânico decompondo-se se transforma no húmus que, por pro-cessos de mineralização, libera alguns nutrientes minerais. Em condições de temperatura elevada e boa aeração, a matéria orgânica original (folhas, etc.) se mineraliza relativamente depressa, liberando rapidamente nutrientes para as plantas. Quando, em climas mais secos e/ ou frios, a taxa de mineraliza-ção é menor e a de humificação é maior, há um maior acúmulo de húmus.

Essas transformações se processam de maneira idêntica ao intemperismo de certos minerais primários, tal como visto anteriormente: passando por diver-sas e complexas reações, os materiais originais tanto se transformam em um produto secundário (no caso, o húmus), como liberam nutrientes.

O húmus é a parte mais estável da matéria orgânica com alta densidade de cargas elétricas em sua superfície, capazes de adsorver e trocar cátions. Sua capacidade de adsorver e ceder nutrientes excede em muito à das argi-las, o que faz com que pequenas quantidades aumentem grandemente as características dinâmicas do solo, e isto ocorre,principalmente, no horizonte A. Por esse motivo, o húmus é considerado de vital importância para a vida no solo.

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Os processos envolvidos na formação e transformação dessas matérias orgânicas são referidos como o ciclo do carbono ou ciclo da vida. As plantas assimilam o gás carbônico (COz) da atmosfera, transformando-o com o auxí-lio da água e de nutrientes que extraem do solo, em compostos de carbono. Estes podem ser, por exemplo, fibras (celulose, etc.) ou alimentos (carboi-dratos e proteínas, principalmente) que depois são, em condições naturais, incorporados ao solo, onde iniciam sua decomposição.

A matéria orgânica do solo é benéfica de várias maneiras. Certas substâncias provenientes da decomposição dos restos orgânicos servem de “cimento” na formação dos agregados do solo, melhorando suas características físicas, notavelmente a permeabilidade, a porosidade e a retenção de água.

3. A água do solo

O solo pode reter água, armazenando-a por um determinado tempo. As plantas utilizam-se dessa água absorvendo-a e, em boa parte, devolvendo-a à atmosfera em forma de vapor. Desta forma, a água absorvida em forma líquida entre as partículas do solo vai esvaziando-se dos espaços porosos.

Sua reposição pode ser feita naturalmente pelas chuvas ou, artificialmente, pela irrigação. No interior dos solos, ela fica retida tanto nos poros, entre agregados, como em finas películas em torno da superfície das partículas coloidais.

Nem todos os solos têm a mesma capacidade de armazenar essa água. Ela varia em função de várias características, tais como textura, tipo de argila, estrutura e conteúdo de matéria orgânica. Solos arenosos e com pouco húmus têm menor capacidade de armazenar água disponível do que os argi-losos ou de textura média, ricos em húmus.

A água do solo contém pequenas e variáveis quantidades de sais minerais, oxigênio e gás carbônico, formando uma solução diluída, conhecida como solução do solo. O tipo e a quantidade dos elementos que se encontram dissolvidos nessa solução muito dependem dos elementos e compostos quí-micos que estão adsorvidos em torno dos colóides, os quais funcionam como uma espécie de reservatório, sendo a água o veículo onde se movimentam. Entre esses sólidos coloidais e o rico líquido da solução do solo, existe um equilíbrio que é mantido graças à capacidade de troca.

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4. Ar do solo

O ar situa-se nos poros (ou “vazios”) do solo tanto entre agregados (nor-malmente macroporos), como entre partículas unitárias de argila e silte (normalmente microporos). Encontra-se aí livre (em formas de espaços vazios) ou subdividido em pequenas bolhas dissolvidas na água. Existe, portanto, uma relação dinâmica entre as fases líquida e gasosa do solo. À medida que o volume de água aumenta, o volume de ar decresce, variando, assim, com o tempo, suas quantidades.

Sendo o solo um meio biologicamente ativo, as raízes das plantas, micróbios e pequenos animais, ao respirarem, consomem oxigênio e liberam gás car-bônico. Por isso, o ar do solo possui quantidades de gás carbônico maiores que a atmosfera. As raízes das plantas precisam de oxigênio para produzir energia, que é usada para a absorção dos nutrientes contidos na fase líquida. Sendo assim, é essencial para o desenvolvimento de todas as plantas supe-riores que, além da água, exista certa quantidade de ar no solo.

Certas plantas são mais tolerantes que outras a deficiências de aeração, mas todas perecem na completa ausência de ar nos poros do solo. Mesmo nos cultivos chamados hidropônicos, sem uso do solo, a água tem que ser cons-tantemente oxigenada com injeção contínua de ar, à semelhança do que é feito em aquários de peixes ornamentais.

A atividade da maioria dos microrganismos úteis ao solo é regulada dire-tamente pelas condições de aeração: na presença abundante de ar, rico em oxigênio, os microrganismos participam ativamente nas transformações (incluindo a mineralização).

5. Poluição dos solos

O solo é um corpo vivo, de grande complexidade e muito dinâmico. Tem como componentes principais a fase sólida (matéria mineral e matéria orgânica), e a água e o ar na designada componente “não sólida”. O solo deve ser encarado como uma interface entre o ar e a água (entre a atmosfera e a hidrosfera), sendo imprescindível à produção de biomassa. Assim, o solo não é inerte, o mero local onde assentamos os pés, o simples suporte para habitações e outras infra-estruturas indispensáveis ao homem, o seu “caixote do lixo”! Sempre que lhe adicionamos qualquer substância estranha, estamos a poluir o solo e, direta ou indiretamente, a água e o ar.

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O uso da terra para centros urbanos, para as atividades agrícola, pecuária e industrial tem tido como conseqüência os elevados níveis de contaminação. De fato, aos usos referidos associam-se, geralmente, descargas acidentais ou voluntárias de poluentes no solo e águas, deposição não controlada de produtos que podem ser resíduos perigosos, lixeiras e/ou aterros sanitários não controlados, deposições atmosféricas resultantes das várias ativida-des, etc. Assim, ao longo dos últimos anos, têm sido detectados numerosos casos de contaminação do solo em zonas urbana ou rural. A contaminação do solo tem-se tornado uma das preocupações ambientais, uma vez que, geralmente, a contaminação interfere no ambiente global da área afetada (solo, águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e vegetação), podendo mesmo estar na origem de problemas de saúde pública.

A poluição do solo consiste numa das formas de poluição, que afeta parti-cularmente a camada superficial da crosta terrestre, causando malefícios diretos ou indiretos à vida humana, à natureza e ao meio ambiente em geral. Consiste na presença indevida, no solo, de elementos químicos estranhos, de origem humana, que prejudiquem as formas de vida e seu desenvolvi-mento regular.

A poluição do solo pode ser de duas origens: urbana e agrícola.

6. Poluição de origem urbana

Nas áreas urbanas, o lixo jogado sobre a superfície, sem o devido trata-mento, é uma das principais causas dessa poluição. A presença humana, lançando detritos e substâncias químicas, como os derivados do petróleo, constitui-se num dos problemas ambientais que necessitam de atenção das autoridades públicas e da sociedade.

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A poluição atmosférica, nas regiões urbanas, tem aumentado devido à cres-cente atividade industrial e ao aumento do número de veículos motorizados em circulação. A qualidade do ar urbano tem causado sérios problemas às condições de vida das pessoas, das plantas e dos animais que vivem nas cidades e arredores.

Elevadas concentrações de poluentes advindos de atividades industriais e do processo de descarga da combustão de veículos automotores, partículas sólidas em suspensão, gotículas de óleo expelidas pelos motores, altas con-centrações de CO, CO2 e SO2 e compostos de Flúor e Cloro são algumas das causas da baixa qualidade do ar.

Estes poluentes provêm de várias fontes, algumas emitidas diretamente de veículos automotores, outras formadas indiretamente através de reações fotoquímicas no ar.

Principal fonte O que causa no ser humano

NO2

Escape dos veículos motori-zados

Problemas respiratóriosCentrais termoelétricasFábricas de fertilizantes, de

explosivos ou de ácido nítrico

SO2

Centrais termoelétricas Problemas respiratórios, irritação nos olhos, problemas

cardiovascularesPetróleo ou carvão

Fábricas de ácido sulfúrico

Partículas em suspen-

são

Escape dos veículos motori-zados

Problemas respiratórios, irritação dos olhos, doenças

cardiovasculares

Processos industriaisCentrais termoelétricas

Reação dos gases poluentes na atmosfera

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Principal fonte O que causa no ser humano

CO

Escape dos veículos motori-zados

Problemas respiratórios, intoxicações, problemas

cardiovasculares

Alguns processos industriais Na exposição prolongada: aumento do volume do baço, hemorragias, náuseas, diar-réias, pneumonia, perda de

memória e outros males.Fumaça de cigarro

Pb (Chumbo)

Escape dos veículos motoriza-dos (gasolina com chumbo) Efeito tóxico acumulativo

Incineração de resíduos Anemia e destruição de tecido cerebral

O3 (Ozônio)

Formados na atmosfera devido à reação de óxidos de azoto, hidrocarbonetos e luz

solar

Irritação nos olhosProblemas respiratórios

(reação inflamatória das vias aéreas)

Nas plantas, os poluentes prejudicam o processo químico. Danos na mem-brana celular, interferência no mecanismo de abertura e fechamento de estômatos e corrosão da cutícula das folhas e acículas são alguns dos efei-tos dos poluentes químicos.

Alguns desses poluentes contaminam o solo através da chuva ácida. Esses gases combinam-se com o hidrogênio presente na atmosfera sob a forma de vapor de água. O resultado são as chuvas ácidas. As águas da chuva, assim como a geada, neve e neblina, ficam carregadas de ácido sulfúrico ou ácido nítrico. Ao caírem na superfície, alteram a composição química do solo e das águas, atingem as cadeias alimentares, destroem florestas e lavouras, atacam estruturas metálicas, monumentos e edificações.

Quando as plantas estão sujeitas a altas concentrações de poluentes, sofrem danos agudos, com sintomas exteriormente visíveis: despigmen-tação da clorofila, descoloração das folhas, necrose de áreas de tecido e órgãos ou a morte. Com baixas concentrações de poluentes, não há, de início, nenhum envenenamento exteriormente visível. Mas mudanças quími-cas, bioquímicas, estruturais e funcionais podem ocorrer (entupimento dos estômatos, alterações na fisiologia da planta), além da susceptibilidade a pragas e doenças.

Calcula-se que 60% da poluição atmosférica nas regiões das grandes cidades sejam decorrentes dos veículos automotores. Outras fontes proble-máticas são indústrias e queimadas, agravadas pelas condições climáticas.

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7. Poluição de origem agrícola

A contaminação do solo, nas áreas rurais, dá-se, sobretudo, pelo uso inde-vido de agrotóxicos, técnicas arcaicas de produção (a exemplo do subproduto da cana-de-açúcar, o vinhoto; dos curtumes e a criação de porcos).

Com a Revolução Industrial, acentuou-se o grau de interferência nos proces-sos naturais e efeitos indesejáveis no ambiente começaram a ser sentidos. Atualmente, temos bem caracterizados problemas de degradação ambiental mais ou menos graves, e que ocorrem em escala local ou global, todos eles com conseqüências negativas para a sobrevivência das formas de vida adap-tadas ao ambiente da superfície da Terra até relativamente pouco tempo. Um exemplo típico é a atmosfera: sua camada de ozônio levou mais de 2 bilhões de anos para formar-se e, uma vez definida, possibilitou a ocupação dos meios aéreos pela Vida, até então restrita ao meio aquático. Atualmente, a destruição de parte da camada de ozônio representa uma ameaça à expo-sição natural ao Sol das espécies terrestres.

Muitos outros exemplos podem ser mencionados: erosão e perda dos solos agrícolas (perdem-se num ano, por manejo inadequado, quantidades de solos que levam milhões de anos para formarem-se), rebaixamento de nível freático por exploração superdimensionada de aqüíferos, salinização de aqü-íferos, contaminação do ar, água e solos, com entrada na cadeia alimentar de substâncias nocivas à saúde, aquecimento global, com redução das geleiras e subida do nível do mar. Nesta relação predominantemente predatória do ser humano com a natureza, uma das componentes é, sem dúvida, a falta de conhecimento, se não dos tomadores de decisão, da população em geral, privada de informações geológicas.

Colapso do solo em Cajamar (SP), em 1986, devido a rebaixamento do nível freático, pela exploração superdimensionada da água subterrânea.

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Assoreamento de rio causado por uso impróprio do solo, com conseqüente erosão (perda de solo agrícola)

Existe também a contaminação da água subterrânea e do solo em área industrial e urbana, causada pela disposição incorreta de grandes quantida-des de resíduos sólidos e esgotos.

A conclusão disto tudo é que as próximas gerações já não terão direito a um ambiente tão saudável como as gerações passadas tiveram. A recuperação deste direito para as gerações futuras é uma meta mundial a ser atingida, o chamado Desenvolvimento Sustentável.

Poluição das águas é um tipo de poluição causado pelo lançamento de esgoto residencial ou industrial não tratados em cursos de água (rios, lagos ou mares) ou ainda pelo lançamento de fertilizantes agrícolas, em quanti-dade demasiado alta que o corpo da água não pode absorver naturalmente. A poluição altera as características da água, enquanto a contaminação pode afetar a saúde do consumidor da água. Assim, uma água pode estar poluída sem estar contaminada.

Os materiais orgânicos presentes no esgoto (excrementos, etc.) nutrem as bactérias aeróbias decompositoras. Por serem aeróbias, consomem o oxigênio diluído na água, podendo matar por asfixia a fauna ali existente (principalmente os peixes). Juntamente com essas bactérias, podem existir ou não os agentes patogênicos: vermes (esquistossomose, etc.), protozoá-rios (giárdias e amebas, etc.), vírus (hepatite, etc.) e bactérias (leptospirose, cólera, febre tifóide, etc.).

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Como as bactérias aeróbias continuam a se multiplicar, e se a poluição conti-nua elevada, a certa altura elas próprias morrem asfixiadas por esgotamento do oxigênio dissolvido na água, sendo substituídas, então, por um novo tipo de bactéria: as bactérias anaeróbicas, que não necessitam de oxigênio, exalando do metabolismo substâncias de muito mau cheiro, como o gás sul-fídrico.

8. Impacto ambiental das atividades humanas

De forma simplificada pode-se afirmar que, em termos de avaliação do impacto ambiental das atividades humanas, existem três grandes problemas no país, inseparáveis, mas inconfundíveis, cada um com uma sistemática de análise científica distinta: as atividades energético-mineradoras, as ati-vidades industriais-urbanas e as atividades agrossilvopastoris. Em geral, os critérios, instrumentos e métodos utilizados para avaliar o impacto ambiental são próprios a cada uma dessas três atividades e não universais.

O impacto ambiental das atividades energéticas e mineradoras é, em geral, intenso, pontual, limitado e preciso em termos de localização (uma hidre-létrica, uma mineração, por exemplo). Empreendimentos dessa natureza envolvem parcelas pequenas de população nos seus impactos diretos e são bastante dependentes de fatores relativamente controláveis. Existem meto-dologias bem estabelecidas para avaliar e monitorar o impacto ambiental desses empreendimentos, onde os aspectos de projeto, engenharia e plane-jamento são passíveis de um alto grau de previsão e controle.

O impacto ambiental das atividades industriais-urbanas é, em geral, de inten-sidade variada, podendo ir de pontual (no caso de uma fábrica poluidora, por exemplo) a difuso (no caso dos poluentes emitidos pela frota de veícu-los, por exemplo).Uma boa parte desses impactos dependem de obras de infra-estrutura e de saneamento, mais amplas do que a abrangência de cada empreendimento. Processos de planejamento e crescimento urbanos também cumprem um papel determinante em muitos casos. As atividades industriais-urbanas atingem, direta e indiretamente, grandes parcelas da população. Existe uma grande quantidade de normas, leis e regulamentos vigindo sobre esse tema, objeto de uma ação fiscalizadora relativamente intensa por parte da população e órgãos públicos.

Já os impactos ambientais das atividades agrícolas são, em geral, tênues, bastante dependentes de fatores pouco controláveis (chuvas, temperaturas, ventos, etc.), atingem grandes áreas de forma pouco precisa, freqüentemente crônica, pouco evidente, intermitente e de difícil quantificação (perda de solos,

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produção de gases, erosão genética, contaminação de águas subterrâneas com fertilizantes ou pesticidas, etc.). Em muitos casos, os piores impactos ambientais da agricultura são invisíveis aos olhos da população, dos con-sumidores e dos próprios agricultores, ao contrário do que ocorre com uma fábrica ou uma mineradora.

Também a nível sócio-econômico, a diferença entre a agricultura e as outras atividades humanas é enorme: empregos gerados, condições de trabalho, fatores sazonais, legislação específica, produção de riqueza, valor agregado, etc. O mundo urbano situa-se na montante (fornecimento de insumos) e na jusante (agro-indústrias e consumidores) da atividade agrícola, podendo mascarar o repasse de impactos ambientais indiretos, positivos ou negati-vos. O uso do álcool combustível nas grandes cidades é um exemplo típico de uma transferência de impacto ambiental positivo do campo para a área urbana.

Nesse sentido, o impacto ambiental de uma atividade agrícola não pode ser tratado como o de uma atividade industrial-urbana ou, pior ainda, como o de uma atividade de exploração energético-mineradora, como pretendem alguns. Um campo cultivado não é uma fábrica, nem uma mina.

9. Fontes de contaminação dos solos

Conforme estabelece o Decreto n.º 28.687/82, art. 72, poluição do solo e do subsolo consiste na deposição, disposição, descarga, infiltração, acumu-lação, injeção ou enterramento no solo ou no subsolo de substâncias ou produtos poluentes, em estado sólido, líquido ou gasoso. O solo é um recurso natural básico, constituindo um componente fundamental dos ecossistemas e dos ciclos naturais, um reservatório de água, um suporte essencial do sis-tema agrícola e um espaço para as atividades humanas e para os resíduos produzidos.

A degradação do solo pode ocorrer por meio da desertificação, uso de tec-nologias inadequadas, falta de conservação, destruição da vegetação nele encontrado pelo desmatamento ou pelas queimadas.

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O desmatamento ou desflorestamento é o corte, o abate e a derrubada indiscriminada de matas e florestas. Os motivos pelos quais o ser humano desmata são diversos. A necessidade de moradia, após a fase das caver-nas, fez com que o homem iniciasse esse processo, culminando nas cidades. Posteriormente, a sua fixação em algumas regiões o levou ao cultivo de alimentos e à criação de animais, iniciando-se, assim, a agricultura e a pecu-ária.

Outra das grandes causas do desflorestamento foi a obtenção de energia e de combustível para ferrovias e indústrias, através da lenha e carvão. A desertificação é um processo de degradação do solo que leva uma região a se transformar em deserto. Esse processo acontece em decorrência de alterações naturais ou provocadas pelo homem, como o desmatamento e a utilização predatória do solo através da agricultura e da pecuária. Essas modificações podem ainda alterar o clima ou serem agravadas pelas condi-ções climáticas e pelas características do próprio solo.

As árvores também foram utilizadas na construção de estradas e edi-ficações, na fabricação de móveis e papel e até mesmo em guerras. O desflorestamento pode resultar na erosão de encostas e margens de rios e, conseqüentemente, em enchentes. Alterações climáticas e poluição do ar também acontecem em decorrência do desflorestamento.

A contaminação dos solos dá-se, principalmente, por resíduos sólidos, líqui-dos e gasosos, águas contaminadas, efluentes sólidos e líquidos, efluentes provenientes de atividades agrícolas, etc. Assim, pode-se concluir que a con-taminação do solo ocorrerá sempre que houver adição de compostos ao solo, modificando suas características naturais e as suas utilizações, produzindo efeitos negativos.

Para que o solo mantenha as múltiplas capacidades de suporte dos sistemas naturais e agrícolas, é fundamental que as suas características estruturais permaneçam em equilíbrio com os diversos sistemas ecológicos. Este condi-cionamento é tanto mais determinante quanto o tipo de solo é frágil e pouco estável.

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A preocupação com os processos de degradação do solo vem sendo cres-cente, à medida que se verifica que, para além da clássica desertificação por secura, outros processos conducentes aos mesmos resultados se têm instalado, devido à:

Utilização de tecnologias inadequadas em culturas de sequeiro.

Falta de práticas de conservação de água no solo.

Destruição da cobertura vegetal.

Um dos principais fenômenos de degradação dos solos é a contaminação, nomeadamente por:

Resíduos sólidos, líquidos e gasosos provenientes de aglomerados urbanos e áreas industriais, na medida em que a maioria são ainda depositados no solo sem qualquer controle, levando a que os lixiviados produzidos e não recolhidos para posterior tratamento contaminem facilmente solos e águas, e, por outro lado, o metano produzido pela degradação anaeróbia da fração orgânica dos resíduos, pode acumular-se em bolsas, no solo, criando riscos de explosão.

Águas contaminadas, efluentes sólidos e líquidos lançados diretamente sobre os solos e/ou deposição de partículas sólidas, cujas descargas conti-nuam a ser majoritariamente não controladas, provenientes da indústria, de onde se pode destacar a indústria química, destilarias e lagares, indústria de celulose, indústria de curtumes, indústria cimenteira, centrais termoelétri-cas e atividades mineira e siderúrgica, assim como aquelas cujas atividades industriais constituem maiores riscos de poluição para o solo.

Efluentes provenientes de atividades agrícolas, de onde se destacam aquelas que apresentam um elevado risco de poluição, como sendo, as agropecu-árias intensivas (suinoculturas), com taxa bastante baixa de tratamento de efluentes, cujo efeito no solo depende do tipo deste, da concentração dos efluentes e do modo de dispersão, os sistemas agrícolas intensivos que têm grandes contributos de pesticidas e adubos, podendo provocar a acidez dos solos, que por sua vez facilita a mobilidade dos metais pesados, e os siste-mas de rega, por incorreta implantação e uso, podem originar a salinização do solo e/ou a toxicidade das plantas com excesso de nutrientes.

Uso desmedido das lamas de depuração e de águas residuais na agricul-tura, por serem materiais com elevado teor de matéria orgânica e conterem elementos biocidas que deverão ser controlados para reduzir os riscos de acumulação.

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O processo de contaminação, pode, então, definir-se como a adição no solo de compostos, que qualitativa e/ou quantitativamente podem modificar as suas características naturais e utilizações, produzindo, assim, efeitos negativos, constituindo poluição. Estando a contaminação do solo diretamente relacio-nada com os efluentes líquidos e sólidos neste lançados e com a deposição de partículas sólidas (lixeiras), independentemente da sua origem, salienta-se a imediata necessidade de controle destes poluentes, preservando e conser-vando a integridade natural dos meios receptores, como sendo os recursos hídricos, solos e atmosfera.

A destruição do manto florestal, os incêndios ambientais ou provocados, o sobrepastoreio e as inúmeras obras de urbanização, acelerando os proces-sos erosivos, têm destruído, ao longo dos anos, enormes áreas de solos cultivados. Milhões de toneladas de solos perdem-se todos os anos devido à erosão. Com a introdução da agricultura, o homem modificou o equilíbrio eco-lógico em numerosas zonas. Muitos animais que no seu ambiente natural são eliminados devido à presença de predadores e parasitas, noutro meio são capazes de aumentar numericamente de forma considerável. Neste processo se deve procurar a origem da maioria das pragas conhecidas.

Para encontrar um novo equilíbrio ecológico e lutar contra os animais e plantas prejudiciais, começaram a utilizarem-se, já há vários anos, certos produtos químicos cujo número e eficácia não pararam de aumentar. Entre esses produtos, destacam-se os pesticidas (fungicidas e inseticidas), agrotó-xicos e herbicidas. Mas, o lançamento de quantidades maciças de pesticidas e herbicidas, além de matar os “indesejáveis”, destrói muitos seres vivos que interferem na construção do solo, impedindo, deste modo, a sua regenera-ção.

Os produtos tóxicos, acumulando-se nos solos, podem permanecer ativos durante longos anos. As plantas cultivadas nestes terrenos infectados podem absorvê-los ainda mesmo quando estes não foram utilizados para o seu próprio tratamento. Assim se explica a existência de pesticidas nos nossos alimentos principais, como o leite e a carne, acabando a sua acumulação por se dar fundamentalmente no homem, que se encontra no fim das cadeias alimentares.

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Disciplina: Expressão Gráfica Aplicada

Módulo 6

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1. Desafio semana 6

Última semana, você já divulgou sua palestra, distribuiu cartazes pelos locais de acesso ao seu público-alvo. O momento agora é organizar as informações da mesma e montar as lâminas expositivas em PowerPoint. A primeira providência a ser tomada é preparar um plano de aula para uma palestra de mais ou menos 50 minutos a 1 hora. A essa altura, você já deve ter, em mãos, todo o conteúdo da palestra a ser organizado em lâminas (ou slides). Logo, vamos passar para a breve organização do plano de aula.

2. Etapas

Plano de aula: levantamento de conteúdo / organização didática

Programa PowerPoint:: comandos básicos / montagem das lâminas

2.1 Plano de aula

Na posse do conteúdo a ser comunicado, é preciso sintetizá-lo em tópicos gerais. Cuidado para não escrever muito texto nas lâminas, pois é muito chato ter de acompanhar um palestrante que só lê parágrafos enormes pro-jetados numa tela. Evite essa monotonia. O texto deve ser breve, curto e claro, como se cada parágrafo a ser explanado tivesse apenas um título e seus desdobramentos em subtópicos. Assim, você poderá se guiar por eles na explanação e acrescentar ou comentar, com desenvoltura, o que ali está sendo exibido, assegurando contato visual / corporal com seu público.

Um breve plano de aula será de grande auxílio nessa síntese. Em geral, um plano de aula leva em consideração cinco quesitos: objetivos, conte-údo, procedimentos didáticos, recursos e avaliação. É possível, também, acrescentar alguma bibliografia para ser repassada, no final da palestra, aos interessados em maiores informações. Observe o organograma de um plano de aula:

Centro Federal de eduCação teCnológiCa de PernambuCo

Curso: Gestão AmbientalPalestra: EcodesignData: 00/00/0000

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Plano de Aula

Objetivos Conteúdo Didática Recursos Avaliação» Definir conceito de Ecodesign.» Reconhecer as etapas de produção.» Aplicar conhecimento à prática proje-tual.

» Breve conceito do Ecodesign.» Situação nacional e internacional.» Exemplos de aplicação projetual.

» (50 min) palestra expo-sitiva com 15 lâmi-nas;» (30 min) tira-dúvidas e debate.

» Computador com PowerPoint.» Canhão multimídia.» Tela de projeção.» Quadro branco com marcadores.

» Participação no debate.

Bibliografia

- SOBRENOME, Nome. Título do livro. Cidade: Editora, 2000 (ano).

Observações

(levar alguns projetos como exemplos feitos a partir das considerações eco-lógicas)

Partindo de tal organização como guia didático, você deverá, agora, resumir, em tópicos por lâmina, o assunto a ser ministrado ao público. Em nosso caso hipotético, seguem alguns exemplos:

Lâmina 1: (abertura com tema geral da palestra);

Lâmina 2: O que é Ecodesign: é projeto pensado a partir das demandas ambientais.

O meio ambiente orienta as decisões projetuais.

O valor ambiental se torna tão ou mais importante que outros fatores econômicos e industriais.

A consideração ao meio ambiente pode intensificar os valores das empresas e instituições.

Lâmina 3: Requisitos

Sem ecodesign: conta apenas Produtividade, Marketing, Inovação Material, Desenvolvimento Tecnológico, Investimentos e Lucros, etc.

Com ecodesign: passa a contar Responsabilidade Social, Sustentabilidade Ambiental, Reciclagem Material, Economia Energética, etc.

Lâmina 4: ... (e assim por diante)

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Passemos, agora, à introdução dos comandos básicos do PowerPoint, com o qual você já irá preparar o arquivo digital de lâminas expositivas para a palestra específica ao seu público-alvo escolhido.

2.2 PowerPoint: comandos básicos

O programa PowerPoint é um software para apresentação de lâminas expo-sitivas, desenvolvido pela empresa norte-americana Microsoft. Há vários outros similares no mercado, alguns de acesso gratuito. É provável que você já conheça a tela inicial deste programa, haja vista ser um programa muito difundido e de fácil manipulação. À medida que você for utilizando, perceberá que não há muitas dificuldades para manejá-lo, e o ideal é expe-rimentar, sem medo, todos os recursos, para que possa discernir e decidir quais deles serão adequados para cada caso projetual que for desenvolvido, sempre em relação a cada contexto comunicativo, respeitando o repertório do seu público- alvo.

A primeira providência a ser tomada é especificar a diagramação básica das lâminas expositivas, o que, no programa, é feito determinando os elemen-tos que compõem a lâmina-mestre. Clique no menu Arquivo > Novo e, em seguida, na coluna à direita, o link Apresentação em branco, como abaixo:

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56Após esse comando, a tela exibirá o espaço de lâmina padrão do programa, com caixas de texto para título e subtítulo. Mas ainda não usaremos essa especificação, pois partiremos de algo bem mais simples, para facilitar a diagramação da lâmina-mestre (slide mestre). Portanto, você deve clicar no padrão de página Em branco, no rol de alternativas Layouts de conteúdo. Observe:

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O resultado é que a lâmina central ficará toda em branco, sem nenhuma caixa de texto. Assim, poderemos especificar os elementos da lâmina-mes-tre. Agora, selecione o menu Exibir > Mestre > Slide mestre. O resultado será uma lâmina cheia de novas caixas de texto padrão: pode deletar todas elas, pois, em seguida, nós mesmos especificaremos as caixas de texto necessá-rias a nosso projeto. Observe a tela abaixo:

Quando tiver deletado todas essas caixas de texto acima, é hora de começar a adicionar os elementos diagramáticos que constarão em todas as lâmi-nas da apresentação (em nosso caso-exemplo, sobre Ecodesign). Com a lâmina-mestre em branco, acione o menu Inserir > Imagem > Do arquivo. É bem provável que as imagens que você editou digitalmente para o car-taz ainda estejam disponíveis em alguma pasta de arquivo. Utilizaremos as mesmas imagens do cartaz, pois se trata de manter a fidelidade à identidade visual de todo o projeto de aula sobre o tema escolhido por você.

Após clicar no menu Do arquivo, uma janela padrão de seleção de arquivos será aberta. Vá até a pasta em que constam seus arquivos de imagens e faça a inserção delas na área de trabalho da lâmina-mestre. Em nosso exemplo, a fotografia do ‘peixe na anêmona’, já editada em duas versões: a foto inteira, e a mesma foto cortada apenas na faixa central da imagem. Deslocamos as duas fotos para comporem a primeira coluna da diagramação, aquela em que colocaremos os títulos de cada lâmina específica. Observe a colocação das duas imagens no canto direito de nossa lâmina-mestre. Obviamente, você não tem de fazer a mesma diagramação que consta nesse exemplo,

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mas seguir o padrão diagramático que foi desenhado para seu cartaz-convite de sua aula, sob o tema escolhido por você.

Agora, acrescentaremos os elementos de linhas que compõem o padrão dia-gramático de nossa aula sobre Ecodesign. Nesse caso, acionamos o comando AutoFormas, na barra inferior do programa, e escolhemos o elemento Linha para desenhá-las na lâmina-mestre. No lado esquerdo, dispomos três linhas que nos servem de referência para o alinhamento dos tópicos de cada lâmina, que serão acrescentados mais adiante. Abaixo, próximo à imagem alinhada à direita, dispomos algumas linhas para o título da lâmina-mestre.

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Nosso passo seguinte será alterar a cor das linhas, selecionando todas elas de uma só vez e clicando com o botão direito do mouse sobre uma delas, quando uma janela de especificações será exibida. Selecionamos Formatar AutoForma. Uma nova janela de especificações será aberta. Aqui, escolhe-mos a cor Ouro:

Desse modo, definimos o padrão cromático de todas as lâminas. Agora, acrescentaremos o título da apresentação, ECODESIGN, na mesma cor.

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Nossa lâmina-mestra está pronta. Clicando no menu Exibir > Normal, volta-mos ao espaço de colocação dos tópicos. Na primeira lâmina, criaremos a abertura. Em nosso caso, utilizamos a foto do peixe mais escura e colocamos o título da palestra. Tal foto foi posta sobre os elementos da lâmina-mestre.

Acrescentamos a segunda lâmina, em que começaremos a digitar os vários tópicos da aula, que, em nosso caso-exemplo, é o conceito de Ecodesign.

De agora em diante, o padrão será o mesmo da lâmina anterior, só mudando o subtítulo lateral e os respectivos tópicos do assunto. Você poderá abrir nosso arquivo completo de aula, que segue em anexo a esta aula, e poderá estudar e analisar todas as especificações que fizemos para os elementos de cada lâmina, totalizando um total de 15 (quinze). Agora é com você.

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