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ACÇÃO DE FORMAÇÃO SALVAMENTO EM MEIO AQUÁTICO CASO PRÁTICO: SURF NOVEMBRO 2010 (DOCUMENTO DE APOIO) DOCENTES: Henrique Frazão DISCENTES: Diogo Furão João Anunciação Maria Monteiro

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ACÇÃO DE FORMAÇÃO

SALVAMENTO EM MEIO AQUÁTICO

CASO PRÁTICO: SURF

NOVEMBRO 2010

(DOCUMENTO DE APOIO)

DOCENTES:

Henrique Frazão

DISCENTES:

Diogo Furão

João Anunciação

Maria Monteiro

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UNIDADE CURRICULAR DE DNIII NOVEMBRO 2010

1

Índice

História do Surf ........................................................................................................................... 3

Origem ...................................................................................................................................... 3

Surf (verbo) .............................................................................................................................. 3

Condições de Surf ...................................................................................................................... 3

Correntes ................................................................................................................................... 3

Segurança ...................................................................................................................................... 4

Factores de Risco ....................................................................................................................... 4

Condicionantes do meio ........................................................................................................ 5

Condicionantes do equipamento .......................................................................................... 6

Condicionantes do surfista .................................................................................................... 6

Lesões ............................................................................................................................................ 6

Prevenção ...................................................................................................................................... 9

Salvamento no meio aquático ................................................................................................ 11

1. Princípios do salvamento ................................................................................................ 11

1.1. Reconhecimento ..................................................................................................... 11

1.2. Planeamento ........................................................................................................... 11

1.3. Acção ....................................................................................................................... 11

2. Categorias de náufragos .................................................................................................. 13

2.1. Naufrago consciente cansado ................................................................................. 13

2.2. Naufrago consciente em pânico .............................................................................. 13

2.3. Náufrago aparentemente inconsciente: ................................................................. 14

3. Componentes de resgate ................................................................................................ 15

3.1. Meios e técnicas de salvamento ............................................................................. 15

4. Conceito de Afogamento ................................................................................................ 19

5. Trauma ............................................................................................................................ 20

5.1. Princípios de Abordagem a vítimas de trauma ....................................................... 21

6. Reanimação e técnicas de reanimação ........................................................................... 24

6.1. Suporte Básico de Vida (SBV) .................................................................................. 26

6.2. Procedimentos do SBV ............................................................................................ 26

6.3. Algoritmo para Adulto European Resuscitation Council (2005) - ERC .................... 26

6.4. Posição lateral de segurança (PLS) .......................................................................... 29

6.5. Suporte básico de vida em crianças ........................................................................ 30

6.6. Probabilidade de Sobrevivência no SBV .................................................................. 30

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Anexo A ....................................................................................................................................... 33

Bibliografia .................................................................................................................................. 34

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História do Surf

Origem

Segundo Warshaw (2003), o capitão inglês James Cook, que deu inicio à colonização

europeia das ilhas do Pacífico, chegou ao Havai em 1778 e viu um homem a apanhar

uma onda, em cima de uma prancha, sendo o primeiro europeu a presenciar e a

escrever sobre surf.

Em Portugal, Pedro Martins de Lima teve a sua primeira tentativa de surf, com uma

prancha comprada em Biarritz, em Carcavelos, em 1959, sendo considerada como o

início do surf em Portugal (Lima, 2008; Valente, 2000).

Surf (verbo)

“To float on the crest of a wave toward shore.” (Deslizar sobre as ondas)

Condições de Surf

As melhores condições para a prática de surf ocorrem quando o vento sopra da terra

para o mar (vento offshore). Quando o vento sopra do mar para a terra (vento

onshore), é ainda possível praticar surf, mesmo que se trate de um vento ligeiro que

apenas afecte a superfície da água. Se se tratar de um vento forte poderá ser ainda

possível fazer surf, mas as ondas serão pesadas e tenderão a quebrar de formas

muito variáveis. O principiante que começa as suas sessões dentro de água deverá

tentar aprender rapidamente a compreender as condições ambientais. Por exemplo, a

primeira coisa que notará é que as ondas surgem em séries geralmente formadas por

três ondas com intervalos de águas calmas entre elas.

Correntes

Quando uma onda rebenta descarrega a sua energia e empurra a água sobre a areia.

Esta água volta em seguida para trás. Podemos considerar aqui um exemplo. Se

lançarmos um balde de água sobre um plano uniformemente inclinado a 30 graus, a

água escorrerá para trás. De forma regular. Se o plano inclinado tiver altos e baixos,

ou montanhas e vales, a água tenderá a escorrer para os pontos baixos ou canais

existentes. É exactamente isto que acontece na praia. Devido a uma tempestade ou à

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acção das ondas a camada superior da areia encontra-se continuamente em

movimento, formando altos e baixos à superfície. São os pontos altos que formam os

bancos de areia que produzem a rebentação, deslocando a água para os canais que

os rodeiam. Nestes canais formam-se correntes de água, e como são mais profundos

do que os bancos de areia actuam como uma espécie de rios por onde a água volta ao

mar. Os surfistas experientes usam estes canais para passar a zona de rebentação.

No entanto, no caso dos principiantes, estas correntes são perigosas porque

regressam ao mar a uma velocidade superior àquela a que o surfista consegue remar.

É necessário identificar as correntes quando ainda se está na areia. É fácil notar que

as ondas que rebentam sobre os canais o fazem de uma forma mais suave.

Numa praia patrulhada os nadadores-salvadores definem as áreas de banhos longe

destes canais por razões óbvias. Por vezes, com o objectivo de ajudar os surfistas a

entrar na água ou por existir falta de espaço na praia, a corrente pode ser contígua à

área de surf. Um surfista inexperiente só deve entrar na água a uma boa distância da

corrente, numa área onde a rebentação seja constante. Se se vir na corrente não entre

em pânico, nem tente remar contra ela porque gastará demasiada energia. Aponte a

prancha para o mar e reme na diagonal, acompanhando a corrente mas orientando-se

para a área de espuma.

Se entrar em pânico e perder a prancha, nadar contra a corrente será ainda mais difícil

do que remar sobre a prancha. Neste caso, deve deixar-se ir com a corrente, pois

quando a corrente começa a encontrar água mais profunda perde força e assim tornar-

se-á mais fácil sair dela.

Posto isto, os principiantes nunca devem entrar na água nos pontos onde existam

correntes direccionadas para o mar. Devem sim entrar sempre nos pontos onde ocorre

rebentação.

Segurança

Factores de Risco

Segundo Nathanson (2007) e Dixon (2001), o surf é uma modalidade mais segura do

que muitas outras mas, como os acidentes acontecem, é fundamental conhecermos

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os aspectos que estão envolvidos na prática desta actividade, como forma de prevenir

e diminuir a gravidade das lesões.

Como tal, na prática do surf devemos ter em consideração, como factores de risco, as

condicionantes do contexto, nas quais incluímos as condicionantes do meio (mar,

fundos, factores ambientais) e as condicionantes do equipamento (fatos e pranchas).

Condicionantes do meio

Quanto às condicionantes do meio, devemos considerar as componentes da onda,

realçando a altura e a intensidade da rebentação, e as condicionantes da onda,

destacando-se o tipo de fundo, as correntes e as marés.

Segundo Nathanson (2007), a altura e a intensidade da rebentação estão relacionadas

com o número de quedas e o risco a elas associadas, já que, quanto maior for a onda,

maior é a altura da queda e, como tal, uma maior intensidade implica menos tempo

para pensar na acção e uma maior velocidade de execução, por parte do surfista.

Contudo, as quedas apresentam maior risco de cortes quando o fundo é de rocha ou

de coral.

As correntes para o mar permitem ao surfista deslocar-se em direcção ao pico, logo

são benéficas. No entanto, em muitos casos existem correntes laterais que os afastam

da zona de surf, implicando uma constante remada e um consequente desgaste, no

qual os podem levar para longe, ou projectar contra a costa, o que será perigoso

quando esta é rochosa.

Relativamente às marés, é necessário considerar que, em algumas praias, há uma

grande alteração das condições quando está preia-mar ou quando está baixa-mar,

sendo fundamental conhecer o local para prever os acontecimentos.

Ainda é necessário considerar os factores ambientais que podem sofrer alterações

abruptas, criando potenciais situações de perigo. Referindo-nos aos ventos, que

podem ser locais ou causados pela aproximação de uma tempestade à qual também

podem estar associados relâmpagos, sendo razões mais do que suficientes para

abandonar rapidamente a água. Segundo Tostee (2005), se a água é boa condutora

da corrente eléctrica dos relâmpagos, fora de água também se está em perigo, visto a

exposição ser maior devido ao menor número de edifícios ou pára-raios, não sendo

inédito um surfista ser atingido.

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Condicionantes do equipamento

Relativamente às condicionantes do equipamento, devemos considerar a estrutura da

prancha, o leash e o tipo de fato utilizados.

Segundo Taylor (2004), das pancadas na prancha, 82% são com a própria, sendo as

lesões provocadas pelas quilhas ou pelo rail e 18% são com as de outros surfistas,

surgindo as lesões devido às quilhas ou ao nose da prancha. A percentagem de

lesões com as quilhas é superior nos casos com short-board do que nos casos do

longboard. Também é maior o número de lesões com as shortboard, associadas ao

retorno da prancha, devido ao leash (Nathanson et al., 2002).

Condicionantes do surfista

Os acidentes podem estar relacionados com a falta de capacidade do surfista

relativamente aos aspectos anteriores, pelo que temos de considerar o seu

conhecimento da modalidade, o seu nível técnico e a sua condição física.

A forma como é praticada a actividade deve ser considerada, porque o facto de estar

várias vezes na água, com períodos máximos de 1 hora, com intervalos iguais ou

superiores, é diferente comparativamente com uma sessão de 3 a 4 horas, em que os

níveis de cansaço são elevados e a capacidade de resposta reduzida, podendo

proporcionar um maior número de lesões.

O conhecimento das regras do surf é fundamental para minimizar os riscos,

nomeadamente em relação à movimentação na zona de surf para chegar ao pico, bem

como à prioridade no momento do arranque.

Todos os surfistas devem ter presente o seu nível relativamente à técnica de

deslocamento, com prancha, considerando a existência das correntes e a necessidade

de passar a rebentação e, sem prancha, porque existe sempre a possibilidade de esta

se inutilizar ou perder, sendo então necessário nadar.

Lesões

Segundo Nathanson (2007), o surf de competição é relativamente seguro

comparativamente com outras modalidades, duplicando o risco quando as ondas são

grandes e quando o fundo é de coral ou rochas. Taylor (2004) diz-nos que mais de

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50% das lesões são causadas no fundo do mar, enquanto as restantes estão

associadas às quedas da prancha (wipe out).

A maioria das lesões traumáticas são cortes e entorses (quando o movimento da

articulação ultrapassa os seus limites, provocando rupturas no tecidos), embora

surjam algumas luxações (quando há alteração da posição relativa dos ossos de uma

articulação) e fracturas (quando são provocadas rupturas no osso, podendo ser

abertas, quando o osso penetra na pele, ficando visível), com maior incidência nos

membros inferiores e na cabeça.

De acordo com Nathanson (2002), as lesões crónicas a nível muscular, por excesso

de carga e de repetição, estão associadas ao ombro, às costas e ao pescoço,

surgindo também problemas devido à exostose no ouvido e à inflamação dos olhos.

O constante contacto do canal auditivo externo com a água salgada, bem como a

entrada e acumulação desta no canal, podem levar ao desenvolvimento da exostose,

também denominada “ouvido de surfista”, segundo Nathanson (2002). De acordo com

o autor Booth (1994), no caso dos olhos, a água salgada, com areia em suspensão e

outras partículas de zooplâncton e fitoplancton, pode causar irritação ou inflamação.

Ainda na prática, podem surgir acidentes por submersão, isto é, sem ventilação surge

a hipoxia e posteriormente, pode surgir a paragem cardíaca, dando origem ao

afogamento, caso não seja prestada assistência com recurso ao suporte básico de

vida, segundo Pereira (2001), que estão associadas a situações traumáticas, a

situações por prisão, pela prancha ou pelo leash, ao fundo de rocha ou coral, e pelas

componentes/condicionantes da onda.

Das lesões causadas pelo meio, destacamos a hipotermia, com a descida da

temperatura corporal para valores inferiores a 35ºC e a hipertermia, provocada pelo

excesso de calor.

Estas lesões são também referidas como lesões provocadas pelo calor e pelo frio.

Quando não diagnosticadas, estas situações podem facilmente evoluir para situações

de risco de vida, caso não seja ministrada ajuda exterior atempada à vítima.

Muitas das situações onde ocorre este tipo de emergência são devidas à exposição a

factores de envolvimento (frio, calor, vento, humidade), associadas a factores do

próprio organismo como o esforço físico, condição física, alimentação e o

vestuário/equipamento que utiliza. Portanto, técnicos que estejam a orientar uma

sessão de surf ou de outra actividade aquática, devem ter isto em conta.

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Hipotermia

Vítimas de submersão podem desenvolver dois tipos de hipotermia (temperatura

corporal inferior a 35%, designadamente primaria e secundária. O que muitas vezes

acontece nas actividades aquáticas (surf inclusive), é que as vitimas após sofrerem

uma acidente, permanecem demasiado tempo em ambientes líquidos, o corpo

arrefece, pois a perda de calor é mais rápida, onde a água tem muito maior

capacidade (25 vezes mais) que o ar para aceitar calor, potenciada pela exposição do

corpo ao ar (correntes de ar - vento).

Primária se for devido a mau funcionamento do organismo e secundária se for

provocada por um agente agressor (vento, frio, neve, etc). O que fazer: Na hipotermia

primária - tentar localizar a causa do mau funcionamento e agir em consonância.

Na hipotermia secundária a vítima apresenta frio, tremores, cianose, palidez e até

mesmo tonturas ou ficar inconsciente - Aquecer a vítima, utilizando roupa, mantas

térmicas e sacos quentes protegidos. Caso apresente tonturas além do já referido,

colocar a vítima na horizontal, dar oxigénio a 5L e activar 112.

Hipertermia

Sinais e Sintomas:

A vítima apresenta temperatura elevada, sede, mal-estar geral, tonturas ou

inconsciência, queimaduras solares e/ou pele quente e seca, pulso rápido e

fraco (circulação), comportamentos de resposta atrasados, perda de

coordenação motora.

Procedimentos:

Retirar da exposição ao calor, movendo a vitima para um local fresco e

arejado;

Baixar a temperatura do corpo com toalhas molhadas, um banho de água fria,

dar água fria a beber para provocar o arrefecimento;

Activar 112;

Vigiar a evolução do estado da vítima, em relação às funções vitais, até à

chegada de ajuda médica.

Se estiver inconsciente, realizar SBV, dar oxigénio (15 litros) e activar 112.

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Estas são duas patologias também comuns no verão, especialmente nas praias, onde

as pessoas cometem excessos.

Prevenção

Consideramos como factores de risco, as condicionantes apresentadas e as lesões

mais frequentes e, como tal, é deveras importante, como forma de prevenção,

conhecer os seus limites individuais, o local de prática e alguns aspectos relacionados

com os primeiros socorros.

Quanto aos limites individuais de cada praticante, é fundamental ter consciência

relativamente à capacidade de resposta no momento, tendo em atenção as condições

técnicas e físicas, considerando anteriores lesões e o esforço já dispendido em

anteriores sessões.

Para prevenir, devemos:

Não surfar sozinho;

Evitar o frio e o cansaço;

Adequar o nível técnico às condições de prática;

Saber nadar;

Conhecer procedimentos de salvamento;

Efectuar um reforço muscular, tendo em atenção gestos específicos (costas e

ombros) e recuperação de lesões.

Para o caso de um surfista se encontrar numa corrente, o mesmo não a deve

contrariar, mas sim flutuar até que esta perca intensidade, mudando então de direcção

ou, caso seja mais premente a saída, para evitar zonas rochosas, a solução será

remar ou nadar lateralmente e depois em direcção à costa.

Quanto ao local de prática, é necessário respeitar a Natureza e ter presente que esta

actividade é efectuada num confronto constante com o mar, nunca apresentando-se

da mesma forma, podendo sofrer alterações. Assim, é necessária uma constante

observação dos locais já conhecidos e uma investigação prévia, quando procuramos

novos locais, através do contacto com surfistas ou indivíduos da zona.

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Para prevenir, devemos:

Avaliar as condições do mar (ondas, correntes, mares, zona de entrada e

saída);

Conhecer o local com diferentes condições;

Estar alerta às alterações repentinas das condições climatéricas e do mar.

Para a prática, é imprescindível a adequação do equipamento, um conhecimento e

domínio das técnicas a utilizar durante a viagem na onda e a finalização da mesma,

bem como das regras de conduta dentro de água.

Para prevenir, devemos:

Colocar protecções na prancha (no nose da prancha e nas quilhas);

Usar capacete quando o fundo é de rocha ou de coral, e pouco profundo;

Verificar as condições de desgaste e manutenção do equipamento (prancha,

quilhas e leash);

Dominar as técnicas de deslocamento (mergulho de pato e mergulho sem

prancha);

Na aproximação ao pico, remar na direcção da espuma, quando outro surfista

está na onda;

Dominar as saídas da onda (wipe-out, bail-out jump, bail-out dive);

Após uma queda ou salto, proteger a cabeça com os braços, até chegar à

superfície;

Respeitar a regra da prioridade.

Finalmente, é importante ter uma mala de primeiros socorros, para poder dar resposta

a eventuais lesões, possibilitando uma primeira intervenção, conhecendo de antemão

qual o plano de evacuação, para que seja possível uma rápida intervenção dos

profissionais de saúde e uma eventual deslocação para instalações de serviços de

emergência.

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Salvamento no meio aquático

1. Princípios do salvamento

Em todos os salvamentos estão presentes 3 fases:

1.1. Reconhecimento

Alertar S.O.S- 1ªajuda (dirigida a outros NS, Autoridade Marítima etc.);

Despir/Vestir rapidamente o uniforme/fato para facilitar o salvamento;

Verificar o número de vítimas ou de náufragos;

Localizar onde se encontram;

Avaliar as condições do mar (embora as deva ter sempre presente).

1.2. Planeamento

Optar pelo método de salvamento adequado à situação após o reconhecimento.

a. Alcançar (vara de salvamento)

b. Lançar (bóia)

c. Caminhar (entrar na agua com pé)

d. Remar (usar uma embarcação).

e. Nadar (utilizar os meios de salvamento)

f. Rebocar (resgate do naufrago).

1.3. Acção

Seleccionar o meio de salvamento de acordo com o método definido no

planeamento;

Entre rapidamente na agua, aproximar-se do náufrago sem nunca o perder de

vista;

A aproximação ao náufrago deve ser feita em natação de salvamento e com

grande precaução;

Logo que o náufrago esteja a distância audível, falar com ele, transmitindo-lhe

calma e confiança, a uma distância de aproximadamente 3/4 metros (área de

segurança);

Avaliação do estado do náufrago (estado de consciência).

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Perante a situação de:

Náufrago consciente, deve-se:

Falar com serenidade e dar ordens precisas, incutir confiança, para facultar o meio

de salvamento;

Deslocar-se para uma posição segura face ao náufrago interpondo o meio auxiliar

de flutuação;

Não nadar abaixo de água para assumir uma posição posterior, poderá causar

pânico ao náufrago;

No caso de o náufrago ser encontrado inconsciente, deve-se:

Sinalizar gestualmente para a restante equipa (agitar o braço sobre a cabeça) para

que seja activada a 2ª – ajuda (chamar 112);

Alcançar rapidamente o náufrago inconsciente. A celeridade é vital, se o naufrago

ainda não está em paragem respiratória isso não tardará a acontecer;

Observar continuamente o náufrago na eventualidade de ele submergir;

Agarrar o náufrago, traze-lo à superfície se estiver submerso, verificar as vias

respiratórias e ministrar 5 insuflações;

Dar prioridade à estabilização do estado da vítima, e só depois ocupar-se com o

resgate;

Resgatar o náufrago de acordo com o método/meio de salvamento utilizado;

Sair da água com transporte do náufrago para um local seguro.

É preciso frisar que das técnicas baseadas em terra, a mais eficaz é a obtenção do

alcance com um meio auxiliar rígido. Os Nadadores salvadores ou qualquer pessoa

que esteja a auxiliar outra, apenas deve usar técnicas que envolvam nadar quando as

técnicas baseadas em terra falharem ou não são apropriadas na ocasião.

Deve ser relembrado que as condições podem alterar-se durante o salvamento, pois

uma pessoa consciente, pode rapidamente passar a inconsciente, alteração do estado

de mar, entre outras alterações que poderão ocorrer.

Assim um plano de acção de um salvamento aquático não dever nunca considerado

final e pode ter de ser ajustado no decorrer da acção.

Depois de uma abordagem abrangente do salvamento aquático, onde foram

apresentadas as 3 fases que constituem os salvamentos e o algoritmo de salvamento

aquático, deve estar assente num nadador salvador ou num técnico qualificado para

tal, que os náufragos poderão ser encontrados em diferentes situações.

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2. Categorias de náufragos

2.1. Naufrago consciente cansado

1. Antes do salvamento:

a. Pode utilizar os braços e pernas para se aguentar à superfície;

b. Normalmente encontra-se virado para terra;

c. Pode submergir periodicamente;

d. Pode repelir alguma água que entre na boca;

e. Pode gritar e pedir por socorro;

f. Aspecto cansado e assustado.

2. Durante o salvamento:

a. Verificar se cumpre as instruções do nadador salvador;

b. Verificar se colabora com o nadador salvador no regresso a terra ajudando-o com

movimentos propulsivos.

3. Considerações durante o salvamento:

a) O nadador salvador deve evitar o contacto físico com o náufrago;

b) Deve sempre utilizar um meio de interposição e de salvamento.

2.2. Naufrago consciente em pânico

1. Antes do salvamento:

a) O naufrago encontra-se agitado na maioria dos casos;

b) Nesta situação não tem qualquer tipo de auto domínio.

2. Durante o salvamento:

a) Não tem capacidade de compreensão das instruções que lhe são transmitidas.

3. Considerações durante o salvamento:

a) O nadador salvador deve dar instruções precisas e curtas.

b) Deve evitar contacto físico com o náufrago mantendo uma distancia de 3 a 4

metros.

c) Deve interpor o meio de salvamento.

d) Depois de o naufrago estar agarrado ao meio de salvamento deverá o Nadador

Salvador transmitir-lhe calma e confiança, efectuando o reboque sem contacto

físico.

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2.3. Náufrago aparentemente inconsciente:

1. Antes do salvamento:

a) Pode estar entre a superfície e o fundo.

b) Não reage, encontra-se sem energia e sem expressão facial.

c) Pode encontrar-se com as vias respiratórias submersas.

2. Durante o salvamento:

a) O náufrago não responde a instruções e nem coopera com o Nadador Salvador

tornando o salvamento mais difícil.

É importante também referir que no salvamento aquático, poderão surgir mais que um

náufrago a precisar de auxílio, sendo o número de pessoas em dificuldade, uma

questão a salientar e definir.

O número e condições das pessoas em dificuldade deverão ser estabelecidos por

observação, inquirindo testemunhas ou eventuais testemunhas, ou pessoas em

dificuldade. Quando mais de uma pessoa se encontra em dificuldade, há necessidade

de considerar a ordem por que deve efectuar o salvamento (triagem).

Em geral deve socorrer primeiro os náufragos conscientes e, destes, os não

nadadores, porque estão em risco de perder a consciência. Pode depois dirigir a sua

atenção para os náufragos conscientes ou submersos. Obviamente que este tipo de

triagem está largamente dependente da facilidade de acesso aos diferentes náufragos,

bem como do estado do mar e meios de salvamento disponíveis.

Se a capacidade do Nadador Salvador não permitir socorrer todos os náufragos, tal

facto não deve influir na sua capacidade de actuação e decisão, pelo que deve centrar

os seus esforços em salvar os náufragos que se encontrem dentro das suas

possibilidades. Salvo casos excepcionais, como a queda de um veículo a agua ou o

naufrágio de uma embarcação, a situação mais vulgar é a de salvar somente um

naufrago.

Outro assunto a destacar no salvamento aquático, é a Ajuda disponível.

As testemunhas podem de ser grande utilidade para o Nadador Salvador, podem ser

utilizados para pedir ajuda a outros Nadador Salvadores, telefonar para o 112 ou à

autoridade marítima. Podem ajudar nos procedimentos do salvamento ( “Surfistas”,

ajuda com o carretel, etc.) devendo o Nadador Salvador certificar-se que as suas

instruções são compreendidas.

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3. Componentes de resgate

Independentemente do método e dos equipamentos utilizados, qualquer situação de

resgate (remoção de um naufrago de um ambiente exposto a agentes perigosos) tem

em comum algumas fases que se destina por componentes comuns do resgate

aquático.

1. Aproximação ao náufrago em natação de salvamento (nadar em crawl com a

cabeça fora de agua):

a) Esta fase reveste-se de particular importância porque é altura em que se contacta

com o náufrago.

b) É sempre um momento de grande incerteza e ansiedade e também de algum

perigo, sobretudo se deparar com náufragos em pânico, conscientes e combativas.

c) Ao se aproximar o Nadador Salvador deve tentar estabelecer com o náufrago, logo

que seja fisicamente possível deve tentar acalma-lo, conforta-lo e declarar a sua

intenção em ajudar, e também as formas como o naufrago poderá cooperar para

facilitar o resgate. Este momento inicial de avaliação da uma primeira impressão,

extremamente valiosa.

2. Círculo de segurança:

a) Como princípio deve estabelecer um círculo imaginário de 3/4 metros à volta de

náufrago, limitado pela possibilidade de ser alcançado subitamente pelo náufrago.

Este círculo limita uma zona inicialmente interdita ao Nadador Salvador (distancia de

segurança ou risco). É a “distância” à qual o Nadador Salvador avalia, em segurança,

o estado geral do náufrago, sinalizando outros intervenientes na manobra de socorro.

3.1. Meios e técnicas de salvamento

Os meios de salvamento que existem e estão neste momento certificados pelo

Instituto de Socorros a Náufragos, ao dispor do nadador salvador, para efectuar os

salvamentos aquáticos são compostos por a Vara de Salvamento, Bóia Circular, Cinto

de Salvamento, Bóia Torpedo e a prancha de salvamento, assim como a possível

utilização do carretel amovível sempre acoplado de outro meio, neste caso o mais

usado, o cinto de salvamento.

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Estes meios de salvamento exigem de quem os usa, neste caso, por parte dos

Nadadores Salvadores, um conhecimento extensivo tanto teórico mas acima de tudo,

da técnica prática adequada e mais eficaz para a utilização deste.

Indo de encontro ao nosso trabalho, e sabendo à partida que estes meios têm uma

utilização de acordo o método mais adequado à situação. Assim, interessa-nos

esmiuçar a prancha de salvamento enquanto meio de salvamento, tendo em conta o

nosso trabalho incidir no aspecto do salvamento aquático e a sua relação com o surf.

A prancha de salvamento ou outro tipo de prancha é um meio útil para fazer uma

abordagem rápida a longa distancia (ex. banhistas que se afastam numa embarcação

insuflável de recreio) e sempre que se preveja a necessidade de utilização de um

ponto de apoio com elevada flutuabilidade propício para estabilizar náufragos e

aguardar ajuda complementar de terra ou de embarcação.

Utiliza-se nas seguintes situações:

a. Cobrir distâncias longas, sempre para além da rebentação.

b. Dar apoio a um ou mais náufragos ou um inconsciente.

c. Permitir ao Nadador Salvador um maior apoio quando tem de se esperar por

meios aéreos/marítimos, ou até que as condições de forte rebentação

melhorem.

d. Como plano rígido improvisado no transporte do náufrago até à ambulância (na

ausência de plano rígido).

Técnica de entrada na água:

1. O transporte da prancha é feito por arrastamento, agarrando-a pelos bordos

laterais ou pela alça da frente mais próxima do Nadador Salvador, ou ainda

pela alça central do lado oposto.

2. Antes de entrar a água, o nadador salvador ou o técnico qualificado para

tal, deverá fazer uma rápida leitura das condições do mar.

3. Por vezes é necessário esperar alguns momentos, até que as ondas mais

fortes passem (Set) e se criem assim as condições mais favoráveis para

uma rápida entrada (Sota).

4. O Nadador Salvador só devera colocar-se em cima da prancha quando a

progressão começar a ser dificultada pelo nível da água ou pela

rebentação.

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5. Quando o Nadador Salvador é surpreendido pela rebentação, deve utilizar

a técnica da rotação, para evitar o arrastamento.

Técnica da rotação:

Segurando as alças dianteiras e utilizando o corpo, efectuando-se uma rotação

completa de modo a passar a onda, se ela for inultrapassável sem ter que abandonar

a posição sobre a prancha, devendo ter especial cuidado em:

1. Estar sempre aproado à rebentação.

2. Segurar a prancha o mais à frente possível e sempre pelas pegas, por ser a

forma mais segura de não a perder.

3. Utilizar o corpo para facilitar a rotação.

4. Se necessário, efectuar o afundamento da proa chegando-se à frente, com

o objectivo de furar a onda.

Técnica com náufrago consciente:

1. Após aproar a prancha à praia, o nadador salvador dá um bordo ao

náufrago, de modo a que este fique sempre entre a prancha e a praia, o

naufrago deve segurar uma das pegas da frente;

2. O nadador salvador fixa a mão no bordo oposto, e sem sair da prancha, dá

ordens precisas ao náufrago, para que ele suba o mais rápido possível. O

nadador salvador deve estar colocado na parte traseira da prancha e

deverá ajudar o náufrago a subir para a mesma;

3. Uma vez que o náufrago se encontre sobre a prancha, o Nadador Salvador

desliza (o seu queixo fica sobre o cóccix do naufrago) de forma a controlar

o náufrago para evitar que este caia da prancha.

Técnica com náufrago inconsciente:

1. O nadador salvador coloca o náufrago de costas, com a zona cervical (caso

não haja suspeita de lesões na coluna vertebral) encostada ao bordo lateral

da prancha, colocando o seu braço sob a axila do náufrago, coloca-lhe a

cabeça numa posição de extensão de forma a verificar as vias respiratórias,

continuando a segurar-lhe o queixo para evitar que a cabeça caia para a

frente (na zona do maxilar inferior).

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2. Após ter aplicado 5 insuflações ao náufrago, o Nadador Salvador fá-lo

deslizar para a água sem perder o contacto com a mão sobre o bordo da

prancha, inicia uma rotação de modo a que o náufrago fique atravessado

sobre a prancha.

3. O nadador salvador agarra o náufrago pelo pulso, evitando abandonar a

prancha, segura-lhe a mão mais próxima, efectua uma rotação da prancha

e coloca a axila do náufrago no bordo da prancha.

4. De regresso à praia o nadador salvador coloca-se nas costas do náufrago,

agarrando com uma das mãos na região do peito, de modo a poder

controlá-lo e manter-lhe as vias respiratórias fora de água.

5. O nadador salvador efectua o transporte mais aconselhável para uma zona

segura, de modo a iniciar o SBV, caso necessário.

6. Corrigindo a posição do náufrago sobre a prancha para transporte, ajusta a

posição dos ombros, bacia e pernas, conforme o estado do mar e as

necessidades de equilíbrio.

7. Sempre que for necessário ficar junto ao náufrago para estabilizar o seu

estado, a prancha adequa-se a esta finalidade por proporcionar uma boa

flutuabilidade, alguma protecção térmica e melhor visibilidade no caso de

busca aérea.

Naufrago consciente - saída da água:

1. Ao chegar à praia, o Nadador Salvador deve controlar a prancha pela popa

(retaguarda) colocando a prancha entre as suas pernas e segurando as

pernas do náufrago (consciente).

2. Segurar o náufrago em ambos os lados da prancha.

3. O nadador salvador deve passar os seus braços sob as axilas do náufrago,

efectua uma rotação, puxa-o e afasta-o da prancha .

4. Esta acção deve ser efectuada o mais rápido possível para evitar lesões

provocadas pelo desconforto da prancha.

5. Evitar sempre a passagem da zona de rebentação com o naufrago em

prancha e somente utilizar esta manobra com náufragos inconscientes,

sendo esta uma técnica de ultimo recurso.

6. Se o nadador salvador constatar que vai ser apanhado pela rebentação,

deve passar os braços sob as axilas do náufrago, tendo a preocupação de

segurar ao mesmo tempo as alças dianteiras da prancha de forma a

bloquear o náufrago entre si e a prancha.

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7. Se a rebentação dificultar o regresso, o Nadador Salvador deve procurar os

pontos fracos da rebentação (Sota) para tentar sair.

4. Conceito de Afogamento

A organização mundial de saúde (OMS) refere que ocorrem aproximadamente

450.000 mortos por Afogamento em todo o mundo. O Afogamento é uma das

principais causas de morte acidental na Europa e no mundo.

Em Portugal morrem dezenas de pessoas por afogamento todos os anos. Os dados

estatísticos fornecidos pelos serviços do ISN indicam que as vitimas são

maioritariamente adultos do sexo masculino, resultantes de acidentes na orla

marítima.

O Afogamento é o processo que resulta na dificuldade respiratória, por

submersão/imersão num meio líquido.

Fica implícito que está presente na entrada das vias aéreas, um liquido que dificulta a

troca gasosa.

A vítima pode sobreviver ou morrer neste processo, mas qualquer que seja o resultado

final, ele ou ela esteve envolvido num incidente de afogamento. Imersão significa que

parte do corpo está coberto de água ou outro fluido. Para ocorrer afogamento,

normalmente basta a face e as vias aéreas estarem imersas ou sofrerem exposição a

líquidos. Submersão implica que todo o corpo, incluindo a via aérea, esteja debaixo de

água ou outro fluido.

Evidências de Afogamento: tosse, ou secreção (espuma) nas vias aéreas, ou

auscultação pulmonar alterada, ou alteração na ventilação ou oxigenação após história

de imersão ou submersão.

Mas no que se refere ao nosso tema, casos práticos no surf, o que poderá ocorrer

serão a incidência de traumatismos. Nestes casos a imobilização da coluna é difícil de

executar na água e atrasa a remoção do náufrago, assim como o inicio do SBV. Os

colares cervicais, quando colocados de forma incorrecta, podem causar a obstrução

das vias aérea em náufragos inconscientes. Assim, nestes casos o náufrago/surfistas

que sejam encontrados nesta situação, em que não dão sinais de ventilação e sem

pulso, deve ser retirado o mais rapidamente possível da água.

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5. Trauma

O trauma é a principal causa de morte na faixa etária de 1 a 44 anos. Em cada dez

anos morrem por trauma mais pessoas que no conjunto de todos os conflitos militares.

Alem disso, em cada ano, 11milhoes de pessoas ficam incapacitadas temporariamente

e 450mil ficam com incapacidade permanente.

Durante a prestação de cuidados de emergência às vítimas de trauma devemos

proporcionar-lhe as melhores condições de socorro, assegurando que os

equipamentos que usamos estão nas melhores condições, que foram previamente

verificados e ainda que estamos na posse de conhecimentos actualizados e dispomos

de técnicas altamente treinadas.

Assim sendo, o nadador salvador ou técnico qualificado que preste auxilio nestes

casos, deve dar uma resposta pronta e eficaz num curto espaço de tempo.

Na prática desta que modalidade que é o Surf, podemos reconhecer traumatismos

graves (Vértebro-medular), a nível da cabeça, pescoço e coluna, fruto da profundidade

da agua (rochas; recifes), entre outros acidentes comuns nesta modalidade.

Assim, sempre que a vítima for encontrada inconsciente, estiver envolvida num

acidente em prancha, tenha caído em altura ou tenha sofrido um impacto com a

cabeça e pescoço, suspeitamos uma possível lesão deste tipo.

As vítimas deste tipo requerem cuidados especiais, dai a necessidade de atendermos

aos sinais destas lesões traumáticas.

Os sinais que poderão apresentar são:

1. Dor no local da lesão.

2. Perda de movimento nas extremidades.

3. Perda de movimento abaixo do local de lesão.

4. Sensação de “formigueiro” ou perda de sensação nas extremidades.

5. Desorientação.

6. Deformidades no pescoço ou nas costas.

7. Pisaduras sobre uma porção da coluna vertebral.

8. Dificuldade respiratória (dispneia).

9. Lesões na cabeça (crânio – encefálicas).

10. Aparecimento de sangue ou fluidos nos ouvidos e/ou nariz.

11. Inconsciência.

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5.1. Princípios de Abordagem a vítimas de trauma

O tratamento do politraumatizado requer a identificação e tratamento prioritário

daquelas lesões que põem em risco a vida da vítima. Os ambientes onde se

encontram as vítimas de trauma são em regra extremamente perigosos. Por isso, é

fulcral garantir as condições de segurança para posterior avaliação.

Uma vez obtidas as condições de segurança, dever-se-á analisar todas as

informações disponíveis para tentar perceber o que se passou (cinemática).

Reconstruindo mentalmente o sucedido e recorrendo da observação inicial da vitima

(lesões evidentes, presença de sangue, etc.) determina-se o mecanismo de lesão. Por

exemplo, num caso pratico de surf, em que a vitima que caiu da prancha de surf,

consciente, foi atingida no braço direito pela quilha de outra prancha, situação comum

nesta modalidade. Elaborado mentalmente o mecanismo de lesão, confirma-se as

suspeitas e aborda-se a vítima.

Esta primeira avaliação, a avaliação primária, se feita correctamente, deverá identificar

tais lesões como:

Obstrução da via aérea

Lesões torácicas com dificuldade respiratória

Hemorragia severa interna ou externa

Lesões abdominais

A avaliação ABCDE (Via aérea, Respiração, Circulação, Disfunção neurológica e

Exposição) é efectuada. Esta avaliação primária não deve demorar mais que 2-5

minutos. O tratamento simultâneo das lesões pode ocorrer quando existem mais do

que uma lesão potencialmente mortal. Isto inclui:

Via aérea/imobilização da coluna cervical

Avaliar a via aérea. O doente pode falar ou respirar livremente? Se obstruído, os

passos a considerar são:

Imobilização da coluna cervical (em água utilizar colar cervical na vítima se

possível).

Elevação do queixo/subluxação da mandíbula (a língua está agarrada à

mandíbula).

Aspiração (se disponível).

Tubo orofaríngeo/nasofaríngeo.

Intubação (manter o pescoço imobilizado em posição neutra).

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É fulcral, referir que em todos estes passos a hiperextensão ou hiperflexão do

pescoço está contra-indicada neste tipo de vitimas.

Respiração (ventilação)

A respiração é avaliada quando a patência da via aérea e adequabilidade da

respiração são reavaliadas. Se inadequada, os passos a considerar são:

Descompressão e drenagem de pneumotórax/hemotórax sob tensão.

Encerramento de ferida aberta do tórax.

Ventilação artificial.

Circulação/Controlo de hemorragias

Avaliar a circulação, quando a administração de oxigénio, a patência da via aérea e a

adequabilidade da respiração foram avaliadas. Se inadequadas, os passos a

considerar são os seguintes:

Parar a hemorragia externa (identificar hemorragias visíveis e proceder ao seu

controlo, através da compressão manual directa sobre a zona sangrante, e

despistar a existência de hemorragias internas através de identificação de

sinais e sintomas de hemorragias grave, tais como, o aumento da frequência

cardíaca, palidez,etc.).

Estabelecer 2 linhas venosas (cânulas 14-16G) se possível.

Administrar fluidos se disponíveis.

Disfunção neurológica

Exame neurológico rápido (o doente está consciente, responde vocalmente à dor ou

está Inconsciente). Não há tempo para fazer a escala de coma de Glasgow, por isso:

A- Acordado/Alerta

V- Resposta verbal (se responde a estímulos verbais).

P- Resposta à dor (se responde a estímulos dolorosos).

U - Não responde

Exposição/Controlo da temperatura

O principal objectivo desta fase, é expor toda a área corporal para uma melhor

identificação das lesões traumáticas.

Despir (retirar ou cortar as roupas) a vítima e procurar as lesões.

Se há suspeita de lesão cervical ou da coluna, é importante fazer a mobilização

em alinhamento.

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Manutenção da temperatura corporal como forma de combate á hipotermia,

utilizando lençóis e cobertores térmicos para isolar do sol, vento e da chuva.

Utilizar paralelamente sacos de frio e calor.

Quanto aos procedimentos técnicos para remover os náufragos da água, estes

devem assegurar sempre a integridade da coluna vertebral.

Assegurar a permeabilidade da via aérea e a ventilação, seguindo a avaliação

primária, em suma o algoritmo de SBV tem sempre prioridade face a qualquer

procedimento.

Se o naufrago não ventilar, começar as manobras de SBV de ventilação

externa e remover ou resgatar o náufrago da água, o mais rapidamente

possível.

Se o naufrago ventilar:

1. Fazer deslizar o Plano rígido flutuante sob a vítima, em caso de este não

existir utilizar uma prancha.

2. Fixar o náufrago o estritamente necessário para que ao ser extraída da

água não caia, manter a imobilização manual da cabeça.

3. A imobilização deve ser iniciada na zona do tronco do náufrago, zona de

maior peso do corpo.

4. Não havendo perigo, consoante as condições e as circunstâncias

presentes, tente remover o náufrago da água o mais breve possível

(utilizando um grupo coordenado para um transporte seguro e eficaz).

5. Em zona seca poderá prestar um auxílio de muito melhor qualidade,

avaliando melhor e controlando a temperatura de forma muito mais eficaz.

6. Avalie de novo o náufrago, usando a metodologia referida para abordar

inicialmente a vítima.

7. Se houver suspeita de Traumatismo Vértebro-Medular, após a avaliação

primária, e havendo condições de decisão para a imobilização, execute-a.

8. Manter a imobilização manual da coluna cervical.

9. Avaliar e seleccionar o tamanho do colar cervical e aplicar.

10. Fixar o corpo do náufrago com fitas de fixação ao plano rígido, começando

pelo dorso, cabeça e pescoço, seguido dos membros inferiores e

superiores.

11. Coordenar as acções de transporte na equipa, dando indicações das

acções a realizar de forma clara e segura.

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12. Colocar os fixadores laterais da cabeça, só agora poderá retirar a

imobilização manual da coluna cervical.

13. Preencher com toalhas todos os espaços que ficaram vazios entre o

náufrago e as fitas de fixação ou entre extremidades do corpo entre si.

14. Reavaliar o naufrago, falar com a vitima se possível. Conforta-la, avaliar as

extremidades, quanto a circulação e cor, sensibilidade e capacidade de

movimentos

15. Controlar a temperatura do corpo do náufrago utilizando mantas ou lençóis

térmicos.

16. Se estiver disponível aplicar oxigénio.

A imobilização da coluna cervical não está indicada a não ser que sejam evidentes

sinais de trauma grave. Quando nos deparamos com vítimas decorrentes da

modalidade de surf, a possibilidade de ocorrer um trauma é comum, mas apesar de

possível traumatismo, se o naufrago estiver sem pulso e apnéica, é fulcral antes de

mais, retirar a vitima da agua o mais rápido possível, mesmo se nenhum plano rígido

ou qualquer outro equipamento de imobilização estiver disponível, tentando limitar os

movimentos de pescoço e do resto da coluna.

Em caso de existir esta suspeita, quem prestar auxilio e não tiver recurso a qualquer

plano rígido, deve utilizar:

1. As mãos para fixar o pescoço do náufrago em posição neutra (sem extensão

ou flexão).

2. Seguidamente colocar o náufrago a flutuar, em posição deitada.

3. Esperar por ajuda, ou em caso de o resgate ser exequível, efectuar este o

mais rápido possível para assegurar a administração de SBV, se necessário.

6. Reanimação e técnicas de reanimação

Segundo dados da Associação de Salvamento Aquático dos Estados Unidos (USLA,

Brewster, 2003), das várias funções prioritárias desempenhas pelos Nadadores

Salvadores, estima-se em 5,45% o tempo despendido da prestação de cuidados

médicos a vitimas (ou seja a segunda actividade mais importante a seguir ao

desempenho de funções preventivas – 91.10%) e em 2.44% o tempo dispendido nos

salvamentos aquáticos.

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Respiração celular:

Pulmões ventilam ar atmosférico, captam O2 para alvéolos, difundem e fixam-no no

sangue.

Sistema cardiovascular – coração e vasos sanguíneos geram pressão para por a

circular e distribuir o débito sanguíneo do coração irriga todas as células sobretudo

as + activas e as vitais como coração e cérebro.

Após o fornecimento de O2 às células o sangue retorna ao coração trazendo CO2 e

O2 na pequena circulação indo novamente para os pulmões onde se inicia o ciclo

novamente.

Este é o ciclo que assegura a vida humana, mas existindo um acidente, ocorre uma

alteração de comportamento. A obstrução da via aérea interrompe o acesso do ar aos

pulmões – sem ar não há oxigénio logo energia que levará ao corte do trabalho

ventilatório pulmonar consequentemente para o trabalho cardíaco.

Quando falta o sangue entra-se em estado de choque, pelo que se o ciclo for

interrompido é necessário agir, se nada for feito perde-se a vida.

Paragem cárdio-respiratória (PCR) – Morrem milhares de pessoas em todo o mundo

devido a PCR. Uma resposta rápida e eficaz pode impedir uma PCR. O inicio imediato

do SBV perante uma PCR duplica ou triplica as hipóteses de sobrevivência de uma

vítima de fibrilhação ventricular.

As vítimas de PCR necessitam imediatamente do início do SBV, uma vez que este

promove uma menor mas suficiente circulação para o coração e o cérebro e aumenta

a probabilidade da reanimação através do SAV seja mais eficiente. As compressões

torácicas externas são de extrema importância, principalmente se a desfibrilhação

automática externa não for possível num período de 4 a 5 minutos após o colapso.

Cada minuto de atraso do SBV diminui em 7-10% as hipóteses de sobrevivência.

(MNS)

Cadeia de sobrevivência

* Disfibrilhação automática externa.

** Suporte avançado de vida.

112 SBV DAE* SAV*

*

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6.1. Suporte Básico de Vida (SBV)

A primeira testemunha da vítima constitui um papel de extrema importância na cadeia

de sobrevivência da vítima. Os seus procedimentos estão acessíveis a todo e qualquer

cidadão:

1. Reconhecimento e identificação do problema.

2. Pedido de ajuda.

3. Rápido início das manobras de SBV.

O SBV permite, em caso de disfunção, fornecer oxigénio e manter a circulação, de

forma menor, mas suficiente, para prolongar a vida das células e dos órgãos vitais do

nosso organismo, até à chegada de ajuda qualificada. Como tal, tem como principal

objectivo manter a ventilação e a circulação suficientes até conseguir meios para

reverter a causa da paragem, sendo, por isto, uma situação de suporte. No entanto,

em certas ocasiões pode reverter a causa e permitir a recuperação total.

6.2. Procedimentos do SBV

O SBV inclui os seguintes elementos:

1. Avaliação inicial

2. Pedidos de ajuda e alerta do SIEM (112)

3. Permeabilização e manutenção da via aérea.

4. Ventilação com ar expirado

5. Compressão do tórax

A utilização dos procedimentos acima descritos designa-se de Reanimação Cárdio-

Pulmunar (RCP).

6.3. Algoritmo para Adulto European Resuscitation Council (2005) - ERC

Segundo o ERC, o SBV consiste na sequência das seguintes manobras:

1. Assegure a sua segurança e a da vítima.

2. Verifique se a vítima responde.

3. Abane suavemente os ombros da vítima e pergunte em voz alta: “Está bem?”

4. Se responder:

A. Deixe a vítima na posição em que está e se necessário procure auxilio.

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B. Reavalie a vítima regularmente.

Se não responder:

A. Peça ajuda.

B. Posicione a vítima de costas e abra a via aérea* através da manobra de

extensão da cabeça e elevação do queixo.

C. Mantendo a via aérea desimpedida, veja, ouça e sinta (VOS), se existe

uma ventilação normal. Este processo não deve demorar mais de 10

segundos.

D. Veja se há movimentos no peito.

E. Ouça próximo da boca da vítima se há sons provocados pela

ventilação.

F. Sinta na sua face se há passagem de ar

G. Se a vítima estiver a respirar normalmente, rode e posicione a vítima

em posição lateral de segurança (PLS), procure auxilio e avalie

regularmente se a ventilação se mantém constante.

H. Se não estiver a ventilar correctamente:

a) Peça auxílio (112).

b) Ajoelhe-se ao lado da vítima.

c) Coloque o calcanhar da mão no centro do peito da vítima.

d) Coloque o calcanhar da outra mão sobre a primeira mão e

entrelace os dedos. Assegure-se que a pressão não é feita nas

costelas da vítima.

e) Posicione-se verticalmente e com os braços em extensão sobre

o peito da vítima. Pressione o externo para baixo cerca de 4-5

cm (adulto)

f) Após cada compressão**, abrande a pressão sobre o peito.

Repita a um ritmo de cerca 100 compressões por minuto.

I. Combine compressões torácicas externas com ventilação externa.

a) Após 30 compressões permeabilize a via aérea.

b) Primas narinas com uma mão.

c) Inspire normalmente e coloque os seus lábios à volta da boca da

vítima, assegurando uma boa selagem.

d) Sopre continuamente para a boca, à medida que observa o peito

a mexer, durante aproximadamente 1 segundo, como uma

inspiração normal. Realize duas insuflações externas eficazes.

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e) Repita o processo intercalando 30 compressões com 2

insuflações.

J. Continue a reanimação até chegar pessoal especializado que tome

conta da situação ou a vítima começar a ventilar normalmente.

K. Atenção que facilmente o socorrista fica exausto ao realizar a

reanimação.

*Abertura da via aérea – A abertura da via aérea deve ser realizada utilizando a

manobra de extensão da cabeça e elevação do maxilar quer se esteja ou não perante

um caso de vítimas de trauma.

**Compressões Torácicas Externas (CTE) - As CTE geram um pequeno fluxo de

sangue para o cérebro e coração pelo que aumentam a probabilidade de sucesso de

desfibrilhação. As compressões são particularmente importantes se na desfibrilhação

o primeiro choque eléctrico não ocorrer durante os 5 minutos iniciais após o colapso.

De acordo com as conclusões da Conferência de Consenso 2005, realizada

anualmente no âmbito da elaboração das directivas agora em vigor, reforçaram-se as

seguintes ideias:

1. Cada vez que as CTE são iniciadas, as mãos devem ser rapidamente

posicionadas “no centro do peito”;

2. O peito deve ser comprimido a uma taxa de 100 compressões por minuto;

3. A profundidade de compressão deve ser de 4-5 cm (para um adulto);

4. O peito tem de retornar à sua posição inicial após cada compressão;

5. O tempo de compressão deve ser aproximadamente igual ao tempo de

duração da descompressão;

6. As interrupções entre as compressões torácicas devem ser minimizadas;

7. Palpação da artéria carótida (pulso central) ou femoral (na artéria do membro

inferior) – manobra a utilizar para determinar a presença de um fluxo

sanguíneo eficaz.

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6.4. Posição lateral de segurança (PLS)

A realização desta técnica em vítimas inconscientes com circulação normal é de

extrema importância na sua estabilização. Objectivos com a realização da PLS:

1. Manter a permeabilidade da via aérea, através da extensão da cabeça,

impedindo a queda da língua devido ao estado de consciência.

2. Facilitar a drenagem das secreções da boca.

3. Impedir o risco de aspirar o vómito do conteúdo gástrico, ao ventilar.

4. Drenar ou remover facilmente o vómito.

Procedimento para realizar a PLS:

1. Ajoelhar-se ao lado da vítima.

2. Estender pernas e braços da vítima.

3. Colocar o braço da vítima que fica próximo do socorrista em ângulo recto

com o corpo, ao nível do ombro.

4. Apoiar o braço oposto da vítima na bochecha, do lado do socorrista,

cruzando-o sobre o peito, controlando o movimento da cabeça sem ferir.

5. Flectir a perna da vítima do lado oposto, segurando-a por de baixo do

joelho e com a outra mão apoiando a cabeça, puxar rodando o corpo para o

lado do socorrista.

6. Confirmar a PLS, verificando se a vítima respira bem, sem fazer ruídos por

obstrução da via aérea ou se necessita de ajuda.

Em casos de afogamento recomenda-se a realização do PLS para o lado direito uma

vez que o brônquio fronte direito é mais vertical, recebendo mais água durante o

afogamento. Assim ao colocarmos a vítima em PLS para o lado direito sacrificamos os

pulmão mais encharcado de água(direito), poupando o esquerdo, para que se possa

ministrar oxigénio.

Caso o estado da vítima obrigue a RCP o socorrista deve desfazer a PLS, fazendo o

corpo da vítima rodar para cima dos seus joelhos de forma controlada.

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6.5. Suporte básico de vida em crianças

Para a realização do SBV em crianças é necessário ter especial atenção ao facto do

adulto suportar maior carga que a criança.

O processo de SBV realizado nos adultos mantêm-se no SBV realizado em crianças

até à realização das compressões torácicas externas.

Para as crianças recomendam-se 5 ventilações iniciais seguidas de 1 minuto de SBV

(30:2), até que o socorrista active o 112. Estas 5 ventilações iniciais devem-se ao facto

de ser muito raro que a criança seja vítima de paragem cárdio-respiratória por doença,

pelo que o socorrista ganha tempo ao realizar as 5 insuflações iniciais.

Compressões torácicas externas (CTE)

Nas crianças, comprima o terço inferior do esterno.

1. Comprima o esterno , de modo a deprimir cerca de 1/3 da profundidade da

caixa torácica.

2. Liberte a pressão e repita a uma velocidade de 100 compressões por

minuto.

3. Após 30 compressões, realize 2 insuflações, realizando a manobra de

abertura da via aérea.

4. Continue as compressões e insuflações numa razão de 30:2.

6.6. Probabilidade de Sobrevivência no SBV

Segundo os padrões normais a probabilidade de uma vítima de paragem

cardiorespiratória recuperar desce numa média de 7% a 10% por minuto, sendo lógico

esperar que até 14 minutos exista ainda possibilidade de a recuperar:

Fig. 1 - Probabilidade de Sobrevivência no SBV - Desfibrilhação

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Com administração de Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa, a

probabilidade de recuperação desce numa média de 5% por minuto, aumentando-se

assim o tempo de recuperação para 20 minutos.

From:

Defibrillators - A Shock in Time, RLSS, Dr Anthony J Handley, Chief Medical Adviser

RLSS UK, Chairman

BLS/AED Subcommittee Resuscitation Council UK, Chairman BLS Task Force ILCOR

Fig. 2 - Probabilidade de Sobrevivência no SBV – CPR + Desfibrilhação

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Anexo A

Esquema do SBV

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Bibliografia

Autores:

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Livros:

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