Segurança do paciente infantil no centro cirúrgico

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    Reviso de Literatura

    SEGURANA DO PACIENTE INFANTIL NO CENTRO CIRRGICO

    CHILD PATIENT SAFETY IN THE SURGICAL CENTER

    SEGURIDAD DEL PACIENTE INFANTIL EN EL BLOQUE QUIRRGICO

    SANTOS, Janaina Viana dos; SANTOS, Katia Peixoto Bonfim; CARDOSO, Silene Cristiane; PRIMO, Rosely Neide Gonsalves; BARROS, Luciene de Ftima Neves Monteiro de

    RESUMO: Introduo: O Centro Cirrgico (CC) uma rea destinada a pacientes submetidos a in-tervenes cirrgicas, especialmente nos perodos transoperatrio e ps-operatrio imediato. Objetivo: Relacionar problemas envolvendo crianas durante sua permanncia no CC, descrevendo a conduta que deve ser adotada pelos profissionais de sade. Mtodo: Estudo de reviso bibliogrfica, no qual fo-ram utilizados 12 artigos cientficos, publicados entre 2001 a 2011 em bancos de dados, indexados sob o tema Segurana do paciente infantil no CC, sendo utilizadas as seguintes palavras-chave: segurana, criana, enfermagem, centro cirrgico. Resultados: Os problemas de maior incidncia relacionados nos artigos includos neste estudo foram: erros de medi-cao, ausncia da famlia, distrbios psicolgicos e dor. As condutas dos profissionais da sade devem ser voltadas preveno e notificao imediata dos problemas e dos eventos adversos. Conside-raes finais: Verificou-se que o principal problema encontrado foi relacionado aos erros de medicao, exigindo da enfermagem a deteco e a notificao dos eventos adversos com aes direcionados para sua preveno.

    Palavras-chave: Segurana. Criana. Enfermagem. Centros de cirurgia.

    ABSTRACT: Surgical Center is an area for patients that will be undergoing surgical procedures, especial-ly during intraoperative and immediate postoperative

    period. Objective: To relate issues involving children during their stay in the operating room, describing the conduct that should be adopted by health profes-sionals. Methods: Study of literature review in which 12 articles published from 2001 to 2011 was used, indexed under the title: Child Patient Safety in the Surgical Center, being used the following keywords: safety, child, nursing and surgical center. Results: The problems with higher incidence were: medication errors, absence of family, psychological disorders and pain. The behavior of health professionals should be focused on prevention and immediate notifica-tion of problems and adverse events. Conclusion: It was verified that the main problem was related to medication errors, demanding nursing detection and reporting of adverse events with actions target to its prevention.

    Key words: Safety; Child; Nursing; Surgicenters.

    RESUMEN: El Bloque Quirrgico es un rea para los pacientes sometidos a procedimientos quirrgicos. Objetivo: Relacionar problemas involucrando los nios y su estancia en la sala de operaciones, describiendo la conducta que deben ser adoptadas por los profesionales de la salud. Mtodos: El estudio de revisin de literatura em que se utiliz 12 artculos publicados entre 2001 y 2011 en base de datos indexados, bajo el ttulo: Seguridad del Paciente infantil en el Bloque Quirrgico, utilizando las siguientes palabras clave:

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    seguridad, nio, enfermera y bloque quirrgico. Resultados: La mayor incidencia de problemas relacionados con los artculos incluidos en este estudio fueron: errores de medicacin, ausencia de familiares, trastornos psicolgicos y dolor. Las conductas de los profesionales de la salud deben ser hacia la prevencin y la notificacin inmediata de los problemas y eventos adversos. Conclusin: Se observ que el principal problema encontrado estaba relacionado con los errores de medicacin, que requieren de la enfermera la deteccin y la notificacin de eventos adversos con acciones orientadas para su prevencin.

    Palabras clave: Seguridad; Nio; Enfermera; Bloque quirrgico.

    INTRODUO

    A preocupao com a segurana e a qualidade dos servios prestados criana e ao adolescente pelas instituies de sade tem sido especulada em car-ter mundial, principalmente nos erros de medicao e seus eventos adversos provocados pela equipe de sade em contextos internacionais1.

    Segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), acidente definido como uma ocorrncia imprevista e indesejvel, instantnea ou no, relacionada com o exerccio de atividades, que provoca leso pessoal ou que decorre de risco prximo ou remota dessa leso. Sendo que iatrogenia definida, ora pela ao prejudicial, ora pelo resultado indesejvel relacionado equipe de enfermagem2.

    A Organizao Mundial de Sade (OMS) tem demonstrado preocupao com a segurana do paciente, quando, no ano 2000, iniciou a discusso sobre o tema com seus pases membros. Em 2004, foi criada a Aliana Mundial para Segurana do Paciente, visando a troca de conhecimentos das solues encontradas, com o objetivo de conscien-tizao e de conquista do compromisso governa-

    mental, lanando programas, alertas e campanhas que unem recomendaes destinadas segurana dos pacientes pelo mundo. So listadas, a seguir, algumas iniciativas da OMS:

    - 1 iniciativa: Cuidado limpo e cuidado seguro, en-fatizando o controle da infeco, com estmulo lavagem das mos;

    - 2 iniciativa: Cirurgias seguras salvam vidas, ini-ciada em 2007, com o objetivo de diminuir o n-mero de erros nos procedimentos cirrgicos e as complicaes posteriores;

    - 3 iniciativa: visa combater a resistncia microbia-na, visto que ela aumenta o tempo de internao e, consequentemente, expe o paciente a inmeras complicaes; surge a especulao do uso racio-nal de medicamentos;

    - 4 iniciativa: idealiza a participao do pacien-te para na sua prpria segurana, estimulando o envolvimento e a participao dos pacientes, dos cuidadores e da comunidade na divulgao da se-gurana3.

    De acordo com o referenciado acima, persiste a necessidade de se investir na busca de melhoria da qualidade e na garantia de segurana do paciente nas intervenes cirrgicas, de modo a resultar, progressivamente, em mais vidas salvas e mais incapacidades prevenveis3.

    Portanto, a garantia de um atendimento com se-gurana no Centro Cirrgico (CC) requer tambm um planejamento detalhado do ambiente fsico, atendendo caractersticas do desenvolvimento e do crescimento infantil, estando em harmonia com as necessidades da famlia e da equipe de sade. Segundo a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA), um indicador para segurana em ambien-te hospitalar a ausncia de perigo ou de riscos a danos corporais (leses e morte), psicolgicos e materiais2.

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    A hospitalizao , geralmente, realizada num ambien-te de tenso e insegurana para crianas, adolescen-tes e seus acompanhantes, podendo acarretar outras situaes desagradveis em sua rotina, tais como: novos horrios, exames dolorosos, afastamento do ambiente familiar, abandono das atividades escolares, falta de estmulo social, dentre outras alteraes no cotidiano das crianas e de seus familiares. Essas modificaes podem ocasionar agitao, gritos, cho-ros, retrocessos, regresso, depresso, ausncia no controle dos esfncteres, entre outros4.

    A enfermagem tem um papel importante durante a hospitalizao da criana e do adolescente, para promover ou proporcionar segurana e conforto, elementos necessrios diante dos riscos que ela poder sofrer em virtude de sua vulnerabilidade fsica e psicolgica, ocasionada pela enfermidade, onde segurana e conforto constituem tambm necessidades bsicas do ser humano e podem se manifestar pela necessidade de proteo diante de perigos fsicos, ameaas psicolgicas e dor5.

    Sendo assim, esse trabalho foi criado com con-texto elaborado de forma especfica, para buscar informaes e as medidas tomadas pela equipe de enfermagem, cuja meta manter o ambiente seguro para o recebimento da criana. A enfermagem uma legio que cada vez mais est sendo cobrada e, se no nos preocuparmos agora com a nossa maior meta, que dar uma assistncia 100% qualificada, estaremos causando um efeito negativo. Ento, resta salientar que a enfermagem uma continuidade e, acima de tudo, uma responsabilidade scio-humana e scio-cultural que sempre deve estar atenta maior preciosidade do ser humano, que a vida.

    OBJETIVO

    Este estudo teve como objetivo relacionar problemas envolvendo crianas durante sua permanncia no Centro Cirrgico, descrevendo a conduta que deve ser adotada pelos profissionais de sade.

    MTODO

    Trata-se de um estudo de levantamento bibliogrfico, tendo como base os seguintes sites de busca: Goo-gle Acadmico, Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cincias da Sade (LILACS), sobre o tema Se-gurana do paciente infantil no CC, utilizando-se as seguintes palavras-chave: Segurana, Criana, Enfermagem, Centro cirrgico.

    Foram includas publicaes do tipo teses, monogra-fias e artigos, nos idiomas portugus e ingls, com recorte temporal de dez anos (entre 2001 e 2011); foram excludas dissertaes de mestrado.

    Na primeira busca, foram encontrados 25 artigos; destes, 12 foram includos neste estudo, por atender os critrios de incluso.

    As publicaes foram analisadas separadamente, havendo uma preocupao em quantificar os dados encontrados, sendo que os resultados so apresen-tados descritivamente, na forma de quadros, visando principalmente os aspectos considerados mais rele-vantes, conforme o objetivo deste estudo.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Aps anlise do material bibliogrfico, foi possvel identificar uma limitada literatura a respeito da temti-ca Segurana do paciente infantil no CC, apesar do assunto segurana ser um tema bastante abordado na atualidade, em escala mundial.

    Os artigos selecionados para fazer parte da amostra deste estudo esto discriminados nos Quadros 1 e 2. No Quadro 1 esto relacionados os problemas e os eventos adversos segurana da criana no CC. Os estudos foram listados e numerados conforme a sua ordem de seleo e constam da lista de refe-rncias.

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    Quadro 1. Caracterizao das publicaes, segundo autoria, ano, local e peridico de publicao, com nfase aos problemas e eventos adversos que ocorrem com o paciente peditrico no Centro Cirrgico.

    Autor/Ano/Local Peridico Problemas/ Eventos Adversos

    Wegner W; 2011 / RS1

    Tese Erros de medicao, quedas e eventos adversos.

    Nascimento LC et al; 2010 / SP6

    Revista Latino Americana de Enfermagem

    Dor no ps-operatrio tardio e falta de conhecimento quanto s medicaes a serem realizadas.

    Schmitz SM et al; 2003 / SP7

    Cincia, Cuidado e Sade

    Quando a criana internada para um procedimento cirrgico e deixa a segurana do seu lar, especialmente aquela que incapaz de compreender o propsito da hospitalizao e as experincias intra e transoperatrias, pode sofrer alteraes psicolgicas, como: pesadelos, enurese e mal humor.

    Alves CA et al; 2009 / RJ8

    Interface Comunicao Sade e Educao

    Abandono de atividades escolares.

    Silva JP et al; 2011 / PR9

    Revista Eletrnica de Enfermagem

    Medo do desconhecido, da dor, da anestesia, da morte at mesmo receio de ficar desfigurado e incapacitado; falta ou at mesmo omisso de informaes sobre o procedimento ao qual a criana ser submetida.

    Harada MJCS et al; 2003 / SP10

    Acta Pauista de Enfermagem

    Eventos adversos resultantes da prtica do profissional de sade, relacionados s tcnicas e aos procedimentos.

    Costa PQ et al; 2009 / CE11

    Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences (BJPS)

    Clculo das doses prescritas, considerando-se o fracionamento e a dissoluo recomendados; em apenas 33,6% dos casos a dosagem correspondia ao preconizado; em 22,7% dos casos a dosagem no correspondia ao recomendado, havendo subdosagem; em cinco casos no foram encontradas doses peditricas. A maioria das sobredoses ocorreu em lactentes (55,0% dos pacientes envolvidos nas observaes).

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    Dias SMZ et al; 2004 / SP12

    Cincia, Cuidado e Sade

    Na internao, houve presena de estressores que emanam do cotidiano da vida das famlias, tomadas de dvidas, insegurana, esperanas e conflitos de ideias, oriundas da mudana de vida, da doena e da hospitalizao de uma criana. A desestruturao temporria da famlia uma das consequncias da hospitalizao da criana.

    ANVISA; 2006 / DF13

    Pediatria: preveno e controle de infeco hospitalar

    As infeces aumentam o tempo de internao, a morbidade e a mortalidade.

    Miyake MH et al; 2002 / SP14

    Acta Paulista de Enfermagem

    Complicaes ps-cirrgicas relacionadas com as drogas administradas e com o procedimento cirrgico.

    Soares VV et al; 2004 / SP15

    Revista da Escola de Enfermagem da USP

    Novos horrios e exames dolorosos.

    Cristo RC et al; 2005 / SP16

    Revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem Peditrica

    Ausncia de acompanhante, perda de figura e rotina, levando angustia, depresso e apatia.

    No CC, as ocorrncias adversas podem se reverter em grandes preocupaes, devido ao risco de que este ambiente possa favorecer o surgimento de iatrogenias. Sobretudo porque, nestas unidades, as crianas necessitam de cuidados especializados, tanto no pr, quanto no intra e ps-operatrio10.

    Existem inmeras ocorrncias que so considera-das eventos adversos, entre elas: jejum prolongado e ou desnecessrio; realizao de procedimentos sem preparo prvio; analgesia inadequada e pou-cas orientaes aos pais ou acompanhantes e o principal, que contribui para o aumento de eventos adversos s crianas, a falta de coeso da equipe de enfermagem1,4.

    As infeces esto entre as mais temidas compli-caes decorrentes do ato operatrio, uma vez que aumentam a morbidade e a mortalidade, prolongam a permanncia hospitalar, aumentando o risco de outras complicaes, alm de onerarem o tratamen-to13. Outro fator importante a dor, pois a criana, muitas vezes, no consegue express-la, devido carncia de habilidades verbais e cognitivas, espa-cialmente as que se encontram em fase pr-escolar. A analgesia ps-operatria muito importante para o alivio da dor; entretanto, ainda hoje um considervel nmero de crianas no tem medicao prescrita para dor aps a cirurgia. Quando h, so prescritas abaixo da dose teraputica, fazendo com que sejam submedicadas6,14.No Quadro 2 est descrita a conduta descriminada

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    pelos autores dos artigos selecionados, frente aos problemas e aos eventos adversos relacionados se-gurana do paciente infantil no CC. Neste quadro, a conduta foi relacionada segundo a ordem numrica de cada artigo selecionado.

    Quadro 2. Caracterizao das publicaes, segundo autoria e ano de publicao, com nfase s condutas relacionadas aos problemas e eventos adversos que acontecem no Centro Cirrgico.

    Autor/Ano/Local

    Conduta

    Wegner W; 20111

    Realizar procedimentos com preciso, responsabilidade e conhecimento cientfico, anotando toda e qualquer atividade realizada. A elevao das grades da cama/bero e o uso do cinto de segurana nos carrinhos so medidas preventivas para evitar quedas, aplicando-se, assim, medidas de segurana.

    Nascimento LC et al; 20106

    Comunicao assdua entre profissionais entre profissionais de enfermagem e a famlia, e que os mesmos tenham conhecimento da existncia da dor para avaliar e intervir, orientado quanto s medicaes que esto sendo realizadas e aos efeitos colaterais que podem causar.

    Schmitz SM et al; 20037

    Na assistncia de enfermagem pode-se empregar o brinquedo para facilitar a realizao dos procedimentos, evitando processos traumticos futuros para a criana. O brincar um instrumento rico em possibilidades, a ser utilizado pela enfermagem nas unidades de cirurgia peditrica.

    Alves CA et al; 20098

    Promover espaos que tragam estmulo atividade e criatividade com organizao do pensamento das crianas internadas, com espaos para leitura, composto por livros de literatura infanto-juvenil, com a mediao de leitura para bebs, crianas, jovens e seus acompanhantes, respeitando as restries de contato e os cuidados especiais.

    Silva JP et al; 20119

    Realizar o cuidado para a criana cirrgica significa orientar quanto aos procedimentos tcnicos adequados sua faixa etria, respeitando as diferentes fases de seu desenvolvimento, assegurando a permanncia de sua famlia e incluindo atividades ldicas.

    Harada MJCS, et al; 200310

    Lavagem das mos em toda e qualquer situao, uso de equipamentos de proteo individual e emprego tcnicas asspticas.

    Costa PQ et al; 200911

    De acordo com as normas nacionais (RDC 214/2006), o preparo de medicamentos em hospitais de responsabilidade exclusiva de um farmacutico e no de outros profissionais da sade, devendo ser realizado em local apropriado, atendendo as exigncias das boas prticas de manipulao.

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    Dias SMZ et al; 200412

    A presena da famlia no mundo do hospital fundamental para a preservao do mundo vida da criana. Os pais so o seu prprio referencial, significando afeto, elo que une criana e famlia; ter um acompanhante no deve ser importante apenas porque est na lei, mas porque faz parte do cuidado criana hospitalizada, como um pressuposto bsico do cuidado das enfermeiras da pediatria e clnica cirrgica.

    ANVISA; 200613 Lavagem das mos em toda e qualquer situao, uso de luvas ao contato com o paciente, uso de equipamentos de proteo individual e emprego de tcnicas asspticas.

    Miyake MH et al; 200214

    Aplicao da Escala de Aldrete e Kroulik, que avalia o paciente como um todo, determinando que sua alta dever ser dada somente ao atingir a pontuao mxima, sendo necessria uma sala de recuperao para que se avalie o paciente, mediante complicaes gerais.

    Soares VV et al; 200415

    Notificao das ocorrncias adversas para o desenvolvimento de estratgias destinadas preveno de erros; o primeiro passo nesta direo a compreenso de como as ocorrncias adversas acontecem.

    Cristo RC et al; 200516

    Integrar a famlia durante a internao, buscando no s a melhoria nesse perodo, como tambm a continuidade dos cuidados aps a alta hospitalar.

    A enfermagem deve sempre monitorar a dor da criana por meio de escalas especficas e pertinen-tes a cada faixa etria, observando toda e qualquer prescrio mdica, para que no ocorra falta ou at mesmo superdosagem de medicao6,11.

    Quanto aos erros de medicao, que so os mais comuns na criana hospitalizada, verifica-se que a manipulao fora da farmcia por profissional no habilitado pode levar a erros na dosagem final admi-nistrada11. Entretanto, resta salientar que comum essa prtica nos hospitais, e que a enfermagem tem assumido tal papel11.

    A documentao do paciente um importante elemento que pode prevenir falhas no cuidado em sade. Os registros devem ser fidedignos ao cuidado prestado e a adequao dos mobilirios, a presena

    de grades de proteo nas camas, macas e beros so fatores de suma importncia na preveno de eventos adversos, como quedas1,10. Todos os cuida-dos realizados, bem como os recursos de proteo utilizados no posicionamento devem estar devida-mente registrados em pronturio.

    Por outro lado, a necessidade de brincar no deve ser esquecida, j que a criana est afastada do seu am-biente natural, e as experincias durante a induo da anestesia ou no perodo ps-operatrio imediato causam alteraes psicolgicas, como pesadelos, enurese e mau humor. As brincadeiras so usadas como forma de distrao, tendo a funo de passar o tempo. Na assistncia de enfermagem, pode-se empregar os brinquedos, com o intuito de diminuir os processos traumticos futuros para a criana, pois seu uso ajuda a enfermagem a entender as neces-

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    sidades da criana como um todo7.

    Um dos problemas mais citados em alguns dos estudos analisados9,12,15-16, foi a no participao da famlia no tratamento da criana em ambiente cirr-gico, sendo que as solues propostas pelos autores foram a colaborao e a introduo de membros da famlia na teraputica e o fato de que a criana deve saber sobre o procedimento a ser realizado, minimi-zando, assim, o medo do desconhecido.

    Contudo, a famlia tem papel de grande importncia quando se trata de internao e segurana, pois a criana se encontra em ambiente desconhecido, pode apresentar distrbios psicolgicos, afastamento do ambiente familiar, falta de brinquedo, entre outros. Estes fatores podem desencadear medo, angstia e at mesmo pesadelos. Por isso, devem ser reali-zadas atividades que faam com que a criana se sinta totalmente segura e feliz, em companhia de pessoas de seu convvio, adquirindo confiana nos profissionais da sade, aplicando-se o uso de brin-quedos teraputicos, antes da execuo de qualquer procedimento, o que pode ajudar a criana a com-preender o que ser realizado com ela no CC7-8,12,16.

    Afinal, pais e equipe de sade tm pelo menos um objetivo em comum: o restabelecimento da sade da criana.

    CONCLUSES E CONSIDERAES FINAIS

    A busca bibliogrfica a respeito do tema Segurana do paciente infantil no CC, nas bases de dados Google Acadmico, SciELO e LILACS, no perodo de 2001 a 2011, levou-nos identificao e anlise de 12 publicaes.

    Destacamos que a segurana da criana hospitali-zada incorpora a noo de segurana no cuidado, o qual representa um desafio para rea da sade.

    Os principais problemas levantados pelos autores dos artigos esto relacionados falta de informao

    da famlia, a erros de medicaes e ao desconheci-mento da equipe de sade, sendo que esses profis-sionais tm total responsabilidade sobre os cuidados prestados, a fim de evitar a ocorrncia de eventos adversos que possam ser causados ao paciente infantil durante seu atendimento no CC.

    Este estudo nos faz refletir sobre a necessidade de se manter maior compreenso por parte da equipe de enfermagem em relao aos quesitos necessrios para a realizao de uma cirurgia segura, reduzindo, com isso, a possibilidade de ocorrncia de danos criana e promovendo a realizao do procedimento certo, no local certo e no paciente correto.

    O reconhecimento e a identificao dos problemas foram considerados os primeiros passos para o desenvolvimento de uma cultura de segurana na assistncia ao paciente peditrico, alm da pos-sibilidade de ter o problema como uma fonte de ensinamentos.

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    Autoras

    Janaina Viana dos SantosEnfermeira Graduada em Enfermagem pela Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes (SP).

    Katia Peixoto Bonfim Santos Enfermeira Graduada em Enfermagem pela Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes (SP).

    Silene Cristiane CardosoEnfermeira Graduada em Enfermagem pela Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes (SP).

    Rosely Neide Gonsalves Primo Enfermeira do Centro Cirrgico do Hospital Vitria, So Paulo (SP), formada pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) em 2009.

    Luciene de Ftima Neves Monteiro de BarrosEnfermeira Mestre em Cincias da Sade, Especialista em Nefrologia, Doutoranda pela Universidade Federal de So Paulo (UNIFESP), Docente da Graduao da Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes (SP).E-mail: [email protected].