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Seminário URBFAVELAS 2016 Rio de Janeiro - RJ - Brasil ANÁLISE DA DIMENSÃO JURÍDICA DAS OCUPAÇÕES IRREGULARES EM ARAGUAÍNA-TO. JOÃO APARECIDO BAZOLLI (UFT) - [email protected] Professor Adjunto da Universidade Federal do Tocantins, Curso de Direito, Direito Urbanístico. RAFAEL MACEDO DIAS (UFT) - [email protected] Estudante da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Curso de Direito, Monitor de Direito Urbanístico. Participante de PIBIC (2015/2016/2017) e PROEXT (2015/2016). Integrante do Grupo de Pesquisa CNPq – Cidade e Meio Ambiente.

Seminário URBFAVELAS 2016 Rio de Janeiro - RJ - Brasil ... · imobiliário informal, possibilitando aos beneficiár ios dos programas usarem o capital realizado, resultado da venda

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Seminário URBFAVELAS 2016Rio de Janeiro - RJ - Brasil

ANÁLISE DA DIMENSÃO JURÍDICA DAS OCUPAÇÕES IRREGULARES EM ARAGUAÍNA-TO.

JOÃO APARECIDO BAZOLLI (UFT) - [email protected] Adjunto da Universidade Federal do Tocantins, Curso de Direito, Direito Urbanístico.

RAFAEL MACEDO DIAS (UFT) - [email protected] da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Curso de Direito, Monitor de Direito Urbanístico. Participantede PIBIC (2015/2016/2017) e PROEXT (2015/2016). Integrante do Grupo de Pesquisa CNPq – Cidade e MeioAmbiente.

ANÁLISE DA DIMENSÃO JURÍDICA DAS OCUPAÇÕES IRREGULA RES EM

ARAGUAÍNA-TO.

Resumo: Este estudo objetivou,a partir deanálise em ocupações irregulares de baixa renda, entender a segregação periférica e a expansão urbana na cidade de Araguaína-TO. A metodologia de abordagem qualitativa aplicada no estudo consistiu na análise de documentos sobre programas habitacionaise de regularização fundiáriaelaborados pelo Poder Público local e da pesquisa de campo realizadanos assentamentos definidos pelo estudo. O trabalho de campo teve como finalidade compreender o modo de ocupação irregular na cidade pela lógica da demanda por moradia e a da disputapelo espaço urbano, visto como mercadoria pelo setor imobiliário. Concluiu-se com estudo que há problema fundiário complexo em Araguaína-TOe se dá em razão dos desafios da regularização fundiária não ser prioridade dos gestores locais, pois, não se trata a questão com efetividade. Identificou-se também, a deficiência administrativa pela ausência de medidas e de encaminhamentos para a solução do problema, a falta de fiscalização para evitar a sua ampliação, o descontrole sobre o perímetro urbano da cidade e o claro desencontro entre a regularização fundiária e urbanização. Entende-se que seja necessário que os gestores locais elaborem estratégias para tratar os problemas fundiários com eficácia, sugeriu-se então, a construção de um Plano de Regularização Fundiária.

Objetivo: O estudo objetivou, a partir de análise em ocupações irregulares de baixa renda, entender a segregação periférica e a expansão urbana na cidade de Araguaína-TO.Pretendeu-se compreender as ocupações irregulares, pela lógica da demanda e da disputa pelos espaços urbanos na cidade tocantinense de Araguaína, com um enfoque jurídico, mas atrelado aos conceitos de democratização da cidade, participação social e da segurança da posse. Na realização deste estudo foi analisado a legislação urbanística, a legislação municipal de Araguaína, os planos e programas habitacionais e de regularização fundiária, contratos de compra e venda e documentos de propriedade. Para auxiliar no embasamento se procedeu uma revisão bibliográfica especializada sobre o tema, dando ênfase ao acesso à terra urbanizada e a habitação social, pesquisa de campo e levantamento de dados primários e secundários (nas ocupações irregulares) para uma leitura técnica e comunitária da cidade estudada. Os dados coletados possibilitaram discutir o tema no âmbito jurídico sobre segurança da posse como direito fundamental do homem, para entendê-la como um instrumento de efetivação da função social da propriedade e do direito à moradia digna.

Introdução

No Brasil historicamente nota-se a falta de políticas habitacionais e da capacidade

do poder público, nas três esferas governamentais, para lidar com a promoção do acesso à terra urbanizada, que termina por ser “monopolizada conjuntamente pelos proprietários e pelo Estado”. (MARTINS, 1998, p.147)1. A terra urbana vem se tornando mercadoria e instrumento de reserva de valor, portanto, a propriedade não vem cumprindo a função social e desta maneira vem “seguindo os mesmos conceitos de propriedade fundiária do Brasil Colônia”. (MORAES, 2003, p.17)2.

O marco inicial no País do problema fundiário, especialmente o de acesso à terra, vem da segunda metade do século XIX, quando da promulgação da Lei da Terra, de 18 de setembro de 1850. Essa Lei garantiu propriedade aos possuidores de título de sesmaria ou aos de título de posse mansa e pacífica, o que fortaleceu e consolidou a propriedade privada no Brasil. Em 1888 com a abolição da escravidão e posteriormente com o movimento migratório e imigratório, fez com que uma população ingressante de: escravos livres; imigrantes europeus e de outras procedências,chegasseàs cidades brasileiras. Em razão disso se constatou à época o aumento da demanda por habitação nas regiões urbanas. Porém, a falta decondições desta população de arcar com a despesa de aluguel,tratando-se de moradia digna, as pessoas alojaram-se precariamente, sendo que “a única alternativa encontrada eram as moradias coletivas, que recebiam diferentes denominações: cortiço cabeça de porco ou casa de cômodos”. (BONDUKI, 2014, p.19)3.

Diante desse quadro caótico e em consequência da criminalização e destruição de cortiços no Brasil, surgiram os assentamentos irregulares no final do século XIX. Neste contexto histórico, registra-se que após a demolição do cortiço ‘Cabeça de Porco’,no Rio de Janeiro, os moradores desalojados “se instalaram no Morro da Providência, formando uma das primeiras favelas cariocas”. (BONDUKI, 2014, p.31)4.

Em todo o País a tolerância tem fomentado as ocupações descontroladas de áreas urbanas, embora seja de conhecimento geral que o tempo de permanência nessas ocupações gere direitos. Ainda assim, o governo, nas três esferas, não tem conseguido exercer competente controle sobre o seu território, e a “flexibilidade com a ocupação ilegal fundiária na prática, mas inflexibilidade formal para a regularização de assentamentos de baixa renda” (MARICATO, 2006, p. 212)5, tem resultado em constantes conflitos.

Destaca-se neste tema o Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 (BRASIL, 2001)6, como precursor para o avanço dos debates fundiários urbanos, posto tratar das questões urbanas nas várias dimensões e, além de consolidar a noção da função social da propriedade e da cidade, estruturou a gestão participativa, prevista pela Constituição Federal de 1988.

1 MARTINS, José de Souza (1998). O Cativeiro da Terra. São Paulo: Hurcitec. 2 MORAES, Lúcia Maria (2003). A Segregação Planejada: Goiânia, Brasília e Palmas. Goiânia: Ed. da UCG. 3 BONDUKI, Nabil Georges. (2014). Os pioneiros da habitação social no Brasil: volume 1. São Paulo:

Editora Unesp: Edições Sesc. 4 Ibid. 5 MARICATO. E. (2006). Ministério das Cidades e a política nacional de desenvolvimento urbano. Políticas

sociais: acompanhamento e análise, São Paulo, n. 12, p. 211-220, fev. 2006. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/bpsociais/bps_12/ensaio2_ministerio.pdf.> Acesso em 26 jul. 2014.

6BRASIL. Lei 10.257, de 10 de julho de 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em 26 jul. 2014.

A cidade não é neutra e deve ser vista como força ativa, ferramenta eficaz para gerar empregos e renda e produzir desenvolvimento. O desenvolvimento local é o resultado da mediação de interesses entre os atores sociais, políticos e econômicos, e as suas ações devem ser executadas por atores locais (GUMUCHIAN; GRASSET; LAJARGE, 2003)7. O papel do território é fundamental para o desenvolvimento local à medida que gere identidade e estabeleça as relações de conflitos a serem mediadas (AROCENA, 2001)8.

O desenvolvimento urbano (crescimento com equidade e sustentabilidade) tem como objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e da cidade. Essa harmonização é complexa e sem esse equilíbrio desejado a “expansão da cidade acompanha-se de uma especulação sobre os terrenos” (SANTOS, 2008, p. 206)9 . Assim, “um primeiro momento do processo especulativo vem com a extensão da cidade” (SANTOS, 2005, p. 106) 10 . Os trabalhadores contraem dívidas seguindo o raciocínio ditado pelo motivo-especulação; transformam onegócio em aposta financeira, estabelecendo comparativo entre as taxas de juros de mercado e a expectativa do ganho sobre a valorização de sua localização.

Inúmeros estudos constataram que os problemas fundiários estão relacionados com o preço da terra e a especulação imobiliária. Neste viés afirma-se que os “instrumentos de regularização fundiária e de ampliação do acesso à terra urbana podem ser considerados como necessidades comuns a praticamente todos os municípios” brasileiros. (ROLNIK; CYMBALISTA; NAKANO, p.143, 2001) 11 . Portanto, no campo fundiário, seria necessário o uso pleno dos instrumentos do Estatuto da Cidade, os quais viabilizariam o uso mais eficiente do estoque de terras imobilizado pela especulação imobiliária, até para consolidar uma paisagem construtiva mais satisfatória.

Salienta-se então a importância de observar que o aspecto legal urbanístico está relacionado com a segregação informal, pois, estudos sobre o tema mostram que, a legalidade urbana provoca a valorização antecipada no mercado de solo, um dos motivos da segregação, razão do lucro e do poder, na dinâmica do espaço urbano. Portanto, a gestão de terras pelo poder público se torna necessária e essencial.

Encontramos na literatura várias experiências brasileiras e latino-americanas que mostram como alternativa a implementação de programas de desenvolvimento social para assentamentos informais projetados por meio de políticas preventivas. Estas experiências constataram que a urbanização em grande escala poderia ser financiada pela recuperação da mais-valia resultante dos aumentos nos valores dos imóveis ocasionadas pela valorização da própria urbanização, que seriam convertidas em impostos ou em contribuição de melhoria.

Sabe-se, entretanto, que a regularização, regra geral, fomenta também o mercado imobiliário informal, possibilitando aos beneficiários dos programas usarem o capital realizado, resultado da venda do imóvel, para sua sobrevivência ou para outras finalidades. Esse fenômeno é constatável em toda a América Latina, pois não há controle do Estado, da situação das localidades pós-regularização. Desta maneira, caberia à municipalidade criar mecanismos para assegurar a permanência das famílias nos locais regularizados e uma fiscalização rígida, para dificultar a transferência dos imóveis, condições não constatadas nas práxis da execução dos programas de regularização fundiária urbana. 7GUMUCHIAN , H. E.; GRASSET, R.; LAJARGE, Y. E. R. (2003). Lesacteurs, cesoubliésduterritoire. Paris:

Anthropos. 8 AROCENA, J. (2001). El desarrollo local: un desafio contemporáneo. Montevideo: Taurus. 9 SANTOS. M. (2008). Manual de Geografia Urbana. 3 ed. São Paulo: EDUSP. 10 SANTOS, M. (2005). A Urbanização Brasileira. 5 ed. São Paulo: EDUSP 11 ROLNIK, Raquel; CYMBALISTA, Renato; NAKANO, Kazuo. (2011). Solo urbano e habitação de interesse

social: a questão fundiária na política habitacional e urbana do país. Revista de Direito da ADVOCEF. v.1, nº 13, 256p. Nov. Semestral – pp. 123-158. Porto Alegre. ADVOCEF.

Verifica-se então que nesta linha de raciocínio haveria a possibilidade do acesso à terra urbanizada a um preço competitivo, se comparada ao preço praticado pelos loteadores clandestinos e irregulares. Pois, vários estudos constataram que estes loteadores que oferecem terra sem infraestrutura básica praticam preços como se ela estivesse implantada, ou seja, regra geral os loteadores antecipam no preço praticado uma futura urbanização a ser realizada pelo Poder Público.

Em síntese a avaliação da terra deveria sempre anteceder aos planos locais com previsão de urbanização, condição que possibilitaria obter um preço da terra antes da sua conversão em urbana, recurso utilizados por países europeus. (ACIOLY JR, 2010, p. 409)12.

Portanto, diante do quadro se justifica a realização deste estudo, que aborda a expansão da cidade e as suas relações com as disputas territoriais para o acesso à terra urbanizada, fator que possibilita compreender a dinâmica das ocupações irregulares e segregadas, observando também no contexto o fenômeno da valorização imobiliária antecipada, considerando a agregação do valor especulativo da futura urbanização, causada pelos anúncios de programas de regularização fundiária.

A irregularidade fundiária é uma questão estrutural das cidades brasileiras, caracterizada por um desenvolvimento urbano desordenado. Fala-se, com razão, na dimensão acentuada do “problema” da irregularidade no Brasil, chegando-se a percentuais que variam em torno de 40 a 70% do parque imobiliário existente. Esses números, entretanto, devem ser utilizados de forma cuidadosa, já que se referem a situações e a problemas diferenciados.

Apesar da expressividade dos números, esses dados, no entanto, apresentam um panorama da irregularidade, sem muita precisão, especificidades, e sem a visibilidade que a questão merece. De qualquer maneira, trata-se de um problema que atinge todo o país e reflete até hoje a falta de políticas públicas de regularização fundiária e habitacionais, principalmente voltadas para a população de baixa renda.

As relações cidade/sociedade e vice-versa são marcadas pela herança escravista, pelo clientelismo, e pela desigualdade social, também pelo monopólio e a inexistência de controle sobre o uso e ocupação do solo. E, diante deste quadro estrutural, as cidades medias da Região Norte, nestes últimos vinte anos, começaram a apresentar vários dos problemas fundiários existentes em todo território nacional, além dos específicos da região, de maneira acentuada devido as altas taxas de crescimento, ratificadas por meio dos dados do Censo (IBGE, 2010)13.

Este estudo pretendeu analisar as problemáticas urbanas tendo como objeto a cidade de Araguaína, no Estado do Tocantins. Esta cidade de médio porte, localizada na região amazônica, tem apresentado um crescimento urbano significativo. Porém, esse crescimento desordenado apresenta um número estimado de 60 (sessenta) assentamentos irregulares urbanos no território do Município (CARTA CONSULTA, 2016)14, fator extremamente preocupante, que justificou e tornou relevante este trabalho.

Portanto, este estudo objetivou compreender as ocupações irregulares pela lógica da demanda e da disputa pelos espaços urbanos na cidade tocantinense de Araguaína, com um enfoque jurídico. Aplicou-se como metodologia para o desenvolvimento deste trabalho uma ampla revisão de literatura especializada acerca do tema, que foi complementada com visita técnica aos assentamentos com a finalidade de conhecer a

12 ACIOLY JR. Cláudio. (2010). Impactos y evaluación de las politicas de suelo: Informalidad, regularización

y derecho de propriedade. in: Temas críticos en políticas de sueloen América Latina. Org. Martim O. Smolka y Laura Mullahy. Cambridge: Lincoln Institute of Land Policy.

13 IBGE. Censo Demográfico 2010: primeiros resultados. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br>. Acesso em: 01 de fevereiro 2016.

14 CARTA CONSULTA. (2016). Relatório Sistemática. Secretaria Nacional de Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos. Brasília: Ministério das Cidades.

problemática e realizar entrevistas com os presidentes das associações dos assentamentos estudados: Setor Presidente Lula, Setor Ana Maria, Setor Sul, Setor Maracanã e Setor Monte Sinai.

Concluiu-se com este estudo, que existe na cidade de Araguaína um problema fundiário complexo em razão da ausência de políticas públicas voltadas ao acesso da terra urbanizada pela população de baixa renda. Identificou-se a ineficiência dos programas habitacionais implantados em relação à demanda local, a inexistência de dados sociais e de legislação municipal especifica tratando do tema, a ausência de políticas públicas e programas dirigidos à regularização fundiária. O Poder Público municipal não possui um mapeamento dos assentamentos e medidas palpáveis de encaminhamento para a solução das irregularidades urbanas, além da falta de fiscalização para evitar a sua ampliação, até em razão da grande extensão do perímetro urbano da cidade.

Caracteri zação das ocupações irregulares em Araguaína -TO

O estado do Tocantins foi criado em cinco de outubro, pela Constituição Federal de

1988 e está localizado na Região Norte do Brasil. A sua área é de 277.621 km² o que representa 3,3% do território nacional, 7,2% da Região Norte e 5,4% da Amazônia Legal. A sua população atual é de 1.383.445 habitantes distribuídos em 139 municípios, com a densidade demográfica de 4,98 hab/km² (IBGE, 2010)15.

Com a finalidade de contextualizar a discussão propostas iniciamos com um breve histórico de Araguaína, que em 1953 passou de Povoado à Distrito com a promulgação da Lei Municipal de nº 86. Mas, devido ao rápido desenvolvimento local, em 1958 a Lei Estadual de nº 2.125, decretou a criação da cidade. Com a construção da rodovia BR- 153 a partir de 1960 a cidade atingiu um elevado nível de desenvolvimento econômico-social. Em 1988 a Constituição Federal criou o Estado do Tocantins, isto fez com que a Araguaína, localizada na Região Norte do Estado e integrante do conhecido “Bico do Papagaio”, mostrada na (fig. 1), se tornasse a cidade mais importante para o estado, naquele momento, além de receber o título de Capital Econômica (ARAGUAÍNA, TO). A “criação do Estado Novo, reforça sem dúvidas, o fluxo migratório que já demandava às terras goianas” (CAMPOS, 1985, p.47)16.

Assim sendo, neste rumo desenvolvimentista os problemas de Araguaína se multiplicaram na mesma proporção. Desta maneira evidenciaram-se a dificuldade de acesso à terra urbanizada e a falta de políticas públicas nos variados setores do desenvolvimento urbano e social, fatores que fortaleceram a especulação imobiliária local e estão sendo responsáveis pelo crescimento das ocupações irregulares na cidade pelo motivo da terra urbana se tornar inacessível à população de baixa renda. Esta condição reforça a desigualdade socioespacial e a exclusão social, haja vista que à “expansão da cidade acompanha-se de uma especulação sobre os terrenos” (SANTOS, 2008, p. 206)17 considerando-se que a razão da “valorização exorbitante do solo, fator que é benéfica apenas aos proprietários das áreas, em detrimento aos interesses públicos e da

15 IBGE. Censo Demográfico 2010: primeiros resultados. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística, 2010. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br>. Acesso em: 01 de fevereiro 2016. 16 CAMPOS, Itami. (1985). Questão Agrária: bases sociais da política goiana (1930-1964). Tese

(Doutoramento em Ciências Sociais Humanas) – Universidade de São Paulo, São Paulo. 17SANTOS. M. (2008). Manual de Geografia Urbana. 3 ed. São Paulo: EDUSP.

sociedade” (BAZOLLI, 2011, p.3)loteamentos se multipliquem exponencialmente.

Nesta linha de condução, salientadas fronteiras urbanas que crescem com mais velocidade em todo o mundo” a de se ressaltar que “80% do crescimento das cidades” desta Região, “temprivadas, em sua maior parte, de serviços públicos e transporte municipal, tornando assim sinônimos de ‘urbanização’ e ‘favelização’”. (DAVIS, 2006, p.27estudo que cidade de Araguaína se adequa ao contexto da referida Região.

Neste sentido, para compreender melhor a realidade da cidade de Araguaína delimitamos o estudo em 5 áreas, mostradas na (desconexão urbana por motivo de abandono pelo Poder Público local, a saber: Presidente Lula, Setor Ana Maria,

18 BAZOLLI, J.A. (2011). A Dialética da Expansão Urbana de Palmas. Minha Cidade, São Paulo, 12,135,

Vitruvius, oct (1-6). Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/12de 2016. 19 BOVOLATO, Luís Eduardo. (2007).

Estadual Paulista. Tese de Doutorado elaborada junto ao Curso de PósPresidente Prudente.

20 DAVIS, Mike. (2006). Planeta Favela

sociedade” (BAZOLLI, 2011, p.3) 18 , faz com que as ocupações irregulares e os loteamentos se multipliquem exponencialmente.

Fig. 1: Localização de Araguaína Fonte: (Bovolato, 2007, p.1919)

Nesta linha de condução, salienta-se que, embora a Região Amazônia seja “das fronteiras urbanas que crescem com mais velocidade em todo o mundo” a de se ressaltar que “80% do crescimento das cidades” desta Região, “tem-se dado nas favelas,

sua maior parte, de serviços públicos e transporte municipal, tornando assim sinônimos de ‘urbanização’ e ‘favelização’”. (DAVIS, 2006, p.27)20

estudo que cidade de Araguaína se adequa ao contexto da referida Região.compreender melhor a realidade da cidade de Araguaína

delimitamos o estudo em 5 áreas, mostradas na (fig. 2), escolhidas pela precariedade edesconexão urbana por motivo de abandono pelo Poder Público local, a saber: Presidente Lula, Setor Ana Maria, Setor Sul, Setor Maracanã e Setor Monte Sinai.

BAZOLLI, J.A. (2011). A Dialética da Expansão Urbana de Palmas. Minha Cidade, São Paulo, 12,135,

vel em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/12.135/4088>. Acesso em: 12 de fevereiro

BOVOLATO, Luís Eduardo. (2007). Uso e gestão de águas subterrâneas em Araguaína/TOEstadual Paulista. Tese de Doutorado elaborada junto ao Curso de Pós-Graduação em Geografia.

Planeta Favela; tradução de Beatriz Medina. São Paulo: Boitempo.

, faz com que as ocupações irregulares e os

se que, embora a Região Amazônia seja “uma das fronteiras urbanas que crescem com mais velocidade em todo o mundo” a de se

se dado nas favelas, sua maior parte, de serviços públicos e transporte municipal, tornando assim

. Verifica-se com o estudo que cidade de Araguaína se adequa ao contexto da referida Região.

compreender melhor a realidade da cidade de Araguaína 2), escolhidas pela precariedade e

desconexão urbana por motivo de abandono pelo Poder Público local, a saber: Setor Setor Sul, Setor Maracanã e Setor Monte Sinai.

BAZOLLI, J.A. (2011). A Dialética da Expansão Urbana de Palmas. Minha Cidade, São Paulo, 12,135,

.135/4088>. Acesso em: 12 de fevereiro

Uso e gestão de águas subterrâneas em Araguaína/TO. Universidade Graduação em Geografia.

; tradução de Beatriz Medina. São Paulo: Boitempo.

Fig. 2: Localização dos assentamentos estudadosFonte:

Os assentamentos escolhidos foram visitados com a finalidade de constatar a realidade local para confrontar com as informações da Prefeitura Municipal. As visitas possibilitaram conhecer in locoassentamentos, a situação do processo de regularização, a forma de ocupação e de urbanização, e a situação documental. Os dados foram coletados com os Presidentes das associações de moradores dos respectivos assentamentos, que cederam cópias dos documentos das associações.

Cabe salientar que a Prefeitura de Araguaína informou que disponibiliza os seguintes instrumentos para regularização fundiária: (CUEM) Concessão de Uso Especial para fins de Moradia; Compra e Venda; Demarcação urbanística e legitimação de possCessão de Posse; Solução amigável ou litigiosa de conflitos judiciais. Além de que já ter realizado no Araguaína Sul o trabalho social (mobilização comunitária e demais atividades); providenciado os atos normativos/ administrativos (edição de leis, decrportarias, minutas de documentos); realizado o cadastro físico (identificação e delimitação de lotes e domicílios); o cadastro social (aplicação de questionário socioeconômico para identificação das famílias moradoras); desenvolvido o Projeto de Regude regularização das posses (medidas administrativas e jurídicas voltadas à titulação e registro dos títulos); de regularização administrativa (oficialização de logradouros, atualização de cadastro municipal, PGV). (CARTA CONSULTA, 201

21 CARTA CONSULTA. (2016). Relatório Sistemática

Programas Urbanos. Brasília: Ministério das Cidades.

2: Localização dos assentamentos estudados Fonte: www.google.com.br/maps/place/Araguaína

Os assentamentos escolhidos foram visitados com a finalidade de constatar a realidade local para confrontar com as informações da Prefeitura Municipal. As visitas

in loco a situação real, o contexto histórico do surgimento dos tamentos, a situação do processo de regularização, a forma de ocupação e de

urbanização, e a situação documental. Os dados foram coletados com os Presidentes das associações de moradores dos respectivos assentamentos, que cederam cópias dos

associações. Cabe salientar que a Prefeitura de Araguaína informou que disponibiliza os

seguintes instrumentos para regularização fundiária: (CUEM) Concessão de Uso Especial para fins de Moradia; Compra e Venda; Demarcação urbanística e legitimação de possCessão de Posse; Solução amigável ou litigiosa de conflitos judiciais. Além de que já ter realizado no Araguaína Sul o trabalho social (mobilização comunitária e demais atividades); providenciado os atos normativos/ administrativos (edição de leis, decrportarias, minutas de documentos); realizado o cadastro físico (identificação e delimitação de lotes e domicílios); o cadastro social (aplicação de questionário socioeconômico para identificação das famílias moradoras); desenvolvido o Projeto de Regude regularização das posses (medidas administrativas e jurídicas voltadas à titulação e registro dos títulos); de regularização administrativa (oficialização de logradouros, atualização de cadastro municipal, PGV). (CARTA CONSULTA, 2016)21

Relatório Sistemática. Secretaria Nacional de Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos. Brasília: Ministério das Cidades.

Os assentamentos escolhidos foram visitados com a finalidade de constatar a realidade local para confrontar com as informações da Prefeitura Municipal. As visitas

a situação real, o contexto histórico do surgimento dos tamentos, a situação do processo de regularização, a forma de ocupação e de

urbanização, e a situação documental. Os dados foram coletados com os Presidentes das associações de moradores dos respectivos assentamentos, que cederam cópias dos

Cabe salientar que a Prefeitura de Araguaína informou que disponibiliza os seguintes instrumentos para regularização fundiária: (CUEM) Concessão de Uso Especial para fins de Moradia; Compra e Venda; Demarcação urbanística e legitimação de posse; Cessão de Posse; Solução amigável ou litigiosa de conflitos judiciais. Além de que já ter realizado no Araguaína Sul o trabalho social (mobilização comunitária e demais atividades); providenciado os atos normativos/ administrativos (edição de leis, decretos, portarias, minutas de documentos); realizado o cadastro físico (identificação e delimitação de lotes e domicílios); o cadastro social (aplicação de questionário socioeconômico para identificação das famílias moradoras); desenvolvido o Projeto de Regularização Fundiária; de regularização das posses (medidas administrativas e jurídicas voltadas à titulação e registro dos títulos); de regularização administrativa (oficialização de logradouros,

21.

. Secretaria Nacional de Nacional de Acessibilidade e

Porém, durante as visitas e entrevistas realizadas nos assentamentos escolhidos para o estudo não foi constatado a aplicação de instrumentos ou a realização de atividades com o objetivo de regularizar as ocupações, conforme divulgado pela Prefeitura local.

Assim sendo, passaremos a analisar os assentamentos, destacar os problemas e analisar as questões legais aplicáveis, para atender o objetivo proposto pelo estudo o de compreender as ocupações irregulares, pela lógica da demanda e da disputa pelos espaços urbanos na cidade tocantinense de Araguaína, com um enfoque jurídico, mas atrelado aos conceitos de democratização da cidade, da mobilização social e dos instrumentos políticos e de participação social.

1. Setor Presidente Lula

Segundo (SILVA, 2014, p.63)22 este Setor começou a ser formado em 2010. No entanto, em entrevista realizada com a Sra. Marilene Diniz, Presidenta da Associação de Moradores e pioneira no local, a formação se deu a partir de 2008. A área pertence ao espolio de YoshioTomihari, em demanda em ação de inventário, não oferece segurança da posse e não existe perspectivas concretas de resolução deste problema.

O processo de ocupação foi conduzido por líderes comunitários, que realizaram a abertura de ruas e a divisão dos lotes em tamanhos regulares, de 12x30m e de 14x30m os de esquina, “totalizando 500 lotes, dos quais 350 estão ocupados por moradias” (SILVA, 2014, p.63)23. Os lotes foram doados, porém, a Sra. Marilene Diniz revelou que fez aquisição do seu terreno, em quatro parcelas de cinquenta reais, na ocasião. Atualmente aproximadamente 490 famílias moram neste local. Destes, a maioria de origem do próprio Estado do Tocantins, 85,71% são ocupantes para uso próprio, 61% são mulheres, 12,24% idosos acima de 60 anos, a maioria casado e com baixa escolaridade, quase 50% tem formação fundamental incompleta. A escolaridade reflete na condição de 70% não possuírem vínculo empregatício e 55% receber benefícios de Programa do Governo Federal.

O Setor Presidente Lula está mais isolado do centro da cidade, entre os assentamentos escolhidos para o estudo. As principais reclamações dos moradores são sobre a falta de transporte, iluminação, equipamentos e serviços públicos. Os moradores relatam que após muita luta conseguiram transporte escolar, fator que possibilita que 57% das crianças e jovens com idade escolar estejam matriculadas nas escolas de ensino fundamental e médio.

A maneira de construção das habitações é a autoconstrução, àquela em que “as pessoas constroem suas próprias casas lentamente” (ROLNIK, 2016, p.144)24. A maioria das casas foram construídas em alvenaria, todavia, ainda há muitas casas construídas com materiais improvisados, seja tábuas, lona, palha e outros materiais, demonstrado na (fig. 3). A precariedade destas construções são reflexos da insegurança da posse e da incapacidade econômica da comunidade, demonstrada pela pesquisa.

Os aspectos positivos atribuídos ao Setor é que possui água encanada, energia elétrica, e coleta de lixo. Entretanto esta coleta é precária, pois o serviço de limpeza pública não passa em todas as ruas e o armazenamento do lixo está sendo feito em local

22 SILVA, Roberto Antero. (2015). Desigualdades socioespaciais em cidades médias: um estudo de

Araguaína-TO. Disponível em <http://www.cimdepe.com.br/trabalhos-selecionados/>. Acesso em 05 de dez.

23Ibid 24 ROLNIK, Raquel. (2015). Guerra de Lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças.

São Paulo: Boitempo.

inapropriado, o que propicia que o lixo não recolhido se espalhe pela rua, demonstrado na (fig. 3). Esta deficiência leva a população a queimar ou enterrar os resíduos.

Fig

O Setor Ana Maria era denominado Araguaína Sul e neste local há cerca de 110 famílias assentadas. Essa área não se encontra totalmente ocupada e existem ainda aproximadamente 130 lotes vazios. Interessante que o Setor está instalado, parte em terras públicas e parte em terras privadas, sendo que área pública foi utilizada, antes da ocupação, como aterro sanitário. Além de parte da ocupação estar sobre área pública que impossibilita a utilização do instrumento da usucapião sobre o antigo aterro sanitário, fator que leva a conclusão da sua inadequação para moradia.

Os moradores têm realizado gestões juntos à Prefeitura Municipal e promoveram protestos ao longo destes anos de ocupação pedindo a regularização desta área. Entretanto a resposta dada pelos gestores é de que este Setor, em se tratando da área pública, não será regularizado, em razão da possibilidade de contaminação. Porém, não foram ainda apresentadas alternativas para a resolução do problema. Assim, sem o registro formal da propriedade e pela impossibilidade da permanência, devido os empecilhos à regularização, na parte privada, em 2012, foi promovida a reintegração da posse, sendo na ocasião desalojada 60 famílias, momento em que foram derrubadas suas construções. Percebe-se, neste caso, o aumepermaneceram, haja vista, a possibilidade de uma nova reintegração ocorrer, agora na área pública, desalojando o restante das famílias.

A Secretária Municipal Ambiente, Ciência e Tecnologia um laudo técnico, acerca da posda regularização fundiária do terreno. O laudo emitido atestou que há resíduos depositados sem a proteção técnica que ofereça minimamente segurança (impermeabilização, compactação, drenagem gasosa), ante ao risco de provável contaminação. Apurou-se, por documentos e relatos de moradores, que embora os resíduos do antigo lixão fossem removidos para a implantação do Setor Jardim das Flores – adjacente ao Ana Maria –, o mostrado na (fig. 4), levaria certamente, num futuro próximo, ao risco de contaminação.

O referido o documento de laudo constata que existem ainda no local resíduos de várias classes, fator de risco à saúde pública e ao meio ambiente. Há inclusive a possibilidade da existência de bolsões de gases, que poderiam provocar o desabamento de construções, caso se rompam. Além destes resíduos liberarem gases que pudessem causar intoxicação, teria ainda o caso do gás metano, altamente explosivo. Complementando, devido à falta dlençol freático tenha sido contaminado.

inapropriado, o que propicia que o lixo não recolhido se espalhe pela rua, demonstrado na ta deficiência leva a população a queimar ou enterrar os resíduos.

Fig. 3: Coleta de lixo e construção precária Fonte: acervo do autor. (07/10/2015)

2. Setor Ana Maria

O Setor Ana Maria era denominado Araguaína Sul e neste local há cerca de 110 assentadas. Essa área não se encontra totalmente ocupada e existem ainda

aproximadamente 130 lotes vazios. Interessante que o Setor está instalado, parte em terras públicas e parte em terras privadas, sendo que área pública foi utilizada, antes da

, como aterro sanitário. Além de parte da ocupação estar sobre área pública que impossibilita a utilização do instrumento da usucapião – tem o agravante de estar sobre o antigo aterro sanitário, fator que leva a conclusão da sua inadequação para

Os moradores têm realizado gestões juntos à Prefeitura Municipal e promoveram protestos ao longo destes anos de ocupação pedindo a regularização desta área. Entretanto a resposta dada pelos gestores é de que este Setor, em se tratando da área

será regularizado, em razão da possibilidade de contaminação. Porém, não foram ainda apresentadas alternativas para a resolução do problema. Assim, sem o registro formal da propriedade e pela impossibilidade da permanência, devido os

zação, na parte privada, em 2012, foi promovida a reintegração da posse, sendo na ocasião desalojada 60 famílias, momento em que foram derrubadas

se, neste caso, o aumento da insegurança da posse aos a possibilidade de uma nova reintegração ocorrer, agora na

área pública, desalojando o restante das famílias. A Secretária Municipal de Habitação solicitou a Secretária do Planejamento, Meio

Ambiente, Ciência e Tecnologia um laudo técnico, acerca da possibilidade da realização da regularização fundiária do terreno. O laudo emitido atestou que há resíduos depositados sem a proteção técnica que ofereça minimamente segurança (impermeabilização, compactação, drenagem gasosa), ante ao risco de provável

se, por documentos e relatos de moradores, que embora os resíduos do antigo lixão fossem removidos para a implantação do Setor Jardim das Flores

, o fato das construções estarem sobre área contaminada, certamente, num futuro próximo, ao risco de contaminação.

O referido o documento de laudo constata que existem ainda no local resíduos de várias classes, fator de risco à saúde pública e ao meio ambiente. Há inclusive a

xistência de bolsões de gases, que poderiam provocar o desabamento de construções, caso se rompam. Além destes resíduos liberarem gases que pudessem causar intoxicação, teria ainda o caso do gás metano, altamente explosivo. Complementando, devido à falta de impermeabilização do local, seria possível que o lençol freático tenha sido contaminado.

inapropriado, o que propicia que o lixo não recolhido se espalhe pela rua, demonstrado na ta deficiência leva a população a queimar ou enterrar os resíduos.

O Setor Ana Maria era denominado Araguaína Sul e neste local há cerca de 110 assentadas. Essa área não se encontra totalmente ocupada e existem ainda

aproximadamente 130 lotes vazios. Interessante que o Setor está instalado, parte em terras públicas e parte em terras privadas, sendo que área pública foi utilizada, antes da

, como aterro sanitário. Além de parte da ocupação estar sobre área pública – tem o agravante de estar

sobre o antigo aterro sanitário, fator que leva a conclusão da sua inadequação para

Os moradores têm realizado gestões juntos à Prefeitura Municipal e promoveram protestos ao longo destes anos de ocupação pedindo a regularização desta área. Entretanto a resposta dada pelos gestores é de que este Setor, em se tratando da área

será regularizado, em razão da possibilidade de contaminação. Porém, não foram ainda apresentadas alternativas para a resolução do problema. Assim, sem o registro formal da propriedade e pela impossibilidade da permanência, devido os

zação, na parte privada, em 2012, foi promovida a reintegração da posse, sendo na ocasião desalojada 60 famílias, momento em que foram derrubadas

nto da insegurança da posse aos que a possibilidade de uma nova reintegração ocorrer, agora na

ria do Planejamento, Meio sibilidade da realização

da regularização fundiária do terreno. O laudo emitido atestou que há resíduos depositados sem a proteção técnica que ofereça minimamente segurança (impermeabilização, compactação, drenagem gasosa), ante ao risco de provável

se, por documentos e relatos de moradores, que embora os resíduos do antigo lixão fossem removidos para a implantação do Setor Jardim das Flores

fato das construções estarem sobre área contaminada, certamente, num futuro próximo, ao risco de contaminação.

O referido o documento de laudo constata que existem ainda no local resíduos de várias classes, fator de risco à saúde pública e ao meio ambiente. Há inclusive a

xistência de bolsões de gases, que poderiam provocar o desabamento de construções, caso se rompam. Além destes resíduos liberarem gases que pudessem causar intoxicação, teria ainda o caso do gás metano, altamente explosivo.

e impermeabilização do local, seria possível que o

Fig. 4: CasaFonte: acervo do autor. (06/10/2015)

Este Setor está localizado na Região Sul da cidade, às margens da BRresultado da ocupação de moradores da cidade no ano de 2006, possui área de 612 mil metros quadrados e abriga atualmente aproximadamente 800 famílias. privada, porém, através negociação informal entre o proprietário e o município a terra deveria ser transferida para o poder público como forma de quitar os impostos prediais urbanos atrasados, entretanto isto não ocorreu

O setor tem um histórico de luta por melhoAtravés de manifestações realizadas na BRde rede de água, de rede elétrica e a coleta de lixo no local. O município pretendendo realizar a regularização fundiária do setor em 20reconheceu o Setor como Zona Especial de Interesse Social (ZEIS).

O crescimento do Setor e a valorização imobiliária do local fez com que a ocupação se ampliasse, chamando a atenção dos proprietários desta nova árampliava. Em 2014 a 1° vara cível de Araguaína expediu liminar de reintegração de posse e em razão da resistência dos moradores pediu o auxílio de força policial, para desocupação do local. Esta nova área possui 300 lotes, abriga 240 famílias, quno local há mais de 2 anos.

No Setor Monte Sinai, assim como nos outros setores, as habitações são autoconstruídas, grande parte residências são de alvenaria, mas é comum encontrar casas de tábuas, materiais reciclados da construção civil, além dexternos (latrinas), mostrados na embaixo de rede de alta tensão, mostrada na para construção de moradias.

4: Casas construídas sobre antigo lixão Fonte: acervo do autor. (06/10/2015)

3. Setor Monte Sinai

Este Setor está localizado na Região Sul da cidade, às margens da BRresultado da ocupação de moradores da cidade no ano de 2006, possui área de 612 mil metros quadrados e abriga atualmente aproximadamente 800 famílias.

porém, através negociação informal entre o proprietário e o município a terra deveria ser transferida para o poder público como forma de quitar os impostos prediais urbanos atrasados, entretanto isto não ocorreu.

O setor tem um histórico de luta por melhorias e pela regularização do local. Através de manifestações realizadas na BR-153 os moradores conseguiram a instalação de rede de água, de rede elétrica e a coleta de lixo no local. O município pretendendo realizar a regularização fundiária do setor em 2009, criou a Lei municipal de n° 2.634, que reconheceu o Setor como Zona Especial de Interesse Social (ZEIS).

O crescimento do Setor e a valorização imobiliária do local fez com que a ocupação se ampliasse, chamando a atenção dos proprietários desta nova árampliava. Em 2014 a 1° vara cível de Araguaína expediu liminar de reintegração de posse e em razão da resistência dos moradores pediu o auxílio de força policial, para desocupação do local. Esta nova área possui 300 lotes, abriga 240 famílias, qu

No Setor Monte Sinai, assim como nos outros setores, as habitações são autoconstruídas, grande parte residências são de alvenaria, mas é comum encontrar

buas, materiais reciclados da construção civil, além de existirem banheiros (latrinas), mostrados na (fig. 5). Neste Setor encontram

embaixo de rede de alta tensão, mostrada na (fig. 5), terreno considerado inadequado moradias.

Este Setor está localizado na Região Sul da cidade, às margens da BR-153. Foi resultado da ocupação de moradores da cidade no ano de 2006, possui área de 612 mil metros quadrados e abriga atualmente aproximadamente 800 famílias. A área é de origem

porém, através negociação informal entre o proprietário e o município a terra deveria ser transferida para o poder público como forma de quitar os impostos prediais

rias e pela regularização do local. 153 os moradores conseguiram a instalação

de rede de água, de rede elétrica e a coleta de lixo no local. O município pretendendo 09, criou a Lei municipal de n° 2.634, que

O crescimento do Setor e a valorização imobiliária do local fez com que a ocupação se ampliasse, chamando a atenção dos proprietários desta nova área que se ampliava. Em 2014 a 1° vara cível de Araguaína expediu liminar de reintegração de posse e em razão da resistência dos moradores pediu o auxílio de força policial, para desocupação do local. Esta nova área possui 300 lotes, abriga 240 famílias, que residem

No Setor Monte Sinai, assim como nos outros setores, as habitações são autoconstruídas, grande parte residências são de alvenaria, mas é comum encontrar

e existirem banheiros . Neste Setor encontram-se casas situadas

, terreno considerado inadequado

Fig. 5: Banheiro externo e casa

O Setor foi criado a partir de 2006 em razão do remanejamento de famílias residentes no Setor Araguaína Sul II. Neste mesmo ano os moradores criaram a sua Associação representativa, tendo como objetivo a luta pelos direitos cidadãos e pelos asseios da melhoria urbanística local, para requerer ao Poder Público equipamentos, serviços e infraestrutura necessários.

Para evitar a má distribuição dos lotes, em 2008, a PrefeiAssociação de Moradores realizaram levantamento das famílias vulneráveis. No mesmo ano 178 famílias foram beneficiadas com lote na área, a quantidade de famílias superou a de lotes disponíveis, o que gerou uma subdivisão de alguns terabrigar mais de uma habitação.

As famílias residentes no local foram cadastra2010 receberam documentação de posse do terreno, aumentado assim a segurança da posse. Todavia, no Setor crioupresidente da Associação de Moradores, que instituiu regras internas, que definem a permanência ou não das famílias, e mantém os documentos disponibilizados pela prefeitura sob sua tutela, impedindo a compra ou ve

O setor passa por alguns problemas estruturais, também presente em outros aglomerados subnormais, não possui pavimentação, a iluminação pública é precária, mostrado na (fig. 6), não há coleta de lixo regular e local para depositar os resícomum encontrar no local de queimas e aterros improvisados, mostrado naruas e a áreas circunvizinhas passam por um processo avançado de erosão, o que pode provocar o assoreamento da nascente localizada abaixo do setor.

Fig. 6: Falta de pavimentação, iluminação pública e coleta de lixo

anheiro externo e casa edificada sob rede de alta tensão.Fonte: acervo do autor. (08/10/2015)

4. Setor Sul

O Setor foi criado a partir de 2006 em razão do remanejamento de famílias residentes no Setor Araguaína Sul II. Neste mesmo ano os moradores criaram a sua

representativa, tendo como objetivo a luta pelos direitos cidadãos e pelos asseios da melhoria urbanística local, para requerer ao Poder Público equipamentos, serviços e infraestrutura necessários.

Para evitar a má distribuição dos lotes, em 2008, a Prefeitura de Araguaína e a Associação de Moradores realizaram levantamento das famílias vulneráveis. No mesmo ano 178 famílias foram beneficiadas com lote na área, a quantidade de famílias superou a de lotes disponíveis, o que gerou uma subdivisão de alguns terrenos, que passaram a abrigar mais de uma habitação.

As famílias residentes no local foram cadastradas pela prefeitura, que em 2009 e 2010 receberam documentação de posse do terreno, aumentado assim a segurança da posse. Todavia, no Setor criou-se uma “autoridade local”, personificada na pessoa do presidente da Associação de Moradores, que instituiu regras internas, que definem a permanência ou não das famílias, e mantém os documentos disponibilizados pela prefeitura sob sua tutela, impedindo a compra ou venda dos terrenos.

O setor passa por alguns problemas estruturais, também presente em outros aglomerados subnormais, não possui pavimentação, a iluminação pública é precária,

, não há coleta de lixo regular e local para depositar os resícomum encontrar no local de queimas e aterros improvisados, mostrado naruas e a áreas circunvizinhas passam por um processo avançado de erosão, o que pode provocar o assoreamento da nascente localizada abaixo do setor.

Falta de pavimentação, iluminação pública e coleta de lixo – terreno usado como lixãoFonte: acervo do autor. (07/10/2015)

edificada sob rede de alta tensão.

O Setor foi criado a partir de 2006 em razão do remanejamento de famílias residentes no Setor Araguaína Sul II. Neste mesmo ano os moradores criaram a sua

representativa, tendo como objetivo a luta pelos direitos cidadãos e pelos asseios da melhoria urbanística local, para requerer ao Poder Público equipamentos,

tura de Araguaína e a Associação de Moradores realizaram levantamento das famílias vulneráveis. No mesmo ano 178 famílias foram beneficiadas com lote na área, a quantidade de famílias superou a

renos, que passaram a

pela prefeitura, que em 2009 e 2010 receberam documentação de posse do terreno, aumentado assim a segurança da

oridade local”, personificada na pessoa do presidente da Associação de Moradores, que instituiu regras internas, que definem a permanência ou não das famílias, e mantém os documentos disponibilizados pela

O setor passa por alguns problemas estruturais, também presente em outros

aglomerados subnormais, não possui pavimentação, a iluminação pública é precária, , não há coleta de lixo regular e local para depositar os resíduos, é

comum encontrar no local de queimas e aterros improvisados, mostrado na (fig. 6). As ruas e a áreas circunvizinhas passam por um processo avançado de erosão, o que pode

terreno usado como lixão

O Setor Maracanã está situado a nordeste da cidade de Araguaína, próximo aos bairros Vila Couto, Setor Universitário eBabaçulândia e possui uma área aproximada de 150 hectares. Em 1986, a Imobiliária Ferraz loteou o terreno em chácaras, mas apenas entre 1999 e 2000 a imobiliária Maracanã Ltda., vendeu estes lotes. O PresidAssociação local, Raimundo Reis, alegou em entrevista realizada, ter comprado duas, das cinquenta e oito chácaras colocadas à venda, por aproximadamente 27 mil reais. Segundo o entrevistado, ao tentar escriturar a terra, descobriu que a empresa responsável pelo loteamento não existia.

No ano 2000 se deu início oficialmente a ocupação da área e apesar do Raimundo

Reis ser “proprietário” de apenas de duas parcelas do total da área, criou exigências para a ocupação dos lotes – resultados da subdivisão das chácaras exigências foram instituídas e aceitas pelo compromissários, qual sejam, a de construir sua moradia no prazo estipulado (instrumento devazio, ou seja, o adquirente poderia fazêfunção social da propriedade e do combate à especulação imobiliária.

Neste processo de ocupação foram distribuídas 1903 cessões de direito, com lotes de tamanhos 12x30m e 15x30m. O próprio Raimundo Reis se responsabilizava por registrar a cessão de direito junto ao cartório de notas. Segundo ele, atualmente moram aproximadamente 1500 famílias e cerca de 85% destes moradores são de famílias originais da ocupação. Apesar das regras impostas, o Setor possui uma quantidade significativa de terrenos vazios,“em novas reservas de terras para extração de renda sob a hegemonia do complexo imobiliário-financeiro” (ROLNIK, 2015pavimentação, mostrada na (figserviços e equipamento públicos.

Fig. 7: Lote vazio para venda na lógica especulativa

6. Breve análise dos serviços públicos ofertados aos Setores pela Prefei tura de

Os setores estudados apresentaram várias características em comum, por exemplo a autoconstrução, e os problemas de infraestrutura, como se pode perceber na 25 ROLNIK, Raquel. (2015). Guerra de Lugares

São Paulo: Boitempo.

5. Setor Maracanã

O Setor Maracanã está situado a nordeste da cidade de Araguaína, próximo aos bairros Vila Couto, Setor Universitário e Setor Barros. Faz divisa com o município de Babaçulândia e possui uma área aproximada de 150 hectares.

Em 1986, a Imobiliária Ferraz loteou o terreno em chácaras, mas apenas entre 1999 e 2000 a imobiliária Maracanã Ltda., vendeu estes lotes. O PresidAssociação local, Raimundo Reis, alegou em entrevista realizada, ter comprado duas, das cinquenta e oito chácaras colocadas à venda, por aproximadamente 27 mil reais. Segundo o entrevistado, ao tentar escriturar a terra, descobriu que a empresa

ponsável pelo loteamento não existia.

No ano 2000 se deu início oficialmente a ocupação da área e apesar do Raimundo Reis ser “proprietário” de apenas de duas parcelas do total da área, criou exigências para

resultados da subdivisão das chácaras – pelas famílias. Duas igências foram instituídas e aceitas pelo compromissários, qual sejam, a de construir

prazo estipulado (instrumento de retrovenda) e a de não vender o lote vazio, ou seja, o adquirente poderia fazê-lo somente após edificar a área, numa lógicfunção social da propriedade e do combate à especulação imobiliária.

Neste processo de ocupação foram distribuídas 1903 cessões de direito, com lotes de tamanhos 12x30m e 15x30m. O próprio Raimundo Reis se responsabilizava por

reito junto ao cartório de notas. Segundo ele, atualmente moram aproximadamente 1500 famílias e cerca de 85% destes moradores são de famílias

pesar das regras impostas, o Setor possui uma quantidade significativa de terrenos vazios, colocados à venda, mostrado na (fig. 7)“em novas reservas de terras para extração de renda sob a hegemonia do complexo

financeiro” (ROLNIK, 2015, p.167)25.O Setor padece de infraestrutura, não tem (fig. 7), falta iluminação pública, transporte precário, falta de

serviços e equipamento públicos.

7: Lote vazio para venda na lógica especulativa – Falta pavimentação iluminação pública, etc.

Fonte: acervo do autor. (07/10/2015)

serviços públicos ofertados aos Setores pela Prefei tura de Araguaína - TO

Os setores estudados apresentaram várias características em comum, por exemplo a autoconstrução, e os problemas de infraestrutura, como se pode perceber na

Guerra de Lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças.

O Setor Maracanã está situado a nordeste da cidade de Araguaína, próximo aos Setor Barros. Faz divisa com o município de

Em 1986, a Imobiliária Ferraz loteou o terreno em chácaras, mas apenas entre

1999 e 2000 a imobiliária Maracanã Ltda., vendeu estes lotes. O Presidente da Associação local, Raimundo Reis, alegou em entrevista realizada, ter comprado duas, das cinquenta e oito chácaras colocadas à venda, por aproximadamente 27 mil reais. Segundo o entrevistado, ao tentar escriturar a terra, descobriu que a empresa

No ano 2000 se deu início oficialmente a ocupação da área e apesar do Raimundo Reis ser “proprietário” de apenas de duas parcelas do total da área, criou exigências para

pelas famílias. Duas igências foram instituídas e aceitas pelo compromissários, qual sejam, a de construir

retrovenda) e a de não vender o lote lo somente após edificar a área, numa lógica da

Neste processo de ocupação foram distribuídas 1903 cessões de direito, com lotes

de tamanhos 12x30m e 15x30m. O próprio Raimundo Reis se responsabilizava por reito junto ao cartório de notas. Segundo ele, atualmente moram

aproximadamente 1500 famílias e cerca de 85% destes moradores são de famílias pesar das regras impostas, o Setor possui uma quantidade

(fig. 7), convertendo-se “em novas reservas de terras para extração de renda sob a hegemonia do complexo

.O Setor padece de infraestrutura, não tem , falta iluminação pública, transporte precário, falta de

Falta pavimentação iluminação pública, etc.

serviços públicos ofertados aos Setores pela Prefei tura de

Os setores estudados apresentaram várias características em comum, por exemplo a autoconstrução, e os problemas de infraestrutura, como se pode perceber na (tab. 1).

: a colonização da terra e da moradia na era das finanças.

Tab. 1: Comparativo entre os setores.

SETORES ANALISADOS / SERVIÇOS PÚBLICOS

Setor Presidente Lula

Setor Ana Maria

Setor Sul Setor Maracanã

Setor Monte Sinai

Iluminação pública Não possui Possui Parcialmente Parcialmente Não possui

Rede de esgoto Não possui Não possui Não possui Não possui Não possui

Coleta de lixo Possui Possui Possui Possui Possui

Transporte público Não possui Não possui Não possui Não possui Não possui

Pavimentação asfáltica Não possui Parcialmente Não possui Não possui Não possui

Equipamentos públicos Não possui Não possui Não possui Não possui Não possui

Conclusão

À guisa de conclusão final se entende que sem condições de adquirir um imóvel ou

pagar aluguel, a única alternativa da população mais pobre é a de ocupação de terras ociosas (públicas ou privadas), áreas de risco (encostas de morros, margens de rios), áreas de proteção ambiental APPs (Área de Proteção Permanente) e APAs (Área de Proteção Ambiental) ou terrenos com restrição absoluta à ocupação (oleodutos e gasodutos; faixa de linhas de alta tensão; faixa de domínio de ferrovias ou rodovia; lixões e outras áreas contaminadas), dando origem aos aglomerados subnormais, que recebem diferentes denominações dependendo da região: periferia, favela, barracos, palafitas, invasão, vilas, comunidades etc.

A cidade “informal” tem apresentado significativo crescimento, o que exige do Poder Público uma atenção. Porém, o Poder Público não está preparado para conter o crescimento desordenado, ora por incapacidade técnica ora por interesse político. Entretanto não é por falta de legislação que Araguaína nestas condições, pois, possui uma gama de leis que versão acerca do ordenamento da cidade – Código de Obras Lei n° 999/89; Código de Postura Lei n°1.778/97; Plano Diretor Lei n° 2.424/05; Lei de Parcelamento do Solo Lei n° 2.494/06; Lei de Uso e Ocupação do Solo Lei n° 2.495/06, entre outras declaradas (CARTA CONSULTA, 2016). Porém, apesar de legislação não se

nota mudanças significativas, pois “entre a retórica e a prática vai um abismo”. (MARICATO, 2011, p.189)26 .

Durante a realização deste estudo a cidade de Araguaína estava em processo da Revisão do Plano Diretor (2016), Lei de n° 2424/2005, e na minuta do anteprojeto da Lei Complementar da Revisão constam a criação de ZEIS (Zona Especiais de Interesse Social), em parte do Loteamento Maracanã e do Monte Sinai – este último Setor já reconhecido como ZEIS pela lei de n° 2634/2009 –, consta também, que o Poder Público promoverá a desocupação e recomposição da área do Setor Ana Maria.

Entende-se que existe na Cidade de Araguaína um problema fundiário complexo em razão do descaso do Poder Público Municipal, pois inexistem mapas e dados acerca dos assentamentos existentes. Não identificamos medidas palpáveis de encaminhamento para a solução destes problemas, além da falta de fiscalização para evitar a sua ampliação até pelo motivo da grande extensão do perímetro urbano da cidade. É necessário que o Município elabore estratégias para sanar os problemas administrativos e a criação de um Plano especifico de Regularização Fundiária.

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26 MARICATO, Ermínia. (2011). O Impasse da política urbana no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes.

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