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Disciplina: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADA À ADMINISTRAÇÃO. Profa. SOLANGE CRESPI MATERIAL DE APOIO NASCIMENTO DA FILOSOFIA Filosofia do grego: philos - amor, amizade e Sophia sabedoria. Modernamente é uma disciplina, ou uma área de estudos, que envolve a investigação, análise, debate, formação e reflexão de idéias em uma situação geral, abstrata ou fundamental. Originou-se da inquietação gerada pela curiosidade humana em compreender e questionar os valores e as interpretações aceitas sobre a sua própria realidade. A interpretação aceita pelo homem constituem inicialmente o

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Disciplina: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADA À

ADMINISTRAÇÃO.Profa. SOLANGE CRESPI

MATERIAL DE APOIO

NASCIMENTO DA FILOSOFIA

Filosofia do grego: philos - amor, amizade e Sophia – sabedoria. Modernamente é uma disciplina, ou uma área de estudos, que envolve a investigação, análise, debate, formação e reflexão de idéias em uma situação geral, abstrata ou fundamental. Originou-se da inquietação gerada pela curiosidade humana em compreender e questionar os valores e as interpretações aceitas sobre a sua própria realidade. A interpretação aceita pelo homem constituem inicialmente o embasamento de todo o conhecimento. Estas interpretações foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração. Ocorreram inicialmente através da observação dos fenômenos naturais e sofreram influência das relações humanas estabelecidas até a formação da sociedade, isto em conformidade com os padrões de comportamentos éticos ou morais tidos como aceitáveis em determinada época por um determinado grupo ou determinada relação humana. A partir da Filosofia surge a Ciência, ( Investigação racional ou estudo da natureza, direcionado à descoberta da verdade). Pois o homem reorganiza as inquietações que assolam o campo das idéias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria realidade. Assim a partir da inquietação, o homem através de instrumentos e procedimentos equaciona o campo das hipóteses e exercita a razão.(-Razão é a faculdade de raciocinar, de apreender, de

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compreender, de ponderar, de julgar; a inteligência), onde são organizados os padrões de pensamentos que formulam as diversas teorias agregadas ao conhecimento humano. Contudo o conhecimento científico por sua própria natureza torna-se suscetível às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua observação e manipulação, o que em última análise, implica tanto na ampliação, quanto no questionamento de tais conhecimentos.

Há três formas de se conceber a Filosofia:

1º) Metafísica: a Filosofia é o único saber possível, as demais ciências faz parte dela, dominou na Antiguidade ( -Antigüidade, foi o período que se estendeu desde a invenção da escrita (4000 a.C. a 3500 a.C.) até à queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.) e início da Idade Média (século V)).) e Idade Média.(-período da Idade Média foi tradicionalmente delimitado com ênfase em eventos políticos. Nesses termos, ele teria se iniciado com a desintegração do Império Romano do Ocidente, no século V (476 d.C.), e terminado com o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de Constantinopla, no século XV (1453 d.C.). Sua característica principal é a negação de que qualquer investigação autônoma fora da Filosofia com validade, produzindo estas uns saberes imperfeitos, provisórios. Um conhecimento é filosófico ou não é conhecimento. Desse modo, o único saber verdadeiro é o filosófico, cabendo às demais ciências o trabalho braçal de garimpar o material sobre o qual a Filosofia trabalhará, constituindo não um saber, mas um conjunto de expedientes práticos.

2º) Positivista: o conhecimento cabe às ciências, à Filosofia cabe coordenar e unificar seus resultados. Bacon atribui à Filosofia o papel de ciência universal e mãe das outras ciências. Todo o iluminismo ( - foi um movimento intelectual surgido na segunda metade do século XVIII, o chamado "século das luzes". Enfatizava a Razão e a Ciência como formas de explicar o Universo. Foi um dos movimentos impulsionadores do capitalismo e da sociedade moderna. ). participou do conceito de Filosofia como conhecimento científico.

3º) Crítica: a Filosofia é juízo sobre a ciência e não conhecimento de objetos, sua tarefa é verificar a validade do saber, determinando seus limites, condições e possibilidades efetivas.

...não é possível aprender qualquer filosofia; pois onde se encontra, quem a possui e segundo quais características se pode reconhecê-la? Só é possível aprender a filosofar, ou seja, exercitar o talento da razão, fazendo-a seguir os seus princípios universais em certas tentativas filosóficas já existentes, mas sempre reservando à razão o direito de investigar aqueles princípios até mesmo em suas fontes, conformando-os ou rejeitando-os. Kant

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O PENSAMENTO MÍTICO

Um mito é uma narrativa tradicional com caráter explicativo e/ou simbólico, profundamente relacionado com uma dada cultura e religião. O mito procura explicar os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semideuses e heróis (todas elas são criaturas sobrenaturais). Pode-se dizer que o mito é uma primeira tentativa de explicar a realidade.

A explicação mítica é contrária à explicação filosófica. A Filosofia procura, através de discussões, reflexões e argumentos, saber e explicar a realidade com razão e lógica enquanto que o mito não explica racionalmente a realidade, procura interpretá-la a partir de lendas e de histórias sagradas, não tendo quaisquer argumentos para suportar a sua interpretação.

Ao mito está associado ao rito. O rito é o modo de se pôr em ação o mito na vida do Homem (ex: cerimônias, danças, orações, sacrifícios...).

O termo "mito" é, por vezes, utilizada forma pejorativa para se referir às crenças comuns (consideradas sem fundamento objetivo ou científico, e vistas apenas como histórias de um universo puramente maravilhoso) de diversas comunidades. No entanto, até acontecimentos históricos se podem transformar em mitos, se adquirem uma determinada carga simbólica para uma dada cultura. Na maioria das vezes, o termo refere-se especificamente aos relatos das civilizações antigas que, organizados, constituem uma mitologia - por exemplo, a mitologia grega e a mitologia romana.

Todas as culturas têm seus mitos, alguns dos quais são expressões particulares de arquétipos comuns a toda as humanidades. Por exemplo, os mitos sobre a criação do mundo repetem alguns temas, como o ovo cósmico, ou o deus assassinado e esquartejado cujas partes vão formar tudo que existe.

Funções do mito

O mito tem como finalidade acomodar e tranqüilizar o Homem, que vive num mundo inseguro, assustador e muitas vezes hostil. Dá-lhe também confiança de que, através das ações mágicas e da adoração de certos deuses, o mundo natural terá equilíbrio e auxiliará o Homem. Ele, de certo modo, fixa modelos exemplares de todas as funções e atividades humanas.

O mito, portanto, é uma "primeira fala sobre o mundo", uma primeira atribuição de sentido ao mundo, sobre a qual a afetividade e a imaginação exercem grande papel, e cuja função principal não é explicar a realidade, mas acomodar o homem ao mundo.

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O mito hoje

Hoje em dia, os meios de comunicação de massa estimulam os desejos e anseios que existem na nossa natureza inconsciente e primitiva.

Os super-heróis dos desenhos animados e dos quadrinhos, bem como os personagens dos filmes, como por exemplo: Homem Aranha e X-Men, e outros, passam a encarar o Bem e a Justiça; nos ”protegendo” da grande insegurança e violência do mundo moderno.

Mito e razão fazem parte de nossas vidas, mas com reflexão e crítica, podemos rejeitar os mitos que mostram valores destrutivos para sociedade.

SAIBA MAIS;

(MITOS GREGOS E MITOS NA ADMINSITRAÇÃ0)

MITO DE AFRODITE

Entre os gregos, conta-se que Afrodite nasceu do sangue que jorrou dos testículos cortados de seu pai Urano e que caiu no mar. Da espuma surgiu Vênus, emergindo belíssima numa grande concha. Assim que chegou ao Olimpo, foi admirada e invejada por sua beleza. Era a deusa do Amor, da fecundidade, do contato com os seres humanos, dos animais e da vegetação, os quais brotavam à sua passagem. Como Vênus Uraniana protege o amor puro e ideal, depois passou a diversas formas, até mesmo à prostituição, como Vênus Hetaira ou Pornô. É protetora dos amantes, o instinto natural de fecundação e geração: a atração sexual.

Sua beleza seduziu a todos, exceto a Minerva, a Deusa da Sabedoria e da honra, e a Diana, a Deusa das artes e da caça, e finalmente, a Vesta, a Deusa do lar. Para acalmar essas deusas, Zeus obrigou-a a casar-se com Vulcano, o artesão dos metais. Vulcano era feio, disforme e coxo. Porém, Vênus aparecia sempre acompanhada de Eros, seu filho, o deus do Amor e também a 'criança levada', que fazia apaixonar-se aquele que fosse flechado por ele. Vênus/Afrodite fez muitas conquistas e esteve envolvida em muitos episódios do Olimpo. Era uma deusa vaidosa e voluntariosa, e simboliza o lado do ser humano que anseia pela beleza e pela admiração, mas também pelo amor.

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MITO DE PANDORA

Pandora foi à primeira mulher, criada por Zeus como punição aos homens pela ousadia de Prometeu em roubar aos céus o segredo do fogo.

Em sua criação os vários deuses colaboraram com partes: Hefesto moldou sua forma a partir de argila, Afrodite deu-lhe a beleza e Apolo deu-lhe talento musical E Demeter ensinou-lhe a colheita, Atena deu-lhe habilidade manual, Poseidon deu-lhe um colar de pérolas e a certeza de não se afogar, e Zeus deu-lhe uma série de características pessoais, além de uma caixa, a caixa de Pandora.

A Caixa de Pandora continha todas as desgraças do mundo. Foi quando Pandora em sua curiosidade ingênua a abriu, deixando escapar todas as desgraças que assolam o mundo, restando dentro da caixa apenas a esperança.

MITOS NA ADMINSTRAÇÃO:

Henry Ford (1863-1947)

Fundador da Ford Motor Company e o primeiro a aplicar a montagem em série de forma a produzir, em massa, automóveis a um preço acessível.

Frederick Winslow Taylor (1856-1915)

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É considerado o “Pai da Administração Científica” por propor a utilização de métodos científicos cartesianos na administração de empresas. Seu foco era a eficiência e eficácia operacional na administração industrial.

SENSO COMUM E BOM SENSO

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.Rubem Alves.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

SENSO COMUM

O senso comum é o saber que nasce da experiência quotidiana, um saber sobre os hábitos, os costumes e as práticas, as tradições e as regras de conduta, enfim sobre tudo que precisamos para poder nos orientar na vida.

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É a primeira compreensão do mundo resultante da herança de um grupo social e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas. Pelo senso comum, fazemos julgamentos, estabelecemos projetos de vida, adquirimos convicções e confiança para agir.Quando alguém reclama de ter febre, esta pessoa pode fazer um chá de hortelã que já era usada pelos avós de nossos avós, sem, no entanto conhecer o princípio ativo (substância química responsável pela cura) das folhas e seu efeito. Ao mesmo tempo, quando estamos jogando boliche, reclinamos o corpo para dar vazão e velocidade a bola, mas não pensamos a velocidade real que damos a bola, ninguém nos ensinou essa simples técnica, simplesmente observamos o outro jogador e imitamos. Estes exemplos indicam um tipo de conhecimento que se acumula no nosso cotidiano e é chamado de senso comum e se baseia na tentativa e erro. Todos precisamos do senso comum que nos permite sentir a realidade e vai do hábito de realizar um comportamento até a tradição que, quando instalada, passa de geração para geração.O senso comum adquire-se quase sem se dar conta, desde a mais tenra infância e, apesar das suas limitações, é um saber fundamental, sem o qual não nos conseguiríamos orientar na nossa vida quotidiana.Sendo assim, torna-se facilmente compreensível que todos os homens possuam senso comum, mas este varia de sociedade para sociedade e, mesmo dentro duma mesma sociedade, varia de grupo social para grupo social ou, também, por exemplo, de grupo profissional para grupo profissional.Mas, sendo imprescindível, o senso comum não é suficiente para nos  compreendermos a nós próprios e ao mundo em que vivemos, pois se na nossa reflexão sobre a nossa situação no mundo, nos ficarmos pelos dados do senso comum, por assim dizer os dados mais básicos da nossa consciência natural, facilmente caímos na ilusão de que as coisas são exatamente aquilo que parecem, nunca nos chegando a aperceber que existe uma radical diferença entre a aparência e a realidade. Somos, imperceptivelmente, levados a consolidar um conjunto solidário de certezas, das quais, como é óbvio, achamos ser absurdo duvidar, temos a certeza de que existimos, de que as coisas que nos rodeiam existem, que aquilo que nos acontece é irrefutável etc... Contudo essas certezas são questionáveis, pois se baseiam em aparências. E há muitas aparências que se nos impõem com uma força quase irresistível, por exemplo: aparentemente o Sol move-se no céu (não é verdade que esta foi uma convicção aceita, durante muitos séculos, pela comunidade científica?). Podemos mesmo aprender a medir o tempo a partir desse movimento aparente. Mas, na realidade, esse movimento aparente do Sol é gerado pelo movimento de rotação da terra.Mas esta distinção entre aparência e realidade, da qual não nos podemos libertar por causa da nossa natureza (ou melhor, da constituição dos nossos órgãos sensoriais e do nosso sistema nervoso), está dependente da diferença que existe entre o conhecimento sensível e o conhecimento racional.O conhecimento que temos através dos sentidos é forçosamente incompleto e filtrado, pois os nossos órgãos receptores só são estimulados por determinados fenômenos físicos, deixando de lado um campo quase infinito de possíveis estímulos. É, portanto inquestionável que não conhecemos, sensorialmente, a realidade tal como ela é. Sendo assim, os sentidos parecem que nos enganam, pois os dados que nos fornecem acerca da realidade são insuficientes para alcançarmos um conhecimento verdadeiro, ou objetivo, da mesma.Por isso a Razão permite-nos alcançar conhecimentos que nunca poderíamos alcançar através dos sentidos.

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Marilena Chauí explicita as características do senso comum, que se apresentam como: subjetivos; qualitativos; heterogêneos; individualizadores; generalizadores; estabelecem relações de causa e efeito entre as coisas e entre os fatos; não se surpreendem e nem se admiram com a regularidade, constância, repetição e diferença das coisas; identificam ciência com magia.“O senso comum e a ciência são expressões da mesma necessidade básica, a necessidade de compreender o mundo, a fim de viver melhor e sobreviver. Para aqueles que teriam a tendência de achar que o senso comum é inferior à ciência, eu só gostaria de lembrar que, por dezenas de milhares de anos, os homens sobreviveram sem coisa alguma que se assemelhasse a nossa ciência. Depois de cerca de quatro séculos, desde que surgiu com seus fundadores, curiosamente a ciência esta apresentando serias ameaças a nossa sobrevivência, (CHAUI Marilena. Convite à filosofia, Editora Ática, 8a edição, 1997.)”.

CARACTERÍSTICAS DO SENSO COMUM

:SUBJETIVOS: Mostram os sentimentos e opiniões individuais e de grupos, variando de uma pessoa para outra, ou de um grupo para outro, dependendo das condições em que vivemos.

QUALITATIVOS: São julgados por nós como doces ou azedas, pesadas ou leves, novas ou velhas, belas ou feias, quentes ou frias, úteis ou inúteis, desejáveis ou indesejáveis, coloridas ou sem cor, com sabor, odor, etc.

HETEROGENEOS: São fatos que julgamos diferentes, porque os percebemos como diversos entre si. Por exemplo, sonhar com rio é diferente de sonhar com deserto, etc.

INDIVIDUALIZADORES: por serem qualitativos e heterogêneos, isto é, cada coisa ou cada fato nos aparece como um indivíduo ou como um ser autônomo: o algodão é áspero, o mel é doce, o fogo é quente, etc.

GENERALIZADORES: Reúnem numa só opinião ou numa só idéia coisas e fatos julgados semelhantes: falamos dos animais, das plantas, dos seres humanos, dos astros, dos gatos, etc.

ACRITICO: conhecimento passivo, em que o indivíduo não se interroga sobre os dados da experiência, nem se preocupa com a possibilidade de existirem erros no seu conhecimento da realidade.

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CARATER APARENTE OU ILUSÓRIO: Como não há a preocupação de procurar erros, o senso comum é um conhecimento que se contenta com as aparências, formando por isso, uma representação ilusória, deturpada e falsa, da realidade.

SUPERFICIAL: O senso comum não aprofunda o seu conhecimento da realidade, fica-se pela superfície, não procurando descobrir as causas dos acontecimentos, ou seja, a sua razão de ser que, por sua vez, permitiria explicá-los racionalmente.

PRÁTICO E UTILITÁRIO: O senso comum nasce da prática quotidiana e está totalmente orientado para o desempenho das tarefas da vida quotidiana, por isso as informações que o compõem são o mais simples e diretas possível.

CARATER PARTICULAR: o senso comum não é um saber universal, uma vez que se fica pela aquisição de informações muito incompletas sobre a realidade (por isso também se diz que ele é fragmentário), não podendo, assim, fazer generalizações fundamentadas.

No senso comum não há análise, o senso comum é o que as pessoas usam no seu cotidiano, o que é natural, o que elas pensam que é verdade.

SAIBA MAIS:

Por Rubem AlvesExtraído de Filosofia da Ciência

O que é senso comum?

Esta expressão não foi inventada pelas pessoas de senso comum. Creio que elas nunca se preocuparam em se definir. Um negro, em sua pátria de origem, não se definiria como pessoa de cor. Evidentemente. Esta expressão foi criada para os negros pelos brancos. Da mesma forma a expressão “senso comum” foi criada por pessoas que se julgam acima do senso comum, como uma forma de se diferenciarem das pessoas que, segundo seu critério, são intelectualmente inferiores. Quando um cientista se refere ao senso comum, ele está, obviamente, pensando nas pessoas que não passaram por um treinamento científico. Vamos pensar sobre uma destas pessoas.Ela é uma dona-de-casa. Pega o dinheiro e vai à feira. Não se formou em coisa alguma. Quando tem de preencher formulários, diante da informação profissão ela coloca prendas domésticas ou do lar. Uma pessoa comum como milhares de outras. Vamos pensar em como ela funciona, lá na feira, de barraca em barraca. Seu senso comum trabalha com problemas econômicos: como adequar os recursos de que dispõe, em dinheiro, às necessidades de sua família, em comida. E para isto ela tem de processar uma série de informações. Os alimentos oferecidos são classificados em indispensáveis, desejáveis e

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supérfluos. Os preços são comparados. A estação dos produtos é verificada: produtos fora de estação são mais caros. Seu senso econômico, por sua vez, está acoplado a outras ciências. Ciências humanas, por exemplo. Ela sabe que alimentos não são apenas alimentos. Sem nunca haver lido Veblen ou Lévi-Strauss, ela sabe do valor simbólico dos alimentos. Uma refeição é uma dádiva da dona-de-casa, um presente. Com a refeição ela diz algo. Oferecer chouriço para um marido de religião adventista, ou feijoada para uma sogra que tem úlceras, é romper claramente com uma política de coexistência pacífica.A escolha de alimentos, assim, não é regulada apenas por fatores econômicos, mas por fatores simbólicos, sociais e políticos. Além disto, a economia e a política devem fazer lugar para o estético: o gostoso, o cheiroso, o bonito. E para o dietético. Assim, ela ajunta o bom para comprar, com o bom para dar, com o bom para ver, cheirar e comer, com o bom para viver. É senso comum? É. A dona-de-casa não trabalha com aqueles instrumentos que a ciência definiu como científicos. É comportamento ingênuo, simplista, pouco inteligente? De forma alguma. Sem o saber, ela se comporta como uma pianista, em oposição ao especialista em trinados. É provável que uma mulher formada em dietética, e em decorrência de sua (de) formação, em breve se veja frente a problemas na casa, em virtude de sua ignorância do caráter simbólico e político da comida. Especialista em trinados.O que é o senso comum?Prefiro não definir. Talvez simplesmente dizer que senso comum é aquilo que não é ciência e isto inclui todas as receitas para o dia-a-dia, bem como os ideais e esperanças que constituem a capa do livro de receitas. E a ciência? Não é uma forma de conhecimento diferente do senso comum. Não é um novo órgão. Apenas uma especialização de certos órgãos e um controle disciplinado do seu uso. Você é capaz de visualizar imagens?Então pense no senso comum como as pessoas comuns. E a ciência? Tome esta pessoa comum e hipertrofie um dos seus órgãos, atrofiando os outros. Olhos enormes, nariz e ouvidos diminutos. A ciência é uma metamorfose do senso comum. Sem ele, ela não pode existir. E esta é a razão por que não existe nela nada de misterioso ou extraordinário.

BOM SENSO

“Dê um peixe a um homem faminto. Quando o peixe acabar e a fome voltar, ele retornará para pedir mais. Ensine o homem a pescar. Ele nunca mais voltará. O mesmo é verdade acerca do senso comum e da ciência. Pessoas que sabem soluções já dadas são mendigos permanentes. A questão não é saber uma solução já dada, mas ser capaz de aprender novas maneiras de sobreviver.” 

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Rubem Alves

É a forma de "filosofar" espontâneo do homem comum, chamado de "filosofia de vida", que julga certa capacidade de organização e independência de quem analisa a experiência do dia a dia. É a escolha de alguns critérios para decidir sobre os problemas e dúvidas encontrados, mas pouco rigorosa. Mesmo não tendo acesso à filosofia e à ciência, alguns homens são capazes de desenvolver um senso crítico, uma sabedoria de vida, por meio da qual podem assumir uma postura de certa independência em relação à avalanche de informações e pressões ideológicas que os cercam a todo instante.

O bom senso possibilita avaliar, com certo grau de crítica, o transcorrer dos fatos e a maneira vulgar de pensar, é mais aberto à crítica e à comprovação científica. Assim, entre outras, fazem parte do bom senso:

1. a intuição. Além de ser fundamental na criação artística, a intuição é um tipo de pensamento que leva a conhecimentos instantâneos, sem auxilio da razão. É freqüente no senso comum em situações novas e emergentes, podendo levar ao bom senso.

2. as sensações. A visão, a audição, o tato, a gustação e o olfato são veiculos de informação.

3. a observação. Um olhar atento para certas relações continuadas, que se repetem, pode levar-nos a certas conclusões de bom senso.

4. a razão. Análise e síntese, dedução e indução e outros processos lógicos não são exclusivos da ciência. São próprios da inteligência humana e operam no senso comum também. Assim, podemos inferir muita coisa. Inferir é obter uma conclusão a partir de uma evidência.

As fontes do bom senso são fontes de senso comum e podem assim levar a afirmações falsas. Em razão disso, o bom senso costuma não se precipitar em suas conclusões.

Ao estabelecer uma verdade, procura testá-la na experiência continuada, repetida, em hábitos e tradições, que nem sempre são fontes seguras da verdade. Esse procedimento pode, porém, fortalecer uma afirmação.

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IDEOLOGIA E ALIENAÇAO

Quem me dera ao menos uma vez / que o simples fosse visto como mais importante / mas nos deram espelhos / e vimos um mundo doente Renato Russo, "Índios", álbum II (1986).

A palavra ideologia foi criada no começo do século XIX para designar uma "teoria geral das idéias" A origem do termo ocorreu com Destutt de Tracy, que criou a palavra e lhe deu o primeiro de seus significados: ciência das idéias. Mas foi Karl Marx ( Foi um intelectual alemão, Economista, sendo considerado um dos fundadores da Sociologia. Também é possível encontrar a influência de Marx em várias outras áreas, tais como: Filosofia e História, já que o conhecimento humano, em sua época, não estava fragmentado em diversas especialidades da forma como se encontra hoje. Teve participação como intelectual e como revolucionário no movimento operário, sendo que ambos (Marx e o movimento operário) influenciaram uns aos outros durante o período em que o autor viveu.) quem começou a fazer uso político dela quando escreveu um livro junto com Friedrich Engels intitulado A ideologia alemã. Nessa obra, eles mostram que toda a sociedade está dividida em classes, a classe que domina as demais faz tudo para não perder essa condição. Uma forma de manter-se no poder é usar a violência contra todos aqueles que forem contrários a ela. Mas a violência também pode voltar-se contra essa própria classe: a violência pode gerar a revolta do povo. É, então, muito mais fácil e mais eficiente dominar as pessoas pelo convencimento. Assim, a ideologia constituirá um corpo de idéias produzidas pela classe dominante que será difundido por toda a população, de modo a convencer a todos de que aquela estrutura social é a melhor ou mesmo a única possível. Com o tempo, essas idéias se tornam às idéias de todos. A ideologia trata então de disseminar a idéia de que vivemos numa sociedade de oportunidades e de que o sucesso é possível, bastando que, para atingi-lo, cada indivíduo se esforce ao máximo. Em contrapartida, vemos milhões de pessoas vivendo na miséria...

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Essa classe que se encontra no poder vai fazer uso de todos os mecanismos possíveis e imagináveis para distribuir suas idéias para todas as pessoas, fazendo com que acreditem apenas nelas. Numa sociedade de dominação, essa é a função dos meios de comunicação, das escolas, das igrejas e das mais diversas instituições sociais. Onde houver pessoas reunidas, ou mesmo sozinhas, haverá uma forma de ideologia em ação.

A ideologia passa a dominar todos os nossos atos. Quando nos convencemos da verdade dessas idéias, passamos agir inconscientemente guiado por elas, ou seja, o corpo de idéias constituído atravessa nosso pensamento sem nos darmos conta e passamos a desejar o que o outro determina: quando compro um sabonete ou um creme dental, estou fazendo uma "escolha" que me foi determinada pela propaganda. Quando voto num candidato a prefeito, estou fazendo também uma "escolha" determinada pela propaganda, pois, na democracia representativa, os discursos são construídos de forma ideológica para convencer o eleitor de que aquele candidato é o melhor. Quando uma ideologia funciona de fato, ela se distribui por toda a sociedade, de forma a fazer com que cada indivíduo, em cada ato, reproduza aquelas idéias. O triunfo de uma ideologia acontece quando todo um grupo social está definitivamente convencido de sua verdade. Se todos estão convencidos, ninguém questiona, e a sociedade pode manter-se sempre da mesma maneira. De certo modo, o sucesso da ideologia está relacionado com o processo da alienação.Preste um pouco de atenção nas propagandas que bombardeiam nossos olhos e ouvidos a todo o momento. Já pensou sobre as mensagens que nos são transmitidas pelos meios de comunicação: TV, rádio, jornais e revistas?         Vamos ficar com apenas um exemplo por enquanto: a propaganda dos cigarros Free. O centro desses comerciais é a afirmação da individualidade e da liberdade: cada indivíduo é livre e deve afirmar-se por meio de sua criatividade, no entanto, sempre há algo em comum, que é preferência por aquela marca de cigarro. O mecanismo é o seguinte: se você fuma Free, você é um sujeito livre, criativo, autônomo."Cada um na sua, mas com alguma coisa em comum", esse é o slogan. Consumir essa marca de cigarro é afirmar sua independência e singularidade.        Vamos continuar com o exemplo das propagandas de cigarro. A marca Hollywood investe na afirmação do sucesso: os comerciais mostram jovens bonitos e sempre      bem -  sucedidos, induzindo-o a pensar que fumar aquele cigarro fará com que você seja também alguém bonito e bem sucedido. Às vezes, alguém se esforça ao limite, mas nada de chegar ao sucesso. Ele permanece como um ideal, um sonho quase inatingível, mas do qual não abrimos mão, do qual jamais desistiremos. Quando esse indivíduo vê o belíssimo comercial do cigarro que estampa a imagem do sucesso, algo desperta, bem lá no íntimo de seu ser. Inconscientemente, ele associa a imagem do cigarro à imagem do sucesso, e renova suas forças na busca de obtê-lo. Fumar Hollywood é ser bem sucedido, embora, na verdade, ele continue insatisfeito com seu trabalho, seu salário, com seu casamento, enfim com sua vida. Já a marca Carlton investe no slogan "um raro prazer"; os comerciais são sofisticados, mostram arte de vanguarda. Essa marca procura investir em pessoas que querem ser refinadas, que ouve, jazz e música clássica, que apreciam balé e arte contemporânea: se você se identifica com a imagem produzida, procurará consumir aquele produto.O que fica bem evidente nos comerciais de cigarro é o fundamento do mecanismo de qualquer propaganda. Se sua função é vender um determinado produto, é necessário que

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você se convença da necessidade de consumi-lo. A persuasão do consumidor é a tarefa básica do marketing. Mas essa persuasão, na maioria das vezes, é feita com base em mentiras ( ilusão ) não é verdade que você será mais livre fumando Free, ou terá mais sucesso fumando Hollywood, ou será mais sofisticado se sua "escolha" for o Carlton. De fato, o que mais provavelmente acontecerá é que você ganhará um belo câncer de pulmão com qualquer um deles! E as indústrias que os fabricam ganharão muito dinheiro...E claro... Ela agradece a preferência!

A essa tentativa de convencer as pessoas por meio de um falseamento da realidade nós chamamos de ideologia. A ideologia tem um poder de persuasão indiscutível. O discurso ideológico nos ameaça de congelar a mente, de perturbar a curiosidade, de desviar a percepção dos fatos, das coisas, dos acontecimentos. Mas, lembre-se não podemos escutar, sem um mínimo de reação crítica, discursos como estes:

"Em defesa de sua honra, o marido matou a mulher."

"Que poderíamos esperar deles, uns baderneiros, invasores de terra?"

"Essa gente é sempre assim: damos-lhe os pés e logo quer as mãos."

"Nós já sabemos o que o povo quer e do que precisa. Perguntar-lhe seria uma perda de tempo."

"Maria é negra, mas é bondosa e competente."

"Esse sujeito é um bom cara. É nordestino, mas é sério e prestimoso."

"Você sabe com quem está falando?"

"Que vergonha, homem se casar com homem, mulher se casar com mulher."

"É isso, você vai se meter com gentinha, é o que dá."

"O governo tem que investir mesmo é nas áreas onde mora gente que paga imposto."

"Você não precisa pensar. Vote em fulano, que pensa por você."

"Você, desempregado, seja grato. Vote em quem ajudou você. Vote em fulano de tal."

"O Brasil foi descoberto por Cabral."

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CONCEITO DE ALIENAÇÃO

Alienação é uma forma de tirar a identidade das pessoas. Uma pessoa alienada é aquela que age sem saber das coisas. É uma pessoa que vive, mas não dá importância para o que se passa no mundo. Que não luta pelos seus ideais e que se submete a qualquer coisa. Algumas pessoas são tão alienadas que não sabem nem mesmo a situação que nosso país está vivendo. O governo, as empresas privadas e a mídia são os principais agentes de alienação. Com programas como Big Brother, que não tem um valor cultural e que induz a pessoa a defender determinado candidato sendo tudo construído e adulterado, um verdadeiro reality show. As pessoas não sabem que perdem o tempo precioso, em que podiam estar lendo um livro e jornais para saberem o que se passa pelo mundo. Por sua vez Alienação é se deixar levar sem ter opinião e sem saber o porque das coisas.

Segundo Marilena Chauí, a alienação se divide em três partes:

1ª) A alienação social é o desconhecimento das condições histórico-sociais concretas em que vivemos, produzidas pela ação humanas também sob o peso de outras condições históricas anteriores e determinadas. Há uma dupla alienação: por um lado, os homens não se reconhecem como agentes e autores da vida social com suas instituições, mas, por outro lado e ao mesmo tempo, julgam-se indivíduos plenamente livres, capazes de mudar suas vidas individuais como e quando quiserem, apesar das instituições sociais e das condições históricas.

2ª) Alienação econômica, é dupla:Em primeiro lugar, os trabalhadores, como classe social, vendem sua força de trabalho aos proprietários do capital (donos das terras, das indústrias, do comércio, dos bancos, das escolas, dos hospitais, das frotas de automóveis, de ônibus ou de aviões, etc.). Vendendo sua força de trabalho, os trabalhadores não passam de mercadorias e, como toda mercadoria, recebem também um preço, isto é, o salário. Entretanto, os trabalhadores viram coisas que produzem coisas; não percebendo que foram desumanizados e coisificados.Em segundo lugar, os trabalhos produzem alimentos (pelo cultivo da terra e dos animais), objetos de consumo (pela indústria), instrumentos para a produção de outros trabalhos (máquinas), condições para a realização de outros trabalhos (transporte de matérias-primas, de produtos e de trabalhadores). A mercadoria-trabalhador produz mercadorias. Estas, ao deixarem as fazendas, as usinas, às fábricas, os escritórios e entrarem nas lojas, nas feiras, nos supermercados, nos shoppings centers parecem ali estar porque lá foram colocadas, não se percebe que foi preciso um trabalho humano é como se tudo fosse feito por um “deus” e não pelo homem.

3ª) A alienação intelectual, resultante da separação social entre trabalho material (que produz mercadorias) e trabalho intelectual (que produz idéias), enquanto o trabalho intelectual é responsável exclusivo pelos conhecimentos. Vivendo numa sociedade alienada, os intelectuais também se alienam. Sua alienação é tripla:

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Primeiro, desconhecem que suas idéias estão ligadas às opiniões e pontos de vista da classe a que pertencem, as classes dominantes; Segundo ignoram que as idéias são produzidas por eles para explicar a realidade e passam a crer que elas se encontram armazenadas na própria realidade e que eles apenas as desvendam e as descrevem sob a forma de teorias gerais e enfim em terceiro lugar esquecem a origem social das idéias e seu próprio trabalho para criá-las, acreditam que as idéias existem em si e por si mesmas, criam a realidade e a controlam, dirigem e dominam.

Vimos que as três grandes formas da alienação (social, econômica e intelectual) são as causas do surgimento, da implantação e do fortalecimento da ideologia. 

CURIOSIDADES

A origem da expressão "Tio Sam"

A expressão Tio Sam originou-se do nome de Samuel Wilson, fornecedor de provisões do exército norte-americano na Guerra de 1812. Os fardos e os caixotes do material traziam a sigla "US Army" - Exército dos Estados Unidos. Os soldados fizeram piada e a sigla teve a interpretação jocosa de "Uncle Sam Army", ou seja, Exército do Tio Sam.

Charge do Jornal NH (RS)

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Carnaval

Para homenagear o Deus Saturno, havia uma festa na Roma Antiga chamada "Saturnais". As escolas ficavam fechadas, os escravos eram soltos e as pessoas saíam às ruas para dançar. Carros (chamados de carrum navalis por serem semelhantes aos navios) levavam homens e mulheres nus em desfile. Muitos dizem que pode ter sido daí a expressão "carnavale".

A Igreja Católica se opunha a estes festejos pagãos, mas, em 590, decidiu reconhecê-los. Exigiu, porém, que o dia seguinte (Quarta-Feira de Cinzas) fosse dedicado à expiação dos pecados e ao arrependimento.

De lá para cá, o Carnaval foi mudando aos poucos de cara. Na Idade Média, incluía sátiras aos poderosos. Os foliões se protegiam de possíveis retaliações com a desculpa de que a festa os deixava loucos (folia, em francês, significa loucura).

No Brasil o início da festa é conhecido como "grito de carnaval". Antigamente os clubes promoviam festas pré-carnavalescas com este nome. Nessas festas as pessoas iam fantasiadas e cantavam e dançavam ao som de marchinhas de carnaval.

Carnaval no Brasil

O Carnaval brasileiro é descendente do "entrudo" português. O dicionário diz que entrudar significa molhar com água, empoar de goma ou talcos, fazer peça. E a farra era esta mesmo. No século 17, os foliões se armavam de baldes e latas cheias de água. E todos acabavam molhados. Até Dom Pedro II se divertia jogando água nos nobres. Acontecia aqui antes do início da Quaresma e durava três dias, do domingo até a terça-feira gorda.

Com o passar dos anos, a brincadeira foi ficando mais agressiva. Água suja, farinha e talco lambuzavam as roupas dos brincalhões. Limões, laranjas e ovos eram atirados em quem estivesse na rua. Logo surgiu uma lei proibindo o entrudo. Em 1854, um chefe de polícia do Rio de Janeiro (RJ) determinou que a partir daquela data o entrudo tinha de "ser seco para

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não estragar as roupas mais custosas e cuidadas e não provocar desordens e confusão". O entrudo a seco se transformou no Carnaval.

Em 1892, o extinto Ministério do Interior tentou mudar a data da festa para 26 de junho. Segundo eles, tratava-se de um mês mais saudável. O povo aproveitou o ano para fazer dois carnavais. Algo parecido ocorreu em 1912. A folia foi transferida por causa da morte do Barão do Rio Branco. Novamente, houve duas festas. O jornal A Noite gozou o episódio: "Com a morte do Barão/Tivemos dois carnavá/Ai que bom, ai que gostoso/Se morrese o marechá". O marechá, no caso, era o presidente, o marechal Hermes da Fonseca.

O primeiro bloco organizado brasileiro foi o Congresso de Sumidades Carnavalescas. Fazia parte da turma o escritor José de Alencar.

Já o primeiro baile carnavalesco ocorreu no Largo do Rocio, no Rio de Janeiro (RJ), em 1840. Foi uma iniciativa de uma atriz italiana que queria reproduzir o Carnaval de Veneza.

Monique Evans foi pioneira no quesito madrinha de bateria famosa. Ela estreou a frente dos percussionistas da Mangueira em 1985.

Data em que cai o Carnaval

A data em que se comemora o Carnaval é definida com base na Páscoa. A Quarta-Feira de Cinzas sempre cai 46 dias antes do domingo da festividade, que é a soma dos 40 dias que antecedem o Domingo de Ramos com os seis dias da Semana Santa.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

OS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS

(Heráclito e Parmênides)

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Os filósofos pré-socráticos são, como sugere o nome, os filósofos anteriores a Sócrates.

Essa divisão acontece devido ao objeto da filosofia destes filósofos e da novidade introduzida por Sócrates. Temporalmente, os Sofistas pois já havia sofistas antes de Sócrates, contemporâneos a ele e posteriores. Mas o pensamento deles situa-se em uma categoria própria em certas vezes, e relacionados a Sócrates noutras vezes. Isso porque o pensamento de ambos (sofistas e Sócrates) chega a tocar-se em muitas ocasiões; suas diferenças consistem em questões de conduta (os sofistas cobravam por seu ensinamento, por exemplo) e algumas posições (os sofistas eram relativistas, por exemplo). Mas ambos representam uma certa ruptura com os pré-socráticos, que são também chamados de filósofos da phisis.

Phisis, segundo os filósofos pré-socráticos, a matéria que é fundamento eterno de todas as coisas e confere unidade e permanência ao Universo, o qual, na sua aparência é múltiplo, mutável e transitório.

A noite segue o dia. As estações do ano sucedem-se uma à outra. As plantas e os animais nascem, crescem e morrem. Diante desse espetáculo cotidiano da natureza, o homem manifesta sentimentos variados - medo, resignação, incompreensão, admiração e perplexidade. E são precisamente esses sentimentos que acabam por levá-lo à filosofia. O espanto inicial traduz-se em perguntas intrigantes: O que é essa natureza, que apresenta tantas variações? Ela possui uma ordem ou é um caos sem nexo?

Tais filósofos, considerados pioneiros da filosofia ocidental, buscavam um princípio, a arché, que deveria ser um princípio presente em todos os momentos da existência de tudo.

Parmênides

“Parmênides dizia que o Ser é completo de todos os lados, semelhante a uma esfera bem redonda”. 

Parmênides de Élea

O mais importante dos filósofos eleatas foi Parmênides, de Eléa (540-450 a.C.). “Nada nasce do nada, e nada do que existe se transforma em nada”. Com isso quis dizer que “tudo o que existe sempre existiu”. Sobre as transformações que se pode observar na natureza... ”Achava que não seriam mudanças reais”. De acordo com ele, nenhum objeto poderia se transformar em algo diferente do que era, percebia com os sentidos, que as coisas mudam. Mas sua razão lhe dizia que logicamente impossível que uma coisa se tornasse diferente e, apesar disso, permanecesse de algum modo à mesma. Quando se viu forçado a escolher

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entre confiar nos sentidos ou na razão, escolheu a razão. Parmênides conclui, a partir dos princípios estabelecidos, que o ser é único, imutável e imóvel. Uma das conseqüências dessa teoria é a identidade entre o ser e o pensar. Ou seja, as coisas que existem fora de mim são idênticas ao meu pensamento, e o que eu não conseguir pensar não pode ser na realidade.

Principais fragmentos:

“... pois pensar e ser é o mesmo...”.

                       “... o ser é, e o nada, ao contrário, nada é...”.

                       “... resta-nos assim um único caminho: o ser é...”.

Heráclito

“Para Heráclito, o mundo era  o mesmo para todos os seres, nenhum deus, nenhum homem o criou; mas foi, é, e será sempre um fogo eternamente vivo, que com

medida se acende e com medida se apaga”.

Heráclito 

Um contemporâneo de Parmênides foi Heráclito (540-480 a.C.), que era de Éfeso, na Ásia Menor. Heráclito propunha que a matéria básica do Universo seria o fogo. Pensava também que a mudança constante, ou o fluxo seria a característica mais elementar da Natureza. Podemos talvez dizer que Heráclito acreditava mais do que Parmênides naquilo que percebia. Tudo flui, disse Heráclito. Tudo está em fluxo e movimento constante, nada permanece. Por conseguinte, “não entramos duas vezes no mesmo rio”. Quando entro no rio pela segunda vez, nem eu nem o rio somos os mesmos.

##Parmênides e Heráclito defendiam dois pontos principais diametralmente opostos.

Parmênides dizia:

a) nada muda, b) não se deve confiar em nossas percepções sensoriais.

Heráclito, por outro lado, dizia:

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a) tudo muda (“todas as coisas fluem”), e b) podemos confiar em nossas percepções sensoriais

Heráclito atribuiu o fogo como princípio de todas as coisas. "O fogo transforma-se em água, sendo que uma metade retorna ao céu como vapor e a outra metade transforma-se em terra. Sucessivamente, a terra transforma-se em água e a água, em fogo”.Mas Heráclito era mobilista e afirmava que todas as coisas estão em movimento como um fluxo perpétuo. Ou seja, usa o fogo apenas como símbolo de todo este movimento. Heráclito imaginava a realidade dinâmica do mundo sob a forma de fogo, com chamas vivas e eternas, governando o constante movimento dos seres.

  Principais fragmentos:

“... Todas as coisas estão em movimento...”.

    “... O movimento se processa através de contrários”.

 “... Tudo se faz por contraste; da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia...”.

“... descemos e não descemos nos mesmos rios; somos e não somos...”.

SÓCRATES

A VidaQuem valorizou a descoberta do homem feita pelos sofistas, orientando-a para os valores universais, segundo a via real do pensamento grego, foi Sócrates. Nasceu Sócrates em 470 ou 469 a.C., em Atenas, filho de Sofrônico, escultor, e de Fenáreta, parteira. Aprendeu a arte paterna, mas dedicou-se inteiramente à meditação e ao ensino filosófico, sem recompensa alguma, não obstante sua pobreza. Desempenhou alguns cargos políticos e foi sempre modelo irrepreensível de bom cidadão. Combateu a Potidéia, onde salvou a vida de Alcebíades e em Delium, onde carregou aos ombros a Xenofonte, gravemente ferido. Formou a sua instrução sobretudo através da reflexão pessoal, na moldura da alta cultura ateniense da época, em contato com o que de mais ilustre houve na cidade de Péricles.

Inteiramente absorvido pela sua vocação, não se deixou distrair pelas preocupações domésticas nem pelos interesses políticos. Quanto à família, podemos dizer que Sócrates não teve, por certo, uma mulher ideal na quérula Xantipa; mas também ela não teve um marido ideal no filósofo, ocupado com outros cuidados que não os domésticos.

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Quanto à política, foi ele valoroso soldado e rígido magistrado. Mas, em geral, conservou-se afastado da vida pública e da política contemporânea, que contrastavam com o seu temperamento crítico e com o seu reto juízo. Julgava que devia servir a pátria conforme suas atitudes, vivendo justamente e formando cidadãos sábios, honestos, temperados - diversamente dos sofistas, que agiam para o próprio proveito e formavam grandes egoístas, capazes unicamente de se acometerem uns contra os outros e escravizar o próximo.

Entretanto, a liberdade de seus discursos, a feição austera de seu caráter, a sua atitude crítica, irônica e a conseqüente educação por ele ministrada, criaram descontentamento geral, hostilidade popular, inimizades pessoais, apesar de sua probidade. Diante da tirania popular, bem como de certos elementos racionários, aparecia Sócrates como chefe de uma aristocracia intelectual. Esse estado de ânimo hostil a Sócrates concretizou-se, tomou forma jurídica, na acusação movida contra ele por Mileto, Anito e Licon: de corromper a mocidade e negar os deuses da pátria introduzindo outros. Sócrates desdenhou defender-se diante dos juizes e da justiça humana, humilhando-se e desculpando-se mais ou menos. Tinha ele diante dos olhos da alma não uma solução empírica para a vida terrena, e sim o juízo eterno da razão, para a imortalidade. E preferiu a morte. Declarado culpado por uma pequena minoria, assentou-se com indômita fortaleza de ânimo diante do tribunal, que o condenou à pena capital com o voto da maioria.

Tendo que esperar mais de um mês a morte no cárcere - pois uma lei vedava as execuções capitais durante a viagem votiva de um navio a Delos - o discípulo Criton preparou e propôs a fuga ao Mestre. Sócrates, porém, recusou, declarando não querer absolutamente desobedecer às leis da pátria. E passou o tempo preparando-se para o passo extremo em palestras espirituais com os amigos. Especialmente famoso é o diálogo sobre a imortalidade da alma - que se teria realizado pouco antes da morte e foi descrito por Platão no Fédon com arte incomparável. Suas últimas palavras dirigidas aos discípulos, depois de ter sorvido tranqüilamente a cicuta, foram: "Devemos um galo a Esculápio". É que o deus da medicina tinha-o livrado do mal da vida com o dom da morte. Morreu Sócrates em 399 a.C. com 71 anos de idade.

Método de SócratesÉ a parte polêmica. Insistindo no perpétuo fluxo das coisas e na variabilidade extrema das impressões sensitivas determinadas pelos indivíduos que de contínuo se transformam, concluíram os sofistas pela impossibilidade absoluta e objetiva do saber. Sócrates restabelece-lhe a possibilidade, determinando o verdadeiro objeto da ciência.

O objeto da ciência não é o sensível, o particular, o indivíduo que passa; é o inteligível, o conceito que se exprime pela definição. Este conceito ou idéia geral obtém-se por um processo dialético por ele chamado indução e que consiste em comparar vários indivíduos da mesma espécie, eliminar-lhes as diferenças individuais, as qualidades mutáveis e reter-lhes o elemento comum, estável, permanente, a natureza, a essência da coisa. Por onde se vê que a indução socrática não tem o caráter demonstrativo do moderno processo lógico, que vai do fenômeno à lei, mas é um meio de generalização, que remonta do indivíduo à noção universal.

Praticamente, na exposição polêmica e didática destas idéias, Sócrates adotava sempre o diálogo, que revestia uma dúplice forma, conforme se tratava de um adversário a computar

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ou de um discípulo a instruir. No primeiro caso, assumia humildemente a atitude de quem aprende e ia multiplicando as perguntas até colher o adversário presunçoso em evidente contradição e constrangê-lo à confissão humilhante de sua ignorância. É a ironia socrática. No segundo caso, tratando-se de um discípulo (e era muitas vezes o próprio adversário vencido), multiplicava ainda as perguntas, dirigindo-as agora ao fim de obter, por indução dos casos particulares e concretos, um conceito, uma definição geral do objeto em questão. A este processo pedagógico, em memória da profissão materna, denominava ele maiêutica ou engenhosa obstetrícia do espírito, que facilitava a parturição das idéias.

Doutrinas FilosóficasA introspecção é o característico da filosofia de Sócrates. E exprime-se no famoso lema conhece-te a ti mesmo - isto é, torna-te consciente de tua ignorância - como sendo o ápice da sabedoria, que é o desejo da ciência mediante a virtude. E alcançava em Sócrates intensidade e profundidade tais, que se concretizava, se personificava na voz interior divina do gênio ou demônio.

Como é sabido, Sócrates não deixou nada escrito. As notícias que temos de sua vida e de seu pensamento, devemo-las especialmente aos seus dois discípulos Xenofonte e Platão, de feição intelectual muito diferente. Xenofonte, autor de Anábase, em seus Ditos Memoráveis, legou-nos de preferência o aspecto prático e moral da doutrina do mestre. Xenofonte, de estilo simples e harmonioso, mas sem profundidade, não obstante a sua devoção para com o mestre e a exatidão das notícias, não entendeu o pensamento filosófico de Sócrates, sendo mais um homem de ação do que um pensador. Platão, pelo contrário, foi filósofo grande demais para nos dar o preciso retrato histórico de Sócrates; nem sempre é fácil discernir o fundo socrático das especulações acrescentadas por ele. Seja como for, cabe-lhe a glória e o privilégio de ter sido o grande historiador do pensamento de Sócrates, bem como o seu biógrafo genial. Com efeito, pode-se dizer que Sócrates é o protagonista de todas as obras platônicas embora Platão conhecesse Sócrates já com mais de sessenta anos de idade.

"Conhece-te a ti mesmo" - o lema em que Sócrates cifra toda a sua vida de sábio. O perfeito conhecimento do homem é o objetivo de todas as suas especulações e a moral, o centro para o qual convergem todas as partes da filosofia. A psicologia serve-lhe de preâmbulo, a teodicéia de estímulo à virtude e de natural complemento da ética.

Em psicologia, Sócrates professa a espiritualidade e imortalidade da alma, distingue as duas ordens de conhecimento, sensitivo e intelectual, mas não define o livre arbítrio, identificando a vontade com a inteligência.

Em teodicéia, estabelece a existência de Deus: a) com o argumento teológico, formulando claramente o princípio: tudo o que é adaptado a um fim é efeito de uma inteligência; b)com o argumento, apenas esboçado, da causa eficiente: se o homem é inteligente, também inteligente deve ser a causa que o produziu; c) com o argumento moral: a lei natural supõe um ser superior ao homem, um legislador, que a promulgou e sancionou. Deus não só existe, mas é também Providência, governa o mundo com sabedoria e o homem pode propiciá-lo com sacrifícios e orações. Apesar destas doutrinas elevadas, Sócrates aceita em muitos pontos os preconceitos da mitologia corrente que ele aspira reformar.

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Moral. É a parte culminante da sua filosofia. Sócrates ensina a bem pensar para bem viver. O meio único de alcançar a felicidade ou semelhança com Deus, fim supremo do homem, é a prática da virtude. A virtude adquiriu-se com a sabedoria ou, antes, com ela se identifica. Esta doutrina, uma das mais características da moral socrática, é conseqüência natural do erro psicológico de não distinguir a vontade da inteligência. Conclusão: grandeza moral e penetração especulativa, virtude e ciência, ignorância e vício são sinônimos. "Se músico é o que sabe música, pedreiro o que sabe edificar, justo será o que sabe a justiça".

Sócrates reconhece também, acima das leis mutáveis e escritas, a existência de uma lei natural - independente do arbítrio humano, universal, fonte primordial de todo direito positivo, expressão da vontade divina promulgada pela voz interna da consciência.

Sublime nos lineamentos gerais de sua ética, Sócrates, em prática, sugere quase sempre a utilidade como motivo e estímulo da virtude. Esta feição utilitarista empana-lhe a beleza moral do sistema.

GnosiologiaO interesse filosófico de Sócrates volta-se para o mundo humano, espiritual, com finalidades práticas, morais. Como os sofistas, ele é cético a respeito da cosmologia e, em geral, a respeito da metafísica; trata-se, porém, de um ceticismo de fato, não de direito, dada a sua revalidação da ciência. A única ciência possível e útil é a ciência da prática, mas dirigida para os valores universais, não particulares. Vale dizer que o agir humano - bem como o conhecer humano - se baseia em normas objetivas e transcendentes à experiência. O fim da filosofia é a moral; no entanto, para realizar o próprio fim, é mister conhecê-lo; para construir uma ética é necessária uma teoria; no dizer de Sócrates, a gnosiologia deve preceder logicamente a moral. Mas, se o fim da filosofia é prático, o prático depende, por sua vez, totalmente, do teorético, no sentido de que o homem tanto opera quanto conhece: virtuoso é o sábio, malvado, o ignorante. O moralismo socrático é equilibrado pelo mais radical intelectualismo, racionalismo, que está contra todo voluntarismo, sentimentalismo, pragmatismo, ativismo.

A filosofia socrática, portanto, limita-se à gnosiologia e à ética, sem metafísica. Agnosiologia de Sócrates, que se concretizava no seu ensinamento dialógico, donde é preciso extraí-la, pode-se esquematicamente resumir nestes pontos fundamentais: ironia,maiêutica, introspecção, ignorância, indução, definição. Antes de tudo, cumpre desembaraçar o espírito dos conhecimentos errados, dos preconceitos, opiniões; este é o momento da ironia, isto é, da crítica. Sócrates, de par com os sofistas, ainda que com finalidade diversa, reivindica a independência da autoridade e da tradição, a favor da reflexão livre e da convicção racional. A seguir será possível realizar o conhecimento verdadeiro, a ciência, mediante a razão. Isto quer dizer que a instrução não deve consistir na imposição extrínseca de uma doutrina ao discente, mas o mestre deve tirá-la da mente do discípulo, pela razão imanente e constitutiva do espírito humano, a qual é um valor universal. É a famosa maiêutica de Sócrates, que declara auxiliar os partos do espírito, como sua mãe auxiliava os partos do corpo.

Esta interioridade do saber, esta intimidade da ciência - que não é absolutamente subjetivista, mas é a certeza objetiva da própria razão - patenteia-se no famoso dito socrático"conhece-te a ti mesmo" que, no pensamento de Sócrates, significa precisamente

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consciência racional de si mesmo, para organizar racionalmente a própria vida. Entretanto, consciência de si mesmo quer dizer, antes de tudo, consciência da própria ignorância inicial e, portanto, necessidade de superá-la pela aquisição da ciência. Esta ignorância não é, por conseguinte, ceticismo sistemático, mas apenas metódico, um poderoso impulso para o saber, embora o pensamento socrático fique, de fato, no agnosticismo filosófico por falta de uma metafísica, pois, Sócrates achou apenas a forma conceptual da ciência, não o seu conteúdo.

O procedimento lógico para realizar o conhecimento verdadeiro, científico, conceptual é, antes de tudo, a indução: isto é, remontar do particular ao universal, da opinião à ciência, da experiência ao conceito. Este conceito é, depois, determinado precisamente mediante a definição, representando o ideal e a conclusão do processo gnosiológico socrático, e nos dá a essência da realidade.

A MoralComo Sócrates é o fundador da ciência em geral, mediante a doutrina do conceito, assim é o fundador, em particular da ciência moral, mediante a doutrina de que eticidade significa racionalidade, ação racional. Virtude é inteligência, razão, ciência, não sentimento, rotina, costume, tradição, lei positiva, opinião comum. Tudo isto tem que ser criticado, superado, subindo até à razão, não descendo até à animalidade - como ensinavam os sofistas. É sabido que Sócrates levava a importância da razão para a ação moral até àquele intelectualismo que, identificando conhecimento e virtude - bem como ignorância e vício - tornava impossível o livre arbítrio. Entretanto, como a gnosiologia socrática carece de uma especificação lógica, precisa - afora a teoria geral de que a ciência está nos conceitos - assim a ética socrática carece de um conteúdo racional, pela ausência de uma metafísica. Se o fim do homem for o bem - realizando-se o bem mediante a virtude, e a virtude mediante o conhecimento - Sócrates não sabe, nem pode precisar este bem, esta felicidade, precisamente porque lhe falta uma metafísica. Traçou, todavia, o itinerário, que será percorrido por Platão e acabado, enfim, por Aristóteles. Estes dois filósofos, partindo dos pressupostos socráticos, desenvolverão uma gnosiologia acabada, uma grande metafísica e, logo, uma moral.

PLATÃO

Este importante filósofo grego  nasceu em Atenas, provavelmente em 427 a.C. e morreu em 347 a.C. É considerado um dos principais pensadores gregos, pois influenciou profundamente a filosofia ocidental. Suas idéias baseiam-se na diferenciação do mundo entre as coisas sensíveis (mundo das idéias e a inteligência) e as coisas visíveis (seres vivos e a matéria).

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Suas obras mais importantes e conhecidas são: Apologia de Sócrates, em que valoriza os pensamentos do mestre; O Banquete, fala sobre o amor de uma forma dialética; e A República, em que analisa a política grega, a ética, o funcionamento das cidades, a cidadania e questões sobre a imortalidade da alma. Em linhas gerais, Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade, mais concreta, permanente, imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis.

Tal concepção de Platão também é conhecida por Teoria das Idéias ou Teoria das Formas. Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon e constitui uma maneira de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma inteligibilidade relativa aos fenômenos.

Para Platão, o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Idéias. Cada objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objetos de sua categoria, de uma Idéia perfeita. Por exemplo: Um lápis terá determinados atributos (cor, formato, tamanho, etc). Outro lápis terá outros atributos, sendo ele também um lápis, tanto quanto o outro. Aquilo que faz com que os dois sejam lápis é, para Platão, a Idéia de lápis, perfeito, que esgota todas as possibilidades de ser lápis.

A ontologia de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da Idéia desse objeto. No caso do lápis é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.

Política:

"... os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes,

que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente".

(Platão)

Platão foi o primeiro a estudar a política sob uma perspectiva "científica". Ele percebia que a polis ( Era o modelo das antigas cidades gregas, desde a Antiguidade Clássica até o período helenista, vindo a perder importância durante o domínio romano. Devido às suas características, o termo pode ser usado como sinônimo de cidade). estava "contaminada"

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pelas idéias dos sofistas, e buscou uma maneira de "curá-la" desse mal, através da racionalidade.Em seu livro A República, Platão desenvolveu seu pensamento político, através da descrição do que seria, em sua concepção, a forma ideal de governo. Para Platão, a educação era à base da vida social, e sua importância era tão grande, que deveria ser assumida exclusivamente pelo Estado. Através da educação, cada homem poderia desenvolver suas aptidões, e os que chegassem a se tornar filósofos (esse seria o mais alto grau de racionalidade atingível), seriam incumbidos do governo do Estado.Platão não desejava restaurar nenhum sistema político. A experiência havia mostrado que, nem a oligarquia, nem a monarquia, nem a teocracia, nem a democracia funcionavam bem, não eram justos. O que Platão pretendia era, em verdade, criar uma forma de governo perfeita, baseada exclusivamente na racionalidade. O grande equívoco de Platão foi imaginar que os filósofos, por supostamente terem o domínio da razão, não fossem capazes de cometer injustiças.

É importante ressaltar que para Platão o conhecimento tem fins morais. Platão acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma.

A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça do Estado, ou seja, a governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a razão.

A segunda espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do estado, isto é, os soldados, pois sua alma de prata é imbuída de vontade.

E, por fim, a virtude da temperança, que deveria ser o baixo-ventre do estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se pelo desejo das coisas sensíveis.

EDUCAÇÃO

Platão valorizava os métodos de debate e conversação como formas de alcançar o conhecimento. De acordo com Platão, os alunos deveriam descobrir as coisas superando os problemas impostos pela vida. A educação deveria funcionar como forma de desenvolver o homem moral. A educação deveria dedicar esforços para o desenvolvimento intelectual e físico dos alunos. Aulas de retórica, debates, educação musical, geometria, astronomia e educação militar. Para os alunos de classes menos favorecidas, Platão dizia que deveriam buscar em trabalho a partir dos 13 anos de idade. Afirmava também que a educação da mulher deveria ser a mesma educação aplicada aos homens.

O Mito da CavernaExtraído de "A República" de Platão

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Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas à frente, não podendo girar a cabaça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali entra provém de uma imensa a alta fogueira externa. Entre ele e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela os prisioneiros enxergam na parede no fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como jamais viram outras coisas, os prisioneiros imaginavam que a sombra vista são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna. Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda a sua vida, não vira senão sombra de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade. Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria a outros os que viram e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade. O que é a caverna? Que são as sombras das estatuetas? Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O que é a luz exterior do sol? O que é o mundo exterior? Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? O que é a visão do mundo real iluminado?

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Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembléia ateniense)?

ÉTICA

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos,  ·nem dos desonestos,  ·nem dos sem caráter, nem dos sem ética”.

  O que mais preocupa é o silêncio dos bons!” ”.

Martin Luther King

A ética é uma característica essencial a toda atuação humana e, por esta razão, é um elemento fundamental na produção da realidade social. Todos nós possuímos um senso ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e julgando nossas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas, honestas ou desonestas.A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com as outras relações justas e aceitáveis. Via de regra está fundamentada nas idéias de bem e virtude, enquanto valores aspirados por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e próspera.Na Antigüidade, ética referia-se ao caráter verdadeiramente público; referia-se às normas válidas para todos; um homem de caráter, com princípios éticos tinha a confiança de todos. Ética é então honestidade, transparência, respeito ao bem-público. Com a emergência da filosofia, a ética passa a ser objeto de reflexão a partir de diferentes pontos de vista (ideologias). Aristóteles, o grande mestre grego que viveu há uns 2.300 anos, situou a sua “ciência das virtudes” entre a Física e a Política. A rigor, as ciências filosóficas da práxis deveriam ser três: a Ética, centrada no agir individual, a Economia, que deveria estar voltada para a práxis doméstica ou familiar, e a Política, idealizando as relações humanas dentro do universo de cidade/estado e das cidades entre si. O que caracteriza a ética aristotélica e dos seus seguidores, é que ela estuda o agir a partir de uma concepção do homem como sendo: um animal político, que tem linguagem, age logicamente e que precisa desenvolver-se dentro de uma sociedade concreta, num período de tempo, dentro de formas concretas de governo de uma cidade, se quiser ser feliz.

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O ideal de Aristóteles é o do homem virtuoso, significando a virtude uma força, um vigor, uma excelência relacionada aos valores práticos e intelectuais da existência. O homem mais virtuoso seria o mais capaz de realizar-se como homem, atingindo assim a felicidade (eudaimonía), meta procurada por todos. Esta felicidade supõe um certo equilíbrio de bens, pois o homem, não busca simplesmente um único bem. Precisa, de comida e de bebida, de saúde para sentir-se bem, de algum dinheiro, de alguns amigos, de algum reconhecimento público e respeito por parte da sociedade ou do estado, e precisa até ter algum tempo para poder dedicar-se às reflexões filosóficas, metafísicas, bem como precisa assistir a algumas representações teatrais, para, participando das tragédias, crescer moralmente. Como estamos vendo, o comportamento ético, estudado pela filosofia da práxis dos aristotélicos, inclui não somente as reflexões especificamente “morais”, mas supõe também uma certa sabedoria ou prudência para o trato com o mundo. Outra característica da ética aristotélica é uma certa noção de natureza humana. Há coisas que nossa reflexão mostra ajudarem à natureza, outras vemos que lhe são nocivas. A ética também estuda a responsabilidade do ato moral, ou seja, a decisão de agir numa situação concreta é um problema prático-moral, mas investigar se a pessoa pôde escolher entre duas ou mais alternativas de ação e agir de acordo com sua decisão é um problema teórico-ético, pois verifica a liberdade ou o determinismo ao qual nossos atos estão sujeitos. Se o determinismo é total, então não há mais espaço para a ética, pois se ela se refere às ações humanas e se essas ações estão totalmente determinadas de fora para dentro, não há qualquer espaço para a liberdade, para a autodeterminação e, conseqüentemente, para a ética.A ética pode também contribuir para motivar ou justificar certa forma de comportamento moral. Assim, se a ética revela uma relação entre o comportamento moral e as necessidades e os interesses sociais, ela nos ajudará a situar no devido lugar as morais essenciais, reais, do grupo social. Por outro lado, ela nos permite exercitar uma forma de questionamento, onde nos colocamos diante do dilema entre "o que é" e o "que deveria ser", protegendo-nos contra a ingênua identificação dos valores e normas vigentes na sociedade e abrindo em nossas almas a possibilidade de desconfiarmos de que os valores morais vigentes podem estar disfarçando interesses que não correspondem às próprias causas geradoras da moral. A reflexão ética também permite a identificação de valores enraizados que já não mais satisfazem os interesses da sociedade a que servem. Podemos notar que existe sempre comportamento humano classificáveis sob a ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as raízes culturais que imperam em determinadas sociedades e contextos históricos.

Moral é o conjunto de regras de conduta consideradas válidas para um grupo. É a ideologia (como vimos na aula anterior) dominante de um grupo. A reflexão sobre as diferenças das regras morais entre si gerou a necessidade de crítica e autocrítica dos discursos sobre o que é certo e o que é errado dentro de cada conjunto de regras. O intercâmbio comercial e cultural dos povos fez com que esta reflexão se estendesse como forma de busca de entendimento entre diferentes culturas. Na modernidade, fala-se de moral racional, na medida em que à razão humana é dado o direito de distinguir o que permanece válido e o que está ultrapassado. Hoje a moral já não é mais comparada a um livro sagrado ou a algum ritual, mas submetida à crítica racional.

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Mas também essa moral racional pode fecundar-se como ideologia e tornar-se dominante, impondo-se a diferentes culturas por meio da coerção, de persuasão e de leis.A busca de uma dignidade moral equivale à busca da ética, na medida em que a crítica racional incluir uma crítica de seus próprios limites ideológicos. A noção de poder estendeu-se do Estado para a sociedade e, portanto a noção de ética também se ampliou -- como espaço de reflexão que delimita o uso do poder entre os indivíduos, e que requer destes um desenvolvimento equilibrado de suas potencialidades humanas. O desenvolvimento do potencial humano promove a sua própria compreensão. A observação isenta de nossas atitudes, de nossos gestos, de nossos pensamentos e emoções em cada circunstância, com o intuito de aprender sem acumular, sem condenar e sem justificar, com o propósito de conhecer em profundidade o que e quem somos é o passo inicial para desencadearmos um longo processo, que se estende por toda a vida. Este processo de observação e aprendizagem pode ocorrer a qualquer momento. Não precisa de esforço, conhecimento técnico, isolamento social, ritual ou qualquer pretexto além de nossos próprios recursos naturais, intuitivos, perceptivos, emocionais e intelectuais.Em momentos dramáticos a vida impõe a opção por valores morais, que podem ser individualistas, antropocêntricos e instrumentalistas, de acordo com as ideologias dominantes. Ou libertários, solidários, altruístas, ecológicos, de acordo com as ideologias atualmente dominadas. A criatividade e a ética podem abrir caminho entre as ideologias, renová-las por dentro, ampliando seus horizontes. Não podemos confundir a ética e a moral. A ética não cria a moral. Embora seja certos que toda moral supõe determinados princípios, normas ou regras de comportamento, não é a ética que os estabelece numa determinada comunidade. A ética depara com uma experiência histórico-social no terreno da moral, ou seja, com uma série de práticas morais já em vigor e, partindo delas, procura determinar a essência da moral, sua origem, as condições objetivas e subjetivas do ato moral, as fontes da avaliação moral, a natureza e a função dos juízos morais, os critérios de justificação destes juízos e o início que conduz a mudança e o ciclo de diferentes sistemas morais. Os problemas éticos, ao contrário dos prático-morais são caracterizados pela sua generalidade. Por exemplo, se um indivíduo está diante de uma determinada situação, deverá resolvê-la por si mesmo, com a ajuda de uma norma que reconhece e aceita intimamente, pois o problema do que fazer numa dada situação é um problema prático-moral e não teórico-ético. Mas, quando estamos diante de uma situação, como, por exemplo, definir o conceito de Bem, já ultrapassamos os limites dos problemas morais e estamos num problema geral de caráter teórico, no campo de investigação da ética. Tanto assim, que diversas teorias éticas organizaram-se em torno da definição do que é Bem. Muitos filósofos acreditaram que, uma vez entendido o que é Bem, descobriríamos o que fazer diante das situações apresentadas pela vida. As respostas encontradas não são universais e as definições de Bem variam muito de um filósofo para outro. Para uns, Bem é o prazer, para outros é o útil e assim por diante.Na época da escravidão, por exemplo, as pessoas acreditavam que os escravos eram seres inferiores por natureza (como dizia Aristóteles) ou pela vontade divina. Elas não se sentiam eticamente questionadas diante da injustiça cometida contra os escravos. Isso porque o termo "injustiça" já é fruto de juízo ético de alguém que percebe que a realidade não é o que deveria ser.

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Como a ética é uma ciência, devemos fugir a impulso de reduzi-la ao campo exclusivamente normativo. Seu valor está naquilo que explica e não no fato de prescrever ou recomendar com vistas à ação em situações concretas. A ética também não tem caráter exclusivamente descritivo, ela procura investigar e explicar o comportamento moral, traço essencial do conhecimento humano.Não é papel da ética estabelecer juízos de valor quanto à prática moral de outras sociedades, mas explicar a razão de ser destas diferenças e o porque de os homens terem recorrido, ao longo da história, a práticas morais diferentes e até adversas.No nosso dia a dia estamos sempre diante de problemas do tipo:Devo sempre dizer a verdade ou existem ocasiões em que posso mentir? Será que é correto tomar tal atitude? Devo ajudar um amigo em perigo, mesmo correndo risco de vida? Existe alguma ocasião em que seria correto atravessar um sinal de trânsito vermelho?Os soldados que matam numa guerra podem ser moralmente condenados por seus crimes ou estão apenas cumprindo ordens?Vou ser preso se matar alguém para proteger minha família?Essas perguntas nos colocam diante de problemas práticos, que aparecem nas relações reais entre os indivíduos. São problemas cujas soluções, não envolvem apenas a pessoa que participa, mas também a outras pessoas que poderão sofrer as conseqüências das decisões e ações, conseqüências que poderão muitas vezes afetar um grupo inteiro. O homem só realiza sua experiência no convívio com outros homens. Nesta convivência, naturalmente têm que existir regras que coordenem e harmonizem esta relação. Estas regras, dentro de um grupo qualquer, indicam os limites em relação aos quais podemos medir as nossas possibilidades e as limitações a que devemos nos submeter. São as normas culturais que nos obrigam, mas ao mesmo tempo nos protegem. Fazemos uso de normas, praticamos determinados atos e, muitas vezes, nos servimos de determinados argumentos para tomar decisões, justificar nossas ações e nos sentirmos dentro da normalidade. As normas de que estamos falando têm relação como o que chamamos de valores morais. São os meios pelos quais os valores morais de um grupo social são manifestos e acabam adquirindo um caráter normativo e obrigatório.A moral pode então ser entendida como o conjunto das práticas cristalizadas pelos costumes e convenções histórico-sociais. A moral tem um forte caráter social, estando amparada na cultura, história e natureza humana. É algo adquirido como herança e conservar pela comunidade.

ÉTICA EMPRESARIAL

A ética empresarial consiste na busca do interesse comum, ou seja, do empresário, do consumidor e do trabalhador. O grande desafio ético está na descoberta de como emancipar o mundo da pobreza e opressão em que vivemos. Há empresas que possuem seus códigos de conduta, numa declaração à sociedade sobre seus pressupostos éticos. Atualmente, o alvo empresarial se depara, também, no conceito da exploração da atividade econômica, sob a ótica de que ela (empresa) é algo mais que um negócio. Além do interesse da empresa em si, há um interesse social a ser alcançado. A

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empresa que adota uma cultura ética, possivelmente, reduzirá seus custos e a empresa que não luta por um comportamento ético, estará, fatalmente, fadada ao insucesso. A empresa sob o enfoque da ética abarca interesses de empregados, acionistas, fornecedores, credores, distribuidores, consumidores, intermediários, usuários - que tende a transformar-se realmente em centro de poder tão grande que a sociedade pode e deve cobrar-lhe um preço em termos de responsabilidade social. Seja a empresa, os acionistas controladores, brasileiros ou estrangeiros, tem obrigação para com o grupo no qual vivem. Os procedimentos éticos facilitam e solidificam os laços de parceria empresarial, quer com clientes, quer com fornecedores, quer, ainda, com sócios efetivos ou potenciais, Isso ocorre em função do respeito que um agente ético gera em seus parceiros.A ética da empresa trata de mostrar, então, que optar por valores que humanizam é o melhor para a empresa, entendida como um grupo humano, e para a sociedade em que ela atua, agindo eticamente, a empresa pode estabelecer normas de condutas para que seus dirigentes e empregados, exigindo que ajam com lealdade e dedicação.

Entendemos que a ética deve estar acima de tudo. E que a empresa que age dentro dos postulados éticos aceitos pela sociedade só tende a prosperar. Podemos notar que há uma cobrança cada vez maior por parte da sociedade por transparência e integridade, tanto no trato da coisa pública, como no fornecimento de produtos e serviços ao mercado. A legislação constitucional e infraconstitucional tem possibilitado um acompanhamento mais rigoroso da matéria, permitindo que os órgãos de fiscalização e a sociedade em geral adotem medidas judiciais necessárias para coibir os abusos cometidos pelas empresas. É preciso que o mundo empresarial se conscientize cada vez mais de que a ética empresarial é imprescindível para o seu desenvolvimento e crescimento no campo dos negócios. Não podemos deixar de pensar que a atividade empresarial não é só para ganhar dinheiro. Uma empresa é algo mais que um negócio: é antes de tudo um grupo humano que persegue um projeto, necessitando de um líder para levá-lo a cabo e que precisa de um tempo para desenvolver todas as suas potencialidades.

A seguir, temos a Legislação infraconstitucional, que cria a obrigatoriedade para as empresas de contratação de PPD e de reabilitados:

PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAISO CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO RELATIVA A P.P.D.F. – A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO.Legislação Infraconstitucional1) Lei n. º 7853/89 de 24/10/89 – dispõe sobre o apoio as PPD e sua integração social. As áreas de atuação previstas na referida lei são:- educação; - saúde; - formação profissional e trabalho; - recursos humanos; - edificações.

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2) Lei 8069/90 de 13/07/90 – ao adolescente portador de deficiência é assegurado o trabalho protegido garantindo-se treinamento e colocação no mercado de trabalho. 3) Lei 8112/90 de 11/12/90 – assegura as PPD o direito de se inscreverem em concurso púbico para provimento de cargos cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadores.4) Lei 8213/91 de 24/07/91 – artigo 93 – cria a obrigatoriedade para as empresas de contratação de PPD e de reabilitados estabelecendo uma cota nos seguintes termos: - de 100 até 200 empregados – 2%- de 201 até 500 empregados – 3%- de 501 até 1000 empregados – 4%- mais de 1000 empregados -- 5%

Pergunta-se: Qual a efetividade na aplicação dessas leis?R. Existe uma dificuldade enorme em inserir PPD e reabilitados no mercado de trabalho. Segundo o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social – órgão que presta serviços de reabilitação – as dificuldades são muitas.Especificamente quanto à Reabilitação Profissional o INSS expediu a Resolução n. º PR 424 de 07/03/97 que traça suas diretrizes gerais com vistas à modernização desse serviço. Tal Resolução foi expedida em caráter experimental, mas, pelo que consta, vigora até hoje. Ali foram estabelecidas as seguintes Funções Básicas.a)Avaliação e Definição da Capacidade Laborativa – consistente no processo de análise global dos seguintes aspectos: limitações, perdas funcionais e aquelas funções que se acham conservadas; habilidades e aptidões; potencial para aprendizagem; experiências profissionais e situação empregatícia; nível de escolaridade; faixa etária e mercado de trabalho de origem; b) Orientação e Acompanhamento da Programação Profissional – processo de escolha consciente e esclarecida da atividade a exercer no mercado de trabalho; c) Articulação com a Comunidade para Reingresso no Mercado de Trabalho – consistente no conjunto de ações dirigido ao levantamento das tendências e oportunidades oferecidas pelo mercado de trabalho da localidade do domicílio do reabilitando; d) Acompanhamento e Pesquisa de Fixação no Mercado de Trabalho – consistente no conjunto de ações para constatar o ajustamento do reabilitando ao trabalho.Somente em 20/12/99 é que foi editado o Decreto 3298/99 que regulamentou a Lei 7853/89 e o artigo 93 da Lei 8213/91. Esse Decreto dispõe sobre a política nacional de integração da PPD. No tocante à inserção no mercado de trabalho trata da colocação competitiva e da colocação seletiva.Colocação competitiva – processo de contratação regular, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, que independe da adoção de procedimentos especiais para sua concretização, não sendo excluída a possibilidade de utilização de apoios especiais;Colocação seletiva – processo de contratação regular, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, que depende da adoção de procedimentos e apoios especiais para sua concretização.Procedimentos especiais – jornada variável, horário flexível, proporcionalidade de salário, ambiente de trabalho adequado, etc.

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Apoios especiais – orientação, supervisão e ajudas técnicas entre outros elementos que auxiliem ou permitam compensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais e mentais das PPD e dos reabilitados, de modo a superar as barreiras de mobilidade e da comunicação, possibilitando a plena utilização de suas capacidades em condições de normalidade.OBSERVAÇÃO: A legislação não obriga as empresas a despedirem empregados e nem a criarem novas vagas para cumprimento da cota das PPD e dos reabilitados. Na esteira dos diplomas legais aqui mencionados e com a edição do Decreto 3298/99 foi firmado em 24/04/2000 Protocolo de Procedimentos Conjuntos Para a Implementação da Cota a que se refere à Lei 8213/91 em que são signatários: Procuradoria Geral do Trabalho, Procuradorias Regionais do Trabalho da 2.ª e 15.ª Regiões, Delegacia Regional do Trabalho, SERT – Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho, INSS – Instituto Nacional do Seguro Social e Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência e PADEF.Especificamente no âmbito do Ministério Público do Trabalho a atuação tem sido a seguinte: 1. ª fase – instauração de Procedimentos Preparatórios ou Inquéritos Civis Públicos, de ofício ou por provocação da Delegacia Regional do Trabalho e Emprego ou dos Sindicatos de Categorias Profissionais;2.ª fase – expedição de Notificações Recomendatórias às empresas investigadas;3.ª fase – realização de audiências públicas na sede da Procuradoria Regional;4.ª fase – intimação individual às empresas para que compareçam à Procuradoria Regional e firmem Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta com o MPT;Meta do MPT em relação ao empresariado – sensibilizar o empresariado conscientizando-o acerca da inserção das PPD e dos reabilitados no mercado de trabalho. Meta do MPT em relação as PPD e aos reabilitados – conscientizar as PPD e os reabilitados da necessidade de se capacitarem a fim de que possam concorrer a uma vaga num mercado de trabalho cada vez mais competitivo.

Fonte: http://www.pgt.mpt.gov.br/publicacoes/pub19.html

As empresas devem refletir e tomar uma postura sob essa nova ótica e não mais participar do descaso que se cristalizou em nossa sociedade, adotando a inclusão de PNE como colaboradores de sua empresa.

No Censo de 2000, o IBGE utilizou uma definição bastante abrangente e chegou a 24,5 milhões de portadores de deficiência. Pelo conceito da ONU, mais estreito, são cerca de 18 milhões. Desses, nove milhões estão em idade de trabalhar e apenas 1,3 milhão trabalha (estimativa). 

O Brasil possui a lei de cotas que obriga as empresas a contratarem de 2% a 5% de seu quadro de pessoal entre portadores de deficiência, o que daria cerca de 700 mil contratações. Estima-se haver apenas 300 mil com empregos formais. Por que está sendo tão difícil essa inserção? 

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Os problemas se ligam aos empregadores, aos portadores de deficiência e às políticas públicas. 

Do lado dos empregadores ainda há muita falta de informação e preconceitos. Costuma-se dizer que essas pessoas não se adaptam, apresentam riscos na hora de evacuar um prédio, são temperamentais, magnífica seus problemas para conseguir lucro, faltam muito ao trabalho, exigem horários flexíveis, são rejeitadas pelos colegas, afastam clientes, etc. 

Do lado dos portadores, há casos de deficiências mais severas, que, de fato, exigem expedientes mais complexos. Mas não é a maioria. A simples construção de uma rampa de acesso numa empresa transforma um cadeirante em não deficiente. Um dos maiores obstáculos para a contratação diz respeito à falta de qualificação dos candidatos, o que é um problema geral do Brasil.

Podemos notar que da direção das políticas públicas, o apoio nos campos da educação, habilitação e reabilitação são precários. Ademais, a lei das cotas se restringe à contratação com vínculo empregatício e por prazo indeterminado. Essa modalidade de trabalho se torna cada vez mais rara no mundo atual, onde se multiplicam as formas alternativas de trabalhar, como é o caso do trabalho por projeto, casual, intermitente, terceirizado, cooperado, teletrabalho, etc. Hoje, o trabalho realiza-se em redes de parceiros em que alguns são empregados, outros são autônomos, muitos prestam serviços como pessoas jurídicas e assim por diante. Os portadores de deficiência não podem entrar nessas modalidades porque, pela lei das cotas, só podem ser contratados como empregados. 

Felizmente, há mudanças promissoras nos três campos. Os empregadores começam a enxergar as vantagens dos quadros de pessoal diversificado e muitos demonstram criatividade nas formas de contratar. Aumenta o número de trabalhos objetivos que visam a reduzir os preconceitos.

CULTURA

Cultura é um conceito antropológico e sociológico que abrange várias definições: Cultura seria o entrelaçado que abrange o conhecimento, crenças, artes, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como parte da sociedade. Deste modo corresponde, neste último sentido, às formas de organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se apresentam como sua identidade. Cultura empresarial ou organizacional compreende um conjunto ou sistema de significados que são compartilhados por uma determinada empresa ou entidade num tempo específico. Ela inclui valores e crenças, ritos, histórias, formas de relacionamento, tabus, tipos de gestão, de distribuição da autoridade, de exercício da liderança e uma série de outros elementos.

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            A cultura empresarial pode ser vista como resultado de um exercício coletivo e que identifica ou singulariza as instituições. Nos últimos anos, tem sido comum contrapor as empresas tradicionais e as empresa da nova economia, dando-lhes traços culturais específicos: as empresas tradicionais se tornaram injusta e inadequadas, consideradas ultrapassadas, pesadas e fadadas ao desaparecimento; e as empresas da nova economia são vistas como inovadoras, ágeis e comprometidas com o futuro (e isso às vezes é um erro).      Ainda que esta distinção (entre empresas da nova e da velha economia) venha, pouco a pouco, sendo contestada, ela reforça a idéia de que as empresas isoladas ou conjuntamente, professam uma cultura e que ela está em permanente mudança.As organizações por estarem inseridas num contexto de mudanças constantes precisam se adaptar às novas realidades com as quais se defrontam. Por exemplo, tais realidades poderiam ser a necessidade de uma nova política de recursos humanos, ou uma nova forma de gestão e planejamento; ou ainda, mudanças nas estruturas, sistemas e processos ou urgência de informatização; ou até mudanças políticas e novas tecnologias. A despeito de tais pressões, muitas organizações não procedem às atitudes necessárias para instaurarem o processo que as levaria a modificar o seu status-quo. Talvez o maior foco de resistência seja o fato de que a questão não é somente mudar, e sim gerenciar a mudança, o que implica na tarefa extremamente difícil de gerenciar a própria cultura da organização.      Através da cultura organizacional temos que dar atenção para a interferência da cultura nacional na cultura empresarial, de tal forma que, em princípio, o segundo está imbricado na primeira, como se existissem dedos invisíveis costurando formas de relacionamento, padrões de conduta e tipos de administração. Invocam-se a este respeito o famoso jeitinho brasileiro, a afetividade e o sensualismo nas relações e o personalismo.      Vivemos na era da globalização, das novas tecnologias, no mundo digitalizado. Tudo isso leva à necessidade do conhecimento contínuo, do aprendizado permanente, da especialização.

As exigências para o trabalho são bastante diferentes da época taylorista, (Taylorismo ou Administração científica é o modelo de administração desenvolvido pelo engenheiro estadunidense Frederick Winslow Taylor (1856-1915), que é considerado o pai da administração científica.)

na qual os operários possuíam baixíssima qualificação e não havia mesmo praticamente necessidade desta.O aparecimento da psicologia no processo de gestão organizacional nos anos 30, pouco tem a ver com a visão de mundo hoje, bem mais individualista e competitiva.O processo de gestão empresarial recebe os impactos da cultura em que está inserido. Toda mudança organizacional é também mudança cultural, uma vez que tais,transformações determinam novos valores e práticas; A base para que a empresa alcance a “vida eterna” é o seu Capital Humano;Portanto, mantê-los coeso durante o processo de mudança é algo fundamental; acomunicação é responsável por tal unidade; Algumas empresas estão se dando conta que para melhorar sua capacidade competitiva na era do conhecimento, precisam ampliar a autonomia pensante dos seus colaboradores.

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Elementos da Cultura Organizacional  

A essência da cultura é, em grande parte, abstrata e comportamental. Princípios, valores e códigos.Conhecimentos, técnicas e expressões estéticas.Tabus crenças e pré-noçõesEstilos, juízos e normas.Tradições, usos e costumes.Convenções sociais, protocolos e regras de etiqueta.Símbolos, mitos e lendas.

 Valores: são à base de qualquer cultura organizacional, eles representam o coração da empresa. São eles que definem o sucesso para todos os indivíduos da organização. “Valores são objetivos, metas e projetos que a maioria dos membros da empresa procura alcançar, consciente ou inconsciente ”.

Crenças e pressupostos: são estruturadas através de conceitos emitidos pela organização, conforme a percepção da realidade ou do meio ambiental que os cerca. Geralmente usado como sinônimos para expressar aquilo que é tido como verdade na organização.  Ritos, rituais e cerimônias: são atividades planejadas que tem conseqüências práticas e expressivas. Os ritos que podem ser encontrados na organização, treinamentos; ritos de redução de conflitos, que são verificados nas negociações coletivas; ritos de reforço, como por exemplo: reunião de lideranças para mostrar os resultados atingidos; ritos de degradação, que revelam ao grupo quando algum membro faltou com as normas de organização.  Tabus: estes dão ênfase ao que não é permitido.

Normas: na organização a norma tem peso de lei, são uns conjuntos de procedimentos que traduzem crenças, pressupostos, valores e tabus da organização.  Símbolos: são formas comunicativas que implicam em se associar valores intangíveis em forma tangível, como por exemplo, imagem da organização, logotipos. Processo de comunicação: incluem uma rede de relações e papéis informais que comportam as linguagens, símbolos, gestos, como por exemplo, publicações oficiais, comunicação informal.

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A CULTURA DA EMPRESA:

 As culturas podem ser fortes quando todos entendem e acreditam nas metas prioridades e práticas da empresa, é encorajadora dos comportamentos.

            Ou,

 As culturas podem ser fracas pessoas diferentes com valores diferentes, existem confusão a respeito das metas da empresa e não fica claro de um dia para o outro por quais  princípios as decisões devem ser orientadas.

Uma cultura organizacional forte pode gerar duas interpretações, pois quanto mais sedimentada, mais freio ela é para incorporar processo de mudança. Quanto mais a empresa marca o orgulho de sua marca, menor é a possibilidade de se aprender com o exterior (a empresa fecha em si mesma). Isso como forma de narcisismo (Os termos "narcisismo" e "narcisista" são freqüentemente utilizados como pejorativos, denotando vaidade ou egoísmo. Quando aplicado a um grupo social, o conceito tem relação com o conceito de elitismo.) excluindo o outro. A cultura organizacional é um instrumento de controle não só para as pessoas, mas também para a própria empresa, que pode fechar em si mesma sem olhar para as mudanças está ocorrendo em sua volta.

As organizações modernas estão buscando cada vez mais a flexibilização, mas o seu excesso é muito prejudicial, pois, não consolida nada, não referencia nada, não gera aprendizado via memória e teste. O individuo sente que está sempre devendo algo que ainda não sabe e, quando aprende, já está superado. Como por exemplo, endeusar o computador como a supermáquina, inteligente atualizável, cada vez mais veloz, mais potente. O computador nesse caso passa a ser um concorrente para o homem, um exemplo de perfeição. As empresas devem ser flexíveis sim, mas não em sua totalidade sem saber impor limites dentro de sua organização. A organização tem que ser dar conta que para melhorar sua capacidade competitiva na era do conhecimento, precisam ampliar, valorizar e dar ênfase no conhecimento de seus colaboradores.

 Em Cultura Brasileira, serão mostrados os aspectos da cultura brasileira que podem trazer diferenciação e melhoria do desempenho das organizações e as diversas facetas culturais do País que se refletem na gestão de pessoas. Vamos abordar alguns traços culturais do Brasil – a herança portuguesa e o dom da inventividade e da criatividade dos brasileiros, entre outros.

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As sociedades contemporâneas são multiculturais, multiétnicas ou mestiças. O Brasil por sua vez é o complemento de todas elas. Foi a partir do século XVI, quando os portugueses aqui chegaram com a idéia de administrar sua colônia e após eles vieram outros povos como: os espanhóis, os franceses, os ingleses os africanos esses na condição de escravos; todos eles tinham sua própria identidade, cada qual com sua cultura, seu costume, suas crenças, suas atitudes, suas ideologias, foi na verdade uma gama de diversidades históricas que resultou na nossa cultura.Esse encontro de culturas não se deu apenas de forma pacifica, mas também de forma trágica. A diversidade cultural do continente mostra, portanto, a uma variedade de experiências que está no alicerce da criatividade e da singularidade de seus povos. Para conhecermos um pouco do nosso comportamento atual, vamos relembrar a História do Brasil, onde notaremos certas características atuais da nossa sociedade: Podemos considerar que a base da cultura brasileira é o engenho, é a famosa casa grande e senzala. O senhor de engenho era um homem autoritário, a sua palavra valia tudo. Era sua função administrar suas terras, sua família e seus escravos. É nesse período que o favoritismo aparece, só que despido de qualquer valor negativo.Na colônia, as capitanias eram administradas de acordo com interesses de seus senhores e não obrigatoriamente do governo geral, onde as relações pessoas contavam mais que as impessoais, por exemplo, na Academia Nacional de Belas Artes os artistas eram indicados pelos grandes proprietários de terra.Notamos também que era muito grande o abismo entre senhores de engenho e escravos, daí podemos pensar que a desigualdade que impera nos dias de hoje não seja contraria do que aconteceu no passado, a questão de igualdade simplesmente não existia.Praticamente existiam apenas duas classes sociais, os senhores de engenho e escravos, os outros extratos da sociedade como: branco pobre, índios, os mulatos, as milícias eram excluídos e não tinham identidade e tão pouco trabalho.Notá-se que o núcleo do sistema agrário no Brasil foi à família patriarcal (o pai supremo e tradicional) que estabeleceu um poder aristocrático e ilimitado. Centralizando o poder na figura do patriarca. Essa organização compacta e única, representante de uma minoria social fez permanecer a suas preferências dos laços afetivos do pai, onde essa herança não deixa de marcar nossa sociedade, nossa vida publica e todas nossas atividades. Essa família patriarcal forneceu o nosso modelo de moral, quase imutável, que regulou as relações entre governantes e governados, definindo as normas de dominação, atribuindo a centralização de poder nas mãos dos governantes e a subordinação dos governados. A singularidade cultural refere-se aos hábitos e comportamentos de um grupo ou sociedade para com os outros, as atitudes e comportamentos dos indivíduos no ambiente do trabalho, podemos dizer que o paternalismo que às vezes impera em uma organização tem suas raízes na nossa cultura.A nova classe dominante que começa aparecer apresenta reflexo ainda do senhor de engenho, pois os valores democráticos apresentam não muito fortes no âmbito das organizações, quando construímos uma relação levamos em consideração a racionalidade instrumental e também a racionalidade substantiva e afetiva.A importação de diversos modelos prontos para nossa sociedade também é foco de atenção, como podemos notar; com a formação de um mercado, a base na abertura dos portos e com a consolidação da burguesia começa a ser instalado no Brasil diversas empresas, o capitalismo monopolista e a economia competitiva ganham ênfase no mercado brasileiro:

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as empresas multinacionais, pequenas empresas, serviços públicos começam a dar forma a uma tecnocracia local de orientação internacional em nossa cultura e comportamentos, mas mesmo assim os traços brasileiros (que são poucos, pois a maioria foi importada) estão presentes. É preciso ficar atento, pois o progresso de nosso país não veio de um processo interno nem foram legitimadas mediante a um processo de observação da sociedade, muito menos nascida da consciência da população local. Esse progresso foi imposto a nós, pelo Primeiro Mundo, e de certa maneira adaptado a uma realidade diferente, pois não foram ajustadas as nossas culturas.Nos dias de hoje assistimos cada vez mais as organizações brasileiras em busca de uma excelência continua, mas, portanto as praticas gerenciais tradicionais estão perdendo espaço para um mundo que exige padrões globais de eficiência.Por outro lado os modelos importados podem esbarrar em alguns dos traços básicos de nossa cultura, como já foi dito.Precisamos de mudança, mas para mudar tem que ter auto analise, as organizações tem que conhecer os traços de nossa cultura que irão impor ou não restrições para certas transformações. Para analisar a gerenciar mudanças nas organizações temos que ir ao encontro de nossas raízes culturais.Apesar de sermos toda essa mistura de raça é nessa mistura, nesse intermediário legitimado em nosso próprio âmago, que se revela à capacidade brasileira de trabalhar o ambíguo como positivo, de transformar problemas em oportunidades, de criar novas soluções no dia a dia.Em nosso cotidiano se prestarmos atenção, coisas que por muitas vezes parecem isolados encontraram explicações em nossa cultura nacional.Na soma das raças, crenças e diferenças sociais, econômicas e culturais, o Brasil pode ser considerado um dos grandes exemplos de país plural. Bem gerenciada essa diversidade soma, constrói e enriquece, possibilitando maior integração das atividades humanas organizadas.

Como vimos à influência estrangeira no Brasil nasce com o aparecimento dos povos do Velho Mundo e permanece até os dias atuais atingindo os variados setores e segmentos. Nos temos um certo gosto pela cultura que vem de fora. A influência estrangeira na sociedade e nas organizações locais são suscetíveis aos modelos de gestão importados, isso é explicado pela nossa colonização de exploração (região dominada pela metrópole-Portugal.

Servia-lhe como retaguarda econômica.) e extrativista, (No Brasil as atividades extrativistas têm sido uma constante, desde o período colonial quando se praticava o extrativismo da madeira e de minérios principalmente do ouro nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste do país. Já no século XIX o extrativismo continuou intenso na região Norte do Brasil, a qual possuía grande diversidade de madeiras e plantas medicinais, estendendo-se até a região Sudoeste do país a qual possui, até hoje, grandes áreas cultivadas com o cacaueiro e a seringueira.)

onde assimilamos os conceitos e modelos originários que vem de fora.A importação de tecnologias administrativas no Brasil é um processo que permanece até os dias de hoje estimuladas por uma rede de agentes sociais, como: empresa de consultoria, mídia,centros de ensino, escolas de administração, que são produzidas em paises de primeiro mundo e reproduzidas em um país “emergente” como o Brasil, sem um olhar

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crítico, são usadas por nós, como se fosse o molde correto, sendo que cada nação possui sua própria identidade. Com isso, encontramos certas dificuldades para a solução de nossos problemas, temos que criar modelos de gestão tipicamente nacionais.O que podemos analisar como conseqüência desse processo é o distanciamento cada vez maior da nossa realidade, e a ausência da relação da teoria com a prática profissional.O tema da cultura brasileira e da identidade nacional, antigo debate que se trava no Brasil, permanece atual até hoje. Dizer que somos diferentes não basta: é preciso mostrar em que nos identificamos. A identidade nacional está profundamente ligada a uma reinterpretação do popular pelos grupos sociais e à própria construção do Estado brasileiro, Não existe, assim, uma identidade autêntica, como já vimos, mas uma pluralidade de identidades, construídas por diferentes grupos sociais em diferentes momentos históricos. No Brasil, a questão do multiculturalismo e da compreensão das organizações como local da diversidade se torna cada vez mais significativa.Não se trata de recusar ou ignorar a importância de referenciais estrangeiros, mas ter uma postura crítica e analítica, reconhecer a sua aplicabilidade ou não ao contexto brasileiro e mais, procurar perceber o que pode ensinar a diversidade local e estabelecer conexões entre ambas, por exemplo: um banco de dados de “cases” nossos, brasileiros a históriaempresarial brasileira aponta para casos de sucesso que não deixam a desejar a nenhum “case” de outro país e, o que é mais importante, tais casos indicam que empresas souberam e sabem vencer a partir de traços culturais nacionais o que é mais importante.Os conhecimentos transmitidos para os futuros gestores devem ser aqueles produzidos a partir da nossa realidade, para ter maior aplicabilidade. E podem ser obtidos através da observação da melhor prática adotada por gestores brasileiros, ou aqueles que têm dirigido com sucesso empresas localizadas em várias regiões do Brasil. Não se trata, no entanto, de negar ou desconhecer a importância de outras referências, mas como já frisado, ter uma postura crítica e analítica, reconhecer a sua aplicabilidade ou não ao contexto brasileiro e mais, procurar apreender e perceber o que pode ensinar a diversidade local e estabelecer uma conexão entre a cultura brasileira e a prática organizacional no Brasil.A assimilação dos traços culturais é essencial para a sistematização de modelos e estilos propriamente brasileiros de administrar; reconhecer e analisar a cultura nacional e a cultura organizacional permitirá estabelecer conexões, fazer correlações, adaptações, ver o que é positivo e saber ministrar os traços negativos, todos esses fatores são importantes para o sucesso das organizações e de seus colaboradores.

MODELO DE AÇÃO CULTURAL BRASILEIRO

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O modelo de ação cultural que vamos estudar foi proposto por Prates e Barros ( 1996), conforme suas pesquisas pode ser caracterizado como um sistema composto da quatro subsistemas:O institucional (ou formal) e o pessoal (ou informal),o dos lideres e o dos liderados.

Apresentam traços comuns e traços especiais, que articulam um conjunto como um todo.

O institucional – é onde encontramos os traços culturais de espaço da “rua”, como define DaMatta (l987), enquanto o espaço da “casa” corresponde ao subsistema pessoal:

Subsistema dos líderes: reúne os traços encontrados naqueles que detêm o poder.

Subsistema dos liderados - abrange os aspectos culturais mais próximos daqueles subordinados ao poder.

É importante frisar que qualquer um de nós pode encontrar certas características nos subsistemas alternativos, dependendo a situação que nos encontramos: ora líder e ora liderados.Por outro lado há momentos que nos comportamos como de forma impessoal e em outros momentos de forma pessoal.Para darmos exemplos de como podemos nos comportar de forma impessoal, é quando os critérios impessoais começam a dominar processos tratados de forma familiar, como a profissionalização da empresa familiar. E quando nos comportamos de forma pessoal (relação entre pessoa) se sobrepõe a critérios formais e regulamentos.Esse fenômeno pode ser chamado de familiarização, pois quando todos são lideres há um processo de horizontalização e quanto aos liderados há um processo de verticalização.Os subsistemas estão divididos por traços culturais especiais , que são responsáveis pela não ruptura do sistema, são eles:

O paternalismo.

A lealdade.

O formalismo.

A flexibilidade.

São através desses traços e suas combinações que os autores denomina o modelo de: Sistema de Ação Cultural Brasileiro. (ver figura abaixo).

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Visão integrada do modelo proposto-sistema de ação cultural brasileiro. Prates e Barros (1996).

SUBSISTEMA DOS LÍDERES

1.) Na dimensão institucional, existe a CONCENTRAÇÃO DE PODER, e ao seu lado há o PERSONALISMO e somando os dois elementos teremos o perfil do estilo brasileiro de liderar: O PATERNALISMO.

a.) PERSONALISMO: a referência para a decisão é a importância ou a necessidade da pessoa envolvida na questão, sobrepondo-se às necessidades do sistema no qual a questão está implantada, por exemplo, a palavra cidadão no Brasil pode conter sentido negativo, quando é marcada para impor a alguém o seu lugar. Quando se diz: “o cidadão tem que esperar um pouco”, “o cidadão não tem todos os documentos em ordem”, são falas negativas, a palavra cidadão não tem o viés de poder. b.) PATERNALISMO: é a combinação dos dois traços já mencionados e apresenta duas facetas: o patriarcalismo e o patrimonialismo. O patriarcalismo é a face supridora e afetiva do pai, atendendo ao que dele esperam os membros do clã, e o patrimonialismo é a face hierárquica e absoluta, impondo a sua vontade a seus membros.

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SUBSISTEMA INSTITUCIONAL

1.) POSTURA DE ESPECTADOR: mutismo e baixa consciência crítica, baixa iniciativa, pouca capacidade de realização por autodeterminação e transferência de responsabilidade das dificuldades para as lideranças, por exemplo: ”Se o poder não está comigo, não sou eu que tomo a decisão, por essa razão eu me ausento de qualquer responsabilidade.” A culpa tem contornos hierárquicos do chão para cima, por exemplo, se uma empresa vai mal a culpa é do governo..

2.) FORMALISMO: aceitação implícita das normas e regras, mas com uma prática distorcida. A discrepância entre a conduta concreta e as normas prescritas que se supõe regulá-la.

Existe três formas de se transmitir maior segurança e evitar riscos futuros:

** Por meio da tecnologia, (nos protegemos das ações da natureza e das guerras).** Por meio das leis, (regras formais). ** E da religião, (através de sua ideologia transmite segurança e calma em relação aos aspectos que transcendem a realidade humana.)

3.) IMPUNIDADE: os líderes estão ao largo das punições, fortalecendo suas posições de poder, dandomaior consistência aos traços vistos anteriormente. A lei só existe para os indiferentes e os direitos individuais são concedidos para poucos. (Como vimos na aula anterior o poder dos senhores de engenho). Isso faz com que a maioria desfavorecida se torne cada vez mais um espectador.

4.) LEALDADE PESSOAL: que é a contrapartida ao formalismo, ética pessoal se manifesta pela lealdade àspessoas. O membro do grupo valoriza mais as necessidades do líder e dos outros membros do grupo do que as

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necessidades de um sistema maior no qual está inserido. A lealdade pessoal é vista de forma errônea onde o outro vê o líder como a pessoa de confiança, este líder será o elo que liga a rede integrando todos os segmentos. Esse líder tem o papel de muita responsabilidade, pois será através dele que as pessoas depositarão seus ideais identificando-o ou imitando-o. Isso faz que aconteça uma grade coesão, mas por outro lado também pode se tornar frágil às relações pessoais gerando um certo conflito ou então uma estratificação entre as relações.

5.) EVITAR CONFLITO: capacidade de intermediar conflitos entre líderes e liderados, uso de soluçõesindiretas entre os pólos divergentes, mas que mantém boas relações pessoais com ambos.

SUBSISTEMA DOS LIDERADOS

1.) FLEXIBILIDADE: Representa uma categoria com duas faces: a adaptabilidade e a criatividade. A adaptabilidade pode ser identificada na agilidade de se ajustar a algo novo e a criatividade tem o elemento inovador.

a.) ADAPTABILIDADE: Podemos identificá-la na agilidade das empresas em ajustar a pacotes econômicos lançados pelo governo, e também a empregados das empresas que buscam inovar processos tecnológicos dentro da empresa.

b.) CRIATIVIDADE: É sempre um elemento inovador que podemos notar em festas de carnaval, atividades esportivas, onde todos participam e não há um domínio hierárquico rígido.

Portanto, o estilo brasileiro de administrar tem como base a nossa cultura (portuguesa, italiano, indígena, africana e entre outras). Algumas dessas culturas marcaram mais, como a cultura africana e a indígena, que apesar de toda opressão os traços são acentuados em nossa sociedade.O entrosamento dessas raízes, influências e processos formadores do caráter do povo brasileiro permitem apreender, de forma crítica, os comportamentos sociais dos brasileiros, que vai envolver diretamente a formação do ambiente organizacional. Através desse olhar

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crítico, podemos agora partir para o desafio de ajustar tecnologias administrativas de outras realidades e culturas diferentes, para a nossa realidade.

ASPÉCTOS CULTURAIS E RELAÇÕES DE GÊNERO (É uma dada maneira de olhar a realidade da vida (das mulheres e dos homens) para compreender: As relações sociais entre mulheres e homens, e as relações de poder entre mulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens).

“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.

Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.”

Cora Coralina

 A questão de gênero deve ser cada vez mais adotada como desafios de todos os homens e mulheres do conjunto da sociedade. A igualdade entre homens e mulheres é o caminho principal de uma sociedade cidadã, de um modelo de desenvolvimento mais imparcial. Promovê-la é algo profundo e com repercussões em todas as extensões da vida em sociedade. Não podemos falar da cidadania sem reconhecer e gerar a igualdade de gênero. A importância de gênero nas pautas políticas, nas estratégias de suas organizações e nos diversos espaços da sociedade e de suas vidas.A questão de gênero está em toda parte tem a ver com a forma como educamos nossos filhos e nossas filhas, como vivenciamos nossos relacionamentos com homens e mulheres, com as prioridades do modelo de desenvolvimento do país, com o exercício do poder, com o cuidado com a vida, com a economia de nosso país e tantas outras coisas do nosso cotidiano e de nossos desafios que encontramos em nosso caminho.. Para entendermos as raízes das desigualdades entre homens e mulheres, também temos que reconhecer as desigualdades raciais e étnicas, fazer da nossa sociedade uma sociedade mais justa, digna e cidadã para todos , independente de sexo, raça, situação econômica, origem

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regional, e de tantas, outras coisas que ainda relevam a desigualdade, a intolerância e gerando o extermínio de milhões de vida.

Gênero e Trabalho – Um pouco da sua história.

A categoria de análise de “gênero” emerge de todo um movimento, criado ao final da década de 70 por um grupo de pesquisadoras feministas da Inglaterra. . A discriminação vivida por milhares de pessoas não é um problema exclusivo das mulheres ou sucedido de uma incapacidade natural, mas resulta das relações sociais entre os sexos adquiridos ao longo da historia.A categoria gênero também ajuda a descobrir, a partir de um grande enfoque, aquilo que é cultural e, logo, pode ser mudado na vida em sociedade, perguntando sobre a naturalização da igualdade social entre os sexos. Ao mostrar a dimensão social de desigualdade e suas repercussões na divisão sexual do trabalho, escancaram ainda mais os caminhos para a ação política das comunidades, das organizações e dos movimentos que atuam pela mutação dessa realidade.As conquistas das mulheres em busca a uma sociedade mais igualitária tiveram impulso em todas as áreas do nosso cotidiano, acarretando outras formas de ver e vivenciar o mundo, transformando paradigmas e concepções de desenvolvimento e de democracia e ampliando os horizontes dos direitos humanos, cidadania e trabalho. Podemos apresentar o exemplo de trabalhos domésticos feitos por mulheres ao longo da história, que não eram e ainda não é efetivamente considerados como trabalho, e o trabalho mais ligado a cuidar de crianças, ajudar e cuidar dos velhos, fazendo com que a roda da vida perpetue esse movimento. Notamos que tudo isso sempre foi imposto como parte natural do papel da mulher.Os movimentos feministas questionaram essa situação, tanto no que se refere à necessidade do reconhecimento do trabalho domestico e também que esse trabalho deve ser compartilhado entre homens e mulheres.

Globalização e a questão de gênero

A globalização econômica, a reestruturação produtiva e a flexibilização de direitos em que buscam vantagens competitivas e a maximização de lucros a qualquer preço, teve seu ápice

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com o processo de globalização que avançou ao longo de 1990, a ordem era de diminuir custos, principalmente de mão-de-obra. A função do Estado se tornou cada vez mais reduzida como responsável pela promoção da justiça social, na diminuição dos recursos destinados às políticas sociais e na subordinação de todos à lógica do ajuste fiscal.Toda essa reinvenção que apareceu com o processo da globalização atual fez surgir uma nova formula de exploração entre pessoas e os grupos. No Brasil esse processo reafirmou velhos padrões da divisão sexual do trabalho e criou novos contornos na vida da maioria das mulheres, aumentando a vulnerabilidade, a precariedade das condições de vida e a perda de direitos e de sua cidadania.

Mulheres e seu cotidiano no Trabalho.

Segundo a (OIT) organização Internacional de Trabalho, a partir dos anos 90, as mulheres

ampliaram sua participação no mercado de trabalho. Enquanto na América Latina essa

participação passou de 39% em 1990 para 45% em 1998, no Brasil o salto foi de 40% para

45%. Segundo dados da fundação SEADE, em são Paulo, região de maior dinamismo

econômico da América Latina, a taxa da participação das mulheres chegou a 55,1% em

2003. No Brasil, o crescimento foi mais intenso entre as mulheres pobres, com o aumento

de 0,74% para 0,81% entre 1990 e 1998. Esse aumento não necessariamente representa um

indicador positivo, pois, nos setores menos valorizados, existe um numero muito pequeno

de mulheres nas atividades de serviços: saúde, educação, administração, comunicações,

serviços comunitários e pessoas.

As diversas formas de discriminação estão fortemente associadas aos fenômenos de exclusão social que dão origem e reproduzem a pobreza. Eles são os responsáveis pela superposição de diversos tipos de vulnerabilidades e pela criação de poderosas barreiras.Nos últimos anos, se notado que as condições e causas da pobreza são diferentes para mulheres e homens, negros e brancos. O gênero e a raça são fatores que determinam, em grande parte, as possibilidades de acesso ao emprego, assim como as condições em que esse se exerce. Desse modo, condicionam também a forma como os indivíduos e as famílias vivenciam a pobreza e conseguem ou não superá-la. No Brasil, as discriminações de gênero e raça têm atuado como eixos estruturantes dos padrões de desigualdade e exclusão social. Esta lógica se reflete no mercado de trabalho, no qual as mulheres vivenciam as situações mais desfavoráveis.

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Agora vamos dar destaque ao trabalho doméstico, por ser na sua grande maioria realizado por mulheres, nesse tipo de trabalho existe uma situação absolutamente particular comparados a outros, pois, devido ao seu peso quantitativo em termos do total da ocupação feminina no país.Segundo os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD, 2001), o trabalho doméstico representa 18,2% do total da ocupação feminina no Brasil, o que corresponde, em termos numéricos, a 6 milhões de pessoas. Desagregando essa cifra por raça/cor, vemos que esse peso é ainda mais acentuado no caso das mulheres negras: 23,9% , ou seja: de cada (100 mulheres ocupadas no Brasil aproximadamente 4 são empregadas domésticas).. Por outro lado, é necessário analisar que o trabalho doméstico é praticado nos domicílios e a esmagadora maioria dos empregadores é pessoas físicas e não empresas, como nas demais formas de assalariados. Além disso, as trabalhadoras domésticas possuem direitos trabalhistas diferenciados de todos os outros trabalhadores do país: o artigo 7º da Constituição Federal divulga essa diferenciação, ao excluir as trabalhadoras domésticas do conjunto geral de direitos do trabalho, tratando-as de forma particular. Esses fatores explicam porque o trabalho doméstico é apresentado como uma categoria específica, distinta dos outros assalariados. Por que ao desenvolver o trabalho doméstico no domicilio do empregador, o convívio no espaço privado do patrão e da patroa gera condições de equívocos nas relações de trabalho e emprego: confundem-se os papéis, tanto profissionais quanto familiares.

Segundo pesquisa do DIEESE (2001): (TRABALHO FEMININO)

Emprego doméstico......................17%

Trabalho agrícola..........................20%

Comercio de mercadorias.............13%

Prestação de serviços ...................28,4%

Atividades sociais.........................17,4%

Encontramos mais mulheres trabalhando nos seguintes setores:

(Setores que possuem a tradição feminina de nossa cultura)

Costura.........................................94%

Magistério (ensino fundamentaL).90%

Secretariado.................................89%

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Telefonia......................................86%

Enfermagem ...............................84%

Recepção.....................................81%.

Não podemos também esquecer do mercado informal onde encontramos um grande

contingente feminino: Segundo pesquisa do DIEESE (2001)- a qualidade do emprego das

mulheres no setor informal é inferior à dos homens, submetidas a menores

rendimentos, condições de trabalho mais precários e menor proteção social. Temos no

mercado informal brasileiro cerca 51,6% mulheres contra 44% de homens

trabalhadores.

A questão do desemprego (mercado informal)

Na ultima década a questão do desemprego cresceu de forma acelerada em todo continente, tanto para homens quanto para mulheres. Mas no Brasil, a taxa de desemprego feminino aumentou bastante. Uma a cada 5 mulheres pobres se encontra 1 desempregada, é importante ressaltar que as mulheres negras enfrentam mais o desemprego que as mulheres brancas (o fator cultural de nossa historia explica isso, como vimos na aula nº 12).O emprego informal é um dos setores que mais contratam mulheres, podemos observar segundo dados do DIEESE (2001), que nos meses de outubro a março, quando as taxas de desemprego sofrem as maiores variações sazonais,são quando se expande o emprego temporário e sazonal — freqüente, por exemplo, no comércio no final de ano —, odesemprego feminino sofre redução mais acentuada que o masculino e asmulheres beneficiam-se, assim, mais do que os homens. Porém, quando essaoferta sazonal de emprego se retrai, logo nos primeiros meses do ano, as mulheressão as mais afetadas e sua taxa de desemprego sobe rapidamente e cai, emseguida, mais lentamente. Essa característica mais volúvel do emprego femininopermite-nos deduzir que as mulheres estão mais sujeitas aos postos de trabalhotemporários e menos estáveis que os homens, sendo, portanto, mais sensíveis àdemanda por mão-de-obra sazonal. São, portanto, mais sujeitas ao empregoprecário.

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ASPÉCTOS CULTURAIS E RELAÇÕES DE GÊNERO NOS DIAS ATUAIS

“O dever é uma coisa muito pessoal; decorre da necessidade de se entrar em ação, e não da necessidade de insistir com os outros para que façam qualquer coisa.”

Madre Teresa de Calcutá

Como já vimos na aula anterior, a mulher tem encontrado dificuldades para praticar sua cidadania e também fazer valer seus direitos reais. Existem muitos movimentos que as mulheres se destacaram, por exemplo na cena política em eventos nacionais e internacionais, mas mesmo assim a sua presença é muito restrita em espaços estratégicos da organização empresarial, Nos parlamentos, nos governos e nas empresas, a participação feminina é vista com certas restrições.

DIFERENÇA DE RENDIMENTOS:

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As diferenças de salário continuam sendo uma grande vilã na marginalização da mulher no mercado de trabalho. Segundo pesquisa do DIEESE (2003) aponta que os rendimentos dos trabalhadores são baixos e mal distribuídos e incontestáveis da sobreposição discriminatória - de sexo e cor – que atinge as mulheres negras. Engajadas em ocupações precárias e enfrentam dificuldades para a ascensão em suas carreiras profissionais, as afras brasileiras apresentam remunerações substancialmente mais baixas que os demais segmentos da população.

ESCOLARIDADE

As mulheres brasileiras apresentam mais tempo de escolaridade que os homens . Na universidade elas já são a maioria, mas infelizmente as mulheres têm que estudar quatro vezes a mais que os homens para conseguir uma “igualdade” salarial.

Segundo pesquisa da Folha de São Paulo (2006), a mulher espera 35% a mais por promoção, Se um homem recém formado com nível universitário leva 6,5 anos, por exemplo, para ser promovido a gerente ou diretor, uma mulher nas mesmas condições demora 10 anos, ou seja a mulher demora 35% a mais que os homens, isso na evolução profissional de administradores, contadores chefes de sessão e supervisores dentro de grandes empresas.Esse levantamento foi realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), segundo estudos, essa diferença não é tão grande nas empresas estrangeiras (voltamos a lembrar o quanto é importante o estudo de nossa cultura).Uma das explicações é que essas empresas são mais eficientes, pois uma eventual discriminação poderia levar a empresa a uma ineficiência.O nível educacional, não pode ser a razão para uma ascensão mais lenta das mulheres, já que elas em media são mais escolarizadas que os homens. “Esses números podem refletir uma procura das empresas por um custo menor, segundo Anita Kon, da PUC-SP.” Quando as mulheres têm filhos, saem e uma pessoa tem que ser contratada pra substituí-las “.

A ESCALA PROFISSIONAL (Folha de São Paulo – 2006)

1.) MULHERES: As mulheres levam 35% a mais de tempo para serem promovidas a gerentes e diretoras que os homens nas grandes empresas.

2.) PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES:

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As mulheres representam apenas 23% do total de empregados nas industrias de transformações.

3.) NAS CHEFIAS:Nos altos escalões, as mulheres representam menos ainda: são 14% dos gerentes e diretores das industrias de transformação.

Apesar da demora das mulheres serem promovidas, a presença feminina em cargos de comando nas grandes empresas vem aumentando cada vez mais, segundo pesquisa com consultores da Folha de São Paulo(2006), as mulheres são mais cuidadosas e competentes para determinadas funções e são cada vez mais requisitadas.

LICENÇA DIVIDIDA:

Alguns especialistas defendem que o Brasil siga o exemplo de paises como a Dinamarca e a Alemanha, nos quais o tempo da licença-maternidade é dividido entre homens e mulheres. “Lá eles tem leis socialmente mais desenvolvidas, já que sabem que a licença onera as empresa”. Afirma Anita Kon.Segundo dados da Pnad, IBGE, 39% das pessoas com carteira assinada no Brasil são mulheres.Outro fator que explica a promoção mais demorada das mulheres é a menor disponibilidade que possuem em relação aos homens, na média para irem trabalhar em outro país pela empresa quando necessário, em razão da família. Isso acaba também aumentando o tempo para promoção.

VENCENDO AS DESIGUALDADES:

A (FIG) Fundo para a Igualdade de Gênero ( 2003) , vêm desenvolvendo projetos que contribuem para:

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1.) Reconhecer e dar maior visibilidade às gestões de gênero em toda a sociedade.

2.) Fortalecer os grupos e as entidades de mulheres por meio do apoio à organização e formação de ativistas para uma atuação mais estratégica.

3.) Sensibilizar outros setores para que assumam as questões de gênero como recorte estrutural de todas a sua atuação, como sindicatos, empresas, governos, etc.

4.) Transformar as políticas publicas: com o acumulo de todos esse processos, atuar para que as políticas publicas destinadas ao mundo do trabalho reconheçam a problemática de gênero e contemplem ações e estratégias que tenham impactos sobre ela. As políticas publicas promovidas pelo Estado tem papel fundamental para que as transformações sejam estruturais e atinjam o conjunto da realidade econômica e social.

No plano prático, a inclusão das mulheres na gestão empresarialtem que passar pela reavaliação de salários (geralmente inferioresaos dos homens) e pela elevação aos cargos de chefia, aosquais ainda são difíceis chegar. Uma empresa que aborda comprofundidade a questão de gênero saberá, certamente, aproveitarmelhor o que cada colaborador (mulheres e homens) podeoferecer. Homens e mulheres não são iguais.Pensam e agem de maneiradiferente, condicionados por questões biológicas, culturais esociais. As biológicas determinam as diferenças naturais entrehomens e mulheres em razão das funções físicas e reprodutivas.A mulher, por sua finalidade reprodutiva, de conservação edesenvolvimento da vida, é mais sensível ao universo simbólicoe espiritual da espécie humana.

SAIBA MAISUma empresa que aborda com

Mulheres assumem comando das famílias cada vez mais, diz IBGE

REVISTA EXAME: 07/03/2006

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EXAME As mulheres são maioria no país, têm vida média mais elevada que os homens e assumem cada vez mais o comando das famílias. Essas são algumas das conclusões da pesquisa Perfil das mulheres responsáveis pelos domicílios no Brasil , que o IBGE divulgou nesta quinta-feira (7/3), véspera do Dia Internacional da Mulher. As informações confirma tendências que já vinham sendo apontadas no Censo 2000.

A pesquisa mostra que existem 11.160.635 mulheres respondendo por 24,9% dos domicílios de todo o país o equivalente a 12,9% das 86.223.155 brasileiras. Em 1991, apenas 18,1% dos domicílios estavam nesta situação. As regiões Sudeste (46,4%) e Nordeste (28,5%), têm o maior número de mulheres responsáveis por domicílios. Coerentes com a distribuição geográfica da população, essas proporções, além de refletirem fenômenos culturais, refletem também a intensidade da migração nordestina masculina das últimas décadas e a alta freqüência de dissoluções conjugais nas camadas mais pobres da população , diz o estudo do IBGE.

As informações são da Agência Brasil.

CULTURA DE MASSA

“IDENTIDADES LOCAIS FIXAS DESAPARECEM PARA DAR LUGAR A IDENTIDADES GLOBALIZADAS FLEXIVEIS, QUE MUDAM AO SABOR DOS MOVIMENTOS DO MERCADO E COM IGUAL VELOCIDADE” Suely Rolnik

A cultura de massa nasce precisamente no século XIX, com a literatura de folhetins (romance publicado nos rodapés dos jornais) já industrializada e substituindo a literatura

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popular de cordel ( A literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome). que desapareceria nos fins do século XVIII. Produto das transformações que criaram a sociedade de massa, essa cultura torna-se reflexo, da produção e do consumo em grande escala. A sociedade de massa formou-se durante o processo da industrialização do século XIX, através da especialização em tarefas, a organização industrial em larga escala, a concentração de populações urbanas, a centralização crescente do poder de decisão, o desenvolvimento de um complexo sistema de comunicação internacional e o crescimento dos movimentos políticos das massas.A cultura de massa consiste na produção industrial de um universo muito grande de produtos que abrange setores como a moda, o lazer no sentido mais amplo, incluído os esportes, o cinema, a imprensa escrita, falada e televisada, os espetáculos públicos, a literatura, a musica, enfim um numero muito grande de eventos e produtos que influenciaram e caracteriza o atual estilo de vida do homem contemporâneo.Coube ao filósofo Theodor Adorno escrever a primeira obra sobre o assunto, este autor abandona a expressão mais usual “Cultura de Massa”, para substituí-la por “Industria Cultural”,pois, a sua preocupação era evitar que se confundisse a “Cultura Popular” com a “Cultura de Massa” . Para Adorno a Cultura popular era uma manifestação espontânea originaria das próprias massas. Algo semelhante ao que vimos hoje que apreende e retrata a arte popular.Já a cultura de massa nada tem haver com a cultura popular.Para Adorno a cultura popular nada oferece de satisfatória para o consumidor. Além disso, ao industrializar todos os produtos ela mistura valores da arte popular e da arte erudita como detrimento de ambas . Isto por que a primeira perde sua função mais importante que é a de servir como elemento agregado e de sociabilidade através do lazer e da arte. Assim, a camada mais modesta da população estaria prejudicada.Sua produção industrial passaria por um processo de transformação, de reprodução industrial e de adequação do consumo em grande escala que acabaria de descaracterizá-la. Dessa forma a cultura popular tenderia de se disfarçar de suas origens e a perder sua própria identidade. , Com a arte erudita os efeitos seriam semelhantes. Adaptá-la ao consumo de massa, significa manipulá-la para que seja aceita.. A cultura de massa tem múltiplas origens. É alimentada principalmente à custa das indústrias que têm lucros a inventar e promover o material culturalEla exalta valores individuais como felicidade, amor, beleza e auto-realização. É estimulada pela sociedade de consumo, independente da ideologia política oficial.Analisando este ponto, podemos dizer que a presença do aparelho de tevê no cotidiano das pessoas é tão forte que muitos pensam que a televisão é o único lazer da população. Além da tevê, a ainda ouvir rádio AM e FM, a leitura de jornais, revistas, ouvir CD, ou seja, um lazer financiado pela publicidade comercial que usualmente se designa como industria cultural. Com isso, uma outra suspeita de que lazer é todo voltado para o consumo ou para atividade que levam ao consumo.Os estudos de orçamento-tempo mostraram que, efetivamente, quase a metade do tempo livre de nossa população é gasta com um lazer produzido pela indústria cultural, vindo principalmente da televisão, seguida de longe pelo rádio e, mais de longe ainda, pelos

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livros, discos, jornais e revistas.No entanto, é arriscado afirmar que determinada atividade seja, ou não, produzida pela indústria cultural, é também importante observar que tais meios de comunicação de massa nada mais são do que a reprodução de conteúdos de outras práticas de lazer. Como por exemplo, o volume de concertos de música erudita ou popular vistos nas rádios e tevês é extraordinariamente maior do que o das salas de show e concertos ao vivo. O mesmo vale para outros espetáculos artísticos e para o esporte, a ginástica, a jardinagem, a culinária, a informação em geral. Trata-se de um consumo de lazer e não de prática ativa de lazer.É importante ressaltar então, as relações estabelecidas entre indústria cultural, meios de comunicação de massa e com a cultura de massa. Em um primeiro momento, podemos achar que estas expressões funcionam como sinônimos, mas não é assim.Não se pode falar em indústria cultural e sua conseqüência, a cultura de massa, em um período anterior ao da revolução Industrial, no século XVIII; do surgimento de uma economia de mercado, uma economia baseada no consumo de bens; e da existência de uma sociedade de consumo, segunda parte do século XIX. Assim, a indústria cultural, os meios de comunicação de massa e a cultura de massa surgem com funções do fenômeno da industrialização. E estas, através das alterações que ocorrem no modo de produção e na forma de trabalho humano, que determina um tipo particular de indústria (a cultural) e de cultura (a de massa). E isto vai dependendo completamente, do uso crescente da máquina, da submissão do ritmo de humano de trabalho ao ritmo da própria máquina, da exploração do trabalhador, da divisão do trabalho. Conseqüências da revolução industrial, traços marcantes de uma sociedade capitalista, em que é nítida a oposição de classes. Neste momento começa a surgir à cultura de massa. Podemos observar desde então, conseqüências diretas e indiretas na distribuição cultural dos dias de hoje.Uma característica muito importante da indústria cultural, é a formação de uma cultura homogênea. Mas aqui no Brasil, por ter uma grande desigualdade na distribuição de renda, acaba por se dificultar à homogeneização da cultura.Segundo Adorno, a industria cultura desperta nas pessoas a sensação confortável de que o mundo está em ordem, frustrando na própria felicidade que ela ilusoriamente lhes propicia.Ela impede a formação de indivíduos autônomos, independentes capazes de julgar e de decidir conscientemente. A sociedade de massa procura indicar o potencial da propaganda dos meios de comunicação de massa usados pelas elites para bajular, persuadir, manipular e explorar o povo de modo mais sistemático e difuso. Os que controlam as instituições de poder adulam o gosto da massa para controlá-la.

 De uma forma geral, a cultura de massas é conduzida pelos meios de comunicação que se começaram a difundir no séc. XVIII e pelos progressos científicos, especificamente com a produção standartizada dos produtos.

Ou seja, hoje em dia temos acesso a todos os produtos e informações de todo o mundo, e em geral esses produtos são bastante homogêneos em todo a direção.

Hoje em dia, nas sociedades modernas veste-se da mesma forma, ouve-se a mesma música, come-se a mesma comida (Mc'Donalds é um grande exemplo), vêm-se os mesmos filmes, usam-se os mesmos eletrodomésticos e vamos ganhando os mesmos hábitos, por exemplo.Tudo isso devido a uma cultura de massas em que estamos inseridos.

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Outro exemplo de grande importância é o telejornal que se pode relacionar a cultura de massa, já que é visto por milhões de pessoas que estão vendo as mesmas notícias e que pode veicular ideologias ou modelar as nossas crenças.

CULTURA DE MASSA NAS ORGANIZAÇÕES

"Mais que de máquinas, precisamos de humanidade”

Charles Chaplin

A cultura de massa se caracteriza por:

1° Ser produzida por um grupo de profissionais que pertence a uma classe social diferente do grupo a que se destina.

2° ser dirigida pela demanda, passando por modismos.

3° ser feita para um público semiculto e passivo; a sociedade, nesse caso é só o alvo da produção não a sua procedência.

4° visar o divertimento como meio de passar o tempo.

Portanto, podemos dizer que um público passivo que não tem exigências, não terá consciência de que é um grupo social , ele simplesmente consome o que lhe for dado pelos produtores.

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Esse público que não se reconhece a si mesmo pode gostar de quaisquer coisas enquanto moda e depois descartá-las, por exemplo, podendo consumir musica sertanejo hoje, rock amanhã, sem se sentir ligado ou satisfeito a nada.

O fato das pessoas descartar coisas que já não estão na moda, tem uma ligação com a alienação que é promovida pela cultura de massa. Essa questão foi levantada pelos filósofos: Adorno e Horkheimer, para eles, os produtos da industria cultural leva a alienação , porque não induzem o homem a se situar numa realidade social, econômica e histórica, nem a pensar criticamente na situação sobre a conjuntura do mundo, oferecendo um tipo de diversão inocente, maquiando a realidade.

“APRENDIZ DE FEITICEIRO”

A velha lenda do ‘aprendiz de feiticeiro’ foi retomada por Walt Disney no filme Fantasia, clássico do desenho animado. Em um dos segmentos, os personagens principais, representados por Mickey, é incumbido de lavar as dependências do castelo e, para facilitar o serviço, resolve aplicar as mágicas aprendidas com seu mestre feiticeiro. Bem sucedido ao ordenar a uma vassoura para carregar vários baldes cheios d’água, o que lhe poupa enorme esforço, constata em seguida que apenas sabia desencadear a mágica, sem contudo conseguir interrompê-la no momento desejado. Na esperança de solucionar o impasse, corta varias vezes a vassoura, aumentando o número delas em ação, logo transformadas em um batalhão de ‘serviçais’ incansáveis. A inundação do castelo é evitada com um retorno providencial do mestre feiticeiro, cujas palavras mágicas interrompem o louco processo desencadeado.

Vamos avaliar primeiramente a técnica como um poder que nem sempre tomamos conta de suas conseqüências, como se tivéssemos com nossas idéias incrustadas, e alguém simplesmente indicasse qualquer caminho.E para não perpetuar o erro, temos que prestar atenção, sermos críticos, mas isso não significa que temos que ser mestre em tudo, podemos ser técnicos, mas não apenas “técnico”, precisamos também refletir sobre os valores que envolvam a aplicação da técnica e não aceitarmos tudo em pedaços.Por exemplo à industrialização quando não é planejada e nem administrada, ela transforma a idéia de progresso em pesadelo como nos dias de hoje, temos a agravante do efeito estufa, que está desequilibrando todo nosso ecossistema.

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Vamos agora fazer uma ligação do texto aprendiz de feiticeiro com o surgimento das fábricas, para isso destacaremos as transformações técnicas que ocorreram através dos tempos:

1. o desenvolvimento da ciência que era de interesse da classe dominante.

2. invenção da máquina a vapor, alterando as relações de produção e as relações sociais.

3. as primeiras fábricas com o surgimento do proletariado.

4. crescimento das cidades.

5. industrialização.

6. uso de varias formas de energia.

7. organização hierarquizada da empresa.

8. técnico especializado e técnico semiqualificado.

9. divisão do trabalho, com isso o trabalhador não reconhece sua mercadoria.(alienação).

10. aumento da produção.

11. linha de produção, século XX com a linha de montagem , em que o operário não tem mais a visão global ou holística do que está sendo produzido.

Com toda essa mudança na organização o trabalhador perde o saber técnico e passa a executar o que foi mandado, sem precisar raciocinar, apenas executar o serviço.Perdendo com isso a sua autonomia, passa então ser controlado, provocando uma inversão de papeis, o produto começa a valer mais que o individuo. O produto passa a ter vida e o homem passa a ser visto como coisa, não conseguindo mais ter uma visão abrangente do que acontece, apenas pedaço de quebra-cabeças sem função alguma.Esse homem transformado em coisa só pode ser um homem alienado: Alienando do seu trabalho, trocado por um valor em moeda inferior as forças por ele gastas: alienando do produto do seu trabalho, que ele mesmo não pode comprar, pois seu trabalho não é remunerado a altura do produzido, alienando a tudo, até dos seus projetos de vida, da vida do país e de sua própria vida.

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Podemos também exemplificar o texto com a sociedade no qual estamos inseridos que é a pós-industrial, onde ocorre a grande mudança tecnológica, alterando as relações de produção que é a inserção de robôs nas fábricas mudando todo o perfil do trabalhador. Agora esse trabalhador tem que ter habilidades para controlar diversas máquinas, trabalhar em equipe adquirindo maior poder de decisão.Apesar de toda tecnologia avançada não podemos esquecer da avalanche de desempregados (desemprego estrutural), e também da dependência das pequenas empresas em tempos de globalização.Não podemos apenas criticar todo o avanço tecnológico e ignorarmos seus benefícios.O grande mal está em separar a técnica da sabedoria, uma não existe sem a outra, pois, juntam elas tem o grande poder de impedir que o ideal de produtividade seja medido em termos de estrutura de poder da classe dominante, somente a junção da técnica com a sabedoria faria que esse ideal atendesse as necessidades de todos. Hoje, o trabalhador está tão preso em seu trabalho, e utiliza-se tão pouco de sua criatividade, que quase faz sua atividade diária como se fosse automático, sem realmente utilizar-se da sua capacidade intelectual e criativa. Não podemos deixar que a crítica e o conhecimento passem a ser trocados por dinheiro e serem consumidos como qualquer coisa.

causadas por grandes mudanças na organização do trabalho, no relacionamento entre as organizações e pessoas e no comportamento do mercado de trabalho verificados nos últimos anos, para isso, analisaremos se é utopia ou realidade o desenvolvimento profissional no Brasil.

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E AUTONOMIA NO BRASIL

“Quem é firme em seus propósitos molda o mundo a seu gosto’’ (Goethe)

O comportamento das pessoas, dos grupos aos quais elas pertencem e da cultura organizacional é altamente sensível e faz a diferença desde a qualidade da produtividade até os mais diversos segmentos da comunidade e da sociedade. Já nas primeiras raízes das

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teorias de Administração, há o esforço de construir processos e modelos de trabalho respeitando e integrando expectativas, necessidades e características humanas. Superados os tempos e movimentos, o planejamento da produção, o inquieto conhecimento sobre os mercados e os novos movimentos da internacionalização e alta tecnologia, nunca foi tão importante conhecer o comportamento organizacional. Com uma abordagem que tem como base as transformações Brasil.

A “Autonomia para o desenvolvimento profissional”, texto de Joel Souza Dutra (1997), sistematiza os trabalhos desenvolvidos segundo um novo aspecto de gestão de pessoas, que leva em consideração o ambiente em que a empresa se fixa, em situações de globalização, da turbulência crescente, da maior complexidade das arquiteturas organizacionais e das relações comerciais e maior valor agregado dos produtos e serviços.

Ele mostra em sua pesquisa sobre gerenciamento de carreira, realizada na cidade de São Paulo, com pessoas de formação superior. Segundo pesquisa apenas 2% haviam pensado em suas carreiras de forma estruturada. No entanto, 98% dos participantes haviam entregado seu destino profissional para empresas ou para o acaso.

A partir desses dados seria interessante pararmos parar para pensar sobre certos questionamentos de nossas escolhas profissionais, como:

- o quanto esculpimos nossa carreira ou são esculpidas pela empresa e pelo ambiente?

- qual é o papel da empresa ao estimular e apoiar os projetos profissionais de seus colaboradores?

- e quais são os aspectos do ambiente onde a pessoa está inserida que alavancam ou restringem essa consciência?

Essas indagações foram pesquisadas em duas empresas, que buscaram estruturar caminhos para o desenvolvimento profissional e criar o espaço necessário para que as pessoas apropriassem dos mesmos.(NA AULA 19 VEREMOS OS ESTUDOS DE CASOS).

Vamos então discuti-las:

- a empresa tem interesse que as pessoas elaborem seu projeto profissional, a partir de seus ideais. Temos que considerar que pessoas alienadas não mudam tão facilmente e resistem a mudanças.

- as pessoas não foram educadas para pensar em sua carreira profissional.

- as pessoas têm que ter certeza de suas idéias, pois, estão inseridas num ambiente mais competitivo, havendo mais cobranças em estruturar sua carreira.

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- as empresas que conquistaram sucesso têm investido no desenvolvimento das pessoas e dela própria., para obter com isso maior envolvimento e comprometimento, mas com objetivo estratégico das empresas.

Os conceituais metodológicos para dar caminho a esse estudo aparecem na literatura apenas nos anos 70 definindo o papel da empresa e das pessoas na gestão de suas expectativas de desenvolvimento. Cabia a empresa de estimular e dar suporte as pessoas e de definir com clareza as suas expectativas em relação às mesmas.Hoje em dias essas propostas se tornaram concretas na busca de melhorar a conciliação das expectativas de desenvolvimento das pessoas e da empresa.

A pesquisa abaixo, foi realizada nos EUA, Europa, Cingapura e na Austrália (Gutteridge-1993).

Segundo pesquisa, as principais explicações para esse fenômeno são:

- a empresa precisa ter um empenho e envolvimento afetivo do trabalhador, mas com os objetivos e estratégias da empresa como forma de obter vantagens competitivas.

- a empresa precisa contar com pessoas em condições de interatuar com a organização num processo de mutua aprendizagem, sem que ambas percam sua individualidade.

- necessidade das pessoas e as empresas refletirem sobre suas dependências, pois, as empresas não mais podendo garantir emprego e as pessoas não colocam todo os seus planos em uma única empresa.

- a empresas buscando pessoas autônomas e empreendedoras mudando o tradicional perfil do trabalhador que era de dependência e acomodação, essa mudança tem ligação com a atual organização que precisa de tomadas de decisões dos empregados.

- mudanças de expectativa em relação à empresa às pessoas estão buscando cada vez mais a autonomia e liberdade em suas escolhas de carreira.

No Brasil essas práticas ainda estão amadurecendo. Em 1990 foi realizada uma pesquisa sobre o estado da prática em Administração de Carreiras, mas não foi produtivo, pois o próprio mercado não dominava o vocabulário sobre o tema. Foi então realizado clinicas temáticas como dirigentes empresariais, consultores e docentes, para saber como as pessoas e as empresas conciliam suas expectativas de desenvolvimento. (Dutra, 1997).

Conclui que:

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- as pessoas não tiveram estímulos para pensar de forma estruturada em seu desenvolvimento, deixando a cargo da empresa ou do acaso que alguém dessa direção para os seus passos.

- as empresas são autoritárias em sua postura em relação aos seus trabalhadores, estabelecendo treinamentos, definindo trajetórias profissionais, e vendo o momento que a empresa acha apropriado para oferecer, desafios e oportunidades profissionais, ou uma postura de afastamento deixando seus trabalhadores a sua própria sorte, não havendo qualquer ação estruturada para o aproveitamento interno da pessoa.

- no Brasil as empresas estão quase todas despreparadas para qualquer ato que estimule, oriente e dê suporte aos seus trabalhadores pra que eles assumam o planejamento de seu desenvolvimento ou carreira.

O interessante é notar que segundo essa pesquisa, o perfil do gerente capaz de agregar valores para empresa seria ser autônomo e empreendedor, mas na prática, o que acontece na verdade as organizações brasileiras ainda reforçavam o perfil obediente e disciplinado.

Vamos agora analisar algumas vivencias do trabalhador com a empresa:

- A EMPRESA TEM O PODER NA CONSTRUÇÃO DOS IDEAIS DE SEUS COLABORADORES:Quando a pessoas é alienada se torna mais fácil para empresa convencê-la de algo,tanto no seu desenvolvimento quanto no seu projeto profissional, a empresa tem grande participação na manipulação dessa pessoa.O fácil convencimento está atrelado ao nível de informação e formação que a pessoa tem , pois, quanto mais critica for à pessoa menor a chance dela se tornar alienada. Com já vimos à empresa não pode mais garantir emprego e ao menos tempo precisa de um alto nível de responsabilidade de seu colaborador, portanto a empresa sabe o quanto é bom ou não ter pessoas mais ou menos consciente.

-MARGINALIZAÇÃO AO ACESSO DE INFORMAÇÃO DENTRO DA ORGANIZAÇÃO.

As pessoas são separadas na empresa: as que podem ter acesso para discutirem seus projetos de desenvolvimento com a empresa, discutindo sobre planos de carreiras, essas pessoas que não foram excluídas são peças fundamentais para empresa, para o desenvolvimento da empresa e o desenvolvimento de ambos, e a maioria é excluída desse processo, bastando apenas cumprir ordens, lembrando mais uma vez quanto mais alienado for o homem mais passivo ele será, não havendo confronto algum.

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EXCLUSÃO DO TRABALHADOR CONSIDERADO DESQUALIFICADO PELA EMPRESA:

Voltamos a pensar em alienação e cultura de massa, num país como o Brasil onde há muitos trabalhadores sem qualificação, sem perspectiva de qualidade de vida, a qualificação do trabalhador se torna artigo de luxo excluindo é claro um grande contingente de trabalhadores. O olhar do empresário se volta apenas para as pessoas estratégicas, tais como: executivos, profissionais técnicos ou de níveis operacional. Infelizmente, o restante dos trabalhadores está fora desse jogo, provocando uma grande distorção.

.

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL NO BRASIL(ESTUDO DE CASO)

“ NÃO HÁ NADA QUE SEJA MAIOR EVIDÊCNIA DE INSANIDADE DO QUE FAZER A MESMA COISA DIA APÓS DIA E ESPERAR RESULTADOS DIFERENTES.”

Albert Einstein

Relato dos casos;

Os casos analisam o comportamento das empresas e das pessoas no tocante do desenvolvimento profissional do Brasil.O caso 1 refere-se a uma empresa nacional no setor editorial,onde foram analisados os jornalistas.

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O caso 2 refere-se a uma empresa multinacional que atua no segmento industrial de commodities, foram analisados profissionais ligados à área de informática. As duas empresas estudadas são vanguardistas em seus segmentos, inclusive em suas políticas e práticas de gestão de pessoas. Ao analisarmos os dois casos, poderemos ter a visão da escolha profissional no Brasil, quanto ao espaço e os procedimentos de como as pessoas pensam e estrutura de forma autônoma o seu desenvolvimento profissional.

Caso 1

A primeira empresa estudada é uma editora de porte internacional com vários títulos de peso no Brasil. Na época que o trabalho foi realizado, estavam implementados os programas que visava aprimorar a qualidade de sua produção editorial, tanto pela introdução de novos conceitos de trabalho, quanto por meio de processos e de infra-estrutura necessária à informatização da produção editorial.A empresa estava preocupada com a carreira de seus jornalistas por haver uma profunda insatisfação com salários e com a ausência de perspectivas profissionais claras, em virtude de um programa de modernização dos processos de trabalho e dos produtos e pelo fato de a carreira existente privilegiar os profissionais que trabalhavam na atividade editorial, com pouco estimulo ao desenvolvimento dos profissionais que atuavam na apuração de noticias.Pudemos verificar que a empresa não tinha condições de estabelecer suas expectativas em relação aos jornalistas e de acompanhar a evolução profissional destes, pois, era comum um jornalista receber um cargo para justificar um aumento salarial e não para aumentar seu patamar de responsabilidade profissional. Desse modo, as pessoas assumiam um cargo para justificar o salário, mas exerciam outro, com um terceiro para aparecerem no editorial e na carteira profissional poderia aparecer outro cargo.A confusão de cargos relatada é comumente encontrada nas organizações, gerando proliferação de cargos, nomenclaturas e promoções fictícias. Esse quadro não permite à empresa gerir o desenvolvimento das pessoas nem permite as pessoas uma visão clara de suas possibilidades de crescimento na organização.No caso estudado, a direção da empresa, os responsáveis pelas redações e os próprios jornalistas estavam profundamente insatisfeitos com a situação existente.

A credibilidade dos trabalhos executados neste caso dependia, portanto, do atendimento das expectativas de todas as pessoas envolvidas. Para tanto, foram criados 3 (três) grupos de trabalho:

- A Direção foi responsável pela definição dos parâmetros e da estrutura de carreira para os jornalistas e das principais expectativas em relação ao desenvolvimento dos mesmos;

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- Os responsáveis pela redação modelaram a implementação da estrutura de carreiras e responderam por ela;

- Os jornalistas foram organizados em grupos de consulta e expuseram suas expectativas em relação ao sistema de administração de carreiras.

Como resultado, estabeleceu-se um sistema que apresentava as seguintes características básicas:

- Criava carreiras paralelas para repórteres, diagramadores, ilustradores e editores, de tal forma que os jornalistas poderiam optar por uma carreira gerencial editorial ou uma carreira profissional pura;

- Enxugava o número de posições, estabelecia com clareza os critérios de acesso para cada uma e definia parâmetros para a tomada e decisão por parte da empresa e do jornalista de forma individualizada, não criando em nenhum momento uma “camisa de força”;

- Estabelecia parâmetros de encarreiramentos estáveis, ou seja, desvinculados da estrutura organizacional ou da forma que era organizado o trabalho: desse modo, a carreira não se modificaria a cada mudança da organização. A mesma estrutura de carreira foi adotada, tanto por redações estruturadas de forma funcional quanto por redações em células de reportagem, tanto por redações automatizadas quanto por redações com operações manuais, tanto por redações de grande porte quantas redações de pequeno porte;

- Oferecia a cada redação e a cada jornalista uma apropriação individualizada da estrutura de carreira, permitindo que esta funcionasse com parâmetro para as decisões;

- Refletia os compromissos assumidos entre a empresa e os jornalistas e destes em relação aos objetivos organizacionais.

Durante a implementação, os responsáveis pelas redações assumiram todo o processo de comunicação e enquadramento dos jornalistas nos parâmetros estabelecidos pelo sistema. Somente após de dois anos, da implementação do sistema é que podemos observar os jornalistas se apropriando dos parâmetros estabelecidos para desenharem suas carreiras e definirem ações de desenvolvimento . Essa demora pode ser explicada pelas dúvidas das pessoas quanto à afetividade do sistema e ao real empenho da empresa em respeitar os compromissos assumidos no processo de modelagem. Tão logo ficou comprovado o respeito pelos compromissos por parte da empresa os jornalistas passaram a acreditar no sistema e na sua efetiva utilização configurando uma mudança de padrões culturais da organização e de padrões comportamentais das pessoas baseadas na legitimação da mudança instalada.Podemos verificar que nessa experiência criou-se um espaço para relações mais dignas entre a empresa e as pessoas, à medida que a empresa sabe o que quer de seus jornalistas, que estes sabem o que esperar da empresa e que seus gestores têm condições de estabelecer um relacionamento com suas equipes baseado em parâmetro seguro, transparente e compartilhado.

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Esse trabalho junto aos jornalistas gerou movimentos semelhantes em outras categorias profissionais dentro da empresa, tornando-o mais abrangente. Em contrapartida, não houve um acompanhamento da evolução do sistema nem propostas para seu aprimoramento no que se refere aos jornalistas, configurando um acomodamento ao status quo tanto da empresa quanto das pessoas.A expectativa inicial do trabalho era de que o projeto poderia gerar pressões por parte dos jornalistas para maior transparência da empresa em relação a oportunidades de aprimoramento e crescimento profissional, a informação sobre os mercados de trabalho interno e externo ou a informações sobre salários praticados interna e externamente. Esperava-se, também, que a empresa procurasse, com base no trabalho realizado, aprimorar as relações com seus jornalistas, desenvolvendo instrumentos para acompanhar expectativas de desenvolvimento e para oferecer informações sobre a adequação da performance dos mesmos. Essas expectativas iniciais do projeto não foram atendidas. Não houve pressão dos jornalistas nem iniciativa da empresa para o aprimoramento dos instrumentos e práticas estabelecidas pelo sistema. As pressões dos jornalistas têm acontecido no âmbito das redações e atendidas caso a caso.

Caso 2

A segunda empresa estudada é uma multinacional que atua no país a muitos anos de forma divisionalizada. Nos últimos anos vem percebendo a perda de sinergia entre seus vários negócios e procurando minimizá-la pela integração dos processos comuns. Um dos elementos críticos para o sucesso desta operação tem sido os Sistemas de IT (information technology), que passaram a ser pensado como parte de uma área com reporte à corporação e não mais como pertencentes às divisões.Para entender as novas demandas organizacionais, essa Área foi estudada de forma matricial por negocio e por processo. Dessa forma, atende as especificidades de cada negócio e, ao mesmo tempo integra os processos operacionais comuns, disseminando o aprendizado de cada negócio ou processo para a organização como um todo. Paralelamente à reestruturação, essa Área tem a missão de viabilizar um processo de terceirização das operações e concentrar-se em questões estratégicas e de continua agregação de vantagens competitivas aos negócios da empresa. Espera-se que a Área passe a assumir uma postura de consultores internos para os vários negócios, otimize os processos de toda a empresa, internalize tecnologia com maior velocidade e reduza os custos operacionais por meio da terceirização.A empresa, ao centralizar sua Área de sistemas, conseguiu envolver seu corpo de profissionais com as propostas da nova estrutura, uma vez que passa a visualizar a possibilidade de trabalho em um ambiente mais avançado e em um processo e contínua atualização. A concentração da Área passou a exigir, entretanto, a reconstrução das relações organizacionais e um alto grau de integração da equipe para ocupar um novo espaço dentro da organização, gerando um alto nível de pressão em todo o Corpo de Profissionais.

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A comunicação e a transparência de propósitos assumiram grande importância para a construção e manutenção da coesão da equipe, surgindo a partir daí claros indícios do descontentamento da mesma quanto à ausência de horizontes profissionais claros, de critérios transparentes de acesso a melhores salários e de reconhecimento de seu valor profissional.Esse quadro precipitou a realização de um projeto com o objetivo de construir parâmetros para a gestão da carreira e de desenvolvimento para toda a equipe. Com base na constatação dessas necessidades, foi iniciado um processo envolvendo toda a equipe da Área para a discussão e determinação das trajetórias profissionais possíveis, dos critérios de acesso às posições de gerencia sênior da empresa, dos critérios e valorização salarial e do conjunto de expectativas que a empresa poderia esperar em termos de desenvolvimento e níveis de contribuição de cada integrante da equipe.

Para a consecução desse trabalho, foram efetuadas as seguintes atividades:

-levantamento de expectativas em relação ao desenvolvimento da equipe com a direção da Área;

-entrevistas com membros da equipe para levantamento de expectativas em relação à empresa;

-workshops envolvendo os gerentes da Área para discussão e elaboração dos parâmetros e instrumentos de gestão.

Com base nessas atividades, foram definidos os seguintes parâmetros e instrumentos de gestão:

-eixos de carreira para a Área de Sistema a sua permeabilidade com os demais eixos de carreira da empresa;

-modelo de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias a todos os membros da equipe para fazer frente aos desafios da Área;

-principais ações para que a equipe pudesse suprir o gap existente entre o modelo proposto e a realidade percebida pela mesma;

-critérios para enquadramento da equipe nos eixos de carreira e para definição salarial;

-processo de contínuo acompanhamento e feedback para cada membro da equipe.

A exemplo do caso 1, os gerentes da Área de Sistema se apropriaram dos parâmetros e instrumentos definidos pelos processos e assumiram a gestão de suas equipes. Com essa

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atitude as principais expectativas da equipe foram atendidas e as pessoas internalizaram os parâmetros estabelecidos e tomaram decisões acerca de suas carreiras, inclusive de permanência ou não na Área e na empresa.

As principais características dos parâmetros de desenvolvimento profissional definidos pelo trabalho foram:

-minimização dos espaços para atividades operacionais com o processo de terceirização;

-alto grau de permeabilidade da carreira em Sistemas com as demais carreiras gerenciais da empresa ;

-flexibilidade para a formação de equipe de Sistema, criando trajetórias para pessoas provenientes de outras áreas da empresa, do mercado e do programa de trainees.

Ao contrario do que aconteceu no caso 1, o processo gerou um aprimoramento dos instrumentos e praticas de gestão, como, por exemplo, o acompanhamento de desenvolvimento das pessoas e da equipe de forma associada ao desenvolvimento da Área, buscando-se caracterizar indicadores de agregação de valor para ambos, empresa e profissional.Após um ano da implementação dos instrumentos de gestão, foi verificada a necessidade de revisão, criando-se a partir daí um eixo de carreira especifico para a equipe responsável pela performance e segurança do ambiente operacional de Sistemas e pela internacionalização na empresa de modernização nos equipamentos e interfaces.Do trabalho realizado em Sistema surgiram necessidades em outras áreas da empresa, havendo entretanto, uma concentração nas posições gerenciais e deixando-se para um segundo momento os chamados administrativos e operacionais.

(Os estudos de caso 1 e 2 foram extraídos de: DUTRA, Joel Souza. [Org], CALDAS, Miguel P., MOTTA, Fernando C. Prestes, Cultura Organizacional e Cultura Brasileira, São Paulo. Ed.Atlas, 1997.)

ANÁLISES DOS CASOS

Podemos notar que os dois casos têm preocupação com grupos específicos na empresa, as funções desses grupos são imprescindíveis para os resultados operacionais, é importante ressaltar que as empresas brasileiras se preocupam em aperfeiçoar o sistema de carreira quando aparecem pressões externas e internas, e não como proposta mais abrangente para repensar as políticas e os sistemas de gestão, as empresas apenas se empenham quando não tem mais capacidade de prosseguir na sua rotina.

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Nos dois casos há uma pressão das pessoas sobre a organização. A empresa acolhe a idéia se houver uma metodologia interativa para fixação dos parâmetros de carreira e desenvolvimento.Como já foi assentada a pessoa tem que ter sua individualidade e ser empreendedor, pois ela que deve abrir seu próprio caminho, e não esperar que a empresa faça isso por ela. Nos dois casos as empresas não se envolvem muito com os projetos profissionais de seus colaboradores.Por essa razão mais uma vez, podemos concluir que a pessoa para obter igualdade de condições tem que ter clareza em seus objetivos profissionais, Nas empresas estudada nota-se que as pessoas tem um baixo grau de consciência da carreira profissional, mesmo sendo pessoas bem formadas e informadas, como é o caso dos jornalistas e profissionais de sistema de uma grande multinacional. Nesses casos surge a ameaça das empresas interferirem nas questões profissionais de seus funcionários.

Temos que refletir sobre os dois casos e repensarmos na nossa carreira profissional com mais responsabilidade:

1.) Os casos retratam situações que acontecem nas empresas brasileiras de forma generalizada. Nesse estudo tratamos de empresas vanguardista em seus segmentos. O importante é ressaltar,, que as pessoas estão limitadas em sua criatividade dependendo das ordens da empresa, e não podemos esquecer que vivemos hoje em um mundo de competitividade e não é nada lucrativo sustentar restrições entre pessoas e empresas e vice-versa.

2.) O papel da empresa é muito importante em despertar nas pessoas as suas potencialidade, então a empresa que souber fazer uso dessa ferramenta poderá obter vantagens num processo de crescimento para os seus colaboradores e a empresa.

3.) Pode ser que os limites foram impostos pelos padrões culturais que estão inseridos na nossa sociedade. Como já vimos são pouco as pessoas que sabem estruturar desde cedo sobre seus planos de carreira, a maioria não possuem estímulo algum, preferindo se apropriar das oportunidades que surgem.Se pegarmos o exemplo do que aconteceu nos EUA e na Europa, as pessoas só vão tomar consciência de seus talentos profissionais em um ambiente de grandes restrições e alto nível de concorrência.

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TÓPICOS PARA DISCUSSÃO DA CIDADANIA NO BRASIL

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes

brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se

a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."

Paulo Freire

A palavra CIDADANIA é derivada de cidadão, que vem do latim Civita. Podemos defini-la como um conjunto de direitos e liberdades políticas sociais e econômicas, já estabelecidos ou não pela legislação.Os seres humanos nascem dignos, segundo as declarações internacionais, mas em toda parte se encontram marginalizados. Cresce o número de tratados e o de direitos por eles reconhecidos, mas também o de "excluídos".Apesar da contradição, da oposição com direitos mais tradicionais e das dúvidas sobre sua viabilidade, os chamados direitos sociais e econômicos nunca tiveram tão grande aceitação no mundo

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Cidadania: expressão em moda, e usada por todas as correntes de pensamento, deve ser conceituada levando em consideração o contexto social do qual se está falando, e com isto, a mesma adquire características próprias, que se diferenciam conforme o tempo, o lugar, e sobretudo as condições sócio-econômicas existentes.Cidadania é a participação. A participação como indivíduo ou como um grupo organizado nas mais variadas áreas de atuação na sociedade, na esfera pública. Então cidadania é sinônimo de participação, ou seja, de não omissão, indiferença etc., em relação ao exercício do poder.

Os direitos fundamentais do homem estabelecem faculdades da pessoa humana que permitem sua breve classificação do seguinte modo:

- os direitos de liberdade, como por exemplo, a liberdade de consciência, de propriedade, de manifestação do pensamento, de associação, etc;

- os direitos de participação política, tais como a igualdade de sufrágio, o direito de voto e de elegibilidade, o direito de petição, entre outros, tais como os direitos de iniciativa popular, iniciativa de leis que cabe aos cidadãos;

- os direitos sociais, que abrangem os direitos de natureza econômica, como por exemplo, o direito ao trabalho, de assistência à saúde, à educação, etc;

- os direitos chamados de quarta geração, por exemplo, o direito ao meio ambiente preservado e à qualidade de vida.

- a cidadania, no Estado democrático de direito, efetivada, oferece aos cidadãos, como iguais condições, o gozo atual de direitos, todos assistidos das garantias que permitem a sua eficácia, e a obrigação do cumprimento de deveres, que, em síntese, podem ser assim apresentados:

- todo o cidadão tem sua existência acompanhada do exercício de direitos fundamentais e do direito de participação, isto é, de ser consultado para as tomadas de decisão nos assuntos que dizem respeito à direção da sociedade em que vive;

- o exercício de todos os direitos fundamentais inerentes ao Estado democrático e do direito de participação é associado aos deveres de contribuir para o progresso social e de acatar e respeitar o resultado final obtido em cada consulta coletiva

- artigos 22 e 28 da Declaração Universal dos Direitos do Homem apresentam como direitos sociais: o direito à segurança social e à satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à dignidade da pessoa humana e ao livre desenvolvimento de sua personalidade; direito ao trabalho e à escolha do mesmo, o direito a satisfatórias condições de trabalho e de proteção ao desemprego, o direito a um salário digno que seja capaz de suprir as necessidades essenciais do trabalhador e as de sua família, o direito à liberdade sindical, o direito a uma jornada de trabalho justa; o direito a férias, descanso remunerado e

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lazer, previdência e seguridade social; direito à cultura e educação, além de instrução técnica e profissional; direito à efetivação plena dos direitos fundamentais.

 TEXTOS PARA REFLEXÃO:

"A IMPORTÂNCIA DA AUTONOMIA" *

HOLGONSI SOARES

Prof. Ass. Depto. De Sociologia e Política - UFSM 

* Publicado no jornal "A Razão" em 25.06.98

"Se quisermos ser livres, ninguém deve poder dizer-nos o que devemos pensar"

(Castoriadis).

O grande sociólogo Anthony Giddens, ao trabalhar as principais questões do debate ideológico contemporâneo, coloca-nos como central o conceito de "sociedade pós-tradicional", ou seja, aquela na qual o homem é obrigado a abdicar da rigidez das idéias, atitudes e tipos de comportamentos fundamentados no sistema de valores tradicionais. Esta é a sociedade na qual estamos vivendo, e cujas características são mais evidentes de acordo com a intensificação do processo de globalização. Como é da natureza da História, cada contexto histórico concreto coloca suas condições de sobrevivência. Há vinte anos atrás, quando a hierarquia estava em alta exigia-se obediência cega, humildade e concordância. Hoje porém, na sociedade pós-tradicional, exige-se o oposto, e a autonomia é condição básica para conviver com os riscos, as incertezas e os conflitos dessa sociedade.Inicialmente foi no mundo da produção, quando a racionalidade tecnológica colocou como pré-requisitos o domínio do conhecimento, a capacidade de decidir, de processar e

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selecionar informações, a criatividade e a iniciativa. Somente um indivíduo autônomo consegue manejar com estes elementos, que diferenciam radicalmente a fábrica pós-fordista da fordista. Porém ao mesmo tempo em que estes pré-requisitos pressupõem indivíduos autônomos, acabam influenciando no desenvolvimento da autonomia dos mesmos. Dessa forma, a autonomia tornou-se uma necessidade material;mas não está mais restrita apenas à esfera da produção, e envolve agora todos os domínios da vida contemporânea.Assim, é também uma necessidade emocional, uma vez que os indivíduos precisam desenvolver uma efetiva comunicação entre si, numa sociedade em que o diálogo molda a política e as atividades. A falta de autonomia no âmbito psicológico, obstaculiza as discussões abertas, gera violência e impede a manifestação plural; como diz a cientista social A'gnes Heller, "é uma afronta a autonomia do Outro". Portanto a autonomia psicológica é necessária para se entrar em efetiva comunicação com o Outro, num diálogo que ocupa um espaço público no qual "todas as facções discutem entre si numa relação simetricamente recíproca"(Heller), livres do uso da coerção e da retórica.É uma necessidade sócio-cultural, uma vez que a nova sociedade traz, em suas contradições produtivas um amplo movimento cultural de superação de velhas concepções de mundo, exigindo uma nova direção das relações sociais e a elaboração de um novo comportamento chamado "reflexivo". Sob este aspecto, a autonomia torna-se necessidade política pois somente um indivíduo autônomo possui condições de entender as contradições do mundo globalizado, questionando-as e agindo no sentido de canalizar as oportunidades para mudanças qualitativas.Por tudo isso a autonomia tornou-se condição de sobrevivência para os indivíduos na sociedade pós-tradicional. Somente um indivíduo autônomo terá sucesso nas esferas econômica, psicológica, sócio-cultural e política, pois é um indivíduo que interroga, reflete e delibera com liberdade e responsabilidade, ou como diz Castoriadis, "é capaz de uma atividade refletida própria",e não de uma atividade que foi pensada por outro sem a sua participação. Espero que todos os envolvidos com o processo educativo (formal e informal) reconheçam a importância da mesma, e estejam trabalhando para favorecer a autonomia individual e conseqüentemente coletiva, pois é assim que nos tornaremos "conscientes e autores de nosso próprio evolver histórico" (Castoriadis).

GLOBALIZAÇÃO - sobre o mundo do trabalho “*”.

HOLGONSI SOARES

Prof.Ass.Depto de Sociologia e Política-UFSM

* Artigo publicado no jornal "A Razão" em 09.05.97

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"No lugar do trabalho organizado, altos níveis de desemprego estrutural; rápida destruição e reconstrução de habilidades; ganhos modestos, quando

há, de salários reais; e o retrocesso do poder sindical".

(D.Harvey)

Considerando-se o caminho histórico temporal do processo de globalização (que começou há cem anos atrás), estamos vivendo atualmente os impactos da quinta fase deste processo denonimada por R.Robertson, de "fase da incerteza". Nesta, as sociedades (sejam centrais,periféricas ou semiperiféricas) enfrentam-se cada vez mais com novas fontes de pressão, problemas de multinacionalidade e de politecnicidade, e questões sociais que atingem uma dimensão também global. O chamado "capitalismo tardio/multinacional", reorganiza as bases do mundo do trabalho para manter a obtenção máxima de saldos, pois como diz I.Wallerstein, "o acúmulo de capital requer uma evolução contínua na organização da produção".Assim, temos hoje um processo de produção no qual: a padronização cede lugar a uma grande variedade de produtos (a atração está no diferente); o controle de qualidade está presente em cada ritmo e seqüência do processo, pois com a ampliação da concorrência ganha quem conquista o ISO (certificado de qualidade) ; e, os grandes estoques deixam de existir (a cada dia a mídia gera novas necessidades de consumo). No mundo do trabalho, o multiprofissional ocupa o lugar daquele que domina apenas uma tarefa; o treinamento é supervalorizado; a criatividade do trabalhador é incentivada, e a liderança participativa rompe com o comando autoritário.Para que esta reorganização seja possível, a estrutura do mercado de trabalho está se adaptando ao novo paradigma produtivo e tecnológico, cujas palavras de ordem são: produtividade, competitividade e lucratividade. Porém esta adaptação está sendo feita com um custo social bastante elevado e conseqüências imprevisíveis para as próximas décadas. A ruptura do compromisso keynesiano, traz consigo um mercado no qual o emprego regular (ou de "tempo integral"),com segurança, salários reais, vantagens sociais, começa a se tornar escasso para a maioria; em seu lugar surge o emprego temporário, parcial, casual, e outras modalidades que representam na verdade, o chamado "desemprego disfarçado", cujas condições de trabalho estão muito abaixo dos padrões aceitáveis, e reeditam o pré-fordismo principalmente nos países subdesenvolvidos. Somando-se a este, o "desemprego estrutural"(ou "tecnológico") está afastando um grande número de pessoas do mercado de trabalho; torna-se global, e tende a crescer na mesma proporção dos requisitos tecnológicos.A reorganização do mundo do trabalho na economia globalizada, portanto, é paradoxal; gerando uma incerteza em todos os aspectos do trabalho (mercado, emprego, renda e representação), constitui-se na realidade numa desorganização, que, parafraseando Gramsci, está refletindo também no modo de viver, de pensar e sentir a vida hoje. Se a segunda revolução industrial trouxe a conversão do trabalho em trabalho assalariado, a terceira está trazendo o fim deste, e convertendo progressivamente ciência e tecnologia em

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forças produtivas, o que representa grandes desafios para o processo formativo e educacional do homem.

Vítimas - Os desprotegidos do fim do século

Jornal "Folha de São Paulo" - 03/12/1998

Cerca de 250 milhões de crianças entre 5 e 14 anos trabalham hoje no mundo, 120 milhões das quais em período integral. Guerras concentradas na Ásia e na África expulsaram de suas casas ou de seus países 18 milhões de pessoas. Rituais de mutilação genital atingem 2 milhões de meninas por ano. Esses são alguns exemplos de desrespeito aos direitos humanos praticados hoje, 50 anos depois da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Refugiados, mulheres e crianças têm em comum o fato de serem o elo mais fraco das relações sociais. As mulheres representam 70% do 1,3 bilhão de pessoas que vivem em condição de pobreza hoje, com menos de US$ 1 por dia. A proteção dos direitos da criança teve avanços significativos do ponto de vista jurídico, mas os relatos sobre trabalho infantil, assassinatos e violência contra crianças continuam freqüentes, principalmente nos países mais pobres ou em desenvolvimento. A miséria está na origem dessa violência. A ONU estima que 160 milhões de crianças -o equivalente à população brasileira- são mal nutridas e 110 milhões estão fora da escola. A multiplicação de guerras civis motivadas por razões étnicas ou religiosas fez com que explodisse o número de refugiados. A solução desse problema é um dos principais desafios do século 21.

Dora Shimidt, historiadora e professora universitária

“As pessoas que formam a população de uma cidade recebem o nome de citadinos. mas

existe uma outra palavra, parecida com esta, que seve para designar algo bem diferente - é a

palavra cidadão. O que é ser cidadão? esta palavra surgiu há mais de 200 anos, na França,

quando as pessoas passaram a fazer e ter leis que garantissem os seus direitos. Antes eles

eram apenas súditos, isto é, tinham que fazer tudo o que os governantes da época, os reis,

mandavam.·Aqui no Brasil, a população brasileira passou a ter suas leis somente depois

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que o Brasil se separou de Portugal, isto é, após 1822. Daí para frente, os brasileiros

puderam eleger seus representantes e, atualmente, são eleitos desde o presidente da

república até os vereadores. Assim nós podemos dizer que os moradores da cidade são

cidadãos, porque eles elegem pessoas que fazem as leis que irão garantir seus direitos e

seus deveres de forma que as suas necessidades possam ser atendidas.·Hoje em dia,

principalmente nas grandes cidades”. brasileiras, as necessidades das pessoas - as chamadas

necessidades urbanas - são muitas: necessidade de moradia, transporte, emprego,

segurança, serviços de água, luz, esgoto, telefone, necessidade de atendimento à saúde e aos

idosos, alimentos, vestuário, lazer. Em muitas cidades brasileiras a maioria das pessoas

ainda não tem as suas necessidades plenamente atendidas e ainda precisam se organizar e

lutar para serem cidadãos.

SHIMIDT,Maria Auxiliadora Moreira dos Santos.

 Historiar, fazendo, contando e narrando a história. (vol. 3). São Paulo 

Editora Scipione, 2001, p.132

Nicolina Luiza de Petta, Historiadora

A idéia de cidadania está ligada à cidade. Cidadão significa tanto o habitante de uma cidade

como a pessoa que tem direitos civis e políticos, ou seja, aquela que é protegida e está

submetida à lei, e que tem o direito de participar da vida política.

A noção de cidadania surgiu na Antiguidade (aproximadamente há dois mil anos), quando a

cidade era símbolo da unidade comunitária. Cada chefe de família de uma comunidade era

dono de terras e tinha o dever de participar da vida pública e política de sua cidade. Em

outras palavras, ele tinha o dever - e o privilégio - de ser cidadão.

Portanto a palavra cidadania é derivada de cidade. É no espaço público que os que têm

direito à participação política se encontram, na Antiguidade e hoje também, para defender

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seus interesses e os interesses da comunidade.

É por isso que, quando um grupo de cidadãos se reúne, pacificamente, em um espaço

público, para se manifestar acerca dos problemas nacionais, (...) participar de um comício

ou de uma assembléia, comemorar a vitória do seu time ou participar de uma festa popular,

não pode haver repressão.

Trecho extraído do livro: PETTA, Nicolina Luiza de. 

A fábrica e a cidade até 1930.São Paulo: Atual, 1995, p, 12-13.

Betinho

"O cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa

ativamente de todas as questões da sociedade. Todo o que acontece no mundo, seja no meu

país, na minha cidade ou no meu bairro, acontece comigo. Então eu preciso participar das

decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético forte e

consciência da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação."

Ética e Cidadania – Carla Rodrigues e Hebert de Souza (Betinho) – Editora

Moderna.

BIBLIOGRAFIA

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