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Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas ...datasebrae.com.br/documentos2/Ws567dR/Estratégias Nacionais de... · ampliado com o propósito de provocar transformações

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Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae

Documento de Referência –

Atuação do Sistema Sebrae em Cadeia

de Valor - Unidades

de Atendimento

Setorial

Brasília – DF

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2017 © Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE

Todos os direitos reservados

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação aos direitos autorais

(Lei n° 9.610).

INFORMAÇÕES E CONTATOS

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE

Unidade de Gestão Estratégica

SGAS 605 – Conjunto A – Asa Sul – Brasília/DF – CEP 70200-645

Tel.: 55 61 3348-7180

www.Sebrae.com.br

Conselho Deliberativo Nacional

Presidente

Robson Braga de Andrade

Diretoria Executiva

Diretor-Presidente

Guilherme Afif Domingos

Diretora-Técnica

Heloísa Regina Guimarães de Menezes

Diretor de Administração e Finanças

Vinícius Lages

Unidade de Atendimento Setorial Agronegócios

Gerente - Augusto Togni de Almeida Abreu Adjunto - Gustavo Reis Melo

Unidade de Atendimento Setorial Comércio e Serviços

Gerente - André Silva Espínola Adjunta - Ana Clevia Guerreiro Lima

Unidade de Atendimento Setorial Indústria

Gerente - Kelly Cristina Valadares de Pinho Sanches Adjunto - Analuiza de Andrade Lopes

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Estratégias Nacionais

Alimentos e Bebidas – Newman Maria da Costa Artesanato – Maíra Fontenele Santana Bioeconomia – Victor Rodrigues Ferreira Casa e Construção – Arthur Guimarães Carneiro Economia Criativa – Lara Chicuta franco Economia Digital – Márcio Marques Brito Energia – Eliane Lobato Peixoto Borges Higiene e Cosméticos – Wilsa Sette Morais Figueiredo Moda – Juliana Ferreira Borges Negócios de Alto Impacto – Hugo Lumazzini Paiva Saúde e Bem Estar – Léa Maria Lagares Transporte, Logística e Mobilidade – Alberto Ribeiro Vallim Turismo – Graziele Júnia Pereira Vilela

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SUMÁRIO Objetivo .......................................................................................................................................6

Conceitos importantes para a compreensão do texto .........................................................7

O contexto global e o papel do Sebrae ..................................................................................9

Cadeias de valor e transformação de alto impacto ............................................................ 11

A atuação das Unidades de Atendimento Setorial ............................................................. 17

Critérios de seleção dos Macrossegmentos ......................................................................... 19

Formas de abordagem ............................................................................................................ 20

Como atuar em cadeia de valor ............................................................................................ 20

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Objetivo

Este documento tem por objetivo apresentar aos Sebrae/UF a estratégia nacional no que diz respeito

ao planejamento das Unidades de Atendimento Setorial do Sebrae para o PPA 2018/2019.

São abordados no presente documento tendências e oportunidades para os pequenos negócios,

conceitos e abordagens por meio de cadeias de valor e a modelagem da estratégia para a construção

do planejamento plurianual dos próximos dois anos.

A atual conjuntura requer soluções integradas e respostas rápidas, inovadoras e disruptivas, sendo

assim, a estratégia para os setores objeto de atuação do Sebrae foi dimensionada para um olhar

ampliado com o propósito de provocar transformações mais velozes, romper fronteiras, atingir

resultados mais expressivos e proporcionar a entrega de valor ao cliente.

Este documento não tem a finalidade de esgotar todas as possibilidades, mas é um esforço conjunto

em prol de um objetivo comum para delinear as estratégias nacionais e embasar a atuação de cada

SEBRAE/UF para promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos

negócios, bem como estimular o empreendedorismo.

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Conceitos importantes para a compreensão do texto

Cadeia produtiva: envolve o conjunto de agentes econômicos ligados à produção, distribuição e

consumo de determinado bem ou serviço, e as relações que se estabelecem entre eles. Sequência de

encadeamentos que envolvem as transformações de matéria-prima e insumos, com finalidade

econômica, que inclui desde a exploração dessa matéria-prima, em seu meio ambiente natural, até o

seu retorno à natureza, passando pelos circuitos produtivos, de consumo, de recuperação, tratamento

e eliminação de efluentes e resíduos sólidos. Compreende, portanto, os setores de fornecimento de

serviços e insumos, máquinas e equipamentos, bem como os setores de produção, processamento,

armazenamento, distribuição e comercialização (atacado e varejo), serviços de apoio (assistência

técnica, crédito, etc.), além de todo o aparato tecnológico e institucional legal, normativo e

regulatório - até os consumidores finais de produtos e subprodutos da cadeia”.

Cadeia de valor: Conjunto interligado de todas as atividades que criam valor, desde uma fonte

básica de matérias-primas ou insumos, fornecedores de componentes ou serviços, produção

(fabricação ou serviços), distribuição e varejo, consumo, atividades de pós-vendas, como assistência

técnica e manutenção, até a coleta, eventual reciclagem e a destinação final de materiais.

Cadeia de suprimentos: Conjunto de todas as atividades relativas ao fluxo físico e ao processo de

transformação de produtos, desde o estágio original da matéria-prima (natureza) até o usuário final

(consumidor), assim como o fluxo das informações relativas. Embora este conceito tenha alguma

semelhança com o de cadeia de valor, na cadeia de suprimentos não existe uma preocupação em

diferenciar a atividade-meio e a atividade-fim, pois o que se enfatiza é o processo logístico.

Valor Compartilhado: análise da gestão, englobando várias disciplinas da administração no

processo, surgindo a criação de um modelo de gestão onde, seguindo os níveis de análise propostos,

podem ser aplicadas algumas dimensões da sustentabilidade a competição, incluindo assim, pelo

menos parcialmente, o desenvolvimento sustentável dentro do capitalismo.

Arranjo Produtivo Local: Conjunto de atores econômicos, políticos e sócias, localizados em um

mesmo território, desenvolvendo atividades econômicas correlatas e que apresentam vínculos de

produção, interação, cooperação e aprendizagem.

Núcleo Setorial: Conjunto de empresas, geralmente do mesmo segmento, em determinado

município, que se reúne periodicamente e realiza ações coletivas com o intuito de criar vantagens

competitivas para as empresas participantes. É orientado por um consultor grupal, ligado a uma

entidade empresarial local, que conduz as reuniões do núcleo setorial e apoia o desenvolvimento

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das ações definidas e realizadas pelos empresários. (Fonte: MANUAL EMPREENDER, Projeto

Empreender passo a passo)

Redes: Constituem uma forma organizacional passível de ser identificada em diversos tipos de

aglomerações produtivas e inovativas, seu enforque revela fundamentalmente, a forma de interação

entre os diversos agentes. (Fonte: Termo de Referência para Atuação do Sistema Sebrae em

Arranjos Produtivos Locais)

Encadeamento Produtivo: Relacionamento cooperativos, de longo prazo e mutuamente atraentes,

que se estabelecem entre grandes companhias e pequenas empresas de sua cadeia de valor com a

finalidade de adequar essas últimas aos requisitos das grandes e facilitar a realização de negócios

entre elas, melhorando a competitividade das pequenas, das grandes companhias e da cadeia de

valor como um todo.

Grupo de empresas: Conjunto de empresas que, embora tendo personalidade jurídica distinta,

estão ligadas por um objetivo comum.

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O contexto global e o papel do Sebrae

Vivemos uma era de transformações rápidas e impactantes na rotina de todos, seja por meio das

inovações tecnológicas ou mesmo por uma nova postura da sociedade que dispõe de amplos canais

de acesso a informação e conhecimento e passa a assumir um papel mais exigente quanto ao que

deseja.

A economia mundial sempre foi marcada por revoluções globais: as revoluções industriais, a

urbanização, o consumo crescente e desenfreado, as mudanças de ciclos de vida dos produtos, a

escassez de recursos naturais e a necessidade de produção mais eficiente, o aumento da

participação feminina no mercado de trabalho, o avanço das taxas de empreendedorismo, o

surgimento das novas tecnologias, a globalização, a internet das coisas, dentre uma série de

outros fatores.

Vivenciam-se novos desafios para o século XXI, com as mudanças profundas na organização e nas

tecnologias de produção, com o avanço da relevância das cadeias globais de valor. Essas

tendências acabam por implicar em um novo posicionamento no mundo empresarial e isso não é

diferente para os pequenos negócios. Temas como a indústria 4.0, a agricultura digital, os serviços

com valor agregado e o comércio evoluindo com suas inúmeras formas de atingir os consumidores

passam a fazer parte das prioridades dos pequenos negócios urbanos e rurais.

Nesse contexto, o papel do Sebrae se faz necessário para proporcionar aos pequenos negócios

melhores condições de competitividade por intermédio de uma abordagem sistêmica e integrada,

abrangendo, portanto, uma visão por cadeia de valor.

A importância do adensamento dos elos da cadeia de valor reside, sobretudo, na geração de

oportunidades para uma atuação pautada nos três níveis de competitividade: empresarial, estrutural

e sistêmica.

A evolução tecnológica, as exigências dos mercados, as necessidades dos clientes devem influenciar

as escolhas de modo a permitir a identificação dos fatores e das condicionantes da competitividade

de cada elo priorizado da cadeia. Torna-se essencial, portanto, que essa dinâmica de atuação tenha

como pano de fundo a análise de cenários, de tendências e de oportunidades e implica na

priorização para tomada de decisão por parte do Sebrae.

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O olhar ampliado e a atuação convergente sobre todas as iniciativas do Sistema Sebrae passam a ser

determinantes. A conscientização desse quadro e, consequentemente, a necessidade de avanços

impõem ao Sebrae grandes desafios, fazendo com que este exerça um papel de formulador de

estratégias diferenciadas, voltadas a contribuir para a elevação dos níveis de competitividade dos

pequenos negócios.

Ao optar por atuar nessa perspectiva o Sebrae caminha no sentido de ampliar sua capacidade de

articulação, mobilização e de promoção do desenvolvimento das redes empresariais, sociais,

técnicas e institucionais.

Trata-se da prática de um olhar mais integrado sobre a ambiência dos pequenos negócios, que vai

além do nível da empresa, alcançando o âmbito das políticas públicas, do desenvolvimento de

lideranças e de novas articulações que beneficiem um universo mais amplo de clientes, face ao

reconhecimento da relevância que esse conjunto exerce.

Sob a ótica dos segmentos econômicos (Agronegócios, Indústria, Comércio e Serviços), a figura a

seguir ilustra as possibilidades de atuação das Unidades de Atendimento Setorial do Sebrae frente a

promoção de algumas ações que se desenvolvem a partir do olhar sobre a competitividade dos

pequenos negócios em seus três níveis:

• Empresarial – fatores de domínio da empresa como produtividade, qualidade, inovação e

marketing. O público do segmento pretendido possui características diagnosticadas que os qualifica

para – em recebendo um tratamento diferenciado – superar barreiras que impedem de crescer de

forma sustentável.

• Estrutural – fatores relacionados à situação competitiva do segmento de atuação em relação ao

setor, região e cadeia produtiva.

• Sistêmica – corresponde ao que ocorre tanto no ambiente interno do país quanto no cenário

internacional, produzindo impactos no dia-a-dia das organizações, como por exemplo:

internacionalização, tributário; político/institucionais.

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Figura 1 - Níveis de Competitividade

Fonte: SEBRAE.

Cadeias de valor e transformação de alto impacto

O Sebrae ao intensificar estratégias setoriais com base na análise da cadeia de valor se alinha aos

mecanismos mais efetivos de incremento da competitividade empresarial, conforme ampla literatura

sobre o tema, práticas na iniciativa privada, experiências próprias no âmbito de projetos de

encadeamento produtivo e projetos de atendimento setorial.

O Sebrae reconhece como relevante para a composição de uma cadeia de valor quatro dimensões1:

econômica, ambiental, social e institucional, as quais deverão ser analisadas de forma

interconectada. Ignorar qualquer uma delas durante a seleção poderá afetar a próxima fase da

análise e desenvolvimento da cadeia de valor.

Experiências práticas apontam que a competitividade empresarial não se reduz apenas à atuação da

empresa individualmente, mas é o resultado da eficiência da cadeia de valor ou aglomerado local no

qual se estrutura um determinado segmento produtivo. Em outras palavras, uma visão estratégica

1 Diretrizes para seleção da cadeia de valor – Critérios de integração econômica, ambiental, social e institucional – GIZ – Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit.

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envolve o fato de que uma interação direcionada à melhoria comum de uma cadeia pode beneficiar

empresas de pequeno porte, microempresas, microempreendedores individuais, produtores rurais e

grandes empresas, aspecto fundamental para a sustentabilidade de todos os envolvidos no ciclo

produtivo. Dessa forma, todas as empresas que fazem parte de uma cadeia de valor precisam ser

competitivas. A produtividade média é que vai definir a competitividade da cadeia de valor ante a

concorrência internacional.

O objetivo é fazer com que pequenas empresas possam aproveitar a oportunidade oferecida pela

demanda dos mercados em relação ao fornecimento de produtos e serviços, bem como na

distribuição, assistência técnica oferecidos por todos os atores envolvidos.

Vale destacar a relevância da geração de valor compartilhado, pois o seu conceito redefine as

fronteiras do capitalismo e propicia uma relação ganha-ganha. Ao rever o próprio conceito de

sucesso e conectá-lo com o progresso da sociedade, abrem-se muitas maneiras de atender a novas

necessidades, ganhar eficiência, criar diferenciação e expandir mercados.

Uma empresa pode criar valor econômico com a criação de valor social. Há três saídas distintas

para tal: reconceber produtos e mercados, redefinir a produtividade na cadeia de valor e montar

clusters setoriais de apoio nas localidades da empresa. Cada uma delas é parte do círculo virtuoso

do valor compartilhado.

Uma forma de se reestruturar a cadeia de valor para ganhar competitividade é aprimorar a interação

entre os seus diversos estágios, adaptando as ligações entre os elos – internos e externos. A empresa

é vista no contexto da cadeia de atividades geradoras de valor da qual ela é apenas uma parte.

A cadeia de valor de uma empresa está voltada para agregar valor aos produtos físicos ou serviços.

Já a cadeia de suprimentos da empresa constitui os processos orientados para a produção, vendas e

distribuição destes produtos físicos e serviços, que permitem a interação entre fornecedores e

clientes com instalações dispersas geograficamente, desde a fonte inicial de matéria-prima até o

ponto de consumo de produto acabado.

A cadeia de valor extrapola os limites de uma empresa focal em dois sentidos, segmentando a

Cadeia de Suprimentos em:

a) Cadeia de Suprimentos a montante: no sentido de seus fornecedores – relacionamentos

com fornecedores de 1ª camada, fornecedores dos fornecedores (fornecedores de 2ª

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camada), e assim por diante, até a origem dos recursos;

b) Cadeia de Suprimentos a jusante: no sentido de seus clientes – relacionamentos com

clientes com os quais se liga de forma direta (simbolizados pelos distribuidores), clientes dos

clientes (varejistas), consumidores, e assim por diante até a coleta, eventual reciclagem de

materiais, e destinação final.

Uma das estratégias de adensamento de atuação em cadeia de valor que o Sebrae vem se utilizando

é o Programa Nacional de Encadeamento Produtivo. O Sebrae vem liderando a iniciativa de

promover a inserção competitiva e sustentável de micro e pequenas empresas na cadeia de valor de

grandes companhias desde a década de 90.

Figura 2 - (1) Cadeia de suprimentos a montante. (2) Cadeia de suprimentos a jusante.

Fonte: Sebrae.

As cadeias de valor tradicionais, com o consumidor posicionado na extremidade a jusante da cadeia,

são construídas sobre relacionamentos entre empresas e projetados em torno do processo de negócio

interno, geralmente suportados por sistemas de informação e armazenamento de dados agrupados

que seguem essas estruturas.

Um dos exercícios importantes de trabalhos de análise de cadeia de valor é buscar posicionar os

pequenos negócios nos mercados em que detêm vantagens competitivas derivadas da flexibilidade,

capacidade de reação, inovação e atendimento customizado, entre outros fatores, além da inserção

GRANDE

EMPRESA

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na cadeia de valor tendo o cliente como o elemento central, oferecendo-lhe uma multiplicidade de

canais e interfaces em todos os processos de agregação de valor: vendas e inovação, fabricação e

distribuição, conforme representação gráfica abaixo.

Figura 3 – Olhar da Cadeia de Valor a partir do Consumidor

Fonte: Rethinking Value Chain – Capgemini and The Consumer Goods Forum.

A análise deve considerar a dinâmica mercadológica, observar a importância da segmentação dos

mercados, requisitos e especificidades, fatores obrigatórios para formulação da estratégia de atuação

nesta complexa cadeia.

O processo de planejamento deve ser orientado para o mercado, que sofre influência do cenário

mundial, nacional e local. O conceito de mercado aqui mencionado pode ser subdividido:

Consumidor (PF): o mercado de varejo, que reflete o consumo das famílias. Os requisitos desse

mercado podem ser compreendidos por meio de análises estruturadas em busca do perfil e

comportamento do consumidor, fazendo uso de pesquisas de mercado como uma das ferramentas

para o levantamento de informações estratégicas que oriente o posicionamento dos atores desse

mercado.

Corporativo (PJ): no mercado corporativo o Sistema SEBRAE tem uma estratégia específica, o

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Encadeamento Produtivo. Nesse programa a média ou grande empresa e o SEBRAE definem o

modelo de parceria. O próximo passo é fazer um mapeamento das demandas de bens e serviços e

dos requisitos exigidos pelas médias ou grandes empresas. Em seguida, as pequenas empresas são

diagnosticadas, o gap de competitividade é identificado, e recebem um plano de ação com as

oportunidades de melhoria do seu negócio. Cursos e consultorias são realizados para que as

pequenas empresas melhorem o seu desempenho e um novo diagnóstico é realizado.

Governo: o relacionamento com as três instâncias de governo (Federal, Estadual e Municipal), tem

com o elemento comum a Lei das Licitações, que determina que para a habilitação em licitações, as

empresas devem apresentar comprovantes de regularidade fiscal, de qualificação técnica e

econômico-financeira, além de outros documentos e orientações descritos em edital. Nesse sentido,

tem-se buscado a implantação de fatores que levam em conta o uso do poder de compra do estado,

conjugado com as normas citadas, de forma a conferir maior efeiciência às compras públicas, como

preconiza a Lei Geral da MPE, dentre outras legislações.

Nesse sentido, independente do mercado em que os pequenos negócios se relacionem, a preparação

é fundamental, conhecendo as tendências do setor, concorrência, e adoção de estratégias focadas

para o alcance dos resultados.

Conhecer o perfil de comportamento é fundamental para formatar estratégias empresariais, definir o

posicionamento e atuar em nichos de mercado.

Quanto melhor o mapeamento dos requisitos e relacionamento com os mercados, melhores serão as

possibilidades de inserção dos pequenos negócios nas oportunidades que existem na cadeia.

Sob outra ótica, a visão da Cadeia de Valor também pode se dar por intermédio de um produto ou

serviço específico, propiciando uma atuação mais ampliada e uma revisão das oportunidades de

negócio.

A proposta de valor2 é o elemento que olha para fora, com o olhar dos clientes, ou seja, sob a égide

da demanda. Define a proposta de valor como a resposta a três questões fundamentais:

- que clientes vai servir?

- que necessidades vai satisfazer?

2 Referência à Michael Porter – O essencial Sobre Estratégia, Concorrência e Competitividade - 2012

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- que preço relativo irá proporcionar um valor aceitável para os clientes e uma rentabilidade

aceitável para a empresa?

Ainda é possível adotar um conceito muito utilizado pelas startups, que diz respeito ao problema

que será resolvido e ofertado a partir da identificação deste e das prioridades do público alvo. Nessa

linha, os problemas de um grupo de pessoas ou empresas se transforma no nicho de negócios.

A essência da estratégia é definir um posicionamento único e uma cadeia de valor distintiva que

contemple essa escolha. O valor compartilhado abre muitas necessidades novas a satisfazer, novos

produtos a oferecer, novos clientes a servir e novas maneiras de configurar a própria cadeia de

valor. E as vantagens competitivas que resultam da criação de valor compartilhado em geral serão

mais sustentáveis do que avanços convencionais em custo e qualidade.

As profundas transformações por que vem passando a economia, sejam as de natureza econômica,

tecnológica e social têm gerado necessidades de adaptações dinâmicas por parte das empresas

brasileiras, e em particular pelos pequenos negócios. Em decorrência, as empresas são obrigadas a

rever e a reformular suas estratégias de inserção e de atuação nos mercados, no âmbito de sua

organização interna e nas interações que permeiam a estrutura de relações das quais fazem parte.

O contexto de transformações conjunturais apresenta algumas cadeias mais relevantes e com amplas

oportunidades de crescimento, seja pelo seu conteúdo tecnológico, seja por conter empresas que

promovem alto impacto em outros elos/cadeias.

O atual ritmo de desenvolvimento tecnológico, por sua vez, não possui precedentes na história e

está exercendo mudanças profundas no modo de viver e trabalhar, além de estar impactando todas

as áreas do conhecimento e economias. E nesse aspecto, a qualificação e a preparação dos pequenos

negócios é igualmente relevante para a adoção de tecnologias digitais, que devem contribuir com o

aumento da produtividade em todos os setores.

Nessa direção, é importante levar em conta o perfil do atual empreendedor brasileiro, mais jovem,

inquieto, provocador, digital, conectado e empoderado pela informação e pelos ambientes de co-

criação e compartilhamento.

As tendências como a Indústria 4.0, a Agricultura Digital, Smart Cities, e-Commerce dentre outras

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retratam o modelo competitivo contemporâneo, que pressupõe uma operação conectada a uma rede

dinâmica de produção, interligada por sistemas inteligentes que integram e complementam as

atividades. Independente de como são denominadas tais mudanças, há quem afirme que as empresas

que não adotarem as tecnologias digitais terão muita dificuldade de se manter competitivas e,

consequentemente, no mercado.

À luz desse contexto impõe-se ao Sebrae para o próximo PPA o encaminhamento de ações de

fomento à inclusão dos pequenos negócios nessa nova temática, tais como: produção de conteúdos,

serviços tecnológicos, inovação, gestão e mercado.

A atuação das Unidades de Atendimento Setorial

Essa atuação passa necessariamente pelo atual Direcionamento Estratégico do Sistema SEBRAE,

que orienta a instituição para o atendimento ao cliente, a partir da sua missão de promover a

competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios e estimular o

empreendedorismo, o que está expresso no Mapa Estratégico, onde o atendimento, no sentido

amplo, é orientado pelos seguintes objetivos estratégicos: Ter excelência no atendimento com foco

no resultado para o cliente; Potencializar um ambiente favorável para o desenvolvimento dos

pequenos negócios; e Promover a educação e a cultura empreendedora.

A estratégia de atuação do Sebrae para pequenos negócios leva em consideração a escolha de

oportunidades relevantes para a economia, ou seja, aqueles que serão apoiados/estimulados pela

instituição para atingir patamares superiores de desempenho.

O debate sobre ganhos de competitividade passa pela agregação de valor intimamente relacionado à

seleção de determinados elos da cadeia produtiva não é novo, mas surge como um fator de

potencialização da atuação estratégica do Sebrae.

Some-se a isso o fato do surgimento de oportunidades na atuação do Sebrae e da importância deste

no seu reposicionamento frente às novas tecnologias digitais, que induzem à revolução do

atendimento da instituição e da respectiva entrega de valor.

Nesse contexto cresce a importância de estabelecer as bases para uma atuação sistêmica do

SEBRAE nas principais cadeias produtivas, por meio da atuação integrada setorial apoiada no

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conceito de cadeia de valor, geração de valor compartilhado e no papel dos pequenos negócios

frente aos desafios que lhe são impostos pelo mercado, nos diferentes elos em que estão inseridos.

É também importante o dimensionamento das principais cadeias de valor, posicionando elos

priorizados, promovendo a sua integração a partir de sua densidade empresarial, identificando atuais

e potenciais parcerias estratégicas, empresas âncoras, oportunidades, etc.

A formulação de estratégias com o “olhar” na cadeia de valor é aspecto diferenciado na gestão de

projetos no Sistema Sebrae, principalmente para compreensão de como os agentes interagem e

podem desenvolver relações de compartilhamento de valor e, portanto, de complementaridade.

Faz-se então oportuno afirmar que a atuação do Sebrae na ótica de cadeia reveste-se de um conjunto

de benefícios que se traduzem na prática da visão sistêmica, atuação focada nas prioridades da

cadeia produtiva objeto de atuação, adensamento dos elos por meio das relações entre os pequenos

negócios, fortalecimento dos pequenos negócios por meio das interrelações dos elos,

potencialização das parcerias com as instituições representativas para ampliação do atendimento a

toda a cadeia, foco no valor compartilhado, para aumentar a competitividade do pequenos negócios

da cadeia e integração entre as atuais Unidades do Sebrae.

Figura 4 – Integração das Unidades de Atendimento Setorial frente aos Macrossegmentos

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Critérios de seleção dos Macrossegmentos

Para os próximos dois anos, o Sebrae definiu sua atuação junto aos pequenos negócios focada em

macrossegmentos em cadeias produtivas e em áreas temáticas, conforme as figuras a seguir:

Figura 5 – Macrossegmentos em Cadeias de Valor

Figura 6 – Macrossegmentos Temáticos

A priorização dos macrossegmentos pelas Unidades de Atendimento Setorial levou em

consideração os seguintes critérios:

1. Cadeias que possuem elevada capacidade de alavancar outras cadeias

2. Cadeias com elevado potencial de crescimento

3. Cadeias com elevado número de pequenos negócios no país

4. Cadeias altamente geradoras de emprego e renda

5. Oportunidades derivadas de grandes empreendimentos

A partir desses macrossegmentos, cada Sebrae/UF definirá os microssegmentos com os quais vai

atuar, de acordo com o interesse e vocação regional e com vistas ao adensamento da cadeia.

A atuação integrada entre as Unidades de Atendimento Setorial gera, sobretudo, a prática da visão

sistêmica pela convergência de ações desenvolvidas em conjunto com foco nos elos priorizados de

determinada cadeia.

Surge, dessa forma, a oportunidade de aplicação conjunta da inteligência gerada pela atuação do

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Sebrae em determinados elos da cadeia, das boas práticas construídas, das articulações com

parcerias estratégicas, enfim, de todo um histórico construído.

Formas de abordagem

A partir desse contexto, as Unidades de Atendimento Setorial do Sebrae definiram suas estratégias

delineadas, sobretudo, pela ótica da cadeia de valor, pelo olhar sistêmico, direcionadas aos

pequenos negócios pertencentes a aglomerações produtivas, organizados em diversas formas de

abordagem e em seus diferentes graus de maturidade, como núcleos setoriais, grupos de empresas,

arranjos produtivos locais, redes, encadeamentos produtivos e outros, conforme representadas na

figura a seguir:

Figura 7 – Formas de Abordagem

Fonte: PPA 2017-2018.

A formulação de estratégias ao contemplar uma dessas formas de abordagem está diretamente

relacionada ao grau de maturidade das empresas, à densidade de relacionamento entre estas no

âmbito da cadeia produtiva e de valor em que se inserem.

Há que se ressaltar que essas formas não são excludentes entre si, já que podem ser aplicadas

conjuntamente numa mesma intervenção do Sebrae, a depender da necessidade e especificidades do

cliente.

Como atuar em cadeia de valor

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Para uma atuação sistêmica do SEBRAE nas principais cadeias de valor é necessário dotar as

equipes de visão sistêmica com foco em ações proativas para o desenvolvimento dos pequenos

negócios, integrando a atuação setorial ao conceito de cadeia de valor, geração de valor

compartilhado e o papel dos pequenos negócios.

A atuação do Sistema Sebrae deve ser orientada tendo em vista contribuir para melhoria do

desempenho dos pequenos negócios nas principais cadeias de valor, focando nos aspectos de

gestão, produtividade, adequação às exigências legais e ambientais; fatores determinantes para

ampliação e manutenção da competitividade. Tal proposta poderá ser implementada, especialmente,

por meio de projetos de atendimentos dos macrossegmentos e de encadeamento produtivo, bem

como com a ampliação de parcerias estratégicas com instituições que possuam competências

complementares às do Sebrae, contribuindo assim para melhoria do desempenho dos pequenos

negócios.

Partindo deste contexto, é nítida a necessidade de maior preparação, planejamento e conhecimento

setorial, dos aspectos conjunturais e estruturais das empresas, o dimensionamento espacial

(desenho) das principais cadeias de valor ou macrossegmentos, levantamento e análise da

densidade empresarial para segmentação de clientes estratégicos, nichos de mercado, além da

identificação e posicionamento de parcerias estratégicas, aspectos importantes que contribuem

tanto para formulação das estratégias dos macrossegmentos, como para o planejamento das ações e

projetos, tendo em vista a geração de resultados para todas as partes interessadas.

As ações a serem executadas a partir dessas diretrizes criam um ambiente propício à inovação e têm

impacto na competitividade e sustentabilidade das empresas envolvidas, representam um conjunto

de opções de atuação que constituem a estratégia a ser adotada pelos macrossegmentos.

Os pontos abaixo servem para balisar a construção das estratégias para uma atuação voltada a

Cadeia de Valor, podendo ser complementados conforme especificidade de cada cadeia.

• Analisar e avaliar a priorização do SEBRAE na escolha dos macrossegmentos;

• Avaliar o impacto do macrossegmento no seu estado, identificando as oportunidades de

atuação;

• Mapear a cadeia de valor, identificando os elos (microssegmentos) que serão trabalhados;

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• Compreender o cenário de atuação das empresas: panorama do setor, principais atores,

dinâmicas de produção, mercado e outros. Destacamos que a UGE do Nacional tem

instrumentalizado a UGE das UF com ferramentas como a pesquisa de densidade

empresarial e atratividade (crescimento) de algumas atividades econômicas;

• Analisar a cadeia do segmento, as potencialidades do estado e buscar o adensamento dos

elos;

• Conhecer o público alvo: entender quais são as principais características dos pequenos

negócios em cada modelo, posicionando-os frente aos diferentes modelos de negócio e

diferentes mercados;

• Analisar o potencial de atuação frente aos modelos de negócios das empresas em cada polo e

seus principais desafios no momento;

• Analisar as possibilidades de projetos de Encadeamento Produtivo;

• Identificar os gaps de competitividade, os requisitos de mercado e tecnológicos;

• Buscar integração entre os segmentos priorizados e seus projetos;

• Envolver o público alvo e parceiros na definição dos objetivos;

• Formar uma rede de parceiros externos buscando o fortalecimento da governança e apoio às

ações dos projetos;

• Aplicar, de preferência, o diagnóstico da FNQ – MPE Brasil, instrumento esse importante

para fazer análise de comparabilidade do grau de maturidade de gestão das empresas

brasileiras;

• Definir quais indicadores empresariais serão percorridos ao longo do projeto;

• Ter sempre em vista a ampliação do mercado das empresas participantes;

• Apoiar as empresas a encontrar seus nichos de mercado como estratégia para não

concorrência com as grandes empresas;

• Se possível, estruturar ações nos 3 eixos de competitividade: empresarial, estrutural e

sistêmico;

• Organizar a demanda das empresas com base nos diagnósticos e propor ações que não

fiquem restritas a ofertar os produtos e serviços do Sebrae;

• Articular com outras unidades do Sebrae para identificação de soluções, tais como UAM

(Comércio Brasil, Central de Oportunidades, Matriz de Competitividade, Trilha de Mercado

e outros), UAITS (SebraeTec, ALI) e UDPCE;

• Desenvolver ações de preparação para internacionalização, para aquelas empresas aptas a

isso;

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• Em ações de participação em feiras/missões qualificar as empresas para tal;

• Estimular novos canais de distribuição, tal como e-commerce;

• Estimular o fortalecimento do branding e do posicionamento de marca das empresas dos

projetos;

• Trabalhar boas práticas de sustentabilidade: cumprimentos das exigências da política

nacional de resíduos sólidos, eficiência energética, redução de consumo de água,

aproveitamento de resíduos, desenvolvimento da comunidade local, dentre outros;

• Conhecer e divulgar aos empresários os produtos de inteligência competitiva do Sistema

Sebrae;

• Criar sinergia com outras iniciativas nacionais/estaduais;

• Articular uma sistemática de encaminhamento de clientes que procuram o Sebrae via

atendimento individual para o atendimento coletivo, disponibilizando sempre informações

nos pontos de atendimento;

• Criar sistemática de intercâmbio de inteligência entre os projetos e o atendimento individual.

Tendo em vista o grande volume de projetos de macrossegmentos já aprovados para 2017 e 2018 e a atuação integrada das Unidades Setoriais, os documentos orientativos (consolidados) de atuação em macrossegmentos na visão de cadeia de valor, serão produzidos após a realização dos workshops, que ocorrerão de junho a agosto, em todo o Sistema SEBRAE.

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