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CONCEITUAL SETEMBRO/2015 #14 POSSIBILIDADES

SETEMBRO/2015 CONCEITUAL - Associação Brasileira de Designers de ...abd.org.br/novo/f01/img/revista/2015/14/abd-14.pdf · de estimação, do qual ninguém gostaria de abrir mão

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CONCEITUALSETEMBRO/2015 #14

POSSIBILIDADES

www.karsten.com.br

Humor, sofisticação e bem-estar. Tecidos para parede renovam a decoração

e transformam o ambiente. Com diferentes texturas e estampas, são uma excelente

alternativa para quem quer mudar sem se incomodar com bagunça da reforma.

Práticos e acessiveis, difícil vai ser escolher um só!Um toque de felicidade na sua casa.

Wall Decor, a última palavra em decoração.

an_walldecor_publi_420x280.indd 1 10/09/15 17:33

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4 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

EDITORIAL

Publishers André Poli e Roberta Queiroz

Conselho Editorial Fabio Galeazzo e Renata Amaral

Edição e Arte Marcos Guinoza

Colaboradores Alvaro Tedesco, Amer Moussa, Bruno Moreschi,

João Lourenço, Marcella Aquila

Revisão Luciana Sanches

Jornalista Responsável Marcos Guinoza MTB 31683

Publicidade

Comercial Rosane Gulhak | [email protected]

VELVET EDITORA LTDA.

Tel.: 11 3082-4275 | www.velveteditora.com.br

ABD Associação Brasileira de Designers de Interiores

Tel.: (11) 3064-6990 | www.abd.org.br

CORPO DIRETIVO ABD

Presidência: Renata Amaral

Vice-presidência: Marcia Kalil, Ricardo Caminada, Bianka Mugnatto,

Jéthero Miranda

Conselho Deliberativo | Membros Efetivos: Carolina Szabó

(presidente), Francesca Alzati (SP), Silvana Carminati (SP), Maurício

Peres Queiroz dos Santos (SP), Alexander Jonathan Lipszyc (SP),

Renata Maria Florenzano (SP), Rosangela Larcipretti (SP), Joia

Bérgamo (SP), Lucy Amicón (SP), Carlos Alexandre Dumont (MG),

Jaqueline Miranda Frauches (MG), Paula Neder de Lima (RJ), Luiz

Saldanha Marinho Filho (RJ), Flávia Nogueira da Gama Chueire (RJ)

Conselho Deliberativo | Suplentes: Nicolau da Silva Nasser (SP),

Paula Almeida (SP)

Conselho Fiscal | Membros Efetivos: Maria Fernanda Pitti (SP),

Fabianne Nodari Brandalise (PR), Catia Maria Bacellar (BA),

Delma Morais Macedo (BA)

Conselho Fiscal | Suplente: Daniela Marim (SP)

Diretora Executiva: Alessandra Decourt

Sugestões

[email protected]

Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade

dos autores e não refletem a opinião da revista.

Selo

IR ALÉMAmigos,Vou começar este texto com uma frase do genial

Charlie Chaplin: “Aprendi que posso ir além dos limites que eu próprio coloquei”.

Por medo, insegurança ou acomodação, muitas vezes fazemos isso mesmo: colocamos limites à nossa capacidade de ir além. Pensamos: “Cheguei ao meu limite!”.

Será?Será que não podemos muito mais? Será que não estamos

subestimando as nossas qualidades? Será que não estamos desis-tindo antes do tempo?

Esta edição de ABD Conceitual fala sobre possibilidades; sobre sair da mesmice e arriscar; sobre buscar o novo; sobre olhar para o mundo de uma perspectiva mais ampla.

Para isso, apresentamos uma série de projetos de inte-rior que fogem do óbvio e propõem novas formas de pensar o espaço, como uma garagem que virou estúdio; escritórios que estão se transformando em ambientes integrados, coloridos e lúdicos; ou o conceito de hotel boutique, que aposta na deco-ração diferenciada para servir de alternativa à padronização das grandes redes hoteleiras.

Na seção Vitrine, temos o designer Guto Indio da Costa. O entrevistado da edição é José Marton. Falamos também com a designer de iates Tânia Ortega. E apresentamos as dez coisas que você precisa saber sobre Joseph Dirand.

ABD Conceitual mostra que o design de interiores oferece inúmeros caminhos profissionais. Mas, para descobrir aonde esses caminhos podem nos levar, precisamos nos desafiar, correr atrás, estar dispostos a percorrê-los.

Dizem que uma das maiores fraquezas do ser humano está em desistir ao primeiro revés. Para ir além e vencer, é preciso sempre tentar uma vez mais.

EXPEDIENTE

RENATA AMARAL, presidente da ABD

CAPA: ANDRÉ POLI

promoção promoted by apoio supported by eventos conjuntos co-located events

A Fashion Week da Arquiteturae Construção

1– 4 MAR 2016São Paulo, Brasil

The Architecture and Construction Fashion Week

exporevestir.com.br

6 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

LOOK, MOTHER, DOWNSTAIRS, TOO!/34

TUDO A BORDO/37

ABD CONCEITUAL | #14 | EDIÇÃO POSSIBILIDADES

POSSIBILIDADES/12

MEN AT WORK/44

_JON STAM/43

SUMÁRIO

JOSÉ MARTON/18

A ARTE DE HOSPEDAR/24

SOB OS TAPETES/30

JOSEPH DIRAND/48 PEGANDO ONDA/50

GUTO INDIO DA COSTA/8

Quando estou trabalhando num problema, nunca penso em beleza. Penso somente em resolver o problema. Mas quando eu termino, se a solução não é linda, eu acho que está errada”Richard Buckminster Fuller

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BELO HORIZONTE | 19/08 à 04/10 CAMPO GRANDE | 06/11 à 15/12

CUIABÁ GOIÂNIA | 06/08 à 13/09

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VARANDA COM ESTILOFernanda Dorta e Magda AlvarengaRio de Janeiro 2014

Um evento com atitude:

descolado, criativo e

Ousado.

8 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

yVITRINE

GUTO INDIO DA

COSTATEXTO MARCOS GUINOZA

BÚZIOS Inspirado na cidade que dá nome à peça, o banco permite variações com ou sem braço e diferentes acabamentos

ELE É FILHO do arquiteto Indio da Costa. Graduou-se na Art Center College of Design, na Suíça. Hoje, está à frente do escritório Indio da Costa A.U.D.T. (Arquitetura, Urbanismo, Design e Transportes), onde comanda uma equipe de, aproxi-madamente, 60 profissionais.

Nome forte do design brasileiro, premiado aqui e lá fora, o carioca Guto Indio da Costa chegou a sonhar em projetar aviões, mas acabou encontrando seu lugar no mundo no design industrial. Aos poucos, foi ampliando as áreas de atuação. Além de desenvolver um novo ventila-dor de teto e eletrodomésticos, ele está envolvido em uma série de projetos que mostram a diversidade de suas cria-ções: um iate de 90 pés, uma família de luminárias, cadei-ras, sofás, um veículo leve sobre trilhos, um triciclo elétrico. “Acredito que essa abrangência seja o maior diferencial do meu trabalho, principalmente no Brasil, onde o design in-dustrial é frequentemente segmentado.”

Guto conversou com ABD Conceitual.

ICZERO1 Cadeira feita de polipropileno de alta resis tência reforçado com fibra de vidro

DESIGN COM FOCO NAS PESSOAS

10 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

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S DIVU

LGAÇÃO

QUAL OBJETO QUE JÁ EXISTE VOCÊ GOSTARIA DE TER CRIADO?

Muitos… Sou admirador do talento de muitos designers e de objetos, produtos, espaços e experiências. Aprecio o design que, além da forma, é efetivamente inovador, resolve um problema e contribui para uma sociedade melhor. Gosto, principalmente, do que se prova definitivo, alheio a modis-mos e a este mundo atual tão descartável. Repudio o design que não traz nada de novo, além de uma forma gratuita, mesmo que seja lindo. A forma não precisa seguir a função, mas não pode se esquecer dela. A forma pela forma é arte, não é design.

VOCÊ TEM UM OBJETO DE ESTIMAÇÃO?

Objetos podem ser simples objetos, sem nenhum valor emocional, ou podem ter o valor emocional de um animal de estimação, do qual ninguém gostaria de abrir mão. Um bom design sempre cria um forte laço emocional com quem dele usufrui. Como designer, gosto de escolher e garimpar pessoalmente os objetos que tenho e uso, por isso, tenho uma lista de objetos dos quais detestaria me desfazer. Um desses é uma luminária, desenhada, em 1907, por Mariano Fortuny, que eu trouxe na mão de uma viagem à Itália. Produzida até hoje, a luminária é uma escultura, linda, leve e definitiva. Não venderia por valor nenhum.

DE ONDE VEM SUA INSPIRAÇÃO?

Do mundo, das pessoas, de seus sonhos e desejos, de seus problemas e pesadelos. Design é feito com foco nas pesso-as, para resolver os problemas e melhorar a vida delas. É daí que vem a inspiração.

VOCÊ SEGUE REGRAS NA HORA DE CRIAR?

Não existem regras, mas existe uma metodologia bem cartesiana, que nos ajuda a navegar no oceano revolto da criatividade. Observações, ideias, pro-postas e soluções são parte do dia a dia de um designer e, se não houvesse certo método para organizá-las, priorizá-las e desenvolvê-las, os projetos não chegariam ao fim. Basicamente, um designer aprende a pensar lateral-mente, o oposto do que a humanidade inteira foi condicionada a fazer por causa de um sistema educacional que define o certo e o errado o tempo todo e que pressupõe um raciocínio sequencial que induz a uma única resposta. Um projeto de design não tem resposta certa, tem milhares de possibilidades e alternativas. Por isso, tem que pensar lateralmente, anali-sar, priorizar e escolher o tempo todo. Essa metodologia é o que hoje se convencionou chamar de design thinking e vem sendo usada não apenas para resolver questões de design, mas também como metodologia para a solução de uma série de outras questões estratégicas.

DE TODAS AS PEÇAS QUE JÁ CRIOU, QUAL ESCOLHERIA PARA DEFINIR SEU TRABALHO?

Não creio que haja uma peça que possa definir o meu trabalho. Neste momento, por exemplo, estamos envolvidos com o projeto de um iate de 90 pés, um novo ventilador de teto, uma família de luminárias, cadeiras, sofás, um veículo leve sobre trilhos, um triciclo elétrico, equipamentos de ginástica, eletrodomésticos. Seria difícil resumir um trabalho tão variado em uma única peça, e acredito que essa abrangência seja meu maior di-ferencial, principalmente no Brasil, onde o design industrial é frequente-mente segmentado.

TEM SONHOS DE CONSUMO DE PEÇAS DE OUTROS DESIGNERS?

Como já disse, sou admirador do talento de muitos designers, objetos e produtos. Mas não sou um consumista, pelo contrário, tento só consumir o que realmente me comove.

INDIODACOSTA.COM

“Gosto do que se prova definitivo, alheio a modismos e a este mundo atual tão descartável”

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LGAÇÃO

CARRAPIXXXO Sistema modular composto por prateleiras, gaveteiros, gabinetes e mesas com total liberdade de customização INFINITO Inspirado nas curvas doces e suaves do Rio de Janeiro, o banco é feito de ripas de jequitibá ou tauari conectadas em anéis de madeira contínuosBRUTALISTA Abrigo de ônibus desenvolvido para a cidade de São Paulo

IC/AIR 5 Ventilador de teto com iluminação de LED

O QUE DE MAIS IMPORTANTE GOSTARIA QUE AS PESSOAS CONHECESSEM SO-

BRE VOCÊ?

Apenas o meu trabalho e a minha eventual contribuição para a sociedade.

VOCÊ DESENHA DE TORNEIRAS A PONTOS DE ÔNIBUS. O QUE TE MOVE? E O QUE TE

PARALISA, TE DÁ MEDO?

Um novo projeto é sempre um desafio e a oportunidade de uma grande realização. O desafio e a oportunidade de uma grande realização são o que me movem. Paralisia? Não consigo viver sem movimento, sem realiza-ções. Acho que paralisia só depois da morte.

QUAL O IMPACTO MAIS SIGNIFICATIVO DA TECNOLOGIA SOBRE A PRODUÇÃO DE DE-

SIGN DE OBJETOS?

O maior impacto foi a digitalização do processo. O que antes era dese-nhado à mão, com baixa precisão e sujeito a muitos erros, hoje é feito de forma digital, com precisão absoluta. Isso nos permite produzir em larga escala peças com altíssima complexidade formal. Além disso, a digitalização permitiu a livre comunicação e o envio de desenhos mundo afora. Hoje, desenhamos aqui produtos fabricados na China, na Coreia, em Taiwan, na Alemanha… Nunca fomos às fábricas e toda a comunicação é digital.

SE TIVESSE O PODER DE REDESENHAR O MUNDO, O QUE MUDARIA?

Possivelmente, faria a Terra um planeta bem maior, assim um dia duraria umas 36 horas. (risos)

12 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

TEXTO MARCOS GUINOZA

possibilidades

yINSIDE

Naman Pure Spa

A ideia desta edição de ABD Conceitual é mostrar que o designer de interiores pode ir muito além do lugar-comum e, dessa forma, ampliar o ho-rizonte de trabalho.

Embora a profissão tenha como principal referência o espaço residencial, o mercado oferece várias outras possibilidades de atuação. A casa, claro, é o local mais próximo de nós. É onde dormimos, comemos, tomamos banho, passamos a maior parte do tempo e, por isso, ao pensar em decoração, logo lembramos do morar. Como escreveu John Pile em A History of Interior Design, “seja profissional ou não, o design de interiores é um aspecto da vida do qual é impossível escapar”.

Mas a profissão não se restringe ao espaço residencial. Longe disso. O setor é amplo e diversificado. E o designer pode usar seus conhecimentos para deco-rar uma infinidade de outros ambientes: lojas, restaurantes, hotéis, escritórios, bibliotecas, hospitais, spas, showrooms, saguões de aeroporto – e ambientes tal-vez menos óbvios, como o interior de iates, aviões e carros. Enfim, todo espaço – público ou privado, pequeno ou grande, temporário ou definitivo – pode ganhar novas formas, cores e texturas.

Essa é a mágica do design de interiores: transformar. Mais que apenas decorar, planejando e arranjando os ambientes segundo

padrões de funcionalidade e estética, o designer é um criador de novos mundos, um transgressor de velhas regras, um inventor de sensações, um organizador de desejos. Ao utilizar táticas próprias da profissão e trabalhar com itens relativos ao mobiliário, à iluminação, aos objetos, às superfícies e aos revestimentos, o designer pode transformar o trivial em algo único e extraordinário.

O designer sueco Olle Anderson disse que “o decorador é visto quase sem-pre como o profissional que trabalha o mais próximo possível do cotidiano das pessoas, procurando criar ambientes bons, úteis e confortáveis”. É isso. É essa proximidade e a capacidade de tornar qualquer ambiente mais funcional, har-monioso, saudável e belo que faz do designer de interiores um profissional indis-pensável neste momento histórico em que o mundo tem exigido cada vez mais eficiência, produtividade, diferenciação, interação, conforto, qualidade de vida – e tudo isso passa necessariamente pela questão do espaço.

Escritórios, por exemplo, estão se tornando lugares menos rígidos e hierárquicos. Em vez da antiga separação por setores que operam isoladamente, buscam-se espaços compartilhados, troca de experiências, encontro, mobilidade.

O mundo, hoje, é um lugar em constante transformação e, para acompanhá-lo, é preciso “sair da caixa” e ir além; burilar ideias improváveis, projetar sonhos impossíveis, propor mudanças.

É a vontade que determina o que podemos.

14 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

CLÍNICA MÉDICAcom jeito de hotelDe modo geral, clínicas e hospitais são espaços frios e indiferentes, desprovidos de atrativos estéticos. Mas, usando um tanto de criatividade e imaginação, o designer de interiores pode mudar essa tipologia “apática”, como fez o estúdio Penson ao redesenhar uma clínica de saúde sexual em Londres. O NHS Dean St. fica no Soho, bairro conhecido pela agitação noturna, e o estúdio, inspirado pelo “clima de festa” que circunda a clínica, ousou ir além e transformou a atmosfera do NHS. Cores quentes, cartazes de filmes antigos, sinalizações com neon, paredes espelhadas, padrões em preto e branco no teto e centenas de fotos do Soho substituem o que poderia resultar em mais um insípido ponto de atendimento médico. O lugar continua sendo uma clínica, mas não é por ser o que é que precisa ser “sem graça”. Bonita e moderna, a decoração surpreende e faz com que as pessoas se sintam mais à vontade.

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PENSON.CO

Transformar significa “dar nova forma”, “tornar diferente do que era”. Foi exatamente isso que fez o italiano Carlo Bagliani com uma garagem subterrânea em um bairro residencial de Gênova, cidade portuária no norte da Itália. Com a colaboração de Stefano Mattioni e Pamela Cassisa, ele transformou a garagem em um escritório. A estrutura foi projetada pelo estúdio Sp10. Bagliani optou por materiais industriais e cores escuras. Teto e paredes foram pintados de preto; o piso, também preto, é emborrachado. Uma parede metálica divide o espaço em dois. E o grande painel de vidro permite contato com o exterior. O mobiliário foi desenhado sob medida por Antonio Norero, da Sp10. Cada mesa tem duas luminárias que se dobram para direções opostas, criando diferentes efeitos de luz e sombra. O que antes servia para guardar o carro e entulhos que, geralmente, amontoamos em garagens e espaços “esquecidos” da casa, virou um admirável home office.

ERA GARAGEM, virou escritório

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CARLOBAGLIANI.IT

16 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

O NOVO LOUNGE DATurkish AirlinesViajar é bom e todo mundo gosta. Mas “mofar” em saguões de aeroporto é uma das experiências mais aborrecidas que existe. Para quem pode, há a opção de matar o tempo de espera nas salas vips, e o recém-reformado CIP Lounge da Turkish Airlines, no Aeroporto Internacional de Atatürk, em Istambul, está entre os mais interessantes do segmento. O espaço foi projetado para encantar e manter os passageiros confortáveis e entretidos. Com design do estúdio Autoban, o ambiente, expandido para 3.000 m², é separado por arcos brancos que fazem referência às tendas turcas em forma de cúpula, proporcionando vistas panorâmicas para todas as áreas do lounge. Enquanto aguardam o horário de embarque, os passageiros da classe executiva têm à disposição diversas opções gastronômicas, piano-bar, salas de reunião e de descanso, cinema, biblioteca com mesa de bilhar e até chuveiros e serviço para engomar a roupa. Esperar, neste caso, não deve ser tão chato assim.

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AUTOBAN212.COM

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LGAÇÃO

Spa é um local terapêutico, de relaxamento. Se for barulhento e bagunçado, com decoração confusa, corre-se o risco de sair do lugar ainda mais irritado que quando entrou. Este não é o caso do Naman Pure Spa, onde tudo foi pensado para provocar nas pessoas uma experiência sensorial de tranquilidade e paz. Projetado pelo MIA Design Studio, o spa fica em Da Nang, cidade vietnamita conhecida pelas cavernas de pedra calcária e grutas budistas nas Montanhas de Mármore. O spa tem 15 salas de tratamento rodeadas por exuberantes jardins ao ar livre, que privilegiam a vegetação local; espelhos d’água de lótus; academia para ginástica, meditação e ioga; ventilação natural, para manter os ambientes arejados; e fachada composta por elementos vazados e jardins verticais que filtram a luz, resultando em um interessante jogo de sombras nas paredes e pisos do spa. Sim, o Vietnã fica longe, mas longe é um lugar aonde todos merecemos ir de vez em quando.

UM SPA RODEADO DEjardins e leveza

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MIADESIGNSTUDIO.COM

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LGAÇÃO

18 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

yENTREVISTA

ELE É MÚLTIPLO

criação de um instituto que vai abrigar sua coleção de arte. São cerca de 500 obras brasileiras contemporâneas. O espaço também vai servir como centro de pesquisa.

José Marton conversou com ABD Conceitual.

VOCÊ NASCEU EM UMA CIDADE PEQUENA. QUANDO DESPERTOU O SEU

LADO CRIATIVO?

Eu tinha um universo muito particular. Nasci em Cajobi, no interior de São Paulo, em 1966, na época uma cidade de 2 mil habitantes. De-pois nos mudamos para Catanduva, que era um pouco maior. Meu pai tinha uma marcenaria, então, eu aproveitava restos de madeira e criava brinquedos.

DO INTERIOR, VOCÊ FOI ESTUDAR ARTES PLÁSTICAS EM SÃO PAULO. ALGUÉM

TE INFLUENCIOU NESSA DECISÃO?

Sempre tive vontade de sair do interior. Não conseguia me enxergar em uma cidade daquele tamanho. E eu sempre falava que gostaria de estudar em São Paulo. Quando cheguei, eu já sabia que iria estu-dar artes plásticas. Eu tinha feito um curso de desenho e pintura no Sesc e meu professor disse que eu era talentoso e recomendou que procurasse um curso em uma cidade grande. Isso foi muito difícil para o meu pai, não era o que ele queria. Meu pai só entendeu a minha escolha quando começou a ver o resultado financeiro.

EM 1995, VOCÊ E SEU IRMÃO, FERNANDO, ABRIRAM A MARTON & MARTON.

QUAIS AS MAIORES DIFICULDADES QUE ENFRENTARAM?

Eu já tinha um negócio em São Paulo. Então, decidimos reunir nossos conhecimentos. Eu fiquei com o design e ele, com o administrativo.

Artista plástico, cenógrafo, designer, arquiteto, marceneiro, colecionador de arte, José Marton pensou em ser seminarista ou médico antes de se mandar da cidadezinha onde morava, no interior paulista, para estudar artes plásticas na Faculdade

Santa Marcelina, em São Paulo. Formado, podia ter viajado a Paris para expor em um salão universitário, mas preferiu receber o prêmio em dinheiro. Queria abrir o primeiro negócio, e abriu: a Marton & Marton. Fundada em 1995, a empresa, tocada em parceria com o irmão, Fernando, atuava nos segmentos de arte, moda, design, mobiliário e arquitetura.

José Marton já fez projetos para lojas da Luigi Bertolli, Cori e Barbara Strauss, entre outras. Criou cenários para o Fantástico, da TV Globo, e para o Istituto Italiano. Chamado para realizar uma ex-posição de fotografias para a Forum, acabou criando a cenografia dos desfiles da marca, trabalho que repetiu com Animale, Alexandre Herchcovitch, Colcci e Blue Man.

Foi durante a montagem de um desfile que ele teve a ideia de inventar um inovador sistema de acrílico listrado. A iniciativa lhe rendeu, em 2006, o iF Design Award, um dos mais importantes prê-mios de design do mundo.

No design de produtos, Marton desenvolve objetos e móveis conhecidos pela ousadia das formas e cores vibrantes. Em 2011, ele criou a M ao Quadrado, marca de móveis inteligentes que surgiu do desejo de democratizar e ampliar o acesso do consumidor brasileiro ao design. Em 2012, ele encerrou a parceria com o irmão e, hoje, co-manda o Marton Estúdio.

Sempre em movimento, Marton tem como próximo projeto a

AS MUITAS FACETAS DE JOSÉ MARTON TEXTO JOÃO LOURENÇO

MÚLTIPLO

20 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

A maior dificuldade de qualquer empresa familiar é delimitar a função de cada um. E essa função precisa ser reavaliada no decorrer do tempo. A parceria com meu irmão durou até o fim de 2012, quando vendi a minha parte para ele. Chegamos a ter até 150 funcionários, mas, se fosse hoje, não sei se aceitaria abrir outra empresa nesses mesmos moldes.

HOJE, VOCÊ ESTÁ POR TRÁS DO ESTÚDIO MARTON. QUAL O CONCEITO DESSE

NOVO PROJETO?

O foco do nosso escritório é em economia criativa. Ela tem uma “gestão à vista”, que é um modelo implantado no Japão pós-Guerra. Não é o organograma tradicional em que você tem presidente e diretor. Aqui, todo mundo está conectado, ou seja, a comunicação é mais fácil e você consegue perceber problemas e encontrar so-luções com muito mais agilidade. A essência do cliente também é importante para nós. Quem trabalha com design precisa entender como o cliente pensa. Se eu aceitar desenhar uma casa ou uma mesa para você, preciso antes extrair sua essência. Por meio das minhas ferramentas, busco um caminho para sua residência, para aquilo que você imagina. Não posso ficar preso no que eu gosto. Nosso escritório é uma ferramenta para atingir o objetivo do cliente. Para nós, o cliente é participativo.

O ESTÚDIO ATUA EM DIVERSAS ÁREAS: ARQUITETURA, DESIGN, MODA E ARTE.

COMO ESSAS ÁREAS SE INTERCALAM?

A arte é o que move nosso pensamento. É por meio da arte que bus-camos nos diferenciar daquilo que o mercado já oferece. A arte edu-ca e ajuda a mudar o sentido das pessoas. Ela nos possibilita avançar

VANILA buffet de MDF laminado de imbuia, acabamento de verniz fosco, portas e tampos de metacrilato listrado, 2011

“Sempre busco referência na arte. Tento fugir das redes sociais, já que a quantidade de imagem e informação é de enlouquecer”

um pouco mais nas questões de pesquisa e criatividade. Acredito que a arte é o segmento que intercala todas as áreas.

APÓS TRABALHAR EM TODAS ESSAS ÁREAS, QUAL É A QUE MAIS TE SEDUZ?

Essa é difícil! Acho que se tivesse o poder da escolha, eu seria só artis-ta. Sabe, gostaria de ter tempo para rodar o mundo e o Brasil atrás de novos talentos, mas acredito que isso seja para o futuro. Hoje, estou conduzindo a empresa de uma maneira em que sempre acreditei. Por ter muita energia, ser inquieto, eu consigo fazer a relação entre uma área e outra. Acredite, não é pesado. É uma mistura boa e di-vertida. Às vezes, os desafios de um segmento geram solução para o outro e vice-versa. No fim do dia, eles estão todos relacionados.

VOCÊ ACABOU DE CITAR BRASIL E NOVOS TALENTOS. ALGUM MATERIAL DE

ORIGEM BRASILEIRA TE ATRAI?

Uma coisa que me atrai muito no Brasil é a madeira. Temos uma diversidade gigantesca. É uma matéria-prima sedutora. Eu também sou marceneiro e é encantador quando você pega uma madeira bruta e a transforma em um objeto, seja ele de design ou de arte, ver como se apresenta depois do processo artesanal ou industrial. O plástico também sempre me atraiu.

O SEU SISTEMA DE ACRÍLICO LISTRADO FICOU CONHECIDO NO MUNDO INTEI-

RO. COMO SURGIU ESSA IDEIA?

Eu tinha uma grande curiosidade para entender como os produtos eram injetados e me questionava: “Quanto custaria para fazer uma mesa ou um vaso com esse material?”. Olhava a quantidade de produtos em feiras e percebi que iria custar uma fortuna, afinal, como

ENTRELINHAS mesas de centro de metacrilato listrado, 2010

FACETAS estante feita de módulos encaixados, um a um, 2012

22 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

invento algo sem uma máquina para injetar? E, ao mesmo tempo, tinha que romper um paradigma e ter uma matéria-prima autoral para trabalhar no meu produto. Assim, surgiu a série Entrelinhas. Só que isso só se deu por eu ser uma pessoa que não fica presa em apenas uma disciplina. Tudo aconteceu quando estava olhando para uma pilha de acrílico, em um cenário de desfile que eu estava montando. Tive um insight: “Acrílico listrado”. Quando comecei a pesquisar a injeção de plásticos e polímeros, percebi que não tinha nada listrado no mercado. Existe uma dificuldade muito grande em chegar a esse resultado, pois o material entra líquido e sai sólido e, quando ainda está líquido, as cores se misturam, ou seja, é muito difícil você conseguir separar uma cor da outra. Então, comecei a fazer uma pesquisa. A indústria não quis me ajudar, e meu irmão disse: “Você é louco e isso vai dar muito problema”.

O QUE TE MOTIVOU A CONTINUAR BUSCANDO UMA SOLUÇÃO PARA A

SUA IDEIA?

O que me motiva são os desafios. Acredito que, daqui para a fren-te, vou conseguir produzir muito mais coisas do que imaginei fazer com essa matéria-prima. Na questão do design, passei por um pro-cesso de experimentação. Agora, a ideia é ter toda a segmentação desse produto.

ALGUNS ANOS ATRÁS VOCÊ LANÇOU A MARCA M AO QUADRADO, UMA LINHA

DE MÓVEIS INTELIGENTES QUE BUSCA DEMOCRATIZAR E AMPLIAR O ACESSO

DO CONSUMIDOR AO DESIGN. COMO FOI ESSE PROCESSO?

A linha surgiu de uma grande pressão. Quando você tem uma em-presa em que a pessoa que desenha também é sócia, você começa a ser cobrado. Fui cobrado porque ainda não tínhamos uma marca. Du-rante quatro anos, eu me questionei sobre a importância de ter uma marca. Fizemos uma experiência na feira Casa Brasil, em 2009. Foi um laboratório para entender o que todo mundo estava expondo. De-pois de um bom feedback de lojistas e amigos expositores, comecei a entender o que deveríamos oferecer ao mercado. Hoje, temos lojas e vendas de produtos com valor elevado, pense nas lojas da Rua Es-tados Unidos, e também temos o extremo oposto, como a Tok&Stok. Um tem a intenção de não popularizar tanto o design, enquanto o outro busca democratizar. Então, pensei que a M ao Quadrado pode-ria ser uma marca que fica entre os conceitos desses dois exemplos que citei. Outra questão importante é que na M ao Quadrado tanto o lojista quanto o consumidor final podem interferir no produto. O con-sumidor pode ter um produto com um preço mais acessível e, além disso, determinar como ele quer esse produto na casa dele.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE CRIAR UMA PEÇA EXCLUSIVA E UMA PEÇA EM SÉRIE?

Em uma peça exclusiva você tem que inovar e, geralmente, o custo é elevado, uma vez que, para inovar, você acaba utilizando matérias--primas de valor mais alto. Então, quando é assim, não me preocupo como o produto será vendido, pois sei que serão apenas algumas pessoas que vão consumir esse tipo de design. É um design quase colecionável. Quando você entra em um raciocínio de indústria, você trabalha ao contrário: tenho que começar pelo preço e pela matéria--prima. Então, você tem que levar tudo isso em consideração. O Brasil

SINTONIA projeto de escritório, 2011

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tem uma pequena população que consome design. Quando penso em uma peça de série, o preço tem que estar coerente não apenas com o design, mas também com o público que quero atingir.

DIANTE DE TANTA INFORMAÇÃO, QUAL A SUA MAIOR FONTE DE INSPIRAÇÃO

NO MOMENTO?

Só procuro as redes sociais, como Instagram e blogs, se for necessá-rio. Tento fugir um pouco disso, já que a quantidade de imagem e in-formação é de enlouquecer qualquer um. Sempre busco referência na arte. Tento mostrar referências alternativas para a minha equipe, para que não fique presa apenas ao que o cliente passou. Como a arte não tem pretensão de uso, você consegue extrair uma liberdade muito maior.

VOCÊ TAMBÉM É UM COLECIONADOR DE ARTE. O QUE PODEMOS ENCONTRAR

NA SUA COLEÇÃO?

Sim, ano que vem, completo 25 anos como colecionador. Percebo que a minha coleção tem um foco de instituição, não tenho obras de fácil comercialização. Ou elas são agressivas, de fundo político, ou são obras que tratam da questão da morte, e esse é um botão em que as pessoas não gostam muito de mexer. Esse colecionismo gerou um novo empreendimento. Pretendo fazer um instituto. Ele foi lançado como ideia e, agora, pretendemos lançar em um espaço físico já no ano que vem. Será um instituto onde vamos pesquisar a cultura brasileira. A ideia é explorar os segmentos de arte, moda, arquitetura e gastronomia.

Casa Vogue 40 Anos / Expo Revestir, 2015

MARTONESTUDIO.COM.BR

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24 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

yHOTEL BOUTIQUE

A ARTE DE HOSPEDAR

HOTEL B, LIMA, PERU

LOCALIZADO EM BARRANCO, BAIRRO CONHECIDO PELA CENA ARTÍSTICA EM LIMA, HOTEL TEM DESIGN DE

INTERIOR SOFISTICADO E CONTEMPORÂNEO

TEXTO ANDRÉ POLI

Existem vários estilos de hotel boutique. Alguns são mais “descolados” e unem bom gosto e criatividade, fazendo uso de elementos simples e quase sempre com uma pegada urban art. Es-

tes proporcionam uma experiência bem atual e, geralmente, estão localizados em regiões como a Vila Madalena, em São Paulo, e Chueca ou Malasaña, em Madri.

Outro estilo muito em moda são os hotéis design, que podem ser divididos em duas categorias. Os primeiros têm ótima curadoria e peças de grande relevância no design moderno e contemporâneo. São encontrados em muitos destinos, da Patagônia a Berlim. E há aqueles que apostam no novo e vanguardista, ousando nas formas, nas cores e nos materiais. Um bom exemplo é o Palermo Soho, que fica em um dos bairros mais transados de Buenos Aires.

Entre tantas opções, escolhemos o Hotel B, visita-do recentemente por ABD Conceitual. É o primeiro hotel relais & châteaux de Lima, capital do Peru, e toda a expe-riência vivenciada ali é baseada na arte, desde a refinada cozinha, passando pelo serviço excelente, até as paredes repletas de obras de nomes importantes da arte contem-porânea latino-americana.

O Hotel B oferece apenas 17 quartos e tem uma particularidade: está ao lado da galeria Lucía de la Puente. Lucía é uma das sócias-proprietárias do hotel, o que expli-ca o grande volume de obras de arte de altíssima qualidade expostas no estabelecimento. Obras que podem ser adquiri-das pelos hóspedes. É como se o hotel fosse uma extensão da galeria, e vice-versa.

O Hotel B está localizado no bairro de Barranco,

26 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

COM FACHADA IMPONENTE, O PRÉDIO É UM MONUMENTO HISTÓRICO QUE REMETE AO

GLAMOUR DA DÉCADA DE 1920, NO MELHOR ESTILO BELLE ÉPOQUE

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ao lado de Miraflores. Barranco já é conhecido pela cena de arte e boemia em Lima. O que antes era uma praia de veraneio está se tornando um novo ponto cultural. Casas e prédios antigos foram tombados e, hoje, são ocupados por lojas de design, galerias, museus e restaurantes que servem o melhor da gastronomia peruana, já muito cultuada em vá-rios cantos do planeta. Nesse cenário, a meio quarteirão da praia, está o Hotel B. Com fachada imponente, o prédio é um monumento histórico que remete ao glamour da década de 1920, no melhor estilo Belle Époque. Originalmente conce-bido pelo famoso arquiteto francês Claude Sahut, o prédio foi restaurado por David Mutal, que usou uma equipe de escultores e carpinteiros da escola de belas-artes de Lima.

Outro ponto alto do hotel é o design de interiores. O projeto é do peruano Jordi Puig. De estilo eclético, o designer conseguiu mesclar peças e materiais de diferentes univer-sos que convivem em harmonia. O mármore italiano da edi-ficação original é combinado com madeira escura, tecidos nobres, peças dos anos 1950 com pegada pop e mobiliário clássico. Puig, assim, propõe uma experiência ao mesmo tempo sofisticada e contemporânea, priorizando o conforto e a privacidade, fazendo o hóspede se sentir em casa.

Pelas áreas comuns do Hotel B é possível encontrar hóspedes estrelados, como o fotógrafo David LaChapelle, observando ângulos para suas fotos com uma xícara de café na mão, ou o famoso designer Tom Dixon fazendo esboços para sua nova coleção no rooftop, área recém-inaugurada e projetada pela designer de interiores Luz María Buse. Com cores claras, de tons pastel, o ambiente é leve e sóbrio, trans-mitindo o espírito de veraneio do local, onde, no fim de tar-de, pode-se tomar uma champanhe acompanhado de boa música, tendo ao fundo a vista da praia de Barranco.

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28 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

“O OBJETIVO É APRESENTAR AO HÓSPEDE O DESIGN DAS ANTIGAS MOBÍLIAS E FAZER

COM QUE ESSE ESTILO ANTIQUÁRIO SEJA UM DIFERENCIAL DO HOTEL”

Projetado como uma elegante residência em esti-lo português do século 19, o Quinta das Videiras, em Florianópolis, é exemplo mais que perfeito de hotel boutique. Pequeno (oferece apenas 11

quartos), com serviço impecável e decoração única, está lo-calizado na parte norte da ilha, no coração do centrinho da Lagoa da Conceição.

O nome do hotel vem das videiras próximas, que já existiam antes e foram mantidas pelo dono, Gutemberg Lopes Guedes. De ascendência portuguesa, ele, em parce-ria com a mulher, é o responsável pela decoração do hotel, com azulejos personalizados, um bonito vitral e inúmeras peças de época. A maioria data de 1810 a 1950, como a penteadeira francesa de espelho redondo, o abajur inglês de jacarandá e a cama em estilo imperial. Todas arrematadas por Gutemberg em leilões e viagens mundo afora. “O objeti-vo é apresentar ao hóspede o design das antigas mobílias e fazer com que esse estilo antiquário seja um diferencial do hotel”, explica o proprietário.

A esse “clima de antigamente”, que dá charme e personalidade ao hotel, somam-se confortos próprios em hospedagens desse tipo, como lençóis egípcios, travessei-ros de pena de ganso, ofurô de madeira e café da manhã com horário marcado, servido no quarto em louças de por-celana. A refeição também pode ser degustada ao ar livre, no jardim, perto da piscina.

Para quem busca algo mais que uma boa cama.

QUINTADASVIDEIRAS.COM.BR

30 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

yARTE

TEXTO ALVARO TEDESCO

SOB OS TAPETES

SÉRIE RUGS, DE ANTONIO SANTIN

WONDERWALL, 2014, óleo sobre tela, 185 cm x 280 cmALICIA, 2014, óleo sobre tela, 185 cm x 280 cmTROPEZÓN, 2015, óleo sobre tela, 230 cm (página ao lado)

“O tapete é um símbolo metafórico de todos os aspectos da realidade”

ANTONIOSANTIN.COM

AS IMAGENS que ilustram estas páginas são de grandes pinturas hiper-realistas de tapetes detalhadamente orna-mentados, quase táteis, e fazem parte da série Rugs, do artista espanhol Antonio Santin.

COMO SURGIU A IDEIA DE PINTAR TAPETES?

Elementos sinistros e misteriosos sempre estiveram presentes no tipo de identidade visual que me interessa. No caso de Rugs, acho que foi o acaso. Rugs é uma série de pinturas figurativas sem figuras.

Há, sim, algo de sinistro e misterioso nos tapetes pintados pelo artista, como se “escondessem” corpos hu-manos. Santin responde:

O QUE VOCÊ “ESCONDE” DEBAIXO DOS TAPETES?

Quando varremos algo para debaixo do tapete, geralmente é porque queremos esconder algo embara-çoso: um problema ou segredo com o qual não queremos lidar naquele momento. O tapete é um símbolo metafó-rico de todos os aspectos da realidade, é um lembrete. Cabe a cada um descobrir se as coisas ficam em cima ou debaixo do tapete.

Espanhol nascido em Madri, Santin estudou em Atenas, na Grécia, viveu por um tempo em Berlim, na Alemanha, e hoje mora e trabalha em Bushwick, no Brooklyn, em Nova York. Admirador do cinema noir e de artistas como Chema Madoz, Fred Tomaselli e Santiago Sierra, ele iniciou carreira artística fazendo esculturas.

O QUE FEZ VOCÊ MUDAR PARA A PINTURA?

Eu tive uma formação clássica, ou seja, tenho fami-liaridade com uma grande variedade de técnicas. Durante meus anos acadêmicos, escultura foi um dos tópicos que mais explorei. Acredito que isso tenha influenciado for-temente o meu trabalho como pintor, pois a maioria das minhas pinturas atravessa a fronteira do “pesadamente texturizado”. Vejo-as quase como um relevo escultórico.

Para criar a sensação de tridimensionalidade que as telas provocam no espectador, Antonio Santin recorre aos ensinamentos dos grandes mestres da pintura espa-nhola, usando a técnica do chiaroscuro. O resultado é, ao mesmo tempo, surpreendente e perturbador.

ONDE OS GRANDES TALENTOS SE ENCONTRAM.

Angelo Derenze, diretor do D&D Shopping, recebe a designer de interiores Patricia Rocha, a arquiteta Andréa Gonzaga, a apresentadora Gigi Monteiro, o arquiteto e designer Ruy Ohtake, a designer de interiores Jóia Bergamo, a arquiteta Cristina Rocha Andrade e Luciano Montenegro.

A grande vencedora Jóia Bergamo ao lado de Luciano Montenegro, CEO do WTC, da empresária Rita de Cássia Camilo, do casal Lilian e Gilberto Bomeny, e de Angelo Derenze.

Av. das Nações Unidas, 12.555 | São Paulo – SPDe segunda a sexta, das 10h às 22h. Sábados, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 14h às 19h.

www.ded.com.brddshopping dedshopping @dedshopping

ONDE OS GRANDES TALENTOS SE ENCONTRAM.

D&D Shopping,

Há 20 anos, o melhor e mais completo shopping

de decoração e design no Brasil.

Oferecendo um mix completo de lojas, produtos e serviços que facilitam o dia a dia de grandes profi ssionais,

aqui arquitetos e decoradores encontram tudo para reforma, construção ou decoração.

Para celebrar esta parceria, o D&D Shopping participou da abertura da Design Weekend com um evento

especial: a premiação do 1o semestre do Programa de Relacionamento i/D, uma iniciativa que reconhece

os maiores talentos da arquitetura e decoração.

Parabéns aos profi ssionais parceiros que imprimem bom gosto e sofi sticação em todos os seus projetos.

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ONDE OS GRANDES TALENTOS SE ENCONTRAM.

Angelo Derenze, diretor do D&D Shopping, recebe a designer de interiores Patricia Rocha, a arquiteta Andréa Gonzaga, a apresentadora Gigi Monteiro, o arquiteto e designer Ruy Ohtake, a designer de interiores Jóia Bergamo, a arquiteta Cristina Rocha Andrade e Luciano Montenegro.

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34 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

yAMBIENTES MÓVEIS

u no ar

LOOK, MOTHER, DOWNSTAIRS, TOO!

SAIBA QUAIS HABILIDADES O DESIGNER PRECISA TER PARA DESENVOLVER O INTERIOR DE AVIÕES

TEXTO ALVARO TEDESCO

Otítulo desta matéria é de um antigo anúncio da Boeing e mostra o assombro de um menino ao ver que dentro do avião havia uma escada. O modelo é o Stratocruiser 377. Baseada no C-97 Stratofreighter,

avião militar derivado do B-29 Bomber, a aeronave foi lançada pela empresa americana após o fim da Segunda Guerra Mundial. O interior foi projetado pelo designer Walter Dorwin Teague. Usando técnicas inéditas para a época, Teague revolucionou o design de interior de aviões com projetos desenvolvidos para a Boeing, que passaram a ser utilizados como padrão na indústria aeronáutica.

O Stratocruiser, bem maior que os concorrentes DC-6 e Constellation, foi um avião fabricado para atender ao transporte aéreo de luxo. Tinha uma cabine de passageiros espaçosa, cozinha (onde as refeições eram preparadas durante o voo), vestiário, camas

e uma escadaria circular que dava acesso a um lounge/bar. O avião podia acomodar de 55 a 100 passageiros.

Essa aeronave pertence à época chamada Era de Ouro da aviação, quando voar ainda era divertido e glamuroso. Hoje, excetu-ando-se a classe executiva dos aviões comerciais e os jatos particu-lares, voar, para a maioria dos passageiros, é se espremer em minús-culas e desconfortáveis poltronas das classes econômicas. Glamour? Coisa do passado.

Do Stratocruiser para cá, o design de interiores aplicado às aeronaves evoluiu bastante, desenvolvendo um vocabulário formal próprio. Para entender como é realizado esse trabalho, ABD Conceitual conversou com Marcelo Teixeira. Head designer da Embraer por dez anos, hoje ele comanda o Studio Marcelo Teixeira Arch & Transportation Design, com projetos de interior

Projeto de avião futurístico da Nike em parceria com a Teague, consultoria de design para aviação. A ideia é proporcionar recuperação física e mental aos atletas nos

longos voos que eles precisam realizar durante uma competição

36 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

de aviões executivos e comerciais no Brasil e em países como México, Estados Unidos, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Inglaterra e Alemanha.

QUAIS HABILIDADES O DESIGNER PRECISA TER PARA DESENVOLVER

O INTERIOR DE AVIÕES?

Ao contrário do que muitos pensam, o designer de interior não “decora” a aeronave, mas participa de um processo de projeto muito rígido, que visa especificar uma série de elementos do interior, analisando, em conjunto com a engenharia, a viabilidade desses ele-mentos para os sistemas e as configurações oferecidas. Para trabalhar nesse ramo, o designer deve conhecer o avião, bem como ampliar o repertório de ideias e soluções a respeito das áreas de interface, se-jam internas (engenharia, marketing etc.), sejam externas, as quais de-nominamos cliente. Outro ponto é o domínio de ferramentas como softwares e processos que o auxiliarão a tangibilizar os desejos e as necessidades dos clientes.

QUAIS OS PRINCIPAIS OBSTÁCULOS AO PROJETAR O INTERIOR DE

AVIÕES?

Existem alguns fatores a ser observados: requisitos de certifi-cação que elencam as regras de operação e fabricação da aeronave; aspectos de mercado, comportamento e cultura de cada operador

da aeronave; e talvez os mais complexos e exigentes sejam os fatores peso e segurança.

TUDO TEM QUE SER FEITO SOB MEDIDA?

Sim, pois cada aeronave tem peculiaridades, especialmente, quando tratamos de usuários da aviação executiva, que querem dar sua personalidade ao ambiente, tornando-o único e especial.

EXISTEM DIFERENÇAS ENTRE O PROJETO DE AVIÕES COMERCIAIS

E EXECUTIVOS?

Sim, a diferença básica é o tipo de operação que cada avião realiza. Por exemplo, os comerciais necessitam de um cuidado com questões de segurança, robustez dos materiais, layouts mais aces-síveis e ergonomicamente estudados, pois diferentes usuários usu-fruem do mesmo espaço. Já no caso da aviação executiva, além do citado acima, os fatores identidade, objeto de desejo e personalização regem esse seleto e extremamente exigente usuário.

COMO É O MERCADO DE TRABALHO NESSA ÁREA?

O mercado mundial é bastante restrito. A meu ver, a grande dificuldade de expansão é por não existirem cursos específicos nessa área. Todos os profissionais que atuam hoje nesse segmento foram formados dentro de importantes empresas do ramo aeronáutico.

Projeto desenvolvido pelo Studio Marcelo Teixeira para um cliente holandês STUDIOMARCELOTEIXEIRA.COM.BR

u no mar

Tudo a bordo

PARA DECORAR O INTERIOR DE BARCO, TÂNIA ORTEGA EXPLICA: “A DIFERENÇA SÃO OS MATERIAIS, QUE DEVEM SER MAIS RESISTENTES”.

Apesar da crise econômica que abala o país, o mercado de iates de luxo no Brasil segue de vento em popa. Quer um exemplo? Veja a trajetória de crescimento da Boat Xperience & Brokerage Show, feira náutica que

acontece no Guarujá, cidade no litoral de São Paulo. Em 2011, na terceira edição, o evento movimentou R$ 22 milhões. Em 2015, na 11ª edição, o faturamento estimado foi de R$ 53 milhões.

A Itália é a maior produtora de iates de luxo do planeta, se-guida por Estados Unidos, Holanda, Reino Unido e Alemanha. O Brasil representa cerca de 1,5% do consumo mundial do setor.

Falam que ter um desses iates é como ser proprietário de uma casa de praia em qualquer lugar que a pessoa queira: em Búzios, no litoral baiano ou em Fernando de Noronha. Ou como adquirir um apartamento de altíssimo padrão. O Prestige 750, por exemplo, exposto na Boat Xperience, custa R$ 16,7 milhões. Tem 22,5 metros, quatro quartos, sala de jantar e de estar, cozinha, lavanderia, área para banho de sol e adega. “Hoje, literalmente, o barco virou uma casa flutuante com todos os confortos de um lar”, diz a yacht designer Tânia Ortega.

Há mais de 21 anos trabalhando no segmento náutico, Tânia é um dos principais nomes no Brasil quando o assunto é decoração personalizada de barcos.

ABD Conceitual conversou com a designer.

38 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

Interiores de iates projetados por Tânia Ortega

TUTTOABORDO.COM.BR

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QUAIS HABILIDADES O DESIGNER PRECISA TER PARA DESENVOLVER

O INTERIOR DE IATES?

Conhecimento. Estou sempre pesquisando e viajando para feiras no exterior em busca de materiais e produtos adequados, não só do ramo náutico, mas também do ramo de arquitetura, têxtil, em que me inspiro e das quais consigo trazer as tendências para o Brasil. Hoje, literalmente, o barco virou uma casa flutuante com todos os confortos de um lar. A diferença são os materiais mais resistentes, que devem ser usados em função do desgaste que a maresia provoca.

QUAIS OS PRINCIPAIS OBSTÁCULOS AO PROJETAR O INTERIOR

DE IATES?

Com certeza, o maior obstáculo está nos espaços pequenos, que precisam ser bem aproveitados e, também, na utilização de produtos específicos. Mas, hoje, é possível encontrar produtos bacanas, tecidos altamente resistentes, revestimentos de fácil aplicação que renovam o barco; utensílios que não quebram, móveis

de área externa que unem design, beleza e praticidade.

TUDO TEM QUE SER FEITO SOB MEDIDA?

Na maioria dos casos, sim, pelos diferentes tamanhos e tipos de embarcações, mas alguns móveis e objetos se encaixam em todos os lugares.

O QUE OS CLIENTES MAIS PROCURAM QUANDO QUEREM PERSONA-

LIZAR O INTERIOR DE IATES?

Procuram deixar o barco com o mesmo aconchego de sua casa, com comodidade, luxo, conforto e, principalmente, praticidade, resultando em um lar a bordo.

COMO É O MERCADO DE TRABALHO NESSA ÁREA?

Ainda restrito e muito específico, porém extremamente gratificante.

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JON STAM acredita que o design do futuro deve ser mais do que sexy e atraente. Ele defende “um design ampliado, que não fique preso a convenções industriais de massa”. O canadense afirma que os novos meios de comunicação são capazes de produzir peças mutáveis. “Li a descrição do curso de design industrial em um ca-tálogo de profissões. Senti que aquilo descrevia o tipo de atividade que eu sempre explorava no tempo livre. Quando criança, lembro de transformar objetos encontrados, como papel e madeira, em algo que tivesse nova utilidade.”

Após se formar na Ocad University, em Toronto, Stam trocou o Canadá pela Holanda. Lá, passou pela Academia de Design de Eindhoven, onde ganhou reconhecimento internacional. “Na minha formatura, apresentei a Cabinet of the (Material & Virtual) World. Foi uma tentativa

STAMJONCABINET OF THE (MATERIAL & VIRTUAL) WORLD: feito de cedro vermelho, é formado por um conjunto de pequenas gavetas que brincam com a memória dos objetos que gostamos de manter por perto. Abaixo, Stam e o espelho CLAUDE GLASS

de reunir lembranças físicas e virtuais no mesmo espaço.” A cabine intercala 16 gavetas para objetos físicos e 16 caixas com memória embutida. Para visualizar o conteúdo digital, é preciso colocar a caixa digital ao lado do computador.

Em 2011, Stam foi convidado para ministrar aulas na Academia Willem de Kooning, em Roterdã. “Estou no comando de um programa chamado Artesanato Digital, que brinca com a relação entre novas e velhas tecnologias. Oferecido para es-tudantes de todas as disciplinas – estilistas, ilustradores, desig-ners gráficos, entre outros – o curso tem sido uma experiência maravilhosa. Acredito que jovens designers precisam ter uma abordagem mais experimental com as ferramentas e tecnolo-gias que estão utilizando.”

Stam argumenta que o trabalho dele não deve ser apressado como em um ciclo de moda. “Sigo meu próprio ritmo e tenho uma estética clássica para os padrões atuais.” Em par-ceria com o designer de softwares Simon de Bakker, Stam abriu o Commonplace Studio, em Amsterdã, onde, com o auxílio das novas tecnologias, segue criando diálogos entre memória, fu-turo e passado.

COMMONPLACE.NL

TEXTO JOÃO LOURENÇO

yDESIGN

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yAMBIENTE

OS ESPAÇOS DE TRABALHO MUDARAM. MAS PESQUISAS INDICAM QUE O NOVO MODELO, COM AMBIENTES INTEGRADOS, AINDA NÃO É O IDEAL – E PODE ATÉ ATRAPALHAR A PRODUTIVIDADE

TEXTO JOÃO LOURENÇO

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Grupo Gallegos Sede da agência de publicidade que ocupa um antigo cinema próximo do píer de Huntington Beach, na Califórnia. O projeto, do estúdio Loha, é inspirado

no estilo de vida praiano, com cores vibrantes e mais de 300 guarda-chuvas brancos no teto, que podem ser redirecionados para iluminar o espaço | LOHARCHITECTS.COM

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WORK

46 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

Até alguns anos atrás, a maio-ria das empresas projetava os espaços de trabalho pensan-do no individual. As pessoas trabalhavam em dezenas de

cubículos uniformes, que se estendiam uns atrás dos outros. Na virada do século 20 para o 21, o pesquisador de comportamento Francis Duffy, da Universidade da Flórida, já defendia uma nova abordagem. “Estamos construindo escritórios que se adequam mais aos moldes do passado (…) devemos pensar no próximo século, em espaços com máxima liberdade para ir e vir, um lugar lúdico, onde todos pos-sam exercer seu talento da melhor forma.” Para Duffy, os escritórios tradicionais “são espaços sufocantes que não estimulam a criatividade”. Hoje, a ideia de um escritório cheio de divisões é tão velha quanto a máquina de fax.

De acordo com uma recente pesqui-sa realizada pela International Facility Mana-gement Association, 70% dos escritórios dos

Estados Unidos já funcionam nos moldes que Duffy sugeriu, ou seja, com espaços que buscam estimular o espírito colaborativo e aumentar a produtividade. Esse movimento teve destaque entre as empresas sediadas no Vale do Silício, na Califórnia. Gigantes da tecnologia, como Google, Yahoo e Facebook, ajudaram a espalhar o conceito de escritórios descontraídos, “sem barreiras”. Hoje, até ban-cos e operadoras de cartão de crédito, como a American Express, têm espaços de trabalho que mais parecem um parque de diversões para adultos.

Mas a liberdade de não ficar acor-rentado à mesa de trabalho o dia inteiro tem gerado discussão. Em 2011, o psicólogo or-ganizacional Matthew Davis analisou mais de uma centena de estudos sobre esses novos ambientes. Apesar de concordar que a des-contração ajuda a promover um sentido de comunidade e camaradagem entre os fun-cionários, ele descobriu que a nova compo-

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Google Pioneiro em transformar os espaços de trabalho em lugares lúdicos e mais humanos, o Google segue inovando. A sede da empresa no México tem um espaço de reunião com balanços; um táxi de verdade, remodelado, para falar ao telefone; e as salas técnicas ficam dentro de um vagão de metrô | SPACEMEX.COM

sição do escritório prejudica o pensamento criativo, o nível de satisfação e a atenção. Em comparação aos escritórios “antigos”, os funcionários agora sofrem com interrupções constantes em razão da falta de privacidade. Davis percebeu que isso afeta a produtividade e gera altas taxas de estresse.

Outro estudo, realizado em 2013 pela Universidade de Berkeley, na Califórnia, revela que os funcionários que trabalham nesse modelo de escritório estão frustrados. Entre as queixas mais recorrentes, figuraram a falta de privacidade visual e sono-ra. O estudo afirma que, apesar da interação com os colegas ter melhorado, esse novo ambiente dificulta a concentração. Para os entrevistados, a vantagem de um escritório com divisões é que você pode se isolar antes de uma reunião ou em momentos de muito estresse. Além do aspecto emocional, a pesquisa afirma que esses escritórios são capazes de alterar a saúde física dos funcionários. A grande causa disso está no excesso de barulho encontrado nesses ambientes integrados. Em laboratório, foi comprovado que o barulho reduz o desempenho cognitivo, ou seja, o som afeta a forma como pensamos, logo, esses ambientes prejudicam nossa capacidade de guardar informação.

Os pesquisadores perceberam, ainda, que o desempe-nho e o nível de satisfação também caíram entre os trabalhado-

res jovens, derrubando a ideia de que esse problema só afetava uma geração que cresceu acostumada com a velha distribuição em cubículos. De acordo com a pesquisa, a geração do milênio, se comparada com a anterior, está na frente quando o assunto é multitask, porém, nem sempre isso é uma qualidade. Quanto maior a habilidade de lidar com várias tarefas ao mesmo tempo, diz a pesquisa, pior é a capacidade de se proteger das distrações. Os pesquisadores sugerem que, independentemente da idade, é essencial identificar os elementos que causam distração no tra-balho. Afinal, esse novo ambiente veio para ficar.

Nós temos ritmos de trabalho diferentes. Colocar todos os funcionários em um escritório aberto e descontraído pode ajudar nos problemas de interação entre grupos de áreas distin-tas, mas, no fim do dia, o que importa é o aumento da produtivi-dade, algo que esse modelo ainda não foi capaz de cumprir. No entanto, dificilmente os escritórios voltarão a ser como antes. A ideia é que esse novo escritório tenha que ir além de um espaço aberto, lúdico e carregado de opções de descanso, como escor-regadores, academias e piscinas de bolinhas.

O desafio de amanhã é criar um espaço que apresente uma sensação de privacidade e, ao mesmo tempo, seja flexível o suficiente para que as pessoas possam se movimentar e interagir.

48 ABD CONCEITUAL SETEMBRO/2015

coisas que você precisa saber sobre

yDECORAÇÃO

TEXTO JOÃO LOURENÇO10Joseph Dirand é designer de interiores disputado no cenário internacional. Parisiense, ele foi criado em um ambiente cercado de pensadores, artistas e escritores. Filho de Jacques Dirand, famoso fotógrafo de interiores, Joseph passou grande parte da infância ao lado do pai, em “expedições” pelos espaços mais cobiçados da França. Além da arquitetura, as primeiras influências dele foram os Jardins de Versailles e a arte povera, que ele coleciona até hoje.

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2_Joseph se formou em arquitetura na Paris-Belleville, mas a vida o levou a uma direção diferente. “Eu acreditava que iria me formar e ser convidado para desenhar gran-des prédios. Mas, quando você tem 23 anos, ninguém confia em você. Então, aceitei projetos menores que estavam mais ligados à decoração.”

O primeiro trabalho de destaque de Joseph foi para a loja da estilista japonesa Junko Shimada, em Paris, e o come-ço da carreira foi marcado por uma estética minimalista. A palheta de cores raramente fugia do preto e branco,

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mas projetos posteriores o forçaram a expandir a identi-dade visual. “Percebi que era muito fácil seguir modelos de sucesso do passado, mas isso não estava me acres-centando nada. Qualquer artista tem que se arriscar em novos conceitos. É aquela velha coisa de abandonar a zona de conforto. Para mim, deu certo.”

Em 1999, aos 26 anos, abriu um pequeno escritório com alguns amigos e, na última década, o escritório foi responsável por premiados projetos ao redor do mun-do, como o Hotel Distrito Capital, na Cidade do México. “Hoje tenho um time de dez designers. Trabalhamos juntos em todos os projetos e somos uma espécie de família de artesãos.”

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Além de hotéis e restaurantes, a equipe de Joseph é res-ponsável pelo conceito de lojas de algumas das maiores grifes internacionais: Alexander Wang, em Pequim; Rick Owens, em Londres; Givenchy e Balmain, em Paris. “Per-cebo que essas marcas vêm até mim não pelo meu esti-lo, mas pela forma como eu conto uma história.”

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coisas que você precisa saber sobre

JOSEPHDIRAND.COM

TEXTO JOÃO LOURENÇO

JOSEPH DIRAND

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Joseph Dirand é designer interessado em contar uma his-tória, porém, ele não conta por contar. Uma das principais características do trabalho do designer é a ausência de qualquer coisa supérflua. “Design de interiores tem mais a ver com o seu modo de vida, com amizade e generosida-de do que com estilo.”

dem e sou atraído por materiais naturais ou coisas que são feitas à mão. Quando se trata da natureza, você não tem controle absoluto. Pense em um mármore: cada peça vai apresentar uma característica diferente.”

A inspiração do parisiense vem das performances do ar-tista alemão Joseph Beuys e das pinturas de Jean-Michel--Basquiat. “E não se esqueça da luz de Paris! Para mim, a luz do ambiente chega a ter tanta importância quanto os objetos. A luz nos ajuda a respirar, e isso é refletido nos objetos e no espaço em si. Seja em um hotel no México, uma residência em Miami ou uma loja na Ásia, o ponto que busco é o mesmo: um lugar onde você possa obser-var e sentir a presença de luz.”

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Caracterizado por linhas fortes e proporções impecáveis, o estilo de Joseph é fácil de ser reconhecido. É muito “limpa” a maneira como ele trata e define o espaço. De uma forma contemporânea, ele reinventa elementos decorativos tradicionais da cultura francesa, como o piso em parquet e maçanetas douradas. Faz um mix de clas-sicismo e minimalismo.

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Materiais como latão, bronze e grandes peças de már-more fazem parte da assinatura do designer. “Gosto de olhar para materiais que expressam uma ideia de desor-8_

Recentemente, Joseph passou a se interessar por teci-dos. “Nos primeiros 15 anos da minha carreira, não pen-sava muito nesse material. Era algo que quase não usava, ou sempre designava essa parte para outra pessoa da minha equipe. Até uns anos atrás, tinha um total de 40 amostras. Hoje, tenho gavetas e gavetas. Desenhei lojas para diversos estilistas, acho que isso colaborou com mi-nha nova obsessão.”

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RAY COLLINS trabalhava em uma mina de carvão em New South Wales, na Austrália. Machucou o joelho e teve que ficar seis meses afastado. Por recomendação médica, voltou a nadar. Do acidente surgiu Seascapes, incrível série de fotografias que mostram ondas do mar como se estivessem congeladas. O australiano aprendeu os fundamentos da fotografia – velocidade, diafragma, composição e óptica – recorrendo a tutoriais online. Começou como bodyboarder, registrando surfistas pegando onda, mas logo os surfistas deixaram de ser o foco principal das imagens. Em 2009, Ray ganhou o prêmio da Follow The Light Foundation e as fotografias dele foram parar em grandes publicações de surfe. “Ondas vazias, com bela iluminação, sempre me inspiraram. Atualmente, documentar o oceano é a minha prioridade. Eu amo fotografar surfe, mas sinto que a imagem de uma onda sem um ser humano nunca será datada.”

“A natureza criou as mais perfeitas esculturas e tenho sorte de poder registrá-las. Amo fotografar alguém dentro de um tubo, mas clicar uma onda vazia também me satisfaz muito”

De cima para baixo: STEPS, SNOW MOUNTAIN, OMINOUS

C

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