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SIGPOSTOS - Proposta de um Sistema de Informação Geográfica como apoio a decisão para a licença de postos de combustíveis em São Luís-MA André Luis Silva dos Santos ¹², Venerando Eustáquio Amaro ² ¹ Instituto Federal do Maranhão - IFMA São Luís, MA Tel: (98) 3218-9067 E-mail: [email protected] ²Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Natal, RN Tel: (98) 3215-9067 E-mail: [email protected] Resumo. Este estudo aborda a situação epidemiológica da dengue em São Luís – MA no período de 2004 a 2008 utilizando-se técnicas de geoprocessamento para análise temática das áreas dos Distritos Sanitários existentes na capital maranhense. Dentre os resultados obtidos sobre o perfil epidemiológico da doença, a maior prevalência de casos ocorreu no ano de 2007, nos meses de março a julho, período da estação chuvosa, com maior taxa de letalidade (4,6%), presença simultânea dos sorotipos DEN1, DEN2 E DEN3, predominância de notificações de dengue em Unidades de Saúde públicas, preponderância de casos dengue e FHD nos Distritos Sanitários do Coroadinho e Bequimão, respectivamente, o Distrito do Tirirical foi onde ocorreu mais óbitos por FHD. Palavras-chave: Dengue, Epidemiological Profile, Spatial Analysis, Dengue, Perfil Edpidemiológico, Analise Espacial 1. Introdução O quadro epidemiológico atual da dengue no país caracteriza-se pela ampla distribuição do Aedes aegypti em todas as regiões, com uma complexa dinâmica de dispersão do seu vírus, circulação simultânea de três sorotipos virais: Dengue Vírus 1 (DENV1), Dengue Vírus 2 (DENV2) e Dengue Vírus 3 (DENV3), e vulnerabilidade para a introdução do sorotipo Dengue Vírus 4 (DENV4). O Geoprocessamento e os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) mostram-se como instrumentos de aperfeiçoamento da saúde, auxiliando no planejamento, na prestação e na avaliação dos serviços à população, sendo possível o mapeamento desta doença, ao procurar contribuir na estruturação e análise dos fatores de risco para a população, na elaboração de mapas temáticos. Diante de uma enfermidade que afeta a saúde de vários brasileiros todos os anos e por representar um crescente problema de saúde pública evidenciado na cidade de São Luís, mostrou-se significativo a realização deste estudo, para demonstrar a característica epidemiológica da dengue em São Luís – MA no período de 2004 a 2008, baseando-se na dimensão e importância deste tema, juntamente com os índices de mortalidade que vem apresentando nos últimos anos. 2. Materiais e Métodos O Trabalho foi realizado com dados quantitativos de casos de dengue, notificados à Semus – Secretaria Municipal de Saúde através da Coordenação de Vigilância, em São Luís – MA, no período de 2004 a 2008.

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SIGPOSTOS - Proposta de um Sistema de Informação Geográfica como apoio a decisão para a licença de postos de combustíveis em São Luís-MA

André Luis Silva dos Santos ¹², Venerando Eustáquio Amaro ²

¹ Instituto Federal do Maranhão - IFMA

São Luís, MA Tel: (98) 3218-9067 E-mail: [email protected]

²Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Natal, RN Tel: (98) 3215-9067 E-mail: [email protected]

Resumo. Este estudo aborda a situação epidemiológica da dengue em São Luís – MA no período de 2004 a 2008 utilizando-se técnicas de geoprocessamento para análise temática das áreas dos Distritos Sanitários existentes na capital maranhense. Dentre os resultados obtidos sobre o perfil epidemiológico da doença, a maior prevalência de casos ocorreu no ano de 2007, nos meses de março a julho, período da estação chuvosa, com maior taxa de letalidade (4,6%), presença simultânea dos sorotipos DEN1, DEN2 E DEN3, predominância de notificações de dengue em Unidades de Saúde públicas, preponderância de casos dengue e FHD nos Distritos Sanitários do Coroadinho e Bequimão, respectivamente, o Distrito do Tirirical foi onde ocorreu mais óbitos por FHD. Palavras-chave: Dengue, Epidemiological Profile, Spatial Analysis, Dengue, Perfil Edpidemiológico, Analise Espacial 1. Introdução

O quadro epidemiológico atual da dengue no país caracteriza-se pela ampla distribuição do Aedes aegypti em todas as regiões, com uma complexa dinâmica de dispersão do seu vírus, circulação simultânea de três sorotipos virais: Dengue Vírus 1 (DENV1), Dengue Vírus 2 (DENV2) e Dengue Vírus 3 (DENV3), e vulnerabilidade para a introdução do sorotipo Dengue Vírus 4 (DENV4).

O Geoprocessamento e os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) mostram-se como instrumentos de aperfeiçoamento da saúde, auxiliando no planejamento, na prestação e na avaliação dos serviços à população, sendo possível o mapeamento desta doença, ao procurar contribuir na estruturação e análise dos fatores de risco para a população, na elaboração de mapas temáticos.

Diante de uma enfermidade que afeta a saúde de vários brasileiros todos os anos e por representar um crescente problema de saúde pública evidenciado na cidade de São Luís, mostrou-se significativo a realização deste estudo, para demonstrar a característica epidemiológica da dengue em São Luís – MA no período de 2004 a 2008, baseando-se na dimensão e importância deste tema, juntamente com os índices de mortalidade que vem apresentando nos últimos anos. 2. Materiais e Métodos

O Trabalho foi realizado com dados quantitativos de casos de dengue, notificados à Semus – Secretaria Municipal de Saúde através da Coordenação de Vigilância, em São Luís – MA, no período de 2004 a 2008.

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O município está dividido administrativamente em sete distritos sanitários: (1) Centro, (2) Itaqui Bacanga, (3) Coroadinho, (4) Cohab, (5) Bequimão, (6) Tirirical, e (7) Vila Esperança, que representam, em média, cada um, 50 localidades.

A população de São Luís, segundo dados do IBGE (2011) é de 1.017.772 habitantes. A população estudada foi de 3.432 casos, exceto os ignorados e brancos da dengue notificados e disponíveis na CVE - SEMUS do Município de São Luís - MA.

Após a coleta de dados os mesmos foram analisados e organizados em freqüência e porcentagens, distribuídos em tabela e gráficos, e espacializados no SIG ArcGIS®, utilizando a tabela de atributos do município e distribuídos por Distritos Sanitários, facilitando a compreensão dos dados do estudo através da construção de mapas temáticos. 3. Resultados e Discussão

Constata-se que a partir do período de 2004 a 2008, em São Luís, registraram-se dois picos epidêmicos, em 2005 e 2007, exceto em 2004, 2006 e 2008, anos de baixa incidência (Tab. 1). Pode-se basear no estudo feito por Gonçalves Neto e Rebêlo (2004), que constataram variações nos intervalos de ocorrências de casos notificados de dengue a partir de 1999, onde explicam que isso ocorra, possivelmente em decorrência do estabelecimento de uma imunidade de grupo parcial.

Tabela 1 – Distribuição de casos notificados de dengue segundo o ano em São Luís – MA, 2004 -2008 segundo dados do Sinan/Semus (2009) Ano 2004 2005 2006 2007 2008

Casos Notificados 526 2634 1341 3432 1259 Fonte: Sinan/Semus (2009)

Observou-se maior freqüência de casos dengue em todos os anos, especificamente nos meses de março a julho, que acontece a estação chuvosa, indicando um comportamento sazonal, registrando uma diminuição no segundo semestre conforme dados de Santos (2009). Gonçalves Neto e Rebêlo (2004) sobre os aspectos epidemiológicos da dengue no Município de São Luís nos anos de 1997 a 2002, mencionam que as chuvas exercem grande influência na determinação do período de ocorrência da doença.

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Figura 1 - Mapa espacial da distribuição dos casos notificados de dengue por distritos sanitários, São Luís - MA, 2004-2008

Na Fig. 1 constata-se que os números de notificações variam de Distrito Sanitário a

cada ano, os distritos com maior registro de casos em todos os anos foi do Coroadinho (1697), seguido do Be quimão com (1668). O Distrito que apresentou menor quantidade de notificações em todos os anos foi o da Vila Esperança, representando o total de (6%). O fato se justifica porque o referido distrito tem na sua grande maioria localidades com característica rurais (SEMUS, 2009) uma vez que o mosquito Aedes aegypti é essencialmente urbano (OPAS, 1995).

Segundo Silva Júnior et al. (2002), são identificados vários determinantes sociais da transmissão do vírus da dengue, como urbanização não planejada, abastecimento irregular descontínuo de água, como também coleta e disposição final do lixo inadequada, o Distrito do Coroadinho se destaca com maior ocorrência de casos de dengue notificados devido a esses fatores relacionados acima.

Observa-se na Fig. 2 que os maiores registros de casos de FHD nos Distritos Sanitários foram no ano de 2006 e 2007. Os Distritos onde ocorreram mais registros de casos de FHD durante todos os anos foram do Bequimão (54) e do Tirirical (48) respectivamente.

Segundo a Semus (2009) o distrito do Bequimão é o maior em ocorrência dos casos FHD, porque possui como característica uma população formada pela classe média,apresenta também elevada densidade populacional, contribuindo, assim para a multiplicação dos casos de FHD. No estudo de Vasconcelos et al. (1999), sobre o impacto da epidemia da dengue na população de São Luís em 1995 e 1996, enfatizou que nos Distritos Sanitários cuja população apresentava melhores condições sócio-econômicas foram os que apresentaram maiores índices de positividade dos casos de FHD.

De acordo com os registros desses anos, os primeiros casos de óbito por FHD foram registrados de 2006 a 2008. Destaca-se a letalidade de 6%, que é elevada para os parâmetros preconizados pela OMS (2001), que é de menos de 1%. A ocorrência das formas hemorrágicas da dengue tem sido, em parte, explicada pela presença de anticorpos devido às infecções seqüenciais por diferentes sorotipos do vírus da dengue (HALSTEAD, 2001).

Figura 2 – Mapa espacial da distribuição dos casos de FHD por distritos sanitários, São Luís - MA, 2004-2008.

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4. Conclusões Quanto ao estudo do perfil epidemiológico da dengue no Município de São Luís nos

anos de 2004 a 2008, foi possível concluir que os anos de 2005 e 2007 foram marcados por nítidos picos epidêmicos dos casos de dengue. A maior freqüência dos casos de dengue e FHD ocorrem nos meses chuvosos (março a julho), mostrando que as chuvas exercem grande influência na determinação do período de ocorrência da doença.

Constatou-se a letalidade por FHD a 6%, elucidando que esses casos aparecem com mais freqüência nas áreas em que múltiplos sorotipos da dengue são endêmicos

O uso de Geprocessamento e SIG através de mapas temáticos foi útil para observar de maneira espacial a distribuição de casos notificados e de FHD por seus distritos sanitários. Os Distritos Sanitários do Coroadinho e Bequimão apresentaram maior número de notificações, respectivamente, sendo que o segundo obteve maior número de casos de FHD.

Recursos significativos têm sido investidos nos programas de combate ao mosquito transmissor da dengue, mas os resultados não são promissores por conta de diversas características que contribuem para a proliferação do Aedes aegypti nessas regiões.

A discussão sobre o perfil epidemiológico da dengue não se encerra neste estudo, espera-se que o mesmo sirva de contribuição e estímulo para novas pesquisas, uma vez que é pouco freqüente estudo sobre esse tema no Brasil. Referências CÂMARA, F. P. et al. Clima e epidemias de dengue no Estado do Rio de Janeiro. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 42, p. 137-140, mar./abr. 2009.

GONÇALVES NETO, V. S.; REBÊLO, J. M. M. Aspectos epidemiológicos do dengue no Município de São Luís, Maranhão, Brasil, 1997-2002. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, p. 1424-1431, set./out., Rio de Janeiro, 2004.

HALSTEAD, S.B. Dengue hemorrhagic fever, a public health problem and a Field for research. Bull. WHO, v. 58, n. 1, p. 1-21, 2001.

IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/mapa_site/mapa_site.php#populacao>. Acesso em: 23 jul. 2011.

OMS. Dengue hemorrágica, diagnóstico, tratamento, prevenção e controle. São Paulo: Ed. Santos, 2001.

OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde. Prevención y control del dengue. CD43/12. 53 a sesión Del Comité Regional. 43 en Consejo Directivo.Washinton, D.C, 2001.

SANTOS, Maria Miraíra Silva. Perfil Epidemiológico da Dengue, 2004 a 2008, São Luís – MA. Departamento de Enfermagem, Faculdade Santa Teresinha, Monografia de Graduação. 59p., 2009.

SEMUS. Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do Município de São Luís. São Luís, 2009.

SILVA JÚNIOR, J.B. Epidemiologia em serviço: uma avaliação de desempenho do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde 2004. Tese de (Doutorado em Saúde Coletiva) – Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciência Médicas, 2004.

VASCONCELOS, P. F. C. et al. Inquérito soro-epidemiológico na Ilha de São Luís durante epidemia de dengue no Maranhão. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 32, p. 171-179, mar./abr., 1999.