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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências e Tecnologia
Campus de Presidente Prudente
SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA TOMADA DE
DECISÃO MUNICIPAL
FASE II RELATÓRIO PARCIAL
(abril de 2001 à março de 2002)
2
Presidente Prudente, maio de 2002
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Faculdade de Ciências e Tecnologia
Campus de Presidente Prudente
SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA A TOMADA DE
DECISÃO MUNICIPAL
FASE II
RELATÓRIO PARCIAL DE PESQUISA SUBMETIDO À AVALIAÇÃO
DO PROGRAMA DE POLÍTICAS PÚBLICAS DA FAPESP
PROCESSO NÚMERO: 98/14010-6
3
Coordenação do Projeto Prof. Dr. Eliseu Savério Sposito Equipe de Pesquisadores da UNESP
Profa. Dra. Ana Archangelo Guimarães
Profa. Ms. Ana Lúcia de Jesus Almeida
Profa. Ms. Eliane Ferrari Chagas
Profa. Dra. Encarnita Salas Martin
Prof. Ms. Everaldo Santos Melazzo
Prof. Dr. Raul Borges Guimarães
Prof. Ms. Renilton José Pizzol
Prof. Ms. Sérgio Braz Magaldi
Auxiliares de Pesquisa Rose Maria do Nascimento
4
SUMÁRIO
Lista de mapas................................................................................................
Lista de quadros..............................................................................................
1. Apresentação.................................................................................................. 2. Exclusão social e sistemas de indicadores: um debate em
construção....................................................................................................... 3. Atividades propostas e realizadas do projeto Fase II..................................... 4. Outras atividades realizadas............................................................................ 5. Considerações Finais....................................................................................... 6. Referências Bibliográficas................................................................................ Anexos..................................................................................................................
05 05 06 09 33 68 79 83 89
5
LISTA DE MAPAS
MAPA 1 – Presidente Prudente - UEPs – número de habitantes por domicílio
2000.........................................................................................................................
MAPA 2 - Presidente Prudente - Macrosetores – número de habitantes por domicílio 2000.......................................................................................................... MAPA 3 – Presidente Prudente - Setores Censitários – número de habitantes por domicílio 2000..........................................................................................................
61 62 63
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Síntese das características de bases e bancos de dados utilizados em saúde............................................................................................... FLUXOGRAMA – Sistema de Informação e Mapeamento da Exclusão Social para Políticas Públicas...........................................................................................
59 66
6
1. APRESENTAÇÃO
7
O presente relatório parcial tem o objetivo de apresentar as atividades desenvolvidas
na Fase II do Projeto Sistema de Informação para Tomada de Decisão Municipal, no
período, abril de 2001 a março de 2002.
De acordo com o Plano de Atividades do Projeto proposto na Fase II, estavam
previstos para o período citado: a) “avançar na concepção teórica da exclusão social”; e b)
“aprimorar o tratamento das informações capazes de identificar as áreas prioritárias e seus
graus de exclusão”. (p.14)
O relatório está organizado em cinco partes: esta apresentação, três capítulos e as
considerações finais. O segundo capítulo trata da discussão conceitual desenvolvida pelo
grupo, organizada em três textos. No primeiro, intitulado “A propósito do debate sobre
exclusão social: aportes teóricos, escala local e indicadores sociais” enfoca-se a discussão
teórica sintetizada pelo grupo. Nos demais, intitulados, respectivamente: “As dimensões
socioeconômica e demográfica das desigualdades em uma cidade média: a construção de
um sistema de indicadores sociais” e “As condições de saúde e sócio-ambientais das
desigualdades em uma cidade média: a construção de um sistema de indicadores sociais”
são abordadas as diferentes dimensões dos processos sob análise.
O terceiro capítulo descreve as atividades previstas na Fase II e já desenvolvidas ou
em desenvolvimento. São elas: 1. Consolidação das bases cartográficas digitais; 2. Bases
de dados, análises situacionais e construção de indicadores; 3. Delimitação de unidades
espaciais hierarquizadas; 4. Aplicação da estimativa rápida; 5. Desenho da arquitetura e
funcionamento do SISGeo (SISTEMA INTERSETORIAL DE INDICADORES SOCIAIS
GEOREFERENCIADOS).
O quarto capítulo apresenta as demais atividades desenvolvidas pelos participantes
do projeto, bem como desdobramentos relacionados à apresentação dos resultados da Fase
I, como segue: institucionalização do grupo através do seu cadastramento no CNPq;
elaboração da home page; palestras e apresentações de resultados em eventos;
publicações; publicações em que a pesquisa é citada e sistematização e organização de
acervo de referências utilizadas.
Nas considerações finais retoma-se o cronograma previsto e comenta-se os
impactos internos e externos obtidos pelo projeto e pelo grupo junto à Universidade, outros
órgãos e junto à sociedade local. Com relação aos primeiros, são discutidos aspectos
relativos à consolidação do SIMESPP (Sistema de Informação e Mapeamento da Exclusão
Social para Políticas Públicas) junto a UNESP, tais como a importância da existência do
caráter interdepartamental do grupo e a incorporação de novos membros pesquisadores.
Com relação aos impactos externos, são abordadas as possibilidades de novas parcerias e
8
a aprovação do convênio da UNESP com o IBGE, dentre outros, além de uma avaliação da
execução orçamentária do projeto.
9
2. EXCLUSÃO SOCIAL E SISTEMAS DE INDICADORES:
UM DEBATE EM CONSTRUÇÃO
10
2.1. A propósito do debate sobre exclusão social: aportes teóricos, escala local e
indicadores sociais.
Segundo Freund, no prefácio do livro de Xiberras (1993), o conceito de exclusão
social é recente, embora o processo por ele delimitado não o seja. A co-existência de
pessoas com plenos direitos e de grupos com estatutos diferentes não era motivo de
discussões mais amplas no passado, por exemplo. Entretanto, atualmente, tem sido objeto
de discussão por parte de diferentes instituições e na academia, o que justifica a demanda
pela formulação do conceito.
Na literatura internacional, muitos autores como Levitas (2000); Burchardt (2000);
Costa (2001)) afirmam que a exclusão social foi primeiramente adotada pelo discurso e pela
agenda das políticas sociais, passando, progressivamente a ser incorporada pelo discurso
político. Apenas ganha relevância acadêmica quando sua popularidade acaba demandando
seu entendimento e conceitualização.
Tradicionalmente encontrado em trabalhos franceses, o termo exclusão social se
espalhou rapidamente por diversos países, com diferentes propósitos e significados. Ainda
hoje, os teóricos concordam em como esse termo pode ser controverso.
Advoga-se aqui que esse debate acerca das concepções sobre exclusão social é
relevante, especialmente quando levado em conta que políticas públicas vêm sendo
formuladas a partir do que se entende por esse termo. Além disso, uma série de
mobilizações políticas e sociais estão em curso ao redor do que o termo exclusão social
evoca. Por mais problemático que seja, o esforço de conceitualização não deve, portanto,
ser abandonado.
Para Burchardt (2000), o conceito de exclusão social foi originalmente pensado nos
anos 70 pela via pragmática, como referência aos excluídos – aqueles que escapam à rede
de proteção social. Castel (1998) afirma que a exclusão social foi considerada o mais
extremo ponto do processo de marginalização, que se traduz no processo de ruptura do
relacionamento entre indivíduo e sociedade, gerando uma compreensão ampla da exclusão
como processo multidimensional e multifacetado.
Na tradição britânica, por outro lado, a ênfase recai sobre os aspectos distributivos, o
que traz à tona a discussão sobre as diferenças entre o conceito de exclusão social e o de
pobreza.
De acordo com Levitas (2000), há nos documentos oficiais, no discurso político e nas
tentativas de conceitualização da exclusão social na Grã-Bretanha três abordagens distintas
e coexistentes. São elas: 1. O discurso redistributivo, no qual a exclusão é vista como
consequência da pobreza; 2. O discurso da integração social, que associa exclusão à falta
de trabalho pago; 3. E o discurso moral da sub-classe (moral underclass discourse), que tem
11
como principal preocupação aquelas que são consideradas as causas morais e culturais da
pobreza.
Evidentemente, algumas críticas são feitas a essas abordagens, como por exemplo o
reducionismo presente na primeira; a exclusão dos trabalhadores mal remunerados e
daqueles que trabalham excessivamente da segunda e a recuperação da tradicional e
preconceituosa idéia de ‘classe perigosa’, na terceira (Levitas, 2000). O que permanece
frágil na maioria das formulações descritas acima é que por mais multidimensional e
dinâmica que as concepções de exclusão social possam parecer, elas ainda são entendidas
como resultado da falta de recursos, em outras palavras, como resultado da pobreza.
De acordo com Room (2000), a multidimensionalidade e dinamicidade seriam as
duas principais características da exclusão social que a diferenciariam da pobreza.
Entretanto, elas não seriam suficientes para eliminar essa relação de subordinação da
primeira em relação à segunda.
Uma abordagem diferente é formulada por Xiberras (1993). Para ela, exclusão social
pode ser tomada em três diferentes direções: 1. Exclusão de categorias de população, como
população negra ou população idosa, por exemplo; 2. Exclusão de grupos resultante de
outros processos de exclusão como, por exemplo, grupos raciais criados em decorrência de
racismo; 3. ou ainda exclusão provocada por processos outros, não diretamente vinculados,
como a exclusão decorrente de processos de modernização, que provocam o desemprego e
a exclusão de um grupo do mercado de trabalho.
Isso significa que a exclusão social pode ser resultado da submissão de um indivíduo
ou grupo à pobreza, mas pode também resultar de valores culturais que definem o que deve
ser considerado benigno ou não. Idosos são excluídos não porque ser velho é
intrinsecamente negativo ou originalmente relacionado à pobreza, mas por estar
socialmente relacionado a valores culturais, sociais e morais que definem o que é bom ou
mau em determinada sociedade. Portanto, exclusão parece estar sempre relacionada à
diferença, podendo essa ser exigida (‘nós somos diferentes, nós somos melhores’),
suportada (como a deficiência), ou imposta, como Xiberras aponta (1993). Como Room
(2000) também atesta, há um componente relacional na exclusão social.
De acordo com Costa (2000), esse componente seria resultado do acesso que
sujeitos e grupos são autorizados a ter com os sistemas sociais básicos – as comunidades,
instituições, territórios aos quais pertencem e recursos econômicos. Dessa participação
social, tais sujeitos estariam construindo algumas referências simbólicas que adicionariam a
dimensão subjetiva ao conceito de exclusão social.
Como o processo de formulação do conceito de exclusão social está longe de ser
encerrado, a solução pragmática para o debate tem sido uma concordância implícita no que
se refere à diferença, mas também à utilidade dos conceitos em circulação.
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No Brasil, observa-se também e de maneira cada vez mais intensa a utilização do
termo exclusão social na formulação de discursos políticos, por parte da mídia e também por
aqueles que, do ponto de vista teórico, tem se esforçado para sua formulação conceitual.
Porém, ponto a ser destacado, é que no Brasil o conceito de exclusão vem sendo
cada vez mais associado à idéia da desigualdade e de sua permanência secular em nossa
sociedade. Assim é que em um dos mais amplos panoramas deste debate no Brasil,
intitulado “Notas ainda preliminares sobre a exclusão social. Um problema brasileiro de 500
anos” (Veras, 1999), percebe-se claramente que a evolução do debate não deixa de lado a
compreensão das relações de poder que diferenciam, segregam e limitam amplas parcelas
da sociedade brasileira do acesso aos resultados da riqueza socialmente gerada.
Desde os seminais trabalhos de Kowarick (1979), nos anos 70, que se plasma a
idéia dos espoliados urbanos como aqueles que não têm o direito de participar dos
benefícios da urbanização. Com os trabalhos de Maricato (1979) e Singer (1980), por sua
vez, aparecem as questões relacionadas à dimensão espacial das desigualdades nas
cidades brasileiras via um mercado seletivo e segregador que condiciona o acesso à
habitação e à cidade. Já Santos (1987) alerta para o peso do lugar na construção da
cidadania e Oliveira (1997) lança um olhar agudo sobre os processos de transformação
mais recente da inserção externa do Brasil no contexto mundial e seus resultados, no qual
não cabe mais incluir as massas nem como produtora e nem como consumidora.
Voz diferenciada neste contexto é a de Martins (1997) que ao analisar o conceito de
exclusão afirma que sua utilização além de produzir e reproduzir relações marginais,
também cria um universo ideológico no imaginário social que é, em si mesmo, excludente. O
conceito de exclusão é rechaçado uma vez que o que se assiste é a uma inclusão precária
ou marginal.
Porém, é possível localizar a partir dos trabalhos de Sposati (1996) uma
preocupação diretamente relacionada à formulação teórica do conceito, bem como um
avanço no trabalho de base empírica, desenvolvendo o Mapa da Inclusão/Exclusão Social
de São Paulo. Pretendendo assumir o caráter relacional e multidimensional da exclusão
social, Sposati sugere diferentes possibilidades conceituais, associando a cada uma sua
definição e a maneira específica de recortá-la empiricamente, tal como demonstrado a
seguir:
a) Exclusão estrutural: decorreria do processo seletivo do mercado, que não garante
emprego a todos, gerando contínua desigualdade. A exclusão, aqui, encontra-se associada
a um modelo de desenvolvimento excludente.
b) Exclusão absoluta: decorrente da condição de pobreza absoluta de uma parcela
crescente da sociedade. Trata-se aqui da privação, tomada em seu sentido material e não
material.
13
c) Exclusão relativa: sofrida por aqueles que possuem os níveis mais baixos de acesso e
apropriação da riqueza social e das oportunidades historicamente acessíveis ao ser
humano.
d) Exclusão da possibilidade de diferenciação: decorrente do grau de normalização e
enquadramento que as regras de convívio estabelecem entre os grupos de uma sociedade,
não efetivando o direito de minorias. No caso, o padrão de tolerância/intolerância inclui ou
não as heterogeneidades de gênero, etnia, opção sexual, opção religiosa, necessidades
especiais etc.
e) Exclusão da representação: grau pelo qual a democracia de uma sociedade possibilita
tornar presentes e públicas as necessidades, interesses e opiniões dos vários segmentos
especialmente na relação Estado-sociedade.
f) Exclusão Integrativa: a exclusão é perversamente a forma de um segmento da população
permanecer precariamente presente na lógica da acumulação, tal como anteriormente
sugerido por Martins (1997)
Revela-se, assim, a enorme complexidade de situações passíveis de serem
abarcadas pelo conceito de exclusão, sendo que os esforços teóricos devem se dirigir,
paulatinamente, para aproximar seu conteúdo das reais possibilidades de alcançar as
situações concretas de indivíduos, famílias e comunidades.
O conceito de exclusão social remete, portanto, à discussão das novas feições da
pobreza e da desigualdade em suas dimensões objetivas, restando ainda um campo aberto
a ser explorado para a apreensão e compreensão dos processos subjetivos que diferenciam
social e individualmente grupos e segmentos que, cada vez mais, perdem seu lugar e suas
referências enquanto participantes de uma dada comunidade de valores.
Quando situamos tal discussão no âmbito das cidades brasileiras e do nível local, a
questão da exclusão social adquire novos contornos, conforme será apresentado a seguir.
A escala local e as políticas públicas
As cidades brasileiras concentram enormes contingentes de pessoas em bairros
pobres. Esta pobreza urbana tem ampliado o contraste e a diversidade de carências e
necessidades, mas também criado e recriado inúmeros circuitos de solidariedade e de
interação social.
14
Decorre daí que, por mais difuso e sujeito a controvérsias, o conceito de exclusão
social tem a capacidade de apontar as facetas múltiplas das situações de desigualdade,
vulnerabilidade e risco – a dimensão econômica, a social, a política e a intersubjetiva ou
simbólica - geradas pela pobreza urbana.
As relações que produzem e reproduzem a pobreza urbana, seja a desigualdade,
seja a exclusão, são relações de poder entre grupos sociais mediadas pelo Estado e a
implementação de políticas que permitam reduzi-las ou mesmo erradicá-las não será factível
sem a compreensão de que a igualdade (mas não a homogeneização) só ganha sentido
quando formulada no âmbito público. Tal reflexão nos remete, necessariamente, aos níveis
de articulação das ações no âmbito das políticas públicas.
Se compreendermos a política pública como uma agenda consensuada em virtude
de interesses de indivíduos, grupos ou segmentos de classe que lutam pela legitimação de
seus discursos, o poder que permeia essas interações consiste numa “virtualidade prática”
e não deixa de ser ele próprio um meio de representação da trama das relações sociais e
do ato de medir e controlar (Bourdieu: 1997). Por tal razão, a agenda da política pública não
está dada, mas é uma questão em aberto e envolve um conjunto de agentes que a
disputam buscando um objetivo ou cumprindo uma tarefa bem localizada territorialmente.
Por intermédio do lugar que demarca a posição dos agentes sociais, a política
pública é o meio e o fim de múltiplas relações de controle, de vizinhança, de distanciamento
e de aproximação que criam e recriam lugares de poder, nos termos estudados por
Raffestin (1993). Trata-se, portanto, de pensar o lugar enquanto o lugar da ação e da
possibilidade de engajamento na ação, o que pede o mapeamento da pluralidade de
agentes sociais, suas parcerias e articulações, bem como os mecanismos de acesso ao
centro do poder.
No momento atual, segundo Santos (1996), o poder de comando encontra-se cada
vez mais centralizado em instâncias superiores e distantes, verificando uma assimetria nas
relações entre os agentes, localizados e articulados em níveis escalares diversos. No nível
local, tem-se o lugar da realização do fenômeno, que pode ser denominada da escala da
ação. Em um nível mais amplo, quer seja do Estado-nação ou mesmo do sistema mundial,
tem-se o lugar do comando, que é a escala das forças operantes.
Com base nestas idéias, consideramos que os processos geradores da exclusão
social nas cidades brasileiras são aqueles decorrentes da perda crescente de poder
decisório do nível local. Quanto mais encontra-se dissociada a escala da ação do nível do
comando e controle, maior o grau de exclusão social.
Por outro lado, os lugares também podem se fortalecer por meio das políticas
públicas de nível local que visam o enfrentamento deste processo de exclusão social. A
partir das ações localmente constituídas, reconstrói-se, assim, uma base de vida que amplia
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a eficácia da política pública a serviço da sociedade civil e do interesse coletivo. É o que tem
se verificado nas experiências em desenvolvimento em inúmeras cidades brasileiras, cujo
poder público local tem chamado para si e colocado esta questão no centro da agenda
pública.
O desafio é de compreender os novos significados da vida urbana e dos processos
geradores da pobreza e exclusão social no Brasil. Para isto, a construção de indicadores
sociais pode se tornar um poderoso instrumento de intervenção nesta realidade.
Sistema de Indicadores: análise e enfrentamento da exclusão social
Até aqui, a fundamentação e as perspectivas teóricas traçadas procuraram chamar a
atenção para: a) a amplitude de concepções e abordagens associadas ao conceito de
Exclusão Social; b) ao seu componente relacional; c) à sua multidimensionalidade,
dinamicidade e à variedade de situações e aspectos que envolvem o conceito; e, d) para a
necessidade de se vincular agentes sociais, lugar e poder como condição para o
entendimento da exclusão social e como possibilidade de enfrentamento de seus processos
através da construção de políticas públicas de nível local. Nesse sentido, os balizamentos
teóricos não podem deixar de dialogar, convergir e compartilhar com a produção e o fluxo de
informações; sua organização e sistematização, principalmente quando se está diante do
propósito de decifrar as situações e condições objetivas de desigualdade e vulnerabilidade
que se manifestam no território urbano, exigindo novas capacidades e habilidades daqueles
que pretendem interpretá-las e desafiá-las.
Quais são os princípios e os critérios que devem reger, por exemplo, a seleção das
fontes e bases de dados mais adequadas às finalidades desta proposta de trabalho?
Justifica-se ou não, neste momento em que se procura discutir as abordagens teóricas a
respeito da exclusão social, percorrendo e problematizando as contribuições que mobilizam
os conceitos de desigualdade e pobreza, inserir a questão da escolha e da utilização de
indicadores; sua credibilidade/confiabilidade; seus recortes, escopos, bases territoriais,
periodicidades e níveis de agregação/desagregação? Que propriedades e funcionalidades
devem ser consideradas na construção e na operacionalização de indicadores sociais
georeferenciados em cidades médias brasileiras, tendo em vista os diferentes agentes
produtores e compiladores de dados primários, suas respectivas diversidades de temas e
abrangências de situações da realidade social que por eles são cobertas e medidas? O que
dizer então dos processos e métodos de aglutinação, composição e ponderação de índices
e indicadores mais pertinentes e adequados ao cumprimento do objetivo de dotar o sistema
de planejamento público (e seus agentes), de ferramentas eficazes para a formulação e
avaliação de Políticas Públicas municipais? São questões que têm mobilizado o Grupo de
16
Pesquisa SIMESPP que não podem ser pensadas de uma forma em que as dimensões
teórica, prática e política se apresentem dissociadas.
O esclarecimento e a problematização de tais questões encontra ressonância em
autores familiarizados com a crítica da trajetória do setor público no Brasil, quer na direção
de sua capacitação como principal agente produtor de instrumentos de análise e
diagnóstico, quer no de propositor, gestor e avaliador de políticas públicas em diferentes
escalas. Enquanto que para Sposati (2000), a exclusão/inclusão social pode ser revelada
através de “uma metodologia de linguagens quantitativas, qualitativas e de
geoprocessamento” que produz índices territoriais que, relacionados, revelam gradientes de
heterogeneidade internos da cidade (a referência aqui é a cidade de São Paulo), para
Jannuzzi (2001; 2002), a reflexão sobre o uso de indicadores sociais nas atividades
relacionadas ao planejamento, o conduz a pensar e a oferecer “subsídios para a definição
de um marco metodológico mais abrangente e adequado para utilização dos Indicadores
Sociais na formulação e avaliação das políticas públicas municipais” (p. 22).(grifos nossos).
Assim, o fundamento que aqui se toma como referência inicial para a construção de
um Sistema Intersetorial de Indicadores Sociais Georeferenciados (SISGeo), que seja capaz
de instrumentalizar agentes sociais para análise de processos e situações de
vulnerabilidade e desigualdade gerados no interior das cidades médias, assim como para a
formulação e avaliação de políticas públicas municipais, é revelado pelo próprio significado
da noção de Indicador Social apresentado por Jannuzzi, quando o define como:
“uma medida em geral quantitativa dotada de significado social
substantivo, usada para substituir, quantificar ou operacionalizar um
conceito social abstrato, de interesse teórico (para a pesquisa
acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). É um
recurso metodológico empiricamente referido, que informa algo sobre
um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se
processando na mesma”. (Jannuzzi, 2001:15)
É necessário pois, antes de mais nada, nos alerta o autor, não confundir ou substituir
“o conceito indicado pela medida supostamente criada para operacionalizá-lo, sobretudo no
caso de conceitos abstratos complexos como Desenvolvimento Humano, Condições de
Vida, Qualidade de Vida ou Responsabilidade Social”. Jannuzzi (2002:03) No caso deste
trabalho, tal observação também se faz relevante na operacionalização do conceito de
Exclusão Social. Portanto, o Indicador Social ao ser concebido e operado segundo tais
propriedades, constitui-se no elemento que articula: a(s) matriz(es) teórica(s), a concepção
conceitual e a objetividade empiricamente medida dos fenômenos, relações e processos
17
sociais inscritos no território aos quais aquela(s) matriz(es) e conceito servem de referência.
Mais do que isso, quando se incorpora aos objetivos o interesse da política pública, como
neste caso, isto é, quando se está diante do propósito de traduzir direitos anunciados em
parâmetros e práticas efetivas (através de programas e ações de governo, por exemplo), os
indicadores sociais utilizados devem, igualmente, estar referenciados claramente ao
paradigma de planejamento e ação institucional adotados e anunciados previamente, e que
lhes servem de base.
Instituições e agências multilaterais (OCDE, FAO, OMS, PNUD, etc) têm consolidado
a discussão sobre os parâmetros de definição, propriedades, escopo, alcance, etc, dos
indicadores sociais. Jannuzzi mostra que, além de sua relevância para as agendas das
políticas sociais e das propriedades já anunciadas acima,
“um indicador social deve ter um grau de cobertura populacional
adequado aos processos a que se presta, deve ser sensível às
políticas públicas implementadas, específico a efeitos de programas
setoriais, inteligível para os agentes e públicos-alvo das políticas,
atualizável periodicamente a custos factíveis, ser amplamente
desagregável em termos geográficos, sócio-demográficos e
socioeconômicos e gozar de certa historicidade para possibilitar
comparações no tempo”. (Jannuzzi, 2002:03)
Este Projeto procurou ao longo dos últimos meses, atender ao objetivo de ampliar e
aprimorar a compilação e o tratamento/processamento de bases de dados e informações de
diferentes fontes (municipais, estaduais, federais), dos mais diversos conteúdos
(demográficos, econômicos, habitacionais, educacionais, de saúde, ambientais, etc), com o
grau de desagregação geográfica exigido (setor censitário, macrosetor e Unidades
Espaciais de Planejamento) e necessária atualização. Dados e informações ao mesmo
tempo confiáveis e sensíveis o suficiente para registrar mudanças em intervalos curtos de
tempo e, portanto, relevantes à identificação combinada de largo espectro, de situações
sociais de vulnerabilidade, risco e precariedade. Este conjunto de procedimentos e
atividades coloca-se como pressuposto e condição necessários à construção de indicadores
sociais de diferentes naturezas, que ao serem operacionalizados, testados, combinados e
correlacionados, permitem: 1. a consolidação de uma metodologia que dá base e
sustentação à arquitetura e à funcionalidade SISGeo e, como consequência já prevista pelo
projeto, o desenvolvimento de um aplicativo a ser executado através de interface
informatizada; 2. a identificação qualificada de grupos sociais e áreas urbanas quanto aos
seus respectivos níveis (multidimensionalizados; relacionais; multi escalares) de
18
exclusão/inclusão social; 3. como corolário, um valioso instrumento de avaliação de políticas
públicas municipais (setoriais ou intersetoriais). Esta etapa já se encontra em pleno
desenvolvimento neste primeiro semestre de 2002.
19
2.2. As dimensões socioeconômicas e demográficas das desigualdades em uma
cidade média: a construção de um Sistema de Indicadores Sociais.
Mais que uma etapa do processo de construção de um sistema de indicadores, a
seleção de bases de dados, a escolha de variáveis e a definição dos tipos de indicadores
exige um olhar teórico prévio que delimite conceitualmente os processos a serem indicados.
No caso de sistemas de indicadores sociais que apontem as desigualdades,
vulnerabilidades e riscos de indivíduos, famílias, áreas urbanas e/ou comunidades, o rigor
se faz tanto mais necessário uma vez que não existe consenso sobre o conceito de
exclusão social. Nesse sentido, na realidade das cidades médias brasileiras não há como
desconsiderar variáveis chave para a apreensão de processos demográficos e econômicos
presentes no interior das cidades, tais como a distribuição territorial da população, o
desemprego e a distribuição dos rendimentos familiares. Assim, como parte das atividades
de elaboração do Sistema Intersetorial de Indicadores Sociais Georeferenciados, o presente
texto focaliza algumas das dimensões socioeconômicas e demográficas desta realidade sob
análise.
Os dados demográficos revelam diferenças e desigualdades1.
No mapeamento das desigualdades socioespaciais no interior da cidade, o
conhecimento da distribuição territorial da população se faz relevante, pois podemos
identificar a localização/concentração de uma determinada demanda potencial. Por
exemplo, através do conhecimento da distribuição da densidade demográfica, pode-se
identificar locais que, pela concentração de pessoas em uma pequena área, precisam de
determinadas infra-estruturas ou serviços.
Sendo assim, realizou-se o mapeamento da distribuição territorial da densidade
demográfica por setor censitário, macrosetor (IBGE) e por Unidades Espaciais de
Planejamento (Pref. Municipal e IBGE) da área urbana de Presidente Prudente,
considerando-se que esta é uma variável georeferenciada que auxilia, ao lado de outras
tantas, a identificação de situações de maior ou menor vulnerabilidade/risco e desigualdade
relativa no contexto da cidade.
Efetuou-se o cálculo da densidade demográfica2 no interior de Presidente Prudente a
partir da divisão do número de pessoas recenseadas em 2000 (domicílios) pela área em
hectares dos setores censitários, utilizando-se a malha censitária urbana de 2000. A partir 1 Os dados e informações apresentados nesta seção foram trabalhados pela auxiliar de pesquisa Rose Maria do Nascimento e pelo Professor Sérgio Braz Magaldi 2 Ao calcular a área dos setores censitários, consideramos as ruas, calçadas, praças e demais espaço sem construção.
20
desse cálculo, elaborou-se o mapa definindo os intervalos para identificação da densidade
em cada setor pelo método dos quartis, utilizando para tanto, o software padrão de
geoprocessamento adotado pelo Projeto (MapInfo�). Assim, obteve-se os seguintes
intervalos: 1. até 76 hab/ha; 2. de mais de 76 a 103 hab/ha; 3. de mais de 103 a 146 hab/ha;
e 4. de mais de 146 a 582 hab/ha.
Analisando-se o mapa produzido, observa-se que na cidade há uma certa
homogeneidade aparente na distribuição da densidade demográfica. Cerca de 45% dos
setores censitários possuem uma densidade de até 76 hab/ha, ou seja, estão no primeiro
quartil. Daí optar-se na presente análise, pelas informações geradas pelo mapa nas áreas
(setores) relativas aos intervalos dos dois quartis mais extremados (que apresentam os
maiores valores intervalares hab/ha). Essa observação revela que 10,5%, ou seja, apenas,
25 dos mais de 200 setores da cidade possuem entre mais de 146 a 582 hab/ha, sendo que
todos se localizam na periferia da cidade, principalmente nas Zonas Leste (11 setores que
compreendem diversos bairros, tais como: Vilas Iti, Verinha, Mendes, Aurélio, Brasil, Flores,
Nova Prudente, Líder, Jardim Itapura, Jardim Brasília, Parque Furquim entre outros) e a
parte externa da Zona Oeste da cidade (7 setores localizados no Conjunto Habitacional Ana
Jacinta). Num rápido exercício de projeção, considerando-se que cada setor possui uma
extensão média de cerca de 10 hectares3, podemos estimar que nestes 25 setores mais
adensados (e periféricos), vivem mais de um terço da população prudentina (numa área que
equivale aproximadamente a 10% da cidade). Isso não só indica desigualdade, como
evidencia os rígidos limites que se impõem às populações periféricas no acesso, com um
mínimo de mobilidade, a uma fração significativa do território urbano, não por coincidência, a
mais equipada em termos de instalações e serviços.
Outro aspecto que vale destacar na distribuição territorial da densidade demográfica
no interior da cidade de P. Prudente, é o fato de que 60% dos setores que apresentam as
maiores densidades demográficas corresponderem a Conjuntos Habitacionais. O setor 108,
que apresenta a maior densidade da cidade (581,95 hab/ha), corresponde a um Conjunto
Habitacional vertical (prédios da Cecap) e o segundo setor mais adensado, o de número
210, correspondente ao Conjunto Habitacional verticalizado do Jardim Itapura (450,34
hab/ha).
Esses Conjuntos Habitacionais são destinados a uma população de menor renda
que o mercado imobiliário descarta (quer no plano da demanda, quer no da oferta), sendo
portanto, resultado de política pública dirigida à diminuição das demandas por moradia. Por
3 Pautando-se pelos próprios critérios do IBGE, isto é, de que um setor censitário equivale em média à área coberta por um intervalo entre 250 e 300 domicílios. Não obstante, deve-se reconhecer que trata-se aqui de uma estimativa baseada em relação média generalizada.
21
outro lado, nas áreas de mais baixa densidade demográfica4, os setores 252 e 249
correspondem aos bairros Chácara do Macuco, Parque Higienópolis, Bosque Itajú e
Condomínio Damha. Estes, destinados a uma população de maior renda, identificados como
loteamentos e construções de alto padrão.
Outra variável que nos auxilia na visualização desse grau de desigualdade da
distribuição da população no interior da cidade é o número de habitantes por domicílio, que
varia em Presidente Prudente, de 2,31 a 4,83 (IBGE, 2000). Apenas 2 setores apresentam
um número maior do que 4 habitantes por domicílio: o setor 187, que corresponde ao bairro
Humberto Salvador e o setor 177, que corresponde ao Conjunto Habitacional Brasil Novo,
ambos localizados na periferia urbana. Registra-se ainda que o primeiro originou-se de uma
doação de terrenos feita pela Prefeitura Municipal a partir de cadastro de famílias de baixa
renda num projeto bastante polêmico de desfavelização (que pode ser entendido como
remoção de pobres de áreas que então se valorizam), durante o governo municipal 1993-
1996.
Essas informações são indicadoras de um determinado padrão socioeconômico, de
uma determinada estrutura predominante de constituição e reprodução familiar, de um
aspecto relevante da qualidade de vida, entre outros elementos indicativos de desigualdade
intra-urbana. Portanto, o estudo da distribuição da população no interior da cidade
(densidade demográfica, número de habitantes por domicílio, etc), torna-se conteúdo
significativo no contexto da organização de um Sistema de Indicadores Sociais e no
processo de identificação e mapeamento da exclusão social, visando à elaboração de
Políticas Públicas municipais.
A desigualdade da distribuição da renda no espaço intra-urbano de Presidente Prudente.5
A discussão teórica a respeito do conceito de exclusão social em muito tem
colaborado para fixar a idéia de sua multidimensionalidade. Assim, ao contrário de
avaliações sobre a miséria e a pobreza, a exclusão não se restringe somente às carências
materiais e/ou monetárias de uma dada população. Enquanto miséria e pobreza têm sido
associados na literatura com a ausência, precariedade ou intermitência de rendimentos
monetários estáveis, a exclusão remete à análise das articulações entre diferentes
dimensões que comporiam, para uma dada sociedade, os elementos da qualidade de vida.
4 Exceto os setores: 246 (Distrito Industrial); 139 (Residencial Maré Mansa), recentemente implantado, com grande parte de sua área ainda desocupada e, 156 (Residencial Universitário e Vale do Sol, que são setores cujas áreas são em grande parte incorporadas por terrenos vazios de grandes dimensões). 5 Os dados expostos nesta parte do trabalho foram produzidos pelos alunos Julio Ferreira e Vitor Miyasaki, do 2º ano do Curso de Geografia da FCT/Unesp, sob a orientação do prof. Everaldo Santos Melazzo.
22
Porém, em uma sociedade capitalista, o acesso aos bens de consumo individuais e
mesmo a vários bens de uso coletivo se dá através do mercado. Ou seja, a satisfação de
necessidades e desejos deve ser mediada pela compra de mercadorias que, em assumindo
preços de mercado, exigem a mediação da renda monetária para seu acesso.
Desta forma, em que pesem todas as preocupações necessárias para que não
ocorra uma redução da exclusão a seus componentes econômicos, faz-se necessária a
análise da variável renda como componente relevante na configuração de processos de
distinção social. Isso é possível quando a abordagem desta variável ressalta a desigualdade
de sua distribuição.
Lidar com fontes, dados e informações a respeito da distribuição da renda não é
tarefa fácil e corriqueira. No presente trabalho foram utilizados os dados de rendas mensais
médias e medianas (expressas em reais) dos chefes de família, por macrosetores6 da área
urbana de Presidente Prudente, levantados pelo IBGE em 2000 (Censo Demográfico, 2000).
De início convém apresentar duas informações gerais, porém extremamente
relevantes: a renda média na cidade de Presidente Prudente alcança o valor de R$
1.089,06, enquanto a renda mediana, R$ 500,00. A diferença presente nessas duas
medidas de estatística descritiva acabam por revelar uma primeira faceta da desigualdade: a
metade dos chefes de família (cujas rendas atingem no máximo R$ 500,00) auferem uma
renda 46% inferior à média da cidade 7. Ou seja, a parte inferior da pirâmide de renda
sequer alcança metade da renda média da cidade como um todo.
Uma segunda informação relevante: tomando-se as rendas médias dos chefes de
família em cada um dos 25 macrosetores em que se divide a cidade, observa-se claramente
a desigualdade de sua distribuição: enquanto 15 macrosetores apresentam valores que
variam entre R$ 357,10 e R$ 826,14, portanto abaixo da média geral da cidade, os outros 10
macrosetores apresentam rendas que variam entre R$ 1093,99 e R$ 4192,95. Depreende-
se desses dados que a diferença entre o macrosetor de mais baixa e aquele de mais alta
renda é de 11,6 vezes.
Mas é a partir do momento em que são tomadas as rendas médias e medianas para
cada um dos setores que se revelam, de maneira mais clara, as condições estruturais da
desigualdade e para esta análise utilizaremos a diferença entre as duas variáveis para
caracterizar as condições de maior homogeneidade/heterogeneidade intra e inter áreas para
alguns dos 25 macrosetores urbanos.
6 Setores são divisões adotadas oficialmente pelo IBGE, mas para que não haja confusões entre as denominações setores e setores censitários o grupo decidiu denominar os primeiros de macrosetores já que esses correspondem a agregação dos setores censitários. Para maiores esclarecimentos vide item 3.1. Consolidação das bases cartográficas, no presente relatório. 7 Não seria demais lembrar aqui que a diferença entre médias e medianas de rendimentos de chefes de família alcança 47% na cidade de São Paulo e 48% na cidade do Rio de Janeiro, as duas maiores metrópoles do país. (Folha de São Paulo, 1/4/2002, p. C1)
23
Observa-se, em primeiro lugar, que nos sete macrosetores de menores rendas
médias (entre R$357,10 e R$560,08) os chefes de família com renda abaixo das respectivas
medianas em cada macrosetor auferem entre 64% e 83% da renda média. Por outro lado,
tomando-se os quatro macrosetores de maiores rendas médias (acima de R$3000,00), em
três deles os 50% de menor rendimento alcançam apenas entre 41% e 52% da renda
média. A exceção é encontrada para o macrosetor de maior renda média no interior da
cidade (R$ 4192,95), onde a renda dos 50% de chefes de menores rendimentos alcança
71%.
De que maneira estes dados preliminares poderiam gerar informações capazes de
contribuir na explicação dos processos de exclusão social no interior da cidade de
Presidente Prudente? Que conclusões poderíamos avançar?
Em primeiro lugar ressalte-se, de um lado, que os dados demonstram que a
proximidade de médias e medianas, que estaria a indicar uma maior aproximação entre os
50% de menores rendas à renda média do macrosetor, é maior justamente onde as rendas
médias são menores. Ou seja, quanto menores as rendas médias maior seria a
homogeneidade dos chefes (e das famílias) localizados no macrosetor, de acordo com a
renda. De outro lado, os macrosetores onde ocorre o maior distanciamento entre média e
mediana, ou seja, mais heterogêneos em relação à renda média dos chefes, correspondem
a áreas de rendas médias elevadas.
Esta informação passa a ganhar um significado maior a partir do momento em que
se observa que enquanto os primeiros macrosetores (correspondentes aos bairros Brasil
Novo, Jardim Humberto Salvador, Morada do Sol, Parque Alexandrina, Jardim Guanabara e
adjacências), aqueles de maior homogeneidade na distribuição de renda, localizam-se na
porção norte e no extremo sudeste, o segundo grupo (Jardim das Rosas e Jardim Morumbi,
Jardim João Paulo II e outros loteamentos fechados, bem como Jardim Alto da Boa
Vista),de maior heterogeneidade, localiza-se nas porções sul e sudoeste.
Esta informação contrasta (mas não é contraditória) com o fato de se localizar na
porção sul o macrosetor de maior renda média e de elevada (para os padrões observados)
homogeneidade interna, uma vez que a renda mediana alcança quase 72% da renda média.
A conclusão possível e suficiente neste momento é de que se constata a produção
progressiva de espaços verdadeiramente segregados no interior da cidade.
Os bairros de menores rendas, localizados na porção norte apresentam
homogeneidade na pobreza, enquanto na porção sul o loteamento fechado apresenta altas
rendas e também uma grande homogeneidade. Os extremos espaciais da distribuição da
renda se encontram: cada um no seu lugar, cada um junto a seus “iguais”, de preferência (e
na realidade) nos extremos opostos não apenas da pirâmide da distribuição da renda, mas
também nos extremos opostos do espaço da cidade.
24
Análise das informações sobre desemprego, vulnerabilidade e precariedade do trabalho
numa cidade média8.
As situações de desemprego, subemprego, precariedade das condições e das
relações de trabalho são, dentre todas, as que atualmente neste país mais impactam e
determinam as condições de exclusão social. Por isto, um projeto que procura sistematizar
informações que permitem enfrentar as diferentes situações de exclusão, não poderia deixar
de lado dados sobre este fenômeno.
Entretanto, não há em Presidente Prudente (bem como em qualquer cidade média
brasileira), quaisquer informações disponíveis e minimamente organizadas que, pelo menos,
estimem e procurem individualizar situações de demanda por trabalho e emprego. A única
fonte que possibilita uma análise mais aprofundada da questão do desemprego é o cadastro
do serviço criado pela Secretaria Estadual do Emprego e Relações de Trabalho do Estado
de São Paulo (SERT) presente através de seus escritórios regionais nas sedes das regiões
administrativas do Estado.
Ressalte-se, entretanto, duas observações preliminares a respeito deste cadastro:
primeiro que o conjunto dos cadastrados não representa necessariamente o conjunto dos
desempregados do município uma vez que se reconhece o fato de que nem todos procuram
ou tem acesso a tal serviço e, segundo, que como não há uma atualização permanente do
cadastro no sentido de retirar aqueles indivíduos que conseguem emprego, o número de
cadastrados não pode ser tomado como total de desempregados.
Porém, este cadastro apresenta um total de mais de 26 mil cadastrados. Isso por si
só já é extremamente significativo, revelando a importância e a emergência do problema da
falta de oportunidades e da exigüidade que a economia local dispõe em termos de
horizontes para a situação das rendas provenientes do trabalho.
A base de dados obtida registra diferentes informações para cada um dos
cadastrados à procura de emprego e aí se encontra o grande mérito para a utilização deste
cadastro: a prospecção de características que possibilitem traçar um perfil do indivíduo que,
por estar cadastrado, encontra-se em situação de desemprego e/ou precariedade frente ao
mercado de trabalho.
Um perfil básico destes cadastrados indica que 50,51% são mulheres e 49,49% são
homens; os analfabetos representam menos de 1% do total, porém 35,94% não
completaram o ensino fundamental e 32,33% não completaram o ensino médio e apenas
3,34% completaram o ensino superior; 8,9% tem entre 15 e 18 anos, 35,1% entre 19 e 35
8 As variáveis sobre emprego e desemprego têm sido trabalhadas, nesta fase do projeto, pelo aluno Eduardo Ferreira Barbosa e pelo Professor Everaldo Santos Melazzo
25
anos e 29,9% entre 26 e 35 anos; 38,5% estão desempregados a menos de 3 meses,
enquanto 31,3% a mais de 12 meses.
Com relação aos resultados obtidos através do mapeamento do endereço dos
indivíduos cadastrados é possível encontrar algumas características básicas, a saber:
- a distribuição da demanda por trabalho e emprego no espaço urbano revela uma certa
progressividade negativa, do centro para as periferias norte e leste.
- a maior concentração de cadastrados ocorre nos bairros Conjunto Habitacional Brasil
Novo, na zona Norte da cidade, e no Jardim Cambuci, Jardim Paraíso, Jardim Sumaré e
Jardim Chácara Marisa, na zona Leste da cidade.
- as zonas norte, leste e o extremo oeste da cidade, apresentam 17 setores em que o
número de cadastrados é significativo (intervalo entre 200 e 400 cadastrados).
- há, por outro lado, um número expressivo de setores censitários em que não se registra
nem mesmo um cadastrado (vários setores da área central da cidade e das zonas sul e
oeste).
- a zona leste apresenta a maior concentração em termos negativos, isto é, maior
freqüência de setores com números altos em termos de cadastrados em busca de
emprego/ocupação.
Os resultados obtidos até o momento com a utilização desta base de dados e as
informações possíveis de serem construídas sobre o desemprego para a composição de um
quadro mais apurado de um indicador de exclusão social, indicam claramente a
desigualdade existente entre os distintos setores, no que se refere às características da
população que ali reside. O refinamento destas informações e seu conseqüente
mapeamento poderão representar, sem dúvida, a possibilidade de um indicador que
discrimine efetivamente situações de exclusão social.
26
2.3. As condições de saúde e sócio-ambientais das desigualdades em uma cidade
média: a construção de um Sistema de Indicadores Sociais
Vários estudos realizados em Presidente Prudente indicam que as condições
ambientais e as formas de adoecer e morrer são profundamente desiguais no interior do
espaço urbano. É o caso do trabalho de Gomes (1994), que analisou a distribuição da
mortalidade infantil no município. Pode-se também destacar o trabalho de Carvalho (1997),
que construiu coeficientes de mortalidade por causas específicas de cada micro-região da
área urbana prudentina. No que se refere ao estudo dos recursos hídricos e das condições
ambientais nas microbacias, Martin (2001) discute a questão da poluição das águas no
município e Amorin (2001) caracteriza a diversidade de condições ambientais das áreas
verdes urbanas. Tais estudos tornaram-se referência para a compreensão da exclusão
social nos bairros nos quais reside a população de baixa renda e têm subsidiado a reflexão
a respeito da construção de indicadores para análise deste processo.
O grupo de pesquisadores do SIMESPP tem realizado um estudo exploratório dos
dados disponíveis no campo da saúde e ambiente visando à produção de informações e
construção de indicadores adequados à realidade de cidades de porte médio tal qual
Presidente Prudente. É o que será apresentado a seguir.
Análise da distribuição espacial das mortalidades geral e infantil
A mais antiga e tradicional maneira de mensurar as doenças diz respeito às
estatísticas de mortalidade por causa, que tiveram sua origem em Londres, no século XVI,
em uma Europa dizimada por doenças infecto-contagiosas. Os dados de mortalidade, já
naquela época, serviram muito bem aos interesses da saúde pública, principalmente,
enquanto predominavam as doenças infecciosas de caráter mais agudo.
Com o declínio destas doenças, o interesse passou a ser dirigido às chamadas
doenças crônicas e àquelas conseqüentes a riscos ambientais, particularmente ligados à
industrialização. Nesse sentido, os dados de mortalidade já não eram suficientes por várias
razões, entre as quais, reconhecer a causa básica de morte em doenças crônicas de longa
duração que poderiam subestimar as taxas de freqüência destas doenças uma vez que a
causa direta da morte era, muitas vezes, conseqüência de outra doença.
O sistema de declaração de óbito tem sido utilizado em todos os países e é adotado
como fonte primária dos dados de mortalidade. Contém a identificação do(a) falecido(a) bem
como as causas da morte. Sendo este mesmo modelo usado em outros países, os dados
obtidos podem ser comparados, estudados e analisados, seja do ponto de vista
epidemiológico ou ainda para analisar os diversos fatores que estão ligados à mortalidade.
27
Para as estatísticas de mortalidade, a causa tabulada é chamada causa básica de
morte, definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) pela “doença ou lesão que iniciou a
sucessão de eventos mórbidos que levou diretamente à morte, ou as circunstâncias do acidente ou a
violência que produziu a lesão letal” (Ministério da Saúde, 1999, p.11). Para mensurá-la, são
usados coeficientes, taxas e a mortalidade proporcional. Utilizam-se, na mensuração das
variáveis, os coeficientes de mortalidade geral e de mortalidade infantil. É interessante
observar que todos os países usam o mesmo modelo de declaração de causa de morte que
foi adotado a partir de 1950, o que permite comparações entre países e regiões.
Atualmente, a necessidade de se medir a freqüência de doenças na população geral,
de áreas menores ou de grupos populacionais específicos, renovou o interesse pelas
estatísticas de mortalidade. Doyle et al. (1997), por exemplo, utilizaram os indicadores de
mortalidade para fundamentar estudo sobre cidades saudáveis, envolvendo aspectos
epidemiológicos e formulação de políticas públicas.
Desde o estudo de declínio da mortalidade por doença isquêmica do coração no
município de São Paulo, em 1976, têm-se demonstrado cada vez mais a importância da
utilização das estatísticas de mortalidade para avaliar a prevalência, a incidência e a
localização espacial das doenças no Brasil (Forattini, 1992).
A partir dos dados de mortalidade e de suas causas, estudos epidemiológicos e de
intervenção estão sendo realizados. A mortalidade por causa fornece dados e indicativos de
freqüência das doenças na população e é amplamente utilizada dentro da epidemiologia.
Esses dados são utilizados como medidas diretas, tendo como exemplo a mortalidade
proporcional e, indiretas, tendo como exemplo a mortalidade infantil. Tais parâmetros podem
servir como base na compreensão das doenças existentes e da predominância dessas em
diferentes populações. Quando distribuídas espacialmente, estas medidas permitem
relações causais com outros fatores, assim como a existência de serviços de assistência à
saúde, facilidade de acesso a estes e situações socioeconômicas e ambientais presentes
em cada área.
No presente estudo, os dados de mortalidade e a causa da morte foram usados
como indicadores de saúde, com o objetivo de analisar o número de óbitos, agrupar as
causas dos mesmos e localizá-los no mapa de exclusão social de Presidente Prudente, no
biênio 2000/2001.
Tendo em vista este objetivo, os dados foram coletados a partir do Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
(SINASC). Ambos os sistemas são documentações do Ministério da Saúde e possuem
diversas informações sobre a declaração de óbito e a de nascidos vivos, respectivamente.
O SIM é um sistema de vigilância epidemiológica nacional desenvolvido e aplicado
no Brasil desde 1975, com nova versão de 1999. Tem como objetivo captar dados sobre os
28
óbitos do país a fim de fornecer informações sobre mortalidade para todos os níveis do
sistema de saúde e embasar ações de gerenciamento em saúde, seja municipal, estadual
ou no âmbito federal.
Esta base de dados proporciona a construção de indicadores de saúde e permite
estudos não apenas do ponto de vista estatístico-epidemiológico, mas também do sócio-
demográfico. O documento de entrada do sistema é a Declaração de Óbito padronizada em
todo o território nacional. Os dados são coletados pelas Secretarias Municipais de Saúde e,
após serem devidamente processados, são consolidados em bases de dados estaduais,
pelas Secretarias Estaduais de Saúde. Estas bases, por sua vez, são remetidas à
Coordenação de Informações e Análises da Situação de Saúde (CIASS), constituindo uma
base de dados de abrangência nacional. Portanto, este sistema fornece informações
pertinentes para o desenvolvimento de estudos como o que se pretende aqui.
Para análise da mortalidade geral, foi utilizada a mortalidade proporcional que
corresponde à percentagem em que é relacionado o número de óbitos por uma determinada
doença em um período e o número total de óbitos nesse mesmo período. Para a
mortalidade infantil foi utilizado o coeficiente de mortalidade infantil dado pela relação entre
os óbitos de menores de um ano, numa área e ano e o número de nascidos vivos na área e
ano multiplicado por 1000.
Em relação à distribuição espacial da mortalidade geral compreendida entre 1º de
janeiro e 31 de dezembro de 2000, foram produzidos 11 mapas por setor censitário. Os
resultados obtidos mostraram que foram múltiplas as causas de óbitos e, por isso, para a
confecção dos mapas foram selecionadas as causas de morte de maior prevalência neste
período. Os resultados revelam:
1. As doenças circulatórias apareceram como principal causa (28% do total de óbitos).
Verificamos, a partir do mapa, uma distribuição relativamente homogênea dos casos,
com algum destaque para as áreas centrais e mais antigas da cidade.
2. As neoplasias representaram 16% do total de óbitos, com destaque para as
neoplasias de estômago (10,2% do total das neoplasias), brônquios e pulmões
(10,2%), próstata (7,8%), mama (5,4%) e colo do útero (4,2%). Este mapa
apresentou uma distribuição homogênea no espaço urbano, não evidenciando
nenhuma área específica. Portanto, para uma análise mais apurada, seria
necessário verificar os óbitos proporcionais por idade e a população por setor
censitário.
3. Os óbitos por causas mal definidas e desconhecidas (14% do total), podem sinalizar
falhas no sistema de saúde, já que estão relacionados às mortes sem assistência
médica e, por isso, necessitam de uma melhor investigação. No mapa produzido com
29
esses dados, revelou uma distribuição uniforme, não evidenciando nenhuma área
específica.
4. A quarta causa de óbito é a denominada de causas externas (8% do total).
Evidenciamos duas áreas de risco, Jardim Paraíso e Morada do Sol. É interessante
observar que, quando excluídas as causas por acidentes automobilísticos e demais
causas externas, a distribuição espacial dos óbitos por violência através de arma de
fogo ou branca, concentrou-se em áreas periféricas. Essa foi a maior causa de óbito
da faixa etária compreendida entre 15 e 35 anos (53,2%), perfil epidemiológico muito
semelhante aquele apresentado pelo relatório da UNESCO sobre violência (2002).
5. Outra causa de óbito importante para a população desta faixa etária foi a AIDS (17%
dos óbitos) e a sua distribuição concentrou-se em áreas periféricas da cidade.
6. Os óbitos por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas representaram 7% do
total, com destaque àqueles em decorrência da diabete (87,8% dos óbitos por essas
causas). A distribuição espacial dos óbitos por diabete não caracterizou uma área
específica de risco, pois as mortes ocorreram tanto nas áreas centrais, como nas
periferias do espaço urbano.
7. As doenças respiratórias, que também representaram 7% dos óbitos totais,
evidenciaram uma distribuição homogênea. Entretanto, é interessante observar que
90,4% das pessoas que foram a óbito por essa causa tinham mais de 50 anos de
idade.
8. As afecções originadas no período perinatal e as más formações congênitas
corresponderam a 5% dos óbitos totais.
Estes dados estão sendo trabalhados e uma análise mais profunda está sendo
realizada, revendo diversos aspectos como a distribuição espacial, razões populacionais por
setores censitários, prevalência das causas e relação com as condições de cada setor
censitário ou aglomerado de setores (macrosetores, UEPS).
Em relação à mortalidade infantil, os dados referem-se aos anos de 2000 e 2001.
Todos os casos notificados foram distribuídos espacialmente no mapa de Presidente
Prudente (SP), produzindo-se 2 mapas de mortalidade infantil. Das crianças que foram a
óbito, investigaram-se todos os casos daquelas que nasceram com muito baixo peso. O
mapeamento destes casos foi realizado, produzindo mais 2 mapas que georeferenciaram as
informações destes óbitos. Considerando a importância da relação do peso da criança ao
nascer com a mortalidade infantil, também foram elaborados 2 mapas da distribuição
espacial de todas as crianças que nasceram com muito baixo peso na cidade de Presidente
Prudente (SP).
30
Com base na análise dos mapas da distribuição de mortalidade foi possível
estabelecer alguns parâmetros de avaliação da relação entre a saúde e a qualidade de vida
em uma cidade de porte médio, como Presidente Prudente. No entanto, existe a
necessidade de aprofundamento das relações entre os indicadores de saúde trabalhados e
a exclusão social.
Em busca de indicadores ambientais relacionados aos processos de exclusão social
A definição de indicadores para a área de meio ambiente não tem sido uma tarefa
fácil, quando se considera todos os critérios e elementos que devem compor um indicador, a
começar pela acessibilidade/disponibilidade de dados. Quando se consegue o acesso aos
dados, este se dá, muitas vezes, mais a partir de relações pessoais, do que por uma política
de disponibilização, particularmente, por parte de órgãos públicos. Além dessa dificuldade,
há também o problema da falta de atualização dos dados, falta de homogeneização da base
territorial utilizada, o que faz com que o processo de preparação dos dados se dê de
maneira bastante trabalhosa e demorada.
Outro problema a ser enfrentado é definir indicadores realistas, ou seja, condizentes
com a realidade apresentada pelas diferentes cidades e regiões e até dentro de uma mesma
cidade. No Brasil tais diferenças são muito expressivas. Ao mesmo tempo em que há
cidades em que a cobertura de serviços considerados de infraestrutura (abastecimento de
água, coleta de esgoto e coleta de lixo) se dá de acordo com padrões equivalentes a países
europeus ou dos Estados Unidos e Canadá, há cidades que não possuem qualquer desses
serviços, o que faz com que a avaliação da qualidade de vida precise se dar a partir desses
indicadores de saneamento básico.
Em Presidente Prudente (SP), a cobertura dos serviços de infraestrutura é de 99%
no abastecimento de água, 95% de coleta de esgotos e 95% de coleta de lixo. Neste caso é
preciso incluir outros indicadores relacionados. Portanto, com respeito à infraestrutura, os
problemas considerados, para efeito de avaliação de qualidade de vida e para a
determinação de áreas de exclusão social, foram a inexistência de sistema de tratamento de
esgotos e a destinação final do lixo urbano.
A unidade territorial utilizada foi os setores censitários do Censo 2000.
Consideraram-se as seguintes situações com respeito à existência de depósito de lixo: setor
com presença de depósito de lixo, setor vizinho a depósito de lixo e setor sem depósito de
lixo e não vizinho de setor em que houvesse depósito. Foram atribuídos pesos a cada uma
dessas situações e a partir deles construiu-se um mapa do “Nível de Exposição aos
Resíduos Sólidos”.
31
A deposição final do lixo em Presidente Prudente sempre se deu de maneira
inadequada tanto do ponto de vista sanitário como ambiental. Foram levantados, desde
1923, 24 locais utilizados como depósito de lixo (lixões e aterros controlados).
Os lixões (embora já não sejam utilizados há um bom tempo) assim como os aterros
controlados, são focos de proliferação de insetos e roedores, além de serem uma fonte
contínua de poluição do solo, das águas superficiais e subterrâneas e do ar. Do ponto de
vista sanitário e social, o aspecto principal a se considerar é a presença de catadores,
dentre eles um número significativo de crianças. Do ponto de vista ambiental, atualmente,
considera-se que o tempo necessário para a decomposição completa da matéria orgânica
enterrada nos lixões é de aproximadamente 25 anos.
Com base nessas informações, a deposição final do lixo em Presidente Prudente foi
dividida em 3 fases:
- A primeira vai até 1960, em que se considerou que já não há conseqüências sanitárias ou
ambientais significativas, uma vez que o lixo depositado (orgânico e inorgânico), dadas suas
características e quantidades, provavelmente já desapareceu.
- Na segunda fase, de 1960-1980, considerou-se que já não há qualquer implicação
sanitária, mas sim ambiental, já que o lixo pode estar se decompondo ainda e portanto,
produzindo chorume que pode provocar a poluição do solo e das águas superficiais e
subterrâneas.
- Na terceira fase, mais recente (Pós-80) levou-se em consideração o fato de que o volume
de lixo aumentou muito nos últimos anos devido à grande quantidade de materiais
descartáveis (plásticos, papéis, vidros e metais) e não biodegradáveis, o que tem levado a
uma diminuição da vida útil dos locais de deposição e a uma busca, quase que permanente,
por novas áreas.
O fato de sempre terem sido utilizadas áreas localizadas em fundos de vale,
voçorocas e nascentes, faz com que esses locais representem um risco permanente de
poluição e contaminação das águas subterrâneas e também superficiais, através do
chorume e de líquidos percolados.
Foram atribuídos valores de 0 a 2 para cada setor censitário, considerando-se
diferentes as variáveis: inexistência de depósito de lixo no setor, existência de depósito de
lixo no setor vizinho, depósito de lixo utilizado antes de 1970, depósito de lixo utilizado nos
anos 80 e depósito de lixo utilizado nos anos 90. Os valores atribuídos aos setores foram
somados para se obter a nota final, que variou de 0 a 12.
Os setores que apresentam maiores valores totais, foram definidos como de alto
grau de exposição aos problemas sanitários e ambientais a serem causados pela deposição
inadequada do lixo.
32
Pode-se concluir que, do ponto de vista sanitário, trata-se de um indicador
importante para o estudo de exclusão social quando se considera a fase em que o local está
sendo utilizado para a deposição do lixo. Após o encerramento de tais atividades, pode-se
dizer que há uma exposição insignificante da população, mesmo a da vizinhança. Em
relação à importância ambiental, esses locais vão apresentar um risco permanente de
explosões devido à produção de gases; além disso, a decomposição do lixo pode levar à
formação de chorume com a conseqüente poluição do ar, do solo, da vegetação e,
possivelmente, das águas superficiais e subterrâneas.
Considerações Finais
É importante observar que os dados de saúde e ambientais analisados até o
momento ainda estão passando por uma análise mais profunda, o que permitirá estabelecer
relações mais precisas entre aspectos epidemiológicos, qualidade da saúde e as áreas de
exclusão. As informações obtidas a partir desses indicadores podem ser cruzadas com
outros indicadores como: moradias precárias, renda, desemprego, etc, o que permite um
refinamento da análise e, portanto, da definição das áreas de exclusão social.
Com base em indicadores complexos e intersetoriais, o que se pretende é a
elaboração de mapa dos chamados eventos sentinela em saúde de Presidente Prudente,
que se referem a eventos que tendem a não ocorrer quanto melhor a condição de vida das
famílias e/ou indivíduos (Rutstein et al, 1976). Trata-se de uma ferramenta de análise da
epidemiologia que tem sido incorporada ao planejamento estratégico-situacional para a
formulação de políticas públicas que procuram reverter a situação de exclusão social em
termos de realocação de recursos e de avaliação da qualidade dos serviços oferecidos à
população (Penna: 1987). No caso do SIMESPP, encontra-se em processo de discussão o
entendimento de que o próprio mapa de eventos sentinela possa ser considerado um
indicador social da maior relevância para a formulação de políticas públicas para o
enfrentamento da exclusão social.
33
3. ATIVIDADES PROPOSTAS E REALIZADAS DO PROJETO FASE II
34
3.1. Consolidação das bases cartográficas digitais
No presente item apresenta-se uma descrição sucinta das etapas realizadas para a
consolidação das bases cartográficas digitais. Todavia, cabe antes destacar dois aspectos:
Através de um convênio entre a Prefeitura Municipal de Presidente Prudente e Unesp,
durante a Primeira Fase deste Projeto, o acesso à base digitalizada da cidade de Presidente
Prudente - 1999, permitiu que fosse realizada a consolidação de todos os mapas-base. Essa
base digital é constituída de diversos níveis: sistema viário; sistema hidrográfico; obras de
arte; tubulações e linhas de transmissão; vegetação; detalhes planimétricos e altimetria, que
estão desagrupados em diversas folhas que compõem o mapa. Para a realização da
consolidação de todos os mapas-base utilizou-se o programa MapInfo� 4.1.
Até o momento os seguintes mapas-base constituem as bases cartográficas digitais
disponíveis:
1. Mapa de ruas com nomes dos logradouros
2. Mapas de hidrografia e hipsometria
3. Setores censitários, 1991, 1996 e 2000.
4. Macrosetores censitários, 1991, 1996 e 2000.
5. Unidades Espaciais de Planejamento, 1991, 1996 e 2000.
6. Distritos Policiais 2000
7. Microáreas de atuação do Programa de Saúde da Família - PSF - 2000
Para realizar-se a consolidação do mapa de ruas com os nomes dos logradouros,
primeiramente desenhou-se a partir das quadras e com as ferramentas linha, polilinha as
ruas e avenidas que constituem o sistema viário da cidade. Num segundo momento
efetuou-se a codificação das mesmas (código, nome e numeração par/ímpar e inicial/final
das ruas e avenidas) através de uma listagem de ruas da Prefeitura Municipal e com a
ferramenta info que permite armazenar os dados na base digitalizada.
Como pode-se visualizar no exemplo, figura abaixo, ao acionar-se a Ferramenta Info,
tem-se a informação do Código da Rua (ID), nome e números iniciais e finais (FromLeft e
ToLeft).
35
Entretanto, ainda não se tem um sistema automatizado de busca de endereço, mas
que já está sendo providenciado, pois o mesmo permitirá acelerar a identificação de cada
evento a partir do seu endereço completo associando-o aos Setores censitários,
Macrosetores e UEPs (Unidades Espaciais de Planejamento).
No caso do mapa de hidrografia e de hipsometria, realizou-se o agrupamento das
folhas de cada nível (sistema hidrográfico e altimetria), da base digitalizada da Prefeitura,
em um único mapa, através do comando Anexar linhas a uma tabela. Salvou-se
separadamente o nível de hidrografia e o nível de hipsometria, pois desse modo pode-se
trabalhar com um desses níveis de cada vez, ou trabalhar com todos de uma só vez como
na Figura exemplo a seguir, que apresenta inclusive o nível da malha urbana aberta.
Hidrografia Hipsometria Quadra
Os setores censitários são áreas delimitadas e utilizadas pelo IBGE para efetuação
36
do recenseamento, constituindo-se de áreas que possuem aproximadamente 200 a 250
domicílios. Tendo em vista que essa base territorial possibilita, um certo nível de
desagregação dos dados; comparação temporal dos dados já que o IBGE produz os
mesmos com uma certa periodicidade e confiabilidade, adotou-se esse recorte territorial de
análise, dentre outros, como fundamental para o desenvolvimento da pesquisa. Assim, a
partir dos mapas de setores censitários concedidos pelo IBGE, realizou-se a delimitação dos
setores censitários para os anos 1991, 1996 e 2000, desenhando o seu contorno na base
digitalizada e depois realizando o agrupamento das quadras que compõem cada setor. Esse
agrupamento foi realizado utilizando-se as ferramentas de seleção e de combinação de
objetos do MapInfo�. Após efetuar-se essas combinações, por meio da ferramenta info
codificou-se cada um desses setores com o seu respectivo número para cada ano. Como
pode ser visualizado na figura abaixo as quadras selecionadas (em vermelho) compõem o
setor 1 (de acordo com a informação que temos na caixa de diálogo da ferramenta Info, ID:
1). Essa figura apresenta apenas uma parte do mapa-base de setores censitários 2000.
Considerando que a base digitalizada da Prefeitura refere-se ao ano de 1999, foi
necessário excluir alguns loteamentos que não existiam em 1991 e 1996 para produção dos
mapas-base dos setores censitários de 1991 e 1996. Já para o ano de 2000, não houve o
acréscimo de nenhum loteamento.
A Secretaria de Planejamento de Presidente Prudente em conjunto com o IBGE
elaborou outras delimitações territoriais para análise no interior da cidade: os Setores e as
UEPs (Unidades Espaciais de Planejamento). Para que não haja confusões entre a
denominações Setores e setores censitários, o grupo decidiu denominar os primeiros de
Macrosetores.
Os Macrosetores correspondem ao agrupamento de setores censitários, e as UEPs
37
correspondem ao agrupamento de Macrosetores. A delimitação das UEPs, portanto, foi
realizada através do agrupamento (utilizando a ferramenta selecionar e combinar objetos)
dos Macrosetores e desses através do agrupamento dos setores censitários.
Temos, portanto, uma desagregação de áreas: as UEPs contém os Macrosetores e
esses por sua vez contém os setores censitários, como pode-se observar no exemplo,
(figura a seguir). Entretanto, pode-se trabalhar com cada nível de agregação/desagregação
separadamente.
UEPS Macrosetores Setores censitários
Para trabalhar com os dados nestes diferentes níveis de agregação, organizou-se
uma listagem com a correspondência entre UEPs-Macrosetores-Setores censitários para
cada ano.
O mesmo processo de agrupamento foi utilizado para a sistematização do mapa-
base do DPs – 2000 (Distritos Policiais). A princípio não havia sido proposta a produção
deste mapa-base, entretanto os dados referentes à violência na cidade estão agregados por
Distritos. No total temos 6 DPs, como pode-se observar no exemplo (figura a seguir) esses
estão representados cada um com uma cor diferente.
38
Outro mapa-base que não havia sido proposto e houve a necessidade de ser
elaborado é o mapa-base referente as Microáreas de atuação do PSF (Programa de Saúde
da Família). Nesse, apenas efetou-se o desenho dos limites da cada área de atendimento
de cada um dos 5 Núcleos do PSF.
39
3.2. Bases de dados, análises situacionais e construção de indicadores
3.2.1. dados socioeconômicos
A. População e habitação
• Demografia
Para conhecimento das características da população em Presidente Prudente obtive-
se dados referentes à demografia através do IBGE, no Censo Demográfico 1991, na
Contagem Populacional 1996 e no Censo demográfico 2000 (informações Preliminares).
Para o ano de 1991 tem-se um banco de dados em meio digital (Excel®) com as
seguintes variáveis: Setor censitário, Unidades visitadas, Domicílios particulares/atividades
econômicas/agropecuária, Domicílios particulares/atividades econômicas/outras, Domicílios
particulares/ocupados/básico, Domicílios particulares/uso ocasional, Domicílios
particulares/fechados, Domicílios particulares/vagos, Unidades não residenciais/ocupadas,
Unidades não residenciais/vagas, Domicílios Coletivos, Pessoas recenseadas/homens,
Pessoas recenseadas/mulheres, Pessoas recenseadas/total.
A partir desse banco de dados construiu-se outra planilha de Informações no Excel®
com o número de habitantes por domicílio particular fechado, para todos os setores
censitários, Macrosetores e UEPs.
Para o ano de 1996, conta-se com um CD Rom do IBGE com as seguintes Tabelas:
Tabela 1 – Características domiciliares dos chefes em domicílio particulares permanentes
(170 variáveis)
Tabela 2 – População residente, com discriminação da população com mais de 1 ano de
estudo (188 variáveis).
Tabela 3 – Domicílio por número de moradores, segundo a espécie do domicílio (63
variáveis).
Tabela 4 – População residente, por situação do domicílio, segundo os grupos de idade
(124 variáveis).
Tabela 5 – Características das pessoas de 4 anos ou mais de idade – Total - (124 variáveis)
Tabela 6 - Características das pessoas de 4 anos ou mais de idade – Homens – (124
variáveis)
Tabela 7 - Características das pessoas de 4 anos ou mais de idade – Mulheres – (124
variáveis)
E ainda tem-se uma planilha resumida com as seguintes informações: Setor
censitário, Número de: Unidades Visitadas; Domicílios particulares/Ocupados; Domicílios
40
particulares/Uso ocasional; Domicílios particulares/Fechados; Domicílios particulares/Vagos;
Unidades não residenciais; Domicílios coletivos; Total de questionários aplicados; Pessoas
recenseadas total, homens e mulheres.
Tanto em 1991 como para 1996, calculou-se o número de habitantes por domicílio
particular ocupado para os setores censitários, macrosetores e UEPs.
Com relação ao Censo Demográfico de 2000 ainda não foram publicados todos os
dados coletados pelo IBGE, mas teve-se acesso a algumas informações preliminares
através do CD Room que contém dados agregados para o país, os Estados, as
(Meso/micro)regiões, Municípios, os Distritos, os Subdistritos e os Bairros.
Para Presidente Prudente os dados vêm agregados por Macrosetores e UEPs e
temos as seguintes tabelas:
População
Tabela 1- População residente, por situação do domicílio e sexo, segundo as
Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os Subdistritos e os Bairros
Tabela 2- População residente, por grupo de idade, segundo as Mesorregiões, as
Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os Subdistritos, os Bairros e a situação do
domicílio
Tabela 3 - População residente, por grupos de idade, segundo as Mesorregiões, as
Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os Subdistritos, os Bairros e o sexo
Tabela 4 - População residente de 5 anos ou mais de idade, por grupos de idade, total e
alfabetizada, segundo as Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os
Subdistritos, os Bairros e a situação do domicílio
Tabela 5 - População residente, por espécie do domicílio e tipo do domicílio particular
permanente, segundo as Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os
Subdistritos e os Bairros
Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes
Tabela 1 - Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, por grupos de
anos de estudo, segundo as Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os
Subdistritos e os Bairros
Tabela 2 - Valor do rendimento nominal médio mensal, valor do rendimento nominal
mediano mensal das pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes,
segundo as Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os Subdistritos e
os Bairros
41
Domicílios particulares permanentes
Tabela 1 - Domicílios particulares permanentes, moradores em domicílios particulares
permanentes e média de moradores por domicílio particular permanente, por situação do
domicílio, segundo as Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os
Subdistritos e os Bairros
Tabela 2 - Domicílios particulares permanentes, por forma de abastecimento de água,
segundo as Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os Subdistritos e
os Bairros
Tabela 3 - Domicílios particulares permanentes, por existência de banheiro ou sanitário e
tipo de esgotamento sanitário, segundo as Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios,
os Distritos, os Subdistritos e os Bairros
Tabela 4 - Domicílios particulares permanentes, por destino do lixo, segundo as
Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os Subdistritos e os Bairros
Tabela 5 - Domicílios particulares permanentes, por classes de rendimento nominal mensal
da pessoa responsável pelo domicílio, segundo as Mesorregiões, as Microrregiões, os
Municípios, os Distritos, os Subdistritos e os Bairros
Tabela 6 - Moradores em domicílios particulares permanentes, por classes de rendimento
nominal mensal da pessoa responsável pelo domicílio, segundo as Mesorregiões, as
Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os Subdistritos e os Bairros
Tabela 7 - Domicílios particulares permanentes, por condição de ocupação do domicílio,
segundo as Mesorregiões, as Microrregiões, os Municípios, os Distritos, os Subdistritos e
os Bairros
Tabela 8 - Domicílios particulares permanentes próprios, por condição de aquisição do
domicílio e condição de ocupação do terreno, segundo as Mesorregiões, as Microrregiões,
os Municípios, os Distritos, os Subdistritos e os Bairros
A partir de algumas das tabelas acima construiu-se as seguintes planilhas: -Número
de analfabetos acima de 15 anos por Macrosetores e UEPs, - Número de domicílios com
esgotamento sanitário precário (fossa rudimentar, vala, rio, lago, outro escoadouro) ou
inexistente.
As informações do Censo 2000, desagregadas por setor censitário foram digitadas
no Exel®, construindo-se uma planilha com as seguintes variáveis: setor censitário;
Unidades Visitadas; Domicílios particulares: Ocupados/Básico, ocupados/amostra,
fechados, uso ocasional, vagos; Domicílios coletivos; Unidades não residenciais; Total de
questionários/básico; Total de questionário/amostra; Pessoas recenseadas: básico/total,
básico/homens, básico/mulheres, amostra/total, amostra/homens, amostra/mulheres;
42
Pessoas Recenseadas em domicílio coletivo: básico/Total, básico/Homens,
básico/Mulheres, amostra/Total, amostra/Homens, amostra/Mulheres; Existência de:
Identificação, Iluminação Pública e calçamento/pavimentação.
A partir desses dados organizou-se uma planilha com o número de habitantes por
domicílio particular ocupado por setores censitários, macrosetores e UEPs. Para completar
a análise da distribuição da população no interior da cidade, realizamos o cálculo da
densidade demográfica, ou seja, do número de habitantes por hectare para cada setor
censitário em 2000. Esta última informação constitui mais uma base de dados.
• Imóveis residenciais precários
O dimensionamento da exclusão social tem na questão da moradia um importante
elemento balizador, que envolve não só o problema da demanda (onde morar), como o fator
igualmente importante relacionado às condições de habitabilidade ou qualidade das
moradias (como morar).
As fontes usadas para este levantamento e respectiva análise situacional foram os
dados constantes do Cadastro Imobiliário e do Cadastro de Imóveis Precários da Prefeitura
Municipal de Presidente Prudente (2000). Dois objetivos mais gerais presidiram o trabalho
sobre esta base de dados: 1. a identificação e a localização dos imóveis precários no interior
da cidade, por setor censitário, relacionando suas respectivas ocorrências e freqüências
proporcionais, quer em relação ao total de imóveis residenciais (da cidade e de cada setor),
quer em relação ao total de imóveis precários (da cidade) e; 2. a caracterização/qualificação
das situações de precariedade dos imóveis. Os parâmetros considerados para o
atendimento deste segundo objetivo foram igualmente fornecidos pela Prefeitura Municipal
da cidade e operacionalizados através da pontuação dada a cada imóvel urbano, medida a
partir de diferentes características constantes do Boletim de Atualização Cadastral (BAC),
tais como: situação e condição do terreno; idade do imóvel; área construída; tipo de material
utilizado; situação e qualidade do acabamento da construção, tipo de esgotamento sanitário,
proximidade de áreas de risco (córregos abertos, aterros), entre outros.
Assim, de acordo com os dois instrumentos de registro utilizados (Cadastro de
Imóveis Precários e o BAC, que lhe fornece as bases para a pontuação final dos imóveis
residenciais urbanos), a pontuação considerada como limite máximo de referência para o
enquadramento de um imóvel residencial como imóvel precário pela Prefeitura Municipal de
Presidente Prudente é de 150 pontos. Cabe ainda registrar que a pontuação média dos
imóveis precários em Presidente Prudente é de 119,5.
43
O Cadastro Imobiliário da Prefeitura Municipal de Presidente Prudente9 acusa a
existência de 47.327 imóveis residenciais ocupados na cidade (2000). Destes, 5.746 foram
considerados precários (11,57%).
Este Relatório destaca algumas situações e relações concernentes aos imóveis
precários da cidade que foram georeferenciadas e mapeadas. O mapa da distribuição da
relação: imóveis residenciais precários ocupados (IP) sobre o total de imóveis residenciais
ocupados da cidade por setor censitário, mostrou os maiores valores (intervalo entre 3% e
4,75%, pelo método dos quartis) em cinco setores, todos distantes do centro. Destes, três
estão localizados na Zona Leste (setores 19, 87 e 36, que correspondem respectivamente
aos Bairros Vila Brasil/Vila Flores, Jardim Brasília e Vila Furquim), e dois na Zona Norte
(setores 154 e 155, respectivamente, Vila Angélica/Jardim Guanabara e Vila Operária/Vale
das Parreiras/Jardim São Francisco).
O mapa da distribuição da relação: imóveis residenciais precários ocupados sobre o
total de imóveis residenciais ocupados em cada setor em particular, por setor censitário,
revelou a repetição de três dos cinco setores de maior freqüência obtidos na relação anterior
(os setores da Zona Leste - 19, 87 e 36). Estes, somados a mais um setor da Zona Sul da
cidade (setor 91, Vila Formosa), registram percentuais de mais de 60% de imóveis
residenciais precários em relação ao total de imóveis residenciais de cada setor em
particular.
O mapa da distribuição do número de imóveis residenciais precários com pontuação
igual ou inferior a 119,5 pontos por setor censitário, mostrou mais uma coincidência. No
quartil que apresentou o pior intervalo de freqüência (mais de 90 a 120 imóveis precários
com pontuação igual ou inferior a 119,5 pontos) repetem-se quatro dos cinco setores que
obtiveram os piores valores no primeiro mapa e dois dos três setores com maiores
freqüências do segundo mapa, a saber: setores 19 e 87 (Zona Leste); 154 e 155 (Zona
Norte). Ao lado deste, o mapa da distribuição da pontuação média dos Imóveis Precários
por setor censitário foi elaborado com o objetivo de identificar, não só a frequência das
situações de precariedade habitacional, mas dos níveis (médios) de precariedade por
setores censitários. Nesse caso, a comparação dos mapas não autoriza superposições e
coincidências. A conclusão preliminar que os dados, relações e respectivas distribuições
pela malha censitária permitem traçar nesse caso é que nos bairros onde é maior a
freqüência de imóveis precários, é igualmente maior a homogeneidade em níveis menos
9 O recenseamento de 2000 (IBGE) divulga a existência de 49.367 imóveis residenciais ocupados na cidade. A diferença de 2.020 imóveis residenciais quando se comparam os dados das duas fontes, deve-se fundamentalmente a duas situações: a existência de um novo loteamento de grande porte na cidade (Residencial Maré Mansa), cujos imóveis já ocupados ainda não haviam sido incorporados ao cadastro municipal e a ocorrência de imóveis residenciais clandestinos, não reconhecidos pela Prefeitura. Não obstante, ambas situações foram registrados pelo Censo 2000 (IBGE). Para efeito deste levantamento, a fonte usada como referência foi o Cadastro Imobiliário Municipal.
44
graves de precariedade (pontuação média de IPs um pouco maior), enquanto que nos
setores que não apresentam maiores incidências e freqüências de imóveis precários, a
pontuação média destes imóveis se apresenta em geral mais baixa, ou seja, há um menor
número de imóveis precários ou uma proporção menor de precários em relação ao total de
imóveis residenciais porém, suas condições médias de habitabilidade são piores.
• Esgotamento sanitário10
A ausência ou a precariedade de condições sanitárias adequadas falam por si,
quando se trata de tomá-las como indicativo de grande capacidade reveladora de situações
de abandono, risco, vulnerabilidade ou exclusão, quaisquer que sejam as propostas de
construção de sistemas de indicadores sociais de corte urbano que se pretendam
instrumentalizadores de ações e políticas públicas.
O próprio IBGE enfatizou a situação sanitário-ambiental nos seus instrumentos
censitários de 2000, o que possibilitou à agência elaborar e publicar recentemente, um
levantamento específico sobre a questão para todo o território nacional, grandes regiões e
unidades da federação.
Portanto, as bases de dados relativas aos tipos de esgotamento sanitário e seus
graus de cobertura, não poderiam deixar de ser considerados neste diagnóstico sócio-
espacial que embasa o Sistema de Indicadores e de tomada de decisão em construção por
este grupo de pesquisa.
É importante alertar todavia, que o número absoluto de imóveis com situação de
esgotamento precário ou sem banheiro na cidade de Presidente Prudente representa uma
fração bem pequena quando considerada em relação ao total de imóveis residenciais. Por
outro lado, isto não torna menos válida a sua mensuração, caracterização e, principalmente,
a sua ocorrência concentrada no território urbano, como poderá ser observado a seguir. As
situações de precariedade ou ausência de qualquer tipo de esgotamento sanitário doméstico
na cidade de Presidente Prudente por macrosetor censitário, revela claramente a
concentração de tais ocorrências nas zonas Leste e Norte da área urbana (áreas
notadamente periféricas).
A identificação das situações de precariedade de imóveis particulares quanto aos
sistemas e tipos de esgotamento sanitário, considerou como indicador os percentuais
resultantes da relação entre os imóveis particulares com tipos de esgotamento precário ou
ausência de esgotamento em cada macrosetor, sobre o total de imóveis particulares
urbanos da cidade nestas condições.
10 Os dados e informações referentes a esta seção foram sistematizados pelo Professor Sérgio B. Magaldi e pela auxiliar de pesquisa Rose M. do Nascimento.
45
Agrupando os resultados por quartis, a cidade apresenta suas piores condições
sanitárias (4º quartil) nos macrosetores 61, abrangendo parte da Zona Leste e 51 (parte da
Zona Leste), ambos concentrando respectivamente 12,5% e 15,9% de todos os imóveis
particulares da cidade com esgotamento precário ou ausência de esgotamento. No terceiro
quartil estão situados os macrosetores 34 (outra porção da Zona Norte, com 7,55%); 81 (um
macrosetor de pequenas dimensões na Zona Sul, mas que concentra 9,62% de todos os
imóveis com esgoto precário ou sem esgoto) e, 62 (novamente na Zona Leste, com 9,82%).
B. Renda
As análises da renda e de sua distribuição permeiam todos os trabalhos que
problematizam a pobreza, a miséria e a exclusão social, particularmente no Brasil e são
reconhecidos os esforços mais recentes de pesquisadores e instituições nacionais e
internacionais (tais como o IPEA e o SEADE) em atualizar e refinar um debate de larga
tradição no Brasil: uma das piores distribuições de renda do mundo, no contexto de uma
economia intensamente dinâmica ao longo do século XX.
Porém, se os dados agregados para municípios, estados e União encontram-se
disponíveis através dos levantamentos censitários, Pesquisas por Amostra de Domicílios ou
surveys e investigações localizadas, quando se trata de “descer” à escala intra-urbana,
como o exige estudos tais como o presente, iniciam-se problemas e complicações de
diversas ordens.
Em primeiro lugar o fato de que, na maioria absoluta dos casos, a fonte se restringe
aos levantamentos censitários realizados pelo IBGE. O longo período intercensitário se
coloca como problema imediato a ser superado através de técnicas estatísticas que
permitam a projeção de dados, de acordo com comportamentos passados, recursos estes
nem sempre os mais adequados para tratamento de informações desta natureza. Em
segundo lugar, e mais problemático que o anterior, a desagregabilidade dos dados é
seriamente comprometida uma vez que os resultados da variável “Renda do chefe da
família” não são divulgados pelo IBGE, pelos menos em suas publicações oficiais e
periódicas.
Tal como já afirmado anteriormente, o acesso a tais informações é fundamental para
investigações que lidem diretamente com as diferenças e desigualdades presentes no
espaço intra-urbano.
46
No caso do presente projeto tal questão vem sendo resolvida através da viabilização
de convênio entre a Unesp e o IBGE para suprir tais lacunas11 o que, por si só, tem facilitado
o acesso a algumas informações preliminares. Assim, o SIMESPP dispõe, hoje, de banco de
dados da renda dos chefes de família para cada um dos setores censitários do
levantamento de 1991 e dispõem também dos dados para o ano de 2000, já publicados.
Entretanto, ressalte-se que os dados do ano de 2000 foram publicados não por setor
censitário, mas agregados em outras unidades territoriais intra-urbanas e, nesta escala
somente para áreas urbanas sedes de municípios que apresentavam algum tipo de recorte
territorial aprovado por lei. No caso de Presidente Prudente a agregação de vários setores
censitários forma um macro setor e agregação de macro setores forma uma UEP – Unidade
Espacial de Planejamento.
Tratou-se, assim, de superar este primeiro obstáculo de não correspondência entre
unidades territoriais entre 1991 e 2000, através de um sistemático trabalho na base digital
de dados, desagregando e reagregando os setores censitários de 1991 para compatibiliza-
los com os de 2000. Abriu-se a possibilidade, assim, de comparação intertemporal e intra-
urbana da variável renda.
A partir da orientação do professor responsável, os alunos do 2º ano do curso de
Geografia Vitor Myasaki e Júlio César Ferreira tem se dedicado a trabalhar esta variável e a
construir indicadores que considerem as desigualdades da distribuição da renda entre os
chefes de família nas diferentes áreas urbanas e também sua evolução no período inter
censitário.
Alguns indicadores já vêm sendo construídos e alguns mapas básicos elaborados, tal
como exposto a seguir:
a) mapa do percentual de chefes de família sem rendimento e com rendimento de
até 1 SM em relação ao total de chefes de família por macro setor e UEPs;
b) mapa das rendas médias dos chefes de família por macro setor e UEPs;
c) mapa das rendas medianas por macro setor e UEPs;
d) mapa da distância entre as rendas médias e medianas, demonstrando o grau de
desigualdade e distâncias intra-áreas e inter áreas.
Este trabalho inicial tem permitido testar e apurar os diversos indicadores possíveis
de serem construídos para a tradução do conceito de exclusão social em elaboração pelo
grupo.
11 O Convênio e o termo aditivo entre Unesp e IBGE, que garante o acesso de todos os dados censitários, na escala do setor censitário, pelo SIMESPP vem sendo negociado desde 2001, tendo sido aprovado pelo Conselho Universitário da Unesp em 25 de abril de 2002, aguardando assinatura e publicação por parte das duas Instituições.
47
C. Desemprego
O desemprego constitui-se em variável fundamental para análise, mensuração e
construção de indicadores de exclusão social. Incorporado desde a FASE I como indicador
estratégico na montagem de um sistema de informações sobre a exclusão social, os dados
relativos ao desemprego12 em Presidente Prudente foram devidamente atualizados e
diversos tipos de produtos e subprodutos estão sendo gerados a partir do respectivo banco
de dados.
O cadastro, cuja fonte original é Secretaria do Emprego e das Relações do Trabalho
do Estado de São Paulo – SERT/Presidente Prudente, encontra-se atualizado até o mês de
outubro de 2001, com 26690 cadastrados.
Para cada um dos cadastrados são especificadas as seguintes informações:
1) Nome do Candidato
2) Data de cadastramento
3) Data de requalificação
4) Endereço completo
5) Sexo
6) Estado civil
7) Escolaridade
8) Cursos realizados
9) Idiomas
10) Idade
11) Tempo de desemprego
12) Nacionalidade
13) Número de dependentes
14) Locais onde já trabalhou
15) Datas das três últimas admissões e demissões
16) Motivos da saída
17) Experiência profissional
18) Número de filhos
19) Seguro desemprego
12 Como já comentado no Relatório FASE I, Presidente Prudente, tal como todas as áreas não metropolitanas do país não possuem acompanhamento sobre o nível de emprego/desemprego. Desta maneira, optou-se por utilizar o cadastro de pessoas a procura de emprego da SERT como proxy desta realidade.
48
A organização desta base de dados envolve realizar a correção de cadastros
repetidos, com grafias erradas, cujos dados estão incompletos por erros de preenchimento
etc. Envolve também localizar cada um dos cadastrados, a partir de seus endereços, nos
setores censitários.
São grandes as possibilidades e as potencialidades que esta base de dados
apresenta, seja no que se refere a trabalhos e análises de cunho acadêmico, seja no que se
refere à construção de indicadores de exclusão social.
Na FASE I deste projeto somente foi utilizado o número absoluto de cadastrados,
segundo sua localização, para a elaboração do mapa do desemprego de Presidente
Prudente. Foi possível, assim, demonstrar a viabilidade do uso deste indicador que tão bem
discrimina situações de risco, vulnerabilidade e mesmo exclusão social.
Na FASE II estamos prosseguindo com sua utilização procurando, entretanto, refinar
a construção dos indicadores potenciais, na medida em que também foi realizada a
atualização dos setores censitários para 2000, o que permitirá o uso dos dados
demográficos mais recentes.
Assim, após a atualização da base e de sua organização, tal como já afirmado,
estamos selecionando os dados que melhor poderiam revelar as situações objeto de nossas
preocupações e construindo diferentes indicadores.
São relacionados a seguir os principais indicadores em construção, trabalho este que
está sendo realizado em conjunto com o aluno do Bacharelado em Geografia Eduardo
Barbosa Ferreira.
a) Percentual dos cadastrados por setor censitário em relação ao total da
cidade;
b) Percentual dos cadastrados em relação à população na faixa etária
correspondente por setor censitário;
c) Cruzamentos diversos das variáveis “sexo”, “idade”, “escolaridade” e
“número de dependente”, permitindo detectar setores e faixas
populacionais mais atingidos potencialmente pelo desemprego;
d) Percentual de cadastrados por tempo de desemprego e sua localização
nos diferentes setores censitários.
Para cada um dos indicadores ou conjunto de indicadores acima discriminados, será
elaborado um mapa e uma análise situacional. Destaque deve ser dado para,
particularmente, os dois últimos.
Os cruzamentos de “sexo”, “idade”, “escolaridade” e “número de dependentes”
permitirá focalizar grupos e faixas populacionais específicas traçando perfis típicos dos
49
cadastrados como mulheres de baixa escolaridade e que sejam chefes de família ou setores
jovens ou idosos de acordo com sua escolaridade.
Em relação ao tempo de desemprego declarado, ressalte-se que este tem sido o
indicador mais utilizado em análises internacionais, na medida em que permite capturar o
desemprego estrutural enquanto modalidade de desemprego que mais cresce,
particularmente em determinadas faixas etárias e segmentos sociais. A localização deste
indicador permitirá, assim, um aprofundamento e focalização da questão não desprezível
em relação à formulação de políticas públicas de diferentes naturezas, tais como
qualificação e requalificação profissional, ações assistenciais emergenciais e outras.
D. Preços fundiários
A moradia ocupa lugar de destaque em qualquer análise sobre condições de vida
não somente pela análise de suas qualidades (ou falta de) e por sua localização, mas
também pelas condições de acesso das famílias ao bem de maior valor unitário a que
devem fazer frente ao longo de sua vida.
Em uma sociedade de mercado o acesso à moradia é mediado pelo preço e pela
renda disponível das famílias. Dado que os preços imobiliários apresentam diferentes tipos
de constrangimentos uma vez que se observa uma grande diferenciação de características,
tamanhos, tipos de acabamento etc dos imóveis residenciais, o preço do solo se transforma
em variável estratégica, de mais fácil acesso e de melhor manejo para análises de
diferenciações intra-urbanas.
O preço do solo urbano, assim, pode ser tomado em suas dimensões temporais e
espaciais como elemento condicionante do acesso à moradia a diferentes setores da
população e também como indicador das “qualidades” de cada área/setor da cidade na
medida em que, tal como exposto na literatura especializada, os imóveis capturam para
seus preços o conjunto das benfeitorias e amenidades presente em cada “pedaço da
cidade”.
É com esta compreensão que o SIMESPP decidiu incorporar na FASE II do Projeto
uma base de dados de preços do solo urbano na área urbana de Presidente Prudente. Tal
base, formada a partir das guias do ITBI-IV13 contempla amostras das transações
imobiliárias ocorridas entre 1975 e 2000, caracterizando cada uma delas com as seguintes
variáveis:
13 A discussão metodológica e uma descrição pormenorizada da fonte e da base de dados e de seu potencial para análises sobre mercado imobiliário e estruturação intra-urbana podem ser encontrados em Melazzo (1993).
50
a) tipo do transmitente (se pessoas física ou pessoa jurídica);
b) tipo do adquirente (idem);
c) localização do imóvel;
d) tipo do imóvel (se terrenos, casa, apartamento ou outros);
e) uso do imóvel (se residencial, comercial ou outros);
f) área do terreno (em m2);
g) área construída (em m2);
h) se possui ou não financiamento;
i) valor venal do imóvel;
j) valor declarado do imóvel;
k) referência cadastral do imóvel;
Esta base de dados, que tem sido utilizada pelo aluno Sérgio Eduardo Coelho,
permite a elaboração de índices de preços relativos para cada setor censitário e sua
evolução ao longo do tempo. Prioritariamente estão em elaboração indicadores de preços
relativos que permitam visualizar os setores onde se localizam os primeiro e último decil dos
preços fundiários e a distância entre eles, se diminui ou se amplia no período considerado e
no ano de 2000 em particular.
E. Educação
Com relação à Educação, os dados utilizados inicialmente no projeto eram
provenientes da campanha “Volte para Ficar”, organizada por diversos parceiros
preocupados com a evasão escolar. Para além da relevância óbvia dessa campanha, o
valor dos dados obtidos estava na possibilidade de identificação e localização de cada um
dos alunos evadidos. Isso permitiu a construção do Mapa da Exclusão Escolar e o
desenvolvimento do Projeto de Acompanhamento de jovens em situação de exclusão
escolar, desenvolvido por um pesquisador desse grupo em parceria com a Secretaria
Municipal de Educação.
Apesar de ter viabilizado tais atividades, a campanha careceu de suporte técnico que
desse aos dados maior consistência e regularidade. Por essa razão, a segunda fase do
projeto vem apostando na obtenção de dados produzidos pelos órgãos oficiais, tais como
Secretaria de Estado da Educação, MEC e IBGE.
Os dados disponíveis, por enquanto, são aqueles referentes a número de matrículas
por série e por idade, e taxas de rendimento (aprovação, reprovação, abandono) por série,
nos anos 2000 e 2001, no Ensino Fundamental e Médio em Presidente Prudente.
51
Segundo o Censo Escolar 2000, referente a 1999, a taxa de reprovação no Ensino
Fundamental foi de 3.6%, sendo 3.2 de 1a a 4a séries e 4.0% de 5a a 8a. Ainda de acordo
com o mesmo Censo, o abandono escolar chegou a 4.8% nesse nível de ensino, sendo
2.8% de 1a a 4a e 6.6% de 5a a 8a. Se considerarmos que tanto a reprovação quanto o
abandono podem conotar fracasso escolar, temos um quociente preocupante de 6.0% dos
alunos de 1a a 4a e 10.6% dos 5a a 8a séries em situação de fracasso.
• Baixa escolaridade14
Os dados percentuais referentes ao analfabetismo na população acima de 15 anos,
de acordo com os macrosetores urbanos em 2000, foram agrupados por quartis. Verificou
que a incidência desta situação no município apresenta-se bastante desigual, variando de
0,06% a 21,31%. Assim, sua análise, o circunstanciamento de suas condições de ocorrência
e a problematização sobre a multidimensionalidade que as determinam, são de extrema
importância para esta pesquisa.
De acordo com os resultados obtidos, pode-se verificar que as maiores incidências
relativas de analfabetos adultos, se encontram nos macrosetores 61 e 62, que
correspondem à Zona Leste de Presidente Prudente. O intervalo percentual deste quartil
varia de 10,62% a 21,31%, o que demonstra mais uma vez que as situações de
precariedade, apresentam forte concentração territorial intra-urbana em Presidente
Prudente.
Em condições ainda razoavelmente precárias, têm-se o terceiro quartil, que
corresponde aos macrosetores 12, 32 e 51, onde o percentual de analfabetismo se encontra
entre 6,55% e 8,37%. No segundo quartil situam-se os macrosetores 14, 31, 33 e 52,
correspondendo à taxa de 3,99% a 6,40%, revelando uma considerável melhora na
condição socioeconômica da população de Presidente Prudente. O primeiro quartil equivale
aos 16 macrosetores restantes, ou seja, a maior parte do Município, onde o percentual varia
entre 0,06% e 3,70%. Revela-se, assim, um resultado positivo para o conjunto da cidade, já
que, a maioria dos macrosetores possue índices de baixo percentual.
As bases de dados relativas ao indicador analfabetismo acerca da população acima
de 15 anos, por macrosetor censitário, sobre o total de analfabetos acima de 15 anos e sua
respectiva territorialização no Município de Presidente Prudente, se faz um importante
instrumento de diagnóstico social, econômico e demográfico.
14 As bases de dados relativas a analfabetismo e outras variáveis relacionadas a escolaridade e educação foram trabalhadas pela aluna Fabiana Caldeira (3º ano do curso de Geografia da FCT/Unesp) sob a orientação do Professor Sérgio B. Magaldi.
52
• Oferta e demanda de vagas na Educação Infantil
Através dos contatos efetivados junto à Central de Vagas da Prefeitura Municipal,
com o apoio do Conselho Municipal de Educação, está em andamento o acompanhamento
dos dados da oferta e da demanda por vagas nas 17 unidades de Educação Infantil da
cidade. Este acompanhamento, realizado com as informações atualizadas a cada seis
meses, permitirá no futuro, uma análise precisa das situações de adequação/inadequação
da oferta do serviço; identificação de áreas de maior carência de vagas, tanto para creche
como para a pré-escola e da rotatividade de crianças matriculadas.
Esse perfil que será construído contribuirá para a discussão e formulação de ações
que integrem uma política pública para a Central de Vagas da Prefeitura, assim como para a
avaliação do próprio serviço de educação infantil no município. Por ora, um primeiro mapa
de oferta/demanda de vagas segundo a unidade de educação infantil, tendo como base os
setores censitários, foi produzido utilizando-se os dados consolidados pela Central de Vagas
para o período Julho-Dezembro de 2001.
• Outras informações e dificuldades de compatibilização de bases de dados em
Educação
Os outros dados disponíveis por enquanto, são aqueles referentes a número de
matrículas por série e por idade, e taxas de rendimento (aprovação, reprovação, abandono)
por série, nos anos 2000 e 2001, no Ensino Fundamental e Médio em Presidente Prudente.
Segundo o Censo Escolar 2000, referente a 1999, a taxa de reprovação no Ensino
Fundamental foi de 3,6%, sendo 3,2% de 1a a 4a séries e 4,0% de 5a a 8a. Ainda de acordo
com o mesmo Censo, o abandono escolar chegou a 4,8% nesse nível de ensino, sendo
2,8% de 1a a 4a e 6,6% de 5a a 8a. Se considerarmos que tanto a reprovação quanto o
abandono podem conotar fracasso escolar, temos um quociente preocupante de 6,0% dos
alunos de 1a a 4a e 10,6% dos 5a a 8a séries em situação de fracasso.
Em 2001, o número de alunos matriculados no Ensino Fundamental foi de 17.244.
Se tomarmos 17000 como um valor aproximado das matrículas no ano anterior, teremos
aproximadamente 1400 alunos que, anualmente, são reprovados ou abandonam o sistema
escolar ainda no Ensino Fundamental em Presidente Prudente.
Evidentemente, essa informação deverá ganhar maior consistência. Por enquanto, o
trabalho tem sido o de buscar alguma compatibilização entre as bases de dados
disponibilizadas pela Secretaria de Estado da Educação e MEC e algumas fornecidas pelo
IBGE. Apesar de relevantes, tais dados carecem de maior sistematização e, talvez, exijam
53
uma checagem direta à Diretoria Regional de Ensino, Conselho Tutelar, Secretaria
Municipal de Educação, entre outros. Isso deve-se ao fato de que os dados disponibilizados
não permitem:
1. comparação em séries históricas, uma vez que são apresentados em agregações
distintas ano a ano. Ex: Matrícula 2000 – planilha disponível: por idade, em anos,
sem referência à série. Matrícula 2001 – planilha disponível: por nível de ensino, sem
referência à série ou idade.
2. comparação do número de matriculados, por idade, com o número de habitantes do
município, por idade. Isso permitiria uma estimativa do número de crianças e jovens
que vivem apartados do sistema escolar e sequer figuram entre os que abandonam a
escola ou são reprovados. Por enquanto, os dados populacionais do IBGE estão
agregados por faixas etárias que não condizem com as faixas etárias que servem de
referência aos estudos sobre escolarização.
3. a espacialização do fenômeno da reprovação e do abandono escolar, uma vez que
os dados não incluem a distribuição dos alunos por escola ou por domicílio.
F. Violência criminalidade
Cada vez mais a violência e a criminalidade ganham espaço na mídia, nos discursos
políticos e na agenda dos meios acadêmicos de diferentes ciências e, fundamentalmente,
nas preocupações da sociedade.
O SIMESPP tem se esforçado para incorporar esta dimensão e suas
correspondentes variáveis. Entretanto, como atestam vários pesquisadores que tem se
dedicado ao tema, o acesso a dados e sua confiabilidade deixam muito a desejar, exigindo
um esforço maior para compilar, selecionar, organizar e manipular tais informações.
Assim, o SIMESPP está encaminhando uma proposta de convênio com Secretaria
de Estado dos Negócios da Segurança Pública/Delegacia Seccional de Presidente Prudente
para o acesso aos boletins de registros de ocorrências policiais neste município. A minuta
encontra-se sob análise pelos órgãos competentes.
Entretanto, através do trabalho do aluno Adriano Pedrozo Arrivabene do curso de
Geografia da FCT/Unesp que vem compilando dados públicos sobre o tema, tem sido
possível iniciar a análise e elaboração de indicadores territorializados de criminalidade e
violência. Assim, o SIMESPP já dispõe da base digital (mapa de Presidente Prudente) com
as áreas de abrangência de cada distrito policial, base de dados com as ocorrências por tipo
de crime e delito (em um total de 23) por cada um dos distritos policiais no ano de 2000 e
54
dados sobre Lesões Corporais Dolosas – LCD para o ano de 2002 e janeiro a julho de 2001
de acordo com o local de ocorrência, ou seja, setores censitários.
Com estas bases iniciais e potencialmente com aquelas decorrentes do convênio a
ser assinado será possível construir indicadores de violência por tipo de delito
territorialmente referenciados, compondo o conjunto de indicadores de exclusão social em
elaboração pelo SIMESPP.
55
3.2.2. Dados sócioambientais e de saúde
A. Indicadores ambientais
Considerando-se a dificuldade de se estabelecer indicadores ambientais condizentes
com a realidade brasileira e mais precisamente, com a realidade de uma cidade de porte
médio com as características de Presidente Prudente, busca-se neste momento definir e
selecionar aqueles mais adequados.
Para tanto, estão sendo desenvolvidos 3 projetos de pesquisa:
- Áreas verdes em Presidente Prudente (SP): neste trabalho pretende-se fazer um
levantamento das áreas verdes existentes na cidade, representadas neste caso por praças,
jardins, canteiros, resíduos de mata, ou seja, qualquer área que possua algum tipo de
formação vegetal, seja ela pública ou privada. Com base em dados levantados por AMORIM
(2001), será montado um banco de dados com as 147 áreas em que constam informações
como: área total, área correspondente a cada tipo de vegetação, tipo de equipamento
existente no local, porte da vegetação, freqüência e tipo de usuários, dentre outros. A
importância desses dados é verificar qual a disponibilidade de áreas verdes que possam ser
usadas com finalidade de recreação e lazer para a população e também a de tentar
quantificar qual a porcentagem de área verde por habitante. Em ambos os casos, trata-se de
indicadores ambientais de qualidade utilizados por vários autores e instituições.
Projeto em andamento e que está sendo desenvolvido pelo aluno do curso de Geografia,
Wadson Rogério Menegildo.
- Áreas Verdes e Áreas de Lazer em Loteamentos e Conjuntos Habitacionais em Presidente
Prudente - 1991/2001: neste projeto pretende-se verificar a existência das áreas verdes e
áreas de lazer, obrigatórias por lei, nos loteamentos e conjuntos habitacionais implantados e
em fase de implantação, durante o período de 1991 a 2001, em Presidente Prudente e
também verificar se as áreas verdes e de lazer, quando existem, cumprem a função para a
qual foram destinadas. Está sendo montado um banco de dados com dados e informações
obtidas junto ao DEPRN (Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais) em
que constam todos os loteamentos e conjuntos habitacionais implantados e em fase de
implantação, durante o período citado.
Projeto em andamento e que está sendo desenvolvido pelo aluno do curso de Geografia,
Waleska Reali de Oliveira
Em ambos os projetos destacar-se-á a importância das áreas verdes como locais
que podem ser destinados à recreação e ao lazer, como amenizador das altas temperaturas
56
e por conseqüência como um importante fator relacionado ao conforto ambiental, como
áreas permeáveis, etc.
- Risco ambiental e vulnerabilidade social em Presidente Prudente (SP): neste trabalho
aponta-se uma série de problemas ambientais, principalmente decorrentes de um mau
planejamento, tais como: ocupação de fundos de vale, deposição inadequada dos resíduos
sólidos, construção de conjuntos habitacionais em áreas de proteção ambiental, localização
inadequada do Distrito Industrial, poluição generalizada dos cursos d’água existentes na
área urbana, dentre outros.
Tais condições ambientais vêm fazendo com que a população esteja exposta a
situações de riscos sócio-ambientais. Neste trabalho, risco ambiental será entendido como
“a maior probabilidade de determinados indivíduos ou grupos serem ameaçados por fenômenos
específicos” (TORRES, 2000: 53)”.
Considerar-se-á como elementos provocadores de risco socioambiental a existência
de moradias no entorno de fundos de vale, os depósitos de lixo urbano, a presença de
indústrias na área urbana, principalmente aquelas responsáveis pela poluição do ar e da
água, como curtumes e frigoríficos, que estariam incluídas numa categoria de médio e
grande porte. Além dessas é preciso considerar as chamadas “fábricas de fundo de quintal”
que, por seu porte e pelo volume de produção chegam a passar despercebidas até pelos
órgãos de controle, mas cuja poluição precisa ser considerada.
Com base em tais informações pretende-se fazer um levantamento das fontes de
risco socioambiental localizadas na área urbana de Presidente Prudente, verificar a área de
influência das fontes de risco socioambiental e elaborar um mapa de risco socioambiental de
Presidente Prudente.
B. Saúde
Muitos e fundamentais indicadores de saúde baseiam-se na freqüência de doenças
em populações medida por dados de morbidade e mortalidade, precioso instrumento para
estudos epidemiológicos e para uso dos administradores da saúde.
• Mortalidade
A utilização das estatísticas de mortalidade para avaliar o comportamento de uma
doença é interessante, pois a partir da causa da morte, pode-se obter dados sobre a
prevalência, a incidência e a localização espacial dos registros e avaliar, direta ou
57
indiretamente, o comportamento dessa doença, a assistência em saúde, a situação
ambiental envolvida no seu aparecimento, entre outros. Para mensurar a mortalidade são
usados coeficientes ou taxas que torna-se indicadores importantes no estabelecimento de
políticas públicas.
A mortalidade por causa fornece dados e indicativos de freqüência das doenças na
população e é amplamente utilizada dentro da epidemiologia. Esses dados podem ser
utilizados como medidas indiretas fornecendo parâmetros sobre doenças existentes, análise
de predominância em diferentes populações ou ainda remeter a existência de serviços de
assistência à saúde.
No grupo do SIMESPP, os dados de mortalidade e a causa da morte foram usados
com o objetivo de analisar o número de mortes, agrupar as causas das mesmas e localizar
estas pessoas no mapa de exclusão social de Presidente Prudente, no biênio 2000/2001.
Para o estabelecimento da mortalidade geral por diversas causas básicas na área
urbana foram utilizados dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), no ano
2000.
Dentre as várias informações fornecidas pela Declaração de Óbito, este grupo de
pesquisa trabalhou com os seguintes dados: notificação dos casos com o endereço da
residência e a causa do óbito (doença ou causa externa). Tais dados, registrados sob forma
de banco de dados em meio digital (Excel®), permitiram a elaboração de 11 mapas
relacionando as causas dos óbitos e sua distribuição espacial por setor censitário.
Os dados de mortalidade infantil também foram analisados a partir do SIM,
contemplando os anos de 2000 e 2001. Os casos notificados foram distribuídos
espacialmente no mapa de Presidente Prudente, produzindo 2 mapas de mortalidade
infantil. Das crianças que foram a óbito, investigou-se nascimento com muito baixo peso e o
mapeamento destes casos foi realizado produzindo mais 2 mapas contendo as informações
destes óbitos. Os dados sobre o peso das crianças ao nascer foram obtidos na base de
dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC).
Em 2000, nasceram em Presidente Prudente 3029 crianças e foram a óbito 46,
fornecendo um coeficiente de mortalidade infantil de 15,2. Já no ano de 2001, 2976 crianças
nasceram e 39 foram a óbito, com um índice de 13,1. É interessante observar que tais
coeficientes estão bem abaixo da média nacional (29,6) e do Estado de São Paulo (20,6),
segundo dados preliminares do IBGE do Censo de 2000 (Folha de São Paulo, 2002).
Considerando a importância da relação do peso da criança ao nascer com a
mortalidade infantil, foram investigados todos os casos daquelas que nasceram com muito
baixo peso e foram a óbito e o mapeamento destes casos foi realizado produzindo mais 2
mapas contendo as informações destes óbitos. Além disso, elaborou-se 2 mapas com a
58
distribuição espacial de todas as crianças que nasceram com muito baixo no município de
Presidente Prudente .
Na análise do nascimento de muito baixo peso, ou seja, daquelas crianças que
nasceram com peso abaixo de 1500g, observou-se que no ano de 2000 nasceram com MBP
40 crianças das quais 15 foram a óbito (38%), no ano de 2001 nasceram 46 e 23 (50%)
foram a óbito, evidenciando a necessidade de assegurar um acompanhamento sistemático a
essa população, o que só é possível com uma política bem definida.
Com relação às 40 crianças NMBP no ano 2000, 16 (0.4) são de área de exclusão
social, segundo o Mapa da Exclusão (2000), dessas 6 (0.4) foram a óbito; já no ano de
2001, das 46 crianças NMBP, 16 (0.35) são de área de exclusão e dessas 12 (0.52) foram à
óbito.
Algumas variáveis foram analisadas com o objetivo de observar a existência de
fatores que possivelmente influenciaram a mortalidade, por exemplo: a não realização de
pré-natal ou a realização de somente uma a três consultas foram observadas em 6 das
crianças que foram a óbito no ano de 2000 e em 5 no ano 2001; o local de residência da
maioria das crianças que foram a óbito estão em áreas de exclusão. Além disso, os dados
de peso ao nascer, idade da mãe, escolaridade da mãe, duração da gestação foram
organizados em tabelas e serão analisados para verificar suas relações com a mortalidade e
a exclusão social.
• Morbidade
Entende-se como medida de morbidade aquela que é usada para medir a freqüência
de doença(s) na população e isso pode ser feito através de números absolutos, taxas ou
coeficientes e índices ou razões. Apesar das dificuldades existentes para se medir a
morbidade, três tipos de medidas são amplamente utilizados: freqüência, gravidade e
duração.
Neste trabalho, a freqüência de algumas doenças foi obtida a partir da análise de
dados do Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB), que contém dados sobre o
Programa de Saúde da Família (PSF) e Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS).
Esses dados permitiram, até o momento, elaborar 2 mapas contendo os casos de
hipertensão arterial e diabetes, a partir do cadastro do SIAB, que contém as informações
das fichas de acompanhamento destes casos (ficha B – HA; ficha B - DIA). A preocupação
em distribuir e mapear tais casos fundamentou-se na maior freqüência registrada pelos
agentes de saúde de cada núcleo de atendimento na área correspondente.
59
O SIAB foi ainda utilizado para desenvolver outro mapa referente a localização dos
núcleos de PSF/PACS e a abrangência de atendimentos. Foram localizados 5 núcleos:
Jardim Belo Horizonte, Montalvão, Jardim Iguaçu, Vila São Pedro e Parque Alvorada. As
famílias atendidas pelo programa foram registradas pelos seus endereços e localizadas no
respectivo setor censitário (em torno de 21000 pessoas atendidas).
Quadro 1 – Síntese das características de bases e bancos de dados utilizados em
Saúde
SIM SINASC SIAB
BASE
DE
DADOS
- Endereço da
residência
- Causa da morte
(doença ou causa
externa direta)
- Endereço da
residência
- Peso ao nascer
(nascimento de muito
baixo peso)
- Endereço do núcleo
de Atendimento
- Notificações de
diabetes
- Notificações de
hipertensão arterial
60
3.3. Delimitação de unidades espaciais hierarquizadas
Tal como apresentado neste relatório, um dos desafios da construção de Sistemas
de Indicadores Sociais territorializados que revelem situações de vulnerabilidade, risco e
exclusão social é a delimitação de áreas geográficas que deêm maior visibilidade a cada
fenômeno ou dimensão dos processos referidos. Ou seja, a compreensão da exclusão
social como processo multidimensional exige um esforço empírico de seleção e análise de
dados e construção de indicadores referidos ao território. Não basta saber quem ou quais
são os processos, mas também e fundamentalmente saber onde ocorrem.
A partir deste entendimento, o SIMESPP vem realizando um esforço de encontrar
diferentes recortes territoriais possíveis para o mesmo espaço urbano de maneira a permitir
a elaboração de indicadores e/ou mapas de indicadores nas escalas que melhor revelem os
processos analisados.
A idéia básica, em elaboração no grupo e já presente no Relatório Fase I, é que se a
exclusão social é multidimensional por natureza, também o é multi escalar. Isto significa que
uma das contribuições para o entendimento de tais processos é que dependendo da
dimensão sob análise deparamo-nos com processos mais ou menos concentrados
espacialmente, mais ou menos restritos a áreas ou setores censitários e/ou que atingem
populações historicamente localizadas em certas áreas ou mais recentemente ali
localizadas. As implicações destas observações para a formulação, implementação e
avaliação de políticas públicas não são triviais, como também não o são as implicações
decorrentes para o desdenho de um protótipo de sistema de informações.
Se na primeira etapa do trabalho (Fase I) lidamos com os setores censitários,
procuramos agora incorporar outras escalas de análise. Optou-se por incluir na base digital
dois novos recortes territoriais: as Unidades Espaciais de Planejamento e os Macrosetores.
Ilustrando tal perspectiva, apresentamos a seguir a espacialização da variável
“número de habitantes por domicílio particular ocupado”, nas três escalas acima apontadas.
61
62
63
64
Os mapas demonstram as diferenças da distribuição da variável considerada de
acordo com a escala de análise utilizada e sugerem diferentes possibilidades de
interpretação. Tomando-se em primeiro lugar o mapa das UEPs, observa-se a região mais
central e a zona norte da cidade apresentando as menores e maiores relações
habitantes/domicílio, respectivamente 3,15 e 3,75.
Enquanto as primeiras se destacam como áreas e bairros de ocupação mais antiga e
onde se localizam, prioritariamente, os imóveis não residenciais, a segunda é área de
localização de populações de baixa renda (e identificadas como áreas de exclusão social no
mapa 2000).
Um olhar no mapa seguinte (de macrosetores), entretanto, revelam diferenças e
heterogeneidades internas nestas áreas. Enquanto na área central focaliza-se uma área de
densidade de 2,81 hab/dom, menor que a apresentada no mapa anterior, na zona norte
focaliza-se uma área de densidade maior (3,82 hab/dom).
Mais adiante, através do próximo mapa (de setores censitários), são percebidas mais
diferenças dentro de cada uma dessas áreas: na zona central descobre-se um setor cuja
relação é de 2.32, enquanto na zona norte cresce para 4,07hab/dom.
Tal como já comentado, tais diferenças não são aleatórias e a busca das lógicas que
presidem, seja a relação habitantes por domicílio, seja a de outras variáveis e/ou
indicadores, por apresentarem fortes componentes e arranjos territoriais, demandam
diversas escalas de análise para a apreensão de suas complexidades, o que vem sendo
incorporado no sistema em desenvolvimento.
65
3.4. Desenho da arquitetura e funcionamento do Sistema
À medida que os trabalhos vêm sendo desenvolvidos, o SIMESPP vem também
apurando e refinando os parâmetros, condições, requisitos e instrumentalização para a
construção do protótipo do Sistema Intersetorial de Informações Georeferenciadas.
Na verdade, existe uma sinergia entre três elementos para a construção deste
protótipo, três elementos que se reforçam e se condicionam mutuamente e que precisam ser
“resolvidos” quase de maneira simultânea:
a) A concepção teórica de exclusão social a ser utilizada pelo grupo;
b) A seleção dos indicadores a serem utilizados prioritariamente;
c) A organização das regras e o fluxo das informações a serem geradas em diferentes
níveis de processamento;
Estes três elementos, por sua vez, devem respeitar a finalidade e os princípios já
estabelecidos desde a FASE I, a saber:
Finalidade
Apoiar e acompanhar o planejamento, a execução e a avaliação de políticas
públicas que enfrentem as várias situações de desigualdade (econômica, social e ambiental)
de condições de vida em Presidente Prudente;
Princípios:
A - Garantir a disseminação e utilização das informações da forma mais ampla
possível.
B - Contribuir para a democratização da informação e a prática do planejamento e da
tomada de decisão participativos.
C - Criar mecanismos de gerenciamento permanente que envolvam os usuários na
definição, produção, divulgação e avaliação de informações a respeito da
eficácia,
eficiência e efetividade das políticas públicas.
D - Contribuir para a capacitação e desenvolvimento técnico de quem participa do
Sistema, numa perspectiva intersetorial.
E – Respeito ao direito de privacidade do cidadão.
Assim é que, como primeira aproximação o grupo desenvolveu uma versão dos
níveis, temas, campos temáticos e indicadores que comporão o Sistema, expressos no
fluxograma, a seguir:
66
INDICADOR DA EXCLUSÃO SOCIOESPACIAL
Socioeconômico Socioambiental
População e Habitação
Everaldo Santos Melazzo, Sérgio
Bráz Magaldi
Renda Everaldo Santos
Melazzo
Desemprego Everaldo Santos Melazzo, Eliseu Savério Sposito
Educação Ana Archangelo
Guimarães
Saúde Ana Lúcia de J. Almeida, Eliane Ferrari Chagas, Renilton José Pizzol, Raul Borges Guimarães, Sérgio Bráz Magaldi Magaldi
Meio ambiente Encarnita
Salas Martin
CAMPOS
T EMÁT I COS
TEMAS
SIMESPP – SISTEMA DE INFORMAÇÃO E MAPEAMENTO DA EXCLUSÃO SOCIAL para POLÍTICAS PÚBLICAS
SISGEO – Sistema Intersetorial de Indicadores Georeferenciados
Variáveis – Bases e Bancos de Dados
Indicadores
67
A descrição funcional do fluxograma é a seguinte:
- No primeiro nível estão dispostas as bases, sejam aquelas relativas aos mapas
digitalizados, sejam aqueles referentes aos dados e variáveis captados em diferentes
fontes.
- No segundo nível encontram-se os temas que podem ser tantos quantos forem as
dimensões a serem trabalhadas no sistema;
- No terceiro níveis já se encontram os indicadores para cada um dos temas;
- No quarto nível os indicadores são sintetizados, segundo os campos temáticos mais
gerais;
- No quinto e último nível é produzido o indicador síntese intersetorial e
georeferenciado da exclusão sócioespacial.
68
4. OUTRAS ATIVIDADES REALIZADAS
69
4.1. Cadastramento no CNPq.
O grupo vem crescendo, se consolidando e sendo reconhecido, no âmbito da
Academia e por outras Instituições. Isso com: - a inserção de novos membros, -
disponibilização dos produtos (mapas, relatórios) tanto para o desenvolvimento de trabalhos
acadêmicos quanto para a informação de determinadas instituições e a efetivação de
parcerias.
Portanto, fez-se relevante a institucionalização do mesmo através do seu
Cadastramento no Diretório de Grupos do CNPq.
4.2. Home Page
Com o objetivo de divulgar o trabalho do grupo e conseguir novos interlocutores
criamos uma home page. A mesma encontra-se no site da FCT – UNESP em Pesquisa –
Grupos com o seguinte endereço http://www.prudente.unesp.br/simespp/simespp.htm.
Cadastramos esta Home Page em um site de busca da Internet, o Cadê, para que o
acesso à mesma não fique limitado apenas aos usuários da academia, podendo ser
encontrada por qualquer usuário da Internet.
4.3. Palestras e apresentações em Eventos
MELAZZO, E. S. A exclusão social em Presidente Prudente. Palestra proferida no Projeto
Universidade Aberta à Terceira Idade. FCT/UNESP, 8 de maio de 2002.
MELAZZO, E. S. A exclusão social em Presidente Prudente. Terceira Igreja Batista
Independente. Março de 2002. (palestra)
OLIVEIRA, Reginaldo Pereira de. Segregação e Exclusão: Seleção e análise de
indicador(es) socioespacial(is). Painel apresentado VIII Congresso de Iniciação Científica,
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SIMESPP. Sistema de Informação para a Tomada de decisão Municipal – Painel enviado
para a Mostra de Tecnologia da FAPESP. Assembléia Legislativa de São Paulo. São Paulo,
2001.
SPOSITO, E. S. Transporte Coletivo Urbano em Presidente Prudente. Mesa Redonda: “O
trânsito em Presidente Pudente promovido por Rádio FM 101, O Imparcial, ACIPP. 2001.
70
SENAC – Presidente Prudente.
XII ENCONTRO NACIONAL DE GEÓGRAFOS, Florianópolis, 2000. Espaço de Diálogo.
SPOSITO, E. S. et. al. Sistema de Informação para a Tomada de Decisão Municipal.
4.4. Publicações
CARMO,C.; et al. Indicadores municipais: novo software vai orientar a tomada de
decisões. Pesquisa FAPESP – Suplemento Especial. São Paulo: FAPESP, nº68,
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71
2000. p.598-599
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Programa de Cidadania e Gestão Pública - www.gv.br/ford/gpcindex.asp
Observatório da Nova Gestão Pública - www.enap.gov.br/html/observatorio.htm
FAPESP - Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo www.fapesp.br/
Biblioteca virtual de Ciências Sociais - www.prossiga.br/csociais/pacc
Polis - Instituto de Estudos, formação e Assessoria em Políticas Públicas www.polis.org.br
Ladislau Dowbor www.ppbr.com/ld/
SEADE - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados www.seade.gov.br
Rede de banco de dados em gestão local www.web-brazil.com/gestaolocal/
European Anti Poverty Network www.eapn.org/
Observatório de Políticas Urbanas e Gestão Municipal - IPPUR/UFRJ
www.ippur.ufrj.br/observatorio
Biblioteca Virtual de Políticas Públicas www.prossiga.br/cnpq/politicas-publicas/
Consultoria em Políticas Públicas www.cpp.inf.br/
79
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
80
Como pôde ser observado ao longo deste relatório parcial, o projeto aprovado pela
FAPESP, em sua FASE II, encontra-se em andamento com resultados positivos tanto no
que se refere às atividades previstas inicialmente, quanto em relação a diversas outras que
foram sendo assumidas e desenvolvidas pelo grupo em função de sua importância
estratégica em termos de parcerias, divulgação e disseminação de informações, publicações
etc.
Duas observações devem ser feitas, entretanto, a respeito da não realização (até o
momento) dos itens 4 e 5 do projeto e do início da realização do item 6, o que se deve a
uma decisão dos membros do grupo.
A realização de um trabalho de campo para a aplicação da técnica de estimativa
rápida em bairros selecionados na FASE I como de exclusão social e a utilização dos
resultados obtidos para a seleção dos indicadores a serem processados pelo protótipo do
Sistema careceu, a nosso ver, de uma definição e de um desenho prévios do próprio
sistema, previsto no item 6. Desta maneira, avançou-se na concepção do Sistema, o que
permitirá uma qualidade maior dos resultados a serem obtidos na checagem de campo.
Com relação ao cronograma, as atividades originalmente previstas para os meses
subseqüentes são:
• Aplicação da técnica de estimativa rápida nos setores censitários 45, 58 e 166
que abrangem os bairros: Vila Líder, Jardim Paraíso/Jardim Chácara
Marisa/Jardim Cambuci e Conjunto Brasil Novo, respectivamente, na medida em
que são essas áreas as que apresentam os piores resultados dos indicadores de
exclusão social trabalhados na FASE I;
• Análise dos resultados obtidos na área-teste para a definição das informações
a serem processadas pelo SISGeo. Através de instrumental estatístico, serão
definidas as variáveis mais significativas para a construção de indicadores de
condições de vida;
• Desenho da arquitetura de funcionamento do SISGeo, de acordo com a
finalidade e princípios estabelecidos, de forma a definir claramente os fluxos da
produção das informações; (já iniciado)
• Desenvolvimento do aplicativo em SIG, através de solução de informática
própria, que seja amigável ao usuário final, de baixo custo e de fácil difusão;
• Estruturar e testar um protótipo do SISGeo avaliando o cumprimento de suas
finalidades (item 8 do Plano de Atividades);
81
• Relatório final que sistematize as atividades desenvolvidas e que consolide a
metodologia proposta, seu aprimoramento e a possibilidade de extensão para
outros municípios.
Para o melhor desenvolvimento das etapas finais do projeto, estão previstas duas
atividades: 1. a consultoria do Professor Paulo Januzzi, autor do livro Indicadores Sociais no
Brasil, com a finalidade de discutir e aprimorar a seleção dos indicadores de qualidade de
vida; 2. o treinamento e capacitação do grupo de pesquisa para o uso das ferramentas do
software MapInfo®, com ênfase na construção do sistema de indicadores georeferenciados
e intersetoriais.
Considera-se que as consultorias e cursos permitirão uma maior qualificação e
atualização da equipe, principalmente no que se refere aos seguintes aspectos: definição
dos indicadores de qualidade de vida, tratamento estatístico das informações e
desenvolvimento do protótipo.
Outro elemento que certamente representará um salto de qualidade para o grupo e
para o projeto é a recente aprovação do convênio e termo aditivo entre a Unesp e o IBGE
(em anexo). Este convênio nasceu da aproximação natural criada entre o grupo e a agência
do IBGE de Presidente Prudente (inclusive com sua participação no Comitê Decisório,
conforme Relatório FASE I) e foi reforçada pela presença em Presidente Prudente do Sr.
Luis Antonio Pinto de Oliveira, Diretor do Departamento de Indicadores Sociais do IBGE,
ocasião na qual foi possível apresentar-lhe o projeto e discutir formas de parceria para o
trabalho.
Com o convênio, o grupo terá à disposição todos os dados censitários, por setor de
coleta, para ao ano de 2000, o que impulsionará o trabalho empírico e que permitirá a
melhor aplicação da técnica de estimativa rápida nos setores censitários previamente
definidos, além de novos setores que poderão vir a ser identificados pelo refinamento das
análises dos dados. Além disto, o acesso aos dados censitários permitirá também incorporar
ao sistema um padrão de funcionamento viável para outras cidades médias.
Em relação à execução orçamentária do projeto, cabe ressaltar que, até este
momento, os gastos se deram apenas para a aquisição de material permanente (ver relação
em anexo), de forma a permitir a participação mais efetiva dos novos membros que foram
incorporados ao projeto, bem como dos alunos.
Outro aspecto importante a salientar é a dificuldade sentida pela não autorização,
dentro do item “material de consumo”, para a aquisição de insumos de informática. É até
compreensível esperar que o fornecimento de tais materiais se dê pela UNESP (como
instituição parceira). Entretanto, há uma morosidade muito grande em tal processo, o que
faz com que, em algumas vezes, o desenvolvimento de determinadas etapas do trabalho
fique prejudicado. Além disso, em nenhuma de nossas solicitações, ou seja, na Fase I nem
82
na II, foi autorizada a aquisição de versões mais atualizadas do software MapInfo®, que tem
sido uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento deste trabalho. Sabe-se que as
novas versões trazem incorporados novos recursos e possibilidades que, além de facilitarem
o trabalho, possibilitariam uma melhor qualidade no tratamento e na representação dos
dados e informações.
Outro aspecto que dificulta o andamento do projeto e é digno de nota refere-se ao
indeferimento do pedido de contração de auxiliares de pesquisa. Comparando-se a primeira
fase, em que três auxiliares estiveram presentes, e a segunda fase identifica-se claramente
prejuízo do desenvolvimento da parte operacional de coleta, organização e sistematização
da base da dados.
Feitas essas considerações, cabe agora informar que a incorporação de novos
professores dos Departamentos de Educação e de Fisioterapia e de alunos dos cursos de
Pedagogia e Fisioterapia, de forma a contemplar outros aspectos que passaram a ser
estudados na Fase II, reforçou o caráter multidisciplinar e interdepartamental do grupo e
permitiu também que houvesse uma maior articulação do ensino, pesquisa e extensão, na
medida em que produtos já obtidos, tais como mapas temáticos, puderam ser
disponibilizados para diferentes instituições. Podemos citar alguns exemplos:
- a utilização, do relatório Fase I, pela Secretaria Municipal de Saúde de
Presidente Prudente;
- a utilização de uma mapa com a distribuição do número de adolescentes
grávidas na cidade, pela Promotoria da Infância e da Juventude de Presidente
Prudente;
- a utilização, pelo Conselho Municipal de Educação , de mapas produzidos a
respeito da demanda por vagas EMEIF, sendo que, isso resultará em uma
monografia de bacharelado desenvolvido por uma aluna vinculada ao grupo.
83
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