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O LEPROSO O LEPROSO MIGUEL TORGA MIGUEL TORGA

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O LEPROSOO LEPROSO

MIGUEL TORGAMIGUEL TORGA

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LITERATURA PORTUGUESA LITERATURA PORTUGUESA

PROF.ª REGINAPROF.ª REGINA

COMUNICAÇÃO:COMUNICAÇÃO:

O LEPROSOO LEPROSO

DISCENTES:DISCENTES:

IVANEIDE LEITEIVANEIDE LEITE

MONICA SIMÕESMONICA SIMÕES

ESCOLA SUPERIOR MADRE CELESTEESCOLA SUPERIOR MADRE CELESTECURSO DE LETRAS- HABILITAÇÃO EM INGLÊS E CURSO DE LETRAS- HABILITAÇÃO EM INGLÊS E

ESPANHOLESPANHOL

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MIGUEL TORGAMIGUEL TORGA Miguel Torga Miguel Torga nascido em São Martinho de nascido em São Martinho de

Anta,Anta, Trás-os-Montes Trás-os-Montes, região portuguesa, em 12 , região portuguesa, em 12 de agosto de 1907,Adolfo Correia Rocha tornou-de agosto de 1907,Adolfo Correia Rocha tornou-se sob o pseudônimo de Miguel Torga, um dos se sob o pseudônimo de Miguel Torga, um dos maiores escritores portugueses do Século XX. maiores escritores portugueses do Século XX. Filho de uma família humilde emigrou para o Filho de uma família humilde emigrou para o Brasil aos doze anos, vivendo em Leopoldina, Brasil aos doze anos, vivendo em Leopoldina, onde trabalhou com um tio em sua fazenda de onde trabalhou com um tio em sua fazenda de café. De inteligência intelectual privilegiada, fez café. De inteligência intelectual privilegiada, fez com que o tio lhe custeasse os estudos. com que o tio lhe custeasse os estudos. Custeado pelo tio, voltou para Portugal, onde se Custeado pelo tio, voltou para Portugal, onde se formou emformou em

medicina em Coimbra.medicina em Coimbra. Mas foi na literatura que o doutor Miguel Torga Mas foi na literatura que o doutor Miguel Torga

cuidou da saúde psicológica de milhares de cuidou da saúde psicológica de milhares de personagens, construindo uma literatura de personagens, construindo uma literatura de caráter humanista. A obra de Torga descreve caráter humanista. A obra de Torga descreve principalmente o homem transmontano e seus principalmente o homem transmontano e seus costumes, crenças e tradições. Foi o primeiro costumes, crenças e tradições. Foi o primeiro vencedor do vencedor do Prêmio CamõesPrêmio Camões. Morreu em . Morreu em Coimbra, em 17 de janeiro de 1995.Coimbra, em 17 de janeiro de 1995.

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Publicada em 1944, Publicada em 1944, Novos Contos da Novos Contos da MontanhaMontanha é uma coletânea de 22 é uma coletânea de 22 contos, percecionam histórias contos, percecionam histórias acontecidas num espaço e vividas por acontecidas num espaço e vividas por gentes que povoam a memória da gentes que povoam a memória da infância e da adolescência de Miguel infância e da adolescência de Miguel Torga. Testemunho da vivência Torga. Testemunho da vivência sofrida dos seus "irmãos" sofrida dos seus "irmãos" transmontanos, estes contos ilustram transmontanos, estes contos ilustram personagens, de tipo torguiano que personagens, de tipo torguiano que reconhecemos como "autênticas" e reconhecemos como "autênticas" e inteiras e que fazendo parte do inteiras e que fazendo parte do Portugal de hoje, constituem uma Portugal de hoje, constituem uma "montra de heróis montanheses, "montra de heróis montanheses, revoltadamente livres e trágicos na revoltadamente livres e trágicos na sua solidão". Verdadeiras, estas são sua solidão". Verdadeiras, estas são personagens detentoras de vícios e personagens detentoras de vícios e de virtudes, atuando de acordo com a de virtudes, atuando de acordo com a circunstancialidade cultural que se circunstancialidade cultural que se vem projetando ao longo dos tempos.vem projetando ao longo dos tempos.

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O conto O conto O LeprosoO Leproso apresentam-nos um conjunto de personagens apresentam-nos um conjunto de personagens contextualizadas num tempo e num espaço que é, metaforicamente, o contextualizadas num tempo e num espaço que é, metaforicamente, o das trevas. Narrando uma ação situada em Loivos, no Douro, este das trevas. Narrando uma ação situada em Loivos, no Douro, este conto centra-se no quotidiano de um conjunto de trabalhadores, conto centra-se no quotidiano de um conjunto de trabalhadores, "camaradas de suor" que " eram amigos, daquela amizade possível "camaradas de suor" que " eram amigos, daquela amizade possível entre gente rude e sacrificada, sem licença para aventuras intensas entre gente rude e sacrificada, sem licença para aventuras intensas do coração e do entendimento.". Assolados pelo medo provocado pela do coração e do entendimento.". Assolados pelo medo provocado pela desconfiança de que Julião, camarada de trabalho, contraíra a lepra, desconfiança de que Julião, camarada de trabalho, contraíra a lepra, votaram-no ao ostracismo. Sentindo-se completamente abandonado votaram-no ao ostracismo. Sentindo-se completamente abandonado pelos amigos, num momento em que mais precisava deles, e após pelos amigos, num momento em que mais precisava deles, e após várias tentativas para combater a doença, Julião prepara a vingança. várias tentativas para combater a doença, Julião prepara a vingança. Vendendo o azeite onde se banhou (para se curar) ao fornecedor da Vendendo o azeite onde se banhou (para se curar) ao fornecedor da aldeia, espalha o pânico na população. Esta atitude desesperada aldeia, espalha o pânico na população. Esta atitude desesperada desencadeia uma resposta que, crescendo como uma bola de neve, se desencadeia uma resposta que, crescendo como uma bola de neve, se torna impossível de controlar, levando à trágica morte pelo fogo de torna impossível de controlar, levando à trágica morte pelo fogo de Julião.Julião.

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No conto No conto O LeprosoO Leproso, o trágico se constrói progressiva , o trágico se constrói progressiva e linearmente, coadunando consciência, exclusão e linearmente, coadunando consciência, exclusão social, alienação e morte. O conto, ambientado na social, alienação e morte. O conto, ambientado na região do Douro, faz referências explícitas à condição região do Douro, faz referências explícitas à condição social das personagens envolvidas: “[...] Escravos de social das personagens envolvidas: “[...] Escravos de uma terra hostil e de uma sociedade hostil, simples e uma terra hostil e de uma sociedade hostil, simples e toscos instrumentos de produção nas mãos injustas toscos instrumentos de produção nas mãos injustas da vida” (TORGA, 1996, p. 68).da vida” (TORGA, 1996, p. 68).

Dessa forma, percebe-se nitidamente a aura de Dessa forma, percebe-se nitidamente a aura de denúncia em que se constrói a narrativa de cunho denúncia em que se constrói a narrativa de cunho neorrealista. neorrealista.

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Neste conto, Torga mostra as condições sub-Neste conto, Torga mostra as condições sub-humanas em que está imersa a personagem-protagonista, humanas em que está imersa a personagem-protagonista, ou seja, em um locus onde reina a pobreza, a fome, a ou seja, em um locus onde reina a pobreza, a fome, a injustiça e todas as intempéries da natureza do meio rural injustiça e todas as intempéries da natureza do meio rural e agrário português. De fato, a obra de Torga permanece e agrário português. De fato, a obra de Torga permanece viva e atual por não estar eivada de caricaturas populistas, viva e atual por não estar eivada de caricaturas populistas, e não se curvar às restritas exigências do Neorrealismoe não se curvar às restritas exigências do Neorrealismo (SEIXAS, 1996)(SEIXAS, 1996)

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Quando nos deparamos com os contos Quando nos deparamos com os contos torguianos,defrontamo-nos com um Neorrealismo torguianos,defrontamo-nos com um Neorrealismo maduro, por percebermos que o escritor maduro, por percebermos que o escritor não só não só quer a transformação social, mas procura situar o quer a transformação social, mas procura situar o leitor diante de outras “possibilidades de leitor diante de outras “possibilidades de experimentar e vivenciar a realidade” (LIMA,2002, experimentar e vivenciar a realidade” (LIMA,2002, p. 26).p. 26).

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A história é, portanto, muito mais extensa do que a narrativa, que condensa fatos, suspende passagens com a liberdade que lhe dá a literatura. E, por outro lado, ela é maior do que a história à medida que se estende por todas as sociedades, desde as que viveram antes da escritura do conto, até muito depois, quando a lepra já tomou outras configurações e continua provocando as mesmas reações (SCHNEIDER, 1993, p. 71).

De acordo com Rosane Gazolla Alves Feitosa,[...] De acordo com Rosane Gazolla Alves Feitosa,[...] o o sino se faz presente em todos os momentos de vida e de sino se faz presente em todos os momentos de vida e de morte na aldeia. Esta encara a morte como algo natural morte na aldeia. Esta encara a morte como algo natural que faz parte do destino do indivíduo. O povo convive com que faz parte do destino do indivíduo. O povo convive com a morte, sendo esta uma presença constante naquelas a morte, sendo esta uma presença constante naquelas fragas, um lugar comprovado de sofrimento. Seus fragas, um lugar comprovado de sofrimento. Seus habitantes consideram a morte parte de suas vidas, e, habitantes consideram a morte parte de suas vidas, e, frequentemente, a utilizam como solução de problemas, frequentemente, a utilizam como solução de problemas, tais como defesa da honra tais como defesa da honra (1984, p. 128).(1984, p. 128).

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Eduardo Lourenço a concluir que a escrita de Eduardo Lourenço a concluir que a escrita de Miguel Torga condensa a “metáfora lírico-trágica Miguel Torga condensa a “metáfora lírico-trágica da vivência mais cotidiana e caseira” da vivência mais cotidiana e caseira” (LOURENÇO, 1995, p. 5), enquanto que, para (LOURENÇO, 1995, p. 5), enquanto que, para Massaud Moisés, nos contos torguianos a “tônica Massaud Moisés, nos contos torguianos a “tônica recai na morte em todas as suas modalidades, recai na morte em todas as suas modalidades, especialmente as violentas” (MOISÉS, 1975, p. especialmente as violentas” (MOISÉS, 1975, p. 241)241)

“O Leproso” a doença não acomete toda uma comunidade, apenas Julião, daí nasce o conflito. Como bem constata Massaud Moisés: “Só a dor, o sofrimento, a angústia, a inquietude criadora, etc., faz com que as criaturas se imponham e suscitem interesse dos outros”28. E, de fato, os olhos da comunidade voltam-se para Julião ao constatarem o mal contagioso que o acomete.

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De acordo com Alinaluz Santiago Torres, essa violência da De acordo com Alinaluz Santiago Torres, essa violência da comunidade “es el resultado de una cadena infinita de comunidade “es el resultado de una cadena infinita de terrores a los que los seres humanos estamos expuestos, y terrores a los que los seres humanos estamos expuestos, y mui en particular el hombre que vive em condiciones de mui en particular el hombre que vive em condiciones de pobreza y en el campo, como hemos observado en el caso pobreza y en el campo, como hemos observado en el caso del pueblo de Loivos”44. del pueblo de Loivos”44. Para Torres, essa violência se Para Torres, essa violência se justifica pelo fato de que para o homem transmontano do justifica pelo fato de que para o homem transmontano do campo, a morte faz parte do dia a dia na natureza, bem campo, a morte faz parte do dia a dia na natureza, bem como muitas vezes implica uma questão de sobrevivência.como muitas vezes implica uma questão de sobrevivência.

  

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Outro depoimento importante sobre Torga é o do Outro depoimento importante sobre Torga é o do embaixador e historiador Alberto da Costa e Silva, embaixador e historiador Alberto da Costa e Silva, em Prefácio ao livro em Prefácio ao livro A Criação do MundoA Criação do Mundo::

A Portugal devo três dos entusiasmos dos meus A Portugal devo três dos entusiasmos dos meus dezessete anos: a poesia de Mário de Sá-Carneiro, dezessete anos: a poesia de Mário de Sá-Carneiro, o “Humus” de Raul Brandão e os contos de Miguel o “Humus” de Raul Brandão e os contos de Miguel Torga. Deste, lembram-me ainda a surpresa e o Torga. Deste, lembram-me ainda a surpresa e o deslumbramento com que li “Bichos”. E depois,  deslumbramento com que li “Bichos”. E depois,  “Rua”. E em seguida, “Contos da Montanha”. E, “Rua”. E em seguida, “Contos da Montanha”. E, mais tarde, vencido pela pureza das frases e a mais tarde, vencido pela pureza das frases e a força do homem, os quatro primeiros volumes do força do homem, os quatro primeiros volumes do “Diário”. Aqui estava distante do arco-íris de Sá-“Diário”. Aqui estava distante do arco-íris de Sá-Carneiro e do ouro velho da prosa de Raul Brandão. Carneiro e do ouro velho da prosa de Raul Brandão. Via-me a olhar pontas-secas, a seguir traços duros Via-me a olhar pontas-secas, a seguir traços duros e firmes , completos em sua contenção e aparente e firmes , completos em sua contenção e aparente simplicidade.simplicidade.