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Sociedade e cultura no Brasil colonial

Sociedade e Cultura no Brasil Colonial

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Sociedade e cultura no Brasil colonial

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História

1.Herança Colonial1.1 A desigualdade social no Brasil de hoje

A desigualdade social é uma marca específica da sociedade brasileira. Não que não haja, em graus muito intensos, desigualdades em outros países – é claro que há

–, mas parece que somos o único país do mundo há três décadas no podium do índice de Gini, que mede a desigualdade social de todos os países do mundo.

População do Brasil Renda mensal por pessoa Parcela da renda do país

50% R$ 76,00 Pouco mais de 10 %

40% R$ 307,00 40%

10% R$ 1.388,00 10%

O gráfico acima, com dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas), mostra que 50% da população brasileira vive em média com R$ 76,00 (setenta e seis reais) por pessoa por mês, o que corresponde a pouco mais de 10% da renda do país. 40% da população brasileira tem acesso a 40% da renda do país,  vivendo com R$ 307,00 (trezentos e sete reais) em média por pessoa, por mês. Ao passo que os 10% mais ricos vivem, em média, com R$ 1.388,00 (mil trezentos e oitenta e oito reais) por pessoa, por mês.

Sociedade e cultura no Brasil colonial

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No Brasil, a extrema concentração de renda é responsável pelo nosso recorde no índice de Gini.

As raízes desse problema estão num passado não tão longínquo: época da colonização portuguesa, que teve início na década de 1530.

A organização da sociedade colonial esteve ligada a algumas estruturas de produção: a do açúcar, artigo de alto valor comercial no mercado europeu,e a

exploração do ouro nas região das Minas Gerais.

2. A organização da sociedade Colonial brasileira2.1 Sociedade açucareira

A sociedade no período do açúcar era marcada pela grande diferenciação social. No topo da sociedade, com poderes políticos e econômicos, estavam os senhores de engenho que exerciam um grande poder social. A casa-grande, residência da família do senhor de engenho, era o coração e cérebro das poderosas fazendas.Lá nasciam os numerosos filhos e netos do patriarca, traçavam-se os destinos da fazenda e educavam-se os futuros dirigentes do país. Cada um com seu papel, todos se moviam numa intensa cooperação. A unidade da família devia ser preservada a todo custo, e, por isso, eram comuns os casamentos entre parentes. A fortuna do clã e suas propriedades se mantinham assim indivisíveis sob a chefia do patriarca. A família patriarcal era, portanto, a espinha dorsal da sociedade e desempenhava os papéis de procriação, administração econômica e direção política. Não havia comunidades sólidas, sindicatos, clubes ou outros órgãos que congregassem pessoas de interesses similares. A família, a grande família patriarcal, ocupava todos esses espaços. E o que não fosse provido por ela representava um corpo estranho e indesejável.

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Símbolo de status e poder, a Casa-grande representava o domínio dos senhores de engenho sobre a população local. É em quase toda a colônia, em torno da

grande propriedade rural, como a que você vê abaixo, que se desenvolve a vida social. Os povoados e as vilas têm papel secundário, limitado a funções

administrativas e religiosas.

Casa -grande

Senzala

Engenho

Igreja

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Abaixo dos senhores de engenho, aparecia uma reduzida elite das pequenas cidades - comerciantes, profissionais liberais e altos funcionários públicos: uma camada média formada por trabalhadores livres.

Na base da sociedade estavam os escravos índios e de origem africana.

Para que a empresa colonial fosse mais lucrativa, os portugueses precisavam de muita mão-de-obra que pudesse ser explorada, por isso se usou o trabalho escravo. Seria inviável empregar trabalhadores livres numa produção em larga escala para a exportação.

Diante da rentabilidade do tráfico negreiro para a Coroa e a burguesia lusa, optou-se

pelo escravo africano. Portanto, interesses mercantis explicaram a “preferência” pelo negro.

A colonização portuguesa no Brasil traduziu-se num cenário de descoberta, invasão, encontro e conquista.Os índios eram “capturados” e escravizados.

A implantação dos engenhos dependeu de indígenas que, apesar da resistência, foram

escravizados.

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GALERIA - Cenas do cotidiano: Pau para andar na linha, um pedaço de pano para se vestir e um pedaço de pão para

sobreviver. Do escravo, a sociedade branca esperava fidelidade, obediência e humildade: "Essas

três qualidades especiais conformam a personalidade do bom escravo". (Kátia Matoso, 1982).

Pode-se imaginar o tamanho do desespero, da depressão e da insegurança que acometiam muitos escravos. Os que sobreviviam precisavam se adaptar às duras condições de trabalho, às longas jornadas, à

alimentação precária, aos maus tratos e castigos. Essas eram as condições objetivas em que viviam. As regras básicas de sobrevivência implicavam trabalhar e obedecer. Não necessariamente sem resistência.

(Guillen/Couceiro, adaptado)

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O homem branco é o senhor, dono, proprietário dos cinco outros homens negros e mulatos. Os outros se encontram atrás. O primeiro à esquerda do senhor é mulato, está bem vestido. Ao contrário dos outros,

deixou o cabelo meio liso crescer, penteou-o, fez uma risca no lado esquerdo, como o seu senhor. Mas não pode usar sapatos, privilégio e marca distintiva dos livres e libertos. Tirar fotografia era uma operação

demorada. Ninguém podia se mexer durante quase dois minutos. Outras tentativa já podiam ter falhado. O fotógrafo Militão, que fez essa foto em São Paulo, deve ter reclamado. Por isso ou por outras razões mais

secretas, o senhor está zangado, de cara amarrada. O escravo situado à sua direita, assustado, encolheu-se. Na extrema esquerda, o homem com a varinha na mão - pastor de cabras ou de vaca leiteira na cidade - tem

um olhar altivo, talvez porque traga nas mãos o objeto de seu ofício, que o distingue dos outros cativos, paus para toda obra. Na extrema direita, o homem de branco se mexeu: estragou a foto da ordem escravista

programada pelo seu senhor. Vai apanhar. No seu rosto fora de foco vislumbra-se o medo. Vai apanhar. Luis Felipe de Alencastro

História da Vida Privada no Brasil, vol. 2, p. 18-19

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A ABOLIÇÃO ABOLIU O QUÊ?

Rio de Janeiro - 1982Um povo que não compreende a sua própria história está destinado a repetir os erros do

passado.

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Baseada na agricultura voltada para o comércio externo, na grande propriedade e no trabalho escravo, a sociedade colonial é agrária, escravista e patriarcal.

A família colonial patriarcal era o mundo do homem por excelência..

Nesse universo masculino, os homens em geral desfrutavam imensos privilégios e dispunham de infinitas regalias, desde que fosse guardada certa discrição, enquanto que às mulheres tudo era proibido, desde que não se destinasse à procriação. Até meados do século XIX, a casa-grande era o modelo perfeito do fechado mundo patriarcal. A mulher restringia-se às quatro paredes de sua casa, supervisionando o trabalho doméstico dos escravos (que se alojavam no andar térreo), como a confecção de roupas e a destilação de vinho.

Fim da Parte 01

Crianças e mulheres não passavam de seres

insignificantes e amedrontados, cuja maior aspiração eram as boas

graças do patriarca.

A imagem do patriarcalismo: empregado do governo saindo com a sua família.

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Nos dois primeiros séculos de colonização, a população brasileira é formada por colonos brancos, escravos negros, índios aculturados e mestiços. Aumentando lentamente, ela povoa uma estreita faixa litorânea, onde se concentram as grandes áreas produtoras de açúcar, algodão e tabaco.

No século XVII, começou a interiorização da colonização. Desenvolveu-se a pecuária no sertão nordestino, em grandes propriedades, voltada essencialmente para o mercado interno. Os trabalhadores eram poucos e livres, pagos em animais, numa sociedade bem menos hierarquizada do que a açucareira do litoral.

No século XVIII, a criação de gado expandiu-se no pampa gaúcho, onde as condições eram favoráveis. A pecuária no Sul ganhou impulso com a mineração, devido à necessidade de fornecer charque e animais de carga para a zona aurífera.

“Desbravando o interior do Brasil”

Em busca do ouro, no século XVII bandeirantes paulistas foram

responsáveis pela sua descoberta na região central da colônia. A mineração

exigiu menor volume de capitais, possibilitando certa mobilidade social e

menor concentração de renda, em comparação com o açúcar.

Parte 02

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2.2 A sociedade mineradora A partir da atividades de mineração, a sociedade urbana se desenvolve na

colônia.

O estabelecimento da população mineira em núcleos urbanos gerou atividades e profissões novas, propiciando maior diferenciação social, com algumas características tradicionais, como a escravidão, e características novas, como o maior número de funcionários, comerciantes, pequenos proprietários, artesãos e homens livres pobres.A vida urbana mais intensa viabilizou também melhores oportunidades no mercado interno e uma sociedade mais flexível, principalmente se contrastada com o imobilismo da sociedade açucareira.No entanto, tanto o açúcar como o ouro dependeram da mão-de-obra escrava, gerando uma sociedade aristocrática e escravista.

O desenvolvimento da mineração de ouro e diamante, a partir do século XVIII, fez expandir a população nas regiões das minas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, e avança pelo interior, nas regiões da pecuária.

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Os anos de exploração do ouro e do diamante foram responsáveis por profundas mudanças na vida colonial. Em cem anos a população cresceu de 300 mil para aproximadamente 3 milhões de pessoas, incluindo aí um deslocamento de 800 mil portugueses para o Brasil. Paralelamente foi intensificado o comércio interno de escravos, chegando do Nordeste cerca de 600 mil negros. Tais deslocamentos representam a transferência do eixo social e econômico do litoral para o interior da colônia, o que acarretou na própria mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade de mais fácil acesso à região mineradora.

O século do ouro

Evolução demográfica da colônia

Estimativa de população 1690184.000 a 300 mil 17802.523.00017983.250.000(*)

(*) subdivididos em: brancos 1.010.000( 31%); índios 250.000(7,7%); libertos 406.000 (12,5%); pardos (escravos) 221.000(6,8%); negros (escravos) 1.361.000(42%).

Fonte: Contreras Rodrigues (in R. Simonsen - História econômica do Brasil colonial)

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Embora mantivesse a base escravista, a sociedade mineradora diferenciava-se da açucareira por seu comportamento urbano, menos aristocrático e intelectualmente mais evoluído. Era comum no século XVIII ser grande minerador e latifundiário ao mesmo tempo. Portanto, a camada socialmente dominante era mais heterogênea, representada pelos grandes proprietários de escravos, grandes comerciantes e burocratas. A novidade foi o surgimento de um grupo intermediário formado por pequenos comerciantes, intelectuais, artesãos e artistas que viviam nas cidades.

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A sociedade mineradora era formada por homens livres pobres (brancos, mestiços e negros libertos), que eram faiscadores, aventureiros e biscateiros,

enquanto que a base social permanecia formada por escravos que em meados do século XVIII representavam 70% da população mineira.

Para o cotidiano de trabalho dos escravos, a mineração foi um retrocesso, pois apesar de alguns terem conseguido a liberdade, a grande maioria passou a viver em condições bem piores do que no período anterior, escavando em verdadeiros buracos onde até a respiração era dificultada. Trabalhavam também na água ou atolados no barro no interior das minas. Essas condições desumanas resultam na organização de novos quilombos, como do rio das Mortes, em Minas Gerais,

e o de Carlota, no Mato Grosso.

Com o crescimento do número de pequenos e médios proprietários, a mineração gerou uma menor concentração de renda, ocorrendo inicialmente um processo

inflacionário, seguido pelo desenvolvimento de uma sólida agricultura de subsistência, que juntamente com a pecuária, consolidam-se como atividades

subsidiárias e periféricas.

Fim da parte 02

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. . . ESTRADA REAL: O CAMINHO DO OURO"Buscar hoje a Estrada Real é descobrir uma velha cicatriz, lembrança de um corte profundo traçado a partir do litoral do Rio de Janeiro até o coração de

Minas Gerais. Por este ferimento, o Brasil sangrou, no século 18, algo em torno de 650 toneladas de ouro e outra fábula em diamantes. (...)"

Mapa do Brasil de 1686.

"Descoberto ouro e publicada a fama delle, subirão logo os moradores de São Paulo a tirallo p'lo mesmo caminjo assima referido,

pello qual se descobriu.E logo também sucissivamente do Rio de Janeiro se fez caminho, qu se continua da

cidade por terra e por mar com poucos dias de viagem athé o lugar de Parati; e deste se entra no matto e em sinco dias se chega a encontrar com o referido de São Paulo; no dous caminho em hu só se continua com vinte dias de viagem

ordinária athé chegar as primeiras minas chamadas do Ribeiro das Mortes. Este era o

único q'auniwa p. as minas de todas das povoações do sul, a saber de todos os distritos

de São Paulo e do rio de Janeiro".(Rodrigo de Castello Branco, "Carta para

Mendo de Foyos Pereira", fins do século 17)

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Parte 03

3. Miscigenação

A sociedade colonial apresenta outra característica, importante desde o início, mas que se intensifica com o tempo: a miscigenação. Misturando raças e culturas na convivência forçada pelo trabalho escravo dos índios e dos negros africanos, a sociedade colonial adquire um perfil mestiço, personificado pelo mulato (branco europeu e negro africano) e pelo caboclo (branco e índio). Essa miscigenação condiciona as relações sociais e culturais entre colonizadores e colonizados, gerando um modelo de sociedade original na colônia, heterogêneo e multirracial, aparentemente harmônico, sem segregação interna. Na verdade, porém, ela não disfarça as desigualdades estruturais entre brancos e negros, escravos e livres, livres ricos e livres pobres, que não acabam nem mesmo com a abolição da escravatura, no final do século XIX.

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4. A vida cultural no Brasil colonialA acentuação da vida urbana no Brasil colonial trouxe também mudanças culturais

e intelectuais.

A cultura religiosa foi o mais importante instrumento de colonização. Toda ela “importada” pelos jesuítas que exerceram por três séculos o monopólio da educação, do pensamento culto e da produção artística. Imbuídos do pensamento contra-reformista, aniquilaram aos poucos a cultura nativa. A administração e a cultura eram subordinadas aos interesses da coroa e da igreja. Impõe-se uma cultura erudita e religiosa, baseada na retórica e nos princípios “universais” do cristianismo. Seu efeito mais drástico, além da destruição da cultura indígena, foi distinguir indelevelmente as camadas cultas, que se dedicavam ao saber, das que se dedicavam ao trabalho braçal. Durante séculos, a cultura brasileira mudou de forma, mas manteve esta função.

Os novos grupos sociais nascidos com a mineração buscaram uma cultura que os distinguiam dos trabalhadores braçais. Logo se tornaram consumidores da erudição e cultura européia.

As primeiras manifestações nacionais, a música e a arte barroca, emergem. No entanto, predominava ainda o saber erudito voltado para os estudos jurídicos, alienado até mesmo em relação a cultura européia.

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A Arte Barroca no BrasilO estilo barroco chegou ao Brasil pelas mãos dos

colonizadores, sobretudo portugueses. Seu desenvolvimento pleno se deu no século XVIII, cem anos após o surgimento do Barroco na Europa, estendendo-se até as duas primeiras décadas do século XIX.

As primeiras manifestações do espírito barroco foram presenciadas não só em fachadas e frontões, mas também, principalmente, na decoração de algumas igrejas em meados do século XVII. A talha barroca dourada em ouro, de estilo português, espalhou-se pelas regiões do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.

Com a perda da força econômica e política, iniciou-se um período de certa estagnação no nordeste, com exceção de Pernambuco que conheceu o estilo rococó na segunda metade do século. O foco então voltou-se para o Rio de Janeiro, transformada em capital da Colônia em 1763, e a região de Minas Gerais, desenvolvida às custas da descoberta de minas de ouro (1695) e diamante (1730). Não por acaso, dois dos maiores artistas barrocos brasileiros trabalharam exatamente neste período: Mestre Valentim (1745-1813), no Rio de Janeiro e o Aleijadinho, em Ouro Preto e adjacências.

E foi na suavidade do estilo rococó mineiro (a partir de 1760) que encontrou-se a expressão mais original do Barroco Brasileiro.

A cultura colonial baseou-se nos princípios

universais do cristianismo.

“Crucificação de Cristo – Obra de Aleijadinho- Século XVIII”

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4.1 Influência portuguesa Dentre os diversos povos que formaram o Brasil, foram os europeus aqueles que

exerceram maior influência na formação da cultura brasileira, principalmente os de origem portuguesa. Durante 322 anos o País foi colônia de Portugal, e houve uma transplantação da cultura da metrópole para as terras sul-americanas. Os colonos portugueses chegaram em maior número à colônia à partir do século XVIII, sendo que já neste século o Brasil era um país católico e de língua dominante portuguesa.

4.2 Influência indígena

As primeiras décadas de colonização possibilitaram uma rica fusão entre a cultura dos europeus e a dos indígenas, dando margem à formação de elementos como a língua geral, que influenciou o português falado no Brasil e diversos aspectos da cultura indígena herdadas pela atual civilização brasileira. Além da dizimação dos povos autóctones, houve a ação da catequese e a intensa miscigenação, o que contribuiu para que muitos desses aspectos culturais fossem perdidos. A influência indígena se faz mais forte em certas regiões do país, em que esses grupos conseguiram se manter mais distantes da ação colonizadora e em zonas povoadas recentemente, principalmente em porções da região norte do Brasil.

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4.3 Influência africanaA cultura africana chegou através dos povos escravizados trazidos para o Brasil em

um longo período que durou de 1550 à 1850. A diversidade cultural da África refletiu na diversidade trazida pelos escravos, sendo eles pertencentes à diversas etnias, falando idiomas diferentes e de tradições distintas. Assim como a indígena, a cultura africana fora subjugada pelos colonizadores, sendo os escravos batizados antes de chegarem ao Brasil. Na colônia, aprendiam o português e eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo. Alguns grupos, como os escravos das etnias hauçá e nagô, de religião islâmica, já traziam uma herança cultural e sabiam escrever em árabe, e outros, como os bantos, eram monoteístas. Através do sincretismo religioso, os escravos adoravam seus orixás através de santos católicos, dando origem à religiões afro-brasileiras como o candomblé.

Os negros legaram para a cultura brasileira uma enormidade de elementos na dança, música, religião, cozinha e no idioma. Essa influência se faz notar em praticamente todo o país, embora em certas porções (nomeadamente em estados do nordeste como Bahia e Maranhão) a cultura afro-brasileira é mais presente.

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Hoje, a nossa sociedade, em alguns aspectos, lembra o período aqui estudado. Continua patriarcal e tem mentalidade colonial, conservou a grande diferença

entre ricos e pobres. Os escravos (operários) que são a base da sociedade não são exclusivamente de origem africana. A sociedade também sofreu mudanças

consideráveis para melhor: hoje a mulher tem uma participação mais ativa...

. . . e todas as camadas da sociedade, bem ou mal, participam das decisões

importantes que determinam o destino do país.