Sociologia Do Conhecimnto

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    Sociologia do conhEcimEnto:v s perspe v s *

    n rber E s **

    Resumo: os er es s pr b e s s e r s s s elos cas do conhecimento permanecem insolveis e inconciliveis,na medida em que ambas partem de modelos estticos. Essespr b e s p er ser s u s e s respe v s e r s

    correlacionar-se entre si sem muitas di culdades, se a aquisio deconhecimento que ocorre no interior das sociedades for conceituada u pr ess e pr z que, p r su vez, e e e r

    e s e es b s er s u pr ess e pr z . Ess b r e e v e e es r ees re r s ev s. o r que pre s serdesaprendido e o que precisa ser aprendido a m de se preparar ocaminho para que tal arcabouo terico uni cado possa servir como

    u p r s es u s e pr s e s e s s p s econhecimento cient co e prtico, bem como no cient co oue , p e e e e b ser rr p r

    esses es u s.

    Palavras-chave: sociologia do conhecimento; teoria sociolgica;s .

    I

    O problema da relao entre conscincia e sociedaderecebeu sua primeira formulao paradigmtica dentro da* Publicado originalmente sob o ttulo de Sociology of knowledge: new perspectives part

    e. Revista Sociologia, 1971:5, p. 149-168.** Nascido em Breslau, na Alemanha, em 1897, e morto em 1990, Norbert Elias obteve o ttulo

    de loso a pela Universidade de Breslau e de sociologia pela Universidade de Heidelberg.Com a ascenso do nazismo, exilou-se na Inglaterra, onde lecionou na Universidade deLeicester entre 1945 e 1962. Posteriormente, xou-se na Holanda. Desde ento, atuoucomo professor em universidades holandesas e alems, tendo uma passagem por Gana.

    Traduo e reviso: Leonardo Fernandes Nascimento e Dmitri Cerboncini Fernandes.

    ar re eb e 17 ju . 2008 e pr v e 21 se . 2008.

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    estruturao terica de Marx e Engels; presentemente, at ondep e s ver, pr b e per eu e r e e sresqucios de tal teoria. As exploraes do problema tornaram-se amplas em escopo; elas formam agora uma especialidade1

    sociolgica denominada apropriadamente ou no sociologia doconhecimento. As solues sugeridas diferem de forma ampla ese mostram, freqentemente, irreconciliveis. Entretanto, o prprio problema est baseado em um modelo hipottico, em um paradigmade pressupostos que representa como se realmente fosse a

    plataforma comum de todos os que se engajam em sua explorao.Ainda que cada um deles esteja totalmente oposto soluo dooutro, tais pressupostos paradigmticos so geralmente aceitos semquaisquer questionamentos: di cilmente eles tm sido explorados.

    Em sua forma tradicional, as suposies tericas comunsdas teorias sociolgicas do conhecimento so bastante simples.Elas podem ser condensadas na a rmao de que a estrutura daconscincia, das idias, do conhecimento, do pensamento, da percepo ou de qualquer que seja o ngulo que possamos escolher , primordialmente, determinada pela estrutura dos grupos humanos pelos quais so produzidas, no pelos objetos da conscincia ou pela prpria conscincia, chamemos a isso lgica, razo ou oque quer que sej .

    No faltam evidncias que sustentem essa hiptese. Um dosmais sugestivos estudos empricos que percorre essas linhas oensaio de Karl Mannheim,Pensamento Conservador 2. E e s rmuito convincentemente como, depois da Revoluo Francesa, umsistema de idias sobre o Estado, sobre a sociedade humana e sobreo homem em geral emergiu em pases como a Frana e a Alemanha,

    idias estas que representavam as reaes de grupos espec cosdessas sociedades contra os movimentos revolucionrios e tudo oque eles signi cavam, e que serviram para esses grupos como um

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    es u pr e r r esses v e s e, es e p , u r e que.

    Como muito j foi dito, essa idia bsica, em alguns de seusspe s, uz m rx e E e s, que, s e es, es ru ur e s es vesse e e ss su e r desenvolvimento das sociedades e nfase no que concebiam comointeresses econmicos das diferentes classes como determinantedas idias. No caso de Mannheim, o conceito de situao de grupo

    e er e pr p e s es v e s res r que

    o de classes sociais e seus interesses econmicos era estendido,a princpio, a situaes de grupos de todos os tipos, incluindo o deuma pro sso ou o de umaintelligensia. m rx e, p r u r e e,Engels j tinham uma percepo preliminar do fato de que a esferasocial qual termos como pensamento, idia e conhecimentose referem pode ter, por sua vez, uma in uncia do que comumentedenominado esfera econmica. Assim, Engels j escrevia em uma

    r 3 e 1890:Logo que a nova diviso do trabalho, que cria advogados pro ssionais, se torna necessria, outra esferanova e independente[grifos de Elias] u ur . apes r e su epe geral em relao produo e ao comrcio, ela ainda guarda a sua prpria capacidade de ao sobre estas esferas.

    Ao m e ao cabo, essa uma questo de variao de in uncia,u, p r ser s s pre s s, e r u e r p er que sdiferentes esferas ou, menos obscuramente , [de maior oumenor in uncia] que grupos humanos em diferentes posies sociaisdentro de uma sociedade mais ou menos diferenciada tm entre sidevido s suas interdependncias funcionais. Engels se referiu nacitao, como nas sentenas seguintes, ao grau de autonomia que a pro sso do direito e, portanto, a lei, mantm em relao produoe ao comrcio. Ele conceituou isso como a consistncia da lei em simesma, porm, um pouco depois, na mesma carta, ele a rma que

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    [...] o jurista imagina que ele est operando com princpiosa priori, enquanto que na realidade eles so apenas re exos econmicos.

    Se essa expresso signi ca alguma coisa, ela quer dizer quea lei no possui nenhuma autonomia em relao produo e aocomrcio, em suma, esfera econmica; que os princpios legaisnada mais so do que re exos que se desenvolvem quase queautomaticamente atravs das condies de produo. No entanto,algumas linhas depois, o autor a rma, uma vez mais, que [...] o quens chamamos deconcepo ideolgica u p r su vez s bre

    base econmica, podendo, dentro de certos limites, modi c-la.E e s, e e r su , v u r e e pr b e

    qual somos confrontados ao encararmos a sociedade como divididaem um determinado nmero de esferas, de acordo com a crescentediviso do trabalho, selecionando uma delas a esfera econmica s e er e. o pr b e , esse s , se s

    as esferas no econmicas e, particularmente, o conhecimento,o pensamento ou, na linguagem clssica, a conscincia soe e e er s e su s es ru ur s e ese v v e s

    pelo que visto como a esfera dominante a econmica; ou seelas tm um grau relativo de autonomia e, com isso, uma in unciaativa na prpria esfera econmica. Marx e Engels foram, certamente,s pr e r s per eber esse pr b e e b - , s vez

    sej rre sugerir que eles foram incapazes de formul-lode um modo que lhes permitisse apresentar uma soluo de nitiva e

    inequvoca. Uma das melhores ilustraes dessa incapacidade e dasrazes para tal pode ser encontrada na tentativa de Engels contidana carta a J. Bloch de 21 de setembro de 18904. a e e e r suma vez, por um lado, que uma m interpretao da sua viso eda de Marx considerar o elemento econmico (no original alemo,

    e e u z er Moment ) como o nico determinante. Dizer isso,ele a rma, signi caria transformar suas vises em uma frase semsentido, abstrata e absurda5. Por outro lado, ele rea rma, logo na

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    prxima sentena, como em outras passagens da carta, o aspecto queele parece negar, e faz isso to claramente que, na sua viso e na deMarx, o movimento econmico, basicamente, determinaria todosos outros. Ele a rma explicitamente que a situao econmica a base, que o movimento econmico se a rma como necessrio.Esse p ru e seu r u e .

    Engels e Marx no derivam suas hipteses do carter eternamente determinante da base econmica de uma anlise dop er re v s grupos econmicos especializados na relao comoutros grupos, mas, sim, da convico de que possvel descobrir leis, necessidades, regularidades apenas nos aspectoseconmicos da sociedade. Em sua carta a Bloch, Engels a rma,de modo explcito, o que, freqentemente, est apenas sugerido emoutras a rmaes de Marx e tambm nas suas: a saber, que elesconsideravam somente a base econmica como sendo estruturadae s s u r s spe s s e e eses ru ur s, u,conforme Engels a rmou, como um monte de acidentes (i.e., decoisas e eventos cujas conexes internas so to remotas ou toimpossveis de se veri car que ns as consideramos como ausentes, podendo-se ignor-las). Marx expressou a mesma viso comfreqncia, embora de modo menos explcito: por exemplo, quandoele escreveu, em novembro de 1858, que o seu trabalho sustentou

    desde o primeiro momento, a partir de condutas cient cas, umaimportante concepo das relaes sociais (McLellan, 1970).Ele tencionava ampliar a jovem cincia econmica para almde Adam Smith e David Ricardo, subordinando, porm, todas assuas a rmaes idia de que apenas os aspectos econmicos dasrelaes sociais seriam estruturados, consistindo, por essa razo,em um possvel tema de uma cincia da sociedade. As ferramentas

    recebidas por ele da emergente cincia econmica tinham-no ajudados bre e r r per s b rre r s e e u s que u re elos co impe aos que se expem a ele. Na realidade, Marx alargou

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    e transformou o uso dessas ferramentas para alm do nvel da cinciaeconmica de sua poca. Podemos, facilmente, reconhecer, demaneira retrospectiva, que seu trabalho representa a ltima tentativarealizada no sculo XIX de se ultrapassar a diferenciao crescenteda cincia social entre as especialidades econmica e sociolgica.m s b p e s per eber, re e br , que e e e u u

    spe s e e que e e ebeu es ru ur i.e., no acidental como um aspecto econmico, buscando,da melhor forma que pde, apresent-lo como tal. Na poca deMarx, poderamos ter facilmente a impresso de que os aspectoseconmicos eram os mais bem estruturados da sociedade, mesmo porque talvez fossem os nicos aspectos sujeitos s regularidades eleis reconhecveis e, por isso, capazes de se tornar objeto principale u .

    A partir dessa poca, entretanto, um grande nmero deaspectos no econmicos do desenvolvimento de sociedades

    tem sido reconhecido como estruturado. Eu mesmo fui capaze e s r r es ru ur s, e re u r s, spe s os processos de civilizao e os de formao dos estados (Elias,1969), cujos cursos, embora inseparveis dos desenvolvimentoseconmicos, no podem ser economicamente reduzidos aostatus de uma mera superestrutura ou de um monte de acidentes cujaconexo interna, conforme Engels havia dito, to impossvel de se

    veri car que ns... podemos ignor-las. A prpria escolha de Marx por tais expresses indica as di culdades que ele encontrava paraampliar alm dos limites usuais o conhecimento do desenvolvimento s e e e, ss , s es s e e su

    disposio. Ele foi, por um lado, um pioneiro da transformaodo pensamento em um perodo em que conceitos rei cados, que pareciam referir-se a objetos sociais extra-humanos e impessoais,

    foram substitudos por outros, que expressavam com maior clarezaas relaes ou interdependncias de agrupamentos humanos (por exemplo, no caso do termo relaes de produo). Por outro lado,

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    ele prprio elevou para outro patamar essas tendncias rei cadoras pelo uso de conceitos como infra-estrutura e superestrutura,que press e p r p r u ju e e e e sseparados da rede dos grupos que os seres humanos formam entresi sobretudo, na forma como esse dualismo representado, comou r ers es ru ur e qu se s s s e es, se ev rem considerao o grau e o padro de suas divises do trabalho e,especialmente, da proporo na qual as atividades econmicasv se r espe z s, se s e u e erestgio do desenvolvimento.

    Na poca de Marx, os proprietrios de uma classe particular de ocupaes especializadas a cujas atividades o termo econmicoe a jovem cincia da economia estavam fortemente associados i.e., grupos de empresrios industriais no haviam apenasalcanado um grau comparativamente elevado de especializao,mas tambm se tornavam cada vez mais poderosos. Isso foi um

    re exo do crescente poder e da emergente autocon ana que faziam que s v es up s e z s esses rup s

    as quais comearam a ser chamadas de atividades econmicase, mais tarde, abreviadas para a economia gurassem, a seusolhos, como o cerne da sociedade; por isso, eles reivindicavamum alto grau de autonomia em relao a todos os outros grupos deocupaes especializadas e, particularmente, em suas relaes com

    s ver s e u r s s es s. os represe es sgrupos de empresrios e seus porta-vozes demandavam, em nomedo liberalismo ou do princpio dolaissez-faire, s e e ualto grau de independncia em relao aos pertencentes ao governoe a outras esferas do Estado, mas, com freqncia, a promoo ativae seus eresses s u r es es s.

    a esse respe , m rx s p es e e u z v esqueconceitual bsico da ideologia liberal, atribuindo-lhe, contudo,v res e v s. o p s u ber e ur pr z , e que Es

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    no deveria interferir no jogo autnomo das foras econmicas,foi transformado, atravs de suas prprias mos, em uma teoriasociolgica de longo prazo, segundo a qual uma esfera econmicaespecializada, denominada de vrias formas, possua, de fato, um altograu de autonomia em relao s outras esferas ao longo da histria.E p s u ber e que Es ever serv r s eresseseconmicos das classes empresariais, que encontrou sua expressomxima no conceito de Nachtwchterstaat 6, tinha seu equivalenteem sua concepo de Estado como mera superestrutura que

    serve aos interesses econmicos da classe empresarial, encarada,geralmente, como uma espcie de epifenmeno, um simplesre exo do jogo autnomo das foras econmicas fadadas aoes p re e es s e e que s eresses e sseque serv esse Es es p re esse .

    n ese v v e e u s e e, ess sdistines ocupavam um lugar proeminente, como sintomas deum estgio espec co, e prenunciavam sua gradual emergncia a partir das matrizes da loso a. Anteriormente, o homem instrudoque fosse especialista em escrever livros ou em aprender e ensinar atravs de livros partia freqentemente, como era de esperar, dasuposio de que um tipo espec co de idias ou seja, idiasde um homem instrudo comunicadas a outros, principalmente, por meio de livros forma, entre elas, uma esfera ou uma seqnciaautnoma, constituindo a principal fora diretriz do desenvolvimentodo pensamento do homem e, talvez, at mesmo da histria dohomem em geral. Marx, claramente, sem ambigidade, rompeu comessa tradio los ca. Ele procurou explicar o curso e a direodo desenvolvimento do ser humano, talvez pela primeira vez, demodo consistente, deslocando a ateno para outros aspectos da vida

    social que tinham sido negligenciados anteriormente por muitosestudiosos, talvez pelo motivo de esses aspectos se lhes a gurareme s e e r v s u vu res p r sere u s e

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    seus estudos e re exes. Marx concebeu como estruturado o fatode que o homem deva realizar esforos a m de satisfazer suasnecessidades elementares e desenvolver meios de vida, fornecendo,assim, uma explicao cient ca para esse fato. As mudanas decondies para produzir ou adquirir esses esforos, bem como afreqente distribuio desigual de seus produtos entre os homens,s spe s e su s v s s s, s qu s ever ser u se u es u p r u r se qu ser s s er r ese v v ede longo prazo das sociedades, bem como sua estrutura e dinmica

    em um dado perodo do tempo. Tal mudana de viso em relao ssociedades representou um grande passo na direo da descobertado carter especi camentesocial que v u s pess s u ss outras na forma de sociedades e que, muito freqentemente, por vincul-las, tambm as antagoniza, direcionando-as umas contra asu r s.

    E re , e r pe qu m rx ebeu e e u uessas descobertas transmite a ntida impresso de uma posiohesitante entre a loso a social e a cincia social, em que a diferenae re s u s per e e, e r e e , exp eobscura. Enquanto os lsofos clssicos e o prprio mentor de Marx,Hegel conforme as suas perspectivas pro ssionais especializadas , colocam no centro de suas re exes acerca dos homens as idias, e e, r z e u r s spe s s se e esexistissem em um vcuo, Marx conceituou o antagonismo entreos homens como uma espcie de antagonismo existencial, que permanece inalterado ao longo de toda a histria humana. Essa u s r zes u s pe u r que per e seu

    e b e s e e e que e r express r s eaparentemente eterno e inaltervel entre base econmica e

    superestrutura, ou ser e conscincia, deixando sua marcae vers s e r s s s p s er res. t s s e sutilizados por ele a m de expressar esse antagonismo do a

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    impresso de se referirem a dados sociais imutveis e gerais. Ao nosdetermos com ateno, percebemos que ele utilizou esses conceitosde maneira equivocada, embora no fosse essa sua inteno. Elestm o carter de generalizaes imprecisas que oscilam de modoincmodo entre um signi cado mais factual, cient co, e um maisgeral, los co, os quais so, de fato, utilizados por Marx, maisu e s s r e e, e pe e s s se sr e e s uve s: u , res r v e e e espe z , e

    o outro, amplo, mais geral e sem especi cidade.

    O termo econmico, em certas combinaes, comocondies econmicas ou base econmica, muito utilizadoem um sentido altamente especializado, que foi sendo gradualmenteadquirido no nal do sculo XVIII e comeo do sculo XIX, emconcomitncia com a emergncia de uma cincia especializada daeconomia. Encontramos esse sentido em uma forma prematura e nocompletamente especializada em Franois Quesnay e seus discpulos,os quais aplicavam, com freqncia, o termo cincia econmicaexclusivamente aos seus trabalhos: a doutrina siocrtica; depois, j no sculo XIX, de maneira muito mais especializada, em, por exemplo, David Ricardo e sua formulao das vrias leis domercado. O termo econmico tambm recebeu seu signi cadoespe z res e p er s sses e eespecializadas em atividades como produo e distribuio, que setornavam gradualmente conhecidas como atividades econmicas,e com o crescimento da importncia social das redes sociais de posies e funes especializadas, s quais ainda nos referimos comoa economia. Em geral, a ascenso dessas classes especializadasde posies e funes ocupacionais e os avanos de uma cinciaespecializada em economia, bem como de um signi cado

    especializado do prprio termo economia, caminharam lado a7. Ainda que contenha um exagero ideolgico a idia de quea rede dessas posies e funes sociais especializadas forme a

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    base da sociedade, pode-se a rmar, seguramente, que elas tinham,como outros grupos de posies e funes sociais especializadasem sociedades altamente diferenciadas, uma autonomia relativapr p r s seus rresp e es p eres.

    Entretanto, enquanto Marx utilizava o termo econmicoem um sentido altamente espec co, correspondente ao estgiode desenvolvimento de sua prpria poca e modi cado pela suaidenti cao com os frgeis de uma das duas classes econmicas,e e, es e p , us u esse er e u se u r e

    bem pouco espec co. Utilizava-o com referncia a todos os modosde produo de bens para a satisfao de necessidades humanas,assim como a todos os tipos de relaes humanas envolvidas emtal produo, qualquer que fosse o estgio de diferenciao socialexistente. Assim, ele dava a impresso de que algumas ocupaes,algumas atividades dos homens foram, ao longo do desenvolvimentoda humanidade, to altamente diferenciadas e especializadas quanto

    as atividades e ocupaes econmicas o so dentro das sociedadesindustriais dos sculos XIX e XX, em que a palavra econmicorecebeu seu signi cado especializado. Alm do mais, um argumentovulgar freqentemente empregado para reforar a abordagem maisso sticada de Marx: o de que os homens so obrigados a comer e aonipresena de suas necessidades para conseguir alimento justi caa tese da onipresena das atividades econmicas como base detodas as outras, mas aplicar o termo econmico tanto para asatividades dos homens que visam produzir comida su ciente apenas para sua prpria subsistncia quanto para as atividades dos homensque pr uze p r er ser , ev e e e e, u r s es s e s u r s.

    A confuso proveniente da utilizao simultnea feita por

    Marx do termo econmico, em um sentido altamente espec coe re v e e pre s e res r v e, e u r se , umenos espec co e com ampla margem de impreciso, se mostra

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    com fora particular quando e e s u e pr b e press e explorao de um agrupamento humano por outro. Novamente, umde seus grandes mritos foi ter registrado como um dos ingredientesindispensveis de uma teoria cient ca da sociedade o fato de queos homens podem oprimir e explorar outros homens e que, longe deesses fatos constiturem acidentes desestruturados, a opresso sociale a explorao so estruturadas e podem ser explicadas em conexo

    ese v v e s s e es. a es e p , m rxcriou empecilhos muito grandes para a compreenso e mesmo para

    o tratamento terico desse fenmeno ao conceitu-lo, basicamente,como um fenmeno econmico, utilizando, desse modo, comoum modelo para todos os tipos de explorao e de opresso, umtipo espec co e caracterstico das sociedades industriais que permaneciam diante de seus olhos. Como um dos resultados de talfalta de preciso conceitual, Marx tratou cienti camente apenasa opresso e a explorao do tipo econmico como fenmenos

    estruturados possuidores de relevncia terica. Ele no levou emconsiderao a possibilidade de que espcies de explorao e deopresso igualmente estruturadas e sociologicamente explicveispu esse ser pr s, p r exe p , exer p rgrupos detentores do monoplio da violncia fsica e de outros

    p s rresp e es, u s vezes, es , e eda libertao de um modelo econmico opressor e explorador.

    Tal impreciso conceitual no cou apenas restrita ao queMarx concebeu como sendo a base da sociedade. Isso pode ser visto de maneira igualmente manifesta no tratamento que ele d conceituao de conscincia. Aspectos da conscincia sob vriasdenominaes, como razo, percepo, alma, mente, idia ou o prprio termo conscincia, formaram a pea central das re exes

    los cas sobre os homens. O tratamento especi camente los co s se r u, p r m rx, v e seus ques, s, atac-lo, ele tambm se tornou obcecado por ele. Para Marx, o ponto

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    e p r per e eu u e e s que represe sseum nvel los co de re exo. Opondo conscincia a ser, Bewusstein8 Sein9, ele di cilmente dava qualquer relevncia aofato de que a conscincia desempenha um papel em algum lugar da sociedade na alimentao de um lho pela me, na aragemde um campo por um fazendeiro, na feitura do algodo pelostrabalhadores de um moinho do sculo XIX, etc. Podemos distinguir entre diferentes nveis de conscincia, desde o dos trabalhadoresque carregam os seus fardos at o de homens instrudos que lem

    e pr eses s bre pr p s s s u s bre urez sociedade humana. Nesse contexto, o uso que Marx faz do conceitode conscincia foi, evidentemente, formatado pelo segundo tipoespec co de conscincia. Ele enxergou de forma muito clara quea imagem do mundo, especialmente do mundo social, conformeapresentada naquelas teses, geralmente fracassa em se correlacionar com os objetos aos quais ela aparenta se referir. Ela fracassa em fazer

    isso, Marx percebeu, no pelo modo como a rmaram os lsofosalgumas vezes, devido a um abismo entre o sujeito e o objetoou a algumas formas eternas de conscincia conferidas aos homensa priori, mas, sim, por causa das preocupaes espec cas e dosinteresses dos grupos dentro dos quais os que re etiam sobre esses problemas identi cam a si mesmos, distorcendo e obscurecendosuas percepes.

    Como ponto de partida para futuras investigaes, essahiptese era eminentemente promissora. Distores e bloqueiosdesse tipo podem ser estudados empiricamente. A hiptese estaberta para o exame sistemtico. No calor da batalha, porm,Marx conceituou a relao muito espec ca entre conscinciae realidade social qual suas hipteses se referiam como uma

    relao eterna, existencial e geral. Ele ops ser e ser conscientede tal maneira que deu a impresso de que todas as formas e nveisde conscincia dos homens permanecem em contraste com todas

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    as formas de realidade social em todos os tempos e eras. Nem se precisa ir to longe para reconhecer que essa uma generalizaoideolgica. Por sua natureza no ter sido claramente de nida, ela temoriginado muitas argumentaes estreis e infrutferos debates. Aoexaminarmos mais de perto, fcil enxergar o que a conscincia dohomem no somente oculta, mas tambm revela. A imagem que oshomens tm de seu mundo social, a qual Marx, ainda muito carregadode um veio los co, chamou de ser, uma distoro, algumasvezes, e u es ber , u r s vezes. a prpr e r e m rx

    u exe p e qu ess s u s p ss b es se r u . essa generalizao (over-extension) e u spe ex re e eespec co da conscincia, essa apresentao da conscincia doshomens como uma uidez incessante, que no possui uma estrutura prpria, consistindo em uma mera superestrutura, re exo de umainfra-estrutura estruturada, o que d a impresso de que a realidadesocial dos homens por exemplo, os seus meios de produo

    p er ser pr uz e ese v v p r e es se e ess e sua conscincia e, alm disso, de que eles poderiam participar semconscincia das relaes de produo.

    II

    pr ve s e br r s v e s s s quo exagero los co representado pelo paradigma dualstico deMarx. Podemos, assim, enxergar melhor a maneira pela qual umaanttese problemtica, tal como entre sociedade e conscincia,oscila entre um signi cado sociolgico com referncia a um tipo de problema muito limitado e espec co e um signi cado los co que parece abarcar o tempo e a eternidade de todo o mundo dos homens.

    Por meio dessa forma ambgua, o modelo dualstico de Marx um genuno avano cient co disposto em um molde los coespeculativo iniciou uma tradio de pensamento que desde ento

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    se faz presente em todos os campos, tanto entre os no-marxistas e re s rx s s. Esse pe s e u p r u r

    fora as pesquisas em sociologia do conhecimento; nesse domnio,ele contribuiu enormemente para o atraso da transio de um estgiolos co dogmtico para um estgio cient co no dogmtico,e que s es u s e pr s e er s pu esse pr e er-sedialeticamente, em mtua interao.

    Entretanto, a sociologia do conhecimento no preservoua herana marxista o dualismo bsico entre sociedade e

    conscincia sem algumas diferenas fundamentais de abordagem.A mais crucial dessas diferenas vem luz ao se examinar o conceitosubjacente de mudana social. Marx trabalhava com um arcabouoe u e s p es e ese v v e , se u qu qu querestrutura social particular pressupunha uma estrutura antecedentecomo sua condio necessria e, por sua vez, era condio necessria para um estgio posterior de desenvolvimento que a ela se seguisse.

    A possibilidade de discernimento sobre as verdadeiras condies s e e, se u m rx, s r e s r p r rup se eresses somente s e que rup s s s p ze

    posies sociais desempenhando o papel de exploradores econmicose opressores dos outros grupos. No caso de sociedades sem con itosde classe, e mesmo no caso de cientistas sociais que se identi camcom esses estratos sociais que so explorados e que esto, conformeMarx acreditava, completamente fadados s batalhas e vitria nal para fundar tal sociedade, existe, de acordo com ele mesmo, umagrande possibilidade de produo de conhecimento no ideolgicoou cient co sobre as sociedades.

    Em geral, as teorias sociolgicas contemporneas doconhecimento abandonaram as suposies especulativas de Marx

    e suas implicaes sobre o desenvolvimento das sociedades,substituindo-as por um tipo de conhecimento cient co e noideolgico da sociedade. Elas foram alm e rejeitaram no apenas

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    e e ese v v e s e m rx, s b re r e e e e ese v v e e s e e, e u

    mudana estruturada de longo prazo em uma direo espec ca.Ao invs disso, eles recorreram ao conceito de mudana social doshistoriadores, segundo o qual essa mudana seria essencialmentesem estrutura. A esse respeito, o conceito de mudana socialque fundamenta os problemas da sociologia do conhecimentocontempornea mais ou menos idntico aos conceitos corpori cadoss pr p s es s e s er ss e p . der e s, s e e u es s e e, s e e

    condies sociais estticas so estruturados; o prprio termoestrutura social apresenta-se como uma regra exclusivamente emtais condies. Modi caes nas condies da sociedade, por outro

    , s eb s se es ru ur . n s u , se fala deestrutura de mudana social, tampouco isso explorado.Especialistas contemporneos em teoria sociolgica e especialistasem sociologia do conhecimento guardam em comum com a maioriados historiadores a impresso de que as mudanas sociais tm aaparncia de uma peregrinao sem m de grupos que vm e vo.O conhecimento, as idias de todos esses grupos so vistos comoigualmente vlidos ou invlidos. O termo histrico, como se pode ver, usado em dois sentidos diferentes. Grande parte dessaconfuso se deve ao fato de que no h uma distino clara entreeles. Os que usam esse termo no situam de forma ntida quais dosdois signi cados esto lhe atribuindo. Ele pode ser usado no sentidoe que e pre v m rx, c e e u s u r s s s sculo XIX e comeo do sculo XX, em referncia s mudanasestruturadas e, em geral, s mudanas estruturadas de longo prazoem uma direo espec ca. E ele pode ser usado no sentido em que amaioria dos historiadores e socilogos contemporneos o faz, isto ,em conexo com as mudanas sociais que no possuem estrutura.

    Adotando o segundo desses conceitos de mudana eaceitando implicitamente o modelo de histria dos historiadores,

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    muitos produtores de teorias sociolgicas do conhecimentochegaram a aceitar como auto-evidente a suposio de que asmodi caes do conhecimento, assim como as modi caes naes ru ur s s e es, ser se es ru ur . E es pr v r -se p ss b e e u r e seus es u s prpr ese v v edo conhecimento. Tentando escapar da armadilha de um conceitodogmtico e ese v v e s , e es esprez r ee ese v v e u , , ss , r e urelativismo no menos dogmtico.

    as s e es p e p ss r p r pr ess s e ese v v e ,no somente em termos econmicos, mas tambm em termosde civilizao ou de formao de estados e muitos outros, queduram, freqentemente, tal como demonstrei em outro trabalho(Elias, 1969), mais do que trs ou quatro sculos, de modo que oconhecimento pode ser acumulado, pode crescer e se desenvolver,tanto em sua forma prtica quanto cient ca; em resumo, aqui

    existe a possibilidade de ocorrerem mudanas em grande medida p ej s, p r r z s, s es ru ur s s s e ese do seu conhecimento, e essa possibilidade foi deixada de ladonas consideraes da sociologia do conhecimento em sua presentefase de desenvolvimento. De acordo com o conceito de histria doshistoriadores, seu paradigma bsico focaliza, essencialmente, assituaes do aqui e agora. A receita deles : pegue um conjunto de pensamentos razoavelmente coerentes, embora no necessariamenteconsistentes, como os apresentados por um escritor ou um grupo deescritores em um determinado perodo. Relacione-o situao dogrupo de seus autores durante esse mesmo perodo. Voc, assim,estar capacitado a explicar o nexo das idias, dos pensamentose do conhecimento como uma funo da situao histrica e daestrutura do grupo em meio s quais ele se originou.

    Nessa concepo, como podemos ver, o desenvolvimentoda sociedade, bem como das idias, do conhecimento ou da

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    conscincia, simplesmente se a gura como um colar compostode situaes do aqui e agora, amarradas por um o desconhecidoe invisvel. A reduo s condies estticas prevalece, a dinmicado conhecimento, assim como dos grupos para os quais aqueleconhecimento, aquelas idias ou conscincia se referem, est perdida. Entretanto, exemplos de conhecimento produzidos dentrode sua prpria dinmica por grupos de especialistas no faltam nosnossos dias. Algumas das cincias contemporneas representamu b exe p . a u s rup s pr u res e e sudinmica, como o de qualquer outro grupo de especialistas,

    e re v e rresp e s seus p eres p e s erelao a outros grupos interdependentes. Embora limitada e relativa,ess u p r v e e r e e rresp e e e egrande, portanto, a in uncia ativa desses grupos especializadosem conhecimento e o conhecimento que eles produzem sobre ours e ese v v e s s e es e que u .

    Alm do mais, o avano e a expanso do conhecimento emsua forma cient ca que, em alguns campos, se tornaram maisou menos autocontnuos so, meramente, a mais avanada faseda expanso do conhecimento humano, expanso esta que se d demaneira extremamente vagarosa e errtica, porm se vista atravse s per s u u v e u e e e v e , que ve rre , u s s e b x s, p r e e s es e qu p e s re e r r ese v v e

    humanidade. Por essa razo, o conhecimento que as pessoas possuemem dado perodo oriundo de um longo processo de aquisio deconhecimento desde o passado. Isso no pode ser entendido nemexplicado sem uma referncia seqncia estruturada qual nosreferimos quando falamos em aumento do conhecimento ou emdesenvolvimento do conhecimento que, por sua vez, faz partee u ese v v e s p s s e es s qu so conhecimento se desenvolve e, em ltima instncia, da prpriahumanidade10.

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    Um desenvolvimento assim amplo carrega consigo, como umade suas caractersticas estruturais, tenses e con itos espec cos.Muitas das principais inovaes na esteira do conhecimento ou do pensamento enfrentaram feroz oposio. Formas inconvenientesde conhecimento e de pensamento so freqentemente reprimidase esque s u, s vezes, er e e s r s e expur sde acordo com a distribuio de poder entre os grupos quecontrolam a produo e a disseminao do conhecimento. O maisimpressionante, portanto, o progresso do conhecimento de longo prazo do ser humano em alguns setores de sua experincia. Um oudois sculos atrs, o progresso era comumente visto como umaxioma; o conceito se referia, geralmente, sociedade humana, e o progresso, tanto no futuro como no passado e no presente, era tidomuito mais como certo; o conceito parecia no requerer explicaes.A violenta reao contra a crena axiomtica no progresso resultoue u r e u p u p r u r . E seu r s r ,abandonou-se no somente aquela crena axiomtica geral nopr ress que e ess v e pr v s, s b pr ur p ruma melhor compreenso de tipos espec cos de progresso, tais comoos do conhecimento sobre o movimento das estrelas, do qual slidaev se e r sp ve . a vs e se r zer pre sconceito los co de progresso para o cho da realidade, preferiu-se no mais compreender esses casos espec cos como avanos,como tipos de progresso. Assim, freqentemente, fracassamos s er r pr b e que prese s qu s u s

    tanto questes sociolgicas mais amplas do desenvolvimento dassociedades quanto, mais especi camente, os problemas sociolgicosdo conhecimento. No percebemos que eles oferecem um desa o para ns. Em minha opinio, no podemos, simplesmente, aceitar o progresso de longo prazo do conhecimento em alguns campos comoum fato. Isso requer uma explicao.

    As teorias sociolgicas do conhecimento, em sua formaatual, di cilmente esto interessadas em problemas desse tipo. A

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    prpria palavra progresso, carregada com as associaes dossculos XVIII e XIX, um antema, hoje em dia. Ela exala ummau cheiro em diversos crculos intelectuais do Ocidente, enquantoainda , aparentemente, empregada no seu velho sentido axiomticoe inexato nas sociedades do Leste, na suposio de que a realidadesocial, por um tipo de harmonia preestabelecida, progrediria,e ess r e e, e r s prpr s e s s s que ssociedades. A conformidade com esse ideal revela-se como onico critrio possvel de progresso. Desse modo, no se estcompletamente a favor do conceito de progresso, nem ao utiliz-lo de qualquer modo, nem ao se olhar a questo do progresso comoresolvida atravs da referncia a um ideal social espec co.

    des e e , e v v s pe s r e es p s e c eCaribde, os socilogos tm falhado em fornecer uma base tericamais slida que pudesse auxiliar no estudo emprico da oscilao equ br e re s ese v v e s pr ress v s e re ress v s

    do conhecimento e no estudo do desenvolvimento mais amplo desociedades que leve em considerao o modo pelo qual o princpio delongo prazo dos [desenvolvimentos progressivos do conhecimento]tenha sobressado at agora, em campos espec cos, sobre os[desenvolvimentos regressivos do conhecimento].

    iss p e ju r es re er pr b e prese p r s

    pe at ento no explicado progresso do conhecimento humanono decorrer dos tempos, onde quer que ele tenha ocorrido, aooferecermos, resumidamente, uma sugesto que mostre qual tipode modelo terico deveremos esperar se procurarmos uma soluo. pr e r v s , e s que ve uz p er serfacilmente confundido com o modelo biolgico derivado de Darwine resp s pr b e ese v v e e pr z e u

    tipo diferente [de objeto]. Ele sugeriu uma luta pela sobrevivnciacomo sendo a gurao dinmica responsvel pela seleo,s brev v e es p re e , be pe p ex e

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    progressiva de unidades biolgicas. Sem dvida, essa foi a primeirab r e p r pr b e , tal como veremos a seguir; como

    primeiro passo, ela indispensvel: no podemos ignor-la.

    H uma profuso de sinais que apontam para a existnciae u u u pe s brev v ev b e re sgrupos humanos no passado e no presente. Essas evidncias, eu meapresso a dizer, no carregam consigo a inteno de prever o futuro.A luta dos grupos humanos pela sobrevivncia, para dominao elibertao, por continuidade, por identidade e por uma totalidade

    p ex e spe s re s seu ese v v e ufenmeno especi camente social. Existe, assim, a possibilidadede que o homem consiga melhorar o controle e o manejo desseese v v e e pr ress v , u vez que s eru x r que b r e pree er esseru se e e r e u urs e , es , ss ,apto a aplicar seu melhor conhecimento sociolgico em sua vida

    cotidiana. O equipamento instintivo do homem, inclusive todo equ quer p e p r ress v e que e e p ss v r er, diferentemente padronizado e efetivado nas distintas guraesque os humanos formam mutuamente como indivduos e comogrupo de indivduos. As mudanas guracionais dos grupos ques u que se r er epe e es per e e e r modelo requerido para a explicao de suas disputas. Os avanos noconhecimento desempenham um papel relevante nessas lutas pelasobrevivncia entre os grupos humanos e podem, no raro, aumentar de maneira considervel e, s vezes, de modo decisivo o potencialda fora de um grupo em comparao com seus rivais e oponentes.

    possvel que uma das razes para que ocorra o progressode longo prazo do conhecimento atravs dos tempos, a despeito

    das diversas obstrues e desenvolvimentos regressivos, seja are rre e v e que, u per e e p , s s e esconseguem em seus incessantes con itos com outras sociedades em

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    avanos de longo prazo do conhecimento em determinados campos, podemos enxergar melhor que muitas das teorias sociolgicascontemporneas do conhecimento assumem uma viso de curto prazo em relao a seus objetos. Elas no esto preocupadas com ostipos de conhecimento que o homem obtm cumulativamente atravsde extensos perodos de tempo, como o conhecimento do fogo ouo uso primitivo do ferro at as ferramentas para as construes denavios revestidos de ferro ou dos moinhos de ao. Essas teoriasno se interessam pela expanso do conhecimento constantementetrazida tona por grupos de fsicos ou de bilogos de nossap . a e p e s per eber, e s es eress s conhecimento produzido por socilogos e, desse modo, nem mesmono que eles prprios produzem como socilogos do conhecimento.Em sua forma presente, as teorias sociolgicas do conhecimentoe e qu se que p r p e esses spe s er e esao desenvolvimento do conhecimento. A evidncia sobre a qualse apiam est restrita a um conhecimento altamente selecionadode um tipo espec co. Entretanto, as teorias construdas sobre talfundamento, especi camente selecionado e limitado, tm a forma deteorias sociolgicas gerais do conhecimento.

    Ainda encontramos aqui outro exemplo de generalizaolos ca. Os problemas selecionados como materiais de umateoria geral so espec cos. Outros tipos de problemas permanecem

    desconsiderados e no so explorados. Os critrios de seleo,e re , s exp e e es be e s. mes prprseleo , di cilmente, revelada. No somente o crescimentode longo prazo do conhecimento humano, cuja acelerao no planejada nas sociedades contemporneas oferece, isoladamente,um vasto campo para investigaes sociolgicas sistemticas e x e . o ese v v e r s p s

    intelectuais de conhecimento passados e presentes, o estoqueinteiro de conhecimento prtico do qual as pessoas podem se valer em determinado estgio do desenvolvimento na vida cotidiana,

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    inclusive o da linguagem, que forma parte do prprio conhecimento,s r r e e s er s. t b s es be e s sconexes entre o desenvolvimento mais amplo das sociedades e odesenvolvimento do que chamamos de conscincia. Em suma,as dinmicas espec cas de longo prazo da conscincia e de seusvrios nveis, como facetas daquelas sociedades, so deixadas de

    .

    iss quer zer que ess espe e s , , p ssu v r v . a u s e seus represe es,

    Mannheim, Merton e Kurt Wolff, tm dado a ela ateno de modos r e, u s vezes, s r u que seus pre e ess res

    menos especializados sobre esse tipo de conhecimento, o qual, em suaestrutura, mais representativo dos grupos que [o] conhecem do quedos objetos aos quais eles, ostensivamente, se referem. [O fato] de essecampo rico e promissor para futuras pesquisas sociolgicas, ondeest includo o fenmeno amplamente discutido das ideologias, dos

    v res e s r s er se r s que u u ssude discusses tericas re ete sua grande atualidade em uma era de poderosas ideologias nacionais e sociais con itantes. A sociologiado conhecimento muito realizou ao dar ateno aos debates tericossuscitados por esse tipo de conhecimento. Entretanto, no sabemos bem se possvel que tais debates se esclaream sem um progressosimultneo dos estudosempricos s e s. ne p re e provvel que possamos realizar mais progressos com os debatestericos apresentados pelo fenmeno das ideologias se eles forem

    s s e e, se s er r s, es e p , conhecimento que no possui o carter de ideologia e a investigaodas relaes desses dois tipos de conhecimento.

    c pr e r b r e p r e que que ess

    relao, podemos considerar a conscincia, o conhecimento ou ope s e u continuum dentro de uma ampla variaode equilbrios entre as representaes da experincia de si

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    u e u - e s rup s, e u , e, e u r , srepresentaes de objetos que tais grupos se esforam por conhecer;entre o conhecimento com um contedo relativamente alto defantasia emotiva, representando um alto grau de envolvimento, eo conhecimento com um contedo relativamente alto de realidade,representando um alto grau de afastamento11 sem a implicaode que exista, em algum lugar, um marco zero, um [ponto]absoluto em qualquer das direes. A sociologia contemporneado conhecimento est interessada apenas no conhecimento voltado

    para o primeiro dos plos. Ela est preocupada com tipos de idiasque represe u r u e e v v e e u rresp e e baixo afastamento, uma centralizao relativamente alta no sujeitoe uma correspondente baixa centralizao no objeto; em suma, essasociologia est mais interessada no conhecimento que re ete, emmaior escala, a situao e a auto-imagem dos grupos que produzemo conhecimento do que na estrutura autnoma do que eles procuram

    conhecer (Elias, 1956).Entretanto, mesmo a orientao altamente centrada no sujeito,

    essa espcie mais auto-referida de conhecimento, no , de modoalgum, levada em considerao por essas teorias emtodas s su smanifestaes. Os tipos de conhecimento que, em geral, trazemmais fortemente a marca dos grupos que conhecem do que dosobjetos que eles procuram conhecer, o conhecimento que, em outras palavras, tem uma baixa autonomia relativa quanto s variaes

    s su ess s e s eresses que es que es pr uz , so encontrados apenas em um setor da experincia dos homens.Eles no esto restritos ao conhecimento do que chamamos desociedade. Eles tambm dominaram o conhecimento humanodo que chamamos de natureza durante toda a ampla fase no

    cient ca do desenvolvimento humano. Os especialistas dasociologia do conhecimento ainda costumam tentar construir teoriasgerais do conhecimento da sociedade apenas a partir das evidncias

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    mais centradas no sujeito, mais emotivas e no cient cas. Eles nolevam em considerao da mesma forma os tipos de conhecimentoda natureza centrados no sujeito, emotivos e no cient cos. Escapaa eles o fato de que este ltimo tem muito mais caractersticas e , para dizer a verdade, um tipo espec co do que hoje denominamosideologias. Eles se encontram, provavelmente, iludidos pelaacentuada diviso classi catria entre esses dois campos de nossaexperincia, entre natureza e sociedade, quase criando uma

    e e se esses s p s vesse u ex s

    epe e e e sep r . E re , ess v s exper e econceitual nunca tinha sido to proeminente e aparentemente auto-ev e e ve se r , u e.

    a ex r s ssu , r -se bs u e e bv queess v s e u , qu se , , e prpr , rre vao desenvolvimento desigual do conhecimento humano nesses doiscampos. Em relao aos nveis do nosso universo unitrio, a quechamamos natureza, o conhecimento humano vem atingindo umgrau relativamente alto de centralizao no objeto, de adaptao aosseus objetos, de autonomia em relao aos destinos utuantes dossujeitos, e os homens vm adquirindo, correspondentemente, umaalta capacidade de controle do curso dos eventos nessa esfera. Quantoaos nveis do que chamamos de sociedade, o desenvolvimento doconhecimento nessa direo tem cado para trs. Aqui, a orientaoe a adequao para o conhecimento do objeto, em comparao, per e b x s, e rresp e e e e b x e sa capacidade do homem em in uenciar o rumo dos eventos. Issono quer dizer que o desenvolvimento de nosso conhecimentoda sociedade deva seguir, necessariamente, na mesma direo dodesenvolvimento do conhecimento do homem em relao natureza.

    O diagnstico apenas levanta a questo das razes sociolgicas paraesse desenvolvimento desigual do conhecimento humano. Ele sugereque essas razes no podem ser encontradas, tal como freqentemente

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    se a rma na atualidade, simplesmente na natureza do objeto, mas,sim, na situao, na atitude e na perspectiva dos sujeitosvis--visseus objetos,vis--vise es prpr s bje s e su s bus s pelo conhecimento. Di cilmente podemos esperar a construo deuma teoria sociolgica geral do conhecimento sem considerar comouma de suas questes cruciais o problema de sob quais condiese por que o conhecimento daqueles nveis de integrao do quedenominamos natureza foi rompendo as barreiras de uma altaorientao pela fantasia, de uma alta centralizao no sujeito e no

    envolvimento em prol de um estgio em que a orientao pela fantasiadiminuiu e a orientao pela realidade, pela autonomia relativa e pelacentralidade conferida aos objetos cresceu; o problema de sob quaiscondies e por que, no que tange ao conhecimento dos homenssobre eles prprios como sociedades, a balana entre uma orientao para o sujeito e as representaes emotivas e de fantasia continuademonstrando uma predominncia sobre uma maior orientao para

    o objeto e representaes menos emotivas da realidade, embora issovenha diminuindo vagarosamente de forma altamente instvel em comparao com o passado.

    III

    Um dos fatores que di culta e at certo ponto bloqueiainvestigaes desse tipo o fato de que, em nosso universo deconhecimento, duas teorias do conhecimento, teorias sociolgicase teorias los cas, se encontram desconectadas umas das outras.Elas so elaboradas por grupos acadmicos diferentes e nenhumdeles parece se preocupar com o que o outro est fazendo. As linhasde comunicao entre eles esto mais ou menos bloqueadas. Embora

    e es es ej e e eress s e pr b e s esrea o conhecimento humano , suas principais abordagens esuas concepes fundamentais so to diferentes, que quase nunca

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    ocorrem discusses entre os dois campos. Nenhum desses plosp re e ves r s seus prpr s re e s.

    Entretanto, a tradio epistemolgica clssica da loso aeuropia se faz sentir de diversas formas quando discutimos os problemas sociolgicos do conhecimento. Fazer meno a uma dessasformas poderia ajudar: embora possivelmente um pouco inesperado,o esclarecimento ser apresentado. Certos modelos de pensamentoencontraram suas mais so sticadas expresses no que a tradioepistemolgica tem in ltrado profundamente em nossa linguagem

    comum, embora, di cilmente, estejamos conscientes disso. Eles produzem, por conseguinte, um vis implcito, uma predisposiodespercebida, tanto nas investigaes sociolgicas como em outras,em favor de certos hbitos de pensamento em oposio a outros. Umexemplo o uso do termo fenmeno como um dos mais gerais para todo tipo de acontecimento ou fato e, estreitamente relacionadoa ele, o uso dos termos subjetivo ou objetivo como um tipo de

    polaridade esttica com uma implicao de valor bastante perceptvel.a b s s represe v s p r ep s e s ue explorado quase sem alterao pelos lsofos clssicos daEuropa, mas o termo fenmeno representa mais fortemente o que poderamos chamar de vis fenomenalista.

    Fenmeno derivado de um termo j padronizado como

    conceito los co na Antiguidade, especialmente por Aristteles,signi cando algo como uma manifestao na experincia dossentidos ou, simplesmente, dados dos sentidos, enquanto distintoss prpr s s. B es rev phainomenon: er

    tinha se tornado completamente anglicizado. Ele ainda signi cava,grosseiramente, alguma coisa que aparece para os homens, embora p ss s es r er s se ss que p re v ser. Su

    transformao dentro do ingls, francs, alemo, em um substantivoeuropeu, caracterstica do modo pelo qual a loso a europiaclssica, especialmente em sua forma racionalista ou apriorstica

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    representada tanto por Descartes como por Kant, in uenciou aslnguas europias. Filsofos consideram ingnua a concepo deque s s s re e e s e s p re e ser exper dos sentidos. A gradual aceitao do termo los co especializadofenmeno como um termo europeu comum, utilizvel em um

    ve e pre s p r qu se s s bje s u eve s, sintomtica de como a generalizao cristalizada na dvida los ca e se s s s que p re e p r u pess rresp e Ding an sich12 ou se as coisas so o que aparentam ser ncou

    razes no pensamento e na linguagem europeus. O dicionrio Oxfordainda a rma que o termo fenmeno empregado exclusivamente para um fato ou acontecimento, para a causa ou a explicao doque se est em questo. Atualmente, difcil encontrar outro termoigualmente genrico para fatos e eventos, se quisermos evitar o visfenomenalista do termo fenmeno sem forar a linguagem.

    O uso dos termos subjetivo e objetivo nos conduz aomesmo paradigma epistemolgico, embora seja levemente diferenteo aspecto que eles trazem tona. Assim como o termo fenmeno,eles perpetuaram a noo de uma anttese esttica entre o sujeito doconhecimento e os objetos do conhecimento, mas o uso cotidianocorroeu, at certo ponto, a so sticao los ca da polaridadesujeitoobjeto. Subjetivo conservou a conotao de que o que estna mente de uma pessoa no objetivo, apenas aparnciaou opinio, que no so fatos o que os objetos de pensamentorealmente so. No entanto, o termo objetivo freqentementeutilizado na vida cotidiana com a implicao de que certasdeclaraes, certas idias de uma pessoa podem, de fato, corresponder aos objetos, que elas podem ser objetivas. A experincia docrescimento dos avanos cient cos pode ter ajudado essa utilizao

    do termo ao longo do tempo. Entretanto, a epistemologia los ca,com sua grandiosa so sticao, est, no mnimo, espantada com oquebra-cabea criado por ela prpria habilmente omitido pelo uso

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    vernacular dos termos objetivo e subjetivo: de que mesmo umadeclarao cient ca que parea ser objetiva ou verdadeira tambm subjetiva, isto , uma declarao sobre objetos, de comoe esse manifestamp r u suje .

    Di cilmente podemos ter a esperana de superar esseimpasse, devido ao dualismo esttico, sem uma observao maisatenta da concepo bsica que, com poucas excees, subjaz steorias los cas tradicionais do conhecimento e que perpetuada por termos como subjetivo e objetivo no sentido um tanto

    confuso em que eles so comumente usados. A suposio de quea aquisio do conhecimento um assunto em que cada pessoa estsozinha. Na qualidade de sujeitos, temos a impresso de inseridosabsolutamente sozinhos em um mundo de objetos em relao aosquais devemos tentar adquirir conhecimento, trabalhando ss e semnenhuma ajuda. Como possvel, como sujeito do conhecimento,adquirir conhecimento que seja verdadeiro acerca de objetos,

    como parecem fazer no caso da cincia? Como, perguntou Kant, acincia possvel?

    Pode-se perceber por que necessrio forar um pouco alinguagem para demonstrar que, na aquisio do conhecimento,nenhum ser humano pode ser considerado um ponto de partida; nss e r s s bre s br s e u r s, e que pre e s

    um cabedal j adquirido de conhecimento que, se tivermos ap r u e, p ere s p r. Se e r s r zer p r ssprpr re e e u ese v v e e pr z conhecimento humano, tanto em seus aspectos no cient coscomo em seus aspectos cient cos, os conceitos sugerem que uma polaridade esttica tais como sujeito e objeto ou subjetivoe objetivo em seus sentidos tradicionais resulta inadequada. O

    paradigma epistemolgico clssico de uma solido individual, de umsujeito isolado caando aqui e agora o conhecimento das conexesdos objetos dentro da imensido de um mundo desconhecido,

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    comeando do zero e absolutamente sozinho, no muito til. Tal paradigma implica que o homem que contempla sua prpria buscado conhecimento se confronta, basicamente, apenas com duas possibilidades, ambas igualmente estticas, nais e absolutas, emboraele possa inventar um nmero de variaes e combinaes. Ele podeassumir uma eterna preponderncia do sujeito do conhecimentosobre os objetos, um estado limtrofe de subjetividade em que as prprias estruturas imutveis do sujeito, sob quaisquer que sejamseus nomes razo, idias, categorias, sentidos ou leis da

    lgica , imprimem suas marcas sobre todas as experincias dohomem como um tipo de vu entre ele e os objetos, de modo queu que e e p ss esper r pree er e su re e e u sfenmenos, isto , as aparncias das coisas. Ou ele pode assumir uma eterna preponderncia dos objetos do conhecimento sobre osujeito, um estado limtrofe de objetividade no qual ele prprioapreende, em sua rede de conexes de objetos, os objetos como eles

    realmente so, nos quais a busca de conhecimento caminha para umm absoluto e ele entra, absolutamente por si mesmo, no paraso daverdade ltima e eterna.

    E vez ss , e ess s e u p r pr pr para lidar com a experincia de que a aquisio do conhecimento um processo que supera a durao de uma vida e a capacidade dedescoberta de um indivduo. um processo no qual os sujeitos sogrupos de pessoas, longas linhagens de geraes de homens. Em seucurso, a preponderncia desse sujeito dos interesses imediatos,s e ess es e s se e s s rup s s bre seus eresses

    nas interdependncias, conexes e estruturas dos objetos como taisou, por outro lado, a preponderncia dos seus interesses de longo prazo nas conexes e estruturas dos objetos sobre seus interesses,

    se e s e e ess es e ur pr z , p e u e r udiminuir, dentro do padro de percepo que os grupos tm daquelasconexes e estruturas. Poderamos dizer que o equilbrio de poder

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    entre os objetos e os sujeitos do conhecimento pode oscilar nasexperincias dos homens e tais oscilaes fazem toda a diferenano mundo em relao ao carter e estrutura do conhecimento doshomens. Qualquer conceituao, portanto, que reduza a dinmicasocial do processo de descoberta a condies estticas, com ohomem no singular atuando como o sujeito do conhecimento emdeterminada situao aqui e agora, estar condenada a nos arrastar a um labirinto epistemolgico sem sada, sem nenhuma porta paraes p r s.

    O pescador, tentando capturar conexes dos objetos em suarede, no comea do nada. No somente o conhecimento dos objetos,mas tambm o conhecimento de como adquirir e de como avanar oconhecimento dos objetos, de como captur-los em sua prpria rede,de como construir redes e de como construir redes melhores paracaptur-los, desenvolveu-se ao longo das geraes; e a rede ser passada para ele na medida em que tenha sido desenvolvida em suasociedade. Em algumas sociedades, certos tipos de conhecimentosobre a aquisio e o avano do conhecimento, certos tipos dere es e u s r -se re u r e e s pr pr s p rapreender certos tipos de conexes entre objetos. Qualquer que seja s , se pre que u re e e u p r pree s e sconexes e a conscincia de como se avanar o conhecimento emum campo da experincia dos homens atinjam um nvel em que assuas adequaes nas interdependncias sejam to grandes a ponto desuas orientaes pelo objeto adquirirem vantagem sobre a orientao pelo sujeito, os avanos posteriores nesse campo apresentaro umae e u . E s pr e er e s re u r quefaziam antes. Sendo mais autnomas em relao s utuaes deur pr z ese v v e s e e, e b r , r ,

    se u p e e e epe e es e s, e s se r rrelativamente auto-su cientes, e ns poderemos chamar a aquisiodo conhecimento naquele campo de cincia.

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    Visto em relao a essa longa ascenso e ao difcil avano para esse nvel, o paradigma epistemolgico dos lsofos clssicosp re e u p u e r . E es s u p r r, er eesperar, de uma espec ca e estabelecida auto-imagem que elestomam como uma verdadeira e imutvel imagem de homem. Oque e es es bre se u -ex re que e eacreditam poder encontrar em todos os seres humanos e em todos oslugares. Se eles se deparam com informaes sobre seres humanosque per ebe ex urez es e r e es

    o fazem, que no pensam de maneira cient ca ou racionalsobre as conexes de eventos naturais, benevolamente, eles, svezes, os comparam a crianas ou, em outros casos, explicamseu modo diferente de conexes como ignorncia ou superstio. No entanto, eles no explicam como nem por que os homens desu s prpr s s e es, be e es es s, r seuaperfeioado conhecimento. Eles so inclinados a avaliar como mais

    pr pr s s s e ex s s urez que e esp ssue , e er ez r er e ur s s sque os acompanham como um presente de Deus ou da natureza ou, pelo menos, como uma propriedade imutvel e comum dos sereshumanos em geral.

    Conseqentemente, a questo de como explicar a relativamenter e p e er s e s, e u s s p r aquisio de conhecimento, para a conexo dos dados que queremosconhecer a aptido que a marca registrada da cincia e que,s vezes, chamada de racionalidade permanece um problemaespeculativo. O problema di cilmente ter sua soluo enquanto for estruturado de maneira esttica, com um sujeito do conhecimentotendo como modelo um sujeito individual em uma situao

    s er s e e qu e r . le b z, u r s esdele, a rmou que a inexplicvel e diferente aptido das ferramentase pe s e suje e re r s bje s se eveu u

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    ato de Deus; ele via a harmonia entre sujeito e objeto como umaharmonia preestabelecida pelo Criador. Hume, mais avesso sespeculaes metafsicas do que muitos de seus contemporneos,exp u que e u ex us e re eve s, qur bu s s bje s, p e pr v r s prpr s bje s, s,

    sim, de nossos hbitos de enxergar certas seqncias naturais quese repe e . K , se u -se hu e, p s u u que s e sde conexes entre objetos, tais como o de lei natural, substncia oucausalidade mecnica, que so condies de toda experincia, no podem ser derivados da experincia; eles so, de acordo com ele,

    er res exper u a priori. Per ebe s que K es vrre pe s r que que es e s que e e e r u us su

    prpr exper urez se r v e p erse r r e su prpr exper , e es exper de todos os homens de seu tempo e de sua sociedade. No entanto,que esses conceitos fossema priori p r sua exper signi cava, como ele a rmava, que eles fossema priori p r sas experincias de todos os seres humanos sobre a Terra.

    Atualmente tornou-se mais fcil perceber tal questo como umpr b e v r ser e e s ser. P r se e xer r pr b ee su e, vez u s p u s p vr s e u s er eafricano possam ajudar. Faltavam a ele as certezas de Kant. Ele no

    e u s eve s es e r p rque, pess e e,tenha sido menos inteligente, mas porque viveu em uma sociedadeque se desenvolveu de modo diferente:

    ns e s, e e sse, que us r qu pu er s e s pr e ercontra os espritos de todas as coisas no Cu e sobre a Terra. Vocvai oresta, v algum animal selvagem, queima-o, e voc descobreter matado um homem. Voc humilha seu empregado, mas maistarde voc descobre que o perdeu. Voc pega seu faco para cortar

    o que voc pensa ser um galho de rvore e descobre ter cortado seu prprio brao. H pessoas que podem se transformar em leopardos;pastores so especialmente bons para se transformarem em hienas.

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    H bruxas que podem fazer voc de nhar e morrer. H arvores quecaem sobre voc e o matam. H rios que afogam voc. Se eu vejoquatro ou cinco europeus, eu no dou ateno apenas a um deles

    ignorando o resto, com receio de que eles tambm tenham poder eme odeiem (Rattray, 1923).

    A maior incerteza sobre conexes de eventos que pode ser encontrada v z es e s er e e u e exper que e e

    em um estgio comparvel de desenvolvimento social entre todasas pessoas da Terra. Muito longe de serem formas de pensamentoe er s, e que s eve s s e s exper dele aprendido de acordo com um nvel de conhecimentotransmitido em sua sociedade. A de nio daqueles conceitos bsicos, das categorias kantianas como forma e de outros tiposde conhecimento como contedo, di cilmente aplicvel aqui. Arede conceitual para se adquirir conhecimento faz parte do prprioconhecimento dos homens. A citao pode ser familiar. O problemaque ela levanta no simplesmente por que o velho sacerdoteconectou em sua experincia eventos de maneira diferente a quens fazemos, mas sim por que ns conectamos eventos de maneirasdiferentes da dele.

    Notas

    1 o er , r r e e, specialism, p vr u u z eingls e com traduo literal para o portugus como especialismo.op s p r r uz r express e r s rre e u portuguesa. Outras solues possveis seriam campo ou rea, que perderiam, no entanto, a especi cidade buscada por Norbert Elias. (N.

    s t.)

    2 Elias se refere ao ensaio de Mannheim (1927). Este artigo um resumo

    do trabalho escrito por Mannheim para sua prova de habilitao( Habilitationsschrift ) na Universidade de Heidelberg e que encontrou publicao integral em Kettler (1984). (N. dos T.)

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    3 Carta de Engels a Conrad Schmidt, London, 27th October 1890 (Marx eE e s, 1934).

    4 A carta, que no est devidamente citada no original do artigo, podeser encontrada integralmente em: . A passagem a que Elias se refere a seguinte: According to the materialistic conception of history, the production and reproduction of real life constitutes in the last instancethe determining factor of history. Neither Marx nor I ever maintainedmore. Now when someone comes along and distorts this to mean thatthe economic factor is the sole determining factor, he is convertingthe former proposition into a meaningless, abstract and absurd phrase. (Segundo a concepo materialista de histria, a produo ea reproduo da vida concreta constituem, em ltima instncia, o fator de determinao da histria. Nem Marx nem eu jamais a rmamosmais. Agora, quando algum vem e altera isso para signi car que ofator econmico o nico fator de determinao, esse algum estconvertendo a antiga proposio em uma frase sem sentido, abstrata e

    absurda.) (N. dos T.)5 n r r , E s e u vr u que er r se

    traduo; preferimos manter a delidade referncia original, ou seja, carta de Engels. (N. dos T.)

    6 Literalmente, estado do vigia noturno, expresso disseminada pelosocialista alemo Ferdinand Lassalle (1825-1864): trata-se, dentro

    da loso a poltica, de uma forma de governo em que as tarefas eresponsabilidades do Estado so reduzidas ao mnimo (por isso tambm chamado de estado mnimo), restando apenas a manutenointerna e externa da ordem que visa, em ltima instncia, proteger a propriedade privada. (N. dos T.)

    7 Posteriormente, Elias desenvolver essa idia em um artigo denominadoOn the sociogenesis of sociology (1984). (N. dos T.)

    8 Conscincia (em alemo, no original). (N. dos T.)

    9 Ser (em alemo, no original). (N. dos T.)

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    10 Nosso conhecimento sobre o crescimento do conhecimento estaumentando constantemente e, at onde os detalhes permitem saber, maior agora do que antes. O que falta so modelos tericos adequados

    acerca do desenvolvimento do conhecimento que possam ser p r s ess ev e jus s e s rresp e es

    e ese v v e s s e es e r s qu s que econhecimento assume uma posio. Um dos principais obstculosem direo a tais modelos , evidentemente, a disposio fortementeambivalente com relao ao conhecimento cient co que prevaleceem nosso tempo. A dvida, muito difundida, sobre o valor desseconhecimento afeta a integrao terica dos fatos. Uma das tentativascontemporneas mais conhecidas para tal integrao, o modelo de T.S. Kuhn de desenvolvimento do conhecimento cient co (Kuhn, 1962) um bom exemplo. No so sticado paradigma de Kuhn, a progressivaexpanso do conhecimento dos homens de um universo desconhecidoao longo dos milnios, dos quais a expanso cient ca a fase maistardia, basicamente se perdeu de vista. Ele representa essa fase caracterizada por uma combinao espec ca de investigao emprica

    em relao a aspectos desconhecidos deste universo com integraoterica peridica do crescimento do conhecimento desses aspectos de maneira depreciativa; por um lado, como um jogo de quebra-cabeas resolvido (solving) de acordo com certas regras; por outrolado, como uma mudana acidental e parcialmente arbitrria das regras.Ele conceitua o primeiro desses dois tipos de atividades cient cascomo cincia normal e o segundo como revolues cient cas.A escolha das palavras su ciente para sugerir que modelos tericosintegrados, tais como os de Ptolomeu, na Antiguidade, ou os de Newtone E s e , s e p s s re e es, per e e , e er ,do lado de fora e no fazem parte da cincia normal. Assim sendo,desgastando a arbitrariedade e a descontinuidade das inovaes tericasradicais (que di cilmente mais adequada para o desenvolvimento doconhecimento cient co do que a separao conceitual entre uma faseno revolucionria de um processo revolucionrio que o sucede no

    desenvolvimento de uma sociedade), Kuhn capaz de traar um quadroessencialmente relativista da relao entre os paradigmas bastanteintegradores dentro de um processo cient co. Enquanto permite um

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    gostinho de progresso para sua cincia normal, ele nega que aseqncia de paradigmas tericos represente algum progresso, algumaampliao do conhecimento humano.

    11 Elias est utilizando aqui a oposio entreinvolvement (envolvimento,e j e , eresse) e detachment (desinteresse, imparcialidade,afastamento, separao, desmembramento) que ser o tema do seu livroEngagement und Distanzierung(1983). A traduo popularizada noBr s r uz u er detachment (no original alemo, Distanzierung,e, na traduo francesa,distanciation) pe er s que s ur alienao, com as devidas justi cativas que podem ser encontradasem nota introdutria traduo do livro. Apesar de entendermosos motivos da escolha, preferimos, aqui, manter a traduo literal.(N. dos T.)

    12 Coisa em si (em alemo, no original). (N. dos T.)

    Sociology of knowledge: new perspectives

    Abstract: The core problems of sociological and philosophicaltheories of knowledge remain insoluble and unrelated since boththeories start from static models. The problems can be solved and the respective theories can be related to each other withoutundue dif culties if the acquisition of knowledge occurring withinsocieties is conceptualized as a long-term process which, in turn,takes place within societies also considered as long-term processes.This approach adds up to being in close agreement with the evidence.The paper points out what needs to be both unlearned and learnedin order to pave the way for such a uni ed theoretical framework toserve s u e be rre e by e p r sstudies of all kinds of knowledge: scienti c and practical, as wellas non-scienti c or ideological.

    Key words: sociology of knowledge; sociological theory;s y.

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    RattRaY, R. S. Ashanti. l : EditoRa, 1923, p. 150.