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Sulfas e Quinolonas Integrantes: Guilherme Paulo Torresini Isabella Bacil Ferreira Karine Bahri de Oliveira Penna Kelly Benikes Ferreira Luiz Felipe Abdalla Marília Couto

Sulfas e Quinolonas

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Page 1: Sulfas e Quinolonas

Sulfas e Quinolonas

Integrantes:

Guilherme Paulo Torresini

Isabella Bacil Ferreira

Karine Bahri de Oliveira Penna

Kelly Benikes Ferreira

Luiz Felipe Abdalla

Marília Couto

Ricardo Eiras Junior

Rodrigo Braga

Page 2: Sulfas e Quinolonas

Viviane Meyer

Sumário

Sulfas

1. Introdução --------------------------------------------------------- pág.3

2. História das sulfas ----------------------------------------------- pág.3

3. Mecanismo de ação das sulfas e trimetropim -------------- pág.4

4. Mecanismo de resistência -------------------------------------- pág.5

5. Espectro de ação ------------------------------------------------ pág.6

6. Farmacocinética -------------------------------------------------- pág.7

6.1. Absorção -------------------------------------------------------- pág.7

6.2. Distribuição ----------------------------------------------------- pág.7

6.3. Excreção e metabolismo ------------------------------------- pág.7

7. Propriedades farmacológicas das sulfas individuais ------ pág.8

Sulfonas ------------------------------------------------------ pág.13

8. Efeitos Adversos ------------------------------------------------ pág.14

9. Interações medicamentosas --------------------------------- pág.15

Quinolonas

1. Introdução e História das quinolonas ---------------------- pág.17

2. Mecanismo de ação ------------------------------------------- pág.18

Page 3: Sulfas e Quinolonas

3. Mecanismo de resistência ------------------------------------ pág.19

4. Espectro de ação ----------------------------------------------- pág.22

5. Farmacocinética ------------------------------------------------ pág.22

5.1. Absorção e metabolismo ----------------------------------- pág.22

5.2. Distribuição --------------------------------------------------- pág.23

5.3. Excreção ------------------------------------------------------ pág.23

6. Indicações terapêuticas -------------------------------------- pág.24

7. Efeitos Adversos ----------------------------------------------- pág.26

8. Interações medicamentosas -------------------------------- pág.27

Bibliografia --------------------------------------------------------- pág.30

Sulfas

1. Introdução

O termo sulfa, ou sulfonamida, refere-se a substâncias derivadas da

para-aminobenzenossulfonamida (sulfanilamida). Todos os requisitos

básicos para a ação antimicrobiana estão presentas na própria

sulfanilamida, de modo que as variações químicas, físicas,

farmacológicas e antimicrobianas entre os seus derivados se devem à

ligação de substituintes ao seu grupo amido ou amino.

2. História das Sulfas

Page 4: Sulfas e Quinolonas

As sulfonamidas foram os primeiros quimioterápicos sistêmicos

eficazes utilizados na prevenção e cura de infecções bacterianas em

seres humanos.

Em 1932, pesquisas de corantes azo contendo um grupo sulfonamida

pela Bayer (membro do conglomerado I.G. Farbenindustrie) levou à

criação de uma patente alemã para Klarer e Mietzch sobre várias

substâncias, inclusive o Prontosil, ou sulfamidocrisoidina. Em 1935,

Dogmak, diretor da I.G., publicou estudos sobre o uso da substância

no tratamento de camundongos com infecções estreptocócicas e

outras infecções, revelando, deste modo, seu valor quimiotéraico. Esta

descoberta lhe valeu, em 1938, o Prêmio Nobel de Medicina.

Ainda no fim de 1935, pesquisadores do Instituto Pasteur descobriram

que o Prontosil era na verdade uma pró-droga, sendo a sulfanilamida,

uma substância mais simples e incolor, seu metabólito ativo. Avanços

na utilidade clínica do Prontosil e sulfanilamida foram feitos por

Colebrook e Kenny, em 1936, que descreveram seu uso na sepse

puerperal, bem como por Buttle & co, no mesmo ano, que

descreveram seu uso em infecções meningocóccicas.

Tentativas de descobrir derivados mais potentes da substância

levaram ao surgimento da sulfapiridina em 1938, a primeira droga a

ser efetiva no tratamento das pneumonias pneumocócicas e com

maior espectro antimicrobiano para a época. Depois vieram a

sulfatiazolina e a sulfadiazina que reduziram a cianose e os vômitos

causados pelas sulfas mais antigas.

O advento da penicilina e outros antibióticos, bem como o

desenvolvimento de resistência por várias bactérias às sulfonamidas

levou a uma grande redução no seu uso. No entanto, no fim da

década de 1970, a introdução da combinação sulfametoxasol-

trimetoprim levou a um retorno de um maior uso deste medicamento.

Page 5: Sulfas e Quinolonas

3. Mecanismo de ação das sulfonamidas e trimetroprima

As sulfonamidas e a trimetoprima são agentes antibacterianos que

atuam sobre o metabolismo celular. Esses quimioterápicos inibem

competitivamente diferentes enzimas envolvidas nos dois passos da

biossíntese do ácido fólico. Produtos da via de síntese de ácido fólico

funcionam como coenzimas para as reações de transferência de um

carbono, essenciais à síntese de purinas e, assim, à síntese de DNA.

O ácido fólico é constituído por três componentes estruturais que

incluem ácido p-aminobenzóico (PABA), pteridina e glutamato. As

sulfonamidas são análogos estruturais e antagonistas competitivos do

PABA, impedindo sua utilização normal pelas bactérias no primeiro

passo na síntese de folato, em que ocorre incorporação de PABA à

pteridina pela enzima diidropteróico sintetase para a formação de

ácido diidropteróico, precursor imediato do ácido fólico.

Os microrganismos sensíveis às sulfonamidas são aqueles que

precisam sintetizar seu próprio ácido fólico. Portanto as bactérias

capazes de utilizar folato pré formado e as células de mamíferos,

incapazes de sintetizar ácido fólico, necessitando de suprimento

exógeno da vitamina pré-formada, não são afetados.

As sulfonamidas, em geral, exercem apenas efeito bacteriostático,

inibindo o crescimento bacteriano, sendo os mecanismos de defesa

celular e humoral do hospedeiro indispensáveis à erradicação final da

infecção.

O trimetoprim é um análogo estrutural da pteridina e um poderoso

inibidor competitivo seletivo da diidrofolato redutase microbiana,

enzima responsável pela conversão de diidrofolato em tetraidrofolato,

necessário para as reações de transferência de um carbono.

Page 6: Sulfas e Quinolonas

A trimetoprima é cerca de 50000 vezes menos eficiente na inibição da

enzima de mamíferos.

A administração simultânea de sulfonamida e trimetoprim induz

bloqueios seqüenciais na via de síntese do tetraidrofolato do

microrganismo a partir de moléculas precursoras, produzindo efeitos

antimicrobianos sinérgicos. Isso pode resultar em efeito bactericida.

4. Mecanismos de resistência

Algumas bactérias não possuem as enzimas necessárias para a

síntese de folato a partir do PABA, utilizando fontes externas de folato.

Deste modo, não são sensíveis às sulfonamidas, o que é chamado de

resistência intrínseca. As bactérias que são sensíveis podem adquirir

resistência a partir de mutações de genes residentes ou aquisição de

novos genes, que são disseminados através de plasmídios. Em geral,

essa resistência costuma ser persistente e irreversível e não envolve

resistência a fármacos de outras classes.

As mutações podem levar à resistência por induzir a produção de uma

enzima da síntese do ácido fólico (diidropteroato sintase) com menor

afinidade pelas sulfonamidas, reduzir a permeabilidade das bactérias

à entrada do fármaco, induzir uma via metabólica alternativa para a

síntese de folato, aumentar a produção de um antagonista do fármaco,

ou aumentar a produção de PABA. Alguns estafilococos resistentes

podem sintetizar uma quantidade 70 vezes maior de PABA, porém a

produção aumentada de PABA não é um achado freqüente nas

bactérias resistentes.

O principal mecanismo de resistência às sulfas, assim como à

trimetoprima, é a aquisição de genes codificados em plasmídios, que

produzem uma enzima menos sensível ao fármaco. No caso de

resistência às sulfas, a enzima é a diidropteroato sintase com baixa

Page 7: Sulfas e Quinolonas

afinidade pelas sulfonamidas, que é inibida menos rapidamente por

estes fármacos.

5. Espectro de ação

As sulfonamidas constituem a primeira classe de substâncias com

atividade contra bactérias gram-positivas e gram-negativas introduzida

na terapêutica humana. Todas apresentam espectro antimicrobiano

semelhante, agindo sobre microrganismos bacterianos, fungos e

protozoários.

Ao início de seu emprego na clínica, as sulfas mostravam atividade

sobre ampla gama de bactérias incluindo estreptococos, estafilococos,

neisserias, hemofilos, brucelas, vibriões, pasteurelas, salmonelas,

shigelas e outras enterobacterias, actinomicetos, clamídias.

Entretanto, esse espectro de ação sofreu influência da resistência

bacteriana adquirida, de modo que bactérias como Staphylococcus

aureus, Neisseria meningitidis e Salmonella typhi não respondem mais

a essa terapia.

Em relação aos agentes infecciosos não-bacterianos, as sulfas

revelam ação terapêutica contra Paracoccidioides brasiliensis,

Toxoplasma gondii, Isospora belli, Nocardia e Pneumocystis jiroveci.

Sua ação é especialmente notável quando associada com

pirimetamina ou trimetoprima.

6. Farmacocinética

6.1. Absorção

As sulfonamidas sofrem absorção de 70 a 100% após administração

oral, atingindo níveis plasmáticos máximos em 2 a 6 horas e podem

ser detectadas na urina 30 minutos após sua ingestão. O intestino

Page 8: Sulfas e Quinolonas

delgado é o principal local de absorção, porém parte do fármaco é

absorvida no estômago.

6.2. Distribuição

Esses fármacos ligam-se em graus variáveis às proteínas plasmáticas,

especialmente a albumina e distribuem-se por todos os tecidos do

corpo, penetrando facilmente nos líquidos pleural, peritonial, sinovial,

ocular e outros líquidos corporais semelhantes, estando na forma ativa

não-ligada, já que o conteúdo de proteínas desses líquidos é

habitualmente baixo.

Após administração sistêmica de doses adequadas, atingem

concentrações no líquido cefalorraquidiano que podem ser eficazes

contra infecções nas meninges. No entanto, são raramente utilizadas

para esse fim devido ao aparecimento de microorganismos resistentes

as sulfonamidas.

Atravessam rapidamente a placenta, alcançando a circulação fetal

podendo causar efeitos antibacterianos e tóxicos, devendo seu uso

durante a gravidez ser reservado apenas para situações definidas de

grande benefício.

6.3. Metabolismo e excreção

O metabolismo é hepático, gerando a sulfonamida N4- acetilada que é

o principal metabólito. A acetilação não é vantajosa já que os produtos

metabólicos carecem de atividade antimicrobiana mas persistem com

a potencialidade tóxica.

A eliminação das sulfonamidas do organismo se dá em parte na forma

de fármaco inalterado e em parte como produtos metabólicos. A maior

Page 9: Sulfas e Quinolonas

parte é excretada na urina, de modo que a meia-vida desses fármacos

depende da função renal. Na urina ácida, as sulfonamidas mais

antigas são insolúveis e podem precipitar, produzindo depósitos

cristalinos passíveis de causar obstrução urinária. Pequenas

quantidades são eliminadas na bile, sofrendo reabsorção intestinal e

podem ser encontradas no leite materno.

7. Propriedades farmacológicas das sulfonamidas individuais

As sulfonamidas são classificadas em 4 grupos, com base na

velocidade de absorção e excreção:

⁃ Agentes absorvidos e excretados rapidamente : sulfissoxazol,

sulfametoxazol e sulfadiazina.

⁃ Agentes pouco absorvidos via oral e, por conseguinte, ativos na luz

intestinal: sulfassalazina.

⁃ Sulfonamidas utilizadas principalmente para a aplicação tópica:

sulfacetamida, mafenida e sulfadiazina de prata.

⁃ Sulfonamidas de ação longa, que sofrem absorção rápida mas são

excretadas lentamente: sulfadoxina.

Sulfonamidas de absorção e eliminação rápidas

• Sulfissoxazol

Possui excelente atividade antibacteriana, elevada solubilidade,

eliminando grande parte da toxicidade renal e diminuindo o risco de

hematúria e cristalúria. Liga-se extensamente a proteínas plasmáticas.

As concentrações urinárias do fármaco ultrapassam acentuadamente

Page 10: Sulfas e Quinolonas

as do sangue e podem ser bactericidas. O sulfissoxazol diolamina é

disponível para uso ocular tópico. O acetil sulfissoxazol não tem sabor

e é portanto preferido para uso oral em crianças. Em combinação com

a fenazopiridina, são anti-sépticos das vias urinarias e analgésico. A

urina torna-se vermelha alaranjada devido a essa combinação. Não é

comercializado no Brasil.

• Sulfametoxazol

Apresenta taxas de absorção entérica e excreção urinárias mais lentas

que o sulfissoxazol. Atinge níveis séricos em duas horas, os quais são

mantidos por 12 horas. Difunde-se adequadamente por todo o

organismo, alcançando níveis terapêuticos na bile e no líquor.

Deve-se tomar precauções para evitar a ocorrência de cristalúria já

que há elevada percentagem da forma acetilada e relativamente

insolúvel na urina.

É a sulfonamida mais utilizada em associação com o trimetoprim.

Essa combinacao é chamada de cotrimoxazol e resulta em um efeito

sinérgico desses dois fármacos, sendo capaz de agir contra

microrganismos resistentes aos componentes isoladamente e por isso

sua associação substituiu com vantagem o emprego das sulfamidas

isoladas nas infecções bacterianas. Portanto, a introdução dessa

combinacao constitui um importante progresso no desenvolvimento de

antimicrobianos clinicamente eficazes.

Após administração de uma dose oral da combinação, o trimetoprim é

absorvido mais rapidamente, atingindo concentrações máximas em

cerca de 2 horas enquanto o sulfametoxazol somente após 4 horas. A

meia-vida sérica das drogas é de cerca de 12 horas. A associação

contém a proporção de uma parte de trimetoprim para cinco partes da

sulfa.

Page 11: Sulfas e Quinolonas

Ambas são eliminadas por via renal, por filtração glomerular e a maior

parte do sulfametoxazol é eliminada sob a forma de metabólico

inativo. Ambos atingem concentração no líquor, com o sulfametoxazol

alcançando níveis correspondentes a 20% a 60% da concentração

sangüínea e o trimetoprim 15% a 20%, variando com a dose usada.

Cerca de 40% do trimetoprim ligam-se a proteínas plasmáticas,

enquanto que para o sulfametoxazol esse valor é de 65%.

O cotrimoxazol é utilizado em diversos quadros infecciosos,

especialmente nas infecções urinárias e prostatites, por sua ação

sobre a E.coli e elevada concentração nas vias urinárias e próstata.

Também é indicado para infecções brônquicas agudas e agudizadas,

por sua atividade sobre o Haemophilus influenzae e pneumococos, e

como droga alternativa para o tratamento da febre tifóide (ceftriaxona

ou fluoroquinolonas são preferidos) e da shigelose. É o medicamento

de escolha para o tratamento e profilaxia das infecções pelo

Pneumocystis jiroveci. O cotrimoxazol também é eficaz para profilaxia

primaria da toxoplasmose cerebral em pacientes com AIDS, para

tratamento de meningites por meningococo, pneumococo, brucela e

listeria.

Outras indicações terapêuticas para o cotrimoxazol constituem a

paracoccidioidomicose, infecções causadas por Nocardia, brucelose,

doença de Whipple, infecção por Stenotrophomonas maltophilia,

parasitos intestinais Cyclospora e Isospora, ganulomatose de

Wegener, cancro mole, linfogranuloma venero, donovanose,

melioidose, infecções por Ca-MRSA, endocardite bacteriana causada

pela Burkholderia (Pseudomonas) cepacia.

• Sulfadiazina

Administrada via oral, sofre rápida absorção pelo trato gastrointestinal,

com obtenção de concentrações sanguíneas máximas após 3 a 6

Page 12: Sulfas e Quinolonas

horas. Sua absorção é facilitada em pH alcalino e é quase completa

quando administrada junto a substâncias alcalinas como bicarbonato

de sódio.

Cerca de 55% ligam-se a proteínas plasmáticas. Distruibui-se em

todos os líquidos e tecidos orgânicos, inclusive humor aquoso, lágrima

e líquido cefalorraquidiano. Atravessa as membranas celulares,

exercendo ação intracelular. É facilmente excretada pelos rins por

filtração glomerular tanto na foma livre quanto na forma acetilada. A

administração de álcalis acelera a depuração renal de ambas as

formas ao diminuir a reabsorção tubular. É eliminada parcialmente

pela bile.

Deve-se garantir uma ingestão adequada de líquidos para obter um

debito urinário de pelo menos 1200 ml em adultos, com quantidade

correspondente em crianças ou administrar bicarbonato de sódio para

reduzir o risco de cristalúria.

A sulfadiazina associada a pirimetamina constitui a terapêutica mais

utilizada no Brasil e em outros países para o tratamento das formas

agudas graves da toxoplasmose, da encefalite toxoplasmica em

pacientes com AIDS, da toxoplasmose congênita, da uveite

toxoplasmica. É indicada na terapêutica de manutenção de pacientes

com AIDS para evitar recaída da toxoplasmose cerebral, agindo

também na prevenção da pneumonia por P.jiroveci nestes pacientes.

Pode ser utulizada em associação ao trimetoprim (cotrimazina) para o

tratamento de infecções urinárias e em otites e sinusites.

Sulfonamidas pouco absorvidas

• Sulfassalazina

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Pouco absorvida pelo trato gastrointestinal sendo utilizadas na

terapida da colite ulcerativa, enterite regional, doença de Crohn. É

degradada por bactérias intestinais em sulfapiridina que é responsável

pela toxicidade e em 5-aminossalicilato que é o agente eficaz na

doença intestinal inflamatória por inibir prostaglandinas no local. Não é

comercializada no Brasil.

Sulfonamidas para uso tópico

• Sulfacetamida

É o derivado N-acetil substituído da família sulfanilamida. As soluções

do sal sódico do fármaco são extensamente utilizadas no tratamento

de infecções oftálmicas pois penetra nos líquidos e tecidos oculares

em alta concentração, não são irritantes para os olhos. Não é utilizada

no Brasil.

• Sulfadiazina de prata ou Sulfadiazina argêntica

É uma substância apresentada sob a forma de creme, para uso tópico

utilizado para reduzir a colonização microbiana e a incidência de

infecções de feridas decorrentes de queimaduras, bem como

infecções ginecológicas vaginais. Não deve ser utilizada no tratamento

de uma infecção profunda estabelecida.

A droga tem ação sobre bactérias gram-positivas e gram-negativas,

inclusive sobre Pseudomonas aeruginosa e a Candida albicans.

A prata é liberada da preparação lentamente em concentrações

tóxicas para os microorganismos. Apesar da pouca absorção da prata,

a concentração plasmática de sulfadiazina pode aproximar-se dos

Page 14: Sulfas e Quinolonas

níveis terapêuticos se uma grande área de superfície estiver

envolvida.

• Mafenida

Comercializada na forma de acetato de mafenida. Eficaz na prevenção

da colonização de queimaduras por bactérias Gram-negativas e

Gram-positivas. Não deve ser utilizada no tratamento de infecção

profunda estabelecida. O creme é aplicado1 ou 2 vezes ao dia sobre a

pele queimada, em uma camada de 1 a 2 mm de espessura. Antes da

aplicação deve-se limpar e remover resíduos da ferida. A terapia é

mantida até que se possa efetuar o enxerto de pele. Sofre rápida

absorção sistêmica, alcançado concentrações plasmáticas máximas

em 2 a 4 horas. Não é comercializada no Brasil.

Sulfonamidas de ação longa

• Sulfadoxina

Possui uma meia-vida particularmente longa de 7 a 9 dias devido a

lenta eliminação renal. Sofre metabolizacao mínima, circulando sob a

forma livre cerca de 92% da dose absorvida. É absorvida via oral e

pode ser administrada via intravenosa.

É útil em tratamentos de longa duração como no tracoma e na

paracoccidioidomicose. Disponível em associação a pirimetamina no

tratamento da toxoplasmose. Não é mais recomendada para

tratamento da malária pelo Plasmodium falciparum, considerando a

resistência deste plasmódio a esta droga.

Page 15: Sulfas e Quinolonas

Sulfonas

Sulfonas são substâncias sintéticas formadas por um núcleo sulfonil

combinado a dois átomos de carbono, enquanto que as sulfonamidas

possuem esse núcleo ligado a um carbono e a um grupo aminado.

São principalmente usadas no tratamento da hanseníase, por ser uma

substância ativa (exerce ação bacteriostática) contra M. Leprae. Seu

mecanismo de ação é semelhante ao das Sulfonamidas, atua na

inibição síntese do ácido fólico em microrganismos susceptíveis.

Seu principal exemplo é a Dapsona, que é o principal fármaco em uso

clínico visto que possui baixa toxicidade nas doses recomendadas,

absorção por via oral, baixo custo, boa eficácia e rara ocorrência de

resistência ao bacilo Hansen. É a única disponível no Brasil. Ela

demonstra atividade também no tratamento e profilaxia da malária

pelo P.falciparum e da infecção pelo Pneumocystis jiroveci, no

tratamento da leishmaniose cutânea, da dermatite herpetiforme, do

pioderma gangrenoso e de erupções eczematiformes.

8. Efeitos adversos

Seus efeitos adversos são variados, com incidência global de 5% e

certas formas tóxicas podem estar relacionadas a diferenças

individuais de metabolismo das Sulfonamidas.

Acredita-se que todas as sulfonamidas, incluindo sulfas

antimicrobianas, diuréticos, diazóxido e as sulfoniluréias

hipoglicemiantes, exibam uma parcial alergenicidade cruzada. Porém,

as evidências disso não são extensas.

Reações de hipersensibilidade

Page 16: Sulfas e Quinolonas

Exantemas cutâneos (erisipelóide, escarlatiniforme, petequiais,

purpúricos, penfigóides e morbiliformes são encontrados), dermatite

esfoliativa, fotossensibilidade, urticária.

Frequentemente observa-se febre, prurido e mal-estar associados.

Distúrbios no Trato urinário

As sulfonamidas podem precipitar na urina, particularmente em ph

ácido ou neutro, produzindo cristalúria, hematúria ou até mesmo

obstrução. Trata-se de um problema raro com as sulfonamidas mais

solúveis, como por exemplo o sulfissoxazol. A sulfadiazina, quando

administrada em grandes doses, particularmente se o aporte de

líquido for precário, pode causar cristalúria.

A cristalúria é tratada pela administração de bicarbonato de sódio para

alcalinizar a urina e os líquidos, mantendo uma hidratação adequada.

Distúrbios Hematopoiéticos

Pode causar quadros de Anemia Hemolítica Aguda, nem sempre

aparentes. Por fenômeno de sensibilização ou por deficiência na

atividade da enzima glicose 6-fosfato-desidrogenase dos eritrócitos.

Agranulocitose com reversão do quadro após semanas ou meses,

após interrupção do uso.

Anemia aplásica: raro, provavelmente decorrente de mielotoxicidade

direta, podendo ser fatal.

Outros efeitos adversos

Vômitos e diarréia, além de estomatite, conjuntivite, artrite, distúrbios

hematopoiéticos, hepatite e, raramente, poliarterite nodosa e psicose.

Page 17: Sulfas e Quinolonas

A síndrome de Stevens-Johnson, apesar de incomum (ocorre em

menos de 1% dos tratamentos), constitui um caso grave e que pode

ser fatal. Ela leva a erupções cutâneas e mucosas.

Também podem causar kernicterus no recém-nascido.

9. Interações medicamentosas

As sulfonamidas podem potencializar os efeitos de alguns fármacos, o

que parece ser principalmente em decorrência da inibição do

metabolismo hepático e pelo deslocamento do fármaco da albumina.

Dentre estes estão anticoagulantes orais (como a varfarina),

hipoglicemiantes orais, fenitoína, digoxina, metotrexato e tiopental.

Além disso, prolonga o efeito do álcool por interferir na sua

metabolização.

As sulfonamidas podem reduzir o efeito dos anticoncepcionais orais,

antidepressivos tricíclicos e ciclosporina. A associação com

trimetoprima apresenta efeito sinérgico, como já descrito

anteriormente. Antiácidos podem diminuir a absorção de sulfas.

A pirimetamina em doses acima de 25 mg/semana, concomitante com

SMZ + TMP pode desenvolver anemia megaloblástica. Pacientes

idosos tratados com diuréticos, principalmente tiazídicos, tem aumento

da incidência de trombocitopenia com púrpura.

Page 18: Sulfas e Quinolonas
Page 19: Sulfas e Quinolonas

Quinolonas

1. Introdução e História

A história das quinolonas foi marcada pela descoberta acidental do

ácido nalidíxico por Lesher e cols., em 1962, durante a síntese da

cloroquina, um composto antimalárico. Ele foi introduzido na

terapêutica de algumas infecções em 1963. Foi constatado,

posteriormente, que este produto era provido de atividade

antibacteriana. O desenvolvimento das quinolonas teve como

incentivo a identificação da enzima dna-girase, por Gellert e col., em

1976, levando à melhor compreensão do mecanismo de ação destes

fármacos. Outra contribuição foi a capacidade de manipular o núcleo

quinolônico, levando ao desenvolvimento de várias quinolonas

substituídas nas mais diversas posições, procurando melhorar suas

propriedades farmacocinéticas, diminuir o metabolismo e aumentar a

atividade antibacteriana. Nos anos de 1980, foram sintetizados os

derivados fluorados e piperazínicos, que ampliaram de modo

acentuado a potência e o espectro antibacteriano desses compostos.

Atualmente, as quinolonas de mais ampla utilização são análogos

fluorados sintéticos do ácido nalidíxico, as fluoroquinolonas.   

As quinolonas possuem diferentes classificações, no entanto, as

classificações são confusas e não houve consenso entre as diversas

fontes consultadas. Segue a classificação em gerações, destacando-

se que o próprio grupamento de quinolonas dentro de cada geração

não é consensual. As de 1° geração são quinolonas não fluoradas e

Page 20: Sulfas e Quinolonas

possuem ação sobre enterobactérias, sem atividade antipseudomonas

ou Gram-positivos, com uso limitado ao trato urinário, graças a sua

rápida excreção (portanto, não exerce efeitos sistêmicos). A esse

grupo, pertencem o Ácido Nalidíxico, Ácido Oxolínixo e a Cinoxacina,

entre outros. A inclusão de um átomo de flúor na posição 6 e um

grupo piperazinil na posição 7 geraram as quinolonas de segunda

geração que ampliam o espectro contra pseudomonas, com atividade

ainda limitada para os tratos urinário e intestinal. A esse grupo

pertencem o Norfloxacino, Ciprofloxacino, Ofloxacino, entre outros.

Quinolonas de 3° geração atuam contra Gram-negativos (incluindo

pseudomonas) e estafilococos, estendendo sua atuação para

tratamentos sistêmicos. Elas são derivados difluorados do ácido

nalidixico. São exemplos desse grupo o Levofloxacino, Gatifloxacino,

entre outros. Os derivados trifluorados do ácido nalidíxico são as

quinolonas de 4° geração, que possuem extensa atividade contra

bactérias Gram – negativos e Gram – positivos, incluindo anaeróbias.

A esse grupo pertencem o Trovofloxacino e o Moxifloxacino. As

quinolonas podem ainda ser classificadas de acordo com seus

aspectos químicos e propriedades biológicas, mas essas divisões não

serão abordadas.

2. Mecanismo de Ação

O cromossomo bacteriano é formado por uma molécula de DNA

circular, única e longa. Sua estrutura forma alças para ter tamanho

reduzido e superespirais negativos para evitar o emaranhado entre as

alças.

Os processos de replicação e transcrição do DNA, fenômenos

essenciais para a proliferação bacteriana, geram problemas

topológicos na estrutura. Esses problemas incluem tensão na forquilha

Page 21: Sulfas e Quinolonas

de replicação e superespirilização positiva e comprometem a

progressão do processo.

Esses problemas são resolvidos pela, dentre outras enzimas, DNA

girase e Topoisomerase IV. A DNA girase introduz superespirais

negativos e retira os positivos da molécula de DNA. Topoisomerase IV

separa as duas fitas filhas após a replicação do DNA.

As quinolonas ligam-se à DNA girase e à Topoisomerase IV alterando

a conformação e inibindo essas enzimas. Além disso, as quinolonas

formam um complexo medicamento-enzima-DNA, promovendo um

efeito tóxico onde o DNA passa a ocupar um espaço maior do que o

comportado pelos limites físicos da bactéria. Outro efeito tóxico se dá

pela liberação das extremidades livres do DNA, o que gera a síntese

descontrolada de RNAm e proteínas, a produção de exonucleases e a

degradação cromossomial. Desta forma, concluímos que as

quinolonas promovem tanto um efeito bacteriostático quanto

bactericida.

Em bactérias Gram-positivas, as quinolonas ligam-se

preferencialmente à Topoisomerase IV, enquanto que nas Gram-

negativas elas se ligam preferencialmente à DNA girase.

3. Mecanismo de Resistência

As quinolonas surgem como perspectiva de serem drogas de largo

espectro de atividade antibacteriana, com possibilidade de

administração oral para cobrir P.aeruginosa e M.R.S.A., apresentando

um perfil de efeitos adversos bem favorável.

Contudo, em 1989-1990, poucos anos após sua introdução clínica,

surgem na literatura os primeiros dados preocupantes relativos não só

à sua fraca atividade in vivo contra S. pneumoniae, como também ao

Page 22: Sulfas e Quinolonas

rápido desenvolvimento de cepas resistentes, em particular de S.

aureus. O padrão de resistência é múltiplo e observado não só em

meio hospitalar, mas também em ambulatório, sugerindo assim, uma

utilização não apropriada.

Sendo estruturalmente relacionadas ao ácido nalidíxico, elas

compartilham seu mecanismo de ação farmacológica: a inibição da

DNA-girase, enzima responsável pela manutenção da dupla hélice do

DNA, resultando em uma síntese protéica descontrolada.

“A categoria resistente implica que um isolado não é inibido nas

concentrações atingidas quando do uso de doses habituais do

antimicrobiano e/ou apresenta concentração inibitória mínima que se

encontra em uma faixa na qual mecanismos de resistência (p. ex.

beta-lactamases) estão provavelmente presentes e a eficácia do

antimicrobiano não foi demonstrada em estudos clínicos.”

A resistência bacteriana às quinolonas é, essencialmente, resultante

de mutantes cromossômicos – alteração da subunidade A da DNA-

girase e do lipopolissacarídeo constituinte da parede celular,

responsável pela permeabilidade ou impermeabilidade da bactéria à

droga. Dessa forma, a alteração da DNA-girase faz com que a

bactéria passe a não sofrer ação do antimicrobiano. As causas são

mutações cromossômicas nos genes(gyrA e o parC) que são

responsáveis pelas enzimas alvo (DNA girase e topoisomerase IV) e

alteração da permeabilidade à droga pela membrana celular

bacteriana (porinas).

É possível a existência de um mecanismo que aumente a retirada da

droga do interior da célula (bomba de efluxo).

A infecção do trato urinário está em segundo lugar dentre os

processos infecciosos nos Estados Unidos, respondendo por cerca de

sete milhões de episódios anuais. A E. coli responde por 50 a 80%

dos casos e o Staphylococcus saprophyticus representa de 5 a 15%

Page 23: Sulfas e Quinolonas

dos episódios entre mulheres jovens. A droga de escolha para casos

comunitários é o co-trimoxazol, sendo substituído por uma quinolona

quando a resistência excede 20%. Entretanto, estudos recentes

do National Health Research Institute de Taiwan e da Universidad de

La Rioja, Logroño (Espanha) sugerem a emergência de alto nível de

resistência a estes antibióticos pode comprometer esta opção

terapêutica.

Estudos por biologia molecular dos mecanismos de resistência,

empregando métodos do PCR, para determinar a seqüência de DNA

nas cepas de E. coli resistentes a ciprofloxacina (11,3% de alto nível e

21,7% de baixo nível) identificadas em 44 hospitais de Taiwan,

permitiram determinar o loco genético envolvido na mutação, que

produz topoisomerases com ligação reduzida às quinolonas. Sobre a

primeira enzima já eram conhecidas mutações que induziam baixo

nível de resistência, que se associadas seqüencialmente à mutação

na segunda enzima, levam ao desenvolvimento de alto nível de

resistência, fazendo com que se redimensione a importância clínica da

resistência de baixo nível a estes antibióticos.

A resistência às quinolonas tem aumentado acentuadamente nos

últimos anos, principalmente da E. coli e da K. penumoniae, que

representam acima de 25,0% das infecções hospitalares. Equipe da

universidade da Pensilvânia comparou 123 pacientes com infecções

resistentes a estes antibióticos a um grupo de 70 pacientes com

infecções susceptíveis. As principais topografias envolvidas nas

infecções resistentes foram urinária (68,0%) e corrente sangüínea

(13,0%). Os fatores de risco independentes foram (os números entre

parênteses correspondem ao Odds Ratio e ao intervalo de confiança):

uso recente de quinolonas (5,25; 1,81-15,26); internação prévia em

unidades para pacientes crônicos (3,65; 1,64-8,15); uso recente de

aminoglicosídeos (8,86; 1,71-45,99); idade avançada (1,03; 1,01-106).

Assim, os esforços para controlar a resistência às quinolonas devem

Page 24: Sulfas e Quinolonas

focar a redução do uso inapropriado destes antibióticos e dos

aminoglicosídeos.

Globalmente, a emergência de resistência às quinolonas é freqüente

com: S. aureus, S. epidermidis, Staphylococcus coagulase negativos e

enterococcus (casos de superinfecção por enterococcus são

documentados na literatura) . Em relação ao S. pneumoniae e ao

Mycoplasma pneumoniae, a resistência é variável.

4. Espectro de Ação

As fluoroquinolonas são importantes bactericidas de bactérias gram-

negativas , como por exemplo bacilos entéricos (Escherichia coli ,

Salmonella, Shigella, Enterobacter), Campylobacter (presente no trato

intestinal de animais de alimentação e animais

domésticos), Neisseria (meningococo), Pseudomonas. As

concentrações inibitórias mínimas (CIM) das fluoroquinolonas para

90% desses microorganismos são quase sempre inferiores a 0,2

µg/mL (com excreção do ciprofloxacino contra Pseudomonas

aeruginosa que é de 0,5-6 µg/mL).

Além disso, as fluoroquinolonas também têm ação contra bactérias

gram-positivas como estafilococos, até mesmo os MRSA (com CIM

semelhantes aos dos bacilos gram-negativos). A atividade contra

estreptococos (incluindo S. pneumoniae) é limitada à algumas

quinolonas, que são grepafloxacino, levofloxacino, clinafloxacino e

moxifloxacino.

Algumas bactérias intracelulares também podem ser inibidas pelas

quinolonas fluoradas. Entre elas estão Clamydia, Mycoplasma,

Legionella, Brucella e Mycobacterium ( incluindo a tuberculose e a

hanseníase, além de micobactérias atípicas). Os agentes contra as

micobactérias costumam ser o ciprofloxacino ou o ofloxacino, porém a

Page 25: Sulfas e Quinolonas

experiência clínica relacionando esses agentes com esses patógenos

ainda é limitada.

Existem novas fluoroquinolonas com atividade contra bactérias

anaeróbias, incluindo o trovafloxacino, moxifloxacino, clinafloxacino,

gatifloxacino e sitafloxacino.

5. Farmacocinética

5.1. Absorção e metabolismo

As quinolonas são bem absorvidas quando em administração oral e

possuem ampla distribuição pelos tecidos corporais. Os níveis séricos

máximos são alcançados em 1-3 horas após administração oral de

400 mg, e variam de 1,1( esparfloxacino) até 6,4 µg/mL

(levofloxacino). O norfloxacino possui níveis séricos baixos, limitando

seu uso. O alimento não compromete a absorção oral, mas pode

retardar o tempo para alcançar a concentração sérica máxima. Porém,

é retardada por cátions divalentes, incluindo antiácidos.

5.2. Distribuição

A biodisponibilidade dessa classe é superior a 50%, chegando a 95%

para alguns dos fármacos. A meia-vida sérica varia de 3

(ciprofloxacino) até 20 horas (esparfloxacino). A meia-vida longa de

alguns agentes como levofloxacino, esparfloxacino, moxifloxacino,

permite que sejam administrados somente 1x ao dia. O volume de

distribuição é bastante elevado, sendo que as concentrações

encontradas na urina, rins, pulmões, tecido prostático, fezes, bile,

macrófagos e neutrófilos são maiores do que os níveis do sangue. No

LCR, no osso e no liquido prostático, as concentrações são menores

que a do sangue. Os níveis de ofloxacino no líquido ascítico

Page 26: Sulfas e Quinolonas

aproximam-se dos séricos, e foi detectada presença no leito humano

quando ingerida por mulheres lactantes.

5.3. Excreção

As vias de eliminação diferem entra as quinolonas. Fármacos de

depuração renal: ofloxacino, lemefloxacino, cinoxacino, ciprofloxacino,

norfloxacino, enoxacino. Esses devem ter a dose ajustada em caso de

insuficiência renal. Fármacos de depuração não-renal (sendo a

eliminação principalmente biliar): pefloxacino, ácido nalidíxico,

esparfloxacino, grepafloxacino e trovafloxacino.

6. Indicações terapêuticas

• Infecções do trato urinário(ITU): o ácido nalidíxico e o cinoxacino são

úteis apenas no tratamento das ITU causadas por

microorganismos sensíveis. As fluoroquinolonas são mais

potentes e tem maior espectro de ação. Estudos indicaram que

o norfloxacino, ciprofloxacino, ofloxacino são tão potentes

quanto o sulfametoxazol- trimetropim no tratamento das ITU.

• Prostatite: norfloxacino, ciprofloxacino e ofloxacino têm sido eficazes

no tratamento da prostatite por bactérias sensíveis.

• Doenças sexualmente transmissíveis: não possuem ação

contra Treponema pallidum, porém têm atividade contra

Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis e Haemophilus

ducreyi. Na uretrite/cervicite causadas por clamídias, 7 dias de

ofloxacino ou esparfloxacino são alternativas para o tratamento

com betalactâmicos. A administração de uma dose única oral de

cipro ou ofloxacino é eficaz para o tratamento de gonorréia,

sendo alternativa ao tratamento com betalactâmicos. A doença

Page 27: Sulfas e Quinolonas

inflamatória pélvica (DIP) vem sendo tratada de maneira eficaz

com 14 dias de ofloxacino em associação com um antibiótico

com atividade forte contra anaeróbios (clindamicina ou

metronidazol). O cancróide (causado por H. ducreyi) pode ser

tratado com 3 dias de ciprofloxacino.

• Infecções gastrointestinais e abdominais: tratamento da diarréia do

viajante (causada principalmete pela E.coli enterotoxigênica),

reduzindo a duração da diarréia em 1-3 dias. O norfloxacino, o

ciprofloxacino e o ofloxacino são eficazes quando administrados

por 5 dias para o tratamento da shigelose, assim como para

reduzir a duração da diarréia da cólera. Esses mesmos agentes

curam pacientes com febre entérica causada por Salmonella

typhi, além de serem eficazes com pacientes com AIDS que

apresentam infecções bacteriêmicas não-tifóides, eliminando

seu estado de portador fecal crônico. Não devem ser utilizados

para infecções por cepas de E. coli produtoras de toxina Shiga.

• Infecções do trato respiratório: muitas das novas fluoroquinolonas

(levofloxacino, trovafloxacino, moxifloxacino) exibem excelente

atividade contra S. pneumoniae, sendo sua eficácia igual aos

betalactâmicos. As fluoroquinolonas (principalmente o cipo e o

levofloxacino) exibem também atividade muito boa contra outros

patógenos respiratórios, sendo eficazes no tratamento da

pneumonia atípica (causada por clamídias, mycoplasma e

legionella), assim como na erradicação de H.influenzae e

Maroxella catarrhalis do escarro. A infecção

por Pseudomonas também pode ser tratada com

fluoroquinolonas. Por esses fatos, as fluoroquinolonas têm sido

cada vez mais utilizadas no tratamento de infecções das vias

aéreas superiores e inferiores.

• Infecções ósseas, articulares e de tecidos moles: o tratamento da

osteomielite crônica com predomínio de bastonetes gram-

Page 28: Sulfas e Quinolonas

negativos e/ou S.aureus tem sido realizado com

aproximadamente 75% de eficácia por fluoroquinolonas

(principalmente o ciprofloxacino), com um tratamento

prolongado durando até 4-6 semanas ou até mais. Nas

infecções dos pés em diabéticos, que costumam ser causados

por uma mistura de bastonetes gram-negativos, anaeróbios,

estreptococos e estafilococos, o ciprofloxacino em combinação

com clindamicina ou metronidazol é uma escolha razoável no

tratamento dessas infecções.

• Outras infecções: quinolonas podem ser usadas como parte de

esquemas terapêuticos, como por exemplo, no tratamento da

tuberculose multirresistente, bem como no tratamento de

infecções micobacterianas atípicas. Em pacientes

neutropênicos, que apresentam febre, a combinação de uma

fluoroquinolona com um amigonoglicosídeo é comparável a

combinação deste com um betalactâmico.

Assim, de acordo com o que foi visto podemos dizer que as

fluoroquinolonas são bastante utilizadas na prática clínica tanto como

primeira escolha como alternativa de outros antibióticos. Possuem

amplo espectro de ação, agindo tanto em bactérias gram-negativas

quanto em gram-positivas e podem ser usadas para tratamento de

variados tecidos corporais. Com a chegada das novas

fluoroquinolonas isso se tornou ainda mais possível, e com novos

estudos e a verdadeira aplicação na clínica, acredita-se que estas

podem gerar um grande avanço no tratamento de algumas infecções

bacterianas.

7. Efeitos adversos

Page 29: Sulfas e Quinolonas

As fluorquinolonas são extremamente bem toleradas, havendo

referência de efeitos adversos em 5-10 % dos pacientes que as

utilizaram. Havendo esses efeitos, na maioria das vezes a queixa é

relacionado com sintomas gastrointestinais como diarréia, náuseas,

vômitos e dor abdominal.

Em certos casos, observa-se desenvolvimento de efeitos tóxicos ao

sistema nervoso central, dependendo da dose e em freqüências

variáveis como: sonolência, cefaléia, tontura, fadiga, insônia,

depressão e até convulsão. Reações de hipersensibilidade não são

comuns, mas podem se manifestar na forma de urticária, eosinofilia,

erupções maculopapulares e febre. Pode ocorrer anormalidades das

provas de função hepática.

Há relatos sobre a ocorrência de fotossensibilidade com uso

especialmente de lomefloxacino e perfloxacino. No uso de

gatifloxacino, levofloxacino, gemifloxacino e moxifloxacino pode

ocorrer prolongamento do QTc, devendo-se evitar ou utilizar com

cautela o emprego desses agentes em pacientes com prolongamento

desse intervalo(QTc) já conhecido previamente ou hipopotassemia

corrigida, em pacientes em uso de agentes antiarrítmicos da classe IA

(p.ex., quinidina ou procainamida) ou da classe III (sotalol, ibutilida,

amiodarona), e nos casos de pacientes em uso de outros fármacos

que comprovadamente aumentem o intervalo QTc (eritromicina,

antidepressivos tricíclicos). O gatifloxacino foi associcado à

hiperglicemia em pacientes em uso de hipoglicemiantes orais,

havendo alguns casos fatais.

Além desses efeitos, as fluorquinolonas ainda podem provocar lesões

em cartilagens e ser causa de artropatia. Assim sendo, não

recomenda-se o uso rotineiro em indivíduos menores de 18 anos. A

artropatia é reversível, e existe um consenso que esses

quimioterápicos podem ser usados em crianças em alguns casos –

tratamento de infecções por Pseudomonas em pacientes com fibrose

Page 30: Sulfas e Quinolonas

cística. Uma complicação rara é a tendinite, relatada em adultos e

sendo potencialmente mais grave, havendo risco de ruptura do

tendão. Portanto, devem ser evitadas durante a gravidez na ausência

de dados específicos que comprovem sua segurança.

8. Interações Medicamentosas

Os AINES podem aumentar o deslocamento do GABA de seus

receptores pelas quinolonas. Podem potencializar, também, os efeitos

estimulantes das quinolonas sobre o SNC, tendo-se relatado a

ocorrência de convulsões em pacientes tratados com enoxacino e

fembufeno.

O ciprofloxacino, greplafoxacino, pefloxacino e enoxacino inibem o

metabolismo da teofilina, podendo ocorre toxicidade em conseqüência

das concentrações elevadas da metilxantina.

Quinolonas, incluindo o norfloxacino, podem potencializar os efeitos

da varfarina, um anticoagulante para administração oral, e seus

derivados. Quando esses produtos são administrados

concomitantemente, o tempo de protrombina ou outros testes de

coagulação apropriados devem ser rigorosamente monitorados.

Administração concomitante de quinolonas, incluindo norfloxacino,

com gliburida (agente sulfoniluréia), tem, em raros casos, resultado

em hipoglicemia grave. Dessa forma, é recomendado o

monitoramento de glicose quando esses agentes são co-

administrados.

Níveis plasmáticos elevados de ciclosporina, quando utilizada

concomitantemente com norfloxacino, também foram relatados;

portanto, os níveis séricos de ciclosporina devem ser monitorados e os

Page 31: Sulfas e Quinolonas

ajustes posológicos apropriados realizados, se esses medicamentos

forem usados simultaneamente.

Polivitamínicos, produtos contendo ferro ou zinco, antiácidos,

sucralfatos, didanosina (em comprimidos mastigáveis, tamponados, ou

em pó para solução oral pediátrica) não devem ser administrados ao

mesmo tempo ou com intervalo inferior a duas horas da administração

de norfloxacino, pois esses medicamentos podem interferir com a

absorção e resultar em níveis mais baixos de norfloxacino no plasma e

na urina. Algumas quinolonas, incluindo o norfloxacino, também

demonstraram interferir com o metabolismo da cafeína, o que pode

levar à redução da depuração da cafeína e ao prolongamento de sua

meia-vida plasmática. Dados em animais mostram que as quinolonas,

em combinação com fembufeno, podem levar a convulsões; portanto,

a administração concomitante de quinolonas e fembufeno deve ser

evitada.

A administração concomitante de ciprofloxacino pode inibir o

transporte tubular renal do metotrexato, podendo levar ao aumento

dos níveis plasmáticos de metotrexato. Isto pode aumentar o risco de

reações tóxicas associadas ao metotrexato. Portanto, os pacientes

sob tratamento com metotrexato devem ser monitorados

cuidadosamente em caso de indicação de terapia concomitante com

ciprofloxacino.

Page 32: Sulfas e Quinolonas

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