X JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2010 – UFRPE: Recife, 18 a 22 de outubro.

SUPEROVULAÇÃO DE VACAS SENEPOL UTILIZANDO

DIFERENTES DOSES DE FSH

Márlon de Vasconcelos Azevedo1, Natália Matos Souza2, Mychelle Bruna da Silva Barros 3, Camila Marinho de Miranda Oliveira3, Paulo Fernandes de Lima4, Marcos Antônio de Oliveira Lemos4

________________ 1. Primeiro Autor é Aluno do Mestrado em Ciências Veterinárias do Programa de Pós-Graduação do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900 Email: Marlon.a.vet@gmail.com 2. Segundo Autor é Aluno do Mestrado em Ciências Veterinárias do Programa de Pós-Graduação do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900 3. Terceiro Autor é Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco e bolsista do CNPq. Av. Dom Manuel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900 4. Quarto Autor é Professor Doutor do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. . Dom Manuel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900 Apoio financeiro: CAPES e CNPq.

Introdução O gado Senepol teve sua origem em 1918,

quando Bromley Nelthrop comprou dois touros Red Poll originários da Inglaterra, para introduzir na fazenda chamada de Grenard´s Estates, nas Ilhas Virgens, fazenda que tinha desde 1889, com a maior criação de gado N'Dama da região, animais importado do Senegal e que eram mantidas puro sangue.

Além da inseminação artificial, a indução de ovulação múltipla para a produção e transferência de embriões (TE) é uma das biotécnicas da reprodução mais importantes para acelerar o melhoramento genético, porém, a variabilidade de resposta das doadoras de embriões ao tratamento superestimulatório com gonadotrofinas continua a ser um dos maiores problemas nos programas comerciais de TE [1; 2; 3; 4]. Apesar das diversas pesquisas realizadas nesta área [5,6,7, 8,9, 10].

Devido à diversidade genética da raça e seu fenótipo de mestiço de taurino e zebuíno, não se sabe qual dose utilizar se 1.050 UI FSH em Simental [11] ou 300 UI de FSH/LH em Nelore [12].

Objetivo-se com este trabalho avaliar a viabilidade da TE em Vacas Senepol, no Pantanal Sul Mato-grossense, bem como estabelecer a dose média de FSH para induzir a superovulação de vacas Senepol e relatar os dados da média de produção de Embriões de vacas senepol no Pantanal Sul mato-grossense. Material e métodos

Os trabalhos foram realizados na Fazenda Marzon, no município de Miranda, MS, situada na região do pantanal no estado do Mato Grosso do Sul, a uma latitude 20º14'26" sul e a uma longitude 56º22'42" oeste, estando a uma altitude de 125 m, com clima quente e semi-úmido, com temperatura de 30° C,. O experimento foi realizado durante o meses de julho a agosto a de 2009.

As vacas eram criadas a pasto de Brachiaria decumbens cv. Basilisk e Panicum maximum cv. Mombaça, com sal mineral ad libidum.

Foram utilizadas 17 vacas da raça Senepol, cíclicas, como doadoras de embriões, as quais foram submetidas a 2 tratamentos com intervalo de um mês, totalizando 32 superovulações. Os animais foram tratados com 140 UI (G1), 160 UI (G2), 200 UI (G3) e 240 UI (G4) de FSH. Antes da superovulação, foi induzido um estro base de acordo com o protocolo a seguir: no D0 implante de progesterona (P4)(Primer®) e aplicação de 1mg de benzoato de estradiol (BE) (Estrogin®), no D8 retirada de P4 e aplicação de 150µg de prostaglandina(PGF2α) (Prolise®), D10 aplicação de 50 µg de Lecirelina análogo de GnRh (hormônio liberador de gonadotrofina) (Gestran Plus ®).

O protocolo de super ovulação iniciou-se 5 dias após o estro, com implante de P4 (Primer®) no D0 e aplicação de 1mg de BE (Estrogin®) e no D4 iniciaram-se as aplicações de FSH ( Folltropin® ) com oito doses decrescentes, com intervalo de 12 h, por via intra muscular, até o D7, no mesmo momento foi realizado 2 aplicações 150µg de PGF2α (Prolise®) e retirado P4(Primer®) 24h antes da inseminação artificial (IA), na manhã do D8 foi aplicado 50 µg de Lecirelina análogo de GnRh (Gestran ®), a primeira IA na tarde, a segunda IA manhã do D9.

As colheitas de embriões foram realizadas pelo método não-cirúrgico no D15, pela manhã. Foi utilizado cateter de Foley 22Fr/ch, fixado no corpo do útero para lavagem simultânea dos dois cornos, com dois litros da solução de PBS. Após a filtragem, o líquido retido no filtro (± 20 ml) foi colocado em placas de Petri para localização das estruturas em estereomicroscópio com aumento de 10x. Os embriões foram submetidos a oito lavagens em PBS acrescido de 10% de soro fetal bovino (SFB) para retirada de debris celulares, e classificados morfologicamente em estereomicroscópio com aumento de 40x, quanto ao estádio de desenvolvimento e a qualidade, de acordo com Lindner; Wright [13]. Todos os dados da coleta foram anotados na ficha de acompanhamento individual.

Os embriões foram congelados ou transferidos a fresco.

X JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2010 – UFRPE: Recife, 18 a 22 de outubro. Resultados

Apenas no grupo de 200 UI de FSH, houve diferença estatística (p>0,05) quanto a produção de embriões totais e viáveis 12,23 ±9,83b e 6,07 ± 6,98b. Não houve diferença estatística (p < 0,05) entre os demais grupos quanto a produção de embriões totais e viáveis, 140 UI FSH (14,57 ±10,50a e 8,57 ±5,25a) 160 UI FSH (13,83 ±10,14a e 7,33 ±7,31a), 240 UI FSH (15,5 ± 11,37a e 8,5 ± 8,16a). A média de produção de embriões entre os grupos foi de 13,84 ± 2,26 e de embriões viáveis foi de 7,66 ± 1,22 por doadora,

Foi obtido também uma média de 13,84 ± 2,269 corpos lúteos por doadora, que condiz com o número de embriões produzidos.

Discussão

A variação individual e o tipo de hormônio são fatores importantes que interferem na resposta superovulatória. De acordo com Monniaux et al[14], o estado ovariano no momento do tratamento parece ser fator determinante na resposta superovulatória, sendo uma característica constantemente pesquisada para elevar o índice de recuperação de embriões viáveis. Moor et al. [15] relatam a existência de outros componentes da dinâmica folicular, como o tamanho, a distribuição e as condições dos folículos antrais que podem afetar a resposta ovulatória frente ao tratamento hormonal. Ainda, salientam que apesar das melhorias nas técnicas de transferência de embriões, o problema maior continua sendo a baixa taxa de recuperação de embriões viáveis, podendo ser devido à variação individual frente ao estímulo superovulatório.

A média de produção de embriões entre os grupos foi de 13,84 ± 2,26 e de embriões viáveis foi de 7,66 ± 1,22 por doadora, próximos aos resultados conseguidos por Nogueira e Barros [16], que obtiveram 13,3 ± 2,71 de embriões totais e 8,7 ± 1,96 de viáveis em vacas nelores e Nogueira et al. [10] reportaram que em 136 colheitas uma média de 13,3 ± 0,75 estruturas totais e de 9,4 ± 0,63 de embriões viáveis, em doadoras da raça Nelore tratadas com o protocolo P-36. Nosso resultados foram superiores aos obtidos por Prado & Toniollo [17], que superovularam 67 vacas da raça Gir Leiteiro com 300, 400 ou 500 UI de FSH, no tratamento com 400 UI de FSH recuperaram 2,92 embriões viáveis, e nas vacas que receberam 300 UI e 500 UI a taxa de recuperação de embriões viáveis foi de 1,44 e 1,63 respectivamente, não apresentando diferença estatística.

Agradecimentos Aos amigos da Embriza, a todos os colegas da reprodução, aos meus orientadores Paulo Fernandes de Lima e Marcos Antônio Lemos de Oliveira.

Referências [1]Adams GP. Control of ovarian follicular wave dynamics in cattel: implications for syncheonnizalion and superstimulation. Theriogendogy 1994;41:1924. [2]Armstrong DT. Recent advances in superovulation of cattle. Theriogenology 1993;39:7-24. [3]Barros CM, Nogueira MFG Embryo transfer in Bos indices cattle. Theriogenology 2001 ;56:1483-1496 [4]Boland MP, Roche JF Embryo production: altemative methods, Mol Reprod Dev 1993;36:266-270 [5]Callesen H. Greve T. Hyttel P. Preovulatory endocrinology and oocyte maturation in superovulated cattle. Theriogenology 1986;25:71-86. [6]Callesen H. Greve T. Hyttel P. Premature ovulations in superovulated cattle. Theriogenology 1987;28: 155-166. [7]Del Campo MR, Becerra F. Gonzalez M, Murphy BD, Mapletoft RJ. Superovulation with three different commercial pituitary extracts in the cow. Theriogenology 990;33:208. [8] Hyttel P. Callesen H. Greve T. Schmidt M. Oocyte maturation and sperm transport in superovulation cattle. Theriogenology 1991;35:91-108. [9] Stock AE, Ellington JE, Fortune JE. A dominant follicle does not affect follicular recruitment by superovulatory doses of FSH in cattle but can inhibit ovulation. Theriogenology 1996;45:1091-1102. [10]Nogueira MFG, Barros BJP, Teixeira AB, Trinca LA, D'Occhio MJ, Barros CM. Embryo recovery and pregnancy rates after the delay of ovulation and fixed time insemination in superstimulated beef cows. Theriogenology 2002;57: 1625-34. [11] Demczuk, E. ; Kozicki, L. E. ; Pontelli, E. S. ; Salles, J. O. Embryotransfer in Simmental cows in northwest Paraná and South of Mato Grosso do Sul. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. vol.35 n.4 São Paulo 1998. [12]Visintin, J. A.; Arruda R. P. ; et al. Superovulation of Nelore heifers with different FSH/LH doses and embryo freezing by one-step method with ethylene-glycol. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. vol.36 n.5 São Paulo 1999. [13]Lindner, G.M.; Wright, W.Jr. Bovine embryo morphology and evaluation. Theriogenology, v.20, n.4, p.407-16, 1983. [14]Monniaux, D.; Chupin, D.; Saumande, J. Superovulatory responses of cattle. Theriogenology, v.19, n.1, p.55-81, 1983. [15] Moor, R.M.; Kruip, T.A.; Green, D. Intraovarian control of folliculogenesis: limit to superovulation? Theriogenology, v.21, n.1, p.103-16, 1984. [16] Nogueira, M.F.G. & Barros, C.M. Timing of ovulation in Nelore cows superstimulated with P36 protocol. Revista Acta Scientiae Veterinariae, v.31, p.509, 2003. [17] Prado, F.R.A, Toniollo, G.H. SUPEROVULAÇÃO EM VACAS DA RAÇA GIR COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE FSH/LH EM OITO SUBDOSES Net. São Paulo, 2006. Radar técnico em reprodução.

X JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2010 – UFRPE: Recife, 18 a 22 de outubro. Disponível em: http://www.milkpoint.com.br Acesso em: 01 mar. 2006.