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ENEDIANA BRITO BÊGA COSTA Licenciatura em Educação Física O JOGO COMO RECURSO DIDATICO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL1 Orientador: Prof. Esp. Ismail Pelisser Guerreiro Centro Universitário Claretiano

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ENEDIANA BRITO BÊGA COSTA

Licenciatura em Educação Física

O JOGO COMO RECURSO DIDATICO NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAS DO ENSINO

FUNDAMENTAL1

Orientador: Prof. Esp. Ismail Pelisser Guerreiro

Centro Universitário Claretiano

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Barreiras2014

RESUMO

O presente artigo visa discutir e analisar a importância do jogo no processo educativo e na construção das múltiplas aprendizagens na Educação Física , assim como, os mecanismos através dos quais a aprendizagem se dá com o uso de jogos na sala de aula. O referido trabalho traz importantes reflexões acerca da temática e mostra que quando trabalhado de forma adequada, o jogo passa a ser visto como agente cognitivo que auxilia o aluno a agir livremente sobre suas ações e decisões, fazendo com que ele desenvolva além do conhecimento esportivo, também a linguagem, numa perspectiva, assentada em bases pedagógicas, porque envolve critérios como: a função de literalidade e não-literalidade; os novos signos lingüísticos que se fazem nas regras; a flexibilidade a partir de novas combinações de ideias e comportamentos; a ausência de pressão no ambiente e a ajuda na aprendizagem de noções e habilidades.

Palavras – Chave: jogo, raciocínio, cognitivo, habilidade

INTRODUÇÃO

Diante das mudanças que vem acontecendo no cenário educacional, é importante

refletir sobre a posição que os professores de Educação Física ocupam e sobre os modos

pelos quais esta disciplina é vista e tem sido ensinada. É preciso romper com um

modelo de escola que privilegia atividades repetitivas e rotineiras sem qualquer

estimulo a criação e a investigação, neste sentido, um trabalho com jogos pode

representar a mudança para uma nova configuração da tecnologia na Educação Física

escolar, voltada ao desenvolvimento de sujeitos plenos, críticos, criativos e reflexivos,

num exercício permanente de promoção da autonomia.

Desta forma, é possível justificar a importância do conhecimento da/na didática

da Educação Física, tanto para os nossos alunos quanto para os professores, que

individualmente ou em pequenos grupos, têm iniciativa para buscar novos

conhecimentos e assumem uma atitude de constante reflexão, o que os leva a

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desenvolver práticas pedagógicas mais eficientes para ensinar tal disciplina. Diante

desse contexto, são evidentes as múltiplas relações entre a Educação Física e os jogos,

pois, a mesma está presente no nosso cotidiano, em quase todas as atividades que

realizamos e nos objetos que nos cerca. Quantas vezes nos surpreendemos realizando

algum tipo de atividade lúdica, como sair cantarolando, ou, de modo mais

sistematizado, em atividades de jogos com regras, como jogo de boliche, cartas, dominó

entre outros.

O objetivo deste estudo é identificar as formas de inserção dos jogos como

recurso pedagógico para as aprendizagens em Educação Física no quinto ano do Ensino

Fundamental. Com base em trabalhos de teóricos como Piaget, Vygotsky, Goleman,

Machado, Friedman, Borin, entre outros. Pretende-se analisar como utilizar esses

recursos numa perspectiva construtivista correlacionando os jogos aos conteúdos de

forma teórica-prática no ensino da referida matéria. Neste estudo, será considerada a

relação entre os jogos e o conhecimento lógico-cognitivo nos níveis do Ensino

Fundamental, com o intuito de contribuir com indicações básicas para integrar os jogos

ao ensino da Educação Física.

O tratamento dos aspectos que envolvem o trabalho com jogos, discutidos ao

longo do texto, será conduzido de modo a possibilitar um movimento permanente de

reflexão sobre o uso de jogos nas aulas de Educação Física, procurando ressaltar a

importância do trabalho, desde a clareza dos objetivos propostos até a construção dos

conhecimentos corporais pela via dos jogos.

DESENVOLVIMENTO

O problema de socialização das crianças nas redes da escola pública reflete-se na

diversidade cultural, fazendo com que o trabalho pedagógico do professor se torne ainda

mais difícil quando seus alunos são oriundos das classes menos favorecidas. Aos

educadores de bairros periféricos que se depara com imensas diversidades culturais, o

ensino qualitativo requer uma visão da necessidade de novas experiências educativas

que tenham por base os componentes socializadores e integradores para situar a criança

no espaço da escola. Hoje é visto muito casos de prática desportiva tirando meninos e

meninas das ruas em situações de risco.

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O índice de evasão escolar é explicado por Castro (1992) como uma falta de

capacidade da escola de constituir um universo escolar socializado, participativo e

interativo, pelo contrário, a escola adota um modelo educativo seletivo e fragmentado

nas atividades educativas. Uma aula de Educação Física, na maioria dos casos somente

se restringe ao jogo de bola, o que na maioria nas maiores vezes não ajuda no físico e

tampouco no cognitivo do discente, termina sempre apenas como cumprimento do

horário

Lara (2003, p. 22) afirma que “através dos jogos, é possível desenvolver no

aluno além das habilidades motoras, corporais, estratégias e a sua concentração, a sua

curiosidade, a consciência de grupo, o coleguismos, o companheirismo, a sua auto-

confiança e a sua autoestima”. Neste sentido, os jogos podem ser considerados como

uma estratégia de interação social em situações diversas para a promoção de

aprendizagens orientadas que garantam a troca entre as crianças, de forma que possam

comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir, de pensar e de sentir,

em um ambiente acolhedor e que propicie a confiança e a autoestima.

Ao classificar os jogos encontramos diversas categorias. Muitas delas

condicionadas pelas visões que os autores produzem seu próprio jogo. Muitos autores

fazem classificações diferentes, mas há idéias intimamente relacionadas ao uso do jogo

no contexto educativo. Nesta perspectiva, serão destacadas apenas algumas idéias

acerca da classificação proposta por Piaget. Sendo assim, então contemplados nessa

ordem: jogos de exercícios, jogos simbólicos e jogos de regras.

Partindo do princípio de que a criança constrói seu conhecimento a partir de

estruturas conhecidas, este tópico propõe atividades de representação espacial utilizando

o próprio corpo como espaço a ser mapeado. Entende-se que a partir de um trabalho

com o esquema corporal, explorando as noções de lateralidade e proporcionalidade por

meio do mapa do próprio corpo, a criança construirá a ligação entre o concreto e a

representação, dando condições de utilizar essas noções em outras representações. Ao

mapear o próprio corpo, o indivíduo toma consciência de sua estatura, da posição de

seus membros, dos lados de seu corpo. Ao representá-lo, terá necessidade de realizar

procedimentos de mapeador: classificação, generalização e seleção de elementos mais

significativos.

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Nos jogos de regras, o professor tem em mãos o mecanismo essencial para

trabalhar os aspectos atitudinais, impor limites, respeitar o próximo, aceitar as regras,

uma vez que vivemos em um mundo de regras e limites.

Nos últimos anos, os debates sobre o construtivismo têm fomentado discussões e

reflexões sobre o jogo na escola, as análises apontam para a importância de utilizá-los,

pois estão diretamente ligados às necessidades das crianças. Apesar de alguns

construtivistas apresentarem razões diferentes para a introdução do jogo lúdico na

educação de crianças do ensino fundamental, existem concepções consolidadas em

amplas experiências pedagógicas que comprovam que este método favorece a

construção das representações internas do conhecimento, e no processo de

aprendizagem matemática contribui para o benefício combinatório no comportamento,

conforme Vygotsky (1994) na ativação da zona de desenvolvimento proximal. Tendo

em vista a grande dificuldade de encontrar livros didáticos para Educação Física, o

desenvolvimento de um plano aula que viesse dar conta da demanda hoje existente nas

escolas do Ensino Fundamental I. Tal plano anual seria dividido em objetivos,

conteúdos, metas e atividades para melhor orientar o trabalho de sala de aula durante o

semestre.

Diante dos problemas de aprendizagem e dificuldades apresentadas pelos

educandos em participar das atividades propostas, em realizar movimentos, poucos

educadores se arriscam a trabalhar pedagogicamente com os jogos no ensino da

Educação Física como: handebol, basquetebol, ficando somente na maneira tradicional

“rola bola”, principalmente porque desconhecem as formas de correlacionar os

conteúdos com as ações aplicadas de experiências, ou seja, as vivências de cada aluno.

Assim, acredita-se que com a inserção dos jogos de regras como recurso didático

para a criação de um ambiente acolhedor e interativo, além de oportunizar e buscar

soluções mais adequadas para as situações de dificuldades no aprendizado da Educação

Física, principalmente para os alunos que possuem necessidades educacionais especiais,

os educandos também podem ampliar suas capacidades de apropriação dos conceitos,

dos códigos sociais e das diferentes linguagens, por meio da expressão e comunicação

de sentimentos e idéias, da experimentação, da reflexão, da elaboração de perguntas e

respostas e da construção de objetos e brinquedos.

A intenção principal desta seqüência didática é promover a vivência das

brincadeiras de rua como pular corda e, por meio delas, abordar conteúdos relacionados

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ao Ritmo e a Expressão Corporal. Essa seqüência de atividades se justifica também

como uma interessante e divertida forma de cultivo e valorização da cultura lúdica

tradicional de nosso país.

Também se mostra importante como forma de promover situações de ensino e

aprendizagem ricas no sentido da construção de habilidades corporais básicas, no

desenvolvimento de dinâmicas de produção em pequenos grupos e ainda como

possibilidade de introduzir e desenvolver a idéia de diversificação e transformação de

estruturas lúdicas convencionais.

Para isso, justifica-se a realização deste trabalho, com a hipótese de que os jogos

podem favorecer as singularidades entre as crianças de diferentes idades em suas

diversidades de hábitos, costumes, valores, crenças e etnias ampliando suas experiências

de socialização. Nessa perspectiva, segundo o Referencial Curricular Nacional da

Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30)

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano.

Ao observar o comportamento de uma criança ao participar de um jogo, percebe-

se o quanto ela desenvolve sua capacidade de fazer perguntas, buscar diferentes

soluções, repensar situações, avaliar suas atitudes, encontrar e restaurar novas relações,

ou seja, resolver problemas. Estes momentos permitem ao educador realizar diversas

atividades empíricas para favorecer ao educando a compreensão da lógica na Educação

Física que é uma subárea das humanas que explora as aplicações da lógica formal para

desenvolvimento de corpo e mente sã, e desenvolver o raciocínio lógico, que para

Canals (1992), “O raciocínio-lógico inclui as capacidades de identificar, relacionar,

operar e proporcionar as bases necessárias para adquirir conhecimentos do seu próprio

corpo”.

Friedman (2000) considera que “os jogos lúdicos se encontram na gênese da

construção do conhecimento, da apropriação da cultura e da constituição da criança

como sujeito humano, como aspecto fundamental do processo de formação”.

Observamos aqui, que a utilização dos jogos aumenta a capacidade de fruição, criação

das alegrias culturais e permite recriar cotidianamente a realidade na escola.

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É comum notarmos a pouca utilização dos jogos nas escolas, isso porque o

modelo tradicional de ensino, que ainda é o modelo mais utilizado pela maioria dos

professores, enfatiza de forma mais abrangente os conteúdos que os esquemas de

aprendizagem construtivos com brinquedos e brincadeiras na organização pedagógica

do tempo e do espaço escolar. A investigação em educação física tem mostrado que, a

nível nacional, as práticas de ensino da referida disciplina no Ensino Fundamental

continuam a ser dominadas por uma visão tradicionalista, ou apenas para criar a

exclusão uma vez que, muitos alunos não podem participar de alguns jogos e então

ficam de fora de determinadas atividades. Nesta visão, o jogo na educação de crianças

tem uma conotação negativa, por ser entendida apenas como atividade recreativa que

não produz nenhuma aprendizagem.

METODOLOGIA

O estudo bibliográfico centrar-se-á nas contribuições teóricas de vários autores

que realizaram artigos, dissertações e teses sobre as formas de utilização do lúdico em

sala de aula, em situações de jogos. Conforme Martins (2000, p. 28): “trata-se, portanto,

de um estudo para conhecer as contribuições científicas sobre o tema, tendo como

objetivo recolher, selecionar, analisar e interpretar as contribuições teóricas existentes

sobre o fenômeno pesquisado”.

A pesquisa tem caráter exploratório, segundo Martins (2000, p, 30) “se constitui

na busca de maiores informações sobre o assunto coma finalidade formular problemas e

hipóteses”. O estudo tem base descritiva das características apresentadas pelos vários

autores sobre a importância dos jogos lúdicos, bem como o estabelecimento de relações

entre variáveis e fenômenos educativos em uma análise correlacional.

Conforme Martins (2000, p. 28), “a análise correlacional busca a identificação

de fatores em relação a outro, a partir de comparações entre os diversos estudos coma

finalidade de estabelecer parâmetros de análises”.

Este estudo tem como objetivos: observar como os jogos podem contribuir para

os processos de raciocínio na formulação das relações entre conteúdo teórico e prática

educativa nas etapas de produção do conhecimento da Educação Física 5º ano do Ensino

Fundamental; relacionar as formas de atuação a partir de técnicas e métodos de

utilização dos jogos como recurso pedagógico; classificar os instrumentos e recursos

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que possam contribuir para a formulação de modelos práticos que dimensionem o

ensino da Educação Física; identificar as formas de atuação do educando na construção

de modelos práticos ou experiências pré-desportivas no ensino da Educação Física no 5º

ano do Ensino Fundamental.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para justificar o uso dos jogos nas aulas de Educação Física, parte-se da

conceitualização de jogo por diversos autores. Por exemplo, Winnicott (1971) observa

que “por meio do jogo se cria um espaço intermediário, entre a realidade objetiva e a

imaginária, que permite realizar atividades que, de fato, não poderia levar a cabo”, idéia

compartilhada também por Vigotski (1995) esclarecendo que esse espaço supõe uma

zona de desenvolvimento potencial de aprendizagem.

Jogar, segundo esse autor, promove o conhecimento dos objetos e de seu uso, o

conhecimento de si mesmo e também dos demais. Bettelhein (1987), um dos psicólogos

infantis mais importantes de nosso tempo, define o jogo como uma atividade de

conteúdo simbólico que as crianças utilizam para resolver, em um nível inconsciente,

problemas que não podem resolver na realidade; do jogo, argumenta esse autor, as

crianças adquirem uma sensação de controle, que na realidade estão muito longe de

alcançar.

Tem sido cada vez mais notória a importância que a educação esteja voltada para

o desenvolvimento das capacidades de comunicação, de resolver problemas e de tomar

decisões, nesse sentido, percebe-se a fundamental importância de ser inserido o jogo nas

aulas de Educação Física. Quando trabalhado da forma adequada, o jogo passa ser visto

como agente cognitivo que auxilia o aluno a agir livremente sobre suas ações e

decisões, fazendo com que ele desenvolva além do conhecimento da Educação Física,

também a linguagem, pois em muitos momentos serão estimulados a posicionar-se

criticamente frente algumas situações.

O jogo lúdico é formado por um conjunto lingüístico que funciona dentro de um

contexto social; possui um sistema de regras e se constitui de um objeto simbólico que

designa também um fenômeno. Portanto, permite ao educando a identificação de um

sistema de regras que permite uma estrutura seqüencial que especifica a sua moralidade.

(PIAGET, 1984, p. 44)

Nesta perspectiva, os jogos lúdicos se assentam em bases pedagógicas, porque

envolve critérios como: a função de literalidade e não-literalidade, -a não-literalidade

no jogo caracteriza se por um quadro no qual a realidade interna predomina sobre a

externa-; os novos signos lingüísticos que se fazem nas regras; a flexibilidade a partir de

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novas combinações de ideias e comportamentos; a ausência de pressão no ambiente e a

ajuda na aprendizagem de noções e habilidades. Friedman (2000, p. 41) considera que

“os jogos lúdicos permitem uma situação educativa cooperativa e interacional, ou seja,

quando alguém está jogando está executando regras do jogo e ao mesmo tempo,

desenvolvendo ações de cooperação e interação que estimulam a convivência em

grupo”. Desta forma, existe uma relação muito próxima entre jogo lúdico e educação de

crianças para favorecer o ensino de conteúdos escolares e como recurso para motivação

no ensino às necessidades infantis.

Os jogos oferecem condições do educando vivenciar situações-problemas, a

partir do desenvolvimento de jogos planejados e livres que permitam à criança uma

vivência no tocante às experiências com a lógica e o raciocínio e permitindo atividades

físicas e mentais que favorecem a sociabilidade e estimulando as reações afetivas,

cognitivas, sociais, morais, culturais e lingüísticas.

Machado (1966, p. 29) salienta, que “a interação social implica transformação e

contatos com instrumentos físicos e/ou simbólicos mediadores do processo de ação que

são possíveis no contato direto com o jogo”.

De acordo com Vygotsky (1984, p. 27) “é na interação com as atividades que

envolvem simbologia e brinquedos que o educando aprende a agir numa esfera

cognitiva”. Na visão do autor a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas

atividades da vida real, tanto pela vivência de uma situação imaginária, quanto pela

capacidade de subordinação às regras.

Uma problemática que tem sido comum é a dificuldade de abstração por parte

dos alunos, que não se habituam ao processo de abstração lógico Educação Física. Por

isso, é importante que o professor trabalhe com formas didáticas diferenciadas, como

atividades lúdicas, para que as crianças desenvolvam o modo de pensar logicamente. É

aqui que a Educação Física poderia ajudar aos alunos e professores a resolverem essa

temática, uma vez que essa área é voltada para o estudo sistematizado das atividades

diárias e pré-desportivas.

Goleman (1999) desenvolveu o conceito de inteligência emocional e salienta: A

preparação da criança para a escola passa pelo desenvolvimento de competências

emocionais – inteligência emocional – designadamente confiança, curiosidade,

intencionalidade, autocontrole, capacidades de relacionamento, de comunicação e de

cooperação. (GOLEMAN: 1999, p. 203)

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A discussão sobre a importância dos jogos no ensino da Educação Física vem

sendo debatida há algum tempo. Sendo bastante questionado se a criança realmente

aprende brincando e como deve ser a intervenção do professor. Por isso, ao optar por

trabalhar a educação física, contando com apoio dos jogos lúdicos, o professor deve

levar em conta a importância da definição dos conteúdos e das habilidades presentes nas

brincadeiras e o planejamento de sua ação com o objetivo do jogo não se tornar um

mero lazer. De acordo com BORIN (1996, p. 8), “Os jogos auxiliam também na

descentralização, que consiste em desenvolver a capacidade de ver algo a partir de um

ponto de vista que difere do seu, e na coordenação dessas opiniões para chegar a uma

conclusão”. Criam um novo esquema no qual se encaixam estímulos, onde a criança

pode realizar qualquer tarefa, pois o estímulo é parte importante da educação uma vez

que bem elaboradas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudos e análise do conceito de jogo, da sua função e importância para as

aprendizagens Educação Física, percebemos seu valor como recurso de aprendizagem.

As crianças jogam porque o jogo, em si mesmo, é um prazer, porém a maior

importância reside no fato de que permite resolver simbolicamente os problemas e

possibilita por em prática distintos processos mentais.

É importante destacar também que as atividades esportivas são inerentes ao ser

humano, não somente no universo infantil, mas também nas vivências dos adultos. Nos

momentos em que estão concentradas em atividades esportivas, as crianças envolvem-se

de tal modo que deixa de lado a realidade e entregam-se ao mundo imaginário de

brincar.

O jogo propicia um ambiente favorável ao interesse da criança, não apenas pelos

objetos que o constituem, mas também pelo desafio das regras impostas por uma

situação que, por sua vez, pode ser considerada como um meio ao desenvolvimento do

pensamento abstrato. No contexto escolar o jogo aparece como uma possibilidade

altamente significativa no processo de ensino-aprendizagem da Educação Física, por

meio do qual, ao mesmo tempo em que se aplica a idéia de aprender brincando, gerando

interesse e prazer, contribui para o pensamento cognitivo, afetivo, físico e social dos

alunos.

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Mesmo com tantos estudos e concepções acerca da importância dos jogos nas

aulas de Educação Física, muitas vezes ele ainda é concebido apenas como um passa-

tempo ou uma brincadeira e não como uma atividade que pretende auxiliar o aluno a

pensar com clareza, desenvolvendo sua criatividade e seu raciocínio lógico. E, muito

menos, como sendo um instrumento para a construção do conhecimento do seu

condicionamento físico (conhecimento de desenvolver valores como: respeito,

solidariedade, honestidade... ao invés de condicionamento físico).

Assim, o desafio de educadores, estudiosos e instituições que concebem e

acreditam nos jogos como recurso didático significativo, é difundir as ideias e defender

o uso do mesmo, possibilitando reflexões sobre o que é possível alcançar com o jogo,

que, quando bem elaborado, passa a ser uma estratégia de ensino que pode atingir

diferentes objetivos. Precisa-se de imediato contribuir com a prática de sala de aula com

subsídios didáticos que auxiliem a práxis pedagógica na disciplina de Educação Física.

Faz-se necessário que o docente e o discente tenham um olhar voltado para

Orientar usando o próprio corpo como referência para identificar, direita, esquerda, em

cima em baixo, dentro, fora Tomar consciência de sua estatura, da posição de seus

membros e dos lados de seu corpo Explorar o corpo através dos diferentes movimentos

e sensações.

Domínio da lateralidade, ou seja, a percepção das relações direito-esquerda,

frente/atrás, em cima/embaixo, varia de acordo com o ponto de vista de quem observa

ou conforme uma determinada referência é o primeiro passo para a construção das

relações espaciais.

A construção dessas noções pela criança tem como ponto de partida o próprio

corpo (a sua direita e sua esquerda). Mais tarde, em um processo gradativo de

descentralização, considera a esquerda e a direita de pessoas à sua frente, para

finalmente considerar o posicionamento dos objetos em relação uns aos outros, a ela

própria ou a outras pessoas. Somente após o estabelecimento das relações é que a

criança terá condições de entender o que é orientação através dos pontos cardeais e

colaterais.

Este primeiro tópico pretende desenvolver orientações baseadas na constituição

física do corpo humano, a partir de convenções estabelecidas socialmente (direita,

esquerda, em cima embaixo, trás, frente).

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O princípio da inclusão é o eixo fundamental que deve nortear toda a ação

pedagógica da Educação Física escolar, sendo uma de suas funções introduzir e integrar

o aluno no que hoje denominamos "cultura corporal de movimento". Assim, seja na

sistematização de conteúdos ou no processo de ensino e aprendizagem, o professor deve

criar condições que se contraponha à visão histórica dessa área de valorização do

desempenho técnico e físico dos alunos.

Espera-se, com as atividades aqui propostas, que o aluno seja capaz de produzir,

reproduzir e transformar atividades de forma a poder participar delas, usufruindo dos

jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas, em benefício da qualidade de

vida. 

As atividades esportivas são de suma importância para o desenvolvimento da

criança e do adolescente, pois é através destes que o aluno aperfeiçoa sua coordenação

motora além de favorecer no convívio social. O professor utilizando destes recursos em

sua aula de forma correta, o aluno terá oportunidade de expor suas habilidades e

trabalhar suas falhas. Por comodidade ou falta de materiais, recursos didáticos muitas

vezes os professores trabalham com a repetição dos mesmos movimentos para que o

aluno chegue à perfeição técnica, tornando assim as aulas cansativas e menos atrativas. 

O professor motivador busca alternativas para aplicar as atividades em sua aula

seja realizada com a participação de todos os alunos, para que nenhum deles se sinta

excluídos durante a execução das mesmas. Neste sentido deve haver um espaço para

que o aluno exponha sua opinião e suas críticas, criando novas regras caso seja

necessário e com o consentimento de todos os outros alunos.

As atividades de Educação Física devem ser realizadas para o bem estar dos

alunos, para que eles consigam trabalhar novas técnicas e conviver com as diferenças

uns dos outros. Nesse momento proporcionado pelo professor aos alunos, que eles

conseguem transmitir um pouco da sua realidade, é onde têm liberdade para se divertir

brincar, correr, pular entre outros.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1 e 2.

CASTRO, Cleber Marques de. E quem avalia os professores? .Belo Horizonte: Ciência e Cultura, 1992.

FRIEDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender: o regate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996.

GOLEMAN, Daniel. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. São Paulo: Graffex, 1999.

MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 2ed,. São Paulo: Atlas, 2000.

PIAGET, Jean. A linguagem e o pensamento da criança. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1959.

VIGOSTKY, Lev. Semenovitch. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.T