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1 Sumário 1. ASPECTOS OBJETIVOS ........................................................................................................ 5 1.1. Introdução ..................................................................................................................... 5 1.2. Local ................................................................................................................................. 6 1.3. Justificativa...................................................................................................................... 7 1.4. Publico alvo .................................................................................................................... 8 1.5. Tipo de gestão ............................................................................................................... 8 2. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................................... 9 2.1. Conceitos relacionados ................................................................................................ 9 2.1.1. Cultura: ................................................................................................................... 9 2.1.2.Patrimônio cultural: ............................................................................................... 9 2.1.3. Memorial x Museu: .............................................................................................. 10 2.1.4. Restauro x Revitalização: .................................................................................... 10 2.1.5. Inventario x Tombamento: ................................................................................. 11 2.1.6. Estudo de compatibilização com o entorno: .................................................. 11 2.1.7. Síntese das cartas Patrimoniais: ....................................................................... 12 2.2. Aspectos históricos ...................................................................................................... 15 2.2.1 A cidade de Pelotas: ............................................................................................. 15 2.2.2.Estações ferroviárias: ........................................................................................... 18 2.2.2 Os doces: ................................................................................................................ 23 2.3. Principais conceitos relacionados a fim de edificação......................................... 30

TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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1 2 3 4 Sendo assim, pretende motivar o turismo para a cidade, agregando o patrimônio material e um elemento de reconhecimento nacional: o doce, que hoje possui classificação de patrimônio imaterial. 1. ASPECTOS OBJETIVOS 1.1. Introdução 5 1.2. Local Figura 1: Mapa do Rio Grande do Sul - Fonte: www.sph.rs.gov.br. Acesso em 28 de abril.2012 Figura 2: Pelotas zona urbana, imagem de satélite-Fonte: Google Earth. Acesso em 28 de abril.2012 6

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Page 1: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

1

Sumário 1. ASPECTOS OBJETIVOS ........................................................................................................ 5

1.1. Introdução ..................................................................................................................... 5

1.2. Local ................................................................................................................................. 6

1.3. Justificativa ...................................................................................................................... 7

1.4. Publico alvo .................................................................................................................... 8

1.5. Tipo de gestão ............................................................................................................... 8

2. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................................... 9

2.1. Conceitos relacionados ................................................................................................ 9

2.1.1. Cultura: ................................................................................................................... 9

2.1.2.Patrimônio cultural: ............................................................................................... 9

2.1.3. Memorial x Museu: .............................................................................................. 10

2.1.4. Restauro x Revitalização: .................................................................................... 10

2.1.5. Inventario x Tombamento: ................................................................................. 11

2.1.6. Estudo de compatibilização com o entorno: .................................................. 11

2.1.7. Síntese das cartas Patrimoniais: ....................................................................... 12

2.2. Aspectos históricos ...................................................................................................... 15

2.2.1 A cidade de Pelotas: ............................................................................................. 15

2.2.2.Estações ferroviárias: ........................................................................................... 18

2.2.2 Os doces: ................................................................................................................ 23

2.3. Principais conceitos relacionados a fim de edificação ......................................... 30

Page 2: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

2

2.3.1 Estações ferroviárias: ........................................................................................... 30

2.3.2 Os doces: ................................................................................................................ 30

2.4. Evolução ........................................................................................................................ 30

2.4.1. Estações ferroviárias: .......................................................................................... 30

2.4.2. Os doces: ............................................................................................................... 32

2.5. Estado Atual da Arte ................................................................................................... 33

2.5.1. Estações ferroviárias: .......................................................................................... 33

2.5.2. Fenadoce: .............................................................................................................. 34

3.1 Modelo 1: ....................................................................................................................... 35

3.2 Modelo 2: ....................................................................................................................... 42

3.3 Outras estações que sofreram intervenção: ........................................................... 50

3.4 Conclusão: ..................................................................................................................... 53

4. SÍTIO ...................................................................................................................................... 54

4.1. Apresentação: .............................................................................................................. 54

4.2. Localização: .................................................................................................................. 55

4.3. Justificativa: .................................................................................................................. 56

4.3.1 Projeto de uso atual da Estação Férrea: .......................................................... 57

4.3. Legislação: .................................................................................................................... 58

5. ESTUDO DO ENTORNO .................................................................................................... 61

5.1. Clima; Micro Clima; Topografia ............................................................................... 61

5.2. Usos do Solo ................................................................................................................. 63

5.3. Vias e Circulações ....................................................................................................... 65

Page 3: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

3

5.3.1.Infra estrutura das vias: ....................................................................................... 67

5.3.2 Transporte Coletivo: ............................................................................................. 69

5.4. Elementos e Edifícios de destaque ........................................................................... 70

5.4.1 Inserção da Estação na Cidade ........................................................................ 70

5.4.2 Pontos de Destaque: ............................................................................................ 71

5.5. Relação edifício-lote, tipo de espaço urbano configurado (Figura-Fundo) ..... 72

5.5.1As Alturas:................................................................................................................ 72

5.5.2. Parcelamento do Solo:........................................................................................ 75

5.5.3. Imóveis Tombados / Inventariados: ................................................................. 77

5.5.4. Sitio e suas características: ................................................................................ 78

5.6. Esquemas Gráficos ...................................................................................................... 81

5.6.1. Esquemas Verticais do Entorno: ....................................................................... 81

6. ESTUDOS ESPECÍFICOS .................................................................................................... 88

6.1. Analise Urbanística mais ampla ............................................................................... 88

6.1.1. Nível de percepção das áreas de intervenção: ............................................. 92

6.1.2. Levantamento técnico da área de intervenção: ............................................ 93

6.2.1. Dados técnicos: .................................................................................................. 100

6.2.2. Patologias apresentadas: ................................................................................. 110

6.2.3. Critérios para restauração: .............................................................................. 111

8. PROGRAMA DE NECESSIDADES .................................................................................... 113

9. FLUXOGRAMA ................................................................................................................... 116

10. PRÉ-DIMENSIONAMENTO ............................................................................................ 118

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4

11. Zoneamento .................................................................................................................... 120

12. Conceituação................................................................................................................... 121

13. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 123

14. ANEXOS ............................................................................................................................ 125

Page 5: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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1. ASPECTOS OBJETIVOS

1.1. Introdução

A proposta de intervenção é um projeto de restauro para Estação Férrea e

de sua área de abrangência - Largo de Portugal e passarela, com a finalidade de

requalificação urbana do local.

Sendo assim, pretende motivar o turismo para a cidade, agregando o

patrimônio material e um elemento de reconhecimento nacional: o doce, que hoje

possui classificação de patrimônio imaterial.

Page 6: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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1.2. Local

A cidade de Pelotas, localizada no Rio Grande do Sul, possui 346.452

habitantes numa área de 1.608,768 km. A mesma se encontra a uma distância de

250 km da capital Porto Alegre.

Figura 1: Mapa do Rio Grande do Sul - Fonte: www.sph.rs.gov.br. Acesso em 28 de abril.2012

Figura 2: Pelotas zona urbana, imagem de satélite-Fonte: Google Earth. Acesso em 28 de abril.2012

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1.3. Justificativa

A proposta de projeto é criar na Estação Férrea, um memorial que retratasse

a historia da cidade, do doce e de suas tradições e um pequeno centro comercial

voltado para a gastronomia local e principalmente o doce.

Apesar do local se encontrar marginalizado e decadente, ainda existe hoje

um grande fluxo de pessoas que passam diariamente, seja para se deslocar dentro

da cidade como para quem se dirige para outras localidades.

Assim a cidade teria uma nova possibilidade de promover o turismo através

do doce - intensificado no mês de junho, devido a Fenadoce, mas, sobretudo

apresentar uma requalificação urbana no Local.

Dessa forma, acredito as pessoas poderão desfrutar mais as belezas que a

cidade proporciona, alem de criar, um local agradável e retomando a importância

que esta edificação possuía para a cidade.

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1.4. Publico alvo

Como a Estação Férrea está localizada próxima a um dos acessos da cidade,

meu projeto será destinado aos pelotenses e aos turistas.

Figura 3: Localização da Área de projeto- Foto: Imagem Google earth. Acesso em 28 de abril.2012

1.5. Tipo de gestão

Semelhante o que ocorre na Fenadoce, a gestão será feita através do Poder

Público juntamente a outras entidades, dentre elas, a Câmara de Dirigentes Lojistas

de Pelotas - CDL, o qual representará as doceiras que apresentarem interesse neste

projeto.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Conceitos relacionados

2.1.1. Cultura: 1

Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, lingüísticas e

comportamentais de um povo ou civilização. Portanto, fazem parte da cultura de

um povo as seguintes atividades e manifestações: música, teatro, rituais religiosos,

língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções,

pensamentos, formas de organização social, entre outros.

2.1.2.Patrimônio cultural: 2

A constituição Federal de 1988, no artigo 216, diz que:

"constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material ou imaterial,

tomados individualmente ou em conjunto portadores de referência a identidade, á

ação, á memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira (...)".

O patrimônio cultural tem ligação direta com a cultura de um lugar. A

cultura inclui todos aqueles produtos criados pelo homem ao longo da historia,

relacionados com a vida, a criatividade e a sobrevivência humana. Podemos pensar

que a cultura é "modo de vida" de um povo e a forma do homem e relacionar com

o grupo. Representa toda a ação do homem na tentativa de conhecer e se adaptar

ao meio em que vive.

1 . http://www.suapesquisa.com/o_que_e/cultura.htm

2. SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA. Manual do Usuário de imóveis Inventariados. Pelotas:Nova

Prova, 2008.

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Os bens culturais são os elementos que diferenciam grupos e sociedades,

foram criados, recriados, aprimorados e estabelecidos ao longo do tempo e da

historia, tem importância porque ajudam uma comunidade a compreender como

ela se originou. Classificam-se em:

Moveis - obra de arte, objetos, mobiliário, livros, documentos, dentre outros.

Imóveis - patrimônio natural e paisagístico, patrimônio urbano e arquitetônico.

2.1.3. Memorial x Museu:3

Museu: É um estabelecimento de caráter permanente, administrado para

interesse geral, com a finalidade de conservar, estudar, valorizar de diversas

maneiras o conjunto de elementos de valor cultural: coleções de objetos artísticos,

históricos, científicos e técnicos, jardins botânicos, zoológicos e aquários.

Memorial: É uma instituição permanente, de interesse geral, voltada para a

preservação e propagação de informações históricas compostas de dados,

documentos e imagens relativas a pessoas, instituições ou lugares.

2.1.4. Restauro x Revitalização:4

Restauração: é um conjunto de atividades que visa restabelecer danos

decorrentes do tempo em um bem imóvel ou móvel. Foi Eugène Viollet-le-Duc,

arquiteto francês que elaborou os primeiros conceitos de restauração no século XIX.

Revitalização: no âmbito do planejamento urbano, é a requalificação de

áreas abandonadas ou semidestruídas de alguma cidade ou local, que

anteriormente impossibilitavam a ocupação residencial ou comercial.

3 . http: http://www.museus.gov.br/

4. http:// http://www.dicio.com.br/restauracao/

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2.1.5. Inventario x Tombamento:5

Inventario: é um instrumento de cadastro que contem informações a respeito

dos bens culturais. É um reconhecimento da arquitetura e do espaço urbano da

cidade e destina-se a preservação do conjunto e das edificações em seu contexto

urbano. Em pelotas é regulamentado pela lei n° 4568/00.

Tombamento - é um instrumento legal de proteção ao patrimônio cultural

aplicado pelo poder publico, podendo acontecer de nível federal, estadual e

municipal. Os bens tombados deverão ser preservados integralmente, não podendo

ser demolidos nem descaracterizados. Esses exemplares arquitetônicos podem

sofrer obras de melhoria, desde que acompanhados por profissionais

especializados, que significa a garantia de suas características internas e externas.

Decreto Lei n° 25/1937.

2.1.6. Estudo de compatibilização com o entorno6:

Princípios de Reversibilidade: Toda a intervenção deve ser feita de tal maneira, que

em qualquer momento, permite retornar a sua forma original.

Respeito aos acréscimos: Estes elementos que somaram a edificação com o decorrer

do tempo devem ser respeitados, aceitando-os como parte da historia viva do

monumentos.

Princípios da autenticidade e durabilidade: As intervenções devem ser claras com

documentação escrita, sem falsificações que prejudiquem a verdade histórica do

5 . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA. Manual do Usuário de imóveis Inventariados. Pelotas:Nova

Prova, 2008. 6 . LEMOS, Carlos A. C. O que é Patrimônio Histórico. Editora Brasiliense. Coleção Primeiros passos.

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monumento. o material empregado deverá ser avaliado quanto ao seu

desempenho a longo prazo, para que este não contamine ou acelera deterioração

dos materiais originais, devem estar bem destacados mostrando a época da

intervenção, alem de não utilizar o devido material apenas por modismo ou fins

comerciais.

Identificabilidade: Ter por objetivo evidenciar os valores culturais que se

manifestarem na obra.

2.1.7. Síntese das cartas Patrimoniais7:

As cartas patrimoniais estabelecem critérios para as intervenções de bens

tombados ou inventariados. Como parâmetro para minha intervenção utilizarei: A

Carta de Restauro (1972); A Carta de Veneza(1964); A Recomendação de Nairóbi

(1976); A Carta de Florença (1981); A Carta de Cracóvia (2000).

Carta de Restauro, 1972: Tem como objetivo Salvaguardar qualquer tipo de obra

com algum valor histórico ou cultural. Salvaguardar significa qualquer intervenção

destinada a manter em funcionamento, a facilitar a leitura e a transmitir

integralmente ao futuro as obras e os objetivos definidos nos artigos precedentes.

Qualquer intervenção nas obras deverá ser ilustrada e justificada por um

aparecer teórico em que constaram, alem do detalhamento sobre conservação da

obra, seu estado atual, a natureza das intervenções considerada necessárias e as

despesas necessárias para lhes fazer a frente.

Fica proibido para todas as obras de arte:

7 . http://portal.iphan.gov.br

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* Adiantamento de estilo ou analógicos, inclusive em forma simplificada, ainda

quando existirem documentos gráficos ou plásticos que possam indicar como tenha

ido ou deva resultar o aspecto da obra acabada;

* Remoções ou demolições que apaguem a trajetória da obra através do tempo, a

menos que se trate de alterações limitadas que debilitem ou alterem valores

históricos da obra, ou de adiantamentos de estilo que a falsifiquem;

* Remoção ou reconstrução para locais diferentes dos originais, a menos que isso

seja determinado por razoes superiores de construção;

* Alteração das condições de acesso ou ambientais em que chegou até os nosso

dias a obra de arte, o conjunto monumental, ambiental, etc.;

* Alteração ou eliminação das patinas.

Carta de Veneza, 1964: Baseada nas teorias de Brant, foi elaborada afim de

reavaliar e aprofundar os princípios da Carta de Atenas (1931). Com relação a

restauração de monumentos e sítios. Segundo a carta, entende-se por monumento

histórico para uma arquitetura ou sitio urbano/ rural, mas que tenha algum valor

histórico para uma devida sociedade ou cultura. A carta estabelece tais conceitos:

*Preservar o monumento histórico como uma obra de arte;

*Preservar a verdade histórica;

*Preservar a volumetria original e os acréscimos devem ser respeitar as partes

importantes da edificação e devem ser de fácil leitura, utilizando materiais

diferentes, mas que se harmonizem com o original;

*Permite utilizar técnicas modernas quando as técnicas tradicionais forem eficaz.

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Recomendação de Nairóbi, 1976: Considera que os conjuntos históricos e sua

ambiência são patrimônio universal insubstituível. E salvaguarda e integração na

vida coletiva são obrigação do governo e dos cidadãos cujo estado se encontram

conjuntos.

Incentiva a restauração em edifícios históricos baseando-se em princípios

científicos e propondo leis que assegurem a conservação destes prédios.

Carta de Florença, 1981: Trata da proteção de jardins históricos e bens públicos

vivos. Busca uma cidade diferente trabalhando com arquitetura e paisagismo

sempre junto, com o objetivo de causar sensações nos usuários do espaço.

Carta de Cracóvia, 2000: refere que as comunidades tenham sua própria memória

coletiva,sendo responsáveis pelo seu passado, pela sua identificação e pela gestão

do seu patrimônio cultural. Ainda que nem todos os edifícios constituintes do centro

ou núcleo histórico tenham valor arquitetônico de caráter especial, devem ser

salvaguardados como elementos do conjunto, pela sua unidade orgânica,

dimensões particulares e características técnicas, especiais, decorativas e

cromáticas.

Por outro lado, também não se deve individualizar um conjunto histórico

como sendo um recinto único e exclusivo de uma determinada cidade, sem antes

ter em conta o resto do conjunto que o rodeia, já que a paisagem circundante,

também são frutos da história que deu lugar aos conjuntos como exclusividade

patrimonial. Assim, manter e conservar um lugar e a sua imagem implica em:

* Conservar os edifícios históricos e monumentos – mantendo a sua autenticidade e

integridade;

Page 15: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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* Conservar a decoração arquitetônica, esculturas e elementos – estes elementos

fazem parte do patrimônio construído e devem ser conservados técnica e

esteticamente, como por exemplo, a conservação das cores das fachadas dos

edifícios mediante um projeto específico;

* Conservar os elementos que definem os aspectos da cidade dentro de sua forma

urbana e dos valores espaciais internos, considerados como parte essenciais do

edifício;

* Recuperar os significados, sentidos e valores simbólicos, sociais e culturais das

comunidades envolvidas;

* Conservar os centros históricos, entendendo que o processo de conservação do

contexto urbano pode ocupar-se de um conjunto de edifícios e espaços abertos,

bem como a intervenção deve considerar a cidade em termos do seu conjunto

morfológico, funcional e estrutural, sendo parte de um território, do meio ambiente

e da paisagem circundante.

2.2. Aspectos históricos

2.2.1 A cidade de Pelotas:

Histórico:

Pelotas é o município do Rio Grande do Sul, tem 346.452 habitantes numa

área de 1.608,768 km. Fundada em 7 de Julho de 1812, está localizada a 250 km

da capital do Estado, Porto Alegre, sendo uma das principais cidades do Estado e

ponto de referência no sul do Rio Grande do Sul.

Seu nome é originário das embarcações de vara de corticeira forradas de

couro que na época eram utilizados para a travessia de rios e arroios, utilizada

Page 16: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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pelos indígenas. Um intenso e próspero negócio surgiu: as charqueadas, onde a

carne era salgada e exposta ao sol para durar bastante tempo. Este próspero

negócio foi trazido para o Rio Grande do Sul por um português proveniente do

Ceará, José Pinto Martins, que se estabeleceu às margens do Pelotas. O sucesso de

seu estabelecimento favorecido pela localização estimulou a criação de outras

charqueadas e o crescimento da região, dando origem à povoação que marcou o

inicio da cidade de Pelotas. A herança dos portugueses pode ser encontrada na

arquitetura local, nas ruas, culinária e cultura.

Figura 4: Pelota-Fonte: http://www.amigosdepelotas.com. Acesso em 28 de abril.2012

A principal atividade do município é o comércio, que atrai moradores de

todas as cidades vizinhas. Em Pelotas existe um grande número de

estabelecimentos comerciais e empresas de prestação de serviços. É pólo industrial

na confecção de doces artesanais e sua qualidade e sabor são nacionalmente

conhecidos e difundidos através da Fenadoce - Feira Nacional do Doce, que

acontece todos os anos no mês de junho, onde grandes e pequenos produtores de

doces divulgam seus produtos aos visitantes.

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Figura 5: Doces de Pelotas - Figura 6: Calçadão da Cidade

Fonte:http://portoimagem.zip.net. Fonte: http://pelotas.ufpel.edu.br Acesso em 28 de abril.2012 Acesso em 28 de abril.2012

Pelotas Cultural:

A preservação do patrimônio tem entre suas funções o papel de despertar o

sentimento de identidade, de pertencimento, pois preservarmos a memória do que

fomos, do que somos, preservamos aquilo que herdamos e que pode ser passado

de geração para geração.

Pelotas dispõe de um importante patrimônio cultural, evidenciado nos seus

exemplares arquitetônicos remanescentes, herança coletiva de épocas de

desenvolvimento econômico, social e cultural. Esses exemplares, juntamente com

sua configuração urbana, compõem um rico patrimônio imaterial a ser preservado.

Além da riqueza do patrimônio arquitetônico, outros bens também integram

o patrimônio cultural imaterial do município, com os doces típicos pelotenses.

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Figura 7: Doces Artesanais de Pelotas – Figura 8: Chafariz “As três meninas” – Fonte: http://pelotas.ufpel.edu.br Fonte: http://www.pelotas.com.br Acesso em 28 de abril.2012 Acesso em 28 de abril.2012

2.2.2.Estações ferroviárias:

Histórico

O transporte ferroviário começou a ser implantado no Brasil partir de 1850,

período em que o império procurava consolidar-se enquanto nação unificada e

desvinculada de Portugal, e em que o quadro típico do período colonial começava a

alterar-se.

A primeira estrada de ferro no Brasil, empreendida pelo industrial nascido

no Rio Grande do Sul, Irineu Evangelista de Souza - o Barão de Mauá foi

inaugurado no Rio de Janeiro em 1854. Um ano mais tarde o império organizava a

empresa "Estrada de Ferro Dom Pedro II". Não tardou para que as rodovias

penetrassem nas demais províncias. Em 1858 a rede ferroviária já contava com

seus primeiros 48 quilômetros.

Page 19: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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As estações construídas em geral, com arquiteturas diferentes desde as mais

suntuosas até as mais simples, possuíam um papel de destaque arquitetônico e

poder financeiro para a cidade.

Figura 8: Primeiras Estações no Brasil / Implantação dos primeiros trens Fonte: http://www.quata.com.br

Acesso em 28 de abril.2012

Mas somente em 1866 pode ser fixado como o do inicio da historia

ferroviária no Rio Grande do Sul. Depois de acirrados debates na assembléia

Provincial sobre o potencial da zona de colonização, localizada no Vale do Rio dos

Sinos, surge à proposta da construção de uma estrada de ferro.

Abril de 1874 foi inaugurada a primeira secção de estrada compreendida

entre a Capital e São Leopoldo, com uma extensão de 33.756 metros. Era a

primeira Ferrovia do Rio Grande do Sul. Sua construção estimulou a produção da

zona colonial Alemã acompanhada pela multiplicação de núcleos urbanos e pela

própria expansão da estrada.

Page 20: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Figura 9: Malha ferroviária do Rio grande do sul, em 1898- Começo Fonte: http: Patrimônio Ferroviário no Rio Grande do Sul.

Inventario das Estações: 1874 -1959/ Porto Alegre: Palloti, 2002. Acesso em 28 de abril.2012

Page 21: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Figura 10: Malha ferroviária do Rio grande do sul, em 1959- Auge Fonte: http: Patrimônio Ferroviário no Rio Grande do Sul.

Inventario das Estações: 1874 -1959/ Porto Alegre: Palloti, 2002. Acesso em 28 de abril.2012

Em Pelotas a estrada de ferro chegou num período caracterizado como o

auge do desenvolvimento econômico urbano, social e cultural (1860 a 1890). Nesse

período a cidade se expandiu de modo considerável, o que pode ser confirmado,

pelo índice populacional que praticamente quadruplicou-se, devido fase áurea

advinda da produção das charqueadas, que tinha como base mão-de-obra escrava.

Page 22: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Com o passar do tempo charqueadores foram aos poucos foram transferindo

suas residências para a cidade, construindo sobrados e edificando uma cidade bem

traçada, de ruas muito largas e retas. Impulsionando assim o crescimento da cidade

em direção ao Porto, especialmente através das ruas Benjamim Constant e em

direção a mancha ferroviária através da Rua Dom Pedro II.

A construção da estação ferroviária determinou uma rede viária capaz de

ligá-la ao resto da cidade. Por muito tempo a linha ferroviária, localizou-se

externamente da malha representando uma barreira física para o crescimento

urbano. A praça construída em frente ao prédio da estação, foi destinada a parada

de bondes, ao estacionamento de veículos, e principalmente dar imponência ao

prédio. Com a criação do Bairro Simões Lopes, ainda na década de 20, fez-se

necessária a construção da passarela, sobre os trilhos, elemento que ligaria o bairro

a cidade.

Figura 11: Foto cedida por Antonio A. Gorni 1969 – Figura 12: 1923 – Grande concentração de veículos- Estação Férrea de Pelotas em funcionamento Fonte: http://ronaldofotografia.blogspot.com.br Fonte: http://rethalhos.blogspot.com.br Acesso em 28 de abril.2012 Acesso em 28 de abril.2012

Page 23: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Podemos delimitar esse "tempo dos trens" entre 1874, ano em que foi

inaugurada a primeira ferrovia no Estado do Rio Grande do Sul e o final da década

de 1950, fase em que o modelo ferroviário, começou a ser substituída pelo modelo

rodoviário de transporte, essa substituição foi ocorrendo de forma gradual em todo

o país, chegando assim na cidade de Pelotas.

2.2.2 Os doces:

Histórico

No século XVI em Portugal a arte de doçaria começava a ser cultivada com

esmero, requintada por quase todos os Mosteiros e Conventos existentes no País,

criando-se especialidades saborosíssimas e de grande valor culinário.

Entre os séculos XVIII e XIX, Portugal era o principal produtor de ovos da

Europa. A clara era utilizada como purificador na fabricação de vinho branco e,

principalmente, para engomar os ternos dos chiques e elegantes do mundo

ocidental. Com a clara sendo exportada para todo o mundo, a gema tornava-se

elemento de inspiração para o surgimento de experimentos doceiros à base da

gema de ovos. Das cozinhas dos conventos surgiram os ovos moles que deram

origem a tantos outros doces que até hoje, estão presentes nos mais variados tipos

que são produzidos.

Rapidamente, os doces de ovos passaram a ser fonte importante de renda

em muitas vilas do interior de Portugal. E começaram a chamar atenção nas

cidades maiores. Foram parar nos restaurantes de Lisboa, do Porto, de Setúbal, de

Guimarães e daí para o mundo.

Já no Brasil com o cultivo da cana-de-açúcar, a mão de obra escrava

abundante e a tradição doceira dos portugueses, nossas iguarias se enriqueciam

ganhando sabores tropicais, reinventadas por mãos de habilidosas cozinheiras.

Page 24: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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O milho e a mandioca se transformaram em sobremesas e bolos

obrigatórios nas cozinhas coloniais, como cita Gilberto Freyre: "O açúcar refinou o

paladar brasileiro, dando-lhe densidade histórica por intermédio dos doces e

bolos.” (FREYRE, Gilberto -1997).8

Figura 12: Foto Denise Araujo Doce Ambrosia / Quindins de Iaiá -

Fonte: http://letrassaborosas.blogspot.com.br Acesso em 28 de abril.2012

Em Pelotas, os primeiros doces foram introduzidos aproximadamente na década de 1860, quando começa o período de apogeu do município, herdando a tradição doceira de Portugal. Aqui chegando os imigrantes, portugueses tinham em sua bagagem diversas

receitas trazidas de sua região de origem. Sendo escassa a produção de açúcar no

Rio Grande do Sul fazia-se necessário a importação dos Estados do Rio de Janeiro,

8 . FREYRE, Gilberto. Açúcar: uma sociologia do doce, com receitas de bolos e doces do Nordeste do

Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

Page 25: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

25

Bahia, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo, já que este ainda estava longe de

ser mercadoria ao alcance de todos.

Chegando pelo porto de Rio Grande, a maior parte do carregamento vinha

para Pelotas. No século XIX, já havia grande produção de frutas como a laranja, o

pêssego, o marmelo e a bergamota, passando as compotas a fazer parte das mesas

das famílias portuguesas aqui residentes. As poucos foram introduzidos os doces

cristalizados, as passas e os doces em massa, feitos em tachos por velhas escravas e

vendidos nas ruas.Os doces tradicionais eram servidos nos intervalos dos saraus

(festas com música) envolvidos em papéis de seda rendados e franjados. Sua

produção era realizada de maneira caseira pelas mulheres e suas escravas.

O açúcar utilizado nas mais variadas sobremesas, como os camafeus, bem-

casados, fios-de-ovos, papos-de-anjo, ninhos e os pastéis de Santa Clara, era

proveniente da região Nordeste do Brasil em troca do charque. Temerosas pela

escassez deste ingrediente essencial, as escravas passaram a diminuir a quantidade

de açúcar na produção dos doces, transformação a qual trouxe um diferencial que

agradou muito ao paladar dos consumidores da época.

Logo, este prestígio foi rompendo fronteiras e os doces levados para fora do

Município. Parte dessa história sobrevive graças à dedicação de doceiras que se

mantêm fiéis às receitas dos antepassados portugueses. Hoje em dia a produção

tornou-se fonte de renda para muitos: vendedores ambulantes, donos de

confeitarias, banqueteiras profissionais professoras de culinária, entre outros.

Também houve mudanças nas receitas, metamorfoses típicas das tradições

duradouras. E os doces num processo dinâmico, alcançaram todos os interstícios da

sociedade.

As formas artesanais de produzir doces, sobretudos os doces de frutas;

provenientes dos novos ocupantes que vieram da Europa; sobrevivem na zona rural

onde se preservam métodos e utensílios antigos: tacho de cobre, colheres de pau e

Page 26: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

26

fogões a lenha. A produção para o mercado também é realizada por empresas de

porte, que operam no Distrito Industrial de Pelotas.

Alem de diferenciar Pelotas, esse produto é um elemento importante na

composição da memória social e da identidade cultural - patrimônio que merece

reconhecimento de todo pais.

Figura 13: Doces variados com apoio do SEBRAE- Fonte: http://www.sebrae-rs.com.br

Acesso em 28 de abril.2012

Tipos

• Doces finos: segundo a tradição entende-se por aqueles que são fabricados

consoantes as tradicionais receitas trazidas pelas famílias portuguesas ou filhos de

charqueadores que viajavam pela Europa e traziam consigo tais receitas. Por serem

feitos com ingredientes caros e raros, eram servidos somente em festas de alta

classe, tornando assim uma especiaria que remete ao glamour, riqueza e

prosperidade;

Page 27: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

27

Figura 14: Doces variados- Fonte: http://cadocesfinos.com/blog/doces-tradicionais-de-pelotas-historia

Acesso em 29 de abril.2012

• Doces caseiros: geralmente são confeccionados com frutas da época como

banana, pêssego, morango, abóbora, e outros mais.

Figura 15: Doce de abobora - Fonte: http://acozinhadabizza.blogspot.com.br

Acesso em 29 de abril.2012

• Compotas: são doces preparados com frutas inteiras, em calda rala. É uma

forma de conservar as frutas de estação para consumi-las o ano inteiro. As

compotas se conservam por muitos meses quando acondicionadas em vidros

esterilizados e bem tampados e guardadas em geladeira; ou preparadas

Page 28: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

28

diretamente em recipientes próprios para compotas, encontrados nas casas

especializadas em utensílios domésticos, cozidas em banho-maria hermeticamente

fechadas;

Figura 16: Compota de pêssegos - Fonte: http://www.vivaocharque.com.br

Acesso em 29 de abril.2012

• Schimias ou geléias: são doces de frutas preparados para serem utilizados

como coberturas de pães, bolachas e tortas;

Figura 17: Geléia de pêssego - Fonte: http://www.cozinhasitatiaia.com.br

Acesso em 29 de abril. 2012

Page 29: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

29

• Doces cristalizados: são frutas cozidas, mergulhados em calda de açúcar e

água polvilhados com açúcar cristal;

Figura 18: Doces cristalizados variados - Fonte: http://www.jeriva.com.br/pt-br

Acesso em 29 de abril.2012

• Doces em pasta: Também chamado de doce em barra ou marmelada, é um

doce feito com fruta, água e açúcar fervidos até obterem uma consistência que

após esfriar possa ser cortado.

Figura 19: Doces em barra de goiaba e doce de leite- Fonte: http://www.cpt.com.br

Acesso em 29 de abril.2012

Page 30: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

30

2.3. Principais conceitos relacionados a fim de edificação

2.3.1 Estações ferroviárias:

Importância

As estações ferroviárias tiveram um papel preponderante não somente no

Brasil como em todo o mundo.

Influenciaram no surgimento e crescimento dos núcleos urbanos,

centralizando a vida das povoações. Junto com as ferrovias, vinham uma serie de

melhorias urbanas, tais como: iluminação, escolas, correios, jornais, revistas,

atividades políticas e culturais, dentre outras, nessa época as ferrovias eram

sinônimo de progresso e modernidade.

2.3.2 Os doces:

É possível perceber uma interação da cidade com os doces, e a importância

que eles representam para a economia da cidade. Por essa razão, foi criada a Feira

Nacional do Doce. Nesse contexto, vários eventos são realizados no Centro

Histórico e nos bairros em comemoração ao evento, a fim de demonstrar o

potencial turístico, artístico e gastronômico da cidade, preservando a memória

doceira e as tradições trazidas de Portugal.

2.4. Evolução

2.4.1. Estações ferroviárias:

No Brasil são numerosas as histórias de abandono e desativação de

ferrovias, que com o encerramento da atividade, sobrecarregam o transporte

rodoviário. Além dos problemas sociais e de transportes associados de forma mais

Page 31: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

31

evidente, há também uma grande perda de patrimônio físico, econômico, histórico

e cultural com a desativação de nossas ferrovias. O transporte ferroviário vem se

tornando, em muitas localidades, apenas uma vaga lembrança, compartilhada

apenas pelos mais velhos.

Nos últimos anos, tem sido recorrentes, as solicitações de tombamento de

estações ferroviárias e/ou conjunto de edificações ligadas às atividades ferroviárias.

Vários municípios, através de suas administrações ou entidades não

governamentais, tem apresentado interesse em cuidar das suas estações, como

forma de resguardar a memória e a importância que elas apresentam.

Figura 20: Ruínas da Estação ferroviária de Cachoeira Paulista, SP / Ruínas da Estação Engenho Correa, SP Fonte: http://blogdogiesbrecht.blogspot.com.br

Acesso em 29 de abril.2012

Page 32: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

32

2.4.2. Os doces:

Para caracterizar e inscrever a tradição doceira da região na categoria de

patrimônio imaterial brasileiro, o Programa Monumenta patrocinou um projeto de

pesquisa abrangente, que ficou sob-responsabilidade da Câmara de Dirigentes

Lojistas, apoiada pela Secretaria Municipal de Cultura e Pela Universidade Federal

de Pelotas, onde se formou a equipe de pesquisa, coordenada pela professora

Flavia Mara Silva Rieth.

Seguindo a metodologia recomendada pelo IPHAN, a equipe definiu os bens

a serem inventariados - doces finos e coloniais. Assim como os doces e demais

projetos desenvolvidos na cidade o programa Monumenta deu um poderoso

impulso á recuperação do Patrimônio material e imaterial de Pelotas, alcançando o

objetivo estratégico de conjugar a preservação desses bens culturais com o

desenvolvimento econômico e social.

Em 2003, de acordo a Lei n° 11919/2003, os doces artesanais de Pelotas e o

acervo de receitas portuguesas e açorianas foram considerados Patrimônio Cultural

do Estado, através do IPHAN e graças ao programa Monumenta, que atribui

importância em nível nacional a arte de fazer doces.

Page 33: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

33

2.5. Estado Atual da Arte

2.5.1. Estações ferroviárias:

Ainda hoje, preserva-se na memória coletiva o tempo em que se viajava de

trem, e mais do que isso, viajar de trem representava a possibilidade de muitas

emoções, desde a beleza das paisagens cortadas pelos trilhos até a contrariedade

com as condições nem sempre idéia do transporte.

Em varias regiões as Estações Ferroviárias constituem um patrimônio, que

em algumas décadas, se encontra, passando por processos de abandono e

destruição e somente permanecem ativas aquelas que se transformaram em

estações de trens metropolitanos; as que se estão no caminho dos poucos trens

turísticos e as poucas que são utilizadas como centrais de recebimento de cargas

além daquelas que são utilizadas para fins culturais, como casa de cultura e

memorial.

Figura 21: Foto: Jeferson Bernardes Figura 22: Casa de Cultura de Canela RS - Estação da Luz, SP, hoje abriga Trens Metropolitanos - Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br Fonte: http://www.flickr.com/photos Acesso em 29 de abril.2012 Acesso em 29 de abril.2012

Page 34: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

34

2.5.2. Fenadoce:

A Feira Nacional do Doce, popularmente conhecida como Fenadoce, é um

evento que ocorre no município de Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul, desde

o ano de 1986 e ao longo do tempo, consagrou-se como a principal atração

turística da região sul do RS, com uma mistura de shows, gastronomia, lazer e

turismo.

Em 2012, a feira pelotense terá a sua 20ª edição realizada novamente no

Parque de Eventos Fenadoce, nas proximidades da BR-116 e Avenida João Goulart,

rodovia responsável pelo fluxo de acesso no sentido Pelotas - Rio Grande.

Devido à feira Pelotas recebe uma grande parcela de turistas durante a

realização do evento, vindos das mais diversas localidades do país. Algumas

atrações são: Fenashow, Cidade do Doce, Praça de Alimentação, Estância Princesa

do Sul, Parque de diversões.

Figura 22: Foto: Vinicius Fernandes Figura 23: Fenadoce - Desfile do doce. Fenadoce - cidade do doce Fonte: http://rioparanaempalavras.blogspot.com.br Fonte:http://eigatimaula.blogspot.com.br Acesso em 29 de abril.2012 Acesso em 29 de abril.2012

Page 35: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

35

3. ANÁLISE DE PRECEDENTES

3.1 Modelo 1: Shopping Estação, Curitiba PR - antiga Estação Ferroviária.

Ficha Técnica:

Obra: Shopping Estação, intervenção arquiteto Manoel Dória.

Local: Av. Sete de Setembro, 2775. Bairro Rebouças, Curitiba/ PR, Brasil.

Data da abertura do prédio da estação: 1885.

Data da desativação da Estação ferroviária: 1972.

Data da construção do Shopping: 1997.

Prédios integrados: Um museu (prédio da estação Ferroviária), dois teatros e o

“Estação Convention Center” (edificação em anexo).

Figura 23: Foto: Alfredo Rodrigues - Figura 24: Foto: Morio- Intervenção (anexo) Fachada Estação de Curitiba Fonte: http://pt.wikipedia.org Fonte:http://www.curitibacityphotos.blogger.com.br/ Acesso em 01 de Maio de 2012. Acesso em 01 de Maio de 2012.

Page 36: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

36

Localizado anexo à antiga estação ferroviária de Curitiba, no bairro

Rebouças, o Shopping Estação teve sua arquitetura projetada para manter a

concepção original arquitetura Ferroviária, integrando o antigo e o novo,

valorizando a iluminação natural e os jardins internos com sistemas de alta

tecnologia em coberturas de vidro. É um espaço multiuso que reúne compras, lazer,

cultura e eventos.

Figura 24: Estação Curitiba inicio do sec. XX - cartão Postal / Pátio da estação em 1904. Foto do livro "Rebouças", de Eduardo Emilio Fenianos

Fonte:http://www.curitibacityphotos.blogger.com.br/ Acesso em 01 de Maio de 2012.

Sua composição apresenta-se linear devido o prédio da antiga Estação

instalar-se em todo o alinhamento predial. Como a configuração do terreno não

oferecia possibilidade para expansão horizontal, a solução foi verticalizar o novo

edifício, erguendo prédio sobre prédio.

No entanto apresenta ao mesmo tempo de forma aditiva, pois se percebe

vários volumes articulados no seu anexo.

Page 37: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

37

Figura 25: Corte longitudinal - Fonte http://www.arcoweb.com.br- acesso em 01 de Maio de 2012.

Figura 26: Verticalidade e forma aditiva na composição / Adição de vários volumes interligados Fonte:http://www.omelhoremcuritiba.com.br

Acesso em 01 de Maio de 2012.

A hierarquização desta edificação caracteriza-se por dois aspectos

facilmente identificáveis, são estes: As cúpulas de vidro, onde a maior (centro de

convenções) confere um diâmetro de 20m. Outro ponto que se define a

hierarquização é caracterizado pela diferença de alturas dos volumes que o compõe

tanto o anexo quanto o prédio da Antiga Estação. Tanto no anexo, quanto na

construção antiga, transmite-se a idéia de escalonamento.

Page 38: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

38

Figura 27: Corte e Planta da Cúpula - Fonte http://www.arcoweb.com.br - acesso em 01 de Maio de 2012.

O Edifício se apresenta estratificando objetos, mais leves sobre os mais

pesados. Em alguns pontos encontra-se firmemente apoiado no solo, mas em

outros apresenta elementos mais leves como pilotis e uso de vidro.

Como possui um pé direito bastante elevado, em ambas as edificações

transmitem a idéia de monumental em relação tanto ao entorno, quanto a escala

humana. Fachada livre (vidro) e perfurada (mistura de cheios e vazios).

Figura 28: Diferentes sensações e monumental / Acesso ao Boulevard Fonte: http://www.arcoweb.com.br

Acesso em 01 de Maio de 2012.

Page 39: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

39

Contrapõe-se com o entorno devido aos materiais e a forma aplicada,

linguagem contemporânea do anexo e o estilo eclético da antiga Estação.

Figura 29: 3D do Shopping Estação, Fonte: Google Earth. Acesso em 01de abril.2012

Composição planimétrica: Possui assimetria em quase todos os espaços de

circulação. Eixos verticais bem marcados (acessos e circulações) que se voltam

sempre parte o átrio central ocupado pela praça de alimentação. Utiliza

geometria planar e volumétrica no projeto. Caracteriza-se por fluxos

verticais. Estes possuem um grau de destaque com relação ao restante da

edificação.

Figura 30: Elevações Oeste e Leste - Fonte http://www.arcoweb.com.br - acesso em 01 de Maio de 2012.

Page 40: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

40

Figura 31: Verticalidade nos acessos / Circulações voltas para o átrio

Fonte: http://www.arcoweb.com.br

Acesso em 01 de Maio de 2012.

Como se trata de um patrimônio histórico, o edifício onde funcionavam as

bilheterias e a administração foi recuperado e integrado ao projeto, tendo

destinação cultural. Por dentro, na parte onde era a plataforma de embarque e

desembarque se mantém quase intacto. A antiga construção integra-se à área do

shopping, que, por sua vez, é interligada ao centro de eventos. Ambos, entretanto,

têm acessos independentes. As circulações tem função de levar para o átrio

central, com espaços fluidos (dinâmicos).

Figura 32: Espaços Fluidos / Jardim Interno entre edificação existente e anexo Fonte: http://maps.google.com.br

Acesso em 01 de Maio de 2012.

Page 41: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

41

A nova construção possui uma grade relação com exterior da edificação,

pois possui extensos planos de vidro que servem como elementos de

transição, até mesmos na cobertura (zenital), uso de materiais leves, além de

existir um jardim interno em um dos acessos.

Estrutura baseia-se em estrutura mista de materiais tradicionais:

concreto armado (esqueleto independente) e estrutura metálica em

elementos de ligação e intervenção. A estrutura possui importância, pois é através

dela que é estabelecida a ordem espacial.

Figura 33: Estrutura metálica com vidro / Acesso para o Átrio / Marquise de vidro Fonte: http://www.arcoweb.com.br

Acesso em 01 de Maio de 2012.

Para garantir o conforto ambiental, foram utilizados vidros verdes

refletivos de alto desempenho de dez milímetros (coeficiente de sombreamento

0,30). Jogos de luz e sombra que permite melhor aproveitamento da luz solar em

conjunto com os revestimentos (pedras em tons claros) evita o aquecimento no

interior.

Page 42: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

42

3.2 Modelo 2: Estación de Atocha ou Estación de Mediodia

Ficha Técnica:

Obra: Estação de Atocha.

Local: Plaza del Imperador Carlos V, Madrid - Espanha.

Data da abertura do prédio da estação: 1951.

Data primeira restauração: 1892, Arquiteto Alberto Martín Palácio.

Data da atual intervenção: 1992, intervenção arquiteto Rafael Moneo.

Figura 34: Fachada da Estação de Atocha Figura 35: Detalhe do relógio preservado na fachada Fonte: http://edtoday.wordpress.com Fonte: http://pt.photaki.com Acesso em 03 de Maio de 2012. Acesso em 03 de Maio de 2012.

A estação de Atocha, foi a primeira estação ferroviária na Espanha. Foi

inaugurada em 1951, primeiramente conectava a cidade de Madrid com Aranjuez,

Page 43: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

43

uma cidade cerca de 47 quilômetros de da capital. Apos três anos de construção

conectou Barcelona com a cidade de Mataró.

A estação ferroviária foi originalmente chamada “Estación de Mediodia”,

mas agora é conhecido como "Estación de Atocha "ou estação de Atocha. (nome de

uma área do distrito de Arganzuela, e meios no espanhol velho sul).

Figura 35: Estação com trens a vapor / Fachada permanece intacta, década de 80 Fonte: http://www.laestaciondetren.net

Acesso em 03 de Maio de 2012.

A estação original foi completamente destruída por um incêndio, dez anos

após sua construção. Em 1892, foi substituída por uma estação maior, com uma

abóbada de ferro forjado.

A nova estação transmite a idéia de composição nuclear, onde a forma se

desenvolve através da "abóbada central". Este elemento ainda possui a função de

destaque, mostrando uma hierarquia sobre os demais volumes tanto em sua

Page 44: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

44

altura quanto na largura. A ideia de escalonamento apresenta-se visivelmente

nesta edificação.

Projetada então por Alberto Martín Palácio com a ajuda de Gustave Eiffel,

sendo designada na altura por "Estación de Mediodía". Ainda Hoje é o edifício

considerado um dos mais notáveis exemplares da arquitetura do ferro e vidro,

sendo um marco da arquitetura século XIX, sua construção apresenta-se

monumental tanto na escala humana quanto em sua relação com o entorno.

A edificação consiste em dois volumes simétricos e ritmados

solidamente apoiados no solo, porem interrompidos por uma abóbada de vidro

(contraste entre os materiais), através dos cheios e vazios da fachada

perfurada.

Figura 36: Detalhe da Praça del Imperador na década de 80 / Nova fachada após o incêndio Fonte:

http://www.laestaciondetren.net

Acesso em 03 de Maio de 2012.

Page 45: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

45

No final do século XX, desaparecidos os trens a vapor e a carga que antes

enchia a estação, foi feita uma remodelação que dotou a estação um jardim

tropical (The tropical garden) abaixo da cúpula central.

Possuindo 4.000 m² de área, encontram-se plantadas mais de 7.000 plantas

de 400 espécies diferentes vindas de países como Índia, Austrália, Ásia e China.

Nesse átrio que anteriormente servia como galpão dos trens, hoje possui a função

de centralização dos espaços através das circulações simétricas e dos espaços

fluidos (dinâmicos) que se direcionam para o mesmo, que compõe uma

geometria volumetrica.

Figura 37: The tropical Gardem, criado por Moneo / Jardim Centralizando os espaços

Fonte: http://www.minube.pt

Acesso em 03 de Maio de 2012.

A antiga Atocha foi completamente renovada e transformada em uma área

de descanso com um grande jardim tropical, cercada por lojas, bares e

restaurantes. Ao mesmo tempo ela possui a função de conectar-se com plataformas

da avenida expressa, a proposta de continuidade e permeabiliade e feita

atravez de elementos de transição (vazados e vidro) entre interior e exterior que só

é percebida pelo jardim interno e as plataformas para os trens

metropolitanos.

Page 46: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

46

Figura 38: Praça de alimentação no átrio central / Detalhe da estrutura

Fonte: http://www.minube.pt

Acesso em 03 de Maio de 2012.

Outra parte do projeto de substituição foi as pontes, na praça em frente a

estação - a Plaza del Emperador Carlos V – onde foram substituidas por túneis.

Como resultado os visitantes podem agora desfrutar de uma vista bonita da

estação de trem.

Figura 39: Acesso para as plataformas de embarque / Contraste entre o antigo e a intervenção

Fonte: http://www.minube.pt

Acesso em 03 de Maio de 2012.

Page 47: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

47

Como existem grandes desníveis na construção, o arquiteto procurou

encontrar uma forma para as novas instalações dos terminais. A entrada criada

mais elevada sai direto no átrio central, onde temos uma clarabóia. Já o acesso à

estação de metrô é subterrâneo, próximo da parte externa. Na parte alta se

encontram os trens de alta velocidade.

Figura 40: Corte longitudinal - Fonte http://www.laestaciondetren.net - acesso em 03 de Maio de 2012.

A relação entre a estrutura e a vedação é apresentada de forma mista

com materiais tradicionais. O Uso do ferro forjado, fez com que este fosse um

dos marcos do modo de construir no século XIX. A estrutura metálica se deu,

sobretudo nas intervenções. Apesar de a edificação ser um grande vão sem muitos

espaços compartimentados, a estrutura apresenta papel de ordenadora espacial,

pois a partir dela definem-se os usos em cada espaço.

Foi utilizado nessa obra, sobretudo pedra talhada, ferro e vidro. O

telhado de ferro foi construído na Bélgica, com um sistema estrutural do tipo De

Dion, dando ao edifício a sua cor vermelha distintiva

Page 48: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

48

Figura 41: Plataforma para trens metropolitanos / Claraboia do átrio central Fonte: http://www.minube.pt

Acesso em 03 de Maio de 2012

O projeto de restauração é marcado por novos volumes, que contrasta o

caráter tectônico com a construção do século 19. Apesar de se encontrarem

separados dão a idéia de continuidade pelo uso dos materiais aplicados e as

formas que os compõe.

Figura 42: Espaço para estacionamento aberto / Volume do estacionamento. Fonte: http://www.minube.pt

Acesso em 03 de Maio de 2012

Page 49: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

49

A construção histórica ganhou também uma nova torre do relógio e uma

praça de acesso, rebaixada e protegida do movimento do nó viário, que integra o

espaço interior com o espaço exterior, mas mantendo como destaque a Estação de

Atocha. Dá-se a idéia de fusão da a praça e o entorno com a Estação.

Figura 43: Revitalização da aera - Praça del Imperador Figura 44: Nova torre do relógio Fonte: http://pt.photaki.com Fonte: http://www.minube.pt Acesso em 03 de Maio de 2012. Acesso em 03 de Maio de 2012

Moneo não trabalhou com o entorno, como se fosse “uma estrutura superior

que não permite ser auto-suficiente”. Ele não pretende criar apenas uma

continuação do existente, mas uma idéia que pode dialogar com a situação

existente: “A intuição atua com liberdade”.

Figura 45: Acesso para os estacionamentos Figura 46: Alargamento das vias, melhor visual da Estação. Fonte: http://pt.photaki.com Fonte: http://www.minube.pt Acesso em 03 de Maio de 2012. Acesso em 03 de Maio de 2012

Page 50: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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3.3 Outras estações que sofreram intervenção: Museu Ferroviário de Vila Velha (Museu do Vale)

Localizado: Vila Velha, ES

Figura 46: Fachada da edificação / Restaurante feito a partir de um vagão Fonte: http://www.overmundo.com.br

Acesso em 03 de Maio de 2012.

Estação das Artes Eliseu Ventania

Localizado: Mossoró, RN

Figura 47: Ralação com o entorno / Interior preservado Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br

Acesso em 03 de Maio de 2012.

Page 51: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

51

Casa da cultura de Canela

Localizado: Canela, RS

Figura 48: Trem a vapor anexado a composição / Espaço da casa do artesão Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br

Acesso em 03 de Maio de 2012.

Fundação Cultural de Canoas

Localizado: Canoas, RS

Figura 49: Fachada / Inserida no entorno

Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br

Acesso em 03 de Maio de 2012

Page 52: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Memorial da Coluna Prestes

Localizado: Santo Ângelo, RS

Figura 50: Estação com traços coloniais / Marquise da plataforma e trilhos preservados Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br

Acesso em 03 de Maio de 2012.

Centro Cultural Estação Mapocho

Localizado: Santiago Chile

Figura 51: Fachada principal com praça seca / Estrutura metálica na intervenção Fonte: http://www.ruta-patagonia.com

Acesso em 03 de Maio de 2012.

Page 53: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

53

3.4 Conclusão:

Após analisar alguns referenciais teóricos, conclui-se que grande parte das

antigas Estações Ferroviárias que hoje são centros de cultura / memórias, está

agregada a dois fatores: - a importância cultural que as Estações Ferroviárias

possuem (por se tratarem em grande parte de bens tombados que exigem

preservação, agregando o conhecimento cultural que a própria edificação por si só

pode transmitir para o usuário); - e por oferecer grande espaço livre para que

sejam feitas exposições, apresentações artísticas, entre outras atividades.

Procurou-se nesta análise de precedentes, buscar referenciais que possam

contribuir de forma significativa no projeto como, por exemplo, a maneira como

foram solucionados os problemas das intervenções em um patrimônio, para que

este fique evidenciado porem não descaracterize o bem, intervenção integrada.

Page 54: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

54

4. SÍTIO

4.1. Apresentação:

Devido a sua localização privilegiada na malha urbana, servindo de ligação

entre os bairros Simões Lopes e o Centro, a área ocupada pela Estação Férrea,

possui um potencial para polo de cultura e lazer, aproveitando a estrutura existente

e podendo caracterizar-se como um parque urbano.

Figura 52: Detalhe da plataforma Figura 53: Espaço livre com potencial construtivo Foto: Acervo Secult Foto: http://www.geolocation.ws Acesso em 29 de abril.2012 Acesso em 29 de abril.2012

Page 55: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

55

4.2. Localização:

Endereço: Encontro das Ruas Marcilio Dias e Dom Pedro II, na Praça Rio Branco, n°

7 - Pelotas RS.

Área do terreno (utilizada para projeto): 3.578,22 m².

Dimensões: Norte 67,24 m; Sul 66,39 m; Leste 66,13 m; Oeste 53,86 m.

Figura 54: Localização da Área de projeto- Foto: Imagem Google Earth. Acesso em 29 de abril.2012.

Page 56: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

56

4.3. Justificativa:

A preservação desse espaço justifica-se pelo seu valor histórico. A partir da

década de 80, a Estação Férrea passou a ser entregue a destruição natural devido o

tempo e também a atos de vandalismo. A praça do seu entorno hoje serve como

terminal rodoviário, impedindo a visualização do prédio.

Pretendo através desse projeto, propor a requalificação da Estação Férrea,

retomando seus valores como objeto de importância histórica e cultural da cidade

de Pelotas, mas, voltado a um uso que traga movimento e dinamismo para a área.

Figura 55: Praça Rio Branco - Pedra Portuguesa Figura 56: Largo de Portugal- Foto: Acervo Secult Fonte: http://www.geolocation.ws Acesso em 29 de abril.2012 Acesso em 29 de abril.2012

Page 57: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

57

4.3.1 Projeto de uso atual da Estação Férrea:9

Semelhante à proposta de projeto apresentada, tornou-se publico um

projeto desenvolvido pelas Secretarias de Gestão Urbana e Cultura desde 2008.

Este projeto visa promover a recuperação e a reciclagem de uso do prédio

principal e do antigo sanitário público do complexo da Estação Férrea de Pelotas.

Em parceria com o Ministério Público Federal e CEREST, está proposta a

utilização do prédio principal como sede do PROCON e do CEREST-Sul, além de

abrigar o Memorial da Rede Ferroviária. Já o prédio do antigo sanitário está

previsto para ser utilizado como posto de informações turísticas e da Guarda

Municipal.

Os novos usos propostos cumprem importante papel no atendimento à

comunidade em geral e também ao turista, proporcionando a reapropriação desse

importante espaço da cidade de forma segura e sustentável.

O projeto reforçaria meu conceito de intervenção na Estação Férrea de

Pelotas, pois mostra claramente as potencialidades turísticas e culturais que

apresenta.

9 . Fonte: Secretaria Municipal de Cultura - Secult, 2012.

Page 58: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

58

4.3. Legislação:

Macro região administrativa: Fragata

Micro região administrativa: Bairro Simões Lopes

Normas da Zrl - usos

Conforme: Residências unifamiliar; Residências multifamiliar; Residências Coletivas;

Atividades terciárias 3; Usos especiais 2,3 e 4.

Permissível: Atividades terciárias 1, 2/2 e 4; Industria 1.

Proibido: Atividades Terciarias 2/1; Usos Especiais 1; Industria 2,3,4,5; Atividades

agropastoris.

Índices de aproveitamento: (I.A): Conforme 2; Permissível 1

Taxa de ocupação(T.O): Conforme: 66,6%; Permissível: 50%

Altura: 12 metros ou 4 pavimentos.

Recuos

Ajardinamento: 4 metros

Frontal: isento

Lateral: mínimo 2,5 metros ou L/4

Fundos: mínimo 2,5 metros P/10 h>7 metros

A estação férrea se encontra localizada dentro de áreas de proteção que estabelecem parâmetros para intervenção e revitalização, são estes:

Page 59: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Zona de preservação do patrimônio cultural - Lei 4568/00: é atualmente o principal

instrumento legal utilizado pelo poder municipal para a preservação do patrimônio

histórico Arquitetônico de Pelotas.

V - FEIC (Focos de interesse cultural) - Estação férrea

Decreto Lei n° 25/1937: Art. 1º Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional

o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de

interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil,

quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou

artístico.

Lei municipal nº 4.315: O prédio da Estação Férrea de Pelotas foi tombado no dia

22 de Setembro de 1998 pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE);

Page 60: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

60

ZPPC 2: Sítio do segundo Loteamento: Região do entorno da praça Cel. Pedro

Osório que desde o século XIX, caracteriza-se como centro da cidade. Representa o

poder e a Riqueza da época das charqueadas, através de seus prédios de

arquitetura eclética.

Figura 57: Figura: Mapa da ZPPC - Foto: Acervo Secult. Acesso em 29 de abril.2012.

Conforme as normas citadas a cima ( 3°Plano Diretor e Lei de Preservação

do Patrimônio Cultural de Pelotas) o projeto tem como base potencialização do

Bairro Simões Lopes como um Centro de Cultura Popular, complementando a idéia

de enfatizar os acessos ao centro histórico de Pelotas, integrando assim o espaço

urbano com a Viação Férrea.

Page 61: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

61

5. ESTUDO DO ENTORNO

5.1. Clima; Micro Clima; Topografia

O clima de Pelotas é subtropical úmido ou temperado. Os verões são tépidos

e com precipitações regulares, com as temperaturas máximas absolutas do ano

situando-se entre 34°C e 36°C, aproximadamente, enquanto os invernos são

relativamente frios, com geadas freqüentes (com uma média de 20 por ano) e

ocorrência de nevoeiros, com temperaturas mínimas absolutas do ano entre -2°C e

0°C.A temperatura média anual da área urbana do município é de 17,5°C, sendo

janeiro o mês mais quente, com temperatura média de 23°C, e julho o mês mais

frio, com média de 12°C.

Page 62: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

62

Por estar situada numa planície próxima ao oceano, a área urbana do

município de Pelotas situa-se em baixa altitude, com, em média, 7 metros acima do

nível do mar. O interior do município está sobre um planalto com elevações

médias, denominado Serras de Sudeste. O prédio da Estação Férrea e seu

entorno imediato apresentam uma topografia regular variando entre os níveis 3 e 4

em relação ao nível do mar.

Figura 58: Vista panorâmica da área de estudo. Fonte: Acervo pessoal. Acesso em 29 de Abril de 2012.

Page 63: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

63

5.2. Usos do Solo

Figura 59: Estudo do usos do solo, levantamento TCC acadêmica Luciane Mendes, acervo UCPEL

Acesso 21 de Maio de 2012

Através do levantamento pode-se perceber que há uma predominância de

residências no local. Existem também oficinas de pequeno e médio porte. No

entorno da Estação Férrea, onde acreditamos que estas empresas tenham se

instalado pois existe um terminal de empresas de transporte coletivo localizado na

Praça Rio Branco.

Com relação as atividades comerciais e de serviços nota-se uma diversidade

e equilíbrio destes usos, já que o Plano Diretor não faz restrições para essas áreas.

Page 64: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

64

Figura 60: Imagem edificações pela Av. Brasil, acervo pessoal.Acesso em 23 de Maio de 2012.

Figura 61: Imagem Av. Brasil (direção bairro / centro), acervo pessoal.Acesso em 23 de Maio de 2012.

Figura 62: Imagem Av. Brasil (direção centro / saída de Pelotas), acervo pessoal.Acesso em 23 de Maio de 2012.

Page 65: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

65

5.3. Vias e Circulações

A área estipulada para a implantação do projeto situa-se na divisa do Bairro

Simões Lopes com o Bairro Centro, na Zona de Preservação Cultura de Pelotas

(ZPPC).

A Estação Férrea de Pelotas e o lote que será utilizado neste projeto, estão

situados nas ruas Marcilio Dias e Dom Pedro II (edificação existente) e Avenida

Brasil (lote onde será feito o anexo).

Nas demais vias de seu entorno, o trafego de veículos e bom,

principalmente no largo de Portugal, devido as linhas de transporte coletivo. As ruas

Marcilio Dias e Avenida Brasil desempenham um papel de grande importância, pois

que servem de ligação para vários bairros e até mesmo outros municípios.

É importante ressaltar que grande parte das vias conservam o

paralelepípedo original.

Figura 63: Vista da Rua Marcilio Dias / Vista da Rua Dom Pedro. Fonte: acervo pessoal. Acesso 23 de Maio de 2012.

Page 66: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

66

Figura 64: Vista da Avenida Brasil. Fonte: acervo pessoal. Acesso 23 de Maio de 2012.

Figura 65: Marcação das vias de acesso a Estação Férrea. Foto: Imagem Google Earth. Acesso em 29 de abril.2012.

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67

5.3.1.Infra estrutura das vias:

Através do levantamento pode-se constatar dominância do uso de

paralelepípedos irregulares e asfalto. O uso do paralelepípedo é comum em locais

onde se caracterizam por ser em sítios históricos devido a época em que foram

aplicados.

O asfalto foi aplicado na tentativa de manter a via em bom estado para o

trânsito que se mantém intenso em vias como Av. Brasil e Rua Marcilio Dias, no

entanto acaba causando uma descaracterização do local o qual deveria ser mantido

e preservado com suas características originais, já que trata-se de um sitio histórico.

O estado de conservação, bem como os materiais utilizados em praças e

passeios estão diretamente relacionados ao tipo de material que os constitui e a

época em que foram executados. No caso do paralelepípedo existente no local

apesar de encontrar-se falhado, é de boa qualidade, porem de difícil manutenção,

já o asfalto é inferior, porem a sua manutenção é fácil e de baixo custo. Desse

modo, atualmente as vias que estão em melhor estado de conservação são aquelas

que possuem pavimentação asfaltica. Estas vias são as principias vias de acesso à

Estação Férrea.

Figura 66: Detalhe do paralelepípedo aparente na Praça Rio Branco. Fonte: acervo pessoal. Acesso 23 de Maio de

2012.

Page 68: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

68

Figura 67: Estudo das vias, levantamento TCC acadêmica Luciane Mendes, acervo UCPEL Acesso 21 de Maio de 2012

Page 69: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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5.3.2 Transporte Coletivo:

Através do mapa podemos perceber que esta é uma área que está bem

abastecida pelo transporte coletivo. Alem disso pode ser constatado dois pontos de

taxi e uma parada ( saída e chegada) do ônibus Expresso Embaixador.

Os transportes coletivos possuem um trajeto que percorre boa parte da

cidade. As linhas de ônibus que levam até a área da Estação Férrea são: Linha Py

Crespo; Linha Santa Terezinha; Linha Pestano e Linha São Jorge (interbairros

circular).

Figura 68: Ponto de táxi / Parada de ônibus da empresa Expresso Embaixador.

Fonte: Acervo pessoal. Acesso: 23 de Maio de 2012.

Figura 69:Terminal de ônibus na Praça Rio Branco

Fonte: Acervo pessoal. Acesso: 23 de Maio de 2012.

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70

5.4. Elementos e Edifícios de destaque

5.4.1 Inserção da Estação na Cidade

Figura 70: Estudo das vias, levantamento TCC acadêmica Luciane Mendes, acervo UCPEL

Acesso 21 de Maio de 2012

Page 71: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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5.4.2 Pontos de Destaque:

Por se tratar de uma área antiga, apresenta no entorno, vários prédios de

destaque arquitetônico e histórico. Estes prédios são o Castelo Simões Lopes; o

prédio do IBGE, situado na Rua Manduca Rodrigues; e a própria Estação Férrea e

sua passarela. Ainda temos outras edificações que não possuem importância

arquitetônica, porem contribuem de alguma forma para evidenciar o local,

podemos citar com exemplo o Engenho Santa Inácia, situado na Rua Dom Pedro II;

o prédio do IF Sul Rio-grandense; a Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida, situada

na Av. Brasil; Supermercado Guanabara, que atrai população de varias partes da

cidade. Além dos elementos que compõem os sítios urbanos como por exemplo,

Largo de Portugal e a Praça Rio Branco.

Figura 71: Castelo Simões Lopes. Figura 72: Prédio do IBGE Figura 66:Engenho Santa Inácia Fonte http://luccianorocha.blogspot.com.br. Fonte: TCC Luciene Mendes Fonte: TCC Luciene Mendes Acesso: 23 de Maio de 2012 Acesso:23 de Maio de 2012 Acesso:23 de Maio de 2012

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Figura 73: Supermercado Guanabara Figura 74: Campus If Sul Riograndese Fonte: Acervo Pessoal Fonte: http://jornaleletrocondutor.blogspot.com.br/

Acesso: 23 de Maio 2012 Acesso: 23 de Maio de 2012.

5.5. Relação edifício-lote, tipo de espaço urbano configurado (Figura-Fundo)

5.5.1As Alturas:

Podemos observar que a grande maioria das edificações, que de acordo com

o Plano Diretor poderiam ter uma altura de até 4 pavimentos ou 12 metros, não

ultrapassam a altura de dois pavimento, em ambas as zonas. Isso demonstra uma

falta de aproveitamento do espaço e das alturas, pois são relativamente baixas.

Embora as construções existentes sejam antigas, a altura é mais elevada que as

construções contemporâneas, mantendo uma altura de no máximo 5 metros.

Figura 75:Alturas das Edificações pela Av. Brasil / Altura das Edificações na Praça do Rio Branco esq. Marcilio Dias Fonte: Acervo Pessoal. Acesso: 23 de Maio de 2012.

Page 73: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Figura 76: Estudo do usos das Alturas, levantamento TCC acadêmica Luciane Mendes, acervo UCPEL Acesso 21 de Maio de 2012

Page 74: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Figura 77: Altura das edificações na Avenida Brasil , sentido Bairro / Centro. Fonte: Acervo pessoal.

Acesso: 23 de Maio de 2012.

Figura 78: Altura das edificações na Avenida Brasil , sentido Centro / saída de Pelotas. Fonte: Acervo pessoal.

Acesso: 23 de Maio de 2012.

Figura 79: Largo de Portugal , sentido Centro / Estação Férrea. Fonte: Acervo pessoal. Acesso: 23 de Maio de 2012.

Page 75: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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5.5.2. Parcelamento do Solo:

Através do levantamento do parcelamento do solo, constatou-se que essa é

uma área com grandes potencialidades. Pelo mapa também percebemos que a

divisão dos lotes não passou por nenhum critério que determinasse sua

organização urbana, tão pouco seus tamanhos (alguns lotes variam de 50 m² á

10000 m²). Os lotes existentes nas áreas da ZRI e ZCC apresentam lotes bastante

diversificados quanto as dimensões e formatos que vão desde retangulares,

quadrados e irregulares, como é o caso do lote da Estação Férrea.

Contudo estas edificações em sua maioria se encontram de acordo com as

normas do Plano Diretor e que sua forma se deu desordenada por se tratar de um

bairro que não houve planejamento adequado na época da sua formação,

permitindo que os proprietários fizessem suas divisões de forma livre.

Figura 80: Irregularidade nos lotes / Tamanhos com falta de padronização Fonte: Acervo Pessoal

Acesso: 23 de Maio de 2012

Page 76: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Figura 81: Estudo do usos das Alturas, levantamento TCC acadêmica Luciane Mendes, acervo UCPEL Acesso 21 de Maio de 2012.

Page 77: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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5.5.3. Imóveis Tombados / Inventariados:

Esta área da cidade faz parte da ZPPC, isso quer dizer que neste local se

encontram edificações ou trechos que devem ser preservados como forma de

manter viva a história da cidade e de sua época de ascensão. No mapa a seguir

estão marcados pontos de pavimentações; construções e conjuntos que devem ser

preservados por se tratar de bens inventariados ou tombados.

Figura 82: Estudo do usos das Alturas, levantamento TCC acadêmica Luciane Mendes, acervo UCPEL Acesso 21 de Maio de 2012.

Page 78: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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5.5.4. Sitio e suas características:

Com relação a seu traçado, o terreno da Estação Férrea, apresentar-se de

forma irregular, demonstrando uma desconformidade com do lote com o restante

do entorno. Essa desconformidade ocorre pelo fato dos trilhos do trem delimitarem

o espaço impedindo o crescimento para oeste da cidade.

Figura 83: Estudo do usos das Alturas, levantamento TCC acadêmica Luciane Mendes, acervo UCPEL Acesso 21 de Maio de 2012.

Page 79: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Figura 84: Fachadas, levantamento TCC acadêmica Luciane Mendes, acervo UCPEL Acesso 21 de Maio de 2012.

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Figura 85: Fachada Principal. Fonte: Acervo pessoal. Acesso: 23 de Maio de 2012

Figura 86: Fachada Posterior Fonte: Acervo pessoal. Acesso: 23 de Maio de 2012

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5.6. Esquemas Gráficos

5.6.1. Esquemas Verticais do Entorno:

Na Rua Dom Pedro II, encontra-se apenas uma edificação, o supermercado Guanabara.

Esta Edificação apresenta recuo frontal, que transmite a idéia de descontinuidade do

quarteirão (muros de altura média, no alinhamento predial). Sua forma consiste em um único

bloco de concreto (estruturado) , com marquise apoiada em pilares bastante esbeltos. A

cobertura é escondida por platibanda reta, que cria um contraste dos cheios(estrutura) com os

vazios (planos de vidros), que tornam a sua volumetria com formas retas e simples, com

repetição de elementos,estes por sua vez geram ritmo e simetria para a edificação.

Essa edificação se destaca das demais construções, por seu volume, cores e aspectos

construtivos(planos de vidro e pilotis, arquitetura moderna).

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Figura 87: Imagem Supermercado Guanabara e Praça Rio Branco. Fonte: Acervo pessoal.

Acesso: 23 de Maio de 2012.

Figura 88: Terreno utilizado para estacionamento do Supermercado Guanabara. Fonte: Acervo pessoal.

Acesso: 23 de Maio de 2012.

Figura 89: Espaço do Sambódromo, conjunto ferroviário de Pelotas. Fonte: Acervo pessoal.

Acesso: 23 de Maio de 2012.

Page 83: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

83

Na Avenida Largo de Portugal, as edificações são em estilos épocas diferentes.

Algumas apresentam formas puras e outras são ricas em ornamentação. No entanto todas as

edificações apresentam alinhamento predial sem recuos laterais e único pavimento, o que

confere uma silhueta continua para a quadra.

Embora sejam de épocas diferentes, possuem características marcantes como o uso de

platibandas para esconder a cobertura, no caso das construções em estilo moderno, este

apresenta-se de forma reta, já as edificações no estilo eclético tem-se um frontão que cria a

idéia de escalonamento, destaque e quebra de ritmo do conjunto. Todas as construções em

geral apresentam paredes portantes, telha cerâmica e/ou barro e cimento penteado, embora

algumas edificações tenham colocado outro tipo de revestimento.

Outra característica que as difere em sua composição é a ornamentação. Nesta

fachada tem a predominância dos cheios sobre os vazios.

Page 84: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Figura 90:Edificações existentes no Largo de Portugal. Acervo pessoal.

Acesso: 23 de Maio de 2012.

Figura 91: Detalhe das edificações na esquina da Rua Marcilio Dias. Acervo pessoal. Acesso: 23 de Maio de 2012.

Já a fachada da Praça Rio Branco, apresenta descontinuidade, pela presença de recuo

frontal e lateral em um lote. Este lote também causa descontinuidade e falta de ritmo para a

quadra. Embora todas as edificações sejam de apenas um pavimento, os recuos são visíveis e

as construções feitas em estilos com notória diferença; a primeira construção é eclética com

poucos frisos, base, base discreta e platibanda e um frontão trabalhado em forma de

escalonamento; a segunda edificação é composta por uma mistura de estilos, com jogo de

volumes na fachada e marcação do acesso principal através de um alpendre em formato de

arco, o muro do lote é o elemento que compõe o ritmo e simetria para este espaço.

Page 85: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Semelhante as construções citadas anteriormente possuem paredes portantes,

platibandas, telhas de barro e/ou cerâmicas e cimento penteado, técnica muito utilizada na

época.

Figura 92: Vista da Praça Rio Branco com seu entorno imediato. Acervo pessoal.

Acesso: 23 de Maio de 2012.

Figura 93: Edificação tombada, estilo Eclético. Acervo pessoal.

Acesso: 23 de Maio de 2012.

Page 86: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

86

A praça Rio Branco / Largo de Portugal não apresentam elementos com

altura elevada (poucas arvores de grande porte) que possa intervir na visual das

perspectivas do entorno. Na Praça Rio Branco existe um monumento que devido a

sua altura torna-se um elemento de destaque.

O local apresenta-se hoje em estado de abandono e inteiramente

descaracterizado, perdendo sua função original de pólo atrativo e contemplativo

para a Estação Ferroviária, servindo como estacionamento para veículos coletivos e

pontos de taxi.

Estes usos fizeram com que a pavimentação do local se deteriorasse, sendo

assim substituída por asfalto em alguns pontos mais críticos. Com o intenso tráfego

de veículos, parte do canteiro central foi danificado (ladrilhos hidráulicos que

davam acabamento ao piso).

Figura 94: Detalhe da Praça Rio Branco / Largo de Portugal danificados pelo uso incorreto. Fonte: Acervo pessoal.

Acesso: 23 de Maio de 2012

Page 87: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Figura 95: Pavimentação da Praça Rio Branco (pedra Portuguesa) Fonte: Acervo pessoal.

Acesso: 23 de Maio de 2012

Figura 96: Monumento aos Portugueses na Praça Rio Branco. Fonte: Acervo pessoal.

Acesso: 23 de Maio de 2012

Page 88: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

88

6. ESTUDOS ESPECÍFICOS

6.1. Analise Urbanística mais ampla

A área de estudo está inserida em uma zona de Patrimônio Cultural. Embora

a maioria dos elementos em seu entorno não apresentem caráter excepcional ou

monumental (exceto a Estação Férrea e alguns imóveis inventariados), refere-se

muito mais ao valor da ambiência gerado e pelo o espaço urbano, do que a soma

de objetos arquitetônicos ou artísticos isolados.

O objetivo de preservar a área é manter viva e adaptada aos usos atuais da

cidade.

Encontra-se uma área com grandes potencialidades, com vazios urbanos e

glebas subtilizadas, falhas na infra-estrutura, inexistência de ordenação do espaço

e sistema viário com problemas a serem solucionados. Dessa forma busco

recuperar à relevância da área para a cidade á partir do redesenho urbano na

praça Rio Branco e no lote ao fundo da Estação Férrea, com alterações no

transporte viário, para que dessa forma, se abram novas possibilidades de

apropriação do espaço publico.

Page 89: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Figura 97: Características do entorno- Foto: Imagem Google Earth. Acesso em 06 de Junho.2012.

A área apresenta infra-estrutura obsoleta e desocupada, terrenos públicos

sem destino, configurando grande vazio urbano no seu miolo, que contrastam com

a falta de ordenação do espaço, cujas construções são localizadas nas periferias.

Dessa maneira configura-se em uma área com grandes oportunidades urbanísticas.

Figura 98: : Entorno da Estação Férrea. Fonte: Acervo pessoal. Acesso: 06 de Maio de 2012.

Page 90: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

90

Esse fato também pode ser constatado através da rua Dom Pedro II, onde se

encontra descontinuidade da área central até o Largo de Portugal.

Figura 99: Fonte- Estação Férrea de Pelotas e seu entorno , Estudos perceptivos, Arq. Geane Wendt Schwartz, Pelotas, 1999 - Acervo Faurb.

Page 91: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

91

Podemos constatar através deste estudo alguns condicionantes, são estes:

*Condicionantes Culturais: neste caso podemos considerar todo o entorno

residencial, comercial, fabril e serviços, com suas tipologias características, que

não podendo ser esquecido / anulado pelo entorno, o prédio principal da Estação

Ferroviária, os pavilhões, os trilhos férreos, bem como o vagão desativado que

atualmente se encontra abandonado e em situação precária. Embora esses

armazéns tenham sido construídos depois do prédio principal, ambos possuem

valor histórico. Deste conjunto ainda permanecem os sanitários, caixa d'água, a

casa do engenho chefe, a oficina de manutenção, que embora Pelotas não fosse

um polo ferroviário auxiliava na manutenção de carros e da linha férrea.

*Condicionantes Econômicos: Como o projeto propõe um novo uso para a

edificação principal da Estação Férrea e recuperação de seu entorno imediato,

minha proposta é criar uma área cultural e turística; em parceria com a Prefeitura

Municipal de Pelotas; nos espaços livres e nos pavilhões, de forma a criar segurança

ao usuário e criar investimentos para a região.

Figura 100: Pavilhões desocupados, levantamento TCC acadêmica Luciane Mendes, acervo UCPEL Acesso 21 de Maio de 2012.

Page 92: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Figura 101: Vagão em abandono. Entorno. Fonte: Acervo pessoal. Acesso: 06 de Maio de 2012.

6.1.1. Nível de percepção das áreas de intervenção:

*Largo de Portugal: Clareza do espaço amplo (uma praça); Intensidade das arvores;

Dominância da Estação Férrea; Associatividade de casas antigas; Contraste entre

um espaço amplo e a rua estreita; Originalidade do Largo; Variabilidade;

Intensidade do Supermercado Guanabara; Intensidade da Estação Férrea;

Contraste do Supermercado Guanabara em relação ao entorno imediato;

Contraste nos materiais das edificações antigas.

*Praça Rio Branco: Dominância da Estação Férrea; Originalidade do espaço vazio

cercado por muros e vegetação; Destaque da edificação lateral em estilo

Neocaliforniano.

*Passarela: Originalidade com o meio circundante; Intensidade de percepção,

mesmo na rápida passada; Clareza dos fechamentos e escadaria.

Page 93: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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6.1.2. Levantamento técnico da área de intervenção:

Este levantamento foi fornecido pela Secretaria de Cultura da Prefeitura

Municipal de Pelotas (Secult). Trabalho Requalificação da Estação Ferroviária /

Outubro de 2008.

Localização e detalhe da praça:

Page 94: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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Infra-estrutura ( Redes de abastecimento e coleta):

*Sistema de Drenagem: Captação superficial.

*Rede Publica de Esgoto: Coleta existente na praça Rio Branco.

* Rede Publica de Água: Abastecida diretamente da rede de tubulação de ferro

(diâmetro 75 mm).

* Rede de Energia Elétrica: É aérea e abastece a Praça Rio Branco.

Edificações/ usos do conjunto Férreo de Pelotas:

*Sambódromo: Propriedade particular, antiga propriedade RFFSA (armazéns da

estação), transferência de propriedades por uso capião.

* Prédio de Apoio a Estação: Propriedade da RFFSA (área de manutenção e

Alojamentos). Atualmente ocupada por prestadora de serviços de modo irregular.

Figura 102: edificações do conjunto Férreo - Acervo Secult Acesso 21 de Maio de 2012.

Page 95: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

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6.2. Analise Arquitetônica e levantamento da edificação existente

Denominação: Estação Férrea de Pelotas

Endereço: Largo de Portugal / Praça Rio Branco.

Município: Pelotas

Linha / Ramal: Linha Rio - Grande - Bagé Cacequi

Construtor: Compagnie Imperiale dês Chemins de Fer du Rio Grande do Sul e

Southem Brazilian RGS Railway Company

Sítio Ferroviário

*Trilhos: Sim

*Outros prédios / equipamentos: Sim

*Estado de Conservação: Ruim

*Volumetria: Mantido

*Cobertura: Parcialmente alterado

*Vãos: Parcialmente alterado

*Proprietário Atual: RFFSA. Convenio com a Prefeitura de Pelotas.

*Nível de Proteção: Municipal

*Tipo de Proteção: Tombamento

*Legislação: Lei Municipal nº4315, de 22.09.1998, que dispõe sobre o tombamento

do prédio da antiga Estação Ferroviária.

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96

Cronologia dos acontecimentos

A Estação de Pelotas dividia-se em dois prédios; o primeiro era a sede e o

segundo, o prédio de Embarque e Desembarque, além dos galpões. A Sede

apresentava um salão principal onde temos a bilheteria e o acesso ao pátio dos

trens. À esquerda funcionava a administração e, à direita, o setor de saúde

ocupacional. O prédio possui 15 cômodos, onde ficavam alojados os viajantes que

dali partiam para as cidades vizinhas, nos quatro trens diários que saíam de

Pelotas. No andar superior situava-se a residência do agente.

Page 97: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

97

Page 98: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

98

Já o segundo prédio, a plataforma de Embarque e Desembarque é

protegida por longa cobertura, estruturada a partir de "mãos-francesas" de ferro. O

velho sino e o relógio, com duas faces, uma para dentro do saguão e outra para a

plataforma de embarque, são originais no saguão de entrada (atualmente foram

retirados).

O prédio principal foi construído com três portas centrais, marquise de vidro,

três portas e três janelas de cada lado num total de 13 aberturas na parede frontal

e duas janelas no andar de cima, mansardas com oito janelas água-furtada,

platibanda com balaústres de cimento, frontão central trabalhado, cobertura de

telhas francesas, pinhas nas esquinas do telhado e das platibandas do andar

superior.

Figura 103: Estação Férrea, antes da primeira intervenção- Fonte: http://imagensfatos.blogspot.com.br -

Acesso: 06 de Junho de 2012.

Por volta de 1930, foram construídas duas laterais com porta e janelas,

iguais para cada lado, mas sem mansardas, das quais foram retiradas as janelas,

assim como alguns elementos decorativos, como as pinhas. O prédio ficou com sua

fachada mais longa e estas extremidades seguem a mesma linha arquitetônica. O

prédio ficou com 60 metros de comprimento, 16 aberturas no andar térreo e três no

Page 99: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

99

superior, na fachada do prédio. Os guichês com letreiros em arco, as traves para a

fila da compra das passagens e o chão de mosaico ainda são originais no saguão

do prédio.

Anexo

construído

em 1929

Administração

Saúde

Saguão

Page 100: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

100

Figura 104: Estação Férrea sem os anexos construídos. http://imagenshistoricas.blogspot.com.br/2009. Acesso em 06 de Junho de2012.

6.2.1. Dados técnicos:

Ficha técnica de Analise IPHAE

*Categoria / Tipologia: Estação de grande porte construída no período de 1883 a

1910. Possui corpo central com dois pavimentos e duas alas laterais térreas.

*Material / Técnica construtiva: Alvenaria. Marquise de ferro na entrada principal e

cobertura com estrutura de ferro sobre a plataforma.

*Nº de Pavimentos: Dois.

Page 101: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

101

Figura 105: Fachada principal (situação atual). Acervo Pessoal.

Acesso: 13de Junho de 2012.

*Cobertura: Aparente com Platibanda vazada e trabalhada com balaustres.

*Telhamento: Telha Francesa.

*Nº de Águas: Quatro (corpo central) e três (em cada lateral)

Figura 106: Detalhe do madeiramento da cobertura / Balaustres da platibanda. Acervo Secult

Acesso: 13 de Junho de 2012.

Page 102: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

102

*Tipologias / vãos: Vãos verticais com verga em arco abatido, esquadrias de

madeira em caixilhos de vidro de duas folhas, bandeira fixa. Molduras em massa.

Possuía águas furtadas com cobertura curva nas alas laterais.

Abaixo detalhe de algumas esquadrias existentes e seu estado atual:

Page 103: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

103

Page 104: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

104

Page 105: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

105

*Planta de Piso: Piso de Ladrilho Hidráulico, parque e madeira, rodapé em

argamassa.

Figura 107: Detalhe dos diferentes tipos de pisos na Estação Férrea. Acervo Secult

Acesso: 13 de Junho de 2012

*Planta de Forro: Volume central com laje trabalhada com elementos geométricos e

o restante com forro de madeira com encaixe macho e fêmea.

Page 106: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

106

Figura 108: Detalhe da laje trabalhada / Forro de madeira destruído. Acervo Secult

Acesso: 13 de Junho de 2012

Page 107: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

107

*Detalhes: Terraços descobertos nas laterais. Platibandas vazadas com balaústres e

frontão Central.

*Elementos Decorativos: marquise no acesso principal de ferro e transparência,

frontão circular e trabalhado no segundo pavimento.

*Cor básica: cinza (cor de cimento).

*Simetria / Base / Coroamento: Presente.

*Ritmo dos elementos verticais: Apresenta ritmo na fachada

Page 108: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

108

Apresenta visualmente presença de base, corpo e coroamento (primeira

figura), e elementos decorativos que dão ritmo por apresentarem repetição

(segunda figura) e simetria, frontalidade, hierarquia e escalonamento no bloco

central do prédio (terceira figura).

Page 109: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

109

*Cheios e Vazios: Predominância do cheio.

Considera- se o cheio as paredes, a cobertura e alguns detalhes decorativos que

sobressaem do corpo do edifício. Já os vazios são as aberturas e elementos vazados

do prédio.

Page 110: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

110

6.2.2. Patologias apresentadas:

* Pavimento Térreo e Superior: Todos os forros de madeira necessitam de substituição total, os que ainda existem estão completamente apodrecidos. Em alguns pontos é possível avistar o céu diretamente. As infiltrações, em sua grande maioria, são provenientes da má conservação da cobertura do edifício. A estrutura de entrepiso, em muitas partes esta comprometida, a degradação é provenientes de cupins, fogo e umidade. As paredes de vedação e estrutural estão em boas condições, apenas necessitam de reparos, nenhuma patologia que comprometa a estrutura do edifício. A rachadura que a plataforma de embarque apresenta, é bem relevante, pois apresenta cerca de 3 a 4cm de afastamento ao longo de toda a plataforma.

Figura 109: Rachadura na parede com presença de vegetação / Rachadura na plataforma Acervo Secult

Acesso: 13 de Junho de 2012

Page 111: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

111

6.2.3. Critérios para restauração:

*Temporabilidade: Compreende a utilização de recursos e a obtenção de resultados

sincronizados com a contemporaneidade, com a dinâmica dos movimentos

socioculturais e com sua espacialidade.

*Propriedade e orientabilidade: Compreende a obtenção de produtos que

qualifiquem o local pelos seus atributos, contribuindo para a construção de um

sistema de referencias coerentes, evitando inserções monótonas e desestruturantes

das características da paisagem urbana.

*Continuidade e Unidade do Conjunto: Compreende a proposição da modificação

como um componente a mais da paisagem urbana, ao invés de um objeto que se

esgota por si próprio, sendo a modificação pretendida considerada parte de um

resultado coletivo.

*Reabilitação: É a serie de ações empreendidas tendo em vista a recuperação e a

beneficiação de um edifício tornando-o apto para o uso atual.

*Imaginabilidade: Compreende a capacidade de suscitar emoções consistentes,

evitando as modificações desvitalizadas e ausentes de suas responsabilidades na

construção da melhor paisagem urbana.

*Transparências: Compreende a capacidade e a facilidade de o proposto comunicar

o que pretende, evitando a leitura inacessível para a coletividade.

Page 112: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

112

7.2. Materiais e elementos arquitetônicos empregados:

Materiais

* Alvenaria de Tijolos;

*Pisos de ladrilho hidráulico, tabua de madeira, tacos de madeira e cimentado;

* Esquadrias de madeira com bandeira fixa pintada.

Elementos arquitetônicos

* Emprego de ferro nos detalhes do projeto original (cobertura da plataforma);

*Uso de coroamento, conjunto formado pela cobertura, platibanda vazada e

cornija;

*Identificação do "corpo", no pavimento superior do edifício;

*Identificação de "embasamento", no pavimento mas baixo da construção;

*Telhado em quatro águas;

*Uso de lanternim (água furtada) na parte superior do telhado.

* Enquadra-se na arquitetura eclética, porem não significando vinculo com alguma

época deste uso em Pelotas, mas sim como um modelo trazido da Europa e muito

empregado em construções das Estações Ferroviárias na época.

Page 113: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

113

8. PROGRAMA DE NECESSIDADES

Para atender as necessidades da proposta do projeto, foi previsto um espaço

de usos múltiplos, para melhor organização.

Dessa forma, esses usos foram agrupados em três categorias - comercial,

cultural e áreas de lazer, o que não significa que um uso classificado como

cultural não sirva também para o lazer e vice- versa. Existe ainda a categoria de

serviços que servirá de apoio e complementação para as atividades citadas acima.

Por tanto busco priorizar a qualidade dos espaços de circulações / hall, os quais desempenharão papel de "ligação" entre os espaços além de criarem lugares de encontro para os visitantes.

COMERCIAL

Foram considerados os espaços comerciais as lojas, que consistem em edificações ou salas onde produtos ou serviços são vendidos ao publico. Incluem instalações para pequenas e grandes lojas, alem de espaços cedidos sob concessão.

LAZER

As áreas de lazer compreendem o espaço de vivência central (praça de alimentação), as praças e os espaços de circulação. Espaços onde os visitantes possam utilizar para descanso e contemplação.

CULTURAL Os usos culturais foram classificados como tal, por seu caráter de produção de conhecimento, possibilitando atividades como palestras, espaços observações e estudo de conhecimento especifico

Page 114: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

114

Espaço Publico

* Praça Rio Branco / Largo de Portugal

* Proposta de um Parque Cultural

*Passarela restaurada

Espaço Privado

Estação Férrea

* Hall * Bar - café

* Guichê de informações * Centro de convenções

* Sanitários * Administração / Serviços

* Memorial da cidade

* Plataforma

Edificação em anexo

* Hall * Lojas

* Sanitários * Praça de alimentação

* Guichê de segurança / Informação

Page 115: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

115

Informações classificatórias10

Memorial: O Projeto de museus/memoriais, galerias de artes e espaço de

exposições temporárias, envolve a guarda de uma ampla variedade de funções, em

geral incluídas nas definições comuns de um museu. Todavia, os museus/memoriais

variam consideravelmente de tamanho, organização e objetivo. Por isso é

importante considerar as características particulares que definem um

museu/memorial durante o processo de desenvolvimento de conceitos.

Classificação - assunto de abordagem: historia social

- caracterização: interesse local / sitio histórico

- Tipo de instituição ( museu/memorial de fundação independente;

pequeno porte)

Lojas: As atividades de compra variam conforme as necessidades, e podem ser

descritas como - essenciais, de convivência, comparativas, especializadas, de lazer

ou remotas ( vendas por remessa postal, televendas ou lojas virtuais.

Neste caso utilizarei a classificação de lojas especializadas.

Cafés: Estabelecimentos que possuem espaço e assentos limitados. Geralmente

utilizam projetos e equipamentos padronizados, oferecendo cafés e petiscos com

rapidez.

Praças de alimentação: Oferecem mais opções, com vários estabelecimentos

servindo os produtos ao redor de uma área de uso comum.

10

LITTLEFIELD, David. MANUAL DO ARQUITETO; planejamento, dimensionamento e projeto. Terceira Edição.

Editora Bookman.

Page 116: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

116

9. FLUXOGRAMA

Organograma espacial do conjunto onde será feita a intervenção.

Parque Cultural

Passarela

Praça Rio Branco /

Largo de Portugal

Estação Férrea

Edificação Anexo

Page 117: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

117

Organograma dos espaços edificados.

Hall entrada ( Anexo)

Hall entrada ( Estação)

Sanitários

Anexo

Sanitários

Anexo

Lojas

Adm./ Serviços

Acesso ao segundo

pavimento

Praça de

alimentação

Lojas

Sanitários

Anexo

Plataforma de embarque/

desembarque venda de bilhetes

Anexo

Memorial

Acesso ao segundo

pavimento Centro de

convenções

Bar / Café

Sanitários

Anexo

Acesso Parque

Cultural

Acesso Largo

de Portugal

Page 118: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

118

10. PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Local Ambiente Qtde Mobiliario Area m² (aprox.) Total

Hall 1 Bancos /Poltronas 97,23 97,23

Memorial 1 Estantes /Mesas / Expositores, 162,49 162,49

Bilheteria 1 Mesas / Cadeiras / Computadores 17 17

Informações 1 Mesas / Cadeiras / Armarios / Computadores 20,3 20,3

Pavimento térreo Sanitarios 2 Pia/ Bacia sanitaria / Espelhos 22,62 45,24

Estação Ferrea Serviços (deposito e vestiario) 1 Armarios / Pia / Bacia sanitaria / Bancos 22,62 22,62

Copa 1 Geladeira / Fogão / Forno microndas / Pia 7,66 7,66

Segurança 1 Monitoramento (cameras) / Mesas / Cadeiras 9,55 9,55

Reçepção 1 Mesas / Cadeiras / Armarios / Computadores 9,75 9,75

Almoxarifado 1 Armarios / Estantes 10,5 10,5

Diretoria 1 Mesa / Cadeira / Armario / Computadores 9,7 9,7

Adaptando a necessidade da proposta do projeto. Não consideram circulação e escada. Subtotal: 412

obs: As areas da Estação ferrea foram propostas com base no levantamento da Secretaria de Cultura de Pelotas (Secult)

PRÉ - DIMENSIONAMENTO "DOCE ESTAÇÃO"

Local Ambiente Qtde Mobiliario Area m² (aprox.) Total

Hall - acesso ao segundo 1 Bancos /Poltronas 97,23 97,23

Pavimento Superior Terraços 2 Bancos 72,91 145,89

Estação Ferrea Bar - café 1 70 70

Sanitarios 2 Pia/ Bacia sanitaria / Espelhos 20 40

Centro de convençoes 1 Cadeirras / Mesa / Datashow / Placo 70,5 70,5

Subtotal: 423,6

obs: As areas da Estação ferrea foram propostas com base no levantamento da Secretaria de Cultura de Pelotas (Secult)

Adaptando a necessidade da proposta do projeto. Não consideram circulação e escada.

Page 119: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

119

Segundo o Código de obras da cidade de Pelotas, o calculo de lotação

baseado na área total construída, enquadra-se: Lotação - circulação horizontal em

galerias e centros comerciais - 5m²/pessoa. Capacidade total - 490 pessoas.

Com relação as vagas para carro o codigo de obras da cidade de Pelotas,

estabelece segundo a atividade Galeria, Feiras e Exposições e Centro Comercial ou

Shopping Center - 1 vaga para cada 50m² de área construída - 50 vagas.

Local Ambiente Qtde Mobiliario Area m² (aprox.) Total

Hall / Estar 1 Bancos 70 70

Lojas (suvenirs, malharias) 20 Gondolas e ilhas/ Mostruarios / Prateleiras/ Balcoes /Cadeiras 30,5 610

Informações 1 Mesas / Cadeiras / Armarios / Computadores 17 17

Pavimento Térreo Sanitarios 2 Pia/ Bacia sanitaria / Espelhos 20 40

Anexo Segurança 1 Monitoramento (cameras) / Mesas / Cadeiras 9,55 9,55

Deposito de gás 1 Cilindros de Gás GLP 4 4

Desposito de Lixo 1 Toneis (lixeiras) 5 5

Gerador 1 Gerdor / Casa de maquinas 5 5

Subtotal: 760,6

Areas baseadas nos livros Manual do Arquiteto

Local Ambiente Qtde Mobiliario Area m² (aprox.) Total

Praça de alimentação (mezanino) 1 Mesas / Cadeiras / Bancos 100 100

Pavimento Térreo Lojas (docerias) 10 Mostruarios / Prateleiras / Balcões / Cadeiras / Frezzer / Geladeira 30,5 305

Sanitarios 2 Pia/ Bacia sanitaria / Espelhos 20 40

Areas baseadas nos livros Manual do Arquiteto

Subtotal: 445

Total Edificado 2041,2

20 % circulação 408

2449

Page 120: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

120

11. Zoneamento

(Zoom do Zoneamento )

Zoneamento proposto para Pavimento Térreo Estação Férrea e Anexo (cores,

seguindo o programa de necessidades). Cor Cinza espaço para estacionamento.

Zoneamento proposto para Pavimento Superior da Estação Férrea e Anexo(cores,

seguindo o programa de necessidades). Cor amarelado para passarela.

Page 121: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

121

12. Conceituação

O projeto engloba revitalização e recuperação não somente do espaço

edificado, mas também nos espaços públicos, além de salientar elementos que

marcaram a trajetória da história de Pelotas e da Estação Férrea, como a

plataforma de embarque, os trilhos e elementos da rede ferroviária.

A intervenção que será realizada propõe um novo uso ao prédio seguindo os

critérios de restauração, que determinam a conservação das fachadas e da

volumetria, mas que possibilitam uma reorganização estrutural interna, fazendo

com que a edificação antiga se adapte plenamente ao novo uso proposto e se

integre de forma harmônica ao anexo edificado, respeitando os critérios de

intervenção em edificações tombadas.

A idéia central do projeto seria integrar o meio externo com o interno,

transformando em um único elemento, dessa maneira busco por utilizar materiais

leves e permeáveis que me auxiliem nesta proposta. Além disso, o anexo edificado

será espaço fluído, com grandes espaços livres e divisórias vazadas ou translúcidos,

permitindo a integração entre eles tornado-os mais dinâmicos. Relacionado a isto,

minha proposta será criar um novo panorama para a zona, onde irei utilizar como

artifício as diferentes sensações que serão apresentadas aos espectadores, através

de novos caminhos que possibilitem enxergar o entorno de uma forma diferente

desta percebida hoje (contraste do estilo eclético e do contemporâneo, espaços

livres, espaços fechados, áreas permeáveis, entre outros) criando dessa forma um

espaço agradável e que atraia movimento para esta área da cidade.

A proposta deste projeto visa uma completa integração do conjunto com o

entorno, desenvolvendo um projeto voltado não apenas para os turistas mas para a

população da cidade de Pelotas que poderá utilizar o espaço para os mais diversos

fins (atividades culturais; passeios; aprendizagem; lojas com os mais diversos

Page 122: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

122

produtos locais, como artesanato malharias, suvenires e as docerias tradicionais;

entre outros) além de servir de conector entre as cidades vizinhas através do projeto

já existente da implantação de trens metropolitanos.

O prédio da Estação apresenta uma organização interna e estrutural

bastante favorável ao futuro uso - pois possui poucas paredes portantes o que

torna-se possível alteração, quando necessária - dessa maneira irei utilizar

materiais que sejam compatíveis com a técnica utilizada antigamente e de fácil

manejo, permitindo a alteração do espaço em qualquer ocasião, sem que este

sobrecarregue a estrutura original da edificação.

O uso de cores será utilizado como elemento de sinalização, respeitando as

normas de intervenção e preservando a cor existente na edificação e o tipo de

pintura utilizada na época evitando assim a descaracterização da unidade e a

leitura histórica do prédio.

A Estação férrea será adaptada aos portadores de necessidades físicas

conforme as normas estabelecidas pela ABNT, mas sem que esta descaracterize ou

comprometa a integridade da edificação e seu conjunto histórico.

Page 123: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

123

13. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHOAY, François. A ALEGORIA DO PATRIMONIO. Editora Estação Liberdade, 4º

edição - 2001.

http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/doria-lopes-fiuza-arquitetura-espaco-

estacao-20-12-2004.html > acesso em 01 de Maio de 2012.

http://conhecapelotas.blogspot.com.br/2009/03/origem-e-tradicao-das-doceiras-

em.html> acesso em 22 de Março de 2012.

http://www.docurasdepelotas.com.br/site/index.php?s=historia-doce> acesso em

25 de Março de 2012.

http://www.estacoesferroviarias.com.br/rgn/mossoro.htm> acesso em 27 de Março

de 2012.

http://fabiolasad.blogspot.com.br/2011/05/hoje-o-dia-foi-de-batalhar-

passagem.html> acesso em 28 de Março de 2012.

http://www.juraemprosaeverso.com.br/HistoriasDasCidadesBrasileiras/HistoriaDaCi

dadeDePelotas.htm> acesso em 21 de Março de 2012.

http://www.laestaciondetren.net/FICHA%20ESTACION/estacion%20de%20atocha.h

tm> acesso em 03 de Maio de 2012.

http://www.pelotas.com.br/politica_desenv_economico/ste/atracoes_turisticas/pelot

as_cultural.htm> acesso em 21 de Março de 2012.

http://rethalhos.blogspot.com.br/2011/08/na-mira-do-restauro-estacao-ferrea-

de.html> acesso em 21 de Março de 2012.

Page 124: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

124

INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTÓRICO ARTISTIIICO DO ESTADO DA SECRETARIA

DE CULTURA DO RIO GRANDE DO SUL. Patrimônio Ferroviário no Rio Grande

do Sul. Inventario das Estações: 1874 -1959. Porto Alegre: Palloti, 2002.

LEMOS, Carlos A. C. O QUE É PATRIMÔNIO HITÓRICO. Editora Brasiliense.

Coleção Primeiros passos.

LITTLEFIELD, David. MANUAL DO ARQUITETO; planejamento,

dimensionamento e projeto. Terceira Edição. Editora Bookman.

NEUFERT,Peter. NEUFERT- A ARTE DE PROJETAR EM ARQUITETURA. 17° edição

totalmente renovada e ampliada. Editora Gustavo Gili, SA.

Oficina – Escola de Restauração do Patrimônio Histórico – Revitalização da Area da

rede Ferroviária de Pelotas, Valeria M. Carus Guedes; Prof.ª orientadora Ester J.

Gutierrez, Pelotas 2000 – Acervo FAURB.

PROGRAMA MONUMENTA. Patrimônio vivo: DF: IPHAN, 2007. SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA. Manual do Usuário de imóveis Inventariados. Pelotas: Nova Prova 2008. SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA. Pelotas: Uma historia cultural: séries finais. Pelotas, 2009.

Page 125: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

125

14. ANEXOS

Principais leis estaduais que incidem sobre o patrimônio cultural do

Município de Pelotas:

• Lei n° 11.499/2000, declara integrante do patrimônio cultural do Estado, as

áreas Históricas da cidade de Pelotas;

• Lei n° 11.919/2003, declara integrantes do patrimônio cultural do Estado os

doces artesanais de Pelotas

Nível Municipal:

Em Pelotas o órgão responsável pelo acervo arquitetônico histórico e cultural é a

Secretaria Municipal de Cultura , SECULT, que trata da documentação, conservação

e proteção destes bens, buscando a sua valorização e revitalização, resgatando a

identidade e a memória Pelotense.

• Lei municipal n° 2708/82, cria o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico

e Cultural (COMPHIC), especificando sua composição e instituindo o processo de

tombamento e nível municipal. Essa Lei que teve por base o Decreto Federal n°

25/37, disciplina o processo de preservação da memória histórica, cultural e

arquitetônica da cidade de Pelotas tendo sido modelo para outras cidades

brasileiras.

• Lei municipal n° 4093/96, quase uma década após, há uma tentativa de

retomar o esforço no sentido de preservação do patrimônio, com a aprovação da

Lei, cria-se um novo Conselho Municipal de Cultura (CONCULT).

• Lei municipal n° 4568/10, principal instrumento de preservação utilizado

pelo poder publico municipal, define a delimitação das ZPPCs e estabelece a

Page 126: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

126

proteção dos imóveis integrantes do inventario do Patrimônio Histórico Artístico e

Cultural de Pelotas, através da manutenção das fachadas publicas e a volumetria.

• Lei Municipal n° 5146/05 (Lei do IPTU), prevê a possibilidade de isenção de

IPTU ao imóvel integrantes do inventario através da Lei 4872/02, atual 5146/05.

Conforme a lei, os imóveis inventariados ou tombados, estão isentos do pagamento

do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), se devidamente conservados e

restaurados de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão publico

responsável. Esse incentivo busca promover a conservação dos prédios

reconhecidos como Patrimônio Arquitetônico e Cultural Pelotense.

Lei municipal nº 4.315 : O prédio da Estação Férrea de Pelotas foi tombado

municipalmente no dia 22 de Setembro de 1998 e inventariado pelo Instituto do

Patrimônio histórico e Artístico do Estado (IPHAE);

III PLANO DIRETOR

A área em estudo, segundo o Plano Diretor, esta situada na Zona

Residencial I (ZRI), onde está implantado o prédio da Estação Férrea, os Galpões e

a área urbana (Praça Rio Branco), com divisa na Zona de Comércio Central (ZCC,

pela praça Rio Branco).

Instituído pela Lei municipal 2560/8, o Plano Diretor de Pelotas enuncia a

proteção ao patrimônio histórico e cultural. Destaca a necessidade de criação de

Zonas de preservação; tombamento de alguns exemplares arquitetônicos;

elaboração de cadastro de prédios de interesse patrimonial e a preocupação com o

entorno dos prédios históricos; ações voltadas à preservação da memória histórica e

cultural do Município. Atualmente, demonstra a importância de integrar o

planejamento urbano às políticas de preservação do patrimônio cultural, tendo

como objetivo comum a qualificação da paisagem urbana.

Page 127: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

127

V - FEIC (Focos de interesse cultural) - Estação férrea:

a) Delimitação: ao norte, pela Rua Tiradentes, da Avenida Brasil ao leito da via

férrea (limite do pátio de manobras da estação férrea); a leste, pelo leito da via

férrea, da Rua Tiradentes à Praça Rio Branco e desta à Rua Saturnino de Brito,

incluindo-se as áreas do Largo de Portugal e Praça Rio Branco e lotes voltados para

as referidas áreas; ao sul, pela Rua Saturnino de Brito, do leito da via férrea à

Avenida Brasil; a oeste, pela Avenida Brasil, da Rua Uruguai à ravessa um (Rua Dr.

Augusto Simões Lopes), excetuando-se os lotes com frente para a referida avenida;

ao sul, pela Travessa Um (Rua Dr. Augusto Simões Lopes), da Avenida Brasil à Rua

Clóvis Bevilácqua; a oeste, pela Rua Clóvis Bevilácqua, da Travessa Um (Rua Dr.

Augusto Simões Lopes) à Rua Sete de Abril; ao norte, pela Rua Sete de Abril, da Rua

Clóvis Bevilácqua à Avenida Brasil; por fim, a oeste,pela Avenida Brasil, da Rua Sete

de Abril à Rua Tiradentes, excetuando-se os lotes com frente para a referida

avenida, incluem-se na área todos lotes voltados para a Praça Rio Branco e Largo

de Portugal.

b) Caracterização: Considerado foco de interesse da ZPPC por apresentar uma

estrutura passível de readequação funcional, sendo referência histórica para a

população, devido à existência do prédio sede da antiga estação férrea, bem

protegido através de tombamento municipal. Possui significado social devido ao

atual uso da área como passarela para evento do Carnaval e constitui cenário

peculiar formado pelo Largo de Portugal, espaço aberto com visual ao fundo do

prédio da estação como elemento referencial e existência de trilhos do trem como

um marco urbano.

c) Diretrizes: qualificação da área através de projeto paisagístico, incluindo

mobiliário, equipamentos urbanos, vegetação e sinalização indicativa e turística,

assim como espaços de estar e lazer; gerando condições de conforto e permanência

para as pessoas. Aquisição da área do antigo leito da Estação Férrea para execução

Page 128: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

128

de Parque Urbano e qualificação da área para o evento do Carnaval, prevendo a

revitalização do Largo de Portugal com a retirada do terminal de ônibus e

reabilitação do prédio da Estação como centro cultural. Manutenção da passagem

elevada para pedestres como acesso ao bairro Simões Lopes e revitalização das

vilas operárias localizadas no lote da rede ferroviária e na Travessa Dr. Simões

Lopes.

Art. 76 - A Área Especial de Interesse Cultural, AEIAC - ZPPC

IV - Eixo Rua Dom Pedro II: entre Rua Quinze de Novembro e Largo de Portugal.

a) Caracterização: via de características peculiares pela importante visual da

Estação Férrea, a partir do Largo de Portugal, apresentando um trecho íntegro de

patrimônio arquitetônico, reconhecido oficialmente através do inventário,

compondo um cenário peculiar entre a rua Mal. Deodoro e rua Barão de Santa

Tecla;

b) Diretrizes: valorização das características arquitetônicas existentes e da visual da

estação Férrea.

SUBSEÇÃO II - AMBIENTE CULTURAL

Art. 148 - Devem ser mantidas as características tipológicas e formais, fachadas

públicas e volumetria da arquitetura tradicional existente e integrante do Inventário

do Patrimônio Histórico e Cultural de Pelotas em Lei Municipal.

Art. 149 - Deve ser preservada a integração harmônica das novas inserções à

arquitetura tradicional existente e integrante do Inventário do Patrimônio Cultural

de Pelotas, conforme a Lei Municipal.

Art. 150 - As intervenções em imóveis localizados nos FEICs e nos Eixos estarão

sujeitas às guias de desenho urbano a serem elaboradas pela municipalidade.

Page 129: TCC I - Doce estação Elizabeth Coelho

129

Art. 151 - Fica vedada a colocação de publicidade que encubra elementos

compositivos da fachada dos imóveis integrantes do inventário do patrimônio

cultural, e a utilização de pinturas descaracterizantes destes imóveis.

Parágrafo único: Configura-se como pintura descaracterizante referida no caput,

para fins de aplicação desta lei, a utilização de cores diferenciadas no mesmo

prédio, que seccionem a fachada, comprometendo a sua unidade, e alterem a

leitura histórica do prédio.

Art. 152 - O Regime Urbanístico na Área Especial de Interesse do Ambiente Cultural

da ZPPC observa os seguintes dispositivos:

I - Altura máxima de 10,00m (dez metros);

II - Taxa de ocupação de 70% (setenta porcento);

III - Isenção de recuos de ajardinamento e laterais;

IV - Recuo de fundos de no mínimo 3,00m (três metros).

§1º. Dentro da AEIAC – ZPPC, para a área correspondente ao Primeiro e Segundo

Loteamentos, será permitida a ocupação de 100% (cem porcento) até a altura de

4,00m (quatro metros), mantendo-se a taxa de ocupação de 70% (setenta por

cento) a partir dessa altura.

§ 2º. As edificações em lotes com testada igual ou superior a 10,00m (dez metros)

poderão alcançar a altura de 13,00m (treze metros) desde que:

a) Não estejam localizadas nos focos de interesse da AEIAC ou em seus eixos de

ligação;

b) Não sejam inventariadas ou lindeiras a imóveis inventariados;

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130

c) Haja apresentação, pelo interessado, de Laudo Técnico elaborado por

profissional habilitado, contendo levantamento do entorno, análise e parecer

conclusivo, que demonstre a possibilidade da edificação alcançar 13,00m (treze

metros) de altura, sem prejuízo ao interesse especial protegido pela Área Especial,

cujo exame será procedido pela CTPD, que indicará as diretrizes a que se sujeitará

o projeto do empreendimento.

§ 3º. O levantamento do entorno deverá conter o perfil das fachadas num raio de

100,00 (cem metros), a partir do centro da testada do lote da proposta em questão,

incluindo o outro lado da via.

§ 4º. É vedada a execução de marquises.

Art. 153 - É vedado o uso de prédios integrantes do Inventário do Patrimônio

Cultural de Pelotas para atividades de estacionamento e /ou garagem coletivas.

Art. 154 - Para imóveis situados na AEIAC-ZPPC, previamente à etapa de aprovação

do projeto arquitetônico, será apresentado estudo preliminar com o lançamento das

propostas de volumetria e fachadas para a área em questão, expressas em desenho

tridimensional.

Art. 155 - Nos passeios públicos da AEIAC-ZPPC, deverão ser mantidos os ladrilhos

hidráulicos existentes e incentivada sua utilização, como material preferencial para

recomposição dos mesmos.

Art. 156 - Nas coberturas das edificações localizadas na AEIAC – ZPPC, integrantes

do inventário, deverão ser mantidas as telhas cerâmicas originais, e incentivada a

utilização como material preferencial para reconstrução das coberturas.

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ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA

Art. 258 - As Áreas Especiais de Interesse, instituídas na presente Lei, possuirão

características especiais de regime de atividades, em concordância com as diretrizes

e restrições indicadas nesta lei.

Art. 262 - Para as Áreas Especiais de Interesse do Ambiente Cultural – AEIAC são

previstos os mesmos usos do local onde estiverem inseridas, respeitando as

limitações referentes às edificações.

Plano Diretor da Cidade de Pelotas (uso em centro de convenções e anexo)

SEÇÃO XIII - DAS EDIFICAÇÕES DESTINADAS A LOCAIS DE REUNIÃO DE PÚBLICO

III - Culturais: os cinemas, teatros, auditórios, centros de convenções, museus,

bibliotecas, salas públicas e congêneres;

Art. 170 - Os cinemas, teatros, auditórios, centros de convenções, boates,

discotecas e assemelhados deverão ser dotados de sistema de renovação mecânica

de ar e de instalação de energia elétrica com iluminação de emergência, conforme

legislação e normas técnicas de prevenção e combate à incêndios.

Art. 171 - Deverão, obrigatoriamente, ser dotados de tratamento acústico,

independentemente da localização, boates, discotecas, clubes noturnos e sociais ou

outros estabelecimentos de comércio, serviço ou institucional, de qualquer

natureza, que apresentem música ao vivo, mecanizada ou qualquer tipo de

poluição sonora.

§ 2º. Deverá ser providenciado tratamento acústico do edifício, apresentando

isolamento de modo que as medições com o estabelecimento em funcionamento,

não ultrapassem o máximo de 5db (cinco decibéis) do ruído de fundo.

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Art. 172 - As edificações previstas nesta seção deverão ter vãos de iluminação e

ventilação efetiva, cuja superfície não seja inferior a 1/10 (um décimo) da área do

piso;

Parágrafo único: Quando não atendida a superfície mínima de ventilação, deverá

apresentar sistema de ventilação forçada, que garanta a renovação e a qualidade

do ar.

Art. 173 - As edificações constantes desta seção deverão ter instalações sanitárias

para uso do público, para cada sexo, na seguinte proporção:

a) Para o sexo masculino, 01 (um) conjunto de vaso sanitário e lavatório para

cada 300 (trezentas) pessoas ou fração, e um mictório para cada 150 (cento e

cinqüenta) pessoas ou fração,conforme tabela de cálculo de lotação do Anexo 01;

b) Para o sexo feminino, 01 (um) conjunto de vaso sanitário e lavatório para

cada 200 (duzentas) pessoas ou fração, conforme tabela de cálculo de lotação do

Anexo 01.

Plano Diretor do Município de Pelotas (referente ao anexo que será

edificado).

SEÇÃO VIII - DOS PRÉDIOS COMERCIAIS

Art. 142 - A edificação destinada a comércio em geral, além das disposições da

presente lei que lhes forem aplicáveis, deverá:

I - Ter, no pavimento térreo, pé direito mínimo de 3,50m (três metros e cinqüenta

centímetros):

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II - As portas gerais de acesso ao público deverão estar em acordo com a legislação

e normas técnicas da ABNT relativas às Saídas de Emergência e acessibilidade;

III - Ter abertura de ventilação e iluminação, com superfície não inferior a 1/10 (um

décimo) da área do piso;

IV - Ter os pisos e paredes revestidos com material liso, lavável, impermeável e

resistente, nos casos de mercado de venda de gêneros alimentícios;

V - Ter instalações Hidrossanitárias de acordo com as exigências do órgão

responsável pelo serviço de abastecimento de água e tratamento de esgoto;

VI - Ter instalação preventiva contra incêndio de acordo com as normas técnicas

estabelecidas pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas e a legislação

vigente.

VII - Ter número de vagas para guarda de veículos calculado de acordo com o

Anexo 2.

Art. 143 - Os bares, cafés, restaurantes, confeitarias e estabelecimentos

congêneres, além das exigências da presente seção que lhe forem aplicáveis,

deverão ter:

IV - Ter instalações sanitárias para uso do público, para cada sexo, na seguinte

proporção:

a) Para o sexo masculino, 1 (um) conjunto de vaso sanitário, lavatório e

mictório para cada 200 (duzentas) pessoas ou fração, conforme tabela de cálculo

de lotação do Anexo 01;

b) Para o sexo feminino, 1 (um) conjunto de vaso sanitário e lavatório para

cada 200 (duzentas) pessoas ou fração, conforme tabela de cálculo de lotação do

Anexo 01.

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SEÇÃO IX – DOS CENTROS COMERCIAIS E GALERIAS COMERCIAIS

III - As lojas, quando com acesso principal pela galeria, terão área mínima de

10,00m² (dez metros quadrados), podendo ser ventiladas através desta e iluminada

artificialmente;

IV - Na área de circulação coletiva, deverão estar localizadas instalações sanitárias

acessíveis ao público.