TCC Juliana 2011

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  • 7/25/2019 TCC Juliana 2011

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    UNIVERSIDADE DE SO PAULOESCOLA DE ARTES, CINCIAS E HUMANIDADES

    Oramento pblico em sade: Uma anlise do cumprimento da Emenda

    Constitucional 29/2000 nos estados brasileiros

    Juliana Gomes da Silva

    Orientadora: Profa.Dra.Flvia Mori Sarti

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado

    ao bacharelado em Gesto de Polticas

    Pblicas da Escola de Artes, Cincias e

    Humanidades da Universidade de So Paulo.

    So Paulo

    2011

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    UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    ESCOLA DE ARTES, CINCIAS E HUMANIDADES

    Oramento pblico em sade: Uma anlise do cumprimento da Emenda

    Constitucional 29/2000 nos estados brasileiros

    Juliana Gomes da Silva

    Orientadora: Profa.Dra.Flvia Mori Sarti

    So Paulo

    2011

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    Avaliao do Trabalho de Concluso de Curso

    Ttulo: Oramento pblico em sade: Uma anlise do cumprimento da Emenda

    Constitucional 29/2000 nos estados brasileiros

    Autor: Juliana Gomes da Silva

    Ano: 2011

    Nota:Profa.Dra.Flvia Mori Sarti

    Orientadora

    Nota:

    Marislei NishijimaParticipante da Banca de Avaliao

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    Dedicatrias e Agradecimentos

    Dedico este trabalho minha me, Silvana, pois sem ela os meus sonhos no se

    realizariam. Por ter acordado s 4:30h da manh durante quatro anos para que eu encontrasse

    o caf pronto ao acordar. Por me acompanhar ao ponto da van sob chuva e o frio da manh.

    Por investir na minha educao desde muito pequena, o que me proporcionou uma base muito

    boa para enfrentar a faculdade. Por me ajudar a construir nosso castelo com as pedras que

    encontramos pelo caminho. Me, muito obrigada.

    Agradeo ao meu irmo, Rafael, pela pacincia e confiana. Pelas horas em que foi

    compreensivo e dividiu seu computador comigo. Pelo auxlio nos textos em lngua inglesa.

    Rafa, muito obrigada.

    Agradeo minha tia Solange, que todos os dias me conferia carinho e agrado. Peloalmoo de todos os dias. Pelos momentos em que no deixou que ningum me incomodasse

    enquanto eu conclua meu trabalho. Tia, muito obrigada.

    Agradeo ao meu melhor amigo Igor, que tambm meu namorado, pelo apoio e

    compreenso. Por me escutar falando sobre o meu trabalho. Por entender minha ausncia e

    por acreditar no meu sonho. Muito obrigada ao meu pai, minha irm Aline, minha

    sobrinha Ana Luiza, a todos meus amigos e aos companheiros de classe. Todos, sua

    maneira, contriburam para que eu fosse at o fim.Agradeo minha orientadora, Flvia Mori Sarti, a quem escolhi pela enorme

    admirao que tenho e por ser uma excelente profissional inspirando a mim e a outros tantos

    alunos.

    E finalmente agradeo a Deus por iluminar o meu caminho com pessoas to queridas.

    Por me proporcionar sade para que eu possa correr atrs dos meus objetivos.

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    Sumrio

    Introduo

    A funo social dos tributos

    O Sistema nico de Sade

    Histrico do financiamento da sade

    O financiamento da sade antes do SUS

    O oramento do SUS

    A estrutura de gastos do sistema pblico de sade brasileiro

    A Emenda Constitucional 29/2000

    Resoluo 322/2003 do Conselho Nacional de Sade

    Metodologia

    Delineamento do estudo

    Variveis da anlise

    Cumprimento da Emenda Constitucional 29

    ndice de Desenvolvimento Humano (IDH)

    Resultados

    Regio Norte

    Regio Nordeste

    Regio Centro-Oeste

    Regio Sudeste

    Regio Sul

    Panorama nacional

    Concluso

    Referncias

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    Lista de Tabelas e Figuras

    Grfico 1. Participao da CPMF na receita total do Ministrio da Sade. Brasil, 1996-

    2005. ......................................................................................................................... 16Tabela 1. Participao percentual nas despesas pblicas em sade segundo esfera de

    governo. Brasil, 1980-2003. ..................................................................................... 17

    Tabela 2. Percentuais mnimos de vinculao oramentria para o SUS, nos termos daEmenda Constitucional 29/2000. Brasil, 2003......................................................... 24

    Tabela 3. Cumprimento da EC29. Regio Norte, 2000-2005. ................................................. 27

    Tabela 4. ndice de Desenvolvimento Humano. Regio Norte, 2000-2005. ............................ 28

    Tabela 5. Cumprimento da EC29. Regio Nordeste, 2000-2005. ............................................ 28

    Tabela 6. ndice de Desenvolvimento Humano. Regio Nordeste, 2000-2005. ...................... 29Tabela 7. Cumprimento da EC29. Regio Centro-Oeste, 2000-2005. ..................................... 30

    Tabela 8. ndice de Desenvolvimento Humano. Regio Centro-Oeste, 2000-2005................. 30

    Tabela 9. Cumprimento da EC29. Regio Sudeste, 2000-2005. .............................................. 31

    Tabela 10. ndice de Desenvolvimento Humano. Regio Sudeste, 2000-2005. ...................... 31

    Tabela 11. Cumprimento da EC29. Regio Sul, 2000-2005. ................................................... 31

    Tabela 12. ndice de Desenvolvimento Humano. Regio Sul, 2000-2005............................... 32

    Tabela 13. Proporo de estados que cumpriram a EC29. Brasil, 2000-2005. ........................ 32

    Tabela 14. IDH mdio dos estados segundo aplicao da EC29. Brasil, 2000-2005. .............. 33

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    Resumo

    Juliana Gomes da Silva. Oramento pblico em sade: Uma anlise do cumprimento da

    Emenda Constitucional 29/2000 nos estados brasileiros. So Paulo, 2011.

    O presente trabalho buscou analisar o cumprimento da Emenda Constitucional 29/2000 nos

    estados brasileiros durante o perodo de 2000 a 2005. A sade, conceituada como um direito

    fundamental do cidado, baseada em polticas pblicas que viabilizem aes de assistncia,

    preveno e promoo em sade. O Sistema nico de Sade brasileiro (SUS) constitui uma

    poltica pblica de acesso s aes em sade, apoiada em atendimento pleno, universal e

    gratuito da populao brasileira. Assim, torna-se fundamental a criao de mecanismos

    institucionais que garantam os recursos financeiros necessrios ao financiamento do SUS. AEmenda Constitucional 29/2000 (EC29), denominada informalmente como Emenda da Sade,

    foi promulgada visando garantir a vinculao da receita dos entes federativos ao

    financiamento da rea da sade. A idia bsica da proposta contida na EC29 buscar garantir

    um percentual mnimo que deve ser destinando s aes de sade, como primeiro passo na

    efetivao de um sistema de sade equitativo. O presente trabalho buscou analisar as

    condies de (des)cumprimento da EC29 pelos estados brasileiros, a partir do estudo das

    condies de desenvolvimento humano das unidades da federao.

    Palavras-chave:Sistema nico de Sade; Emenda Constitucional 29/2000; estados; polticas

    pblicas de sade, ndice de Desenvolvimento Humano.

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    Introduo

    O artigo 25 da Declarao Universal dos Direitos Humanos, da Organizao das Naes

    Unidas (ONU), assinada pelo Brasil, enumera a sade como uma das condies necessrias vida digna.

    Art.XXV. Toda a pessoa tem direito a um nvel de vida

    suficiente para lhe assegurar e sua famlia a sade e o

    bem-estar, principalmente quanto alimentao, ao

    vesturio, ao alojamento, assistncia mdica e ainda

    quanto aos servios sociais necessrios, e tem direito

    segurana no desemprego, na doena, na invalidez, na

    viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de

    subsistncia por circunstncias independentes da sua

    vontade. (ORGANIZAO DAS NAES UNIDAS,

    1948).

    A partir da declarao dos direitos humanos, a sade foi reconhecida como um dos

    direitos fundamentais do ser humano (DALLARI, 1988). Em seguida, foram institudos

    rgos especiais destinados a garantir os direitos essenciais aos homens.

    Em 1946, a partir da criao da Organizao Mundial de Sade (OMS), a sade foi

    definida como estado de completo bem-estar fsico, mental e social, no somente a ausncia

    de doena ou enfermidade (WHO, 1946). Dejours (1986), no entanto, critica a definio de

    sade expressa pela OMS, pois considera que um estado de completo bem-estar

    inalcanvel, portanto, a sade seria uma busca constante por tal estado.

    Nas legislaes atuais e na doutrina jurdica moderna brasileira, o direito sade est

    interligado a vrios outros direitos, como o direito ao saneamento, moradia, educao, ao

    bem-estar social, seguridade social, assistncia social, aos servios mdicos e sade

    fsica e psquica (HUMENHUK, 2011).

    No Brasil, a Constituio Federal de 1988 foi a primeira carta magna do pas a expressar

    o direito sade como um direito fundamental:

    Art.196. A sade direito de todos e dever do Estado,

    garantido mediante polticas sociais e econmicas que visema reduo do risco de doena e de outros agravos e ao

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    acesso universal e igualitrio aes e servios para sua

    promoo, proteo e recuperao.(BRASIL, 1988).

    A Constituio tambm inclui a sade como um direito social:

    Art.6. So direitos sociais a educao, a sade, a

    alimentao, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurana, a

    previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a

    assistncia aos desamparados, na forma desta Constituio.

    (BRASIL, 1988).

    Segundo Dallari (1988), no suficiente declarar o direito universal sade. A

    Constituio deve organizar os poderes do Estado e a vida social de forma a assegurar a cada

    pessoa a concretizao de seus direitos. Assim, conceituada como um direito do cidado, a

    sade exige aes do Estado por meio de polticas pblicas para sua concretizao.

    Art.2. A sade um direito fundamental do ser humano,

    devendo o Estado prover as condies indispensveis ao seu

    pleno exerccio. (BRASIL, 1990a).

    A administrao pblica torna-se, portanto, responsvel pela promoo e efetivao do

    direito sade. O dever do Estado materializado por meio da instituio de um sistema

    nico e gratuito de atendimento em sade. O SUS a poltica pblica responsvel pela oferta

    de atendimento em sade aos cidados brasileiros.

    No entanto, as polticas pblicas dependem de recursos oramentrios que financiem as

    aes previstas em seu escopo. Assim, torna-se extremamente importante analisar o processode financiamento do sistema de sade pblico brasileiro, a partir do estudo das atividades

    assumidas pelo Estado e suas fontes de custeio.

    As necessidades de financiamento em sade so crescentes, tendo em vista os processos

    de transio demogrfica e epidemiolgica do pas; assim, autoridades das trs esferas de

    governo sempre buscam fontes adicionais de recursos (BRASIL, 2003).

    O tema do financiamento da sade tem gerado diversas discusses entre gestores e

    polticos responsveis pelo setor no pas, sobretudo aps a extino da ContribuioProvisria sobre Movimentao Financeira (CPMF) no ano de 2007. A CPMF foi implantada

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    em 1997 sob a justificativa de constituir uma fonte especfica de financiamento sade.

    Entretanto, a partir de 1999, os recursos obtidos pelo governo a partir da CPMF passam a

    financiar a previdncia social, deixando de constituir fonte exclusiva do setor de sade e, a

    partir de 2001, torna-se tambm fonte de financiamento do Fundo de Combate Pobreza

    (DAIN, 2007).

    Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar o cumprimento da Emenda

    Constitucional 29/2000 nos estados brasileiros. A EC29 estabelece um percentual mnimo que

    os entes federativos devem aplicar no financiamento das aes em sade sob sua

    responsabilidade. Em termos de objetivos especficos, o presente trabalho busca:

    Apresentar a Emenda Constitucional 29/2000, assim como o contexto de suacriao;

    Identificar as regies do Brasil com maior e menor grau de cumprimento da EC29;

    Analisar descritivamente a relao entre o ndice de Desenvolvimento Humano

    (IDH) e o cumprimento da EC29 pelos estados brasileiros.

    Na primeira parte do trabalho, foi realizada reviso da bibliografia sobre a evoluo do

    Sistema nico de Sade, o financiamento do sistema de sade brasileiro e o contexto dainstituio da EC29. Na segunda parte, so descritas as fontes de informaes utilizadas e a

    metodologia utilizada para anlise dos dados. Na terceira parte, os resultados obtidos na

    pesquisa so apresentados na forma de anlise descritiva, no perodo de 2000 a 2005. Por fim,

    o trabalho finalizado pela anlise das principais implicaes dos resultados obtidos no setor

    de sade brasileiro.

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    A funo social dos tributos

    O financiamento das aes e programas de responsabilidade do Estado exige a garantia

    de recursos financeiros prprios. No Brasil, tais recursos so obtidos por meio da arrecadaode tributos.

    Art.3. Tributo toda prestao pecuniria compulsria, em

    moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no

    constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada

    mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

    (BRASIL, 1966).

    A Constituio Federal de 1988 considera a arrecadao tributria das seguintes

    categorias de tributos estabelecidas no Cdigo Tributrio Nacional (CTN) (BRASIL, 1966):

    Imposto:

    Art.16. Imposto o tributo cuja obrigao tem por fato

    gerador uma situao independente de qualquer atividadeestatal especfica, relativa ao contribuinte. (BRASIL,

    1966).

    Taxa:

    Art.77. As taxas cobradas pela Unio, pelos Estados, pelo

    Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas

    respectivas atribuies, tm como fato gerador o exerccio

    regular do poder de polcia, ou a utilizao, efetiva ou

    potencial, de servio pblico especfico e divisvel, prestado

    ao contribuinte ou posto sua disposio. (BRASIL, 1966).

    Contribuio de melhoria:

    Art.81. A contribuio de melhoria cobrada pela Unio,pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no

    mbito de suas respectivas atribuies, instituda para fazer

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    face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao

    imobiliria, tendo como limite total a despesa realizada e

    como limite individual o acrscimo de valor que da obra

    resultar para cada imvel beneficiado. (BRASIL, 1966).

    O CTN estabeleceu os limites e os fundamentos do direito tributrio, garantindo

    mecanismos legais aos cidados para discutir os impostos e os benefcios provenientes de sua

    aplicao pelo setor pblico (GRZYBOVSKI, 2006).

    A histria descrita explica a cultura brasileira de

    resistncia em pagar imposto; h um imaginrio institudo de

    que o governo no merece arrecadar porque aplica mal (...).

    O desvio das receitas pblicas, que deveriam ser vertidas de

    forma espontnea ao Estado, aliado falta de conscincia

    cidad, tem atravancado a evoluo e a modernizao do

    pas em termos gerenciais. (GRZYBOVSKI, 2006).

    Atualmente, os tributos vigentes no Brasil tm finalidade social, sendo o poder de

    tributar irrenuncivel e indelegvel. A Constituio Federal repartiu as competnciastributrias entre os entes federativos (BRANDO, 2005).

    A tributao o instrumento econmico dos governos para executar suas polticas

    pblicas. O tributo a principal fonte de recursos para financiamento dos servios pblicos no

    Brasil, que abrangem os servios de segurana pblica, regulamentao, fiscalizao e

    seguridade social, inclusive Sistema nico de Sade. O financiamento do SUS realizado

    pela arrecadao de diversos impostos, transferncias entre os entes federativos e vinculao

    de recursos especficos ao setor (BRANDO, 2005).

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    O Sistema nico de Sade

    Antes da criao do SUS, os cidados brasileiros podiam ser categorizados em trs

    classes: indivduos com capacidade de pagamento por servios de sade privados; indivduoscom direito a desfrutar de servios de sade pblicos via previdncia social; e indivduos

    isentos de qualquer direito na rea da sade.

    O Sistema nico de Sade (SUS) foi criado em 1988 pela Constituio Federal. Dado o

    amplo conjunto de garantias que assegurou ao cidado, denominada como Constituio

    Cidad, nomenclatura criada no discurso de Ulysses Guimares em julho de 1988:

    Esta constituio, ter cheiro de amanh, no cheiro de

    mofo (...). Ela ser a Constituio Cidad porque

    recuperar, como cidados, milhes de brasileiros (...). O

    povo nos mandou aqui para faz-la, no para ter medo.

    (GUIMARES, 1988).

    O SUS regido por um conjunto de princpios tico-doutrinrios e organizacionais-

    operacionais. Os princpios tico-doutrinrios compreendem a universalidade, a equidade e a

    integralidade da sade, ou seja, que definem que a sade um direito de todos os cidados,que deve buscar corrigir desequilbrios sociais e regionais atendendo s necessidades do

    cidado em todos os nveis de complexidade (BRASIL, 2000).

    Os princpios organizacionais-operacionais englobam a descentralizao dos servios, a

    regionalizao e a hierarquizao da rede de atendimento e a participao social. Os

    princpios tornam os entes federativos co-responsveis pela gesto do sistema, exigindo aes

    articuladas e institucionalizando a democracia participativa por meio dos conselhos de sade

    (BRASIL, 2000).H competncias especficas a cada um dos entes federativos na gesto do SUS (Unio,

    estados e municpios). No mbito municipal, as polticas de sade so aprovadas pelo

    Conselho Municipal de Sade (CMS); no mbito estadual, so negociadas e pactuadas pela

    Comisso Intergestores Bipartite (CIB) e deliberadas pelo Conselho Estadual de Sade (CES).

    No mbito federal, as polticas de sade so negociadas e pactuadas na Comisso

    Intergestores Tripartite (CIT).

    O SUS foi regulamentado pela Lei 8.080/90, que:

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    ...regula, em todo o territrio nacional, as aes e servios

    de sade, executados isolada ou conjuntamente, em carter

    permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurdicas de

    direito pblico ou privado(BRASIL, 1990a, Art.1).

    Simultaneamente, a lei 8.142/90 trata da participao da comunidade na gesto do

    sistema e das transferncias intergovernamentais de recursos financeiros (BRASIL, 1990b),

    tendo como objetivo:

    I - a identificao e divulgao dos fatores condicionantes e

    determinantes da sade;

    II - a formulao de poltica de sade destinada a promover,

    nos campos econmico e social, a observncia do disposto no

    1 do art. 2 desta lei;

    III - a assistncia s pessoas por intermdio de aes de

    promoo, proteo e recuperao da sade, com a

    realizao integrada das aes assistenciais e das atividades

    preventivas.(BRASIL, 1990, Art.5).

    O Sistema nico de Sade um dos maiores sistemas pblicos de sade do mundo,

    abrangendo desde o simples atendimento ambulatorial at o transplante de rgos e

    garantindo acesso integral, universal e gratuito para a populao do pas (MINISTRIO DA

    SADE, 2011).

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    Histrico do financiamento da sade

    O financiamento da sade antes do SUS

    Antes da Constituio de 1988, as polticas de sade eram restritas s aes de

    saneamento e ao controle de epidemias, sendo implementadas nas grandes cidades e nos

    portos. No incio do sculo XX, aes de combate febre amarela foram implantadas pelo

    Ministrio da Sade no Rio de Janeiro e porto de Santos por meio de programas de

    saneamento. A intensa atividade comercial nos locais em questo gerava interesse em

    prevenir uma epidemia, que poderia interferir na economia e resultar em prejuzos ao pas

    (CEAP, 2005).

    As polticas pblicas excluam aes de atendimento em sade, assim, os indivduos

    deveriam disponibilizar recursos prprios para recorrer aos mdicos particulares. Os demais

    indivduos deveriam buscar a assistncia ofertada em Santas Casas de Misericrdia. A

    assistncia mdica disponibilizada pela previdncia social era designada somente ao

    atendimento integral de trabalhadores formais (CEAP, 2005).

    Em 1923 foi criada a Lei Eloy Chaves, que instituiu as Caixas de Aposentadoria e

    Penso (CAPs), fundos de financiamento da assistncia mdica e aposentadoria dos

    trabalhadores de determinadas categorias profissionais, que deveriam ser criados pelas

    empresas e financiados pela contribuio dos empregados (CEAP, 2005).Na dcada de 1930, Getlio Vargas promove a unificao de diversas Caixas de

    Aposentadoria e Penso, transformando-as em Institutos de Aposentadoria e Penso (IAPs). A

    administrao dos vultosos recursos dos IAPs foi centralizada e parte dos recursos foi

    utilizada pelo governo Vargas para estimular a industrializao do pas, sem posterior

    reposio (CEAP, 2005).

    Em 1966, foi criado o Instituto Nacional de Previdncia Social (INPS), constitudo a

    partir da unificao dos IAPs. No entanto, a lgica do atendimento em sade concentrados emcontribuintes do sistema foi mantida, abrangendo apenas 7,3% da populao brasileira. Os

    recursos do INPS tambm foram destinados realizao de obras pblicas, como Itaipu e a

    Transamaznica (CEAP, 2005).

    A partir da criao do Sistema Nacional de Previdncia e Assistncia Social (SINPAS),

    na dcada de 1970, houve uma tentativa de modernizao administrativa do sistema

    previdencirio, devido sua inoperncia e baixa eficincia dos servios de sade (BRASIL,

    2007). No entanto, a iniciativa no obteve sucesso, sendo uma das causas da ampla

    mobilizao popular em torno das demandas de sade que caracterizou o movimento

    sanitarista e culminou na incluso do captulo da sade na Constituio Federal de 1988. Em

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    1987, o dispndio federal com servios de sade correspondia a 70% do gasto pblico total no

    setor. Atualmente, a participao federal em gastos pblicos no setor de sade situa-se em

    torno de 50% do oramento global da rea (FRANA, 2011).

    O oramento do SUS

    A responsabilidade pelo financiamento do SUS atribuda s trs esferas de governo,

    sendo que a Constituio Federal de 1988 assinala que:

    1. O sistema nico de sade ser financiado, nos termos

    do Art.195, com recursos do oramento da seguridade social,

    da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios,

    alm de outras fontes.(BRASIL, 1988, Art.198).

    Assim, a sade includa no campo da proteo social no Brasil, assim como a

    previdncia e a assistncia social. A nova viso de proteo social integrou padres de

    financiamento distintos, como impostos e contribuies sociais e recursos do Oramento

    Geral da Unio (OGU) e do Oramento da Seguridade Social (OSS) (DAIN, 2007).

    Os recursos da seguridade social incluem, alm das contribuies sobre folha salarial, ofaturamento empresarial (Contribuio Social para o Financiamento da Seguridade Social), o

    lucro lquido das empresas (Contribuio sobre o Lucro Lquido) e o PIS-PASEP (Programa

    de Integrao Social/Programa de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico) (DAIN,

    2007).

    No havia vinculao de fontes de financiamento para cada rea especfica da

    seguridade social no OSS. O artigo 55 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias da

    Constituio de 1988 determinou que, no mnimo, 30% do OSS (excludo o segurodesemprego) deveriam ser destinados sade at aprovao da primeira Lei de Diretrizes

    Oramentrias (LDO). Entre 1990 e 1993, foi mantido o percentual de 30% nas leis

    oramentrias federais. No entanto, em 1993, os recursos no so repassados ao Ministrio da

    Sade. Segundo Dain (2007), sob a alegao de que o recurso seria necessrio para financiar

    exclusivamente a Previdncia Social, tendo em vista o aumento das despesas. Em 1994, o

    percentual no citado na LDO (CEAP, 2005).

    Na segunda metade da dcada de 1990, o Ministrio da Sade busca incentivar a criao

    de uma fonte especifica de financiamento da sade. criada a Contribuio Provisria sobre a

    Movimentao Financeira (CMPF), aprovada em 1996 e implantada em 1997. O novo tributo

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    deveria prover maior estab

    teve um papel substitutivo.

    contribuies da CSLL e C

    Fonte: BRASIL (2007).

    Grfico 1. Participao d2005.

    Embora a CPMF ten

    convertida em contribui

    e, a partir de 2001, o FundEm 2000, aps inten

    financiamento do SUS, fo

    EC29 estabelece um per

    municpios e Distrito Fede

    governo com a universali

    municpios foi estabelecid

    alcanar 12% e 15%, respe

    lidade ao sistema de financiamento da sad

    Enquanto a CPMF gerou novos recursos p

    OFINS apresentaram significativo decrscim

    a CPMF na receita total do Ministrio d

    ha sido criada para vinculao integral sa

    social e, em 1999, utilizada para financi

    de Combate Pobreza (DAIN, 2007).sa negociao e discusso sobre a garantia

    aprovada e promulgada a Emenda Constit

    entual mnimo de recursos oramentrios

    ral devem aplicar na rea da sade, compro

    zao da sade. vinculao da receita t

    o um aumento gradual a partir do mnimo

    tivamente, em 2004.

    . No entanto, a CPMF

    ra a rea da sade, as

    o (Grfico 1).

    Sade. Brasil, 1996-

    de, foi posteriormente

    r a Previdncia Social

    de fontes estveis ao

    ucional 29 (EC29). A

    que Unio, estados,

    metendo as esferas do

    ibutria de estados e

    de 7% em 2000, at

  • 7/25/2019 TCC Juliana 2011

    18/38

    A estrutura de gastos do sistema pblico de sade brasileiro

    A estrutura de gastos do Sistema nico de Sade brasileiro diferente daquela

    apresentada em sistemas nacionais de sade de cunho welfariano. A participao do setorpblico no gasto nacional em sade somente 44% do dispndio total em sade no pas,

    embora busque garantir gratuidade, universalidade e integralidade da ateno sade da

    populao brasileira (UG, 2006).

    O gasto pblico em sade compartilhado pelas trs esferas de governo. At meados da

    dcada de 1990, o financiamento do sistema de sade era centralizado em nvel federal. A

    descentralizao do financiamento do SUS ocorreu de forma progressiva a partir da

    promulgao da Constituio Federal de 1988, gerando importante alterao na distribuio

    relativa dos gastos das trs esferas de governo em sade (BRASIL, 2007).

    Nos ltimos anos, h uma tendncia reduo da participao federal nos gastos

    pblicos em sade. Entre 1980 e 1990, a Unio era responsvel parcela superior a 70% do

    gasto pblico em sade (Tabela 1). Em 1995, a participao federal reduz-se a 63,8% e, em

    seguida, apresenta queda paulatina at alcanar 50,4% em 2003. Em 2004, a participao da

    Unio nas despesas pblicas em sade foi inferior a 50% (BRASIL, 2007).

    Tabela 1. Participao percentual nas despesas pblicas em sade segundo esfera degoverno. Brasil, 1980-2003.

    Ano Unio Estados Municpios

    1980 75,0 17,8 7,21985 71,7 18,9 9,51990 72,7 15,4 11,81995 63,8 18,8 17,42000 59,8 18,5 21,72001 56,1 20,7 23,2

    2002 52,8 21,5 25,62003 50,4 24,5 25,2

    2004 49,9 25,6 24,5

    Obs.: 1980 a 1990 = Despesa total com sade.1995 = Gasto pblico com sade, excluindo inativos e dvida e acrescentando gastos com sade, exceto

    gastos destinados a servidores pblicos de outros rgos federais.

    Tabela elaborada pela Equipe do SIOPS/SCTIE/MS. Braslia, 2005. Revises a partir de 2002.

    Fonte: Brasil (2007).

    Complementarmente, a participao de estados e municpios nos gastos em sade tem

    aumentado progressivamente. Em 1980, os gastos municipais em sade correspondiam a

    7,2% do gasto pblico total em sade, uma participao que aumentou para 24,5% em 2004.

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    19/38

    No caso dos gastos estaduais, houve incremento de 17,8% em 1980 para 25,6% em 2004

    (Tabela 1).

    Os estados e os municpios so alados a um maior protagonismo na execuo de aes

    em sade no bojo do processo de descentralizao, que ampliou a competncia tributria de

    tais entes federativos. A descentralizao tributria, expressa na Carta Constitucional, tambm

    elevou o nvel das transferncias de tributos federais s esferas subnacionais de governo.

    (UG, 2006)

    Alm dos impostos prprios, como o Imposto sobre Operaes Relativas Circulao

    de Mercadorias e Prestao de Servios de Transporte Interestadual e de Comunicao

    (ICMS), Imposto sobre Transmisso Causa Mortis e Doao de Bens e Direitos (ITCMD),

    Imposto sobre a Propriedade de Veculos Automotores (IPVA) e 5% adicionais ao Imposto deRenda (IR), os estados beneficiaram-se do aumento de transferncias do Fundo de

    Participao de Estados (FPE).

    Antes de 1988, o FPE abarcava 14% do IR e Imposto sobre Produtos Industrializados

    (IPI) arrecadados pela Unio. Depois de 1988, o FPE abarca 21,5% de ambos os impostos.

    Assim, os municpios obtm o aumento de recursos devido ao incremento das transferncias

    estaduais. A disponibilidade final de recursos dos estados manteve-se praticamente igual.

    (UG, 2006).

    A Emenda Constitucional 29/2000

    Promulgada em 13 de setembro de 2000, a Emenda Constitucional 29 altera os artigos

    34, 35, 156, 160, 167 e 198 da Constituio Federal e acrescenta artigos ao Ato das

    Disposies Constitucionais Transitrias para assegurar os recursos mnimos ao

    financiamento das aes e servios pblicos de sade (BRASIL, 2007).

    A emenda vinculou recursos para sade ao estabelecer um percentual mnimo de gastosem sade para cada uma das trs esferas de governo. Os recursos so provenientes das

    receitas de cada ente federativo, conforme diferentes bases de clculo. Antes da promulgao

    da EC29, a nica rea que tinha recursos vinculados constitucionalmente era o setor da

    educao, que obtinha 18% de receitas da Unio e 25% dos estados e municpios (BRASIL,

    2007).

    A criao da EC29 buscava reduzir problemas que comprometessem o financiamento

    do Sistema nico de Sade. Na dcada de 1990, estados e municpios no tinham obrigaode destinar um percentual mnimo sade. poca, as polticas pblicas federais em sade

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    para financiamento do SUS eram instveis, regidas por medidas emergenciais e provisrias

    (CAMPELLI, 2007). Os principais pontos da EC29 ou Emenda Constitucional da Sade so

    (BRASIL, 2007):

    a) Acrscimo da possibilidade de interveno da Unio nos estados, Distrito Federal

    e municpios aos artigos 34 e 35 da Constituio Federal; assim como

    possibilidade de interveno do estado em seus municpios, caso no apliquem o

    mnimo previsto em aes e servios pblicos de sade;

    b) Condicionalidade da entrega dos recursos transferidos pela Unio e pelos estados

    ao atendimento da vinculao definida pela emenda:

    O pargrafo nico do Art.160 passa a vigorar com a

    seguinte redao:

    Art.160

    Pargrafo nico. A vedao prevista neste artigo no impede

    a Unio e os Estados de condicionarem a entrega de

    recursos: (NR)

    I ao pagamento de seus crditos, inclusive de suas

    autarquias (AC)

    II ao cumprimento do disposto no art. 198, 2, incisos II e

    III (AC)(BRASIL, 2000, Art.4).

    c) Permisso de vinculao de receita de impostos s aes e aos servios de sade:

    O inciso IV do Art.167 passa a vigorar com a seguinte

    redao:Art.167

    IV a vinculao de receita de impostos a rgo, fundo ou

    despesa, ressalvadas a repartio do produto da

    arrecadao dos impostos a que se referem os Arts.158 e

    159, a destinao de recursos para as aes e servios

    pblicos de sade e para manuteno e desenvolvimento do

    ensino, como determinado, respectivamente, pelos Arts.198,

    2, e 212, e a prestao de garantias s operaes decrdito por antecipao de receita, previstas no Art.165, 8,

  • 7/25/2019 TCC Juliana 2011

    21/38

    bem como o disposto no 4 deste artigo (NR) (BRASIL,

    2000, Art.5).

    d) Estabelecimento de base de clculo do percentual das receitas dos Estados,Distrito Federal e Municpios a serem aplicados em aes e servios pblicos de

    sade:

    O Art.198 passa a vigorar acrescido dos seguintes 2 e

    3, numerando-se o atual pargrafo nico como 1:

    Art.198

    1 (pargrafo nico original)

    2 A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios

    aplicaro, anualmente, em aes e servios pblicos de

    sade recursos mnimosderivados da aplicao de

    percentuais calculados sobre: (AC)

    I no caso da Unio, na forma definida nos termos da lei

    complementar prevista no 3; (AC)

    II no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da

    arrecadao dos impostos a que se refere o Art.155 e dosrecursos de que tratam os Arts.157 e 159, inciso I, alnea a, e

    inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos

    respectivos Municpios; (AC)

    III no caso dos Municpios e do Distrito Federal, o produto

    da arrecadao dos impostos a que se refere o Art.156 e dos

    recursos de que tratam os Arts.158 e 159, inciso I, alnea b e

    3 (AC) (BRASIL, 2000, Art.6).

    e) Previso de promulgao de Lei Complementar que reavaliar a cada cinco anos:

    I os percentuais de que trata o 2; (AC)

    II os critrios de rateio dos recursos da Unio vinculados

    sade destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos

    Municpios, e dos Estados destinados a seus respectivos

    Municpios, objetivando a progressiva reduo das

    disparidades regionais; (AC)

    III as normas de fiscalizao, avaliao e controle das

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    despesas com sade nas esferas federal, estadual, distrital e

    municipal; (AC)

    IV as normas de clculo do montante a ser aplicado pela

    Unio. (AC) do montante a ser aplicado pela Unio(BRASIL, 2000, Art.6).

    f) Estabelecimento de percentual mnimo de recursos oramentrios que os entes

    federativos seriam obrigados a aplicar na rea da sade:

    O Ato das Disposies Constitucionais Transitrias passa a

    vigorar acrescido do seguinte Art.77:

    Art.77 At o exerccio financeiro de 2004, os recursos

    mnimos aplicados nas aes e servios pblicos de sade

    sero equivalentes: (AC)

    I no caso da Unio: (AC)

    a) no ano 2000, o montante empenhado em aes e servios

    pblicos de sade no exerccio financeiro de 1999 acrescido

    de, no mnimo, cinco por cento; (AC)

    b) do ano 2001 ao ano 2004, o valor apurado no anoanterior, corrigido pela variao nominal do Produto Interno

    Bruto PIB; (AC)

    II no caso dos Estados e do Distrito Federal, doze por

    cento do produto da arrecadao dos impostos a que se

    refere o Art.155 e dos recursos de que tratam os Arts.157 e

    159, inciso I, alnea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que

    forem transferidas aos respectivos Municpios; e (AC)

    III no caso dos Municpios e do Distrito Federal, quinzepor cento do produto da arrecadao dos impostos a que se

    refere o Art.156 e dos recursos de que tratam os Arts 158 e

    159, inciso I, alnea b e 3 (AC). (BRASIL, 2000, Art.7).

    g) Estabelecimento de obrigao elevao progressiva de aplicaes at 2004 no

    caso dos estados, Distrito Federal e municpios que aplicarem menos que os

    percentuais previstos, na razo de, pelo menos, um quinto por ano:

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    1. Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios que

    apliquem percentuais inferiores aos fixados nos incisos II e

    III devero elev-los gradualmente, at o exerccio

    financeiro de 2004, reduzida a diferena razo de, pelomenos, um quinto por ano, sendo que, a partir de 2000, a

    aplicao ser de pelo menos sete por cento. (AC)

    2. Dos recursos da Unio apurados nos termos deste

    artigo, quinze por cento, no mnimo, sero aplicados nos

    Municpios, segundo o critrio populacional, em aes e

    servios bsicos de sade, na forma da lei. (AC)

    3. Os recursos dos Estados, do Distrito Federal e dos

    Municpios destinados s aes e servios pblicos de sade

    e os transferidos pela Unio para a mesma finalidade sero

    aplicados por meio de Fundo de Sade que ser

    acompanhado e fiscalizado por Conselho de Sade, sem

    prejuzo do disposto no Art.74 da Constituio Federal.

    (BRASIL, 2000, Art.7).

    h) Estabelecimento de regras para aplicao dos dispositivos da emenda, enquanto a

    lei complementar no for promulgada:

    4. Na ausncia da lei complementar a que se refere o art.

    198, 3, a partir do exerccio financeiro de 2005, aplicar-se-

    Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios

    o disposto neste artigo. (BRASIL, 2000, Art.7).

    Resoluo 322/2003 do Conselho Nacional de Sade

    As diretrizes de aplicao da EC29 foram aprovadas no Conselho Nacional de Sade

    (CNS) pela Resoluo 322, de 08 de maio de 2003 (CAMPELLI, 2007). A resoluo

    322/2003 visa esclarecer conceitual e operacionalmente o texto constitucional, viabilizando

    sua aplicao at a aprovao da Lei Complementar referida no 3 do artigo 198 da

    Constituio Federal. A resoluo contm dez diretrizes divididas em quatro temas:

    Base de clculo para definio de recursos mnimos a serem aplicados em sade;

    Recursos mnimos a serem aplicados em sade;

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    Aes e servios pblicos de sade;

    Instrumentos de acompanhamento, fiscalizao e controle.

    As bases de clculo das receitas estaduais e municipais so estipuladas da seguinte

    forma (BRASIL, 2007):

    Estados Municpios

    Total das receitas de impostos estaduais:

    ICMS, IPVA, ITCMD

    Total das receitas de impostos municipais:

    ISS, IPTU, ITBI

    (+) Receitas de transferncias da Unio:

    Quota-Parte do FPEQuota-Parte do IPI Exportao

    Transferncias da Lei Complementar 87/96

    (Lei Kandir)

    (+) Receitas de transferncias da Unio:

    Quota-Parte do FPMQuota-Parte do ITR

    Quota-Parte da Lei Complementar 87/96 (Lei

    Kandir)

    (+) Imposto de Renda Retido na Fonte (+) Imposto de Renda Retido na Fonte

    (+) Outras receitas correntes:

    Receita da Dvida Ativa Tributria de

    Impostos, Multas, Juros de Mora e Correo

    Monetria

    (+) Receitas de transferncias do Estado:

    Quota-Parte do ICMS

    Quota-Parte do IPVA

    Quota-Parte do IPI Exportao

    (-) Transferncias financeiras constitucionais

    e legais a Municpios:

    ICMS (25%)

    IPVA (50%)

    IPI Exportao (25%)

    (+) Outras Receitas Correntes:

    Receita da Dvida Ativa Tributria de

    Impostos, Multas, Juros de Mora e Correo

    Monetria

    (=) Base de Clculo Estadual (=) Base de Clculo Municipal

    Fonte: BRASIL (2007).

    As diretrizes de aplicao da EC29 foram aprovadas no Conselho Nacional de Sade

    (CNS) pela resoluo, cujos clculos representam os percentuais mnimos a serem aplicados

    pelos estados e municpios durante a regra de transio, entre 2000 e 2004, de forma a

    permitir ajustes graduais nos oramentos (CAMPELLI, 2007). A partir de 2000, h trs

    situaes possveis:

    1. Entes federativos que aplicavam pelo menos 12% das receitas estaduais e 15%

    das receitas municipais em sade no ano de 2000 no podem reduzir os percentuais de gastos

    em sade abaixo do patamar exigido nos anos seguintes;

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    2. Entes federativos que aplicavam percentual igual ou inferior ao limite mnimo

    de 7% em sade no ano de 2000 devem promover elevao do percentual gasto em sade a

    cada ano, conforme tabela a seguir (Tabela 2).

    Tabela 2. Percentuais mnimos de vinculao oramentria ao SUS nos termos daEmenda Constitucional 29/2000. Brasil, 2003.

    Ano Estados Municpios

    2000 7,0 7,02001 8,0 8,62002 9,0 10,22003 10,0 11,8

    2004 12,0 15,0Fonte: BRASIL (2003).

    3. Entes federativos que aplicavam percentual entre 7% e 12% das receitas

    estaduais ou entre 7% e 15% das receitas municipais em sade no ano de 2000 devem calcular

    a razo de um quinto da diferena entre o percentual aplicado em 2000 e o mnimo previsto

    para 2004, conforme os clculos a seguir:

    O resultado obtido deve ser somado ao percentual aplicado em 2000 para calcular o

    valor mnimo para 2001. Em 2002 e 2003, a razo deve ser somada ao percentual mnimo

    calculado para o ano anterior (BRASIL, 2003).

    Na hiptese de descumprimento da EC n.29, a definio

    dos valores do exerccio seguinte no ser afetada; ou seja,

    os valores mnimos sero definidos tomando-se como

    referncia os valores que teriam assegurado o pleno

    cumprimento da Emenda Constitucional no exerccio

    anterior.

    Alm disso, dever haver uma suplementao oramentria

    no exerccio seguinte, para compensar a perda identificada,

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    sem prejuzo das sanes previstas na Constituio e na

    legislao. (BRASIL, 2003).

    Adicionalmente, a resoluo buscou definir as aes consideradas como atividades eservios pblicos em sade, de forma a impedir que outros tipos de gastos sejam classificados

    no mbito da sade. Nenhum ente federativo pode incluir nas despesas de sade gastos com

    merenda escolar e limpeza urbana, por exemplo, como forma de tentar cumprir a EC29:

    Quinta Diretriz: Para efeito da aplicao da Emenda

    Constitucional n.29, consideram-se despesas com aes e

    servios pblicos de sade aquelas com pessoal ativo eoutras despesas de custeio e de capital, financiadas pelas trs

    esferas de governo, conforme o disposto nos artigos 196 e

    198, 2, da Constituio Federal e na Lei n .8.080/90,

    relacionadas a programas finalsticos e de apoio, inclusive

    administrativos, que atendam, simultaneamente, aos

    seguintes critrios:

    I sejam destinadas s aes e servios de acesso universal,

    igualitrio e gratuito;II estejam em conformidade com objetivos e metas

    explicitados nos Planos de Sade de cada ente federativo;

    III sejam de responsabilidade especfica do setor de sade,

    no se confundindo com despesas relacionadas a outras

    polticas pblicas que atuam sobre determinantes sociais e

    econmicos, ainda que com reflexos sobre as condies de

    sade(CONSELHO NACIONAL DE SADE, 2003).

    A resoluo tambm estabelece que o Sistema de Informaes sobre Oramentos

    Pblicos em Sade do Ministrio da Sade (SIOPS) deve divulgar as informaes relativas ao

    cumprimento da Emenda Constitucional n.29. Tais dados so referncia ao

    acompanhamento, fiscalizao e controle da aplicao dos recursos vinculados em aes e

    servios pblicos de sade.

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    Material e Mtodos

    Delineamento do estudo

    O presente trabalho constitui um estudo exploratrio descritivo dos dados de dispndiodo Sistema nico de Sade.

    A fundamentao terica foi realizada a partir da anlise histrica do financiamento do

    Sistema nico de Sade brasileiro, assim como sua atual estrutura e o contexto da proposio

    da Emenda Constitucional 29.

    Variveis da anlise

    Cumprimento da Emenda Constitucional 29

    Os dados quanto ao cumprimento da Emenda Constitucional 29 pelos estados da

    federao foram extrados do Sistema de Informaes sobre Oramentos Pblicos em Sade

    (SIOPS). A partir das informaes declaradas pelos estados, municpios, Unio e Distrito

    Federal, o SIOPS gera um indicador demonstrativo da situao do ente federativo relativa ao

    cumprimento da Emenda Constitucional 29/2000.

    ndice de Desenvolvimento Humano (IDH)

    Os dados referentes ao ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos estados

    brasileiros foram extrados do relatrio Emprego, desenvolvimento humano e trabalho

    decente: A experincia brasileira recente (CEPAL/PNUD/OIT, 2008). O ndice de

    Desenvolvimento Humano (IDH), idealizado pelo economista paquistans Mahbub ul Haq

    com a colaborao do economista indiano Amartya Sem, busca quantificar o desenvolvimento

    humano de um pas a partir de trs aspectos:

    Renda per capita;

    Longevidade;

    Escolaridade.

    A renda mensurada a partir do PIB per capita do pas ou unidade geogrfica em

    anlise. A longevidade abarca a expectativa ao nascer. A educao inclui o ndice de

    analfabetismo e a taxa de matrcula das escolas. As trs dimenses apresentam o mesmo peso

    no clculo do ndice, que apresenta uma escala de zero a um (CEPAL/PNUD/OIT, 2008).

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    Resultados

    Regio Norte

    A regio norte a regio mais extensa do pas com uma rea correspondente a 42,27%do territrio nacional. No ano 2000, os estados da regio cumpriam o percentual mnimo de

    gastos vinculados ao SUS. O Acre era o estado da regio com maior percentual de gastos em

    sade no ano (18,49%), enquanto o Par apresentou o menor percentual de vinculao

    (7,33%) (Tabela 3).

    Tabela 3. Cumprimento da EC29. Regio Norte, 2000-2005.

    Estados 2000 2001 2002 2003 2004 2005%mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    Rondnia 7,00 7,79 8,63 10,64 9,47 9,47 10,32 10,54 12,00 11,42 12,00 12,11

    Acre 7,00 18,49 12,00 14,77 12,00 13,46 12,00 12,96 12,00 12,48 12,00 12,05

    Amazonas 7,00 14,58 12,00 21,15 12,00 25,11 12,00 20,37 12,00 21,15 12,00 20,78

    Roraima 7,00 11,51 11,61 14,92 11,71 10,14 11,80 13,26 12,00 11,53 12,00 12,77

    Par 7,00 7,33 8,26 8,88 9,20 9,88 10,13 10,31 12,00 12,04 12,00 12,41

    Amap 7,00 10,16 10,53 10,30 10,90 12,52 11,26 14,99 12,00 14,14 12,00 11,31

    Tocantins 7,00 9,40 9,92 12,30 10,44 11,48 10,96 11,32 12,00 12,02 12,00 12,05

    Fonte: SIOPS (2011).

    Em 2001, o estado do Amap (10,3%) foi o nico da regio norte do Brasil que no

    atingiu o percentual mnimo estabelecido para o estado (10,53%). Os demais estados da

    regio cumpriram o percentual estabelecido pela EC29, sendo que o estado do Amazonas

    apresentou percentual superior ao dobro do limite mnimo (21,15%).

    Em 2002, o Amap cumpriu a EC29, no entanto, o estado de Roraima no alcanou o

    percentual mnimo estabelecido (11,71% ), pois atingiu um percentual de 10,14%. No ano de

    2003, os estados da regio norte conseguiram aplicar o percentual mnimo de receita

    vinculada sade. Em 2004, dois estados da regio no cumpriram o percentual mnimo

    estabelecido pela emenda (Rondnia e Roraima). Em 2005, somente o Amap no atingiu o

    percentual previsto na EC29.

    interessante notar que, em 2001, o Amap com o maior IDH da regio, foi o nico

    estado da regio norte que no cumpriu os dispndios em sade previstos na EC29. O mesmo

    ocorreu em 2004 no caso de Rondnia e em 2005 no caso de Amap, que apresentaram

    melhores IDH da regio, mas no garantiram o percentual mnimo de recursos para a sade(Tabela 4).

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    Tabela 4. ndice de Desenvolvimento Humano. Regio Norte, 2000-2005.

    Estados 2000 2001 2002 2003 2004 2005

    Rondnia 0,753 0,753 0,766 0,765 0,768 0,776Acre 0,729 0,741 0,751 0,752 0,748 0,751Amazonas 0,731 0,748 0,757 0,759 0,766 0,780Roraima 0,754 0,750 0,744 0,752 0,741 0,750Par 0,734 0,739 0,748 0,740 0,749 0,755Amap 0,755 0,766 0,759 0,765 0,762 0,780Tocantins 0,730 0,741 0,738 0,742 0,751 0,756Fonte: CEPAL/PNUD/OIT (2008).

    Regio Nordeste

    A regio nordeste apresenta o maior nmero de estados entre as regies brasileiras.

    Nota-se que a maioria dos estados da regio no cumpriu as diretrizes da EC29 at 2002

    (Tabela 5). Em 2000, apenas quatro estados do nordeste foram capazes de garantir o

    percentual mnimo estabelecido em lei para gastos em sade: Rio Grande do Norte,

    Pernambuco, Alagoas e Bahia. A situao piorou nos anos seguintes, sendo que Pernambuco

    que foi o nico estado que cumpriu a emenda nos trs primeiros anos de vigncia. O

    Maranho apresentou os piores indicadores de desempenho quanto aplicao mnima de

    recursos em sade.

    Tabela 5. Cumprimento da EC29. Regio Nordeste, 2000-2005.

    Estados2000 2001 2002 2003 2004 2005

    %mn.

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    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    Maranho 7,00 1,51 8,00 1,75 9,00 5,56 10,00 7,98 12,00 13,23 12,00 12,73

    Piau 7,00 5,02 8,00 8,90 9,00 6,07 10,00 7,48 12,00 11,62 12,00 12,64Cear 7,00 2,60 8,00 7,54 9,00 8,18 10,00 8,74 12,00 12,70 12,00 11,97R.G.Norte 7,00 12,56 12,00 11,53 12,00 13,30 12,00 14,58 12,00 12,02 12,00 12,63Paraba 7,00 3,66 8,00 12,81 9,00 10,52 10,00 10,62 12,00 9,59 12,00 10,32Pernambuco 7,00 10,46 10,77 11,60 11,08 11,59 11,38 11,88 12,00 12,00 12,00 12,23Alagoas 7,00 9,35 9,88 7,96 10,41 9,39 10,94 8,96 12,00 12,08 12,00 12,01Sergipe 7,00 3,32 8,00 5,77 9,00 8,06 10,00 10,07 12,00 12,04 12,00 12,14Bahia 7,00 8,49 9,19 8,40 9,89 9,41 10,60 10,38 12,00 12,15 12,00 12,15Fonte: SIOPS (2011).

    No ano de 2003, somente quatro estados do nordeste cumpriram os percentuais mnimos

    de verba destinada sade: Rio Grande do Norte, Paraba, Pernambuco e Sergipe. A situao

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    da regio apresentou um avano nos anos de 2004 e 2005: sete estados da regio cumpriram a

    EC29.

    Tabela 6. ndice de Desenvolvimento Humano. Regio Nordeste, 2000-2005.

    Estados 2000 2001 2002 2003 2004 2005Maranho 0,655 0,675 0,679 0,677 0,686 0,683Piau 0,667 0,677 0,688 0,688 0,698 0,703Cear 0,698 0,706 0,712 0,709 0,717 0,723Rio Grande do Norte 0,710 0,716 0,721 0,715 0,724 0,738Paraba 0,685 0,688 0,699 0,702 0,709 0,718Pernambuco 0,691 0,699 0,703 0,699 0,710 0,718Alagoas 0,648 0,662 0,665 0,669 0,670 0,677Sergipe 0,706 0,717 0,730 0,736 0,741 0,742Bahia 0,715 0,720 0,727 0,727 0,732 0,742Fonte: CEPAL/PNUD/OIT (2008).

    Analisando-se o ndice de Desenvolvimento Humano dos estados da regio, verifica-se

    que, entre 2000 e 2005, a Paraba foi o estado com menor IDH; enquanto a Bahia apresentou

    IDH superior na regio em 2000, tendo cumprido a EC29. No entanto, em 2001, embora tenha

    apresentado novamente o melhor IDH da regio, a Bahia descumpriu a EC29. Em 2005,

    Bahia e Sergipe obtiveram os melhores IDH entre estados do nordeste e, simultaneamente,

    cumpriram os parmetros da EC29 (Tabela 6).

    Regio Centro-Oeste

    A regio centro-oeste do Brasil apresenta quatro unidades federativas: Mato Grosso do

    Sul, Mato Grosso, Gois e o Distrito Federal, sendo o segundo maior territrio em extenso

    do pas.

    No perodo de vigncia da EC29, o estado de Mato Grosso teve dificuldades emcumprir o percentual mnimo de gastos em sade; enquanto o Distrito Federal foi o nico ente

    federativo a garantir cumprimento da EC29 durante a quase totalidade do perodo em anlise

    (Tabela 7).

    Em sntese, nos primeiros anos da EC 29 (2000 e 2001), 50% dos estados da regio

    centro-oeste cumpriram a EC29. O quadro piorou entre 2002 e 2003, quando apenas 25% dos

    estados da regio cumpriram as diretrizes da emenda. Nos ltimos anos analisados (2004 e

    2005), a maioria dos estados (75%) atingiu o percentual mnimo de gastos em sade previstos

    na EC29.

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    Tabela 7. Cumprimento da EC29. Regio Centro-Oeste, 2000-2005.

    Estados2000 2001 2002 2003 2004 2005

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    M.Grosso Sul 7,00 8,88 9,50 6,81 10,13 9,22 10,75 8,61 12,00 12,14 12,00 12,57Mato Grosso 7,00 2,75 8,00 6,33 9,00 7,72 10,00 9,09 12,00 11,01 12,00 11,19Gois 7,00 7,88 8,70 12,39 9,53 8,12 10,35 10,12 12,00 12,46 12,00 12,05D.Federal 7,00 6,16 8,00 8,91 9,00 9,78 10,00 11,06 12,00 13,27 12,00 15,51Fonte: SIOPS (2011).

    Em termos de IDH, o Distrito Federal manteve o maior IDH da regio no perodo

    analisado, sendo que cumpriu a EC29 na maioria dos anos, exceto em 2000. J o estado de

    Mato Grosso, que no cumpriu a emenda em nenhum momento, apresenta o pior IDH da

    regio na maioria dos anos, exceto em 2002 (Tabela 8).

    Tabela 8. ndice de Desenvolvimento Humano. Regio Centro-Oeste, 2000-2005.

    Estados 2000 2001 2002 2003 2004 2005Mato Grosso do Sul 0,781 0,784 0,795 0,791 0,793 0,802Mato Grosso 0,775 0,784 0,790 0,782 0,793 0,796Gois 0,779 0,784 0,787 0,786 0,794 0,800Distrito Federal 0,858 0,858 0,865 0,865 0,868 0,874Fonte: CEPAL/PNUD/OIT (2008).

    Regio Sudeste

    A regio sudeste a regio mais populosa do pas, formada por quatro estado: Minas

    Gerais, Esprito Santos, Rio de Janeiro e So Paulo. Em 2000, somente Minas Gerais

    descumpriu o nvel de gastos mnimos em sade previsto na EC29. No entanto, em 2001 e

    2002, dois estados da regio efetuaram dispndio em sade inferior s exigncias da EC29:

    Minas Gerais e Rio de Janeiro.

    No ano de 2003, os quatro estados da regio sudeste atingiram a meta de gastos em

    sade prevista pela EC29. Nos ltimos anos do perodo analisado (2004 e 2005), somente o

    estado do Rio de Janeiro descumpriu a EC29 na regio (Tabela 9).

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    Tabela 9. Cumprimento da EC29. Regio Sudeste, 2000-2005.

    Estados2000 2001 2002 2003 2004 2005

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    Minas Gerais 7,00 4,78 8,00 6,88 9,00 6,36 10,00 10,20 12,00 12,16 12,00 12,33Esprito Sto. 7,00 13,59 12,00 12,23 12,00 12,91 12,00 12,65 12,00 12,23 12,00 12,05R.de Janeiro 7,00 7,73 8,58 5,01 9,44 6,28 10,29 10,85 12,00 11,92 12,00 11,92So Paulo 7,00 9,58 10,06 11,15 10,55 11,76 11,03 12,26 12,00 13,74 12,00 12,95Fonte: SIOPS (2011).

    O estado do Esprito Santo teve o menor IDH da regio nos anos de 2000, 2001 e 2004;

    no entanto, cumpriu os parmetros da EC29 no perodo. So Paulo apresentou o maior IDH

    da regio na maioria dos anos analisados e tambm cumpriu a EC29. interessante observar

    que, em 2004, o maior IDH da regio foi registrado no estado do Rio de Janeiro, quedescumpriu a emenda no ano (Tabela 10).

    Tabela 10. ndice de Desenvolvimento Humano. Regio Sudeste, 2000-2005.

    Estados 2000 2001 2002 2003 2004 2005Minas Gerais 0,780 0,781 0,785 0,786 0,795 0,800Esprito Santo 0,778 0,777 0,788 0,786 0,794 0,802Rio de Janeiro 0,811 0,815 0,821 0,825 0,826 0,832So Paulo 0,821 0,823 0,824 0,824 0,825 0,833Fonte: CEPAL/PNUD/OIT (2008).

    Regio Sul

    A regio sul composta pelos estados do Paran, Rio Grande do Sul e Santa Catarina,

    sendo a menor regio brasileira em territrio. A situao dos estados da regio em relao ao

    cumprimento da EC29 bastante crtica. No ano de 2000, somente o estado de Santa Catarina

    cumpriu os parmetros de gastos em sade da EC29; enquanto em 2001 o nico estado a

    cumprir a EC29 foi o Paran (Tabela 11). Nenhum estado da regio sul cumpriu a EC29 no

    perodo de 2003 a 2005.

    Tabela 11. Cumprimento da EC29. Regio Sul, 2000-2005.

    Estados2000 2001 2002 2003 2004 2005

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    %mn.

    %aplic.

    Paran 7,00 4,06 8,00 10,09 9,00 5,98 10,00 5,75 12,00 6,14 12,00 8,35Sta.Catarina 7,00 9,34 9,87 8,43 10,40 5,90 10,94 8,18 12,00 11,25 12,00 10,79

    R.G.Sul 7,00 6,82 8,00 6,59 9,00 5,62 10,00 4,32 12,00 5,20 12,00 4,80Fonte: SIOPS (2011).

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    Analisando-se o IDH da regio, verifica-se que os estados apresentam alto IDH em

    comparao com as demais regies brasileiras. Entre 2001 e 2005, o estado de Santa Catarina

    apresentou o melhor IDH da regio sul e do Brasil; no entanto, descumpriu o percentual

    mnimo de gastos em sade no perodo analisado (Tabela 12).

    Tabela 12. ndice de Desenvolvimento Humano. Regio Sul, 2000-2005.

    Estados 2000 2001 2002 2003 2004 2005Paran 0,795 0,800 0,804 0,808 0,816 0,820Santa Catarina 0,817 0,825 0,825 0,831 0,833 0,840Rio Grande do Sul 0,818 0,819 0,824 0,825 0,829 0,832Fonte: CEPAL/PNUD/OIT (2008).

    Panorama nacional

    Em 2000, 62,96% dos estados brasileiros efetuaram gastos em sade de acordo com o

    percentual previsto na EC29. No ano de 2002, houve uma significativa queda no percentual

    de estados que cumpriram a EC29 (44,44%). A partir de 2003, o ndice apresenta paulatino

    incremento, atingindo 70,37% no ano de 2005 (Tabela13).

    Tabela 13. Proporo de estados com gastos em sade em conformidade previso daEC29. Brasil, 2000-2005.

    Ano Cumprimento da EC29 Descumprimento da EC292000 62,96% 37,04%2001 51,85% 48,15%2002 44,44% 55,56%2003 59,26% 40,74%2004 66,66% 33,34%2005 70,37% 29,63%

    Fonte: Elaborao prpria a partir de dados do SIOPS (2011).

    Um indicador de interesse a anlise do IDH mdio dos estados que efetuaram gastos

    em sade de acordo com a previso da Emenda Constitucional 29 (Tabela 14).

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    Tabela 14. IDH mdio dos estados segundo cumprimento da EC29. Brasil, 2000-2005.

    Ano Cumprimento da EC29 Descumprimento da EC292000 0,749 0,7442001 0,756 0,7522002 0,760 0,7582003 0,763 0,7542004 0,757 0,7792005 0,762 0,793

    Fonte: Elaborao prpria com utilizao de dados do SIOPS (2011) e CEPAL/PNUD/OIT (2008).

    Entre 2000 e 2002, a mdia do IDH entre estados que cumpriram ou descumpriram a

    EC29 apresentava-se bastante prxima. A partir de 2003, no entanto, a diferena eleva-se

    paulatinamente.

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    Concluso

    O presente trabalho buscou analisar dados de estados brasileiros em relao ao

    cumprimento da Emenda Constitucional 29/2000, tambm conhecida como Emenda daSade, no perodo de 2000 a 2005.

    A EC29 representa uma evoluo na vinculao constitucional do empenho de recursos

    financeiros rea da sade. A emenda define o volume de receitas resultantes de impostos e

    transferncias constitucionais dos entes federativos que deve ser destinado realizao de

    aes em sade, de forma a garantir a operacionalizao do Sistema nico de Sade a partir

    das necessidades e demandas populacionais (CAMPELLI, 2007).

    A comparao entre as regies brasileiras demonstrou que os estados da regio norte

    apresentam maior freqncia no cumprimento dos percentuais mnimos de gastos e sade

    estabelecidos na EC29. Por outro lado, os estados da regio sul, embora apresentem os

    melhores ndices em termos de desenvolvimento humano no pas, demonstraram dificuldades

    no cumprimento dos parmetros estipulados pela EC29.

    Verificou-se certa tendncia dos estados com melhor IDH das regies em descumprir os

    padres de gastos em sade previstos na emenda. No entanto, h excees tendncia

    observada: tanto o Distrito Federal quanto o estado de So Paulo apresentaram significativa

    adeso EC29 nos anos em que apresentaram o IDH mais alto de suas respectivas regies.

    importante ressaltar que h previso de mecanismos para verificao das despesas

    com aes e servios de sade declaradas pelos entes federativos no mbito do SIOPS. A

    Resoluo 322/2003 (BRASIL, 2003) define claramente os gastos que devem ser

    considerados sob a designao de despesas em sade, cabendo aos Tribunais de Contas dos

    diferentes nveis de governo a fiscalizao dos dados declarados.

    Segundo CAMPELLI (2007), no perodo de 2000 a 2003, alguns estados incluram

    gastos considerados alheios sade para atingir as metas de aplicao da EC29, tais como

    despesas com inativos, saneamento, habitao urbana, recursos hdricos, merenda escolar,

    programas de alimentao e hospitais de clientela fechada. Espera-se que o papel dos

    Tribunais de Contas seja exercido na medida prevista em lei, punindo os estados que

    forneam informaes falsas para tentar escapar ao monitoramento estabelecido pelo

    Ministrio da Sade quanto ao cumprimento da EC29.

    A Emenda Constitucional 29/2000 busca somente assegurar que o sistema de sade

    pblico brasileiro obtenha os recursos mnimos necessrios operacionalizao das aes emsade no mbito do SUS. No entanto, dificilmente resolver os problemas do financiamento

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    do sistema de sade pblico brasileiro. Cabe ao gestor pblico decidir como os recursos

    devem ser aplicados, de forma a garantir a plena operacionalizao e fortalecimento do SUS

    para atendimento da populao brasileira e consolidao do direito sade.

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