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Cadernos técnicos de "." conservaçao fotográfica 1 Treinamento em conservação fotográfica: a orientação do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Funarte Sandra Baruki e Nazareth Coury 9 Roteiro do vídeo Negativos de vidro - conservação Sandra Baruki, Nazareth Coury e João Carlos Horta iUnartê MINISTÉRIO DA CULTURA Rio de Janeiro, 2004

técnicosde conservaçao - cultura.rs.gov.br

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Cadernostécnicos de

"."conservaçaofotográfica

1 Treinamento em conservação fotográfica:a orientação do Centro de Conservação ePreservação Fotográfica da FunarteSandra Baruki e Nazareth Coury

9 Roteiro do vídeo Negativos de vidro -conservaçãoSandra Baruki, Nazareth Coury e João Carlos Horta

iUnartêMINISTÉRIO DA CULTURA Rio de Janeiro, 2004

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da CulturaGilberto Gil

Presidente da FunarteAntonio Grassi

Diretora do Centro de ProgramasIntegrados/EdiçõesMíriam Brum

Diretor do Centro das Artes VisuaisFrancisco Chaves

Coordenadora do Centro deConservação e PreservaçãoFotográficaSandra Baruki

EdiçãoEridan LeãoSandra Baruki

Revisão técnicaSandra BarukiClara Mosciaro

Revisão de textosAna SkinnerTereza CardosoClara Mosciaro

ColaboraçãoElizabeth Carvalho MacedoAlexandra Z. Borges

FunarteCentro de Conservação e PreservaçãoFotográfica

Rua Monte Alegre 255 Santa Teresa22240-190 Rio de Janeiro RJ BrasilTel. (021) 2507.7436/2279.8452email: [email protected]

Cadernos Técnicos do CCPF

Reeditar os Cadernos Técnicos deConservação Fotográfica é, para a atualgestão da Funarte, uma forma de darprosseguimento a um projeto que semostrou, desde a sua criação, comouma preciosa fonte de disseminação deconhecimento nesta área.

Os Cadernos Técnicos vêm atender ànecessidade de divulgar trabalhos debrasileiros e estrangeiros, diante dacrescente demanda de informaçõesneste setor, o que revela o interesse deprofissionais que zelam pelamanutenção dos acervos fotográficos,de importância indiscutível no mundocontemporâneo.

O Centro de Conservação ePreservação Fotográfica da Funarte éum centro de referência, no Brasil e naAmérica Latina. Núcleo de pesquisa edifusão, o CCPF é reconhecido erespeitado também como um centro detreinamento que nas últimas duasdécadas implementou e consolidouuma política de preservação damemória fotográfica no país.

Antonio Grassi

Catalogação na fonteFUNARTE/ Coordenação de Documentação e Informação

Cadernos técnicos de conservação fotográfica, 1 /[organização do Centro de Conservação e Preservação

Fotográfica da Funartel. 3. ed. rev. - Rio de Janeiro:Funarte, 2004.

12 p.

Conteúdo: Treinamento em conservação fotográfica: aorientação do Centro de Conservação e PreservaçãoFotográfica da Funarte / Sandra Baruki e Nazareth Coury-Roteiro do vídeo Negativos de vidro: conservação /Sandra Baruki, Nazareth Coury e João Carlos Horta

ISBN 85-7507-053-3

1. Fotografia. 2. Conservação fotográfica. 3. Preservaçãode fotografias. I. Funarte. Centro de Conservação ePreservação Fotográfica

CDD 771.46

Treinamento em conservação fotográfica:a orientação do Centro de Conservação ePreservação Fotográfica da Funarte

I Sandra BarukiMaster of Arts (MA) em Conservação pelo Camberwell College of Arts, The London Institute, Londres, Reino Unido, 2000-2001, através de patrocínio de Vitae. Coordenadora do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica (CCPF) daFunarte, onde integra a equipe desde 1986. Com o apoio da OEA, em 1989, fez nos EUA o seguinte programa deaperfeiçoamento: estudante especial na Columbia University, School of Library Service, Conservation Education .Programs (10 sem); estágios no New York Municipal Archives (Setor de Preservação), em Nova York, NY, no International

Museum of Photography/George Eastman House (laboratório de conservação) e no Image Permanence Institute, ambosem Rochester, NY.

Nazareth CouryConservadora-restauradora, colaboradora da equipe do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica (CCPF) daFunarte desde 1988. É graduada em Belas Artes pela UFES. Aperfeiçoamento em conservação Irestauração fotográficaministrado pelos conservadores norte-am~ricanos Nora Kennedy e Peter Mustardo,1989. Entre as atividades profissionaisdestaca-se o trabalho de assessoria técnica ao Profoto ~ Projeto de Preservação e Conservação do Acervo Fotográfico da

Biblioteca Nacional e, recentemente, o trabalho de conservação dos álbuns fotográficos da Coleção Augusto Malta, daFundação Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e o tratamento de negativos e cromos do Projeto Portinari.

R e s u m o O Centro de Conservação e PreservaçãoFotográfica da Fundação Nacional de Arte - Funarte,Brasil, realiza treinamentos de equipes técnicas deinstituições para a elaboração e implantação deprojetos de preservação fotográfica. O artigoapresenta as orientações técnicas de conservaçãofornecidas durante esses cursos: diagnóstico,tratamentos de higienização, estabilização eacondicionamento, planejamento de áreas de guardae reprodução fotográfica.

1. IntroduçãoO Centro de Conservação e Preservação

Fotográfica - CCPF, da Fundação Nacional de Arte- Funarte, vem realizando nos últimos anostreinamentos de equipes técnicas de instituiçõesbrasileiras e de outros países latino-americanosenvolvidos na elaboração e implantação de projetosnas áreas de conservação e preservação fotográfica.Este artigo objetiva apresentar as orientaçõestécnicas fornecidas durante um treinamento deconservação de acervos fotográficos.

O texto está dividido em quatro seções, alémdesta introdução. Na seção 2 - diagnóstico doacervo fotográfico - orienta-se acerca dopreenchimento de fichas de diagnóstico, quando sãoidentificados os processos fotográficos históricos econtemporâneos, as características de deterioraçãodos documentos, e avaliadas as condiçõesambientais encontradas. A seções seguintes, 3 e 4,apresentam a proposta de tratamento deconservação, as aulas teórico-práticas sobre arealização das etapas de higienização, estabilizaçãoe acondicionamento de documentos fotográficos, e o

planejamento da área de guarda. A seção 5mostra as fases de reprodução e duplicaçãofotográficas que, facilitando o acesso depesquisadores às coleções, e conseqüentementereduzindo o seu manuseio, contribuem para apreservação.Na última seção abordam-se alguns aspectos daimplantação de projetos, destacando-se,em particular, a necessidade de elaboração defluxograma e cronograma de trabalho.

2. DiagnósticoO diagnóstico de um acervo fotográfico é realizado

através do levantamento do estado de conservaçãodos documentos, enumerando-se as característicasde deterioração nele encontradas. Inicialmente,separam-se grupos de documentos fotográficos dosdiversos processos existentes no acervo (objetos,fotografias, negativos, álbuns, contatos ediapositivos), observando-se também apredominância dos formatos para identificar osproblemas e definir o tratamento posterior.

A diversidade dos processos existentes nosacervos fotográficos históricos e contemporâneos,assim como a complexidade da estrutura do materialfotográfico, exige do conservador conhecimentostécnicos na identificação dos documentos, que podeser realizada através da análise visual, do exame dasuperfície da imagem e, ainda, com auxílio domicroscópio 1.

A correta identificação do processo utilizado e daestrutura (materiais do suporte, ligante e substânciaformadora da imagem) vai determinar a proposta detratamento e o tipo de acondicionamento e guarda.

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As prioridades de tratamento serão definidas emfunção da importância dos documentosencontrados e da emergência do trabalho deestabilização, a partir do conhecimento do acervo.Os dados quantitativos devem ser fornecidos pelainstituição a fim de orientar o planejamento deespaço, a aquisição de material acessório, acontratação de equipe e o cronograma para aexecução do projeto.

As características de deterioração fotográfica sãodecorrentes tanto de causas externas quanto defatores intrínsecos aos materiais fotográficos. Comocausa extrínseca de deterioração deve-se citar opróprio homem, que ao manusear um documentosem luvas ou qualquer cuidado poderá causardanos, como marcas de digitais, sujidades,abrasões, rasgos, fraturas, perdas de suporteprimário, da emulsão e do suporte secundário.

Os materiais acessórios e os sistemas deembalagens inadequados (envelopes, pastas,caixas, encadernações etc.), bem como o ambientecom umidade relativa e temperatura elevadas e comoscilações causam deterioração fisico-química eorgânica do material: esmaecimento,amarelecimento e manchas na área de imagem e dosuporte; alteração de formatos, dada a contração edistensão da estrutura provocando abaulamento,rasgos e fraturas; e ataque de fungos com manchase destruição da camada de gelatina. A ausência dehigiene no ambiente atrai insetos que arruínam osobjetos fotográficos, pois estes depositamexcrementos que causam perdas de áreas deimagem e de suporte do documento. A presença depoluentes ambientais (como poeira e gases),decorrentes da localização do edifício, e de materiaisconstrutivos inadequados complementam o quadrode elementos externos nocivos aos materiaisfotográficos.

As causas intrínsecas de deterioração são aquelascaracterísticas da estrutura dos próprios materiaisfotográficos. O exemplo mais conhecido disso sãoos negativos em base de nitrato de celulose(introduzido em 1889 e produzido até 1950)2 e dediacetato de celulose (safety fi/m ou filme desegurança, surgido em 1939) que se deterioram emmaior ou menor tempo, em função da instabilidadequímica dessas bases. É importante identificar apresença dos negativos de nitrato e de diacetato decelulose no acervo, para a elaboração de um projetoespecífico. Este deve conter orientações paracriação de área de guarda independente e paraduplicação destes negativos para basescontemporâneas, especialmente daqueles em fasede decomposição.

No trabalho de diagnóstico, é importante opreenchimento de fichas, com a anotação de todos

Cadernos técnicos de conservação fotográfica I

os dados observados no documento, registrandoo processo, o formato, as características dedeterioração, para resguardar todo e qualquertipo de informação encontrada. Durante ostreinamentos do CCPF, dois tipos de ficha dediagnóstico são utilizados: uma pa~a a fotografiaem análise, permitindo que os alunos tenham oprimeiro contato com os termos técnicos dascaracterísticas de deterioração; e outra para oacervo fotográfico como um todo, apresentadaao final deste text03. Observam-se, também, asformas de acondicionamento e guarda(embalagens, mobiliário, materiais construtivos esegurança) e realiza-se a monitorização dascondições de temperatura e umidade relativa doambiente. A documentação fotográfica do estadode conservação do acervo é fundamental para oregistro das condições encontradas. A partir daexperiência adquirida no treinamento, o alunoelabora fichas relativas ao acervo em quetrabalha, segundo as características e dadosquantitativos previamente conhecidos ouestimados.

3. Tratamento de conservação fotográficaA elaboração da proposta de conservação é

iniciada na fase de diagnóstico, quando, nautilização da ficha, determinam-se as etapas detratamento para cada documento ou grupofotográfico: higienizacão, estabilizacão eacondicionamento.

Nas aulas práticas, o aluno aprende a manusearos documentos fotográficos e os procedimentos delimpeza da área e do instrumental adequados para otrabalho de conservação. Conhece, ainda, oinstrumental técnico - trinchas, pincéis, pinças,bisturis, facas de corte, espátulas de metal e deosso, entre outros -, os protótipos de embalagens eos materiais acessórios e de conservação.

Em função do estado de conservação dasfotografias, determina-se a técnica de limpeza a serempregada, a higienização mecânica e/ou química.A presença de adesivos, clipes, etiquetas,inscrições, fungos, excrementos e manchasdetectados no diagnóstico orientam esta escolha.

A higienização mecânica consiste na utilização depincel soprador e de trinchas macias, separando-seuma trincha para a imagem e outra para o suporte naremoção das sujidades superficiais. Também sãoadotadas outras técnicas, como a aplicação do pó eda borracha plástica branca. Após esseprocedimento, realiza-se, se necessário, ahigienização química, através de solventes, quedevem ser testados antes da sua aplicação em umapequena área do documento. Equipamentos comocapela de exaustão devem ser utilizados em

ICadernos técnicos de conservação fotográfica

tratamentos que envolvam produtos comtoxidade. Cuidados especiais devem ser tomadospara que não se removam anotações deidentificação da fotografia.

Realizada a higienização, inicia-se o tratamentode estabilização dos documentos comdobraduras, fraturas, rasgos e suportesquebradiços, entre outros, através da aplicaçãode técnicas de planificação, de remendos e deconsolidações. Por exemplo, uma fotografia comrasgo no suporte, que avança ameaçando a áreade imagem, deve ser estabilizada.

As fotografias com problemas sérios deestabilidade serão separadas para tratamento(enxertos de áreas faltantes, obturações,planificação, velatura etc.), trabalho especializadonão abordado durante os treinamentos. Objetosfotográficos - como daguerreótipos, ambrótipos eferrótipos - e negativos de vidr04,entre outrosmateriais históricos delicados, recebem maioratenção na higienização e acondicionamento. Osálbuns fotográficos também recebem tratamentoespecial, interdisciplinar, com a participação deprofissionais das áreas de conservação defotografia, de papel e de encadernação na discussãodos procedimentos técnicos a serem adotados.

A próxima etapa é o acondicionamento dosdocumentos. Em primeiro lugar, os especialistas emdocumentação, responsáveis pelo tratamentotécnico de catalogação e indexação do acervo,devem planejar o arranjo dos documentosfotográficos. A partir dessa discussão, osconservadores do projeto propõem o invólucro e omobiliário mais apropriado para o uso e a guarda dosdiversos tipos e formatos de documentação(arquivos-fichários, arquivos para pastas suspensas,caixas em armários com prateleiras, estantes e, nocaso de formatos maiores, mapotecas)5. Osmateriais acessórios (papéis, plásticos e adesivos)para a produção das embalagens devem seguirnormas de conservação fotográfica, especialmenteos invólucros primários que estarão em contatodireto com a imagem e com o suporte. Após adefinição do formato das embalagens e do sistemade acondicionamento a serem adotados, procede-seao mapeamento da ocupação do mobiliári06 com asua quantificação, bem como a determinação doespaço físico necessário para a área de guarda.

4. O planejamento da área de guardaO planejamento da área de guarda envolve o

controle de temperatura e de umidade relativa doambiente. Os equipamentos de climatização, quandofuncionam ininterruptamente, na medida do possível,evitam flutuações desses índices. Recomenda-se amanutenção técnica constante dos equipamentos

elétricos, para a segurança do acervo e daedificação. A escolha do sistema de climatização,assim como a sua adequação aos parâmetros depreservação, deverá ser feita por consultariaespecializada em conjunto com osconservadores. É necessário prever a instal.açãode equipamento suplementar de segurança. Cadainstituição tem problemas e realidades diferentesa serem consideradas nesta escolha. A área deguarda independente facilita o controleambiental, com a consulta e o trabalhofuncionando em áreas adjacentes, tambémclimatizadas.

Planeja-se a instalação de sistemas de filtragempara partículas e para gases nos dutos dosequipamentos, evitando-se a poluição ambienta!. Asfirmas especializadas em climatização forneceminformações sobre os filtros existentes no mercadonacional, assim como a respectiva manutenção.

A área de arquivo deve estar localizada em lugarseguro da edificação, livre de enchentes ouinundações, evitando-se porões, sótãos, pisos nonível da rua, e, também, salas com tubulaçãohidráulica, ou que contenham muitas janelas e paredeexterna dificultando o isolamento térmico. Quantomaior o isolamento, maior é a eficiência dos aparelhosde climatização. Assim sendo, especificam-se osmateriais construtivos que sejam isolantes térmicoscom vedação para umidade e pouca permeabilidade,além de quimicamente inertes.

A área de arquivo deve ser implantada emlocais da edificação com capacidade estruturalpreviamente aferida por profissionais especializadose com a emissão de laudo técnico correspondente.

O planejamento arquitetônico também define ailuminação das áreas de guarda, consulta eexposição. A iluminação escolhida permite aproteção do material fotográfico do calor e daradiação ultravioleta, assim como propicia confortoao público, consulentes e pesquisadores.

A segurança contra fogo dessas áreas seráplanejada no que diz respeito à prevenção, à detecçãoe ao combate. As instalações elétricas serão revisadase dimensionadas para o recebimento dosequipamentos de climatização. Os materiaisconstrutivos não podem ser combustíveis. As áreasdevem possuir detectares de fumaça, alarmes e outrosequipamentos de combate imediato. É necessárioestudar e implantar um plano de emergência parasituações de calamidade, com o treinamento dosresponsáveis, dos funcionários e da segurança naatuação preventiva e de combate. Recomendamosconsultar o Corpo de Bombeiros, e, ainda, umaconsultaria específica de prevenção de incêndios, paraaprovação do projeto da área de guarda.

O acervo fotográfico só será transferido para a

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nova área de guarda após a completa finalizaçãodas obras de reforma e a estabilização dosmateriais construtivos utilizados, impedindo assimque seja danificado por poeira e gases nocivos. Éimprescindível planejar a mudança, para evitarchoques térmicos. Os equipamentos de climatizaçãoserão instalados antes da colocação do acervo naárea de guarda, com a monitorização constante dosíndices de temperatura e de umidade relativa doambiente, que devem ser ajustados gradualmenteaté a obtenção dos parâmetros de conservaçãoadequados para a documentação.

45. Reprodução e duplicação fotográficas

Num projeto de preservação e conservação éfundamental o planejamento das etapas dereprodução e duplicação, considerando-se asnecessidades de cada acervo. O trabalho também éinterdisciplinar, com a participação de profissionaisespecializados em conservação, fotógrafos,laboratoristas, e do curador das coleções nadefinição das prioridades de tratamento,selecionando os negativos mais importantes e emestado mais avançado de degradação. Coleções defotografias que não possuem negativos, e originaisfotográficos com problemas de estabilidade devemser reproduzidos para gerar cópias contato e/ouampliações que facilitem o acesso dospesquisadores à informação. Novos recursos deinformática, como a digitalização de imagens,ampliaram o universo deste trabalho, especialmentepara acervos de grande porte.A reprodução fotográfica restringe o constantemanuseio dos originais fotográficos, contribuindoassim para a sua preservação.

Negativos históricos, como os de vidro, e aquelescom características intrínsecas de deterioração,como as bases instáveis de nitrato e diacetato decelulose, recebem tratamento diferenciado. Aduplicação sistemática das coleções de negativosde bases instáveis faz parte do tratamento deconservação, assim como as etapas dehigienização, o cuidado, o manuseio e a guarda7.

O projeto de duplicação deve ser implantado antesda deterioração avançar para que não se percatotalmente a informação. Estes negativos sedeteriorarão em maior velocidade se estiveremguardados em condições inadequadas. Entretanto,não se tem ainda comprovação sobre a estabilidadedos materiais contemporâneos utilizados, e aduplicação é limitada, ou seja, cada geraçãosucessiva de novos negativos representa perda dequalidade de imagem e de detalhes.

A supervisão dos trabalhos deve ser rigorosa, paragarantir a maior qualidade de imagem possível eo melhor processamento fotográfico na geração

Cadernos técnicos de conservação fotográfica I

das reproduções e dos negativos duplicados. Osprocedimentos técnicos exemplares delaboratório fotográfico vão determinar a maiordurabilidade das imagens produzidas.

6. A implantação de projetosUma vez concluída a orientação técnica de

conservação, aborda-se a implantação do projeto, ouseja, entre outros, o fluxograma e cronograma detrabalho, planejados em conjunto com a equipe detratamento técnico (identificação, catalogação eindexação). Os lotes de documentos fotográficosserão encaminhados para os vários setores detrabalho (tratamento técnico, automação,conservação, reprodução e guarda), conforme ocaminho sugerido inicialmente pelos responsáveistécnicos, roteiro este que poderá ser modificado emfunção do andamento do projeto, com o maiorconhecimento do acervo e das necessidades deconservação e de reprodução que surgirem no seucotidiano.

O trabalho depende do ritmo diferenciado de cadainstituição e dos órgãos financiadores responsáveispela liberação do orçamento, contratação de pessoale aquisição de materiais de consumo eequipamentos. Todas as etapas de trabalho citadasconfiguram um cronograma de trabalho deconservação, com a elaboração das planilhas deatividades e prazos de execução. Deve-sequantificar e listar o material de consumo eequipamentos, assim como os seus fornecedores eos custos para aquisição. Planejam-se, ainda, acontratação das equipes de trabalho e seurespectivo treinamento, as consultariasespecializadas e os serviços de terceiros.

7. Alguns treinamentos realizados. Universidade do Amazonas / Museu Amazônico,

Manaus - AM, em 1992 (treinamento de equipe domuseu para o tratamento da coleção de negativos devidro do acervo Silvino Santos);

. Universidade Estadual de Campinas, emCampinas - SP, em 1993 (treinamento dosresponsáveis pelos arquivos fotográficos daUniversidade) ;

. IV Treinamento em Conservação e PreservaçãoFotográfica, realizado no CCPF, Rio de Janeiro - RJ,em 1994, com a participação de 18 instituições doBrasil, Chile, Equador, Venezuela e Colômbia;

. Oficina Preservación y Conservación de AcervosFotográficos, na Casa de Ias Americas, em Havana,Cuba, em novembro de 1994, com a participação de33 fotógrafos e conservadores da Argentina,Colômbia, Costa Rica, Cuba, México e Venezuela;

. Laboratório de Estudos e Pesquisas, no CentroHistórico de Laguna, 11 a CR / Iphan / SC, em julho

l...E.icluLtécn ica (acervo totogJ:.áfico)instituição:

coleção:

n° de peças do acervo:

Formatos/quantidades

- fotos avulsas - diapositivos

- 35mm

_6x6

_6x7

- com suporte

- sem suporte

- carte cabinet

- carte de visite _4"x5"

- outros - outros

- fotos em álbum

- carte cabinet

- carte de visite

- negativos de vidro

_9x13

_13x 18

- 18 x 24

- 20 x 25- outros

- outros

- estereoscopias - negaililos flexíveis (p/b)

- objetos em estojos - 35mm

- outros _6x6

- panorâmicas - 6 x 7

- tamanho> - tamanho < - 4"x 5"

- outros

Processos fotográficos

- negativos coloridos

- 35mm

_6x6

_6x7

_4"x5"

- outros

- negativos de diacetato

negativos de nitrato

- outros negativos

-daguerreótipo

- ambrótipo

- ferrótipo

- papel salgado

- cianotipia

- platinotipia

- fotografia albuminada

-papel/gelatina

Dimensões predominantes

- papel/colódio

- fotomecânico

- outros

1) 2) 3)

Características de deterioração

4)

- emulsão deteriorada

- abrasões- sujidades

- perfurações

- ondulações

- amarelecimento- manchas

- fraturas

- rasgos

- suporte quebradiço- esmaecimento

- ataque de fungos

Formas de acondicionamento

- espelhamento da prata

- excrementos de insetos

- fitas adesivas

- dobras

- perdas de emulsão

- perdas de suporte

- caixas individuais

- pastas suspensas- protetores/envelopes

- jaquetas de poliéster

Mobiliário

- agrupadas em um mesmo envelope

- outros

armário

arquivo- fichário

- mapoteca- estantes

- outros

Localização do acervo

- edifício próximo a grandes avenidas

- próximo a estacionamentos

- próximo a fábricas

- próximo ao mar

- a sala possui muitas janelas

- próximo a paredes que recebem calor

- próximo a paredes com tubulações

Outras informações

. Existe algum trabalho de conservação em andamento? (Se existe, qual é a proposta?)

. Existe alguma política de reprodução e duplicação fotográficas?

. Com que freqüência o acervo é consultado?

. Qual é o perfil dos pesquisadores?

. Quais são os cuidados tomados no manuseio dos documentos fotográficos?

. Quantas pessoas cuidam do acervo?

. Existe alguma política de controle de acesso aos originais?

. A umidade relativa e a temperatura são controladas?

. As condições ambientais são monitoradas e registradas?

. Existe alguma rotina de limpeza e controle do ambiente?

. Como é realizada a limpeza do ambiente?

. Quais são os tipos de materiais de revestimento empregados (teto, paredes, janelas, piso)?

. Qual é o tipo de iluminação existente?

. Existe alguma política para enfrentar desastres (incêndios, inundações, vandalismo, etc)?

. O quadro de pessoal está preparado? Como?

. São realizadas revisões elétricas periódicas?

. Existem sistemas de alarme e de combate a incêndios?

. Existem sinais de infestação de insetos?

. Existem problemas de goteiras?

. Outras observações:

Identificação da equipe de trabalho

nome do técnico:grupo de trabalho:

data:

Ficha elaborada por Sandra Baruki e Nazareth CouryCentro de Conservação e Preservação Fotográfica - Funarte

ICadernos técnicos de conservação fotográfica

de 1995, oficina com a participação de 12conservadores de instituições públicas;

. Treinamento Ateliê de Conservação ePreservação Fotográfica, em agosto/setembro de1995, realizado no CCPF, Rio de Janeiro, para seteconservadores da Colômbia, Peru e Brasil;

. Museu Antropológico da Universidade Federal deGoiás, com 17 participantes, de novembro adezembro de 1995;

. Programa de Assessoramento Técnico / AteliêNoções Básicas de Manuseio, Higienização eAcondicionamento de Materiais Fotográficos,realizado no CCPF com a participação de 14instituições brasileiras, de abril a junho de 1996;

. Treinamento Conservación y PreservaciónFotográfica, no 1.o Encuentro de Conservación y

Preservación Fotográfica dei Mercosur, realizadopela Funarte e pelo Museo de Ia Casa Rosada, emBuenos Aires, Argentina, com a participação de 20profissionais responsáveis por acervos fotográficosda Argentina e Uruguai, em 1996;

. Módulo Conservación de Fotografia en Archivos,

no curso Conservación de Papel en Archivos, cursoregional para a América Latina promovido peloICCROM - The International Center for the Study ofthe Preservation and Restoration of CulturalProperty, e pelo CNCR - Centro Nacional deConservación y Restauración, realizado emSantiago, Chile, para conservadores representantesde instituições da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia,Costa Rica, Equador, Haiti, México, Panamá, Peru eRepública Dominicana, em 1996;

. Oficina Ateliê de Conservação Fotográfica-

noções básicas, no Laboratório de Estudos ePesquisas do Centro Histórico de Laguna, 11a CRIIphan/SC, com a participação de 15 conservadoresde Santa Catarina e Paraná, em 1997;

. Oficina Ateliê de Conservação Fotográfica-

noções básicas, em Salvador, BA, organizada pelaFundação Clemente Mariani, com a participação de20 representantes de instituições, em agosto de1997.

Notas1 James Reilly, no livro Care and identificationQf 19tb

centuryphotographic prints, Rochester, Kodak Publications,

1986, apresenta uma tabela de identificação de processos

fotográficos do século XIX, onde orienta sobre a observação

visual, microscópica e das características da superfície

desses materiais históricos. Esta metodologia tem sido

sistematicamente adotada nos treinamentos e no trabalho

interno do setor de conservação e preservação do CCPF.2A Funarte publicou em 1988 o manual Introdução à

preservação e conservgJ;ãQ_d~ervos fotográficos técnicas

métodos e materiais, de Sérgio Burgi, com colaboração de

pesquisa de Sandra Baruki, publicação que é normalmente

fornecida aos nossos alunos em oficinas e treinamentos. O

texto possui um capítulo sobre negativos de base de

nitrato e de diacetato de celulose.3 A ficha de diagnóstico de acervo foi adaptada para fins

didáticos pelas autoras, a partir de consulta bibliográfica eda experiência nas assessorias técnicas. É uminstrumento útil no trabalho prático. Traduzida para oespanhol, foi utilizada pela primeira vez no treinamentorealizado na Casa de Ias Américas, Havana, Cuba, emnovembro de 1994.

4 Em 1993, a Funarte lançou o vídeo didático Negativos devidro

-conservaçãQ, uma realização do CCPF e da

Coordenação de Cinema e Produção de Vídeo, que orienta

sobre os procedimentos especiais a serem adotados nos

tratamentos de negativos de vidro, com versão em espanhol.5 Outro instrumento didático muito utilizado nos treinamentos

é o Manual de acondicionamento de material fotográfico, de

Márcia Mello e Maristela Pessoa, Funarte, 1994, com versão

em espanhol.6 O CCPF possui uma lista de fornecedores de materiais

fotográficos, constantemente atualizada com informações

sobre materiais de consumo utilizados em conservação

fotográfica, assim como mobiliário, equipamentos de

climatização e monitorização, que pode ser consultada.7 Puglia, Steven T. "Negative duplication: evaluating the

reproduction and preservation needs of collections", in IQJ2ÍC.S

in photographicpreservation, vol. 3, Photographic Materiais

Group of the American Institute for Conservation of Historic

and Artistic Works, 1989.

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Roteiro do vídeo Negativos de vidro - conservação'

Sandra BarukiMaster of Arts (MA) em Conservação pelo Camberwell College of Arts, The London Institute, Londres, Reino Unido, 2000-2001, através de patrocínio de Vitae. Coordenadora do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica (CCPF) daFunarte, onde integra a equipe desde 1986. Com o apoio da OEA, em 1989, fez nos EUA o seguinte programa deaperfeiçoamento: estudante especial na Columbia University, School of Library Service, Conservation EducationPrograms (10 sem); estágios no New York Municipal Archives (Setor de Preservação), em Nova York, NY, no InternationalMuseum of Photography/George Eastman House (laboratório de conservação) e no Image Permanence Institute, ambosem Rochester, NY.

Nazarath CouryConservadora-restauradora, colaboradora da equipe do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica (CCPF) daFunarte desde 1988. É graduada em Belas Artes pela UFES. Aperfeiçoamento em conservação / restauração fotográficaministrado pelos conservadores norte-americanos Nora Kennedy e Peter Mustardo,1989. Entre as atividades profissionaisdestaca-se o trabalho de assessoria técnica ao Profoto

-Projeto de Preservação e Conservação do Acervo Fotográfico da

Biblioteca Nacional e, recentemente, o trabalho de conservação dos álbuns fotográficos da Coleção Augusto Malta, daFundação Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e o tratamento de negativos e cromos do Projeto Portinari.

Joio Carlos HortaDiretor de cinema, produtor, diretor de fotografia e câmera. Nos últimos 15 anos vem se dedicando à área de fotografia,especialmente à pesquisa dos processos de impressão do século XIX, participando de oficinas, palestras e encontros, ecolaborando com instituições que se dedicam à preservação. Trabalha no Arquivo Fotográfico do Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional (lphan).

R e s u m o O vídeo Negativos de vidro - conservação,realizado pelo Centro de Conservação ePreservação Fotográfica e pela Coordenação deCinema e Produção de Vídeo da Funarte - Ibac,1993, é destinado a um público especializado emprojetos de preservação fotográfica e orienta sobretécnicas adequadas para a conservação dosnegativos de vidro: manuseio, higienização,estabilização e acondicionamento.

1. IntroduçãoEm 1984, o Instituto Nacional da Fotografia, da

Funarte, criou o Programa Nacional de Preservaçãoe Pesquisa da Fotografia. Em 1987, através deconvênio firmado entre a Funarte e a FundaçãoNacional Pró-Memória, começou a funcionar nobairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, o Centrode Conservação e Preservação Fotográfica.

Este Centro foi criado, em caráter urgente, paraatender à necessidade de preservação dos acervosfotográficos históricos e contemporâneos brasileiros,que até aquela data se ressentiam da falta de umapolítica definida de conservação. Neste localdesenvolvem-se técnicas de conservação deacervos, estudam-se soluções de controleambiental, elaboram-se sistemas deacondicionamento e guarda e realizam-se testes demateriais acessórios. Empreendem-se, ainda,técnicas de processamento fotográfico para longapermanência, bem como de duplicação de originais.

O vídeo Negativos de vidro - conservação,trabalho do Centro de Conservação e Preservação

Fotográfica e da Coordenação de Cinema eProdução de Vídeo da Funarte - Ibac, é direcionadoa um público especializado, ou seja, aconservadores e restauradores que atuam emprojetos de preservação fotográfica, tratando dosprocedimentos técnicos de manuseio, higienização,estabilização e acondicionamento de negativos devidro. O tratamento desses negativos tem sido umaconstante nas atividades de assessoramento àsinstituições solicitantes. Por suas característicaspeculiares, e como parte significativa de nossosacervos históricos, sua conservação exigeconhecimentos especiais.

2. Manuseio e diagnósticoEm razão da fragilidade dos suportes em vidro,

devem ser tomadas precauções especiais nomanuseio das caixas, envelopes ou outros sistemasde acondicionamento disponíveis. As bandejasplásticas são elementos de apoio indispensáveis aotransporte das caixas, geralmente pesadas. Todo otrabalho deve ser realizado próximo à mesa, paraevitar acidentes. Utiliza-se, no manuseio, um cartão-suporte em papel rígido, como segurança adicional,e uma microespátula metálica ou instrumento similarpara levantar o negativo.

Os envelopes com negativos devem ser abertosde maneira ordenada, começando-se pelo corte desuas laterais para a remoção segura do conteúdo.Devemos sempre retirar o envelope do negativo, enão o contrário, pois muitas vezes o negativo podeestar fragilizado, aderido ao envelope, trincado, ou

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mesmo quebrado. As anotações dos invólucros sãotransferidas para a ficha de diagnóstico eacompanhamento técnico. O trabalho deverá serestruturado com a assessoria de um profissional dedocumentação para que não sejam perdidasinformações referentes a cada negativo.

Nos acervos fotográficos, existem dois tiposprincipais de negativos de vidro: os de colódio úmidoe os de gelatina ou placas secas. É fundamental aidentificação do processo utilizado na produção donegativo para a definição do tratamento adequado.Após a abertura das embalagens, passamos aidentificar qual o lado da superfície de vidro, e qual olado da emulsão. O lado do suporte de vidro ébrilhante, e a emulsão opaca. Com boa iluminação elupa de magnificação, observam-se característicasde deterioração, tais como espelhamento naslaterais, fungos sobre a emulsão, abrasões. Asobservações são registradas nas fichas deacompanhamento.

3. HigienizaçãoA higienização dos negativos de vidro é precedida

pelo diagnóstico de seu estado de conservação. Onegativo que está sendo trabalhado, assim como omaterial e o instrumental necessários devem estarpróximos uns dos outros, sobre a bancada, econstam de pinça, bisturi, cotonetes, algodão,solvente, água deionizada, recipiente para diluiçãodo solvente, lixinho, pincel macio, seringa deborracha, os quais devem se encontrar dentro deuma bandeja de segurança. Recomenda-se lavar asmãos e protegê-Ias com luvas.

Na higienização da superfície de vidro, empregam-se cotonetes de algodão, que são umedecidos nosolvente e aplicados sobre a superfície commovimentos circulares. Ao realizar a operação delimpeza é preciso atenção quanto à presença deretoques, para que estes não sejam removidos,modificando-Ihes a imagem original. O solventenormalmente utilizado na higienização da superfíciede vidro é o álcool etílico P.A. (etanol) diluído emágua deionizada ou destilada (na proporção de 75%de etanol e 25% de água). A superfície da emulsão éhigienizada com a seringa de borracha, evitando-sea utilização de solventes. Estes só devem seraplicados sobre a emulsão com orientaçãoespecializada. Os procedimentos de higienizaçãorelatados são para o tratamento de negativos de vidrode gelatina ou placas secas. O tratamento deconservação de negativos de colódio úmido deve serrealizado por profissionais especializados, poisenvolvem questões técnicas intrínsecas ao processofotográfico.

4. Duplicação

Cadernos técnicos de conservação fotográfica I

Após a higienização, realiza-se a etapa deduplicação dos negativos originais através da feiturade cópias contato e da geração de novos negativosem base flexível contemporânea.

5. EstabilizaçãoEstabilizar um negativo de vidro consiste em dar

condições de uso e guarda a um negativo com algumtipo de dano, interrompendo o processo dedegradação. Os negativos podem estar trincados,quebrados, remendados com fita adesiva, comemulsão fragilizada, ou mesmo aderidos entre si.

f\Jegativos trinc1idos - depois de higienizados, osnegativos deverão ser copiados por contato ereproduzidos para a geração de um novo negativo.Esse procedimento evitará que os negativosoriginais venham a ser manuseados com freqüência.Posteriormente, recebem uma embalagem especial,que consiste em um entrefolhamento com papel debaixa gramatura, em contato com o lado daemulsão. Um suporte de vidro vai proporcionar maiorproteção física ao conjunto, que será selado.

f\LegativosquebradQs - outro caso comum dedegradação é a existência destes negativos noacervo. Muitas vezes, o fragmento quebrado estácolado ao restante do negativo por uma fita adesiva.Esta deverá ser removida na etapa de higienização.Realiza-se, nesse momento, testes de solubilidadepara a escolha do sol vente apropriado. A fita aderidaao lado do vidro facilita o tratamento com a aplicaçãode solventes para a sua remoção. O negativo seráentão reproduzido e copiado, evitando-se assimnovos acessos ao original. O fragmento e o negativoserão protegidos em embalagem especial: um cartãorígido; outro papel de boa qualidade e baixa gramaturaem contato com a emulsão fotográfica; e um cartãocom rebaixos para depósito dos fragmentos. Por fim,o conjunto será selado com uma proteção adicionalde poliéster.

6. AcondicionamentoOs formatos das embalagens e o sistema de

acondicionamento dos negativos de vidro devem serdefinidos previamente ao trabalho em realização, noprojeto de preservação. Os materiais acessórios,papéis, cartões ou plásticos, obedecem àsespecificações técnicas para embalagens deconservação e aos testes de atividade fotográfica(ANSIIT 9.2 - 1991).

Os negativos de vidro devem ser guardadosverticalmente. Negativos de vidro acima de 20 x25cm são acondicionados horizontalmente, comsobreposição de, no máximo, cinco negativos,evitando-se o peso acumulado. O primeiro invólucrode proteção é o envelope em cruz. Com o auxílio deum gabarito de cartão rígido, marca-se o formato dos

ICadernos técnicos de conservação fotográfica

envelopes. O papel deve ser de baixa gramatura, nocaso 60g/m2. O negativo é acondicionado semprecom a emulsão para baixo, em contato com o papel.

Após a primeira proteção, o negativo envelopadorecebe uma segunda proteção: caixa em cruz decartão de maior gramatura. Cada caixa comporta oitoa dez negativos. Entre as mesmas, utilizam-seespaçadores de papel ou plástico rígido. A seguir,são guardadas em caixas rígidas. Atualmente, noBrasil, existem empresas que comercializamembalagens rígidas especiais. Negativos trincados,quebrados, ou com problemas de preservação sãoembalados segundo recomendações técnicasespecíficas do conservador do projeto.

O mobiliário também deve atender àsespecificações técnicas de conservação esegurança. O acervo será guardado em ambientecom controle de umidade relativa, de temperatura ede poluição atmosféricas. Os negativos de vidroassim conservados, bem como a geração de cópias enegativos contemporâneos, permitem que ainstituição coloque esse patrimônio à disposição dopúblico, objetivo principal de um projeto depreservação.

Ficha técnica do vídeo Negativos de vidro -conservaçãodireção geral João Carlos Horta - CCPFcinematografado parcialmente por Paloma Rocharoteiro Sandra Baruki, Nazareth Coury e João CarlosHorta - CCPFdireção de fotografia Marcelo Reis - CCPVdireção de som Hamílton Alves - CCPVprodução executiva Marcos Aurélio Mello - CTAV,Sandra Baruki e João Carlos Horta - CCPFfotografia da capa Francisco da Costa - CCPFversão e narração em espanhol Helena Ferreiraeletricista Lydioda Rocha - CCPVrealização Centro de Conservação e PreservaçãoFotográfica - CCPFCoordenação de Cinema e Produção de Vídeo - CCPV

ObservaçãoO vídeo Negativos de vidro - conservação2 utiliza,

para efeitos de demonstração, alguns trabalhosrealizados no Centro de Conservação e PreservaçãoFotográfica, do Museu Botânico do Jardim Botânicodo Rio de Janeiro e do Museu da Imagem e do Som,RJ (acervo Guilherme Santos)3. Aparecem tambémno programa de vídeo originais do Museu Imperial dePetrópolis, do Arquivo Central do Iphan e da coleçãoparticular do fotógrafo Octaviano Serra, Corumbá,MS.

BibliografiaAMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE.

American National Standard for Imaging Media -

Photographic processed films. plates.and papers -

filing enciosures and storage containers - ANSIIT9.2. Nova York, 1991. 10 p.

BURGI, Sérgio e BARUKI, Sandra C. S.(colaboração de pesquisa). Introducão àpreservação e conservação de acervosfotográficos: técnicas. métodos e materiais. Riode Janeiro: Funarte, 1988. 40 p.

PHOTOGRAPHIC Conservation Block Notes.Compilado por Debbie Hess Norris. University ofDelaware/Winterthur Museum Art ConservationProgram, mar. 1989. 110 p.

REMPEL,Siegfried. IheJ;are of photographs. NovaYork: Nick Lyons Books, 1987. 184 p.

WEINSTEIN, Robert A. e BOOTH,Larry. Collection.use and care of historical photographs. Nashville:American Association of State and LocalHistory,1977. 224p.

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Notas

'0 presente texto foi publicado nos Anais do VII Seminárioda Abracor - Associação Brasileirade RestauradoreseConservadores de Bens Culturais, Petrópolis, Abracor,

novembro de 1994. O vídeo Negativos de vidro - conservaçãopossui versões em português e em espanhol.

2 O roteiro técnico do vídeoNegativos de vidro-

conservação foi realizado com a supervisão de SolangeZúfiiga, diretora do Departamento de Pesquisa e

Documentação da Funarte.3 O Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da

Funarte - com a colaboração de equipe técnica especialmente

contratada - realizou, nos anos de 1990 e 1991, as etapas de

higienização e realização de contatos fotográficos de cerca de

20.000 negativos e 5.000 positivos estereoscópicos do acervo

Guilherme Santos, MIS/RJ. Os negativos e positivos de vidro

trabalhados datam das décadas de 1910 a 1940, com imagens

dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

o Centro de Conservação e Preservação Fotográfica (CCPF)foicriado em 1984, através de um termo de cooperação técnicacom a Fundação Nacional Pró-Memória, como parte doPrograma Nacional de Preservação e Pesquisa da Fotografia

da Funarte. O Centro tem como principais atribuições apreservação da memória fotográfica brasileira, o fomento ecriação de núcleos regionais de preservação, a formação depessoal técnico especializado, a pesquisa de soluções e a

difusão de informações em conservação e preservaçãofotográfica.

O CCPF não possui acervo fotográfico próprio, por entenderque seu papel é trabalhar em parceria com outras institui-ções. Trata-se, assim, de um laboratório agregador e forma-

dor de mão-de-obra que atua no estímulo e na execução deprojetos de conservação e preservação fotográfica.

Os trabalhos de conservação e reprodução fotográfica desen-volvidos estão em geral relacionados à produção do conheci-mento técnico. Seus resultados são difundidos através de

relatórios e publicações técnicas. Os treinamentos - realiza-dos em âmbito nacional e internacional - visaminstrumentalizar profissionais que lidam diretamente com apreservação de acervos em instituições públicas e privadas.

Os Cadernos Técnicos de Conservação Fotográfica, usadosregularmente como material didático nos treinamentospromovidos pelo CCPF,apresentam temas identificados comoimportantes para suprir a necessidade de informação na área.Visam à criação de bibliografia básica nos vários campos deatuação da conservação e preservação fotográfica, e sãopublicados em textos originais e/ou traduzidos para o portu-guês, com formato ágil e de leitura rápida.

Impresso na gráficaEntrelinhas com papelalcalino - capa em FilisetVergê 180g e miolo emFiliset 90g

Projeto gráfico daQuadratim.Tel. (021) 2239.0847/3205.3518

O CCPF funciona em uma casa histórica em Santa Teresa,casa esta que se tornou nosso símbolo de referência, e emcujos ateliês e laboratórios temos recebido, nestes quase

dezessete anos de atuação, centenas de estudantes e repre-sentantes institucionais. A edição dos Cadernos Técnicosmuno contribui para a difusão da informação especializadaem conservação e preservação fotográfica. A retomada daspublicações técnicas é, portanto, um dos nossos projetos emandamento, juntamente com a reforma da casa sede e amodernização de seus equipamentos: os Cadernos Técnicos -1 a 4 - são agora reeditados com recursos de convênio com oFundo Nacional de Cultura. Os próximos números, de 5 a 8,inéditos, serão publicados em parceria com a ABRACOR/Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores de

Bens Culturais.

Sandra Baruki

Coordenadora

Centro de Conservação e Preservação Fotográfica

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Cadernos publicados

Treinamento em conservação fotográfica: a orientação do Centro deConservação e Preservação Fotográfica da FunarteSandra Baruki e Nazareth Coury

Roteiro do vídeo Negativos de vidro - conservaçãoSandra Baruki, Nazareth Coury e João Carlos Horta

Diretrizes para a exposição de fotografiasNora Kennedy

Preservação de fotografia na era eletrônicaPeter Mustardo

Reprodução fotográfica e preservaçãoFrancisco da Costa

Preservação de fotografias: métodos básicos para salvaguardar suas coleçõesPeter Mustardo e Nora Kennedy

Uma nova disciplina: a conservação-restauração de fotografiasAnne Cartier-Bresson

Conservação de fotografia - o essencialLuís Pavão

Armazenagem e manuseio de materiais fotográficosKlaus B. Hendriks

ISBN 85-7507-053-3

J..J ULEsta publicação foi realizada com o apoio deVITAE- Apoio à Cultura, Educação e Promoção SocialFNC - Fundo Nacional de Cultura

FUNDONACIONAL

DE CULTURA

Ministérioda Cultura

GOVERNO FEDERAL

runãiteCENTRO DE ARTES VISUA>lSMINIST~RIO

DA <'lJITURAF UNA R T E