td_2140

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/24/2019 td_2140

    1/56

    2140

    INSUMOS PARA A REGULAMENTAODO FUNGET: INFORMAES SOBREEXECUES NA JUSTIA DO TRABALHO

    Andr Gambier CamposRoberto Di Benedetto

  • 7/24/2019 td_2140

    2/56

  • 7/24/2019 td_2140

    3/56

    TEXTO PARA DISCUSSO

    INSUMOS PARA A REGULAMENTAO DO FUNGET:INFORMAES SOBRE EXECUES NA JUSTIA DO TRABALHO1

    Andr Gambier Campos2

    Roberto Di Benedetto3

    1. Os autores agradecem aos pesquisadores e aos servidores que se envolveram na consecuo do projeto de pesquisaBanco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, resultante da cooperao tcnica entre o Tribunal Superior do Trabalho (TST) por meio do Conselho Superior da Justia do Trabalho (CSJT) e o Ipea. Em meio a estes numerosos pesquisadores eservidores, destaquem-se, em ordem alfabtica, Alexandre Cunha, Bernardo Medeiros, Caio Vieira, Camila Marques, Jean

    Liza, Luciana Servo, Olvia Pessoa, Oswaldo Mesquita e Roberto Gonzalez. Ressalte-se que incorrees ou impropriedadesque possam ser observadas neste texto no so de responsabilidade de quaisquer dos pesquisadores ou servidoresmencionados, mas sim dos prprios autores. Os autores tambm agradecem aos pareceristas Fbio Monteiro Vaz, do Ipea;Julin Gindin, da Universidade Federal Fluminense (UFF); e Eduardo Faria Silva, da Universidade Positivo.2. Tcnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Polticas Sociais (Disoc) do Ipea. E-mail: [email protected]. Pesquisador do Programa de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD) na Diretoria de Estudos e Polticasdo Estado, das Instituies e da Democracia (Diest) do Ipea; pesquisador do Ncleo de Pesquisas e Estudos do Trabalhodo Instituto de Estudos Sociais e Polticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Nupet/Iesp/Uerj); e professor daUniversidade Positivo. E-mail: [email protected].

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    2 1 4 0

  • 7/24/2019 td_2140

    4/56

    Texto paraDiscusso

    Publicao cujo objetivo divulgar resultados de estudosdireta ou indiretamente desenvolvidos pelo Ipea, os quais,

    por sua relevncia, levam informaes para profissionais

    especializados e estabelecem um espao para sugestes.

    Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada ipea2015

    Texto para discusso / Instituto de Pesquisa EconmicaAplicada.- Braslia : Rio de Janeiro : Ipea , 1990-

    ISSN 1415-4765

    1.Brasil. 2.Aspectos Econmicos. 3.Aspectos Sociais.

    I. Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada.

    CDD 330.908

    As opinies emitidas nesta publicao so de exclusiva e

    inteira responsabilidade do(s) autor(es), no exprimindo,

    necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa

    Econmica Aplicada ou do Ministrio do Planejamento,

    Oramento e Gesto.

    permitida a reproduo deste texto e dos dados nele

    contidos, desde que citada a fonte. Reprodues para finscomerciais so proibidas.

    JEL: K00; K40; K49

    Governo Federal

    Ministrio do Planejamento,Oramento e GestoMinistro Nelson Barbosas

    Fundao pbl ica vinculada ao Ministrio

    d o P l a n e j a m e n t o , O r a m e n t o e G e s t o ,

    o Ipea fornece suporte tcnico e institucional s

    aes governamentais possibilitando a formulao

    de inmeras polticas pblicas e programas de

    desenvolvimento brasileiro e disponibiliza,

    para a sociedade, pesquisas e estudos realizados

    por seus tcnicos.

    PresidenteJess Jos Freire de Souza

    Diretor de Desenvolvimento InstitucionalAlexandre dos Santos Cunha

    Diretor de Estudos e Polticas do Estado,das Instituies e da DemocraciaRoberto Dutra Torres Junior

    Diretor de Estudos e PolticasMacroeconmicasCludio Hamilton Matos dos Santos

    Diretor de Estudos e Polticas Regionais,Urbanas e AmbientaisMarco Aurlio Costa

    Diretora de Estudos e Polticas Setoriaisde Inovao, Regulao e InfraestruturaFernanda De Negri

    Diretor de Estudos e Polticas SociaisAndr Bojikian Calixtre

    Diretor de Estudos e Relaes Econmicase Polticas InternacionaisBrand Arenari

    Chefe de GabineteJos Eduardo Elias Romo

    Assessor-chefe de Imprensae ComunicaoJoo Cludio Garcia Rodrigues Lima

    Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoriaURL: http://www.ipea.gov.br

  • 7/24/2019 td_2140

    5/56

    SUMRIO

    SINOPSE

    ABSTRACT

    1 INTRODUO ............................................................................................................7

    2 ASPECTOS METODOLGICOS .....................................................................................9

    3 INFORMAES SOBRE AS EXECUES ....................................................................11

    4 INFORMAES SOBRE O PASSIVO ACUMULADO EM

    EXECUES E SOBRE O FUNGET .............................................................................31

    5 AS TENTATIVAS DE REGULAMENTAO DO FUNGET ................................................39

    6 CONSIDERAES FINAIS..........................................................................................45

    REFERNCIAS .............................................................................................................47

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR .................................................................................49

  • 7/24/2019 td_2140

    6/56

  • 7/24/2019 td_2140

    7/56

    SINOPSE

    Este texto est focado em dois aspectos principais. Primeiramente, na apresentao de

    informaes que permitam identificar os obstculos enfrentados pelas execues judiciaistrabalhistas. Adicionalmente, na exposio de dados que ajudem a estimar o valor dopassivo acumulado nas execues no pagas. Sobre este ltimo aspecto, o trabalhodisponibiliza informaes que ajudam a estimar o valor necessrio para a estruturaofinanceira do Fundo Garantidor de Execues rabalhistas (Funget). Este fundo, criadona Reforma da Justia (Emenda Constitucional no45 de 2004), parece demandar umvalor relativamente modesto, o que pode facilitar sua estruturao em um futuro prximo.

    Palavras-chave: Justia do rabalho; execuo trabalhista; Funget.

    ABSTRACT

    Tis paper has two main purposes. Firstly, to provide information about the obstaclesfaced by Brazilian Labor Justice in making its decisions really effective. Secondly, tooffer data which may help to estimate the amount of money involved in no-complieddecisions. Regarding this, the paper provides information to calculate the amountnecessary to implement Funget(a fund especially dedicated to improve the effectivenessof decisions in Labor Justice). Tis fund, created in the middle of the legal reform ofBrazilian justice (Constitutional Amendment n 45/2004), demands a modest amountof money, what may ease its implementation in the near future.

    Keywords: Labor Justice; no-complied decisions; Funget.

  • 7/24/2019 td_2140

    8/56

  • 7/24/2019 td_2140

    9/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    7

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    1 INTRODUO

    Este texto um dos resultados da cooperao tcnica estabelecida entre o ribunal

    Superior do rabalho (S) por intermdio do Conselho Superior da Justia dorabalho (CSJ) e o Ipea. Em termos gerais, o foco desta cooperao o levantamentoe a anlise de informaes que permitam aprimorar a organizao e o funcionamentoda Justia do rabalho.

    Entre os resultados de tal cooperao, esto textos preocupados com os seguintesaspectos: i) o custo e a durao das diferentes espcies de reclamaes trabalhistas;ii) o nmero de reclamaes trabalhistas nas quais h reconhecimento de vnculoempregatcio; iii)os obstculos com que se defrontam as execues trabalhistas, bem

    como o valor do passivo nelas acumulado; e iv)o modo como se processam e julgamas reclamaes envolvendo doenas e acidentes do trabalho. Este texto corresponde aoterceiro item, concentrando-se nas execues promovidas pela Justia do rabalho.

    ais execues so conceituadas de formas distintas por diferentes autores darea jurdica. Mas a formulao de eixeira Filho (2011, p. 31) rene alguns dos seuselementos centrais:

    a atividade jurisdicional do Estado, de ndole essencialmente coercitiva, desenvolvida por

    rgo competente, de ofcio ou mediante iniciativa do interessado, com o objetivo de compelir odevedor ao cumprimento da obrigao contida em sentena condenatria transitada em julgadoou em acordo judicial inadimplido ou em ttulo extrajudicial, previsto em lei.1

    De acordo com o autor, a execuo uma fase das reclamaes trabalhistas, emque os direitos dos credores (geralmente trabalhadores), consolidados ou certificadosna fase de conhecimento, ganham concretude ou materialidade, mesmo quando osdevedores (em geral empregadores) no tm a inteno de observar tais direitos demaneira espontnea. sobre esta fase das reclamaes trabalhistas que este texto se

    concentrar, com o intuito de tentar apreender alguns dos problemas a existentes.

    1. Outras formulaes conceituais das execues promovidas pela Justia do Trabalho podem ser encontradas, por exemplo,em Leite (2012), Nascimento (2013) e Pinto (2006).

  • 7/24/2019 td_2140

    10/568

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    Este texto encontra-se organizado nas seguintes sees. Na prxima seo, faz-sea descrio das metodologias usadas no levantamento das suas informaes. A seguir,na terceira seo, apresentam-se as informaes sobre as diversas subfases das execues

    trabalhistas e os seus problemas. Na quarta seo h a exposio das informaessobre o passivo acumulado em execues trabalhistas no pagas, estimando-se ovalor necessrio para a estruturao do Fundo Garantidor de Execues rabalhistas(Funget). Na quinta, descrevem-se os debates legislativos acerca das possibilidades deregulamentao deste fundo. A sexta seo apresenta as consideraes finais.

    Em que pesem todos esses tpicos, na verdade, este texto est focado em doisaspectos principais: primeiramente, na apresentao de informaes que permitamidentificar os obstculos enfrentados pelas execues trabalhistas; adicionalmente, na

    exposio de informaes que ajudem a estimar o valor do passivo acumulado nasexecues no pagas. Sobre este ltimo aspecto, h aqui informaes que podem ajudara estimar o valor necessrio para a estruturao do Funget.

    Ainda que tal fundo seja detalhado nas sees 4 e 5, adiante-se que ele foi criadopelo Artigo 3oda Emenda Constitucional no45/2004, que promoveu uma ampla erelevante reforma do sistema de justia no Brasil.2Esse artigo prescreveu que a lei criaro Fundo de Garantia das Execues rabalhistas, integrado pelas multas decorrentes decondenaes trabalhistas e administrativas oriundas da fiscalizao do trabalho, alm

    de outras receitas.

    O Funget foi criado a partir de experincias similares na Europa, entre as quaisse pode destacar o Fondo de Garanta Salarial, da Espanha, bem como o Fondo diGaranzia per il rattamento di Fine Rapporto, da Itlia. A ideia de tais fundos eragarantir que os trabalhadores pudessem receber as parcelas a que tivessem direito,mesmo em caso de insolvncia financeira de seus empregadores. Afinal, essa insolvnciaimpedia que os trabalhadores recebessem suas parcelas, mesmo aps terem seu direitoa elas reconhecido pela justia.

    2. A Emenda Constitucional no 45/2004 promoveu vrias alteraes na organizao e na atuao da Justia emparticular, da Justia do Trabalho. A respeito desta ltima, pode-se mencionar a ampliao de suas competncias materiais,a modificao de suas normas processuais, a nova organizao de seus rgos, a concepo de uma escola de formaode magistrados, bem como a criao de um novo fundo (o Funget).

  • 7/24/2019 td_2140

    11/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    9

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    Vrias iniciativas de regulamentao do Funget j tramitaram (ou ainda tramitam)no Congresso Nacional.3 A ttulo de exemplo, na Cmara dos Deputados, forampropostos e ainda esto em tramitao os projetos de lei no4.597, de 8 de dezembro de

    2004, e no

    6.541, de 24 de janeiro de 2006. No Senado Federal, foi proposto o Projetode Lei no246, de 5 de julho de 2005, rejeitado na Comisso de Constituio, Justiae Cidadania (CCJC) e na Comisso de Assuntos Econmicos (CAE). A Comissode Assuntos Sociais (CAS) elaborou uma emenda substitutiva, mas o projeto acabouarquivado em janeiro de 2011.

    Seja como for, mesmo com a discusso acerca de tais iniciativas de regulamentaodo Funget ainda se desenrolando no Congresso Nacional, possvel verificar, com asinformaes apresentadas ao longo deste texto, que o valor demandado por este fundo

    (ao menos em termos de recursos financeiros) no nada excepcional, o que talvezpossa facilitar sua regulamentao em um futuro no muito distante.4

    Para encerrar esta introduo, destaque-se que este texto somente descritivo,preocupando-se apenas em apresentar as informaes mais importantes coletadas pelasequipes de pesquisa. Desse modo, no se encontram aqui discusses sobre as questesmais amplas e mais profundas que estas informaes estejam refletindo em outro texto,ainda a ser publicado, espera-se abordar cada uma destas questes com todo o cuidado.

    2 ASPECTOS METODOLGICOS

    Como mencionado, os objetivos principais deste texto so: apresentar informaes quepermitam identificar os obstculos enfrentados pelas execues trabalhistas, bem comoexpor outras que ajudem a estimar o valor do passivo acumulado em execues nopagas, de modo a estimar o valor necessrio para a estruturao do Funget.

    3. O Artigo 3oda Emenda Constitucional no45/2004 bastante abreviado, mencionando somente que o Funget ser criadomediante lei ordinria, assim como ser composto pelas multas decorrentes de condenaes trabalhistas e administrativasoriundas da fiscalizao do trabalho, alm de outras receitas (Brasil, 2004a). Dada a brevidade deste artigo, os projetos de leique j tramitaram (ou ainda tramitam) no Congresso Nacional tm dificuldades naturais para regulamentar a criao do Funget.4. Como ser visto adiante, a estimativa apresentada neste texto, referente ao valor demandado para a estruturaodo Funget, diz respeito somente quele valor necessrio para quitar, em parcela nica, o estoque de execues sempagamentos integrais, existente em 2012, ao trmino de seu primeiro semestre.

  • 7/24/2019 td_2140

    12/5610

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    Sumariamente, acerca do levantamento de informaes capazes de dar contadesses objetivos, vale a pena destacar os aspectos a seguir.

    1. Iniciou-se pela construo de um banco nacional de autos findos de reclamaestrabalhistas, por meio de amostragem aleatria simples5das reclamaes com baixadefinitiva ou com remessa ao arquivo provisrio no final do primeiro semestre de2012. Obteve-se amostragem representativa e significativa para cada um dos 24ribunais Regionais do rabalho (Rs),6 com nvel de confiana mnimo de95,0% e margem de erro mxima de 2,5%.

    2. A partir deste banco, realizou-se uma coleta de 813 diferentes informaes, pormeio de questionrio eletrnico, utilizado por uma equipe de servidores da Justiado rabalho, treinados e supervisionados pelo Ipea, e, em alguns casos, utilizadopor uma equipe do prprio Ipea.7

    3. A partir dessas 813 diferentes informaes, efetuou-se uma anlise de indicadoresrelevantes para a descrio das execues trabalhistas indicadores dos problemasenfrentados em suas diversas subfases, bem como dos passivos acumulados emexecues no pagas.

    Dessa maneira, as informaes apresentadas neste texto referem-se a uma amostrarepresentativa de todos os Rs. Contudo, em sua apresentao, elas esto consolidadaspelos portes destes tribunais classificados pelo Departamento de Pesquisas Judiciriasdo Conselho Nacional de Justia (CNJ/DPJ) como pequenos, mdios ou grandes.8

    5. A amostragem incluiu 9.215 autos findos, oriundos de 1.167 varas trabalhistas, localizadas em 683 municpios de todosos estados brasileiros.6. Os TRTs so os seguintes: 1aRegio: Rio de Janeiro; 2aRegio: municpios de So Paulo, com exceo daqueles pertencentes 15aRegio; 3aRegio: Minas Gerais; 4aRegio: Rio Grande do Sul; 5aRegio: Bahia; 6aRegio: Pernambuco; 7aRegio:Cear; 8aRegio: Par e Amap; 9a Regio: Paran; 10a Regio: Distrito Federal e Tocantins; 11aRegio: Amazonas eRoraima; 12aRegio: Santa Catarina; 13aRegio: Paraba; 14aRegio: Rondnia e Acre; 15aRegio: tem sede em Campinas

    e abrange os municpios de So Paulo que no pertencem 2a

    Regio; 16a

    Regio: Maranho; 17a

    Regio: Esprito Santo;18a Regio: Gois; 19aRegio: Alagoas; 20a Regio: Sergipe; 21a Regio: Rio Grande do Norte; 22aRegio: Piau; 23aRegio: Mato Grosso; e 24aRegio: Mato Grosso do Sul.7. Como mencionado no incio deste texto, duas equipes principais envolveram-se no projeto que resultou em todas asinformaes apresentadas: uma diretamente vinculada ao Ipea (pesquisadores deste instituto) e outra vinculada prpriaJustia do Trabalho (servidores desta justia).8. A classificao dos TRTs pelo CNJ/DPJ a seguinte:i) grande porte (TRTs das 1a, 2a, 3a, 4ae 15aregies);ii) mdio porte(TRTs das 5a, 6a, 7a, 8a, 9a, 10a, 11a, 12ae 18aregies);iii) pequeno porte (TRTs da 13a, 14a, 16a, 17a, 19a, 20a, 21a, 22a, 23ae 24aregies). A este respeito, ver CNJ (2012; 2013; 2014).

  • 7/24/2019 td_2140

    13/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    11

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    Por fim, devido a problemas na elaborao da amostra (problemas circunscritos amostra do R da 2aRegio),9este texto refere-se s execues trabalhistas de todos os24 Rs, mas somente quelas com baixa definitiva. No so consideradas as execues

    com: i) baixa provisria com dvida; ii) baixa provisria com pendncia sem dvida; eiii) sem anotao de baixa.10

    3 INFORMAES SOBRE AS EXECUES

    Nesta seo, descrevem-se informaes que permitem identificar os obstculosenfrentados pelas execues trabalhistas. Esta descrio fracionada em quatrosubsees, dedicadas a informaes sobre: i)liquidao dos ttulos executivos apurao

    dos valores; ii) embargos aes incidentais impetradas ou recursos interpostos na fasede execuo; iii) constrio arrecadao compulsria ou forada de bens e valores parapagamento dos valores liquidados; e iv) pagamento.

    3.1 Informaes sobre liquidao

    Esta subseo dedicada anlise da liquidao (apurao dos valores) dos ttulosexecutivos trabalhistas.

    Na tabela 1, verifica-se que os ttulos mais executados na Justia do rabalhono so as sentenas proferidas pelos magistrados (46,1% do total de ttulos), massim os acordos por eles homologados (52,8%). Os demais tipos de ttulos so escassosna fase de execuo. So eles: ttulos judiciais derivados de aes monitrias; ttulosextrajudiciais vinculados a termos de ajustamento de conduta (ACs) firmados com oMinistrio Pblico do rabalho (MP); ttulos extrajudiciais oriundos de comisses deconciliao prvia (CCPs); e certides de dvida ativa. Esta relevncia dos acordos entretrabalhadores e empregadores, judicialmente homologados pelos magistrados, ainda

    9. Os problemas da amostra do TRT da 2aRegio foram ocasionados pelo fato de o processo de amostragem ter sidorealizado somente a partir do universo de execues com baixa definitiva (e no a partir do universo de execues comtodos os tipos de baixas). De toda maneira, estes problemas se restringiram amostra do TRT da 2aRegio, no afetandoem nada a amostra dos demais TRTs.10. Caso o leitor tenha interesse, h outro texto, no publicado, em que so analisadas as execues com todos os tiposde baixa, ainda que se excluindo aquelas do TRT da 2aRegio. Para ter acesso a este outro texto, basta entrar em contatocom os autores por e-mail(endereos encontrados logo no incio deste texto).

  • 7/24/2019 td_2140

    14/5612

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    mais clara nos tribunais de pequeno e mdio porte, nos quais estes acordos chegam a58,0% do total de ttulos executados.11

    Na tabela 2, nota-se que a iniciativa de apresentar clculos de liquidao ,principalmente, dos prprios magistrados, oscilando entre 51,8% e 61,6% dosrespondentes, com opes de mltipla resposta. Na sequncia, a apresentao de clculos realizada pelos contadores que so servidores judicirios (calculistas da vara variando entre13,1% e 40,4%), bem como pelos prprios reclamantes (em geral, representados por seusadvogados oscilando entre 13,0% e 22,6% dos respondentes). Por sua vez, os reclamados(como regra, representados por seus advogados) quase que s tm a iniciativa de apresentarclculos nos tribunais de grande porte (20,6%, porcentagem semelhante dos reclamantes).Os contadores indicados pelos magistrados (peritos que no so servidores stricto sensu)

    raramente tm a iniciativa de apresentar clculos, seja qual for o porte dos tribunais.12

    Na tabela 3, percebe-se que, quando se trata dos prprios magistrados, o nmerode clculos de liquidao apresentados se restringe a 1,1 em mdia. Quando se trata doscalculistas da vara, este nmero quase dobra, chegando a 2,0 em mdia, sendo aindaum pouco maior que isso nos tribunais de pequeno e mdio porte. Quando se tratados reclamantes, este nmero se aproxima daquele dos magistrados, com somente 1,2apresentao de clculos em mdia para a liquidao dos ttulos executivos.

    Na tabela 4, constata-se que a impugnao dos clculos de liquidao apresentadosno algo comum, ocorrendo em somente 9,1% das execues em mdia. Nos tribunaisgrandes, esta porcentagem se restringe a 10,8%; nos mdios, a 6,4%; e, nos pequenos, aapenas 4,9%. Em que pese a eventual complexidade dos clculos (referentes a pedidoscumulados, perodos distintos etc.), no comum que haja discusso entre as partesaps a sua realizao.

    11. Como conjectura, sugerimos que essa relevncia dos acordos talvez reflita a constituio histrica da Justia do Trabalho,

    descrita por diversos autores como uma jurisdio que valoriza a construo de consensosentre as partes envolvidas.Em meio aos autores do campo do direito que fazem semelhante descrio da Justia do Trabalho, ver Barros (2006),Delgado (2006) e Nascimento (2005). Em meio aos autores do campo da sociologia, ver Cardoso e Lage (2007), Cardoso(2002) e Paoli (1994). No obstante, vale destacar que esta construo de consensos tem consequncias positivas enegativas, para cada uma das partes envolvidas nas reclamaes trabalhistas, como se ver frente a partir das evidnciasempricas apresentadas.12. Apenas a ttulo de hiptese, talvez os peritos raramente tenham a iniciativa de apresentar clculos por conta doexpressivo custo de seu trabalho (e, nessa mesma linha, por conta da dificuldade de uma das partes os reclamantes,geralmente trabalhadores para arcar com tais custos).

  • 7/24/2019 td_2140

    15/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    13

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    Na tabela 5, at como decorrncia do que foi examinado na tabela 2, verifica-se queos clculos de liquidao homologados so, principalmente, aqueles apresentados pelosprprios magistrados, chegando a 40,7% das respostas nos tribunais de grande porte.13

    Mas os clculos a que chegam os reclamantes e os reclamados de comum acordo, como auxlio dos advogados e dos magistrados tambm se destacam e alcanam 37,3%nos tribunais de mdio porte. Na sequncia, os clculos homologados que tm relevoso aqueles efetuados por contadores que so servidores judicirios (calculistas da vara),chegando a 26,6% das respostas nos tribunais de mdio porte. Destacam-se tambmos clculos realizados apenas pelos reclamantes, que alcanam 13,5% nos tribunais demdio porte. Por fim, raro ver os clculos efetuados apenas pelos reclamados e, tambm,pelos contadores (peritos) sendo homologados. Mas, como j dito, isto provavelmente resultado do que foi visto na tabela 2.

    Em resumo, ao analisar-se a espcie de ttulo que objeto de execuo na Justiado rabalho, nota-se a importncia dos procedimentos que conduzem a consensosentre reclamantes e reclamados na fase de conhecimento. Mais da metade dos ttulosque surgem na fase de execuo so acordos judicialmente homologados, o que podeindicar vrias coisas. Entre elas, que a consecuo de um anterior consenso sobre osdireitos trabalhistas, entre reclamantes e reclamados, no garantia de que tais direitosse concretizaro espontaneamente, sem a necessidade de interveno posterior da Justia.

    Ademais, ao estudarem-se as iniciativas de liquidao do ttulo, percebem-seindcios de que esta subfase no apresenta problemas particularmente graves parao desenrolar da fase de execuo. Um destes indcios o fato de haver reduzidoquestionamento (ou impugnao) dos clculos apresentados pelos magistrados, peloscalculistas ou pelos reclamantes. Mesmo nos tribunais de grande porte, onde ainda halgum questionamento, ele se restringe a um dcimo das execues. Mesmo dianteda eventual complexidade dos clculos que dizem respeito a pedidos cumulados,temporalidades distintas etc. , estes no surgem como obstculos especialmentesrios para a execuo.14

    13. Ressalte-se que as informaes da tabela 5, ao contrrio daquelas da tabela 2, no so derivadas de opes de mltiplaresposta, de modo que tais informaes no so direta e estritamente comparveis.14. Uma hiptese que o avano da informatizao da Justia do Trabalho nos anos recentes tenha algo a ver com isto, namedida em que possibilitou a disseminao de ferramentas automatizadas de clculos dos valores dos direitos trabalhistas,em meio aos magistrados e aos advogados dos reclamantes e dos reclamados.

  • 7/24/2019 td_2140

    16/5614

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    TABELA 1Espcie de ttulo executivo, por porte do tribunal(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    Judicial oriundo de sentena 41,2 40,0 49,0 46,1Judicial oriundo de acordo 56,9 58,0 50,3 52,8

    Judicial oriundo de ao monitria 0,5 0,0 0,0 0,1

    Extrajudicial TAC/MPT 0,0 0,1 0,0 0,0

    Extrajudicial CCP 0,1 0,3 0,1 0,1

    Certido de dvida ativa (execuo fiscal) 1,2 1,6 0,5 0,8

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 2Responsvel por apresentar clculos de liquidao do ttulo, por porte do tribunal

    (Em %)1Pequeno Mdio Grande

    Contador funcionrio 40,4 37,4 13,1

    Contador nomeado pelo juiz 8,1 6,1 5,1

    Reclamante 13,0 17,8 22,6

    Reclamado 6,1 6,4 20,6

    Juiz 61,6 51,8 59,9

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.Nota: 1Como mais de uma resposta era possvel, o total das colunas superior a 100%.

    TABELA 3

    Nmero mdio de clculos de liquidao apresentados, por porte do tribunalPequeno Mdio Grande TotalCalculista da vara 2,3 2,1 1,6 2,0

    Perito nomeado 1,2 1,5 2,9 2,2

    Reclamante 1,2 1,1 1,2 1,2

    Reclamado 1,2 1,1 1,3 1,2

    Juiz 1,1 1,2 1,1 1,1

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 4Ocorrncia de impugnao aos clculos de liquidao, por porte do tribunal

    (Em % na coluna)Pequeno Mdio Grande Total

    No 95,1 93,6 89,2 90,9

    Sim 4,9 6,4 10,8 9,1

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

  • 7/24/2019 td_2140

    17/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    15

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    TABELA 5Responsvel por apresentar os clculos de liquidao homologados, por porte do tribunal(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    Contador funcionrio 25,7 26,6 7,5 14,0Contador nomeado pelo juiz 4,6 4,2 5,0 4,8

    Reclamado 0,6 0,9 10,6 7,2

    Reclamante 6,0 13,5 9,1 9,5

    Juiz 30,2 17,6 40,7 34,5

    Acordo na liquidao 32,9 37,3 27,1 30,0

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    3.2 Informaes sobre embargos

    Esta subseo analisa os embargos execuo e os embargos de terceiros aes incidentaisimpetradas ou, alternativamente, recursos interpostos na execuo trabalhista.

    Na tabela 6, constata-se que os embargos execuo so bastante raros emtribunais trabalhistas, no importando o porte destes.15Nos tribunais grandes, apenas6,3% das execues contam com partes impetrando embargos. Mesmo nos demaistribunais, esta porcentagem se mostra reduzida, alcanando somente 10,3% dasexecues no caso dos mdios e 7,5% no caso dos pequenos.

    Na tabela 7, as informaes referem-se ao primeiro embargo execuo quetenha sido impetrado na reclamao trabalhista. De maneira esperada, verifica-se que aparte que impetra um embargo execuo quase sempre a reclamada. Isto verdadenos tribunais pequenos (92,1% do total de embargos) e mdios (88,8%), mas tambmo nos grandes tribunais (80,2%). Na maioria das vezes, o embargo execuo no trazdecises claramente positivas para a parte reclamada. certo que, nos tribunais mdios,ele acolhido (parcial e totalmente) 46,1% das vezes, mas esta porcentagem se reduznos tribunais grandes (36,1%) e pequenos (27,2%).

    Na tabela 8, esto expostas as mesmas informaes, sobre a parte que impetraum embargo execuo (reclamado, reclamante ou terceiro) e sobre quais decises so

    15. Os embargos execuo so conceituados, por parte dos autores do campo do direito, como ao incidental que podesurgir na fase de execuo da reclamao trabalhista. Por sua vez, outra parte destes autores conceitua tais embargos comorecursos interpostos na fase da execuo trabalhista. A este respeito, ver Leite (2012), Pinto (2006) e Teixeira Filho (2011).

  • 7/24/2019 td_2140

    18/5616

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    obtidas (embargo no recebido, rejeitado, acolhido em parte ou acolhido no todo).Mas as informaes desta tabela referem-se ao segundo embargo execuo que tenhasido impetrado na mesma reclamao trabalhista. Como tal embargo bastante raro,

    conforme visto, as informaes desta tabela devem ser observadas com cautela, pois reduzido o seu nmero de casos amostrais.16

    Por fim, na tabela 9, nota-se que os embargos de terceiros, quando comparados comos embargos execuo, so ainda mais raros nos tribunais trabalhistas.17A porcentagemde execues em que surgem embargos de terceiros no chega a 2,0%, seja em pequenos,seja em mdios ou grandes tribunais. Por sua vez, isso acaba produzindo um problemametodolgico nas tabelas 10 e 11: as informaes destas tabelas devem ser analisadas comcautela, pois, tal como na tabela 8, diminuto o nmero de casos amostrais nelas existentes.

    Em suma, ao estudar os embargos ( execuo e de terceiros), percebe-se que asubfase em que eles so impetrados no apresenta problemas graves para o avano dafase de execuo trabalhista. Isto porque os embargos so bastante raros em tribunais detodos os portes. Mesmo quando se consideram os embargos execuo, a porcentagemde casos em que eles surgem no passa de 10,3%, ndice registrado nos tribunaismdios. Quando se levam em conta os embargos de terceiros, a porcentagem aindamais reduzida no passa de 2,0% em tribunais de quaisquer portes. Os embargos noparecem obstaculizar, de maneira sria, as execues na Justia do rabalho.

    TABELA 6Impetrao de embargos execuo, por porte do tribunal(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    No 92,5 89,7 93,7 92,7

    Sim 7,5 10,3 6,3 7,3

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    16. O reduzido nmero de casos amostrais faz com que qualquer interpretao das informaes presentes nesta tabelapossua um nvel de confiana inadequado (muito baixo) ou uma margem de erro inadequada (muito alta).17. Os embargos de terceiros so conceituados, pela maior parte dos autores do campo do direito, como ao incidental quepode surgir na fase de execuo da reclamao trabalhista. A este respeito, ver Leite (2012), Pinto (2006) e Teixeira Filho (2011).

  • 7/24/2019 td_2140

    19/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    17

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    TABELA 7Embargos execuo: parte que impetrou e tipo de deciso, por porte do tribunal primeiro embargo impetrado(Em % na coluna)

    7A Embargante Pequeno Mdio Grande TotalReclamante 0,0 6,4 8,5 6,7

    Reclamado 92,1 88,8 80,2 84,2

    Terceiros 7,9 4,8 11,3 9,1

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    7B Tipo de deciso Pequeno Mdio Grande Total

    No recebido 9,3 6,9 9,2 8,6

    Rejeitado 63,6 47,0 54,7 53,9

    Acolhido em parte 19,3 31,3 23,9 25,2

    Acolhido totalmente 7,9 14,8 12,2 12,3

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 8Embargos execuo: parte que impetrou e tipo de deciso, por porte do tribunal segundo embargo impetrado(Em % na coluna)

    8A Embargante Pequeno Mdio Grande Total

    Reclamante 23,7 23,6 1,9 9,3

    Reclamado 60,5 59,8 59,7 59,8

    Terceiros 15,8 16,6 38,4 31,0

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    8B Tipo de deciso Pequeno Mdio Grande Total

    No recebido 0,0 7,1 7,2 6,8

    Rejeitado 52,9 67,1 67,3 66,5

    Acolhido em parte 47,1 25,8 0,0 9,4

    Acolhido totalmente 0,0 0,0 25,5 17,4

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 9Ocorrncia de impetrao de embargos de terceiros, por porte do tribunal(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    No 98,4 98,6 98,1 98,2

    Sim 1,6 1,4 1,9 1,8

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

  • 7/24/2019 td_2140

    20/5618

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    TABELA 10Embargos de terceiros: tipo de deciso, por porte do tribunal primeiro embargo impetrado(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    No recebido 8,3 5,9 35,7 27,3Rejeitado 60,1 46,6 28,9 35,8

    Acolhido em parte 0,0 14,0 1,4 3,3

    Acolhido totalmente 31,5 33,5 34,0 33,6

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 11Embargos de terceiros: tipo de deciso, por porte do tribunal segundo embargo impetrado(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    No recebido 0,0 0,0 4,1 3,6

    Rejeitado 100,0 0,0 47,7 47,1

    Acolhido totalmente 0,0 100,0 48,2 49,3

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    3.3 Informaes sobre constrio

    Esta subseo centrada na anlise da constrio arrecadao compulsria ou forada debens e valores, para assegurar o pagamento dos valores liquidados na execuo trabalhista.

    Na tabela 12, percebe-se que os tribunais no parecem ter dificuldades paraencontrar os reclamados, de forma a fazer com que eles realizem o pagamento dosvalores devidos aos reclamantes. Em tribunais de todos os portes, todos os reclamados soencontrados em mais de 90% das vezes. No caso dos tribunais pequenos, esta porcentagemchega a 94,3%. Os mecanismos de localizao de pessoas parecem funcionar de maneirarelativamente satisfatria na Justia do rabalho.

    Na tabela 13, constata-se que dificilmente preciso desconsiderar a personalidade dosreclamados, a fim de fazer com que outras pessoas (jurdicas ou mesmo fsicas) paguem osvalores devidos aos reclamantes. Em mais de 90% das vezes, a desconsiderao sequer precisaser tentada pelos magistrados. Quando realmente efetuada, ela faz com que a responsabilidadede pagar recaia sobre os scios (pessoas fsicas) dos reclamados (pessoas jurdicas). Isto pareceum pouco mais claro nos tribunais pequenos (8,8% das execues) e mdios (9,5%).

  • 7/24/2019 td_2140

    21/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    19

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    Na tabela 14, verifica-se que muito raramente h o reconhecimento, pelosmagistrados, de fraudes na execuo trabalhista (fraudes, supostamente, perpetradaspelos reclamados, para no realizar o pagamento aos reclamantes). Em tribunais de

    todos os portes, a porcentagem de vezes em que h reconhecimento de fraudes nochega a 1,0% ou seja, eventual m-f dos reclamados, que se caracterize como fraude,no parece se manifestar claramente na execuo trabalhista.18

    Na tabela 15 e no grfico 1, nota-se que, em cerca de um tero dos casos em execuo,no h pagamento espontneo por parte dos reclamados, obrigando os magistrados arecorrerem penhora (arrecadao compulsria ou forada) de valores e bens. Mas esterecurso penhora mais evidente nos tribunais pequenos (34,9% das execues) e,principalmente, nos mdios (43,4%). Nos tribunais grandes, esta porcentagem se reduz,

    ainda que continue expressiva (26,6%).

    Na tabela 16 e nos grficos 2 e 3, percebe-se que os mecanismos de penhora maisutilizados, em todos os tribunais, so: o recurso ao sistema Bacenjud, para acessar valoresnas contas bancrias (chegando a 53,0% dos casos nos tribunais de mdio porte); o recursoao sistema Restries Judiciais Sobre Veculos Automotores (Renajud), para acessar bensmveis (alcanando 17,6% dos casos nos tribunais de pequeno porte); e o recurso penhoraportas adentro, para acessar bens mveis dentro das empresas (chegando a 15,3% dos casosnos tribunais de grande porte). Os demais mecanismos so pouco usados, com exceo da

    penhora de bem imvel, com recurso ao sistema do registro imobilirio (alcanando 9,2%e 9,3% dos casos nos tribunais de pequeno e grande porte, respectivamente). Os sistemaseletrnicos e informatizados, implantados ao longo dos anos 2000, desempenham papelrelevante entre os mecanismos de penhora da execuo trabalhista.

    Na tabela 17 e nos grficos 4 e 5, constata-se que a eficcia de todos esses meiosde penhora, no sentido de conseguir arrecadar valores e bens para o pagamento dosreclamantes, oscila bastante; mas, em geral, algo reduzida.19 No que se refere ao

    18. As discrepncias entre as informaes das tabelas 13 e 14, que alcanam quase 10% em tribunais de pequeno e mdio porte,podem estar apontando para um tema historicamente polmico na Justia do Trabalho: se a desconsiderao da personalidadejurdica da pessoa reclamada deve ser declarada apenas em casos de mau uso desta personalidade (como nos casos de fraude execuo) ou, alternativamente, pode ser declarada em quaisquer casos em que a pessoa reclamada no possui valores e benssuficientes para o pagamento integral dos reclamantes. A este respeito, ver Leite (2012), Pinto (2006) e Teixeira Filho (2011).19. Aqui, considera-se que h eficcia em um mecanismo de penhora se, por meio dele, consegue-se arrecadar algummontante de valores e bens, mesmo que tal montante seja inferior ao necessrio para o pagamento integral dos reclamantes.

  • 7/24/2019 td_2140

    22/5620

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    Bacenjud, sua eficcia nos pequenos tribunais se restringe a 47,6% das execues, aopasso que, nos grandes, ela atinge 58,5%. No que concerne ao Renajud, sua eficcia selimita a 36,8% nos tribunais de pequeno porte; ela alcana 61,2% nos de grande porte.

    No que diz respeito penhora portas adentro, sua eficcia atinge 62,4% nos pequenostribunais, decaindo conforme se chega aos grandes, onde ela se restringe a 40,4%.Ademais, no que tange penhora de bem imvel, sua eficcia se limita a 37,7% nostribunais de pequeno porte e a 45,6% nos de grande porte. Mesmo nos casos em quea eficcia dos meios de penhora um pouco maior como no caso da penhora portasadentro nos pequenos tribunais , ela no alcana dois teros das execues em que taismeios so utilizados.

    Por fim, na tabela 18, verifica-se que, apesar de a penhora de bem imvel at

    mostrar alguma relevncia nos tribunais de pequeno e grande porte, bastante rara aocorrncia de leiles de bens imveis, de modo a angariar recursos para o pagamento dosreclamantes. Nos tribunais de pequeno porte, h leiles em somente 4,3% das execues;nos de mdio porte, em apenas 5,2%; e nos de grande porte, em somente 2,4%.

    Em resumo, ao analisar-se a subfase de constrio, em que se procuram arrecadarbens e valores, no se enxergam problemas srios nos esforos de localizao de pessoasenvolvidas nas execues, especialmente no que se refere aos reclamados. Ademais, oscasos de desconsiderao de personalidade jurdica por conta de ocorrncia de fraude

    execuo ou por outros motivos parecem ser pouco expressivos, em que pesem aspolmicas histricas a envolvidas.

    odavia, observam-se problemas de pagamento por parte dos reclamados, poisem quase um tero das execues eles no pagam espontaneamente, sendo necessriorecorrer penhora de seus valores e bens. Os mecanismos de penhora mais utilizadospelos magistrados so o Bacenjud, o Renajud e a penhora portas adentro, alm dapenhora de imveis em algumas situaes. Ocorre que h a problemas nos esforosde localizao de valores e bens, com tais mecanismos mostrando uma eficcia aqumda esperada ou desejada. Obviamente, isto ter repercusses sobre as informaesapresentadas nas prximas sees e subsees, que versam sobre os pagamentos dosreclamados aos reclamantes.

  • 7/24/2019 td_2140

    23/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    21

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    TABELA 12Consecuo de localizao do(s) devedor(es) principal(ais), por porte do tribunal(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    No 4,2 7,0 4,7 5,1

    Sim, somente alguns 1,4 1,5 2,7 2,2

    Sim, todos 94,3 91,5 92,6 92,6

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 13Ocorrncia de desconsiderao da personalidade jurdica, por porte do tribunal(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    No foi tentada 90,8 90,2 93,2 92,2No, por imposio de embargos 0,0 0,1 0,3 0,2

    Sim responsabilidade recaiu sobre scios dodevedor principal

    8,8 9,5 5,1 6,5

    Sim responsabilidade recaiu sobre outraempresa do grupo

    0,0 0,1 0,7 0,5

    Sim responsabilidade recaiu sobre empresaresponsvel subsidiria

    0,4 0,2 0,7 0,6

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 14

    Ocorrncia de reconhecimento de fraude execuo, por porte do tribunal(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    No 99,4 99,6 99,3 99,4

    Sim 0,6 0,4 0,7 0,6

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 15Ocorrncia de penhora, por porte do tribunal

    (Em % na coluna)Pequeno Mdio Grande Total

    No 65,1 56,6 73,4 68,8

    Sim 34,9 43,4 26,6 31,2

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

  • 7/24/2019 td_2140

    24/5622

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    GRFICO 1Ocorrncia de penhora, por porte do tribunal(Em %)

    34,9

    26,6

    31,2

    43,4

    Pequeno Mdio Grande Total

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 16Meios de penhora utilizados, por porte do tribunal(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    Bacenjud conta bancria 50,5 53,0 50,3 51,0

    Renajud automvel 17,6 14,4 14,1 14,8

    Penhora portas adentro 12,3 14,1 15,3 14,5

    Penhora sobre imvel no registro imobilirio 9,2 3,4 9,3 7,7

    Penhora de crdito 2,8 4,8 6,3 5,3

    Outros meios 3,1 6,8 2,1 3,5

    Penhora no rosto dos autos 2,4 2,5 1,8 2,1

    Penhora na boca do caixa 2,2 1,0 0,9 1,1

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

  • 7/24/2019 td_2140

    25/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    23

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    GRFICO 2Meios de penhora utilizados(Em %)

    51,0

    14,8 14,5

    7,75,3

    3,52,1 1,1

    Bacenjud Renajud Portasadentro

    Imvel noregistro

    imobilirio

    Penhora decrdito

    Outrosmeios

    Rostos dosautos

    Boca docaixa

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    GRFICO 3Meios de penhora utilizados, por porte do tribunal(Em %)

    50,553,0

    50,3

    17,6

    14,4 14,112,3

    14,1 15,3

    Pequeno Mdio Grande

    Bacenjud Renajud Portas adentro

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

  • 7/24/2019 td_2140

    26/5624

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    TABELA 17Consecuo de localizao de valores e bens, por porte do tribunal(Em % de respostas afirmativas)

    Pequeno Mdio Grande Total

    Outros meios 60,6 73,8 89,9 77,2Penhora de crdito 65,9 64,8 83,5 77,0

    Penhora na boca do caixa 75,5 46,2 100,0 68,9

    Penhora no rosto dos autos 56,0 57,6 77,6 67,4

    Bacenjud conta bancria 47,6 51,5 58,5 54,7

    Renajud automvel 36,8 38,7 61,2 49,9

    Penhora sobre imvel no registro imobilirio 37,7 66,9 45,6 46,7

    Penhora portas adentro 62,4 52,3 40,4 46,6

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    GRFICO 4Consecuo de localizao de valores e bens, segundo o meio de penhora

    (Em % de respostas afirmativas)

    46,6

    46,7

    49,9

    54,7

    67,4

    68,9

    77,0

    77,2

    Portas adentro

    Imvel no registroimobilirio

    Renajud

    Bacenjud

    Rosto dos autos

    Boca do caixa

    Penhora de crdito

    Outros meios

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    GRFICO 5Consecuo de localizao de valores e bens, por porte do tribunal e meio de penhora(Em % de respostas afirmativas)

    38,7

    58,5

    52,3

    51,5

    62,4

    47,6

    36,8

    Portas adentro Renajud Bacenjud

    61,2

    40,4

    Grande

    Mdio

    Pequeno

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

  • 7/24/2019 td_2140

    27/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    25

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    TABELA 18Ocorrncia de leilo(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    No 95,7 94,8 97,6 96,8Sim 4,3 5,2 2,4 3,2

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    3.4 Informaes sobre pagamentos

    Esta subseo analisa o efetivo pagamento dos valores pelos reclamados aos reclamantes.

    Na tabela 19, nota-se que, aps a homologao dos valores a serem pagos, bem como

    dos prazos a serem observados, no comum os magistrados aceitarem mudanas nestesparmetros da execuo trabalhista. Na mdia, 92,1% das execues no registram quaisquermudanas de valores ou prazos. Nos tribunais de pequeno porte, esta porcentagem de85,9%; nos de mdio porte, 90,1%; e, nos de grande porte, esta porcentagem chega a 94,1%.

    Nas tabelas de 20 a 24, estudam-se os tipos de pagamentos realizados pelosreclamados, em cada uma das cinco parcelas principais de pagamentos investigadaspela pesquisa.20Observa-se neste conjunto de tabelas que, em tribunais de todos osportes, o tipo mais citado de verba paga a trabalhista (porcentagens de at 95,6%).21

    Na sequncia, nota-se que o tipo mais registrado o previdencirio (porcentagens deat 33,0%). Aps, verifica-se que os tipos mais reportados, em relativo p de igualdade,so os honorrios advocatcios e periciais (porcentagens de at 29,0%), bem como ascustas e os emolumentos (porcentagens de at 30,2%).

    Por fim, nas tabelas de 25 a 29, analisam-se os autores dos pagamentos, por tipo,em cada uma das cinco parcelas principais. Percebe-se nesse conjunto de tabelas que, emtodos os portes de tribunais, os reclamados (rus das reclamaes) so os que se destacamcomo responsveis, em todos os tipos de pagamentos (trabalhistas, previdencirios, de

    20. Esclarea-se que, nas cinco primeiras parcelas de pagamentos realizados, a pesquisa levantou quatro diferentesinformaes: tipos de pagamentos, autores dos pagamentos, datas de pagamentos e valores pagos. A pesquisa tambmlevantou informaes sobre as demais parcelas que tenham sido pagas (no houve limitao do seu nmero); entretanto,tais informaes se restringiram a duas: datas de pagamentos e valores pagos.21. Trata-se de porcentagens de mltipla resposta, calculadas em cima dos respondentes, que excedem os 100,0% em seu total.

  • 7/24/2019 td_2140

    28/5626

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    honorrios, e de custas e emolumentos).22Outros possveis responsveis pelos pagamentos(como os scios da pessoa jurdica reclamada, outras pessoas jurdicas do mesmo grupoeconmico, outras pessoas jurdicas com responsabilidade subsidiria etc.) no se destacam

    em praticamente nenhum caso.

    Em suma, ao estudar-se a subfase de pagamentos, destacam-se alguns aspectos atbvios. Em primeiro lugar, a preponderncia das verbas trabalhistas e previdencirias,dentro da estrutura de pagamentos dos reclamados aos reclamantes, s quais sepodem acrescentar os honorrios, as custas e os emolumentos. Em segundo lugar, aresponsabilidade exclusiva dos reclamados, propriamente ditos, na realizao dospagamentos j referidos, com reduzido papel desempenhado por outras pessoas, comoos scios dos reclamados, outras pessoas do seu grupo econmico etc.

    Outros aspectos da subfase de pagamentos, no to bvios quanto esses, serodestacados na prxima seo, que enfoca os valores que no so pagos pelos reclamados,mesmo aps a utilizao de todos os meios de penhora acima mencionados (Bacenjud,Renajud, penhora portas adentro). Estes valores no pagos so provavelmente reflexosdos problemas na localizao de valores e bens, com os meios de penhora mostrandouma eficcia aqum da esperada ou desejada. Seja como for, tais valores podem justificara criao de um novo mecanismo de apoio s execues trabalhistas o Funget, que seranalisado em detalhes na seo a seguir.

    TABELA 19Ocorrncia de reduo de prazo ou valor de pagamento aps a homologao, por portedo tribunal(Em % na coluna)

    Pequeno Mdio Grande Total

    No 85,9 90,1 94,1 92,1

    Sim alterando prazo de pagamento 3,1 1,9 0,9 1,4

    Sim alterando valor de crdito trabalhista 7,7 6,7 4,6 5,5

    Sim renncia de imposto de renda 0,1 0,1 0,0

    Sim renncia de contribuio previdenciria 3,2 1,2 0,3 0,9

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    22. As porcentagens nessas tabelas so de mltipla resposta, calculadas em cima dos respondentes, excedendo os 100,0% em seu total.

  • 7/24/2019 td_2140

    29/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    27

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    TABELA 20Espcies de verbas pagas na primeira parcela, por porte do tribunal(Em %)

    Pequeno Mdio Grande

    Trabalhista 91,6 85,9 91,5Previdencirio 26,9 33,0 27,2

    Impostos 3,7 4,9 6,3

    Multas do Judicirio 1,7 0,6 1,7

    Multas de fiscalizao do trabalho 0,6 0,8 0,1

    Honorrios advocatcios e periciais 24,4 29,0 11,4

    Custas e emolumentos 27,8 30,2 29,2

    Outras 6,0 13,2 7,2

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 21Espcies de verbas pagas na segunda parcela, por porte do tribunal

    (Em %)Pequeno Mdio Grande

    Trabalhista 89,1 80,4 93,8

    Previdencirio 15,0 17,8 9,0

    Impostos 4,1 2,3 2,2

    Multas do Judicirio 1,6 0,0 0,2

    Multas de fiscalizao do trabalho 0,6 0,0 0,0

    Honorrios advocatcios e periciais 16,7 18,6 4,6

    Custas e emolumentos 8,2 10,0 8,8

    Outras 1,6 2,1 2,7

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 22Espcies de verbas pagas na terceira parcela, por porte do tribunal(Em %)

    Pequeno Mdio Grande

    Trabalhista 87,6 77,7 94,7

    Previdencirio 14,6 15,7 5,1

    Impostos 1,4 5,2 2,4

    Multas do Judicirio 0,9 0,0 0,4

    Honorrios advocatcios e periciais 17,8 15,1 3,5

    Custas e emolumentos 8,5 7,3 0,8

    Outras 1,7 0,9 1,2

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 23Espcies de verbas pagas na quarta parcela, por porte do tribunal(Em %)

    Pequeno Mdio Grande

    Trabalhista 85,6 69,1 95,6

    Previdencirio 21,1 21,0 4,6

    Impostos 0,0 3,0 0,4

    (Continua)

  • 7/24/2019 td_2140

    30/5628

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    Pequeno Mdio Grande

    Multas do Judicirio 2,0 0,7 0,0

    Honorrios advocatcios e periciais 12,8 13,0 3,6

    Custas e emolumentos 6,6 10,7 0,4

    Outras 1,9 1,3 1,3

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 24Espcies de verbas pagas na quinta parcela(Em %)

    Pequeno Mdio Grande

    Trabalhista 90,0 73,2 93,6

    Previdencirio 29,9 21,0 3,7

    Impostos 3,9 4,6 0,0

    Multas do Judicirio 1,9 1,2 0,0

    Multas de fiscalizao do trabalho 1,9 1,2 0,0

    Honorrios advocatcios e periciais 17,9 8,4 3,8Custas e emolumentos 20,1 19,0 2,5

    Outras 0,9 2,1 0,7

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 25Responsvel pelo pagamento da verba na primeira parcela, e tipo de verba, por porte de tribunal(Em %)

    Pessoa responsvel tipo de verba Pequeno Mdio Grande

    Autor da inicial trabalhista 3,2 3,6 2,1

    Ru da inicial trabalhista 89,9 93,2 92,2

    Terceiros (scio do devedor principal) trabalhista 0,4 0,3 0,8

    Terceiros (outra empresa do grupo) trabalhista 0,0 0,0 0,4Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) trabalhista 2,0 1,1 1,5

    Terceiros (outras pessoas) trabalhista 2,4 0,6 2,0

    Autor da inicial previdenciria 0,4 0,6 0,4

    Ru da inicial previdenciria 24,6 29,1 24,3

    Terceiros (scio do devedor principal) previdenciria 0,1 0,0 0,5

    Terceiros (outra empresa do grupo) previdenciria 0,0 0,0 0,0

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) previdenciria 1,3 0,9 0,5

    Terceiros (outras pessoas) previdenciria 0,1 0,0 0,1

    Autor da inicial impostos 0,6 0,9 0,2

    Ru da inicial impostos 2,4 2,1 5,4

    Terceiros (scio do devedor principal) impostos 0,1 0,0 0,0

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) impostos 0,1 0,3 0,1

    Terceiros (outras pessoas) impostos 0,1 0,0 0,0Ru da inicial multas do Judicirio 1,4 0,2 0,9

    Ru da inicial multas de fiscalizao do trabalho 0,1 0,4 0,0

    Autor da inicial honorrios advocatcios e periciais 0,0 0,4 0,2

    Ru da inicial honorrios advocatcios e periciais 24,3 30,2 9,6

    Terceiros (scio do devedor principal) honorrios advocatcios e periciais 0,0 0,0 0,1

    Terceiros (outra empresa do grupo) honorrios advocatcios e periciais 0,0 0,0 0,0

    (Continua)

    (Continuao)

  • 7/24/2019 td_2140

    31/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    29

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    Pessoa responsvel tipo de verba Pequeno Mdio Grande

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) honorriosadvocatcios e periciais

    0,4 0,3 0,2

    Terceiros (outras pessoas) honorrios advocatcios e periciais 0,1 0,1 0,1

    Autor da inicial custas e emolumentos 0,6 0,3 9,1

    Ru da inicial custas e emolumentos 24,4 30,0 18,3Terceiros (scio do devedor principal) custas e emolumentos 0,3 0,0 0,2

    Terceiros (outra empresa do grupo) custas e emolumentos 0,0 0,0 0,0

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) custas eemolumentos

    0,6 0,6 0,3

    Terceiros (outras pessoas) custas e emolumentos 0,1 0,0 0,4

    Autor da inicial outro tipo 0,0 0,0 0,7

    Ru da inicial outro tipo 2,2 3,1 2,5

    Terceiros (scio do devedor principal) outro tipo 0,0 0,1 0,0

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) outro tipo 0,1 0,0 0,1

    Terceiros (outras pessoas) outro tipo 0,2 0,6 0,3

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 26Responsvel pelo pagamento da verba na segunda parcela, e tipo de verba, por porte do tribunal(Em %)

    Pessoa responsvel tipo de verba Pequeno Mdio Grande

    Autor da inicial trabalhista 1,4 0,6 0,4

    Ru da inicial trabalhista 88,0 80,1 91,3

    Terceiros (scio do devedor principal) trabalhista 0,6 0,0 0,3

    Terceiros (outra empresa do grupo) trabalhista 0,0 0,0 0,9

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) trabalhista 0,8 0,5 1,9

    Terceiros (outras pessoas) trabalhista 0,0 0,2 0,1

    Autor da inicial previdenciria 0,6 0,9 0,4

    Ru da inicial previdenciria 13,9 15,8 8,6

    Terceiros (scio do devedor principal) previdenciria 0,0 0,0 0,2

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) previdenciria 0,0 0,3 0,3

    Autor da inicial impostos 0,0 1,0 0,1

    Ru da inicial impostos 4,2 0,6 2,0

    Terceiros (scio do devedor principal) impostos 0,0 0,0 0,1

    Ru da inicial multas do Judicirio 2,0 0,0 0,2

    Ru da inicial multas de fiscalizao do trabalho 0,6 0,0 0,0

    Ru da inicial honorrios advocatcios e periciais 16,7 18,8 4,6

    Terceiros (outra empresa do grupo) honorrios advocatcios e periciais 0,0 0,0 0,1

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) honorrios advocatciose periciais

    0,0 0,0 0,1

    Terceiros (outros) honorrios advocatcios e periciais 0,0 0,3 0,0

    Autor da inicial custas e emolumentos 0,3 0,9 0,1

    Ru da inicial custas e emolumentos 7,8 8,3 5,4Terceiros (scio do devedor principal) custas e emolumentos 0,0 0,0 0,1

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) custas e emolumentos 0,0 0,3 0,3

    Terceiros (outras pessoas) custas e emolumentos 0,0 0,0 0,1

    Ru da inicial outro tipo 1,3 1,3 2,0

    Terceiros (scio do devedor principal) outro tipo 0,0 0,2 0,1

    Terceiros (outras pessoas) outro tipo 0,0 0,0 0,1

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    (Continuao)

  • 7/24/2019 td_2140

    32/5630

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    TABELA 27Responsvel pelo pagamento da verba na terceira parcela, e tipo de verba, por porte de tribunal(Em %)

    Pessoa responsvel tipo de verba Pequeno Mdio Grande

    Autor da inicial trabalhista 1,9 0,5 0,1Ru da inicial trabalhista 83,7 77,3 93,2

    Terceiros (scio do devedor principal) trabalhista 0,5 0,4 0,2

    Terceiros (outra empresa do grupo) trabalhista 0,0 0,0 1,5

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) trabalhista 0,9 0,0 0,0

    Terceiros (outros) trabalhista 0,0 0,4 0,1

    Autor da inicial previdenciria 0,0 0,5 0,2

    Ru da inicial previdenciria 14,9 15,0 4,7

    Terceiros (scio do devedor principal) previdenciria 0,0 0,0 0,1

    Autor da inicial impostos 0,0 1,0 0,2

    Ru da inicial impostos 1,3 4,2 2,3

    Terceiros (scio do devedor principal) impostos 0,5 0,0 0,0

    Ru da inicial multas do Judicirio 0,9 0,0 0,4

    Autor da inicial honorrios advocatcios e periciais 0,0 0,0 0,2Ru da inicial honorrios advocatcios e periciais 18,5 15,0 3,1

    Terceiros (outra empresa do grupo) honorrios advocatcios e periciais 0,0 0,0 0,2

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) honorrios advocatcios e periciais 0,0 0,0 0,2

    Terceiros (outras pessoas) honorrios advocatcios e periciais 0,0 0,0 0,1

    Ru da inicial custas e emolumentos 8,7 6,5 0,7

    Terceiros (outras pessoas) custas e emolumentos 0,0 0,0 0,1

    Autor da inicial outro tipo 0,0 0,0 0,1

    Ru da inicial outro tipo 1,7 0,5 1,1

    Terceiros (scio do devedor principal) outro tipo 0,0 0,4 0,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 28Responsvel pelo pagamento da verba na quarta parcela, e tipo de verba, por porte de tribunal(Em %)

    Pessoa responsvel tipo de verba Pequeno Mdio Grande

    Autor da inicial trabalhista 1,5 1,5 2,2

    Ru da inicial trabalhista 83,8 68,3 92,9

    Terceiros (scio do devedor principal) trabalhista 0,0 0,0 0,2

    Terceiros (outra empresa do grupo) trabalhista 0,0 0,0 0,2

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) trabalhista 2,2 0,0 0,0

    Terceiros (outras pessoas) trabalhista 0,0 0,0 0,4

    Ru da inicial previdenciria 20,2 20,7 4,3

    Autor da inicial impostos 0,0 1,6 0,0

    Ru da inicial impostos 0,0 1,6 0,4

    Ru da inicial multas do Judicirio 2,1 0,8 0,0

    Ru da inicial honorrios advocatcios e periciais 13,2 12,8 3,5

    Terceiros (outras pessoas) honorrios advocatcios e periciais 0,0 0,8 0,2

    Autor da inicial custas e emolumentos 0,0 1,6 0,0

    Ru da inicial custas e emolumentos 5,9 8,2 0,2

    Ru da inicial outro tipo 1,9 0,8 1,3

    Terceiros (scio do devedor principal) outro tipo 0,0 0,6 0,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

  • 7/24/2019 td_2140

    33/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    31

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    TABELA 29Responsvel pelo pagamento da verba na quinta parcela, e tipo de verba, por porte de tribunal(Em %)

    Pessoa responsvel tipo de verba Pequeno Mdio Grande

    Autor da inicial trabalhista 2,1 0,0 3,0Ru da inicial trabalhista 85,8 73,4 89,5

    Terceiros (scio do devedor principal) trabalhista 0,0 0,0 0,3

    Terceiros (outra empresa do grupo) trabalhista 0,0 0,0 0,3

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) trabalhista 0,9 0,0 0,2

    Terceiros (outras pessoas) trabalhista 0,0 0,0 0,5

    Ru da inicial previdenciria 28,4 20,8 3,4

    Terceiros (empresa com responsabilidade subsidiria) previdenciria 0,9 0,0 0,0

    Autor da inicial impostos 0,0 1,2 0,0

    Ru da inicial impostos 4,0 3,4 0,0

    Ru da inicial multas do Judicirio 1,9 1,2 0,0

    Ru da inicial multas de fiscalizao do trabalho 1,9 1,2 0,0

    Ru da inicial honorrios advocatcios e periciais 18,2 8,3 3,8

    Autor da inicial custas e emolumentos 0,0 0,0 0,2Ru da inicial custas e emolumentos 20,5 17,7 2,5

    Ru da inicial outro tipo 0,9 1,2 0,7

    Terceiros (scio do devedor principal) outro tipo 0,0 0,9 0,0

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    4 INFORMAES SOBRE O PASSIVO ACUMULADO EM EXECUESE SOBRE O FUNGET

    A fim de analisar os valores no pagos pelos reclamados, mesmo aps a utilizao detodos os meios de penhora, a pesquisa adota alguns procedimentos metodolgicos quedevem ser explicitados.

    Em primeiro lugar, de modo a permitir comparaes intertemporais de todas asexecues, que contam com referncias distintas (iniciadas e finalizadas em momentosdiferentes), realiza-se uma atualizao monetria dos valores com base no ndice Nacional dePreos ao Consumidor Amplo (IPCA)-Geral, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica(IBGE), de forma que todos os valores esto expressos em moeda de 30/4/2014.

    Em segundo lugar, efetuam-se comparaes entre os valores liquidados e os valorespagos pelos reclamados. Cada um destes dois tipos de valores inclui verbas trabalhistas,previdencirias, tributrias, multas da Justia e da inspeo, custas e emolumentos da

    Justia, honorrios e algumas outras mais.

  • 7/24/2019 td_2140

    34/5632

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    Em terceiro lugar, ao realizarem-se essas comparaes entre os valores liquidadose os valores pagos, recorre-se a mdias aritmticas simples. Por exemplo, ao se dizerque os valores liquidados nos tribunais de pequeno porte equivalem a R$ 11.087,26,

    est a se afirmar que o valor liquidado em uma execuo em um pequeno tribunal de R$ 11.087,26 em mdia (aritmtica simples).

    Em quarto lugar, ao efetuarem-se essas comparaes entre os valores liquidadose os valores pagos, recorre-se a mdias aritmticas simples calculadas com a excluso devalores extremos aqueles que pertencem ao 1,0% superior das distribuies de valoresliquidados e de valores pagos, que deixam assim de afetar os clculos das mdias.23

    Explicitados esses procedimentos, constata-se na tabela 30 e nos grficos 6,

    7 e 8 que, em termos absolutos, no total das execues trabalhistas, os valoresliquidados correspondem a R$ 12.021,45 em mdia. ais valores so maiores nostribunais de mdio porte (onde chegam a R$ 13.368,36), e menores nos tribunaisde grande (R$ 11.808,23) e pequeno porte (R$ 11.087,26).

    Por sua vez, os valores efetivamente pagos pelos reclamados se limitam, noconjunto das execues trabalhistas, a R$ 8.203,92 em mdia. Estes valores crescemconforme aumenta o porte do tribunal: R$ 7.107,59 nos pequenos; R$ 7.808,56 emmeio aos mdios; e R$ 8.559,22 nos grandes.

    As diferenas entre esses valores, liquidados e pagos, equivalem, no total dasexecues trabalhistas, a R$ 3.817,54 em mdia. ais diferenas so maiores nostribunais de mdio porte, onde alcanam R$ 5.559,80, e menores nos tribunais depequeno (R$ 3.979,66) e de grande porte (R$ 3.249,01).

    Em termos relativos, essas diferenas se mostram bastante significativas. Emmdia, no conjunto das execues trabalhistas, 31,8% dos valores liquidados no

    chegam a ser pagos. Nos tribunais mdios, esta porcentagem chega a 41,6%, ao passoque, nos pequenos, ele se fixa em 35,9%, e, nos tribunais grandes, se restringe a 27,5%.

    23. O intuito com esse procedimento de excluso de valores extremos dos clculos evitar que eles, mesmo em nmero bastantereduzido, afetem as mdias de maneira acentuada. Mencione-se que, ainda que com variaes na forma como realizado, esteprocedimento razoavelmente comum em anlises estatsticas de valores monetrios. A este respeito, ver Medeiros (2012).

  • 7/24/2019 td_2140

    35/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    33

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    Do contraste entre os nmeros absolutos e relativos apresentados na tabela30 e nos grficos 6, 7 e 8, possvel extrair estimativas de custo para a estruturaodo Funget. No total, este custo se situa em aproximadamente R$ 2,6 bilhes, sendo

    R$ 0,38 bilho por conta de valores no pagos nos tribunais de pequeno porte(14,7% do total); R$ 0,76 bilho devido a valores no pagos nos tribunais demdio porte (29,3% do total); e R$ 1,45 bilho por conta de valores no pagos nostribunais de grande porte (56,0% do total).

    Um aspecto relevante da discusso atualmente envolvendo o Funget que, emparte dos projetos de lei que procuram regulament-lo, a ideia excluir as execues deacordos judiciais do rol de coberturas deste fundo. O objetivo disso evitar a ocorrnciade situaes que caracterizariam fraude, com o concurso tanto de reclamantes quanto

    de reclamados. H notcias mais completas e detalhadas sobre isso na descrio doFunget na prxima seo.24

    Dessa maneira, a tabela 31 e os grficos 9, 10 e 11 trazem as mesmas informaesda tabela 30 e dos grficos 6, 7 e 8, mas agora sem considerar as execues oriundas deacordos judiciais. Em termos absolutos, no total das execues trabalhistas, os valoresliquidados correspondem a R$ 16.684,09 em mdia. ais valores so maiores nostribunais de mdio porte, onde chegam a R$ 22.257,46, e menores nos tribunais depequeno (R$ 17.140,37) e grande porte (R$ 15.156,06).

    Por sua vez, os valores efetivamente pagos pelos reclamados se limitam, no conjunto dasexecues trabalhistas, a R$ 10.969,49 em mdia. Estes valores so maiores nos tribunais mdios(R$ 12.890,93), e menores nos tribunais pequenos (R$ 10.530,04) e grandes (R$ 10.555,61).

    As diferenas entre esses valores, liquidados e pagos, equivalem, no total dasexecues trabalhistas, a R$ 5.714,60 em mdia. ais diferenas so maiores nostribunais de mdio porte, onde alcanam R$ 9.366,54, e menores nos tribunais depequeno (R$ 6.610,33) e de grande porte (R$ 4.600,45).

    24. Note-se que a ideia de excluir as execues de acordos judiciais do rol de coberturas do Funget pode ter efeitos indiretos sobreum aspecto histrico da Justia do Trabalho, j explicitado anteriormente. Trata-se da construo de consensos entre as partesenvolvidas, com as consequncias positivas e negativas, para cada uma das partes envolvidas nas reclamaes trabalhistas. bastante plausvel a hiptese de que, se o fundo no cobrir os acordos, a relevncia destes tenda a decrescer ao longo do tempo.

  • 7/24/2019 td_2140

    36/5634

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    Em termos relativos, essas diferenas se mostram bastante expressivas. Em mdia, noconjunto das execues trabalhistas, 34,3% dos valores liquidados no chegam a ser pagos.Nos tribunais mdios, esta porcentagem chega a 42,1%, ao passo que, nos pequenos, ele

    se fixa em 38,6%, e, nos tribunais grandes, se restringe a 30,4%.

    Do contraste entre os nmeros absolutos e relativos apresentados na tabela 31e nos grficos 9, 10 e 11, possvel extrair estimativas de custo para a estruturaodo Funget, sem considerar as execues provenientes de acordos judiciais. Nototal, este custo se aproxima de R$ 1,8 bilho, sendo R$ 0,27 bilho por contade valores no pagos nos tribunais de pequeno porte (15,0% do total); R$ 0,53bilho devido a valores no pagos nos tribunais de mdio porte (29,4% do total);e R$ 1,00 bilho por conta de valores no pagos nos tribunais de grande porte

    (55,6% do total).

    possvel perceber que, quando se excluem as execues de acordos judiciais,as mdias de valores liquidados e pagos aumentam bastante, indicando que osacordos entre reclamantes e reclamados, homologados pelos magistrados, resultamquase sempre em liquidaes e pagamentos com valores mdios inferiores.25

    Ademais, quando se excluem as execues de acordos judiciais, as diferenasentre valores liquidados e pagos tambm crescem bastante, fazendo inclusive com

    que a proporo de valores no pagos, no conjunto das execues trabalhistas,alcance 34,3% (e nada menos que 42,1% no caso dos tribunais de mdio porte).

    De todo modo, como o nmero de execues se torna menor ao se excluremas execues de acordos judiciais (de um total aproximado de 678 mil execuespara 316 mil), a estimativa de custo para a estruturao do Funget tambm setorna inferior: de um total de R$ 2,6 bilhes para outro de R$ 1,8 bilho e esteltimo um valor 30,8% menor que o primeiro.

    25. A propsito, tais evidncias empricas so respaldadas por autores do campo da sociologia, que afirmam que um traoda Justia do Trabalho a promoo de acordos com descontos significativos para o reclamado. De sua parte, o reclamanteopta por acordos deste tipo para poder receber de forma mais abreviada, ainda que com desgios expressivos. Sobre isso,por exemplo, ver Cardoso e Lage (2007).

  • 7/24/2019 td_2140

    37/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    35

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    Pode-se afirmar que os valores demandados pelo Funget no so nadaexcepcionais, e poderiam ser mobilizados at com alguma tranquilidade e celeridade.Apenas a ttulo de comparao, podem-se analisar os valores movimentados por

    outros fundos da rea trabalhista, descritos por autores do campo econmico,como o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o Fundo de Garantia do Tempode Servio (FGTS) estes sim, excepcionais em termos de montante.26

    Ademais, vale recordar que os valores aqui previstos para a estruturao doFunget referem-se queles necessrios para quitar, em parcela nica, o estoque deexecues sem pagamentos integrais, existente em 2012, ao trmino de seu primeirosemestre. Se se considerar no esse estoque, mas sim o fluxo de execues referentesaos anos posteriores, estes valores provavelmente sero bastante inferiores, o que

    pode facilitar e acelerar a regulamentao deste fundo.

    TABELA 30Estimativas de custo monetrio de estruturao do Funget, considerando-se todas asexecues trabalhistas, por porte do tribunal

    30A Valores liquidados e pagos Pequeno Mdio Grande Total

    Valores liquidados (A) (R$) 11.087,26 13.368,36 11.808,23 12.021,45

    Valores pagos (B) (R$) 7.107,59 7.808,56 8.559,22 8.203,92

    Diferena (A-B) (R$) 3.979,66 5.559,80 3.249,01 3.817,54

    Diferena ((A-B)/A) (%) 35,9 41,6 27,5 31,8

    30B Nmeros absolutos de casos Pequeno Mdio Grande Total

    Casos com valores liquidados (A) 95.684 137.066 446.607 679.357

    Casos com valores pagos (B) 95.204 135.951 445.043 676.198

    30C Custo do Funget (R$) Pequeno Mdio Grande Total

    Considerando-se o nmero de casos com valores liquidados (A) 380.789.149,98 762.062.557,70 1.451.029.301,72 2.593.469.727,87

    Considerando-se o nmero de casos com valores pagos (B) 378.881.218,31 755.858.904,46 1.445.949.959,04 2.581.411.748,81

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.Obs.: Valores monetrios em reais de abril de 2014.

    26. A este respeito, ver Amorim et al. (2012), Cardoso Jnior e Gonzalez (2007), Cardoso Jnior et al. (2006), Dieese (2005;2013), Santos (2006) e Torres Filho (2005).

  • 7/24/2019 td_2140

    38/5636

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    GRFICO 6Diferenas entre valores liquidados e valores pagos, considerando-se todas as execuestrabalhistas, por porte do tribunal(Em R$ de abril de 2014)

    3.979,66

    5.559,80

    3.249,01

    3.817,54

    Pequeno Mdio Grande Total

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    GRFICO 7Diferenas entre valores liquidados e valores pagos, considerando-se todas as execuestrabalhistas, por porte do tribunal(Em %)

    Pequeno Mdio Grande Total

    35,9

    41,6

    27,5

    31,8

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

  • 7/24/2019 td_2140

    39/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    37

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    GRFICO 8Estimativas de custo monetrio de estruturao do Funget, considerando-se todas asexecues trabalhistas e levando-se em conta o nmero casos de valores liquidados,por porte do tribunal

    (Em R$ bilhes de abril de 2014)

    Pequeno Mdio Grande Total

    0,38

    0,76

    1,45

    2,59

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    TABELA 31Estimativas de custo monetrio de estruturao do Funget, no se considerando asexecues de acordos judiciais, por porte do tribunal

    31A Valores liquidados e pagos Pequeno Mdio Grande Total

    Valores liquidados (A) (R$) 17.140,37 22.257,46 15.156,06 16.684,09

    Valores pagos (B) (R$) 10.530,04 12.890,93 10.555,61 10.969,49

    Diferena (A-B) (R$) 6.610,33 9.366,54 4.600,45 5.714,60

    Diferena ((A-B)/A) (%) 38,6 42,1 30,4 34,3

    31B Nmeros absolutos de casos Pequeno Mdio Grande Total

    Casos com valores liquidados (A) 40.708 56.956 219.897 317.561

    Casos com valores pagos (B) 40.350 56.258 218.334 314.942

    31C Custo do Funget (R$) Pequeno Mdio Grande Total

    Considerando-se o nmero de casos com valores liquidados (A) 269.091.030,88 533.479.265,42 1.011.625.495,36 1.814.733.409,01

    Considerando-se o nmero de casos com valores pagos (B) 266.728.827,40 526.938.852,24 1.004.433.377,79 1.799.766.998,27

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.Obs.: Valores em reais de abril de 2014.

  • 7/24/2019 td_2140

    40/5638

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    GRFICO 9Diferenas entre valores liquidados e valores pagos, no se considerando as execuesde acordos judiciais, por porte do tribunal(Em R$ de abril de 2014)

    Pequeno Mdio Grande Total

    6.610,33

    9.366,54

    4.600,45

    5.714,60

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    GRFICO 10Diferenas entre valores liquidados e valores pagos, no se considerando as execuesde acordos judiciais, por porte do tribunal(Em %)

    Pequeno Mdio Grande Total

    38,6

    42,1

    30,4

    34,3

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

  • 7/24/2019 td_2140

    41/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    39

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    GRFICO 11Estimativas de custo monetrio de estruturao do Funget, no se considerando asexecues de acordos judiciais, mas levando-se em conta o nmero de casos de valoresliquidados, por porte do tribunal

    (Em R$ bilhes de abril de 2014)

    Pequeno Mdio Grande Total

    0,27

    0,53

    1,01

    1,81

    Fonte: Microdados da pesquisa Banco Nacional de Autos Findos Trabalhistas, CSJT/TST e Ipea.

    5 AS TENTATIVAS DE REGULAMENTAO DO FUNGET

    Estimar o passivo trabalhista armazenado nos arquivos provisrios da Justia do rabalhoe o fluxo anual de execues trabalhistas frustradas no o nico empecilho para quea regulao do Funget avance no Congresso Nacional. No s o valor necessrio parapagar os crditos trabalhistas no satisfeitos desperta grandes debates parlamentares, mastambm j se discutiu muito sobre a arquitetura do fundo, o seu operador, a aplicao dos

    recursos, a seleo dos crditos que seriam cobertos, os mecanismos para evitar fraudes, oimpacto do fundo no nmero de conciliaes e a possibilidade de se pagarem acordos.

    Esse um debate de grande interesse no apenas dos trabalhadores, mas sobretudodos juzes e dos tribunais. A existncia de um fundo para garantir as execuesmodificaria profundamente a dinmica processual e a gesto dos arquivos.

    O Funget, proposto na EmendaConstitucional no45/2004 para resolver os casosde execuo trabalhista frustrada, ainda espera pela lei prevista no Artigo 3oda emenda

    que o instituiu.27

    Na Cmara dos Deputados, foram propostos e ainda esto em tramitao osprojetos de lei no4.597, de 8 de dezembro de 2004, e no6.541, de 24 de janeiro de 2006.

    27. Art. 3 A lei criar o Fundo de Garantia das Execues Trabalhistas, integrado pelas multas decorrentes de condenaestrabalhistas e administrativas oriundas da fiscalizao do trabalho, alm de outras receitas (Brasil, 2004a).

  • 7/24/2019 td_2140

    42/5640

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    No Senado Federal, foi proposto o Projeto de Lei no246, de 5 de julho de 2005,que foi rejeitado na CCJC e na CAE. A CAS elaborou uma emenda substitutiva, e oprojeto foi arquivado, em janeiro de 2011, com o fim da legislatura.

    odos os projetos apontam como idealizador desse fundo o desembargadordo R da 8aRegio, Vicente Malheiros da Fonseca, e como inspirao o Fondo deGaranta Salarial da Espanha.

    A Associao Nacional dos Magistrados da Justia do Trabalho (Anamatra) desempenhouimportante papel na tentativa de impulsionar a aprovao da lei que regulamenta o fundo. NoXII Congresso Nacional dos Magistrados da Justia do Trabalho (Conamat) foram defendidase aprovadas diversas teses com propostas para o fundo. A associao e o juiz Vicente Malheiros

    embasaram o Projeto de Lei que foi apresentado por Ana Jlia Carepa, senadora pelo Partidodos Trabalhadores (PT) do Par. Foram aprovados vrios enunciados sobre o fundo na JornadaNacional sobre Execuo na Justia do Trabalho, realizada em 2010.

    Os projetos de lei apontam como exemplo o Fondo de Garanta Salarial espanhol,que teve origem na Lei no16 de 1976, e atualmente regulado pelo Decreto Real no505 de 1985.28Este fundo tem por objetivo garantir os salrios e as indenizaes noscasos de desequilbrio patrimonial das empresas.29Assim como nos projetos brasileiros,o fundo se sub-roga das quantias pagas.30

    28. Todas as informaes sobre o Fondo de Garanta Salarial e a legislao citada foram retiradas da pgina oficial dofundo. Disponvel em: .29. Artigo 2o, nmero 1, do Decreto Real no505/1985: [ 1o] Corresponde al Fondo de Garanta Salarial hacer efectivos,previa instruccin de expediente para la comprobacin de su procedencia, los salarios, incluidos los de tramitacin,pendientes de pago a causa de insolvencia, suspensin de pagos, quiebra o concurso de acreedores de los empresarios, enla cuanta, forma y con los lmites previstos en el artculo 33 del Estatuto de los Trabajadores. [ 2o] En los casos del prrafoanterior, el Fondo de Garanta Salarial abonar indemnizaciones reconocidas como consecuencia de sentencia o resolucinadministrativa a favor de los trabajadores a causa de despido o extincin de los contratos conforme a los artculos 50 y

    51 del Estatuto de los Trabajadores (Espanha, 1985). Artigo 14, nmero 1, do Decreto Real no

    505/1985: A los efectosdel presente Real Decreto se considerarn crditos salariales protegidos la totalidad de las percepciones econmicas a quetengan derecho los trabajadores siempre que retribuyan: a) el trabajo efectivamente realizado. b) los perodos de descansocomputables como de trabajo. c) las percepciones econmicas derivadas del artculo 56.1, apartado b), del Estatuto de losTrabajadores, y del 211, prrafo final, de la ley de procedimiento laboral (op. cit.).30. Artigo 2o, nmero 4, do Decreto Real no505/1985: Para el reembolso de las cantidades satisfechas conforme a losnmeros 1 y 3 de este artculo, el Fondo de Garanta Salarial se subrogara obligatoriamente en los derechos y acciones delos trabajadores frente a los empresarios deudores, de acuerdo con lo establecido en el artculo 33.4 del Estatuto de losTrabajadores (Espanha, 1985).

  • 7/24/2019 td_2140

    43/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    41

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    Entretanto, isso no uma exclusividade da Espanha. odos os pases da UnioEuropeia possuem instituies parecidas, por fora da Diretiva do Conselho dasComunidades Europeias no987/CEE, de 20 de outubro de 1980, que criou medidas para

    proteger os trabalhadores assalariados em caso de insolvncia do empregador, em particularpara garantir o pagamento dos seus crditos em dvida, tendo em conta a necessidade e umdesenvolvimento econmico e social equilibrado (Unio Europeia, 1980).

    A Itlia, para citar mais um exemplo, aprovou em 29 de maio de 1982 a Lei no297, para regulamentar o Fondo di Garanzia per il rattamento di Fine Rapporto,atendendo ao estipulado pela diretiva europeia.

    No Brasil, uma das discusses centrais na regulamentao do fundo a origem

    dos recursos. A emenda constitucional definiu as multas de condenaes trabalhistas e defiscalizao do trabalho como principal fonte de recursos, sem prejuzo de outras definidaspor lei. De acordo com o relatrio Justia em Nmeros (CNJ, 2014), a arrecadaoda Justia do rabalho em 2013 foi de: R$ 361,4 milhes em custas e emolumentos;R$ 2.083,8 milhes em execues previdencirias; R$ 460,2 milhes em Impostode Renda; e R$ 21,1 milhes em execuo de penalidades impostas pelos rgos defiscalizao das relaes de trabalho. Nesse mesmo ano, foram pagos aos jurisdicionadosR$ 19.487,2 milhes. No final de 2013, estavam em execuo na Justia do rabalho1.851.087 reclamaes, e estavam arquivadas provisoriamente 917.484. A principal

    razo para que uma reclamao v para o arquivo provisrio o insucesso na execuo.O Funget dever garantir o pagamento destas reclamaes que hoje esto arquivadas.

    Alm dos R$ 21,1 milhes em multas arrecadadas em 2013 (foram R$ 207,8 milhesem 2012), outras fontes de recursos devero ser encontradas, e isso fundamental para o debatedo projeto de lei que regulamenta o Funget. Isto porque a Emenda Constitucional no45 extremamente lacnica ao prever o fundo, deixando ao legislador a tarefa de buscar as fontesde receita e concedendo-lhe ampla liberdade na configurao do alcance deste novo instituto.

    5.1 Os projetos de lei da Cmara

    O Projeto de Lei da Cmara no4.597 foi apresentado em 8 de dezembro de 2004pelo deputado Maurcio Rands (P/PE), que na justificativa do projeto faz refernciaao Fondo de Garanta Salarial da Espanha e ao desembargador Vicente Malheiros daFonseca como os inspiradores do fundo.

  • 7/24/2019 td_2140

    44/5642

    R i o d e J a n e i r o , o u t u b r o d e 2 0 1 5

    Esse projeto prev a criao de um conselho curador para o fundo, que serregulamentado e presidido pelo Executivo, e formado por representantes de empregados,empregadores, Justia do rabalho, MP, Ministrio do rabalho e Emprego (ME),

    Caixa Econmica Federal (Caixa) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico eSocial (BNDES). O ME seria o agente gestor, e a Caixa, o agente operador.

    O projeto disciplina a forma de aplicao dos recursos pela Caixa, a rentabilidademdia das aplicaes e a correo monetria dos recursos do fundo. Alm de assegurar,subsidiariamente, o pagamento dos crditos decorrentes das decises condenatriastransitadas em julgado proferidas pela Justia do rabalho (Brasil, 2004b, Artigo 1 o),o fundo poder ser movimentado:

    pelos tomadores de servio, em carter excepcional, para a aplicao em programas que tragambenefcios diretos e indiretos aos trabalhadores e seus familiares, tais como creches, escolas, equalificao profissional, (...) desde que no tenham provocado a movimentao judicial dosdepsitos do fundo no ano anterior movimentao da conta (op. cit.,Artigo 12, item II).

    O BNDES poder aplicar 60% dos recursos do fundo.

    Na Comisso de rabalho, de Administrao e Servio Pblico (CASP) oprojeto recebeu doze emendas.

    Em 22 de fevereiro de 2006, foi apensado, ao projeto no4.597, o Projeto de Leida Cmara no6.541, de 24 de janeiro de 2006, elaborado pela Comisso Especial Mistaintitulada Regulamentao da Emenda no45. Em linhas gerais, este projeto muitoparecido com aquele apresentado em 2004. Aparentemente, artigos inteiros foramcopiados do projeto anterior.

    O projeto no6.541 prev um conselho deliberativo para o fundo, o ConselhoDeliberativo do Fundo de Garantia de Execues rabalhistas (CODEFGE). Ele

    seria formado por trs representantes dos empregadores e dos empregados, alm deum representante de cada um dos seguintes rgos: Justia do rabalho, MP, ME,Caixa, BNDES e Banco Central. O representante do ME presidiria o conselho. Assimcomo no projeto anterior, a Caixa seria o agente operador, e o BNDES tambm poderiaaplicar 60% do fundo.

  • 7/24/2019 td_2140

    45/56

    TextoparaDiscusso

    2 1 4 0

    43

    Insumos para a Regulamentao do Funget: informaes sobre execues na Justia do Trabalho

    O segundo projeto mais claro em relao aos pagamentos que podero serrealizados pelo fundo. Podero receber recursos do Fget [Fundo de Garantia de Execuesrabalhistas] todos os trabalhadores urbanos e rurais, com ou sem vnculo empregatcio,

    que tenham sofrido leses de direitos referentes a salrios, rendimentos ou comisses,ou relativos a indenizaes decorrentes da relao de trabalho (Brasil, 2006, Artigo 13).Os crdi