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7/18/2019 Técnicas de Biogegrafía
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TÉCNICAS DE BIOGEOGRAFIA
Profa. Dra. Sueli Angelo Furlan
INTRODUÇÃO
A Biogeografia, campo da geografia que estuda a espacialidade da vida, busca
compreender os diferentes padrões de distribuição dos animais e das plantas na
Terra. Analisa as alterações morfológicas dos seres vivos e os padrões que se
refletem espacialmente nos agrupamentos biológicos em diferentes escalas e tempos.
Em 1820, De Candolle (1778-1841) foi pioneiro ao distinguir e relacionar os padrões a
as causas históricas e ecológicas da atualidade na distribuição dos seres vivos,
reconhecendo a importância dos condicionantes físicos atuais (clima, solos, redeshídricas, relevo) para a explicação dos padrões por processos ecológicos e das
causas históricas (associadas a transformação no tempo) não observáveis no
presente para a compreensão das transformações dos padrões e das mudanças
climáticas.
A separação da Biogeografia em ecológica e histórica vem sendo debatida a
tempos; os biogeógrafos que trabalham na primeira perspectiva pesquisam
essencialmente como as espécies reagem aos diferentes tipos de solo, climas e
formas de relevo, enfocando as interações biológicas atuais. Tais estudos revelam o
papel limitante desempenhado por estes fatores abióticos na distribuição: sobre a
natureza, sobre a estrutura das comunidades e sobre a capacidade fisiológica dos
seres vivos para suportar certas condições ambientais. Este conhecimento tem sido
útil para a agricultura, biologia da conservação, planejamento ambiental, entre outros.
A Biogeografia histórica tem revolucionado paradigmas da ocorrência e distribuição de
padrões e tem sido fundamental no estudo da conservação, através da compreensão
da formação das paisagens, do endemismo, da raridade, dos mecanismos
competitivos, na formação e espacialidade dos grandes conjuntos de ecossistemas.
São portanto dimensões que se complementam e para muitos autores trata-se de uma
divisão artificial que é adotada nos estudos mas que estão profundamente integradas.
Há muitas formas para se periodizar a história do pensamento em um campo
cientifico. Para alguns autores a Biogeografia pode ser dividida em três períodos
marcados por rupturas conceituais: o clássico, o wallaceano e o moderno. O período
clássico (1760-1960) caracteriza-se pelas profusão de ideias criacionistas, ou seja o
mundo foi criado por fatores sobrenaturais e deve ser conhecido e descrito. Neste
longo período de inventários produziu-se descrições florísticas e faunísticas das
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grandes regiões mundiais, realizadas por viajantes naturalistas. No Brasil, as missões
destes naturalistas deixaram um importante registro de nossa flora e fauna. A obra de
Spix e Martius (1817-1820), Langsdorff (1822-1829) e o trabalho de pintores como
Rugendas, Ender, Pohl, Florence e muitos outros são atemporais (figura 1).
O período wallaceano (1860-1960), assim denominado devido a influência das
ideias evolucionistas de Wallace-Darwin. A Teoria da Evolução é a aquisição que
rompe o paradigma do criacionismo na explicação do endemismo e da Biogeografia
regional. Esta teoria postula que, através da seleção natural e da competição,
espécies dominantes de plantas e animais aparecem em pequenos centros de origem,
expandem-se e diversificam-se sobre a Terra. Na explicação wallaceana, as grandes
feições atuais da Terra – como os continentes e as bacias oceânicas – foram
consideradas estáticas durante a evolução. A maioria dos padrões biogeográficos teria
se formado por dispersão, ou seja deslocamentos das formas de vida por pontes de
conexão, que atuaram como verdadeiros “filtros” seletivos das populações em busca
do sucesso na irradiação adaptativa a partir dos centros de origem.
O período moderno inicia-se em 1960, sendo em parte influenciado pela Teoria
da Tectônica de Placas, pelo desenvolvimento de novas técnicas filogenéticas
(incluindo a Genética) e pela evolução de novos procedimentos de pesquisa da
Biogeografia ecológica. A concepção moderna de biogeografia baseia-se na premissa
de que a evolução da vida ocorreu concomitantemente à evolução geográfica da Terra
e as mudanças de tamanho e posição dos continentes e oceanos teriam resultado em
importantes movimentos das biotas. A sistemática filogenética de Hennig (1965) criouuma nova maneira de traçar a história da relação entre diferentes grupos de animais,
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por meio da discussão sobre as semelhanças gerais entre os taxa (espécie e grupo de
espécies), e da hierarquização no tempo das modificações que ocorreram em sua
forma.
1 - O CONCEITO DE ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO E AS TÉCNICAS DE MAPEAMENTO
A etapa inicial do trabalho do biogeógrafo envolve a análise das ocorrências obtidas
em campo para a elaboração de mapas de ocorrência e distribuição de espécies,
comunidades e ecossistemas.
A área de distribuição biogeográfica é uma projeção espacial da espécie definida pelo
conjunto de interações ecológicas e históricas de cada espécie. É a área que mantém
relações ontológicas com a espécie: nasce com o nascimento do ocupante, modifica-
se através do tempo e desaparece com o desaparecimento do ocupante. Nesse
sentido, podemos considerar a evolução da espécie como uma projeção histórica de
áreas, não apenas como uma sequência cronológica da projeção geográfica (figura 2)
DESCRIÇÃO DE ÁREAS DE DISTRIBUIÇÃO
Para descrever a área de distribuição de uma espécie e transcrevê-la em um mapa é
preciso, em primeiro lugar, definir suas fronteiras, o que pode ser feito com varias
tecnicas. A mais simples é a técnica de nuvens de pontos (figura 3 e 5) em que cada
ponto representa uma localidade onde a espécie foi encontrada. Este levantamento é
feito em campo, com coletas georeferenciadas e registro de características da área de
ocorrência.
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Antigamente,o posicionamento dos pontos era feito com base no Índice de localidades
do IBGE que fornecia as coordenadas geograficas da localidade. Atualmente, obtém-
se as coordenadas geográficas dos pontos de ocorrência com o uso do GPS (capítulo
19). Baseado em um mapa de nuvens de pontos pode-se definir um desenho
aproximado das fronteiras da área de ocorrência da espécie em estudo, utilizando-se
de diferentes procedimentos. Há uma tendência atual em se fazer uso de técnicasapoiadas em recursos de informática. A técnica cartográfica consiste em colocar sobre
as cartas topográficas em UTM (capítulo 19) uma retícula quadriculada, cujos lados
medem geralmente 10 km. A ocorrência da espécie identificada em uma quadrícula é
considerada positiva, independentemente das características ambientais ali presentes.
O uso de símbolos diferenciados permite associar a presença da espécie a diversos
tipos de dados, como abundância e cronologia, o que possibilita acrescentar outros
tipos de legendas corográficas e quantitativas. Isto mostra que a Cartografia Temática
(capítulo 18) oferece grande apoio à Biogeografia (figura 4).
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As técnicas areográficas são semelhantes às tradicionais nuvens de pontos e
possuem maior precisão no mapeamento dos pontos, com apoio do GPS. A
ocorrência de um indivíduo é entendida como representativa de uma população e,
portanto, de uma área. O procedimento aerográfico deriva da aplicação da teoria dos
traçados, particularmente do conceito de árvore máxima de conectividade. Os pontos
são unidos por meio de traçado aberto (sem formar circuitos) que minimize oencontrado em cada ponto da nuvem. Os valores dos arcos, ou traçados que unem os
pontos, são submetidos a testes estatísticos e o círculo representa a unidade
elementar da área de distribuição, da mesma forma que a malha para a retícula, na
técnica cartográfica. No entanto, na areografia, o tamanho ajusta-se às características
de cada espécie 1.
A área abrange os pontos que representam locais onde a especie foi registrada.
Assim, a unidade elementar é obtida a partir do traçado de um raio em cada ponto que
delimitará um círculo ao redor do mesmo. O valor desse raio é obtido a partir da média
aritimética e do desvio padrão calculados através dos valores dos segmentos que
unem os pontos de localização (Zunino & Zulini, 2003 op. cit.). O conjunto desses
círculos corresponderá à área core. Os círculos delimitados pelos valores do desvio
padrão serão menores e corresponderão a uma área mais detalhada, os delimitados
pela média aritmética serão maiores (no entorno dos menores) e corresponderão a
uma área de influencia da área core. As fórmulas para cálculo da média, da variância
1 Consutar também Zunino e Zullini (2003).
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e do desvio padrão podem ser consultadas no capítulo de Estatística Descritiva em
Sala de Aula.
Figura 6 – Área de distribuição segundo o método areográfico
Métodos informacionais que utilizam softwares de modelagem de nicho ecológico e
permitem trabalhar com grande massa de dados e estimar a ocorrencia de forma
indireta a partir da reunião de variaveis biogeofisicas vem sendo desenvolvidos. Os
métodos digitais permitem transformar o mapa de pontos em mapa de áreas, tais
como o sistema Species Mapper do programa Species Link que desenha pontos de
ocorrência em um mapa pela inclusão de suas coordenadas. O processo de
modelagem consiste em converter dados primários de ocorrência de espécies (simples
nuvens de pontos utilizadas pelo método areográfico) em mapas de distribuição
geográfica indicando a provável presença ou ausência da espécie, neste caso, através
da aplicação de algoritmo genético (GARP –OM - Genetic Algorithm for Rule-Set
Prediction).
Estes softwares buscam modelar a partir de pontos e massa de dados biofísicos a
estimativa do nicho ecológico potencial da especie. Os modelos trabalham, na maioria
dos casos, com o a relação da localização da espécie e seu nicho ecológico
fundamental. Tais algoritmos tentam encontrar relações não-aleatórias entre os dados
de ocorrência dos organismos com os dados ecológico/ambientais relevantes para aespécie (tais como: temperatura, precipitação, topografia, tipo de solo, geologia, entre
outros) (Figura XX).
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Figura xx: Esquema mostrando a relação entre as variáveis ambientais e os pontos
de ocorrência da espécie. Fonte: http://splink.cria.org.br/docs/Anexo2_modelagem.pdf
Quando o pesquisador insere pontos de ocorrência no software, o sistema associa
cada ponto ao ponto central da quadrícula determinada em que eles estão localizados.
Dessa forma, cada ocorrência irá assumir valores de camadas ambientais previamente
selecionadas pelo usuário, aliada à localização da espécie. Neste método os dados
ambientais são armazenados em um banco de dados. Quando o pesquisador insere
pontos de coleta (localização da espécie) no sistema, eles são convertidos e
armazenados. O sistema formula uma regra de faixa de ocorrência para cada variável
selecionada pelo usuário (climáticas, morfológicas, bióticas, etc) no sistema. Essa
regra se baseia nos valores entre o valor máximo e mínimo da variável ambiental no
conjunto de pontos das quadrículas que representam os pontos de coleta inseridos
pelo usuário. O sistema descobre matematicamente a amplitude de cada variável do
subconjunto de pontos inseridos no sistema. Após estabelecer a regra de faixa para
cada variável, o sistema faz uma busca em todos os pontos de quadrículas que
possuem valores que satisfazem aquela condição. Todos os pontos são selecionados
e, após uma intersecção entre todas variáveis, eles são plotados no mapa final,
demarcando uma área.
Mais informações sobre a tecnologia de modelagem de nicho ecológico utilizado
podem ser obtidas no site http://splink.cria.org.br/docs/Anexo2_modelagem.pdf .
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Eduardo, coloque aqui a figura 5, embora não haja referência dela no texto. Inclua no
título que se trata da técnica areográfica)
É importante conhecer o modo como a especie vive dentro de uma área, a qual pode
parecer homogênea em razão da resolução do mapa (figura 6). Em diferentes escalas,
no entanto, percebe-se que uma área nunca é estritamente homogênea, devido a
variações dos aspectos abióticos e da demografia dos ocupantes.
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DINÂMICA DA ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO DE UMA ESPÉCIE
O tamanho de uma população resulta do equilíbrio entre a taxa de natalidade e a taxa
de mortalidade; entre emigração e imigração. Com frequência, fatores antropogênicos
ou pequenas mudanças na temperatura são suficientes para provocar mudanças
importantes na taxa de reprodução de plantas e animais de um ano a outro (e também
movimentos migratórios), incorrendo em mudanças no número de efetivos de uma
geração a outra. Em termos gerais, podemos dizer que a área de ocorrência é
dinâmica e varia numa escala de tempo que pode ser de curta ou de longa duração.
Portanto, os mapas em séries temporais podem ser muito úteis para entender
dinâmica. Veja o exemplo da área de distribuição de uma espécie de lobo na Europa
em 1900 e, na Itália, entre 1900 e 1985.
MODIFICAÇÕES DA ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO
A área de distribuição de uma espécie pode ampliar-se, reduzir-se, desprender-se ou
fragmentar-se antes de desaparecer, com a extinção de seu ocupante (figura 8).
A área muda com o tempo, no caso da mudança pelo processo de sucessão ecológicaou da expansão seguida de contração por mudanças climáticas. A contração pode
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levar à insularização da área, como a que ocorreu no Brasil durante o Quaternário,
expressa pela Teoria dos Refúgios Pleistocêncos (figura 9).
ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO E FATORES LIMITANTES
Entre os fatores que condicionam a extensão e a forma da área de distribuição de uma
espécie, o clima tem importância primordial, especialmente pelos parâmetros de
temperatura e umidade relativa do ar. Tanto as variações diárias como sazonais
influenciam a distribuição espacial dos organismos. Por exemplo, a maioria das
espécies tropicais não ocorre em isolinhas de temperaturas abaixo de medias anuais
de 18ºC. A cobertura pedológica é determinante para muitas especies. As especies
acidófilas não ocorrem em solos básicos derivados de rochas carbonáticas.
2 - RECONSTRUÇÃO DOS PADRÕES E SEUS PROCESSOS FORMADORES
A grande crítica que se faz aos padrões derivados da explicação na abordagem
evolutiva é que o modelo explicativo da dispersão com base num centro de origem foi
tomado como verdade absoluta para a formação de todos os padrões observados
atualmente. Eldredge e Cracaft (1980) afirmaram que a maioria dos trabalhos de
análise de padrões enfatizaram somente a explicação dos processos pelos quais se
formaram os grandes padrões. O estudo dos padrões deve, no entanto, anteceder a
explicação dos processos que os formaram. A conexão entre padrões, ou seja, asrelações temporais entre eles é um dos aspectos mais importantes na compreensão
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da evolução e da espacialidade. A reconstrução dos padrões filogenéticos é
indispensável ao estudo dos processos evolutivos 2.
AS DISJUNÇÕES E DESCONTINUIDADES
As distribuições geográficas das disjunções entre áreas de espécies e gruposfilogeneticamente homogêneos têm uma importância excepcional na Biogeografia
histórica. Embora os termos disjunção e descontinuidade sejam frequentemente
usados como sinônimos, diferem-se no sentido. O primeiro refere-se à separação
entre áreas consideradas elementos singulares de um sistema; já, descontinuidade
refere-se à relação entre frações realmente ocupadas e frações livres de uma área
unitária (figura 10).
MAPEAMENTOS HISTÓRICOS: MODELO CONCEITUAL
Criticando o conceito de centro de origem, que se mostrou incoerente com o princípio
de ancestralidade comum e de vicariância, levando a resultados ambíguos, os autores
da Biogeografia Histórica da Vicariância, ou Especiação Alopátrica 3, sugeriram um
modelo conceitual alternativo que envolve padrões generalizados de distribuição
biótica denominados traçados generalizados. Admitem que um dado traçado
generalizado estima a biota ancestral que, devido a modificações geográficas, tornou-
se subdividida em biotas descendentes, as quais diferenciam-se produzem padrões
mais recentes de diversidade taxonômica e distribuição. Os autores rejeitam o
conceito darwinista de centro de origem e dispersão das espécies como único modelo
conceitual de explicação histórica. A técnica de mapeamento empregada na
Biogeografia da Vicariância resume-se da seguinte forma:
2 Para aprofundar esta questão, consulte ELDREDGE & CRACRAFT, op cit.3 Croizat et al. (1974), Nelson e Platinick (1984) e Rosen & Beaver (1978)
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a) Mapeia-se e une-se a distribuição (traçado) de uma espécie ou grupo
monofilético (traçado individual). As distribuições disjuntas somadas
representam a distribuição ancestral.
b) A distribuição (traçado) de uma espécie ou grupo monofilético de organismos
deve coincidir com os traçados de outras espécies ou grupos. Desta maneira,
testa-se se a Terra e a vida evoluiram juntas, procurando-se os vários taxa, os
mais diversos possíveis, fósseis ou recentes, que ocorram aproximadamente
na mesma região, e procede-se aos vários traçados individuais.
c) Os vários traçados individuais são sobrepostos, evidenciando-se as áreas de
congruência (traçado generalizado). A coicidência de traçados de distribuição
dos diferentes grupos pode acontecer em maior ou menor grau. A metodologia
lançada por Croizat (op cit) foi aperfeiçoada por Nelson e Rosen (1979) que
incluiram a filogenia de Hennig (1965).
d) Desta forma, o traçado generalizado deve ser confrontado com a filogenia dos
grupos, obtendo-se o cladograma de áreas (figura 13).
Traçados generalizados
Para construir um padrão biogeográfico é preciso conhecer a filogenia do grupo; a
filogenia construída pelo biólogo (sistemata).
Para construir o padrão evolutivo de área em Biogeografia, o cladograma de áreas é
construído pelo geógrafo. Substituição dos nomes das espécies pelas áreas que elas
ocupam.
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As áreas não congruentes são deixadas de lado, utilizando-se somente as de
congruência total para explicar a evolução da espécie na área (terra e vida).
Os cladogramas de áreas com muitas diferenças requerem a elaboração do
cladograma de áreas reduzido, que consiste na eliminação das incongruências e
resulta na seleção dos fenômenos que influenciam igualmente os diferentes grupos
(figura 14).
- Cladograma de áreas para o exemplo de um gênero com maior número de espécies
- Cladograma de áreas reduzido (áreas congruentes)
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Se um dado tipo de distribuição geográfica (traçado individual) repete-se em vários
grupos de organismos, a região delineada pelas distribuições coincidentes (traçado
generalizado) torna-se estatisticamente e geograficamente significante, e convida à
explicação em um nível geral.
Os postulados básicos da vicariância são:
a) Espécies relacionadas representam parte de uma barreira, ou seja, essa
população antiga sofreu vicariância ou especiação alopátrica.
b) Existe realmente um centro de origem, mas ele tende a ocupar o máximo de
área permitida atingindo um cosmopolitismo primitivo, por meio da dispersão.
Uma vez ocorrendo dispersão, o centro de origem fica indeterminável, a não
ser em alguns poucos casos peculiares. A dispersão que resulta no
cosmopolitismo primitivo ocorre antes do surgimento da barreira efetiva. Aespeciação acontece simultânea ou posteriormente ao surgimento das
barreiras.
3 - O TRABALHO DE CAMPO EM BIOGEOGRAFIA
O trabalho de campo é fundamental para a Biogeografia. Cada local possui
características particulares e aponta problemas de ocorrência e de distribuição
biogeográficas que podem ser interpretados mediante observação, registro,
experimentação empírica etc. A observação de campo mostra, também, como asunidades de paisagem distribuem-se de forma desigual no espaço. As técnicas a
serem utilizadas consistem nos procedimentos de campo (observação detalhada e
sistemática, anotações, desenhos, coletas, fotografias, medições com equipamentos,
filmagens etc.) e no trabalho de laboratório (análise do material coletado e/ou
observado, análise das variáveis físicas, tratamentos para formação de acervos –
herbários - tratamentos estatísticos etc.).
A OBSERVAÇÃO E A DESCRIÇÃO EM CAMPO
É importante apurar e treinar a observação em campo. O hábito da observação, de
seu registro e de sua interpretação, leva a compreensão do ambiente 4. A importância
da observação não consiste apenas em aproveitar informações visuais, que podem
levar a inferência de propriedades menos aparentes do meio, mas é preciso
considerar seu papel na educação do olhar a favor de uma maior conscientização
sobre o ambiente que nos cerca.
4 Sobre observação, ver também o capítulo A Técnica e a Observação, deste livro.
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A observação não deve recair sobre o objeto individualizado, mas vê-lo como parte de
um todo estruturado e articulado historicamente. Trata-se de considerar que o tempo
da natureza aparece combinado com o tempo social, com escalas e ritmos distintos.
A civilização moderna emprega métodos científicos no processo de interpretação do
meio natural, com a utilização de medidas, análises, tratamento de dados etc. Mas é
preciso não perder de vista a importância das informações e interpretações que
provém de populações cujo modo de vida está diretamente ligado ao aprendizado
baseado na vivência e na observação cotidiana da natureza, que também produz
conhecimentos sobre o funcionamento do ambiente. Exemplos dessas populações,
cada vez mais reduzidas, são campesinos, agricultores tradicionais, pescadores
artesanais, populações indígenas, quilombolas, varjeiros, pantaneiros e o que
geralmente podemos chamar de homens do campo.EXEMPLO DE REGISTROS DE OBSERVAÇÃO
Uma das técnicas úteis e importantes em Biogeografia é o uso do desenho em esboço
ou croqui, para o que temos o apoio do capítulo específico de Técnicas de Desenho e
Perfis, neste livro. Importantes biogeógrafos utilizaram técnicas de desenho para
registro de suas observações, que consistem no uso do desenho livre ou proporcional.
O desenho pode ser aprimorado com técnicas de acabamento como nanquim,
temperas ou aquarela.
Figura 14ª - Bacaba (Oenocarpus distinchus, Mart). Figura 14b - Julio Mariano Luiz (O Livro das Árvores).
palmacea (Hoehne, 1922) Organização Geral dos Professores Ticuna
Bilingues - Benjamin Constant Amazonas – Brasil
As observações de campo geralmente tornam-se mais significativas quando anotadas
em mapas e croquis.
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PLANEJANDO A ATIVIDADE DE CAMPO EM BIOGEOGRAFIA
O trabalho de campo concentra-se na observação, no registro e na coleta de
informações desses componentes em combinação com os demais fatores do meio,
considerando as escalas de tempo e espaço. Geralmente são chamados de dados
primários.
Em um estudo de campo é melhor concentrar a atenção sobre uma área determinada,
que possa ser investigada intensa e sistematicamente. A demarcação de pequenas
zonas no campo pode revelar ocorrência de plantas e animais mais inconspícuos ou
de difícil observação, que facilmente passariam desapercebidos em uma observação
superficial ou geral.
Onde há uma transição clara - ou suposta - da flora e fauna, é útil um estudo
detalhado ao longo de uma linha ou trajeto (transecto) que cruze diferentes zonas.
Deve-se ter muito cuidado na escolha dessa linha: é melhor começar onde haja muitas
mudanças evidentes à primeira vista. Para isso, pode-se utilizar as fotografias aéreas,
que auxiliam na visualização vertical dos compartimentos de cobertura vegetal. Para
que o transecto seja útil, os estudos de animais e plantas devem ser acompanhados
por uma investigação de outros fatores ambientais, como solos, topografia, parâmetros
climáticos, tratados em capítulos específicos deste livro. A posição do transecto (ou de
qualquer outra observação detalhada) deve ser indicada com clareza e precisão no
mapa da área em estudo. O uso da carta topográfica com auxílio de uma bússola é o
procedimento usual. Hoje pode-se contar também com o GPS para definir, localizar,
referenciar e definir o transecto.
Sempre que possível, deve-se realizar um estudo preliminar para contextualizar e
localizar a área de estudo sobre mapas topográficos e os limites das áreas adequadas
à pesquisa. Para trabalhos de pesquisa científica, esta localização deve ser precisa.
Antes de ir a campo, é essencial saber:
• De que modo será feita a coleta de dados?
• O que se deve registrar?
• Ao longo de que período é conveniente realizar o levantamento de dados em
campo?
Realizar uma pesquisa bibliográfica antes de ir a campo é muito importante, pois
permite um melhor conhecimento do local a ser estudado, facilitando o planejamento
das atividades de campo. Além do levantamento bibliográfico sobre os aspectos gerais
da área (histórico, uso da terra etc.), deve-se procurar mapas temáticos (devegetação, solo, geológico, geomorfológico etc.) e fotografias aéreas ou imagens de
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satélite. Estas atividades caracterizam o que foi tratado como trabalho de gabinete,
preliminar ao campo (capítulo 1).
A PREVISÃO DO TRABALHO DE CAMPO
Todo trabalho de campo é precedido por uma avaliação de planejamento. À medidaque se decide o que se vai pesquisar no campo e os procedimentos a serem
empregados, devem-se providenciar os recursos necessários para a realização do
trabalho.
A data da realização ou a época em que se fará a observação deverá conter períodos
significativos do ponto de vista biológico do que se irá observar, por exemplo: as
estações do ano, ciclo diurnal, ciclo de marés etc.
Ao ir para o campo, o pesquisador deve estar suficientemente treinado no manejo de
todos os equipamentos cuja utilização esteja prevista em seu roteiro de observação e
de coleta de dados, e deve ter clareza da ordem em que as atividades serão
desenvolvidas. O roteiro de trabalho de campo é um instrumento muito útil na
organização das atividades.
Ao chegar ao local de estudo, o observador deve estar munido de todo o material
necessário para o registro de suas observações e dos instrumentos necessários para
realizá-Ias, como tabelas, manuais de campo, mapas, caderno de campo, GPS,
bússola, tesoura de poda, armadilhas etc.
A OBSERVAÇÃO NO CAMPO
Não há técnica melhor para o estudo do ambiente (seres vivos e meio físico) do que a
presença no local de estudo, para a observação cuidadosa dos animais e plantas e
seu registro num caderno de campo.
A diferença essencial entre um observador de campo engajado e um observador
amador é que o primeiro carrega consigo um caderno de notas e o utiliza. Há muitos
curiosos que viram muito mais do que um observador engajado, mas suas
observações são inúteis, pois eles não as registraram ou não prosseguiram na análise
de seu significado. Aquele que tenta reter apenas na memória suas observações traz
poucas contribuições para uma pesquisa e terá dificuldade em fazer um relatório de
campo, como alertou a autora do capítulo X. A memória é sempre seletiva, e há uma
tendência de esquecermos o comum e lembrarmos o raro.
Não há um único procedimento para os registros de campo. O essencial é que a
técnica usada seja consistente e coerente. No caso do principiante, é importante queanote tudo que vê. Mesmo assim, perceberá que muitos detalhes importantes poderão
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ser perdidos. Com o tempo, o observador experiente passará a ser mais criterioso,
concentrando seus registros em aspectos significativos para o problema sob
investigação. Como alguns aspectos importantes do estudo de campo só se tornam
aparentes quando o estudo está bem adiantado, é melhor registrar sempre mais do
que menos.
Conhecendo um pouco a vegetação a observação de campo pode se tornar um
importante recurso de avaliação. Por exemplo algumas especies são exelentes
bioindicadoras do estado de conservação de uma vegetação. Tomando o exemplo da
Mata Atlantica, sabemos que o mecanismo de sucessão ecologica pode ser
identificado em seus estagios pela ocorrencia de algumas bioindicadoras. Em sala de
aula os alunos podem realizar um pequeno levantamento destas especies, aprender a
identifica-las na paisagem e em suas observações de campo identificar a suapresença podendo inferir preliminarmente sobre o estado de conservação.
No Estado de São Paulo a Secretaria do Meio Ambiente e o IBAMA criaram
uma legislação de proteção que se baseia entre outros aspectos na ocorrência de
plantas que podem ser observadas em campo. A legislação pode ser obtida no site:
http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/legislacao/estadual/resolucoes/1994_Res_Conj_
SMA_IBAMA_1.pdf . A tabela 1 traz exemplos de plantas que os alunos podem encontrar
em suas observações de campo e inferir sobre a conservação.
Não é necessario ser um especialista para reconhecer algumas destas plantas. É claro
que para um diagnostico cientifico é preciso um levantamento cuidadoso das
ocorrências e também das caracteristicas estruturais, mas a rigor todo cidadão deveria
saber utilizar-se das leis para reconhecimentos iniciais de campo.
Veja alguns exemplos para voce praticar o seu repertório. Procure tentar identificar
algumas ocorrencias de plantas em sua região e pesquise para saber algo mais sobre
o estado de conservação desta area.
Estágio inicial de regeneração
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Embaubas – Cecropia spp (Sueli AngeloFurlan, 2005) – PE. Ilhabela
Manacá-da-Serra – Tibouchina mutabilis
Estágio médio de regeneração
Palmito Juçara - Euterpe edulis(Sueli AngeloFurlan, 2006)- PE Intervales
Guapuruvu – Schizolobium parahyba
Estágio avançado de regeneração
Jequitibás (Cariniana spp.). PE Ilhabela Paineira (Chorisia speciosa)
Tabela 1: Estágios de regeneração
COLETA E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS
Ao planejar a atividade de campo, o observador pode ter dúvidas sobre o que coletar e
como fazê-lo. É importante definir antecipadamente o que será investigado e quais
dados serão úteis para sua compreensão. Se possivel organizar um primeiro
levantamento exploratorio para familiarizar-se com a area de estudo. Pesquisar em
fontes bibliograficas como os dados podem ser obtidos auxilia a definição de
procedimentos e do tempo necessário para a coleta de dados. É importante conhecer
como outros pesquisadores coletam dados de mesma natureza. Existem manuais de
coletas de dados que apresentam as técnicas mais usuais utilizadas por
pesquisadores experientes. Planejar a coleta de dados é essencial, pois muitasinformações somente serão obtidas com a utilização adequada de equipamentos. .
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Nem sempre a coleta de dados exige efetivamente capturas de plantas e animais. No
estudo das aves e mamiferos por exemplo a coleta de dados pode ser a visualização
do animal e sua descrição. A coleta de pistas indiretas, como fezes e pegadas. Para
esse tipo de coleta é preciso conhecer um pouco do comportamento do animal. Por
exemplo para observar aves e obter dados de visualização é muito importante
percorrer a área de estudo ao amanhecer e ao entardecer, pois nestes periodos as
condições de umidade e temperatura são mais propicias as atividades da avifauna.
4 - ESTUDO DA COBERTURA VEGETAL
O estudo da cobertura vegetal realiza-se em diferentes escalas: no âmbito de regiões
fitogeográficas, de biomas, domínios, estratos da cobertura vegetal, micro-habitats etc.
Em todas elas, o trabalho de campo é muito util. Para a caracterização da comunidade
vegetal devem ser obtidas informações sobre: composição florística, característicasfisionômicas, estruturais, funcionais e sua ocorrencia e distribuição espacial.
4.1 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA
O primeiro passo para o conhecimento de uma comunidade vegetal é o estudo de sua
flora ou a composição em espécies, mediante a organização de uma lista, a mais
completa possível, das espécies ou gêneros que ocorrem na comunidade. Quando a
comunidade é desconhecida, como é o caso de muitos ecossistemas tropicais com
uma biodiversidade elevada e insuficientemente estudada, ou quando não se temcerteza da identificação no campo, deve-se proceder a uma coleta de várias amostras
de indivíduos. E preciso conhecer o que será útil na identificação para determinar os
critérios de coleta. Os botânicos sistematas consideram como fontes importantes de
identificação: flores, frutos, sementes e ramos com folhas (quando a planta é de
pequeno porte, deve-se coletar o indivíduo inteiro).
Apos a coleta, o material deve ser herborizado para evitar a deterioração e facilitar a
posterior identificação. Normalmente, a identificação é realizada com o auxílio de
especialistas. É muito importante etiquetar adequadamente o material coletado, para
que qualquer pessoa possa utilizar as informações. De nada adianta ao biogeógrafo
saber que uma planta é de determinada espécie, se não souber sua procedência.
A taxonomia vegetal atualmente exige um grande esforço dos botânicos, desde o
processo de aquisição do espécime dada as dificuldades de inventariar grandes áreas
e os custos de campanhas de levantamento, acessibiliade, entre outros até a morosa
comparação com as amostras já catalogadas em um herbário. Outras metodologias
vem sendo desenvolvidas como a identificação de vegetais por meio da análise deatributos foliares. Este trabalho consiste em identificar vegetais por meio da análise do
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corte transversal de uma folha ampliado por um microscópio e analise das assinaturas
da cutícula, epiderme superior, parênquima paliçádico e parênquima lacunoso. Neste
método cada assinatura é avaliada isoladamente por uma rede neural pelo método
leave-one-out para verificar a sua capacidade de discriminar amostras. Uma vez
selecionados os vetores de características mais importantes, os mesmos são
combinados de duas maneiras. A primeira utiliza a concatenação dos vetores
selecionados; a segunda, trabalha com a dimensionalidade de atributos de algumas
das assinaturas antes de fazer a concatenação. Os vetores finais obtidos pelas duas
abordagens são testados com rede neural via leave-one-out para medir a taxa de
acertos alcançada pelo sinergismo das assinaturas das diferentes partes da folha.
Outros métodos se utilizam da informação genética. Mas mesmo estes métodos
bastante sofisticados não prescindem dos procedimentos usuais de formar coleções e
descrever a partir da observação.
Para um estudo sistematizado da vegetação, sugerimos os seguintes passos:
• observação e descrição da vegetação em uma área de estudo;
• definição e aplicação de uma técnica para levantamentos florísticos e
fitossociológicos;
• estudo da estrutura e fisionomia da vegetação
• desenho do perfil da vegetação;
• coleta de material e herborização;
• identificação da espécime de planta.
Para o estudo, os materiais necessários são: caderneta de campo e caneta, fita
adesiva, barbante, jornais, papelão, prensa, tesoura de poda pequena e/ou um
pequeno canivete, podão, sacos plásticos (transparentes e pretos), picets (frasco) com
água, algodão, papel milimetrado, chaves de identificação de plantas, quadrante
centrado, fita métrica, lupa de mão, régua.
4.1. 2 0BSERVAÇÃO E DESCRIÇÃO DA VEGETAÇÃO EM UMA AREA DE ESTUDO
A descrição, com base na observação empírica é um bom exercício para o olhar, e
deve ter seu foco no conjunto de características que compõem a paisagem de um
lugar. A vegetação e a topografia são caracteristicas marcantes na paisagem, pois se
destacam na visualização das mesmas.
Observe mapas, mosaicos de fotografias aéreas e fotografias comuns da área.
Escolha uma área, faça uma descrição geral (fisionômica) e crie um esboço em forma
de desenho na caderneta de campo.
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Observe os seguintes aspectos:
• porte da vegetação;
• organização das copas das árvores quanta à difusão da luz;
• estratificação interna (a floresta apresenta sub bosque, são encontrados cipós,
trepadeiras ou epífitas?);
• características fenológicas das plantas (floração, frutificação, folhagem);
• grau de agregação da formação estudada (crescimento isolado, em tufos,
agregados pequenos, agregados extensos).
Observe esses aspectos caminhando pela área e notando as plantas que ali se
encontram. Anote suas observações em sua caderneta de campo.
4.1.3 DESENHO DO DIAGRAMA DE PERFIL
O perfil diagrama é uma projeção do que se vê num plano5. Para a criação de um
diagrama de perfil, demarca-se um trecho com um barbante, definindo o transecto, no
qual se observara a vegetação, em papel milimetrado, seguindo a escala determinada.
Sugestão de escala para estudo de fisionomia florestal em São Paulo
• Horizontal - 1 m: 10 cm
• Vertical - 10m: 5 cm
Diagramas de perfis podem ser utilizados no estudo da estratificação, para ilustrar asrelações entre a topografia e a distribuição horizontal das espécies ou vegetação de
baixo porte. Esse perfil pode ser elaborado com base em carta topográfica e em
fotografia aérea, aliados à observação de campo. Para o observador é interessante
distinguir em seu perfil as classes de estratificação.
Veja a seguir um exemplo de perfil com topografia (Diniz et a1., 1998):
5 Para apoiar a elaboração de perfil, veja também os capítulos de Técnicas de Cartografia e Técnicas de
Geomorfologia, deste livro.
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4.1.4 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTRATOS VEGETAIS
Em Fitogeografia, além das pesquisas sobre a fisionomia da vegetação com utilizaçãode técnicas de fotointerpretação, pode-se estudar a divisão estrutural das formações
vegetais, com especial atenção para as fisionomias.
Numa fisionomia florestal, por exemplo, as espécies organizam-se em andares
chamados estratos. Do chão à copa das árvores há uma divisão estrutural em níveis,
relativos aos diferentes patamares de altura que alcançam as espécies vegetais. Essa
organização estrutural é fundamental na classificação fisionômica das coberturas e
apresenta-se basicamente do seguinte modo:
Estrato herbáceo: nível mais próximo ao chão, logo acima da serapilheira. É o domínio
das plântulas (indivíduos jovens das espécies vegetais) no reino tropical e onde
ocorrem as gramíneas e outras plantas não lenhosas. Na floresta, situa-se na altura da
canela do observador.
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Estrato arbustivo: nível que se situa a cerca de 1 a 2 metros de altura, onde estão os
arbustos e indivíduos um pouco mais crescidos de árvores de pequeno porte, além
das samambaias-açu (fetos arborescentes).
Estrato arbóreo: nível com diferenciações variadas, de diversos tipos de espécies
arbóreas, que alcançam alturas bastante distintas. Pode formar, por vezes, o sub-
bosque - um nível intermediário de árvores que sobressai ante o estrato arbustivo,
mas que não alcança as copas das árvores mais altas. Ocorrem muitas árvores jovens
que formarão o futuro dossel.
Dossel: é o telhado da floresta, formado pelas copas das árvores que atingem maiores
alturas. Pode apresentar diversos níveis de entrelaçamento e espaçamento,
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possibilitando a entrada de luz em diferentes quantidades. É essencial para a proteção
das espécies que dependem de sombra para crescer.
Emergentes: nível representado por algumas árvores que desenvolvem suas copas
acima do dossel.
Essa diferenciação na estrutura interna de uma floresta, aliada às condições do relevo,
propicia uma infinidade de microambientes, com muitas possibilidades de microclimas
determinados por diferentes gradientes de temperatura, umidade e intensidade de luz.
A fenomenal biodiversidade apresentada pela floresta tropical atlântica é explicada,
em grande parte, pela grande variação de micro-habitats decorrentes de diferentes
composições de luz, vegetação e microclimas, o que é favorecido também pela
variedade estrutural e de relevo. Em decorrência dessa grande variação de ambientes
há uma infinidade de habitats para a fauna que, do mesmo modo, apresenta grande
diversidade. Diferentes tipos de animais distribuem-se conforme a sua adaptação,
pelos estratos, ocorrendo desde os níveis mais próximos ao chão até as copas das
árvores. Por esse motivo, muitos animais são especialistas e endêmicos, ou seja,
sofreram coevolução com a floresta e vivem em condições próprias e muitas vezes
únicas. Analise novamente a legislação referenciada na pagina xx e veja com a
estrutura da floresta também indica o grau de regeneração.
O perfil da vegetação representa uma espécie de fotografia desse arranjo estruturalvertical. Ele pode ser desenhado artisticamente ou de forma esquemática, com a
utilização de símbolos.
4.2 HERBORIZAÇÃO
Cabe ao geógrafo realizar a coleta corretamente e ao botânico identificar as espécies.
Uma boa coleta deve conter um número de exemplares suficiente para análise,
registro no herbário e envio a outros especialistas, se necessário. Recomenda-se
retirar cinco exemplares de ramos da planta contendo folhas, flores e frutos, pois são
estas estruturas que permitem identificar uma planta.
Para facilitar a identificação do material pelo especialista, deve-se prestar atenção e
tomar nota no caderno de campo dos seguintes aspectos:
• Cheiro característico (amassar a folha e sentir se exala aroma).
• Presença de sementes, frutos e flores (ou botões florais). Produção de látex e
suas características (Ieitoso, hialino etc.). Disposição de folhas no ramo.
• Cor das flores, tronco, folhas etc.
• Presença de espinhos.
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• Observar o ambiente de crescimento da planta (declividade, disponibilidade de
luz etc.).
• Proceder a coleta corretamente: em caso de plantas herbáceas, coletar até a
raiz em caso de árvores, coletar um ramo inteiro.
• Na coleta de folhas, prestar atenção para não coletar somente o folíolo, mas a
folha inteira.
A observação é fundamental para a análise das condições do meio físico no momento
da coleta. Por exemplo, se o vegetal não estava com folhas e nem frutos, é importante
marcá-Io para retornar posteriormente.
Depois de coletadas e devidamente identificadas individualmente, as amostras devem
ser cuidadosamente colocadas entre folhas de jornal que, por sua vez, devem ser
colocadas entre duas folhas de papelão e amarradas com barbante. Esta é a técnica
de herborização, que conserva a planta até o momento de sua identificação. Caso não
seja possível realizar a herborização no campo, recomenda-se que se coloque a
amostra em sacos plásticos escuros, com alguns pedaços de algodão molhado
(câmara úmida), até ser realizada a herborização e o envio das amostras para o
responsável pela identificação. A herborização deve ser feita logo após o retorno do
campo, de preferência no mesmo dia para não perder as amostras por ressecamento.
É muito importante que cada espécime coletado receba um número sequencial e seja
descrito no caderno de campo.
A etiqueta de identificação deve conter:
Nome do local: data:
Classificação:
Nome vulgar:
Nome do coletor:
Observações:
4.3. IDENTIFICAÇÃO
O observador deve conhecer:
As principais diferenças entre angiospermas e gimnospermas.
As principais diferenças entre monocotiledôneas e dicotiledôneas.
A caracterização das diferenças entre ramo, raiz, folha, flor e frutos.
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As diferenças entre folhas simples, compostas (pinadas) e recompostas (bipinadas).
As diferenças entre frutos secos, carnosos, deiscentes e indeiscentes. As diferenças
entre plantas epífitas e parasitas (hemi e total).
(seria mais útil aqui uma figura mostrando o que o texto acabou de falar, ou seja,mostrando folhas pinadas e bipinadas, monocotiledônias e dicotiledônias...)
Fig. 17 Tipos de podão (a, b, c), desplantador,(d) prancha aberta e fechada (e)
Para conhecer melhor uma formação vegetal também são utilizados procedimentos de
levantamento de campo para verificar algumas características da flora presente
(ocorrência, freqüência, variedade, fitossociologia etc.). Os resultados obtidos podem
oferecer importantes informações sobre as condições em que se encontra uma dada
formação vegetal, seja ela um fragmento ou uma formação contínua. É possível
diagnosticar alterações decorrentes de atividades humanas, invasão de espécies
exóticas, efeito de borda etc.
4.4 PROCEDIMENTOS PARA LEVANTAMENTOS FLORÍSTICOS E
FITOSSOCIOLÓGICOS
Para a obtenção dos dados quantitativos é necessário estudar as técnicas
amostragem. Regras rígidas ou generalizações que se adaptem a todas as
circunstâncias devem ser evitadas, pela variabilidade das comunidades vegetais.
i) Técnica das Parcelas Fixas
O primeiro trabalho com ensaios fitossociológicos no Brasil foi realizado com o intuito
de melhor conhecer a relação entre a febre amarela e o ambiente da floresta: os
hospedeiros, os vetores e o vírus. Esse trabalho foi realizado por Davis (1945) na
floresta atlântica do município de Teresópolis - RJ. Davis utilizou duas picadas namata (uma com 1.021 me outra com 750 m). Estudou uma faixa com largura de 3 m,
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onde mapeou e contou árvores e mediu o Diâmetro a Altura do Peito (DAP). Veloso
(1945) estudou os parâmetros de clima, solos e vegetação na mesma área, utilizando
também picadas, numa distância de 1 km e numa faixa com largura de 5 m. Dividiu o
caminho em setores de 100 x 5 m. Vários outros estudos que utilizaram os mais
variados tipos de parcelas podem ser encontrados na literatura. Nestes, a área varia
conforme o objetivo de estudo e o tipo de vegetação estudada. Quanto mais complexa
a formação, maior a área, o número de amostras etc.
A técnica das parcelas fixas é utilizada para medir a densidade e a freqüência de
espécies numa determinada formação vegetal. A utilização de formas geométricas,
como o quadrado, para delimitar amostras no campo é um recurso que consegue
destacar e visualizar uma parcela do conjunto da comunidade. O quadrado e ideal
para análises estatísticas e designa a menor área da comunidade que contém umaadequada representação. A forma geométrica escolhida pode variar, mas o quadrado
é a figura geométrica usada com maior freqüência. Quando a vegetação apresentar
estratificação, usam-se quadrados com diversas áreas, encaixadas umas nas outras.
Os quadrados devem ser suficientemente grandes para incluir árvores e conter outros
menores, para os estratos arbustivos e herbáceos.
A escolha dos pontos onde se vai traçar os quadrados no campo pode ser definida por
meio de linhas (transectos), conforme o objetivo do estudo. A definição dessas linhas
pode partir, por exemplo, da análise prévia de fotografias aéreas ou de imagens de
satélite. Vários estudos sugerem que uma área de 10.000 m2 (1 hectare) seria
suficiente para amostrar a diversidade de uma formação florestal. Essa delimitação, no
entanto, deve ser controlada por uma curva de suficiência de amostragem, que
consiste em verificar quando é alcançada a representatividade das espécies numa
certa formação vegetal (Cottam e Curtis, 1956).
A delimitação da parcela é feita com barbante e estacas ou as próprias árvores. O
observador deverá classificar e anotar o número de vezes que uma mesma plantaocorreu no interior do quadrado. Para o estudo de elementos arbóreos, deverá
determinar o diâmetro mínimo que será considerado (DAP). Para facilitar, utiliza-se o
PAP, Perímetro Mínimo à Altura do Peito. De acordo com a formação, pode ser de 10
cm, 20 cm etc. Essa avaliação é subjetiva, mas o observador deve consultar trabalhos
já realizados para verificar como foram definidas o PAP ou o DAP em formações
semelhantes.
Os dados deverão ser sistematizados em forma de tabela.
Tabela para anotação da distribuição da vegetação
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Parcela n° Número de ocorrências Área basal m2
Espécies
1.
2.
3.
4.
Tabela para anotação dos dados quantitativos de distribuição da vegetação
Espécies npi ni ABIm² FR% DR% DoR% IVI
1
2
3
Total
npi: número de parcelas onde ocorreu a espécie i
ni: número de indivíduos de cada espécie
ABi: soma das Áreas Basais da espécie iFR (Freqüência relativa): (Npi / npi - total)
DR (Densidade Relativa): (ni / ni - total).100
DoR (Dominância Relativa): ABi / ABi - total).100
IVI (índice do Valor de Importância): FR + DR + DoR
Para calcular a área basal a partir do perímetro da árvore, considere que dado o
perímetro (P), acha-se o raio (r): r = P / 2π
Com o raio, acha-se a área (A): A = πr 2 / 2
A partir dos dados apresentados pode-se calcular a:
Densidade
É o número total de indivíduos de cada espécie encontrados numa determinada área
de amostra. A densidade relativa é o número de indivíduos de todas as espécies
presentes.
Cálculo da densidade: toma-se uma amostra em forma de quadrado da vegetação emestudo. O tamanho do quadrado varia conforme o tipo de formação vegetal.
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Identificam-se as espécies diferentes entre si, numerando-as. Em seguida, promove-
se a contagem dos indivíduos iguais. Aplica-se a definição abaixo para estimar a
densidade absoluta e relativa.
• Densidade absoluta: número de espécimes iguais identificados dividida pela
área do quadrado.
• Densidade relativa: número de espécimes iguais identificados dividida pelo
número total de espécies.
Freqüência
A freqüência indica a presença de espécies em todas ou algumas amostras. O cálculo
é feito considerando o número de quadrados em que se observou a ocorrência da
espécie em relação ao número de quadrados examinados.
Freqüência: n° de quadrados em que a espécie ocorreu dividido pelo n° de quadrados
examinados.
Obs: a densidade e a freqüência indicam o número e a distribuição, mas não mostram
o tamanho, o volume ocupado ou a quantidade do terreno coberto ou sombreado.
ii) Técnica do Quadrante Centrado
O primeiro estudo a aplicar a técnica dos quadrantes no estudo de vegetação tropical
foi realizado por Goodland (1964), na Guiana Francesa. Um dos estudos importantesquanto à revisão metodológica dessa técnica pode ser encontrado na pesquisa
realizada por Martins (1993). O autor discorre sobre o desenvolvimento histórico dessa
técnica, muito usual e prática no estudo do componente arbóreo de florestas tropicais.
O quadrante é uma espécie de cruzeta para selecionar amostras aleatoriamente.
Define-se um caminhamento (transecto) que será estudado pela técnica de
amostragem por quadrantes. O procedimento devera ser o seguinte:
•
Em cada ponto de amostragem, a cada 10 metros, estabelecem-se de modoaleatório os 4 quadrantes através de uma cruz de madeira móvel encaixada em
um suporte.
• Mede-se a distância do ponto ao centro da árvore (portanto soma-se o raio da
mesma) mais próxima em cada quadrante. Mede-se com uma trena o
perímetro do tronco e identifica-se a espécie.
• O limite inferior de diâmetro deve ser escolhido com base no estrato mais baixo
que se deseja incluir na amostragem, estimando o diâmetro médio das árvores
desse estrato.
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• Deve-se considerar as árvores mortas e excluir os pontos de amostragem
localizados em áreas que não representam a vegetação que se pretende
caracterizar, como os pontos de amostragem que caem em clareiras no interior
da mata.
• Os dados coletados pela técnica dos quadrantes e das parcelas fixas serão
utilizados para o cálculo de valores relativos de densidade, freqüência,
dominância e valor de importância.
Uma tabela ajuda na organização dos dados:
N° do ponto Espécies Distância + raio Perímetro
1. a)
b)
c)
d)
2. a)
b)
c)
d)
Todo o material estudado, seja pela técnica de parcelas ou de quadrantes, deve ser
identificado. Para isso, é necessária a coleta para identificação da composição
florística.
Tabela para anotação dos dados quantitativos de distribuição da vegetação em
quadrantes centrados
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Espécies npi ni ABIm² FR% DR% DoR% IVI
1.
2.
3.
Total
Onde:
IVl (índice do Valor de Importância): FR + DR + DoR
ABi (Área Basal da espécie "i"): soma da área basal de todas as árvores da espécie
"i".
ABT (Área Basal Total): soma da área basal de todas as árvores amostradas.
DR (Densidade relativa): (ni I ni • total). 100DoR (Dominância relativa): (ABi / (ABi - total) . 100
Após o cálculo do IVI para cada espécie, organiza-se uma tabela em ordem
decrescente de importância, como no exemplo abaixo:
Posição Espécies Famílias DR% FR% DoR IVI%
1. Ilex theezans Arquifoliaceae 12,50 11,30 45,30 69,10
2. Tabebuia cassinoides Bignoniaceae 4,17 4,80 8,46 17,43
Outras formas de tratamento e apresentação dos resultados devem ser utilizadas,
como:
a) Número de indivíduos (% do total amostrado) por famílias – histograma.
b) Distribuição do índice do valor de importância por famílias - histograma.
c) Distribuição do número de espécies por família - histograma.
d) Distribuição de freqüência das classes de diâmetro - histograma e curva.
e) Teste de suficiência da amostragem - curva do número acumulativo de novas
espécies (espécies inéditas) por número de pontos de amostragem – gráfico.
f) Ocorrência das espécies nos pontos amostrados – tabela.
Para a interpretação dos resultados indica-se consultar o trabalho de Martins (1993).
Diversidade
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do ar etc. Dependendo do objetivo do estudo pode-se comparar um perfil climático
com um perfil de cobertura vegetal, ou observar comportamentos da fauna e
acompanhá-Ios com a variação do microclima. Para estudo desses parâmetros pode-
se utilizar as técnicas sugeridas no capítulo de Técnicas de Climatologia.
A INFLUÊNCIA DOS VENTOS
O vento influencia a umidade do ar que, por sua vez, influencia a ocorrência de -
chuvas e a umidade relativa do ar e, portanto, interfere na transpiração da vegetação.
O vento é um indicador climático do tipo de tempo, além de ser importante na
dispersão de sementes e na chuva de pólen.
A LUZ NO AMBIENTE
A luz é um dos fatores essenciais para os seres vivos. Basta lembrar que a
fotossíntese, atividade pela qual as plantas obtêm energia para sobrevivência,
depende desse fator. A quantidade e a qualidade da luz e o número de horas de
exposição variam no ambiente e atuam como fator limitante na ocorrência e
distribuição das plantas.
Normalmente empregam-se luxímetros para medir a intensidade luminosa. No campo
os luxímetros (ver foto no capítulo de Técnicas de Climatologia) são os mais indicados,
pela facilidade de transporte e precisão.
A TEMPERATURA NO AMBIENTE
A temperatura é considerada um dos fatores Iimitantes fundamentais para os seres
vivos. A atividade metabólica dos animais não homeotérmicos (como anfíbios e
répteis) é sensivelmente modificada conforme a variação da temperatura no ambiente.
Mesmo nos organismos que controlam internamente sua temperatura, como é o caso
dos mamíferos, o ritmo térmico tem um papel importante no comportamento. Para as
plantas, a temperatura do meio controla as taxas de evaporação e, indiretamente, a
fotossíntese (por meio da abertura e fechamento dos estômatos).
Um estudo do perfil de temperaturas pode ser interessante para compreender
determinada área de distribuição de uma espécie.
A TEMPERATURA DO SOLO
A temperatura do solo é muito importante para as plantas e a fauna do solo. Em
regiões litorâneas, por exemplo, a temperatura na areia pode chegar a 800C enquanto
a temperatura do ar pode estar entre 20 e 30°C. O solo pode também se resfriar mais
do que o ar durante a noite e produzir geadas. A temperatura à superfície do solopoderá ser obtida por meio de um termômetro infravermelho, pois a incidência direta
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de raios solares nos bulbos de termômetros comuns interfere em sua determinação.
Um perfil de comportamento térmico em profundidade pode ser útil para compreender
o arranjo espacial de coberturas vegetais e também a atividade biológica da fauna de
solo.
A UMIDADE RELATIVA DO AR E EVAPORAÇÃO
A quantidade de vapor de água no ar é um fator controlador da transpiração das
plantas e está ligada também às precipitações. Veja no capítulo de Climatologia, a
explicação da UR e as técnicas e instrumentos para medi-la.
Utilizando um evaporímetro de Piché pode-se calcular a evaporação da agua num
intervalo qualquer de tempo.
OS SOLOS COMO SUPORTE DA VIDA
Os solos são de vital importância para as seres vivos. De sua natureza depende uma
infinidade de processos que determinam os tipos de cobertura vegetal existente na
Terra. Que processos são esses? Do solo advêm os nutrientes e a água para as
plantas, e suas raízes desenvolvem-se diferentemente, conforme as características
físico-químicas do tipo de solo. Os organismos endógenos que vivem no solo são
importantes para a reciclagem dos nutrientes, assim como para as propriedades
químicas e físicas do solo. O solo constitui, portanto, um dos fatores limitantes ao
desenvolvimento das comunidades biológicas. Solos derivados de rochas carbonaticas
diferem de solos derivados de rochas graniticas, por serem mais ácidos. As plantas
tropicais geralmente são calcífugas, ou seja preferem solos ácidos. Mas o solo tem
uma gênese ligada a processos climáticos, morfogenéticos e biogênicos que ocorrem
há muito tempo. É importante para o observador de campo proceder uma análise
cuidadosa do solo, para melhor compreender a comunidade vegetal. Para isso, pode
apoiar-se nas atividades propostas no capítulo de Técnicas de Pedologia.
7.7. ESTUDOS DA FAUNA
Uma das subáreas de estudo da Biogeografia é a Zoogeografia, estudo científico da
distribuição e ocorrencia da vida animal, que trata das influências do meio, das mútuas
relações entre as espécies animais e da sua distribuição pela Terra, não só no
momento atual como durante as Eras Geológicas (Leitão, 1947).
Sabe-se o quanto é difícil observar e se aproximar dos animais. Sabe-se, também, que
é muito prazeroso poder observá-Ios na natureza. As pessoas não apreciam a fauna
do mesmo modo: há preferências; alguns têm medo, outros repulsa por certos tipos de
animais. Independentemente dos sentimentos, as animais são parte fundamental de
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todos os ambientes. Muitos são injustiçados - como anfíbios, répteis e uma infinidade
de insetos, porque a maioria das pessoas desconhece a benefício que trazem ao
ambiente.
Um exemplo de injustiça é o caso dos animais necrófagos e uma grande infinidade de
seres decompositores. São verdadeiros lixeiros na natureza que realizam uma
incrível limpeza do ambiente. O urubu, camarão e garça, apesar de bem diferentes
cumprem papeis semelhantes na natureza, pois aproveitam restos animais e vegetais
em sua alimentação, transformando-os e devolvendo-os em forma de nutrientes para a
cadeia alimentar. Assim como estes os tatus e hienas também são necrófagos ou
detritívoros. São animais que se alimentam de organismos mortos, em estágio pouco
avançado de decomposição. Seria muito interessante estudar na sua localidade quem
são os injustiçados, tais como estes importantes animais da cadeia alimentarÉ claro que existem animais que são perigosos para nossa saúde e modo de vida,
mas a generalização nos levou a um grande extermínio de animais. Muitas de nossas
impressões sobre a fauna são produto de falta de informação.
Há uma infinidade de animais que nem percebemos em nosso dia a dia, pois nosso
olhar se dedica somente à percepção de alguns grupos considerados mais belos pelo
senso comum, ou mais evidentes na paisagem. Do mesmo modo que ocorre com a
estudo da vegetação, o geógrafo não precisa ser um especialista em fauna, mas em
muitas situações precisa saber perceber sua presença, conhecer um grupo indicador
de ambiente ao checar uma lista faunística em projetos de planejamento, usando seus
conhecimentos de Biogeografia.
Os animais variam de tamanho e estrutura, por isso não se pode empregar uma
técnica padrão para observação, captura e conservação. Os procedimentos variam
muito segundo as diferentes grupos. Inicialmente, procura-se observar quais são os
animais comuns ou mais facilmente visíveis. A utilização de fotografia e muito útil no
estudo da fauna, uma vez que se deve coletar o mínimo possível, pois pelodesconhecimento da fauna local, não se sabe que alteração será provocada no
ambiente, qual significado de determinados espécimes etc. A coleta só deve ser
realizada quando absolutamente necessária ao avanço do conhecimento científico.
Deve-se evitar a coleta de espécies raras, utilizando a fotografia. Obviamente,
algumas formas de coleta não irá provocar distúrbio no balanço da natureza. Alguns
insetos, organismos pelágicos, algumas formas de plantas toleram uma coleta
considerável.
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Os cadernos de anotação devem conter todas as informações dos animais
observados, fotografados ou coletados. Os animais coletados devem ser devidamente
conservados e corretamente etiquetados. A conservação dos exemplares deve ser
feita segundo manuais, pois varia para os diferentes grupos. As capturas feitas
corretamente podem ser enviadas aos museos.
RASTROS E PEGADAS DE ANIMAIS
Existem várias formas de se identificar a presença de fauna no campo, com a
utilização de instrumentos e técnicas, das mais simples às mais sofisticadas.
Entretanto, estudar a fauna não é tarefa simples, ainda mais em regiões tropicais,
onde as Iimitações são impostas pelas características discretas de muitas espécies e
a vastidão dos territórios. Mesmo com equipamentos sofisticados, muitos animais são
ariscos e sua observação e difícil, muitas vezes sem êxito.
Procurar vestígios da presença dos animais é a mais importante tarefa do observador.
Sinais típicos são encontrados e, se corretamente interpretados, podem oferecer uma
identificação segura do animal que os produziu, além de informações seguras sobre
sua ecologia. Os vestígios mais comuns deixados pelos animais e que podem ser
utilizados em sua identificação, são:
• Fezes
• Pegadas• Pelos
• Tocas, abrigos e ninhos
• Restos de alimentos
• Restos de anteparos
As pegadas são os sinais encontrados com maior freqüência e de interpretação mais
confiável. Observar pegadas é uma forma eficaz de identificar a presença de animais
na área de estudo. Com base em sua observação e na elaboração de moldes, pode-
se identificar principalmente a ocorrência de meso e macrofauna, principalmente
répteis, aves e mamíferos.
Os locais mais propícios à presença de pegadas são: beirada de corpos d'água, locais
enlameados ou arenosos, trilhas e próximo a árvores frutíferas. É importante ter
informações básicas sobre os hábitos dos animais a serem pesquisados, para um
melhor direcionamento da observação dos locais favoráveis à presença de fauna.
É essencial observar o tamanho das pegadas (medir com régua), fotografar, identificar
o número de pegadas, quantidade de dedos, distância entre eles, formato da pegada
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(ocorrência de almofada) e local onde a pegada foi encontrada. O caderno de campo é
material indispensável, pois todas as observações feitas devem ser anotadas.
Introduzir uma tira de cartão na areia
(isto aqui deve ser rearrumado segundo o original da p.127)
Fazer uma pegada
Despejar gesso no centro e deixá-lo secar
Limpar a molde endurecido com uma escova de dentes velha
ESTUDANDO AS AVES
A vivência no trabalho de campo permite observar e identificar diversas aves. Alguns
comportamentos das aves facilitam prever e deduzir outros. A observação de aves é uma
prática que envolve milhões de pessoas em todo o mundo. Nenhum outro grupo deanimal silvestre exerce maior atração sobre as pessoas, para sua simples contemplação.
Certamente, algumas qualidades notáveis das aves são responsáveis por isto, como sua
capacidade de vôo, invejada pelo homem por centenas de anos; seu colorido, muitas
vezes impossível de ser reproduzido numa pintura, pois algumas cores são decorrentes
de iridescências da própria estrutura das penas; seu canto, melodioso e agradável ao
ouvido humano. Além disto, acresce-se a grande conspicuidade das aves, que podem ser
vistas voando a grandes alturas ou sobrevoando ondas em alto-mar, nos desertos mais
áridos e no inóspito inverno antártico.
A observação e o reconhecimento das espécies de aves podem ser feitos em grande
parte pela sua simples visualização e escuta. Prova disto é que muitos moradores das
áreas rurais são grandes conhecedores das aves de sua região. Mas o uso de
equipamentos poderá ser muito útil. Tudo dependera do maior ou menor interesse pela
observação e aprofundamento em suas técnicas.
São de grande utilidade os guias de campo, livros em geral com formato pequeno para
poderem ser levados em campo, com desenhos ou fotos de todas as aves dedeterminada região. Há guias para todo o País, para apenas um Estado ou uma
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localidade restrita, como o Aves do Campus (EDUSP), que retrata as espécies de
aves da Cidade Universitária, em São Paulo. Dois guias de abrangência nacional são:
Aves Brasileiras e Todas as Aves do Brasil (Souza, 1998).
MODOS DE OBSERVAÇÃO DE AVES
Observação de espera: o observador fica parado em determinado local por algum
tempo, de preferência próximo a lago, rio ou árvore com frutos, esperando que as aves
da região apareçam. É recomendável que as observações sejam feitas ao amanhecer
e ao entardecer.
Observação de percurso: o observador faz suas observações caminhando por uma
estrada, trilha, picada, pelo campo etc.
Equipamentos úteis para a observação científica de aves:
• câmera fotográfica;
• GPS para marcar as coordenadas exatas dos pontos visitados;
• Binóculos;
• Boné para evitar luz sobre os olhos e melhorar o contraste e a saturação de
cores na visualização por meio de do binóculos;
• Lanternas para observações noturnas, e outras menores de reserva;
• Fitas coloridas impermeáveis para marcar pontos na mata;
• Relógio com cronômetro para marcar tempo de observação de alguns habitos;
• Lista das aves que ocorrem no local (alguns lugares, parques e reservas
possuem lista de sua avifauna, o que ajuda a observação, porque permite
identificar melhor e mais rapidamente as aves avistadas);
• Caderno de anotações para posterior estudo das espécies de difícil
identificação;
• Pequeno gravador para registrar o canto das aves;
•
Guia de campo para uma boa identificação, lembrando que deve ser escolhidoo local que tem o maior número possível da avifauna do ecossistema
escolhido;
• Roupas: devem ser discretas para não espantar as aves; tons de verde ou
marrom são adequados para se camuflar com o ambiente;
• Modo de andar: deve ser cauteloso e silencioso. Gestos rápidos assustam as
aves, ao passo que andar em câmara lenta permite boa aproximação. Andar
direto em direção a uma ave pode assustá-la, mas andar em ziguezague, como
se estivesse apenas passando perto delas não as assusta tanto.
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7.8 ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E RELATÓRIO
O observador de campo deve estar suficientemente interessado na vida ao seu redor
para aprender, ao menos, as espécies de plantas e animais mais comuns na área de
estudo. Seu valor como observador de campo aumentará com sua habilidade de
identificar animais e plantas, no material coletado, fotografado ou observado
(anotações). Suas identificações devem ser validadas em manuais de descrição,
chaves de identificação das espécies ou com a ajuda de um especialista.
A lista das espécies encontradas, tanto de plantas quanto de animais, e sua
distribuição, os diagramas de perfis, freqüência, densidade, fotografias etc. devem ser
analisados cuidadosamente em tabelas e gráficos. A análise e a comparação dos
resultados levarão a um melhor conhecimento do local estudado e a conclusões
quanto a certos aspectos do ambiente. Os fatores ambientais que influem sobre anatureza do habitat e a distribuição das plantas e dos animais devem ser tabelados,
colocados em gráficos e analisados juntamente com os dados de fauna e flora. É
imprescindível ao biogeógrafo mapear os organismos encontrados e compará-Ios com
a descrição biogeográfica constante na literatura.
RELATÓRIO DE CAMPO
O relatório deve ser escrito em linguagem clara, objetiva, precisa e simples e conter
todas as etapas do desenvolvimento do trabalho, as reflexões dos autores e ametodologia empregada.
Existem vários modelos de relatório. A escolha depende da forma como o observador
expressa seus resultados. Em geral, inicia-se o relatório com a apresentação clara do
problema a ser investigado, pois ajuda na concentração dos propósitos almejados. Em
seguida, inicia-se a descrição do como e do quê foi pesquisado na área escolhida. Os
resultados devem ser anotados e revistos no transcorrer do trabalho. Tabelas, gráficos
e ilustrações são muito úteis para a visualização e discussão e devem ser
confeccionados antes da redação do texto.
A discussão dos resultados, etapa final do relatório, pode ser antecipada durante o
desenvolvimento do texto, contudo só pode ser redigida depois da sua apresentação e
interpretação.
MODELO DE RELATÓRIO
a) Título do trabalho
b) Introdução
c) Objetivo do estudo
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d) Método da pesquisa (os caminhos trilhados; referenciais teóricos e conceitos
utilizados)
e) Material e procedimentos: princípios, modo de operação, instrumentos
utilizados
f) Resultados obtidos: os dados originais e os obtidos por meio de cálculos
posteriores deverão ser apresentados, sempre que for possível, em forma de
tabelas e gráficos
g) Interpretação dos resultados e discussão em face a bibliografia consultada.
Apresentar conclusão quando possível, ou uma súmula dos fatos mais
importantes
h) Referências bibliográficas: a bibliografia consultada e mencionada no texto
deverá ser citada no fim do relatório, obedecendo as normas da ABNT.
Outras orientações sobre a elaboração de relatórios podem ser conferidas no
capítulo O Relato do Trabalho de Campo, deste livro.
Considerações Finais
Os padrões de distribuição de animais e plantas sobre a superfície terrestre
dependem, como vimos, de diversos fatores, como o clima, os solos e o relevo.
Portanto, a integração dos estudos de Biogeografia com os de Climatologia,
Pedologia, Geomorfologia e, sobretudo Biologia, é necessária para enriquecer a
compreensão de cada uma dessas áreas e da paisagem enquanto “conjunto
indissociável e em perpétua evolução” 6. Ressalta-se ainda o apoio técnico das
cartografias e do tratamento estatístico de dados às pesquisas em Biogeografia.
Procurou-se mostrar que a Biogeografia nos auxilia na integração dos diversos
componentes da paisagem, na medida que a distribuição dos seres vivos na Terra é
reflexo da dinâmica da paisagem.
Finalmente, a Biogeografia, por conceber a paisagem enquanto conjunto,
representa importante subsídio ao Planejamento Ambiental, conservação de áreas,agricultura e mesmo turismo, lazer e educação ambiental.
Na Sala de Aula
Atividade 1:
Mapeando os hábitos dos animais
6 Fragmento da definição de paisagem de Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, em seu livro Geossistemas: a
história de uma procura. São Paulo: Contexto, 2000. P.39.
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Com base em imagem ou mapa esquemático de uma área qualquer (fotografia aérea,
imagem de satélite, carta topográfica) que contenha fragmentos de formação vegetal em
meio a outras variáveis (plantações; barreiras naturais, como corpos d'água; e antrópicas,
como estradas), propor questões reflexivas quanto à viabilidade de mobilidade de uma
espécie cujo habitat seja conhecido. Segue abaixo um roteiro de questões que podem ser
aplicadas ao estudo desse tipo de mapeamento:
• Observe a situação da cobertura vegetal da área. Levando em consideração as
distâncias entre os fragmentos e seus diferentes tamanhos, identifique e relacione
as regiões de maior ou menor distanciamento entre fragmentos.
• Com base em dados comportamentais de uma espécie conhecida e das
informações contidas no mapa, levante uma hipótese sobre as possíveis áreas de
ocorrência deste animal. Delimite-as no mapa, tendo em mente o território daespécie e as condições do fragmento. Se necessário, elabore uma legenda.
• Há condições para trânsito de indivíduos de um fragmento ao outro? Identifique
na área apresentada as principais barreiras (naturais/ antrópicas).
• Elabore uma proposta para solucionar o problema de rodovias (caso existam) que
cortam fragmentos, ameaçando a vida de diversos grupos de animais.
Atividade 2: - Exercitando quadrante, parcelas e herborização
Identifique se, próximo à escola, existe algum fragmento florestal, um parque ou áreacom cobertura vegetal suficiente para a realização de exercícios de Biogeografia.
Caso haja, exercite com os alunos as técnicas de quadrante, de parcelas e de
herborização, seguindo as orientações fornecidas neste capítulo. Um quadrante pode
ser facilmente construído com um cabo (do tipo de enxada) e uma cruzeta feita de
ripas (figura 18).
Juntamente com os professores de Biologia, colete com os alunos amostras vegetais,
caso seja permitido utilizando as orientações e cuidados expostos neste capítulo.
Acondicione adequadamente as espécies coletadas, iniciando a criação de um
herbário da flora local para ser arquivado na escola.
Observação: note que o trabalho de campo de Biogeografia pode ser feito juntamente
com os exercícios propostos nos capítulos de Climatologia, Geomorfologia e
Pedologia. Esta integração de atividades é útril para a construção do conceito de
paisagem enquanto conjunto articulasdo de componentes. As dinâmicas da natureza
serão mais bem assimiladas e os trabalhos extra-sala serão mais empolgantes, na
medida que envolvem o aluno enquanto agente.
Atividade 3 - Reconhecendo a flora e a vegetação
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Destacar na aula, o tema da cobertura vegetal urbana como uma forma de perceber
presença da natureza nas cidades. Mostrar alguns dados sobre mudanças de
temperatura e poluição e o efeito benéfico da cobertura vegetal. Solicitar aos alunos
uma pesquisa em livros didáticos, enciclopédias, sítios na Internet para verificar como
este assunto é tratado. Disponibilizar o texto a seguir para leitura em duplas.
Conversar com os alunos sobre o texto, destacando que até mesmo numa cidade
como São Paulo, ainda vivem muitos animais e plantas.
Convidar os alunos para um levantamento biogeográfico da cobertura vegetal urbana
ou de áreas rurais do entorno da escola.
O estudo da cobertura vegetal e sua tipologia poderá ter dois enfoques. Um voltado
para o conhecimento da flora nativa e exótica e outro sobre as áreas livres e verdes do
município
Enfoque 1 - Flora
Organizar a turma em grupos para produzirem, em duas semanas, durante percursos
de campo pelo bairro ou região do município, um levantamento de plantas
relacionadas em lista.
Definir um trajeto com os alunos, utilizando um mapa de ruas do município. Identificar
as tipologias de cobertura (praças, terrenos baldios, verde viário etc.). Distribuir as
equipes por tipos de áreas de cobertura e por formas de vida (vegetação arbórea,
arbustiva e herbácea). Explicar para as crianças como identificar estas formas de vida.
Cada grupo deverá listar o máximo de plantas que conseguir, mesmo que não saiba
os seus nomes científicos ou populares. Com apoio do professor de ciências, definir
como esse inventário será feito. A listagem poderá ser por morfotipos e nomes
comuns, conhecidos localmente. O importante será reconhecer a diversidade de tipos.
Organizar uma lista com os nomes comuns e depois, pesquisar com os alunos os
nomes científicos das plantas, a origem geográfica e curiosidades, como por exemplo:
para que serve, o que provoca no ambiente etc.
Organizar os grupos para pesquisarem em enciclopédias, livros e Internet, se possível.
Com as tabelas prontas, os alunos poderão ter uma contagem, por forma de vida, do
número de espécies que ocorrem no entorno da escola. É aconselhável elaborar uma
lista de referências, antes de realizar a atividade.
Produzir um mapa das 10 principais espécies da flora local escolhidas pelos alunos,
entre as plantas nativas e exóticas, para conhecer a origem e distribuição.
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Construir tabelas para a pesquisa, separando as plantas exóticas das nativas. De
acordo com a dificuldade apresentada pelos alunos, o professor poderá eleger um
número menor de plantas. O importante é que os alunos percebam que muitas plantas
na cidade, são invasoras e exóticas.
Um exemplo de tabela que poderá ser utilizado e/ou modificado para cidade de São
Paulo:
Nativas do Brasil arbóreas Exóticas arbóreas
Araucária Tipuana
Ipê amarelo Mangueira
Pau-Brasil Flamboyant
Castanha do Pará Chapéu de Sol
Jequitibá Figueira
Enfoque 2 - Vegetação
Para organizar os dados de cobertura vegetal criar uma tabela para os alunos
identificarem os tipos que ocorrem na cidade, bairro ou entorno da escola. Uma
sugestão como a apresentada no exemplo poderá ser utilizada:
Tipologia de áreas verdes Ocorrência na cidade (quantidade, localizações
etc.)Públicas
Praças
Parques Municipais
Cemitério
Viveiros
Mirante
Monumento natural
Ruas arborizadas
Privadas
Clubes
Jardins e quintais
Sítios e fazendas
Outros...
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Após esse levantamento os alunos poderão organizar um croqui desta ocorrência
utilizando como mapa base o guia de ruas (para o bairro e entorno da escola) ou mapa
da cidade. Definir com os alunos a forma como irão apresentar o resultado da
pesquisa na “Semana do Meio Ambiente” ou em outra data importante do calendário
comemorativo da escola.
Avaliação geral:
Observar, ao longo das atividades, quais foram as limitações dos alunos para ler,
produzir textos, organizar dados e explanar um assunto de modo oral. Registrar as
aquisições e dificuldades a serem superadas pelos alunos, desde o início do trabalho
e procurar introduzir, durante o período de estudos, atividades que se ajustem melhor
às capacidades dos alunos e às suas novas aquisições.
Observar, neste registro individual de cada aluno, como o professor considera ser
possível a eles se habilitarem para ultrapassar e superar as limitações encontradas
nas atividades que foram realizadas.
Como o professor poderia agir para favorecer o desenvolvimento das capacidades dos
alunos nas atividades? Elaborar um registro desse processo de observação das
produções dos alunos.
Avaliar as aquisições quanto à apropriação de repertório referente ao tema da
cobertura vegetal como forma de perceber a natureza transformada. As proposições
de debate nas quais o uso da oralidade é fundamental, constituem importantes
momentos para se promover o desenvolvimento desta competência. Registrar as
observações sobre esse repertório.
As produções escritas deverão ser lidas e comentadas pelo professor, com indicações
de onde o aluno poderá melhorar a sua capacidade de expressão pela escrita, em
Geografia.
AGRADECIMENTOS
A autora expressa seus agradecimentos a Eduardo Félix Justiniano, Gerson Freitas,
João Nucci, e Kelly Cristina Melo, cuja colaboração foi inestimável.
Glossário
Animais especialistas –
Endêmico -Grupo monofilético –
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Taxa (plural de taxon) -
Vicariância -
Bibliografia
(Precisa verificar na bibliografia geral do Praticando I quais são os títulos que se
referem a este capítulo, e trazê-los para cá.)
CROIZAT, L. et al. Centers of origin and related conceptssystematic zoology. Revista
Harward, vol.23: 265-287, n.2. 1974.
ELDREDGE, N. & CRACRAFT, J. Philogenetic Patterns and the Evolutionary Process.
Method and Theory in Comparative Biology. Nova Ioruqe: Columbia University Press,
1980.
FURLAN, S. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In Ross, Jurandyr L.S. Geografia
do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.
HENNIG, W. Philogenetic Systematics. Annual Review of Entomology. Vol.10: 97-116.
1965.
LEITÃO, C.M. Zoogeografia do Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: Cia. Ed. Nacional, 1947.MARTINS, F.R. Estrutura de uma floresta mesófila. Campinas: Ed. Unicamp, 1993.
NELSON, G. & PLATINICK, N. Systematics and Biogeography Cladistic and
Vicariance. Nova Iorque: Columbus University Press, 1984. 345p.
NELSON, G. & ROSEN, D.E. Vicariance Biogeography: a critique. Nova Iorque:
Columbia University Press, 1979.
ROSEN, R. & BEAVER, D. de B. Studies in scientific collaboration: Part I. The
professional origins of scientific co-authorship. Scientometrics, 1, 1978, pp. 65-84.
SOUZA, D. Todas as Aves do Brasil. Feira de Santana (BA): Dall, 1998.
ZUNINO, M.A.ZUL & ZULLINI, A. Biogeografia – la dimensión espacial de la evolución.
México: Fondo de Cultura Económica, 2003, 359p.