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TECNOLOGIA ASSISTIVA A FAVOR DA INCLUSÃO NAS EMPRESAS: UM ESTUDO NO CIBERESPAÇO Área temática: Ética e Responsabilidade Social COUTINHO Rhanica Evelise Toledo [email protected] NOVIKOFF Cristina [email protected] MOREIRA Ketsla Emidio Morais [email protected] FRANCISCO Ráila Suelen de Andrade [email protected] Resumo: A Tecnologia Assistiva, objeto deste estudo, consiste em uma vasta sucessão de equipamentos, serviços, estratégias e práticas compreendidas e empregadas para diminuir os problemas funcionais encontrados pelas pessoas com deficiência física. Questiona-se quais as alternativas apresentadas pelo meio acadêmico para o enfrentamento do processo de formação do administrador frente à inclusão de pessoas com deficiência física, considerando a Lei das Cotas e as Tecnologias Assistivas. Pretende-se verificar de que forma os grupos de estudos, ou seja, de pesquisas acadêmicas, vêm contribuindo com soluções para o desenvolvimento de Tecnologias Assistivas. O estudo foi organizado sob a abordagem da pesquisa qualitativa do tipo descritiva pautada nas Dimensões propostas por Novikoff (2010), seguida da análise de conteúdo realizada em três momentos: a pré-análise, a exploração do material e identificação. Como considerações, o estudo apresenta o site Tecnologias Assistivas, como um espaço de formação para aqueles que desejam se capacitar no contexto da inclusão de PCD's. Palavras-chaves: Pessoas com Deficiência, Tecnologia Assistiva, Mercado de Trabalho, Lei de Cotas, Qualificação Profissional ISSN 1984-9354

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TECNOLOGIA ASSISTIVA A FAVOR DA INCLUSÃO NAS

EMPRESAS: UM ESTUDO NO CIBERESPAÇO

Área temática: Ética e Responsabilidade Social

COUTINHO Rhanica Evelise Toledo

[email protected]

NOVIKOFF Cristina

[email protected]

MOREIRA Ketsla Emidio Morais

[email protected]

FRANCISCO Ráila Suelen de Andrade

[email protected]

Resumo: A Tecnologia Assistiva, objeto deste estudo, consiste em uma vasta sucessão de equipamentos, serviços,

estratégias e práticas compreendidas e empregadas para diminuir os problemas funcionais encontrados pelas pessoas

com deficiência física. Questiona-se quais as alternativas apresentadas pelo meio acadêmico para o enfrentamento do

processo de formação do administrador frente à inclusão de pessoas com deficiência física, considerando a Lei das

Cotas e as Tecnologias Assistivas. Pretende-se verificar de que forma os grupos de estudos, ou seja, de pesquisas

acadêmicas, vêm contribuindo com soluções para o desenvolvimento de Tecnologias Assistivas. O estudo foi

organizado sob a abordagem da pesquisa qualitativa do tipo descritiva pautada nas Dimensões propostas por Novikoff

(2010), seguida da análise de conteúdo realizada em três momentos: a pré-análise, a exploração do material e

identificação. Como considerações, o estudo apresenta o site Tecnologias Assistivas, como um espaço de formação

para aqueles que desejam se capacitar no contexto da inclusão de PCD's.

Palavras-chaves: Pessoas com Deficiência, Tecnologia Assistiva, Mercado de Trabalho, Lei

de Cotas, Qualificação Profissional

ISSN 1984-9354

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1. INTRODUÇÃO

No contexto de inclusão social, as organizações públicas e privadas estão sendo provocadas no

que diz respeito à implantação de programas que assegurem o acolhimento à diversidade humana nos

locais de trabalho, de modo a atender a Lei nº 8.213/91, conhecida também como a Lei das Cotas

(BRASIL, 2014).

A Tecnologia Assistiva, objeto deste estudo, consiste em uma vasta sucessão de equipamentos,

serviços, estratégias e práticas compreendidas e empregadas para diminuir os problemas funcionais

encontrados pelos indivíduos com deficiência (COOK; HUSSEY, 1995).

Todavia, ainda pode-se observar que a criação de uma Lei de reserva de cotas, para garantir que

as pessoas com deficiência ganhem um espaço no mercado de trabalho formal, não impossibilita que

estes indivíduos continuem sem oportunidades de trabalho e sem capacitação profissional. Desta

forma, cabe questionar: Quais são as alternativas apresentadas pelo meio acadêmico para o

enfrentamento do processo de formação do administrador frente à inclusão de pessoas com deficiência

física, considerando a Lei das Cotas e as Tecnologias Assistivas?

Este estudo visa verificar de que forma os grupos de estudos, ou seja, de pesquisas acadêmicas,

vêm contribuindo com soluções para o processo de Tecnologias Assistivas, visando auxiliar os

administradores no processo de inclusão, adaptação e adequação de profissionais com deficiência nas

organizações. Num segundo momento, pretende-se identificar quais são as ferramentas de Tecnologias

Assistivas disponibilizadas para este fim, já que as empresas que empregam pessoas com deficiências

cumprem a Lei de Cotas, e se a relação entre tais tecnologias e os trabalhadores contratados pode

potencializar essa relação.

Para este estudo buscou-se organizá-lo sob a abordagem da pesquisa qualitativa do tipo

descritiva pautada nas Dimensões propostas por Novikoff (2010), seguida da análise de conteúdo

realizada em três momentos: a pré-análise, a exploração do material e identificação.

2- Tecnologia Assistiva no Mercado de Trabalho

Embora a Tecnologia Assistiva seja um conceito em construção, principalmente pela

importância cada vez mais necessária da inclusão social, pode-se verificar a presença desta desde os

primórdios das civilizações, quando se fazia necessário improvisar para atender a determinada

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necessidade, como, por exemplo, uma bengala improvisada com um pedaço de madeira usada no

auxílio para a locomoção do sujeito. Acredita-se que a tecnologia, de um modo geral, facilita o

cumprimento das tarefas do nosso cotidiano, e isso ocorre também para quem tem algum tipo de

deficiência, já que há atividades que não são fáceis de serem cumpridas quando há alguma

impossibilidade física (RADABAUGH, 1993).

Nota-se que as pessoas com deficiência requerem alguns cuidados, como recursos e serviços

específicos para que possam ter melhor qualidade de vida. Os recursos podem ser todo e qualquer

instrumento que ajude na qualidade de vida das pessoas com deficiências. Já os serviços podem ser

definidos como aqueles que auxiliam diretamente a uma pessoa com deficiência, selecionar, comprar

ou usar recursos.

Os recursos de Tecnologia Assistiva estão muito próximos do nosso dia-a-dia.

Ora eles nos causam impacto devido à tecnologia que apresentam, ora passam

quase despercebidos. Para exemplificar, podemos chamar de Tecnologia

Assistiva uma bengala, utilizada por nossos avós para proporcionar conforto e

segurança no momento de caminhar, bem como um aparelho de amplificação

utilizado por uma pessoa com surdez moderada ou mesmo veículo adaptado

para uma pessoa com deficiência (MANZINI, 2005, p. 82).

Os recursos podem ser desde simples instrumentos como bengalas, a complexos e sofisticados

sistemas computadorizados, onde pode ser possível encontrar brinquedos e roupas adaptadas,

computadores, softwares e hardwares especiais que auxiliam na acessibilidade, regras de postura,

mobilidade, instrumentos de comunicação, aparelhos auditivos, visuais, materiais relativos e diversos

itens confeccionados ou disponíveis comercialmente (LAUAND, 2005).

Atualmente no mercado existem tipos de tecnologias específicas para cada deficiência, a

Tecnologia Assistiva (TA) proporciona ajuda a pessoas com deficiências no desempenho de suas

atividades, além de buscar minimizar a dificuldade de acesso à informação. Segundo os autores Galvão

Filho e Damasceno:

São considerados recursos de Tecnologia Assistiva, portanto, desde artefatos

simples, como uma colher adaptada, uma bengala ou um lápis com uma

empunhadura mais grossa para facilitar a preensão, até sofisticados sistemas

computadorizados, utilizados com a finalidade de proporcionar uma maior

independência e autonomia à pessoa com deficiência (GALVÃO FILHO;

DAMASCENO, 2006, p. 25).

Podem-se citar como tecnologias mais avaliadas e reconhecidas as Tecnologias Assistivas para

Pessoas com Deficiência Visual; Tecnologias Assistivas para Pessoas com Deficiência Motora;

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Tecnologias Assistivas para pessoas com Deficiência auditiva e Tecnologias Assistivas para Pessoas

com Deficiência Intelectual e Múltipla.

O processo de inclusão dos indivíduos na sociedade tornou-se de suma importância, e a maioria

das pessoas ignora estes fatores recriminando e excluindo, principalmente os portadores de

necessidades educativas especiais, essencialmente falando-se em mercado de trabalho. Sobre a

inserção social revertida para os indivíduos com deficiências, Aranha (2000, p.2) afirma que "a ideia

da inclusão se fundamenta numa filosofia que reconhece e aceita a diversidade, na vida em sociedade.

Isto significa garantia do acesso de todos a todas as oportunidades, independentemente das

peculiaridades de cada indivíduo e/ou grupo social".

O preconceito que muitos administradores ainda têm quanto à atuação profissional das pessoas

com deficiência, permite que grande parte dos trabalhadores com deficiência estejam fora do mercado

de trabalho.

Apesar de a realidade ainda ser desfavorável, atualmente existem recursos que buscam diminuir

essa distância entre a pessoa com deficiência e o mercado. Na grande maioria dos casos, este avanço se

deve às Tecnologias Assistivas, que autorizam os indivíduos com deficiência a desempenhar

atividades que antes seriam impossíveis para suas limitações físicas. Atualmente, há recursos

sofisticados como softwares que possibilitam ao computador falar, para que seja possível aos cegos

exercer atividades que necessitam da utilização da informática, assegurando às pessoas com

deficiência os mesmos cargos que seriam exercidos por um sujeito sem deficiência. Contudo, essas

diferentes tarefas e atividades terão que sofrer adequações para que pessoas com deficiência possam

desempenhá-las, de acordo com a necessidade da organização.

O uso da Tecnologia Assistiva ou adaptativa faz-se importante tanto para as pessoas com

deficiência, que vislumbram agregar-se ao quadro de funcionários, como para os funcionários que já

estão na organização, pois de uma hora para outra podem ser acometidos de alguma doença ou

deficiência, seja ela temporária ou não. Neste caso irão necessitar de adaptações funcionais, com a

instalação ou adaptação de instrumentos no ambiente de trabalho. Naturalmente, não se pode imaginar

que a TA, por si só, irá romper os paradigmas que os deficientes possuem perante a inclusão social,

como salienta Pereira, Rodrigues e Passerino:

Embora saibamos que a tecnologia por si só não garante a inclusão, ao

refletirmos sobre a tecnologia no contexto do trabalho podemos inferir que

recursos de TA podem proporcionar ao trabalhador com deficiência o

aprimoramento da atividade que realiza, desde a comunicação com a equipe de

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chefia, com os colegas, até seu desempenho frente aos princípios da

organização (PEREIRA, RODRIGUES e PASSERINO, 2010, p. 10).

Sendo assim, as Tecnologias Assistivas são utilizadas para diminuir as desvantagens das

pessoas com deficiências em relação ao ambiente, proporcionando maior autonomia, desse modo o

indivíduo terá benefícios nas atividades corriqueiras de sua vida.

3- Pessoas com Deficiência (PCD) nas Organizações

Em todas as épocas e localidades, eram atribuídos vários nomes para as pessoas que eram

acometidas por alguma deficiência, como inválidos, incapazes, defeituosos, excepcionais, portadoras

de deficiências, pessoas especiais, termos que caíram em desuso e foram substituídos por Pessoas com

Deficiência. Segundo Amilarian (2000) deficiência consiste em:

Deficiência: perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica,

fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. Incluem-se nessas a

ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou

qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais. Representa a

exteriorização de um estado patológico, refletindo um distúrbio orgânico, uma

perturbação no órgão (AMILARIAN, 2000, p. 3).

Torna-se imprescindível salientar que as pessoas com deficiência constituem um grupo que

reúne várias denominações, sendo indivíduos com tipos específicos de deficiências, como física,

sensorial, intelectual e mental.

Neste sentido, registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que

o Brasil conta com 45,6 milhões de pessoas com deficiências, o que significa que, dos cerca de 190

milhões de brasileiros, 23,9% possuem pelo menos uma deficiência motora, visual, auditiva ou mental.

Tais dados facilitam a compreensão, para as pessoas que não são acometidas por nenhuma

deficiência, de que um indivíduo com deficiência pode ter um rendimento igual ou similar ao de uma

pessoa considerada normal perante a lei e ainda reingressar no mercado de trabalho de forma passiva

lutando por uma vaga como qualquer outra pessoa.

A constatação da deficiência de uma pessoa pode ser comprovada por laudo disponibilizado

por um médico do trabalho da empresa ou algum outro médico, comprovando o enquadramento legal

da pessoa para integrar a cota, como sendo pessoa com deficiência, cumprindo as definições

estabelecidas na Convenção nº 159 da Organização Internacional das Leis Trabalhistas (OIT), Parte I,

art. 1; Decreto nº 3.298/99, arts. 3º e 4º, com as alterações dadas pelo art. 70 do Decreto nº 5.296/04. O

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laudo deverá ter o tipo de deficiência e apresentar autorização expressa do empregado para que a

empresa possa utilizar o laudo, expondo a condição do empregado. A comprovação também pode ser

feita por meio de certificado de Reabilitação Profissional dado pelo INSS.

Algumas empresas, ao fazerem o cumprimento da Lei de Cotas, procuram para contratação

apenas pessoas com deficiências leves, o que também pode ser considerado um ato discriminatório,

pois a empresa deve buscar a pessoa, o profissional e não sua deficiência. Desse modo, “As pessoas

com deficiências têm o direito de ser respeitadas, sejam quais forem a natureza e a severidade de sua

deficiência” (art. 7º, XXXI, da Constituição Federal, c/c art. 3º da Declaração dos Direitos das Pessoas

Portadoras de Deficiência).

A organização deve tomar certas medidas para evitar que o empregado com deficiência seja

tratado de forma diferente e preconceituosa pelos colegas e superiores, o respeito em grau de igualdade

deve ser preconizado dentro do ambiente de trabalho e na sociedade de maneira geral, uma vez que a

discriminação se faz presente nesse contexto salienta Silva:

O Decreto n º 4.228, de 13 de maio de 2002, institui, no âmbito da

Administração Pública Federal, o Programa Nacional de Ações Afirmativas

que constitui o Comitê de Avaliação e Acompanhamento do Programa

Nacional de Ações Afirmativas. Tais ações são políticas, impostas ou sugeridas

pelo Estado, voltadas para a concretização da igualdade material contra os

efeitos da discriminação, em suas mais variadas manifestações. Desse modo, a

igualdade passa a ser um objetivo constitucional a ser alcançado pelo Estado e

pela sociedade (SILVA, 2013, p. 8).

É importante a realização de trabalhos em prol da sensibilização do quadro de funcionários,

para eliminar preconceitos e estereótipos ou atitudes discriminatórias de qualquer gênero; a

organização e os superiores devem sempre estar atentos ao trato entre os funcionários, verificando a

ocorrência de atos discriminatórios e implantando o direito das pessoas de serem iguais, permitindo

que o respeito e convivência com PCD’s (Pessoas com deficiência) ocorra de maneira igualitária,

segundo art. III, item 2, alínea "c", da Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as

Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (BRASIL, 2014).

A Lei garante a reserva de vagas nas empresas para que as pessoas com deficiência ocupem

uma parcela de seus cargos. Para calcular a cota de empregados com deficiência, utiliza-se o número

de colaboradores da empresa ou do estabelecimento, para que seja verificado se a empresa está

obrigada a reservar tais vagas no seu quadro de funcionários, que tem que possuir um quadro de 100

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(cem) ou mais funcionários. A reserva legal de cargos, conhecida como Lei de Cotas (art. 93 da Lei nº

8.213/91), define:

Art. 93 A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a

preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com

beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na

seguinte proporção: I - até 200 empregados. 2%. II - de 201 a 500.3%; III - de

501 a 1.000... 4%; IV - de 1.001 em diante. 5%. § 1º A dispensa de trabalhador

reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo

determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no contrato por prazo

indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de substituto de condição

semelhante. § 2º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar

estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados

e deficientes habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindicatos ou

entidades representativas dos empregados (BRASIL, 2014).

Entretanto não há exigência legal para que a distribuição dos portadores de necessidades seja

feita proporcionalmente entre os estabelecimentos da empresa, sendo uma decisão interna da

instituição. Cabe à empresa ter cautela em relação à divisão dos locais e cargos reservados aos

portadores, sendo recomendado que a distribuição seja proporcional entre as áreas do estabelecimento,

visando sempre ao respeito para não ferir ou menosprezar a PCD, sendo importante ter cuidado para

não deixar os empregados com deficiência isolados dos demais funcionários e até mesmo fazendo

atividades sem significância.

A Lei de Cotas, por si só, não acaba com o problema da inserção das pessoas com deficiências

no trabalho, mas como discorrido acima, com a posição das atitudes das pessoas frente à deficiência.

Portanto, passa a ser importante preparar não só a pessoa com deficiência frente à inclusão, mas o

ambiente no qual a pessoa atuará e as atitudes das pessoas que irão conviver com ela. É preciso a

sensibilização de todos para com as necessidades das Pessoas com Deficiência e a convivência com

elas, para incluir, não só o deficiente, mas a população como um todo.

A Lei de Cotas define algumas normas para os deficientes, porém muitas vezes tem ficado só

no papel, sendo que, para sua implementação, é necessário o acesso dos gestores e colaboradores à

informação, como afirma Kirch:

A lei de cotas não é suficiente para as empresas incluírem em seus quadros

pessoas com deficiência, é necessário promover constantemente informações

de qualidade aos gestores, orientação aos colaboradores, investimentos em

acessibilidade e acompanhamento das pessoas incluídas. Além disso, é

importante que cada uma das partes envolvidas perceba sua responsabilidade

na obtenção do sucesso e na empreitada de oferecer igualdade de

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oportunidades em seus processos seletivos e na manutenção de seu capital

humano (KIRCH, 2014, p. 78).

Importante salientar que não adianta somente fazer a reserva de mercado para as Pessoas com

Deficiência, porém deve-se prepará-las para assumir as mais diversas funções dentro de suas

especificidades, para que possam executá-las adequadamente e não somente fazer isto através de

assistencialismo. Deve-se lembrar que o objetivo frente às Pessoas com Deficiência perpassa pela

busca do reconhecimento da cidadania plena e não simplesmente pelo cumprimento de obrigações

sociais.

As organizações e o mercado de trabalho, a cada dia, vêm exigindo mais de seus profissionais a

qualificação profissional, que são de grande importância para o desempenho das atividades exigidas

pelas empresas, sendo que as mesmas têm o papel de treinar para melhorar a qualificação de seus

profissionais, melhorando a qualidade do seu atendimento. O foco do treinamento, além da

preocupação com informações e habilidades, atitudes e conceitos, está sendo inclinado a desenvolver

certas competências nos profissionais, almejadas pela empresa (CHIAVENATO, 2010).

As pessoas com deficiência possuem dificuldades em várias áreas, inclusive no que se refere à

qualificação, mesmo havendo leis em prol de sua proteção, ainda enfrentam barreiras ao serem

exigidas preparação profissional, pois muitas vezes não têm oportunidade de se qualificarem,

acarretando assim a não inserção no mercado de trabalho.

De acordo com a pesquisa, 55% das pessoas

com algum tipo de deficiência não conseguem

vaga no mercado de trabalho. Entre as

conclusões, estão estatísticas sobre os brasileiros

que apresentam algum tipo de deficiência e

sobre religião. A pesquisa revelou que 35,7

milhões de brasileiros têm deficiência visual e

que 13,2 milhões enfrentam algum tipo de

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deficiência motora. Segundo o IBGE, 55% das

pessoas com algum tipo de deficiência não

conseguem uma vaga no mercado de trabalho

(CENSO, 2012, s/p).

Em relação às Leis que amparam as pessoas com deficiência, vivencia-se uma realidade muito

longe da que seria o ideal, pois as PCD’s ainda não alcançaram o exercício do pleno direito à educação

e ao trabalho. Segundo Sassaki (2003:97) “(...) dos dez milhões de brasileiros com deficiências em

idade de trabalhar, apenas 2% estão inseridos no mercado formal de trabalho. Destes, 20% ocupam

empregos precários, não qualificados, com baixos salários e sem proteção legal”.

Provavelmente, a maior dificuldade das empresas está no reconhecimento das possibilidades e

limitações da pessoa com deficiência, na sua formação e qualificação profissional e nas ações que

viabilizem as adaptações necessárias para que se efetive a inclusão.

Algumas empresas colocam pessoas com deficiência para ocupar qualquer vaga, sendo, às

vezes, insignificantes, fazendo com que as PCD’s se sintam diminuídas por ocuparem qualquer

atividade, sendo estas sem importância.

Qualificação profissional consiste na preparação do indivíduo através de formação

profissional, para que possa aprimorar suas habilidades e conhecimentos para executar funções

específicas demandadas pelo mercado de trabalho. Pelas exigências do mundo profissional, marcada

pela competitividade, pela produtividade e pelo atendimento às leis trabalhistas, observa-se uma

exigência maior na contratação de trabalhadores, e relacionada à escolarização, à qualificação, ao

aprendizado e domínio de novas tecnologias. Acredita-se que atualmente seja esta uma das razões mais

utilizadas pelas empresas, desde que a “Lei de Cotas” foi regulamentada.

Antes de ser instituída por Lei, a obrigatoriedade de contratação de pessoas com deficiência era

muito difícil ter empresas que fizessem essas contratações com espontaneidade, por isso, a grande

maioria das PCD’s não teve experiência profissional. Desse modo não há como ter uma grande

cobrança em relação à experiência, pois não tiveram oportunidade de mostrar seu desempenho.

Quando a experiência for realmente necessária ao desempenho da atividade, a própria empresa deve

promover oportunidades para que a pessoa adquira as habilidades, a postura de trabalho e os

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conhecimentos que a organização exige para o cumprimento de certos cargos (ALVES; SOARES,

1996).

Infelizmente ainda podem-se observar algumas pessoas associarem determinadas tarefas a

alguns tipos de deficiência, como associar deficientes visuais com a telefonia e os físicos com o

teleatendimento. O modo reduzido de associação e de entender a pessoa com deficiência não permite

que elas mostrem as diversas potencialidades que podem desenvolver no trabalho, desde que o

ambiente e os equipamentos estejam devidamente adaptados com o uso da Tecnologia Assistiva.

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4 – Estudo de Caso: Site do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia Assistiva da UFRJ

Para este estudo buscou-se organização sob a abordagem da pesquisa qualitativa do tipo

descritiva pautada nas Dimensões propostas por Novikoff (2010). Esta “[...] trata-se de uma

abordagem teórico-metodológica, com todas as dimensões de preparação, estudo, desenvolvimento e

apresentação de pesquisa acadêmico-científica” (NOVIKOFF, 2010).

1) dimensão epistemológica: define o objeto de estudo e o articula ao estado do conhecimento

para problematizá-lo. Assim, elaboram-se as questões da investigação, os objetivos, as hipóteses

teóricas ou os pressupostos.

2) dimensão teórica: trabalha a revisão da literatura de modo mais aprofundado, com

fichamentos e análises. Se na dimensão epistemológica importava verificar o que havia de pesquisa

similar, agora a proposta é revisar os questionamentos e os objetivos elaborados no projeto para marcar

seus limites, propiciando mais segurança no recorte teórico a ser tratado.

3) dimensão técnica: visa delinear o método de estudo, definir a natureza da pesquisa, as

formas de coleta de dados e a amostra;

4) dimensão morfológica: descreve como os dados serão apresentados (gráficos, tabelas etc.);

Aqui a discussão é sempre pareada e os dados são tratados no programa Excell com fórmulas próprias,

especialmente desenvolvida para esta finalidade, gerador de gráficos e tabelas.

5) dimensão analítico-conclusiva: tece a análise confrontando os dados e a teoria e aos

objetivos propostos. Responde às questões elaboradas e apresenta as conclusões.

Em relação à Dimensão Técnica, nossa pesquisa é de natureza qualitativa do tipo bibliográfica

com análise do estado do produto.

5 - Caracterizações do lócus de pesquisa

O AssistUFRJ consiste em um grupo de pesquisa resultante da junção de três Laboratórios de

Tecnologia Assistiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): TecnoAssist - Laboratório de

Aplicações e Pesquisas em Tecnologia Assistiva; coordenado pelo pesquisador Prof. Dr. José Antonio

dos Santos Borges; LabBCI - Laboratório de Interface Cérebro Computador, coordenado pelo

pesquisador Prof. Dr. José Fabio Marinho de Araújo; LabAssistiva - Laboratório de Tecnologia

Assistiva do Departamento de Terapia Ocupacional da UFRJ, coordenado pela Profa. Dra. Miryam

Bonadiu Pelosi.

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O Núcleo de Pesquisa em Tecnologia Assistiva da UFRJ tem como foco a área de

Comunicação Alternativa, numa visão conceitualmente extensa, envolvendo instrumentos de

acionamento, mecanismo de comunicação e ingresso para diferentes tipos de deficiências e

capacitação especializada tanto para PCD’s quanto para pessoas atraídas ao atendimento.

A sede está fundamentada numa armação que está assentada no processo de produtos, serviços

que funcionam como centro de referência da área e a construção de recursos humanos presencialmente

e à distância.

Esse site disponibiliza esclarecimento sobre TA e Comunicação Alternativa, com ênfase no

trabalho dos terapeutas ocupacionais. É possível acompanhar os eventos da área na Agenda de

Eventos, efetuar downloads de exercícios e artigos e acessar sites sobre recursos, associações e

publicações. Além disso, pode-se acompanhar o blog da Profa. Dra. Miryam Pelosi sobre Tecnologia

Assistiva.

O AssistUFRJ implantou no Departamento de Terapia Ocupacional da UFRJ uma sede de

aprendizagem e pesquisas em TA direcionado para a produção e transmissão de conhecimento, com o

objetivo de promover pesquisas e implementações na área da TA, apoiando diferentes áreas, não só da

universidade, como da comunidade em geral, com a investigação de diferentes recursos de Tecnologia

Assistiva com o intuito de auxiliar e facilitar as atividades do cotidiano, desde atividades da vida diária

até processos inclusivos para a rotina escolar e profissional. Os programas e atividades, como cursos e

seminários, também ajudam no processo de aprendizagem tanto das pessoas com deficiência como das

que as rodeiam, pois desenvolvem produtos e serviços para melhor adaptação das pessoas com

deficiência, e ainda trocam informações e disseminação das informações apresentadas com outros

centros, sendo possível ajudar outras pessoas com os dados apresentados.

O administrador tem um papel fundamental no processo de gerenciamento e na criação de

novas ferramentas para que tudo flua da melhor maneira possível, sendo necessário acompanhar de

perto o site, os cursos oferecidos, criar melhorias para que o projeto tenha bons rendimentos e ajude o

meio acadêmico, o portador de deficiência e as pessoas que os rodeiam.

6 - Apresentações dos Dados

O Laboratório de Tecnologia Assistiva – LabAssistiva – consiste em um ambiente de troca de

ideias, conhecimentos, práticas, informações, produção e disseminação de know-how na área de

Tecnologia Assistiva.

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No espaço destinado a cursos, o site apresenta cursos de capacitação e criação de recursos

como pranchas de comunicação, exercícios pedagógicos, jogos e contos adaptados, com o intuito de

ajudar profissionais, familiares e cuidadores que convivem com pessoas com dificuldades de

comunicação oral e/ou escrita.

Este núcleo apresenta como foco a área de Comunicação Opcional, em uma perspectiva

conceitualmente grande, envolvendo dispositivos de acionamento, instrumento de comunicação e

acesso para diversos tipos de deficiências, é especializado, tanto para pessoas com deficiência, quanto

para pessoas envolvidas no seu atendimento.

O AssistUFRJ possui alguns projetos que são mais conhecidos para auxiliar nos diferentes tipos

de deficiências, como Dosvox, MecDaisy, Braille Fácil, Jogavox, Intervox, Musibraille que são para

deficiência visual; Motrix, Microfênix, Microfenix II para deficiência motora; cursos de formação para

pessoas com deficiência, conhecido como Projeto Habilitar.

Os cursos de formação e produção de materiais como atividades pedagógicas, histórias e jogos

adaptativos têm o objetivo de auxiliar as pessoas com algum tipo de deficiência, seus familiares,

cuidadores e profissionais que convivem com eles. Assim, delineiam o oferecimento desses cursos

para ajudar os portadores e deficiência e todos os que os rodeiam a lidar com a situação.

Com o auxílio deste portal, é possível a comunicação com pessoas com dificuldades

comunicativas, com downloads gratuitos de atividades pedagógicas, jogos e software, com este fim.

Trata-se de um portal dinâmico que oferece novidades e acessórios para ajudar o meio

acadêmico a desenvolver atividades de modo a prender a atenção dos leitores, possibilitando melhor

interação com o portal.

O curso de Terapia Ocupacional da UFRJ foi fundado em 2008 e teve estreia de seus exercícios

acadêmicos no segundo semestre de 2009. Este curso passou a ser referência na história no âmbito da

saúde no Estado por se configurar como a primeira graduação pública no Rio de Janeiro, e também,

por acontecer sob o apoio de uma das mais renomadas escolas de Medicina do país.

Vale ressaltar que com o curso de Terapia Ocupacional, os profissionais da área aprendem

novas técnicas e a cada técnica aplicada torna-se possível o aprimoramento da mesma, trazendo

benefícios para profissionais e educandos.

Tal estudo, comparando recursos de comunicação alternativa e ampliada, é voltado para

pacientes com impedimento de fala internados no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho -

HUCFF. Esse site mostra um projeto de pesquisa sobre Comunicação Alternativa que está sendo

desenvolvido no Hospital Universitário da UFRJ.

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O Projeto "To Brincando" consiste em uma parceria do curso de graduação em Terapia

Ocupacional da UFRJ com o movimento Down e o Instituto Puericultura e Pediatria Martagão

Gesteira. Seu objetivo é produzir conhecimento acerca do brincar adequado para crianças com

Síndrome de Down, e suas famílias, otimizando desenvolvimento e conquista de maior autonomia

através da disseminação de conhecimento na Plataforma Interativa-Movimento Down.

A disciplina da TA torna-se importante para um indivíduo, pois aborda temas de interesse aos

que possuem algum tipo de deficiência e aos administradores que, muitas vezes, não sabem do que se

trata ou como funciona.

Temas como o conceito e classificação da TA; Problematização do uso da Tecnologia

Assistiva: correlação com a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade); Desenho universal;

Políticas públicas e a Tecnologia Assistiva e O papel do terapeuta ocupacional da Tecnologia Assistiva

são de suma importância para obter um bom entendimento sobre a TA.

Entre os conceitos sobre TA, são abordados temas como a Adequação Postural, cadeira de

rodas e mobilidade funcional. Há também considerações sobre a posição sentada; Avaliação e

prescrição; Componentes da cadeira de rodas; Análise de diferentes tipos de cadeira de rodas;

acessórios e adaptações usados na adequação postural; Mobilidade: equipamentos como bengalas,

cadeira de rodas, bicicletas adaptadas, andadores e recursos para realização de transferências posturais.

A disciplina oferece aulas expositivas, seminários, discussão de textos, filmes mostrando

intervenções na área de Comunicação Alternativa e aulas práticas com a experimentação de recursos

de baixa e alta tecnologia, softwares de Comunicação Alternativa e construção de pranchas de

comunicação.

A Disciplina de Comunicação Alternativa tem como avaliação a apresentação de seminários

sobre os temas do curso, atividades práticas incluindo a construção de pranchas de comunicação,

construção de acionadores e interruptores de pilha, atividades com comunicadores de voz e

acionadores, desenvolvimento de aplicativos com o software PowerPoint, construção de uma prancha

eletrônica e prova discursiva.

Esse site reúne informações sobre as ações de Ensino, Pesquisa, Extensão e Serviços na área de

Tecnologia Assistiva nas Universidades do Brasil que possuem cursos de graduação e pós-graduação

em Terapia Ocupacional.

7- Análise Crítica

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A partir da imersão teórica pode-se identificar que a TA consiste em uma ferramenta

tecnológica voltada para pessoas com deficiência de modo a contribuir no desenvolvimento de

atividades do cotidiano de tais pessoas, e através do auxílio da Terapia, as PCD’s conseguem realizar

tarefas que uma pessoa sem deficiência desempenha, pois, as ferramentas, quebram as barreiras que os

impediam de concretizar tais atividades. Isso se dá graças aos tipos de TA que abrange a deficiência

visual, motora, auditiva, intelectual e múltipla, e aos softwares como o Dosvox, Visual Vision e Jaws,

que possibilitam que as desvantagens sejam menores em relação às pessoas com deficiências em seu

ambiente, proporcionando maior autonomia para desenvolver qualquer atividade.

Pode-se compreender, a partir do referencial teórico, que com a TA foi possível verificar que

uma PCD possui a mesma capacidade de se qualificar que um indivíduo sem deficiência, desde que o

mesmo possua ferramentas adequadas para ter acesso ao conhecimento, sendo possível ingressar em

um ensino superior e, consequentemente, no mercado de trabalho.

Em busca de informações sobre TA, o estudo possibilitou a busca através de ferramentas na

internet como o Google, e entre artigos e endereços eletrônicos encontrados, estava o site sobre

Tecnologia Assistiva do núcleo de pesquisa da UFRJ, que tem como objetivo informar e qualificar as

PCD’s, os administradores e o meio acadêmico, o que denota a preocupação do meio acadêmico com a

disseminação de entendimentos e oferta de caminhos para o enfrentamento do processo de inclusão de

PCD's nas organizações.

De acordo com os dados apresentados no site “Tecnologia Assistiva” da UFRJ, foi possível

identificar que estes veículos têm cumprido o que a TA propõe, pois disponibilizam ferramentas como

cursos, oficinas, jogos, informativos como o Blog e software, que auxiliam na inclusão das pessoas

com deficiência no meio acadêmico, de trabalho e social, que pode proporcionar uma nova visão para

o administrador, em relação ao processo de adaptação e no que diz respeito ao rendimento do mesmo.

Para garantir a igualdade de direitos para uma PCD no âmbito social, a literatura encontrada a

partir da Legislação que foi criada e fundada a Lei de Cotas, visa reservar vagas para pessoas com

deficiência nas organizações e nas universidades, com o intuito de inserir e assegurar oportunidades de

emprego e qualificação, porém pode-se observar que, mesmo com a reserva das cotas, as pessoas com

deficiência ainda enfrentam dificuldades, uma vez que a referida Lei fica apenas no papel e a inclusão

no mercado de trabalho e até as qualificações profissionais das PCD’s não ocorre facilmente. Pode-se

ressaltar que a maioria das organizações que cumprem a Lei de Cotas, a fazem apenas por mera

obrigação legal, e acabam deixando as pessoas com deficiência isoladas e, às vezes, fazendo trabalhos

que não estimulam o crescimento enquanto profissional dos PCD's.

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Considerações Finais

A partir da imersão teórica, é possível identificar que diversas são as leis de amparo às pessoas

com deficiência, como a Lei de Cotas, mas pouco se tem trazido para a realidade, sua aplicação, e

muitas organizações e entidades ainda agem com atos discriminatórios para com as pessoas com

deficiência. Percebe-se que tanto a sociedade quanto as famílias, de modo geral, não estão preparadas

para acolher os PCD's, muitas vezes, por falta de conhecimento e até por falta de estrutura, como

cursos e equipamentos para auxiliar no cotidiano das Pessoas com Deficiência. A Tecnologia Assistiva

trouxe uma nova realidade para essas pessoas, uma vez que proporciona diversos meios para incluir as

pessoas com deficiência junto ao meio social, organizacional e acadêmico, sendo possível que

executem tarefas que, antes, seriam impossíveis de serem executadas.

Encontrou-se no ciberespaço da UFRJ um site intitulado Tecnologia Assistiva, ambiente que

apresenta uma série de benefícios aos PCD's e profissionais que desejam se capacitar através de cursos,

oficinas, palestras, terapias ocupacionais e jogos, disponibiliza uma gama de informações e

capacitações para as PCD’s.

Este espaço também se apresenta como um espaço de ensino-aprendizagem para o meio

acadêmico que busca compreender, implantar e lidar com as novas ferramentas tecnológicas, sendo

assim possível que as organizações, os familiares e a sociedade, de modo geral, aprendam a lidar e

interagir com as pessoas acometidas por algum tipo de deficiência, sendo possível que as com

deficiência desfrutem de melhor qualidade de vida.

O estudo mostra o esforço em prol de uma movimentação significativa e transdiciplinar, uma

vez que tal discussão transita pelo âmbito acadêmico e do cenário coorporativo. No entanto, essa

discussão não se esgota, ao encerrar com o seguinte questionamento: Por que um espaço tão

significativo e prático em relação ao apoio do enfrentamento do processo de inclusão de PCD's, ainda

não foi divulgado amplamente? O Conselho Federal de Administração (CFA) e os Conselhos

Regionais de Administração (CRA’s) poderiam ser parceiros do núcleo de pesquisa da UFRJ, visando

à disseminação deste ambiente virtual? Seria essa uma forma de atingir melhores resultados, na

preparação dos administradores e futuros administradores, quanto aos entendimentos acerca das

ferramentas a serem utilizadas para atingir todo o meio, acadêmico, social e empresarial, podendo

assim, reduzir as dificuldades que os administradores têm em lidar com essas situações?

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