Termo de Referencia de Atuacao Em Tensoes e Conflitos Sociais

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    Termo deReferncia de Atuao

    em Tenses eConflitos Sociais

    no Campo

    OUVIDORIA AGRRIA NACIONAL

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    Ministro do Desenvolvimento AgrrioRaul Belens Jungmann Pinto

    Secretrio ExecutivoJos Abro

    Secretrio Nacional de Reforma AgrriaOrlando Muniz

    Presidente do Instituto Nacional de Colonizao e ReformaAgrriaSebastio Azevedo

    Secretrio da Agricultura FamiliarGilson Bittencourt

    Secretrio Executivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento

    Rural SustentvelJos Eli da Veiga

    Secretrio Executivo do Banco da TerraMax Bezerra

    Ouvidor Agrrio NacionalDesembargador Gercino Jos da Silva Filho

    Coordenao da Assessoria de Comunicao SocialFlvia Pires Torreo

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    TERMO DE

    REFERNCIA

    DE ATUAOEM TENSES

    E CONFLITOSSOCIAIS NO

    CAMPO

    2001

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    Comisso Nacional de Preveno de

    Tenses e Conflitos Sociais no Campo

    Maria de Oliveira

    Ouvidoria Agrria Nacional - Coordenadora

    Carlos Antnio de Siqueira Fontenele

    Mediador de Conflitos Sergipe

    Hidenori Sato

    Mediador de Conflitos Rio de Janeiro

    Geraldo Edmundo Alves Portela

    Mediador de Conflitos Bahia

    Jane Pedreira Rosemberg

    Mediadora de Conflitos Mato Grosso do Sul

    Joel Mauro Magalhes

    Mediador de Conflitos Rondnia

    Jos Cndido Costa Resende

    Mediador de Conflitos Esprito Santo

    Maria Cristina Medina Casagrande

    Mediadora de Conflitos Paran

    Moema de Ftima Sales Rocha

    Mediadora de Conflitos Minas Gerais

    Newson Reis Monteiro

    Mediador de Conflitos Rio de Janeiro

    Snia Maria Massa Ramalho

    Mediadora de Conflitos - Pernambuco

    Elaborao:

    Geraldo Edmundo Alves Portela

    Hidenori Sato

    Maria Cristina Medina CasagrandeNewson Reis Monteiro

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    Apresentao 7

    Introduo 11

    Conflitos Sociais 13

    Estratgias 17

    Operacionalizao 21

    rgos Asseguradores 25

    Sistemas de Informao 27

    Mediao de Conflitos Sociais 31

    Legislao Bsica 39

    Notas 41

    Bibliografia Recomendada 43

    Sumrio

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    Considera-se Reforma

    Agrria o conjunto de

    medidas que visem a

    promover melhor distribuio

    de terra, mediante

    modificaes no regime de

    sua posse e uso, a fim de

    atender aos princpios de

    justia social e ao aumento

    de produtividade.1

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    Apresentao

    Diante de um cenrio fragmentado, mas impositivo, com

    mltiplas aes ocorrendo desordenadamente, onde se sobre-

    pem cenas, atores e discursos sem clara direo, as desa-

    venas agrrias caracterizadas pela violncia, impunidade

    que se constitui em fator preponderante do aumento da

    criminalidade -, invases de terras, grilagem, ocupao de pr-

    dios pblicos e efetivao de polticas pblicas nos programas

    e projetos de reforma agrria e de desenvolvimento rural sus-

    tentvel, exigiram do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio a

    adoo estratgica de medidas substantivas de modo a pre-

    venir, mediar e resolver as tenses e os conflitos sociais no

    campo.A efetivao dessas medidas se traduz com a implanta-

    o da Ouvidoria Agrria no momento em que se descentraliza

    a reforma agrria mediante parcerias com os estados e muni-

    cpios. Busca-se, assim, uma nova e saudvel concepo de

    desenvolvimento scio-econmico, com nfase na rea pro-

    dutiva, com a valorizao dos recursos naturais e culturais. Oempenho no sentido de criar oportunidades para que as po-

    pulaes rurais alcancem plena cidadania.

    Um dos principais objetivos da Ouvidoria Agrria tornar

    mais gil a prestao jurisdicional nas desavenas agrrias, o

    que exige que estejamos to prximos quanto possvel do ho-

    mem do campo ao seu lado, como um brao amigo, e no

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    em Braslia, tal qual uma esfinge burocrtica, distante e insen-

    svel.

    J a instalao das ouvidorias agrrias estaduais, (insta-

    ladas nos estados do Acre, Rondnia, Roraima, Cear, Par,Paran e Mato Grosso do Sul), sempre em estreita cooperao

    com rgos governamentais e no-governamentais, com o

    Poder Judicirio, o Ministrio Pblico, as Secretarias de Segu-

    rana Pblica, a OAB, as Defensorias Pblicas, as Procurado-

    rias Gerais do Estado etc., exigir o respeito s leis e aos direi-

    tos humanos e sociais de todos envolvidos nos embates

    fundirios. Espera-se contribuir extrajudicialmente na preven-

    o, mediao e resoluo das tenses e dos conflitos soci-

    ais, de maneira simples, gratuita, sem burocracia e o mais pr-

    ximo possvel dos fatos, para evitar frustraes, deslizes e de-

    sencantos no que diz respeito reforma agrria.

    Entre as aes substantivas do Ministrio do Desenvolvi-

    mento Agrrio na perspectiva de prevenir, mediar e resolvertenses e conflitos sociais destaca-se o combate a grilagem

    de terras, com a reverso ao patrimnio pblico de dezenas de

    milhes de hectares de terras detidas irregularmente por parti-

    culares, que se constitui na maior interveno fundiria da his-

    tria do Pas e do mais duro golpe j desferido contra o latifn-

    dio no Brasil.O Termo de Referncia de Atuao em Tenses e Confli-

    tos Sociais no Campo, produzido pela Ouvidoria Agrria Naci-

    onal, antes de ser uma ferramenta de nivelamento procedimental

    dos Mediadores de Conflito, um instrumento balizador da atu-

    ao de quantos estejam envolvidos nas aes de preveno,

    mediao e resoluo de tenses e de conflitos.

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    Deixa evidente o acerto da poltica de parcerias nos pro-

    cessos negociais, com a participao mais efetiva dos pode-

    res estaduais e municipais, das organizaes e movimentos

    sociais representativos dos trabalhadores rurais, dos peque-nos agricultores e dos beneficirios da reforma agrria, na so-

    luo dos problemas sociais e fundirios.

    Raul Jungmann

    Ministro do Desenvolvimento Agrrio

    Desembargador Gercino Jos da Silva Filho

    Ouvidor Agrrio Nacional

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    Introduo

    Compreender, eu diria, saber que o

    sentido poderia ser outro.

    Orlandi

    Para a elaborao deste documento Termo de Refern-

    cia de Atuao em Tenses e Conflitos Sociais no Campo, foi

    adotada como metodologia orientadora:

    troca de experincia entre os tcnicos participantes; e

    anlise crtica do material disponvel na Ouvidoria Agr-

    ria Nacional e seleo de textos pertinentes matria.

    Elegemos a preveno dos confli tos sociais como

    norteador do presente documento, de modo que uma vez

    implementadas aes substantivas, busque, como conseq-

    ncia, evitar as desavenas agrrias que possam vir a transfor-

    mar-se em conflitos propriamente ditos.

    O documento apresenta, como segundo ponto, a atua-

    o da mediao dos conflitos j instalados, procurando nive-

    lar os procedimentos nos processos negociais.

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    Conflitos Sociais

    Conceituao

    Conflito Social a situao de antagonismo, explcito

    ou potencial, entre trabalhadores rurais sem terra ou com

    terras insuficientes para o seu sustento, ligados ou no a

    movimentos sociais rurais organizados, que demandam

    providncias do poder pblico para a promoo de seu

    acesso terra, e pessoas fsicas ou jurdicas, detentoras

    de imveis rurais a qualquer ttulo; entre beneficirios de

    projetos de assentamento e o Estado e beneficirios desses

    projetos entre si.

    Categorias de conflitos sociais

    Conflito pela posse e uso da terra

    O conflito pela posse e uso da terra caracteriza-se pela

    entrada de famlias de trabalhadores rurais sem terra, li-gadas ou no a movimentos sociais rurais organizados,

    em imveis rurais que julgam improdutivos ou constitu-

    dos de terras devolutas.

    Essas famlias, via de regra, se organizam em acampa-

    mentos dentro do imvel, como forma de luta e resistn-

    cia; ou beira de estradas ou na periferia de imveis,

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    Merece destaque a questo ambiental que tem origina-

    do conflitos ante o fato de que o cumprimento da legisla-

    o especfica visto pelos beneficirios como fator

    limitante ao desenvolvimento do projeto de assenta-mento.

    Conflito entre beneficirios de projetos de assenta-

    mento.

    O conflito entre beneficirios de projetos de assentamento

    tem caracterstica prpria, singular, visto que as relaes somarcadas por uma dinmica de disputas e dissidncias decor-

    rentes das orientaes polticas, formas de atuao e nvel

    organizacional.

    As ocupaes de imveis rurais, por grupos macios de

    excludos da sociedade, continuam como fundamento princi-

    pal para o acesso terra, enquanto que nas ocupaes de

    prdios pblicos, rodovias e bancos, a finalidade dos movi-

    mentos sociais rurais, que lideram os camponeses, a busca

    pelas polticas pblicas dentro dos projetos de reforma agrria,

    e at mesmo nas reas dos pequenos produtores rurais que

    atingiram esta condio sem o auxlio dos rgos pblicos ou

    das entidades no-governamentais. Essa poltica consiste ba-

    sicamente na procura de financiamentos pblicos subsidiados,infra-estrutura bsica, assistncia tcnica, educao, sade etc.

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    Estratgias

    Prevenir chegar antes

    Regina Lcia dos Santos

    As estratgicas de atuao pressupem a implementao

    de aes substantivas com o objetivo de proporcionar o co-

    nhecimento das realidades externas e internas, diagnosticar

    as causas, identificar e buscar as parcerias sinrgicas

    objetivando prevenir tenses e conflitos sociais.

    Realidades Externas

    No preciso muito esforo para perceber que a din-

    mica das relaes sociais impe seu prprio caminho quando

    no surtem eco as reivindicaes que dizem respeito ao atendi-

    mento das necessidades elementares do ser humano e da dig-

    nidade da pessoa.3

    Para alcanar xito nesta empreitada, faz-se necessrioo mapeamento dos recursos fundirios; quantos acampamen-

    tos existem; quem e quantos so os acampados; os

    demandantes do programa Acesso Direto Terra; a identifi-

    cao das reas de tenso social e a realidade dos projetos de

    reforma agrria. O conhecimento dos cenrios e dos atores

    servir de instrumento de correo e reestruturao das polti-

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    cas fundirias locais, garantindo o processo de democratiza-

    o do acesso terra e de expanso e consolidao das uni-

    dades de produo familiar.

    Realidades Internas

    O Incra, sobretudo depois da descentralizao da refor-

    ma agrria, no pode ser apontado como a nica entidade res-

    ponsvel pelos problemas rurais. Portanto, as aes ora pro-

    postas requerem medidas que mantenham a Instituio o mais

    prximo possvel das organizaes e movimentos sociais

    representativos dos trabalhadores rurais, dos pequenos

    agricultores e dos beneficirios da reforma agrria, por-

    quanto a sociedade moderna no mais aceita a prestao

    de servios que no estejam de acordo com os princpios

    democrticos.Essas aes devem ser executadas da seguinte ma-

    neira:

    PPA (Plano Plurianual) - discutido com a sociedade e atu-

    alizado em acordo com a realidade e a dinmica do pro-

    cesso.

    PO (Programao Operacional) diagnstico e planeja-

    mento participativo na elaborao da programa-

    o anual, contemplando a real capacidade opera-

    cional, a disponibilidade oramentria e as metas

    propostas.

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    A par disso, tambm necessrio discutir as parcerias

    com os estados e os municpios, em todas as suas instncias,

    organizaes governamentais e no-governamentais, sindica-

    tos patronais e de trabalhadores; movimentos sociais rurais, ecom a sociedade civil organizada.

    Merece destaque especial a efetiva articulao com os

    Conselhos de Desenvolvimento Rural Sustentvel dos estados

    e dos municpios.

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    Operacionalizao

    No se preparar preparar-se para perder

    John Wooden

    Apresentamos algumas consideraes sobre a forma de

    atuao no sentido de diminuir o nmero de conflitos sociais,principalmente nas reas de elevada tenso social, o que nos

    obriga a adotar uma nova postura que no seja a de mediador

    de conflitos instalados.

    A anlise dos cenrios e tendncias da ambincia inter-

    na e externa, que impactam as aes de direcionamento pre-

    ventivo, permitir sistematizar e disponibilizar as informaes

    gerenciais, mediante tratamento das informaes, visando dar

    suporte ao processo decisrio de preveno das tenses e

    conflitos sociais no campo.

    Implementar as aes de preveno em nveis interno e

    externo requer o envolvimento no somente da figura do medi-

    ador, como tambm do conjunto da direo central do MDA,

    das superintendncias regionais e dos governos Federal, esta-

    duais e municipais, em todas as suas instncias.

    a) Direo Central (MDA):

    Implementar a criao de ouvidorias agrrias esta-

    duais.

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    Implementar a criao de varas agrrias.

    b) Incra/Superintendncia Regional:

    Proporcionar os meios tcnicos e operacionais para

    o desempenho das atividades de preveno e

    mediao de tenses e conflitos sociais no cam-

    po.

    Discutir a elaborao e/ou as atualizaes do PPA

    e da PO, com a participao do conjunto dos ato-

    res envolvidos com a reforma agrria.c) Mediador:

    Conhecer a legislao bsica.

    Conhecer o PPA e a PO; e participar da elaborao

    e das atualizaes.

    Acompanhar a execuo dos planos, programas e

    aes da superintendncia. Identificar as instituies pblicas e privadas, or-

    ganizaes no-governamentais, movimentos so-

    ciais rurais, entidades representativas de produto-

    res e trabalhadores rurais etc., mantendo-as em

    banco de dados atualizado.

    Conhecer aspectos geopoltico, econmico e so-

    cial das reas de atuao, em nveis regional e

    municipal.

    Conhecer os meios de comunicao social exis-

    tentes nas reas de atuao, em nveis regional e

    municipal.

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    Analisar as pautas de reivindicaes encaminha-

    das pelas organizaes sociais, articulando as

    aes demandadas junto s instncias regionais e

    nacional do Incra do MDA e respectivos parceiros. Orientar e acompanhar os processos de negocia-

    o.

    Elaborar cenrios para decises, mediante o trata-

    mento sistemtico das informaes.

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    rgos Asseguradores

    A Ouvidoria Agrria Nacional se constitui no principal r-

    go assegurador das aes propostas neste Termo de Atua-

    o em Tenses e Conflitos Sociais no Campo.

    Pela amplitude e complexidade dessas aes, em nvel

    estadual faz-se necessrio a instalao das ouvidorias agrri-as. Essas so uma relevante instncia na poltica de preven-

    o, mediao e resoluo das tenses e dos conflitos sociais

    no campo em todos os seus nveis.

    As ouvidorias agrrias devem atuar, principalmente, nas

    aes possessrias, em qualquer de suas modalidades (ma-

    nuteno, reintegrao etc.); mortes e prises de pessoas en-volvidas, direta ou indiretamente, em conflitos sociais; nas me-

    diaes de ocupaes de prdios pblicos, bancos e rodovi-

    as; ocupaes com refns; demandas por polticas pblicas

    de reforma agrria e nas questes que envolvam meio ambien-

    te, comunidades indgenas e de quilombos.

    As superintendncias regionais e seus respectivos rgosinternos devem estar presentes nos processos negociais que

    os envolvam diretamente.

    Por outro lado, as procuradorias jurdicas regionais ga-

    nham importncia na conduo dos processos negociais no

    mbito de sua competncia especializada, com nfase para o

    acompanhamento das aes previstas na poltica de preven-

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    o, mediao e resoluo das tenses e dos conflitos sociais

    no campo.

    Entendendo o Conflito Social como uma questo que

    extrapola os limites da Instituio, os representantes de organi-zaes governamentais (Ministrio Pblico Federal, Ministrio

    Pblico Estadual, Polcia Federal, Polcia Militar, rgos fede-

    rais e estaduais de terra) e no-governamentais (Igreja, Comis-

    so de Direitos Humanos, sindicatos etc.) devem participar,

    dentro das suas especificidades, dos processos negociais em

    todas as suas etapas, visando garantir os direitos humanos esociais dos envolvidos.

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    Sistemas de Informao

    Ter uma informao incorreta pior

    do que no ter nenhuma.

    Tim Hindle

    A informao de fundamental importncia nas aesde preveno de tenses e conflitos sociais. O exame cuida-

    doso da informao permite formular a melhor estratgia para

    enfrentamento do problema.

    Classificao de fontes de informao

    A Ouvidoria Agrria Nacional distingue dois tipos de fon-

    tes de informao. As informaes obtidas de cada uma delas

    exigem procedimentos diferentes antes de sua utilizao.

    Fonte formal

    Escrita a mais confivel: documentos emitidos

    por rgos pblicos federais, estaduais e munici-

    pais; entidades representativas de produtores e de

    trabalhadores rurais ou de beneficirios de proje-

    tos de reforma agrria e organizaes no-gover-

    namentais.

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    Verbal - confivel nos casos em que a fonte tem

    um histrico de confiabilidade: as informaes

    fornecidas sempre se mostram corretas pelo co-

    nhecimento, pela fundamentao e, principal-mente, pela iseno com que analisa o fato que

    relata.

    Fonte informal

    Notcias veiculadas pela mdia impressa e eletrni-

    ca: essas informaes devem sempre ser checa-das com outra fonte. Em geral, tais informaes

    funcionam como um bom ponto de partida para os

    trabalhos.

    Independente do grau de confiabilidade da fonte,

    a prudncia recomenda, sempre, o cruzamento das

    informaes. Mesmo uma fonte formal pode con-ter erro de informao.

    A prtica de cruzar informaes baseia-se no con-

    ceito de que todo fato comporta mais de uma ver-

    so. O cruzamento de informaes visa evitar ma-

    nipulaes ou erros que possam ser cometidos por

    pessoas ou instituies.

    As denncias, mesmo as annimas, merecem tra-

    tamento especial. Exigem severidade e equilbrio

    na sua conduo, devendo ser rigorosamente che-

    cadas e cruzadas com outras fontes antes de qual-

    quer tomada de deciso.

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    SICA

    O Sistema de Acompanhamento de Tenses e Conflitos

    Sociais no Campo - Sica, um banco de dados desenvolvidocom a finalidade de registro e tratamento das informaes so-

    bre tenses e conflitos sociais no campo, propiciando o acom-

    panhamento, em tempo real, pelas diversas instncias do Incra

    e do MDA com vistas ao encaminhamento de providncias, de

    acordo com o nvel de tenso do evento registrado.

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    Mediao deConflitos Sociais

    Que nunca tenhamos medo de negociar

    John F. Kennedy

    Mediao a interveno de um terceiro elemento que

    possibilita a interao entre as partes envolvidas no conflitosocial, na busca de solues pacficas e negociadas.

    Mediao um processo nico e conhecido chamado

    negociao - uma atividade humana facilmente identificvel que

    ajuda as pessoas a atingir metas e solucionar problemas. 4

    As mediaes, pelo seu carter de impresivibilidade, to-

    mam rumos inesperados e o mediador deve saber que irenfrentar toda a sorte de desafios na negociao. Por isso, ao

    olhar para o que acontece numa mesa de negociao, deve

    observar onde se encontram as partes em termos de reciproci-

    dade.

    A partir do momento que aprende ver o cenrio da ne-

    gociao, o mediador tambm ser capaz de ler as situa-es de negociao com mais preciso e comportar-se com

    mais confiana.

    Os diferentes tipos de conflito social requerem a utiliza-

    o de diferentes estratgias de mediao.

    Existem diversas variveis pessoais, polticas e

    situacionais em uma estratgia de mediao. preciso pois

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    aceitar o fato de que no existem solues iguais e aprender

    a adaptar-se a essas diferenas de maneira realista e inte-

    ligente.

    Tipificao dos conflitos sociais

    Os conflitos sociais, por sua dimenso social e pelo seu

    grau de abrangncia envolvem sujeitos coletivos - merecem

    tratamento diferenciado, inclusive pelo nmero de pessoas que

    participam das reunies, envolvidas direta ou indiretamente na

    contenda, e, principalmente, pelo fato dessas pessoas aciona-

    rem mecanismos psicolgicos de toda gama (intolerncia, iras-

    cibilidade, ignorncia, humildade, pacincia, bondade, frustra-

    es e desencantos) que muitas vezes se tornam a prin-cipal causa de rejeio a qualquer tentativa de soluo do

    conflito.

    Se por um lado a presena de vrias pessoas muitas

    vezes pode dificultar a conduo dos trabalhos, existe a garan-

    tia de que o acordo firmado representa a vontade da maioria

    dos envolvidos no conflito. Isso sinal de que a avena serrespeitada e cumprida, pois se trata de deciso democrtica,

    onde houve a manifestao de grande parte dos interessados

    na resoluo do problema.

    Por outro lado, se a reunio se restringe a um pequeno

    grupo, a tarefa do mediador se torna menos complicada, de

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    fcil conduo at, propiciando a celebrao do acordo pre-

    tendido sem maiores problemas, mas com o grave risco da

    avena no ser aceita pela maioria da coletividade envolvida e

    tudo voltar ao estado anterior.

    Conflito social com mortes

    O respeito aos direitos e dignidade da pessoa

    humana constitui, quase sempre, um dos principais

    motivos de preocupao daqueles que se consi-

    deram vtimas do delito.O conflito social com mortes requer do mediador

    livre acesso s autoridades encarregadas de con-

    duzir o inqurito policial, o oferecimento da denn-

    cia e a prestao da tutela jurisdicional, para que

    essas fases (extrajudiciais e judiciais) sejam

    agilizadas e transcorram com respeito aos direitos

    humanos e sociais das pessoas envolvidas na

    questo.

    Cabe ao mediador manter contato permanente com

    as autoridades responsveis pela segurana p-

    blica (delegados, promotores de justia e juizes de

    direito), apelando para que a lei seja aplicada de

    maneira indistinta, promovendo o bem de todos,

    sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, ida-

    de, credo e quaisquer outras formas de discrimi-

    nao, garantindo, em conseqncia, a cidadania

    e a dignidade da pessoa humana.

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    Conflito social com ocupao de imveis

    rurais

    No conflito social com ocupao de imveis rurais,

    a primeira ao do mediador promover a pacifi-

    cao, transpondo as barreiras da intolerncia e

    da irascibilidade. Dever negociar com as partes

    interessadas a desocupao pacfica do imvel,

    evitando que os tradicionais mtodos de retoma-

    da (pistoleiros, paramilitares) sejam utilizados, ori-entando sempre que sejam acionados os meios

    legais disponveis.

    No caso de j haver ao de reintegrao de pos-

    se deferida, conseguir junto s instncias do Po-

    der Judicirio que o prazo de cumprimento seja

    dilatado no sentido de arrefecer os nimos e, emconseqncia, reaes violentas de ambas as par-

    tes.

    de extrema importncia que o mediador tenha

    livre acesso s autoridades judiciais e policiais e,

    quando necessrio, cham-las mesa de negoci-

    ao.

    Conflito social com refns

    No conflito social com refns, cabe ao mediador,

    como primeira providncia, exigir a liberao dos

    presos, condio bsica para abertura de qualquer

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    processo de negociao. Para isso, deve articular-

    se com entidades governamentais (Ministrio P-

    blico Federal, Ministrio Pblico Estadual, Polcia

    Federal, Polcia Militar, rgos federais e estaduais

    de terra) e no-governamentais (Igreja, Comisso

    de Direitos Humanos, sindicatos), estabelecendo

    as condies necessrias para o desenrolar pacfi-

    co das negociaes.

    Uma vez colocados os refns em liberdade, deveo mediador, ento, apreciar a pauta de reivindica-

    es, podendo, a partir da, utilizar-se dos meios

    negociais normais, sem pressa, sem constrangi-

    mento, sem opresso, valendo-se do prprio tem-

    po como estratgia na consecuo dos objetivos

    delineados.

    Conflito social com ocupao de prdios

    pblicos

    No conflito social com ocupao de prdios pbli-

    cos, notadamente nos que abrigam as superinten-

    dncias regionais e unidades avanadas do Incra,

    ou o Ministrio do Desenvolvimento Agrrio, a pri-

    meira medida a ser tomada a proposio da ao

    de reintegrao de posse, pois, uma vez deferida

    a medida judicial, os ocupantes vm as suas

    chances de exigncias bastantes diminudas, o que

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    o de crditos, implantao de infra-estrutura,

    educao, sade etc.

    J nos conflitos entre beneficirios de projetos de

    assentamento, que geralmente envolvem a exclu-

    so de uma ou mais famlias, quase sempre de

    modo violento, torna-se difcil fechar um acordo que

    favorea a todos os envolvidos, porquanto no h

    outro caminho se no se tiver um lado ganhando e

    outro perdendo.

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    Legislao Bsica

    Constituio Federal.

    Lei n 4.504, de 30.11.1964 Estatuto da Terra.

    Decreto n 59.428, de 27.10.1966.

    Decreto n 433, de 24.1.1992.

    Lei Complementar n 88, de 23.12.1996.

    Lei Complementar n 9.393, de 19.12.1996.

    Lei n 9.415, de 23.12.1996.

    Decreto n 2.250, de 11.6.1997

    Lei Complementar n 93, de 4.2.1998 Banco da Terra

    Decreto n 2.614, de 3.6.1998.

    Decreto n 2.680, 17.7.1998.

    Medida Provisria n 2.027-38, de 4.4.2000

    Medida Provisria n 2.109-49, 23.2.2001.

    Medida Provisria n 2.183-56, 24.8.2001. Portaria Interministerial n 325, de 29.4. 1998.

    Portaria Incra n 225, de 11.5. 1998

    Portaria Incra n 352, de 10.8. 1998

    Portaria Incra n 161, de 29.4. 1998

    Portaria MDA n 62, de 27.3.2001

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    Notas

    1

    Brasil, Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964 - Estatuto

    da Terra (Braslia: MDA/Incra, 2000), p. 18.

    2

    Luiz Edson Fachin, A justia dos conflitos no Brasil, in A

    questo agrria e a justia (So Paulo: Revista dos Tribu-nais, 2000), p. 277-278

    3

    Luiz Edson Fachin, A justia dos conflitos no Brasil, in A

    questo agrria e a justia (So Paulo: Revista dos Tribu-

    nais, 2000), p. 278

    4

    G. Richard Shell, Negociar preciso estratgias de nego-

    ciao para pessoas de bom senso (So Paulo: Negcio

    Editora, 2001), p. 5.

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    Bibliografia Recomendada

    Negociar Preciso Estratgias de negociao para pesso-

    as de bom senso, de G. Richard Shell. Trad. Marcia Tadeu. So

    Paulo, Negcio Editora, 2001.

    Negociao e Soluo de Conflitos Do impasse ao ganha-

    ganha atravs do melhor estilo, de Dante P. Martinelli e Ana

    Paula Almeida. So Paulo, Atlas, 1998.

    101 Segredos para Negociar com Sucesso, de Elaine F. R.

    So Paulo, Market Books, 2001.

    Mediao no Campo Estratgias de ao em situaes deconflito fundirio. Instituto de Terras do Estado de So Paulo

    Jos Gomes da Silva. Srie Cadernos Itesp, n 6. So Paulo,

    Pginas e Letras, 2 ed., 2000.

    O Poder do Atraso Ensaios de sociologia da histria lenta,

    de Jos de Souza Martins. So Paulo, Hucitec, 2 ed., 1999.

    Expropriao e Violncia A Questo Poltica no Campo, de

    Jos de Souza Martins. So Paulo, Hucitec, 1994.

    Caindo por Terra Crises da reforma agrria na Nova Rep-

    blica, de Jos Gomes da Silva. So Paulo, Busca Vida, 1987.

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    A Luta pela Terra no Brasil, de Joo Pedro Stedile e Frei Sr-

    gio. So Paulo, Scritta, 1993.

    Brava Gente A Trajetria do MST e a Luta pela Terra no Bra-sil, de Joo Pedro Stedile e Fernandes Bernardo Manano. So

    Paulo, Fundao Perseu Abramo, 1999.

    Lies da Luta pela Terra, de Ademar Bogo. Salvador, Memorial

    das Letras, 1999.

    A Questo Agrria e a Justia, de Juvelino Jos Strozake (Org.).

    So Paulo, Revista dos Tribunais, 2000.

    tica da Vida, de Leonardo Boff. Braslia, Letraviva, 2000.

    tica Prtica, de Peter Singer. So Paulo, Martins Fontes, 1998.

    Reforma Agrria Compromisso de todos, de Fernando

    Henrique Cardoso. Braslia, Presidncia da Repblica, Secre-

    taria de Comunicao Social, 1997.

    A Arte da Guerra, de Sun Tzu. Adaptao de James Clavell.

    Traduo de Jos Sanz. Rio de Janeiro, Record, 20 ed., 1998.

    Gorin no Sho O livro dos cinco elementos, de Miyamoto

    Musashi. Traduo de Jos Yamashiro. So Paulo, Cultura, 1992.

    A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen, de Eugen Herrigel. Tra-

    duo de J. C. Ismael. So Paulo, Pensamento, 14 ed., 1997.

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    GARANTINDO OS

    DIREITOS SOCIAIS

    E HUMANOS DO

    HOMEM DO CAMPO

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