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PROJETO DE LEI DO SENADO n. , de 2007

Modifica a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente) para caracterizar o abandono moral como ilcito civil e penal, e d outras providncias.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1 O art. 4 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar acrescido dos seguintes 2 e 3, renumerado o atual pargrafo nico como 1:

Art. 4 ..................................................................... 1. .......................................................................... 2. Compete aos pais, alm de zelar pelos direitos de que trata o art. 3 desta Lei, prestar aos filhos assistncia moral, seja por convvio, seja por visitao peridica, que permitam o acompanhamento da formao psicolgica, moral e social da pessoa em desenvolvimento. 3. Para efeitos desta Lei, compreende-se por assistncia moral devida aos filhos menores de dezoito anos:I a orientao quanto s principais escolhas e oportunidades profissionais, educacionais e culturais;

II a solidariedade e apoio nos momentos de intenso sofrimento ou dificuldade;III a presena fsica espontaneamente solicitada pela criana ou adolescente e possvel de ser atendida.(NR)

Art. 2 Os arts. 5, 22, 24, 56, 58, 129 e 130 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, passam a vigorar com as seguintes alteraes:

Art. 5. ....................................................................Pargrafo nico. Considera-se conduta ilcita, sujeita a reparao de danos, sem prejuzo de outras sanes cabveis, a ao ou a omisso que ofenda direito fundamental de criana ou adolescente previsto nesta Lei, incluindo os casos de abandono moral. (NR)

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda, convivncia, assistncia material e moral e educao dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigao de cumprir e fazer cumprir as determinaes judiciais (NR).

Art. 24. A perda e a suspenso do ptrio poder sero decretadas judicialmente, em procedimento contraditrio, nos casos previstos na legislao civil, bem como na hiptese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigaes a que aludem o art. 22. (NR)

Art. 56. .....................................................................................................................................................IV negligncia, abuso ou abandono na forma prevista nos arts. 4 e 5 desta Lei. (NR)

Art. 58. No processo educacional respeitar-se-o os valores culturais, morais, ticos, artsticos e histricos prprios do contexto social da criana e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criao e o acesso s fontes de cultura. (NR)

Art. 129. So medidas aplicveis aos pais ou responsvel:..................................................................................Pargrafo nico. Na aplicao das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se- o disposto nos arts. 22, 23 e 24. (NR)

Art. 130. Verificada a hiptese de maus-tratos, negligncia, opresso ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsvel, a autoridade judiciria poder determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor ou responsvel da moradia comum. (NR)

Art. 3 A Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 232-A:

Art. 232-A. Deixar, sem justa causa, de prestar assistncia moral ao filho menor de dezoito anos, nos termos dos 2 e 3 do art. 4 desta Lei, prejudicando-lhe o desenvolvimento psicolgico e social.Pena deteno, de um a seis meses.

Art. 4 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

J U S T I F I C A O

A Lei no tem o poder de alterar a conscincia dos pais, mas pode prevenir e solucionar os casos intolerveis de negligncia para com os filhos. Eis a finalidade desta proposta, e fundamenta-se na Constituio Federal, que, no seu art. 227, estabelece, entre os deveres e objetivos do Estado, juntamente com a sociedade e a famlia, o de assegurar a crianas e adolescentes alm do direito vida, sade, alimentao, educao, ao lazer o direito dignidade e ao respeito.Mas como conferir dignidade e respeito s crianas e adolescentes, se estes no receberem a presena acolhedora dos genitores? Se os pais no lhes transmitem segurana, seno silncio e desdm? Podem a indiferena e a distncia suprir as necessidades da pessoa em desenvolvimento? Pode o pai ausente - ou a me omissa - atender aos desejos de proximidade, de segurana e de agregao familiar reclamados pelos jovens no momento mais delicado de sua formao? So bvias as respostas a tais questionamentos.

Ningum est em condies de duvidar que o abandono moral por parte dos pais produz srias e indelveis conseqncias sobre a formao psicolgica e social dos filhos.Amor e afeto no se impem por lei! Nossa iniciativa no tem essa pretenso. Queremos, to-somente, esclarecer, de uma vez por todas, que os pais tm o DEVER de acompanhar a formao dos filhos, orient-los nos momentos mais importantes, prestar-lhes solidariedade e apoio nas situaes de sofrimento e, na medida do possvel, fazerem-se presentes quando o menor reclama espontaneamente a sua companhia.Algumas decises judiciais comeam a perceber que a negligncia ou sumio dos pais so condutas inaceitveis luz do ordenamento jurdico brasileiro. Por exemplo, o caso julgado pela juza Simone Ramalho Novaes, da 1 Vara Cvel de So Gonalo, regio metropolitana do Rio de Janeiro, que condenou um pai a indenizar seu filho, um adolescente de treze anos, por abandono afetivo. Nas palavras da ilustre magistrada, se o pai no tem culpa por no amar o filho, a tem por negligenci-lo. O pai deve arcar com a responsabilidade de t-lo abandonado, por no ter cumprido com o seu dever de assistncia moral, por no ter convivido com o filho, por no t-lo educado, enfim, todos esses direitos impostos pela Lei. E mais: O poder familiar foi institudo visando proteo dos filhos menores, por seus pais, na salvaguarda de seus direitos e deveres. Sendo assim, chega-se concluso de ser perfeitamente possvel a condenao por abandono moral de filho com amparo em nossa legislao.

Por outro lado, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justia no demonstrou a mesma sensibilidade, como deixa ver a ementa da seguinte deciso: Responsabilidade civil. Abandono moral. Reparao. Danos morais. Impossibilidade. 1. A indenizao por dano moral pressupe a prtica de ato ilcito, no rendendo ensejo aplicabilidade da norma do art. 159 do Cdigo Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz de reparao pecuniria. (Recurso Especial n. 757.411/MG, Relator Ministro Fernando Gonalves, julgamento em 29/11/2005).Entretanto, com o devido respeito cultura jurdica dos eminentes magistrados que proferiram tal deciso, como conjug-la com o comando do predito art. 227 da Constituio?

Art. 227. dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar criana e ao adolescente, COM ABSOLUTA PRIORIDADE, o direito vida, sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-los a salvo de toda forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso.

Ou, ainda, com o que determina o Cdigo Civil:

Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002Institui o Cdigo CivilArt. 1.579. O divrcio no modificar os direitos dos pais em relao aos filhos.

Pargrafo nico. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, no poder importar em restrio aos direitos e deveres previstos neste artigo........................................................................................Art. 1.632. A separao judicial, o divrcio e a dissoluo da unio estvel no alteram as relaes entre pais e filhos seno quando ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos........................................................................................Art. 1.634. Compete aos pais, quanto pessoa dos filhos menores:.......................................................................................II - t-los em sua companhia e guarda;

Portanto, embora consideremos que a Constituio Federal de 1988, o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) e o Cdigo Civil contemplem a assistncia moral, entendemos por bem estabelecer uma regra inequvoca que caracterize o abandono moral como conduta ilcita passvel de reparao civil, alm de repercusso penal.Fique claro que a penso alimentcia no esgota os deveres dos pais em relao a seus filhos. Seria uma leitura muito pobre da Constituio e do ECA. A relao entre pais e filhos no pode ser reduzida a uma dimenso monetria, de cifras. Os cuidados devidos s crianas e adolescentes compreendem ateno, presena e orientao.

verdade que a lei assegura o poder familiar aos pais que no tenham condies materiais ideais. Mas a mesma lei no absolve a negligncia e o abandono de menores, pessoas em formao de carter, desprovidas, ainda, de completo discernimento e que no podem enfrentar, como adultos, as dificuldades da vida. Portanto, aceitam-se as limitaes materiais, mas no a omisso na formao da personalidade.Diante dessas consideraes, propusemos modificaes em diversos dispositivos do ECA, no sentido de aperfeio-lo em suas diretrizes originais. Ao formular o tipo penal do art. 232-A, tivemos a preocupao de dar contornos objetivos ao problema, exigindo o efetivo prejuzo de ordem psicolgica e social para efeito de consumao.Lembramos que compromissos firmados por consenso internacional, e ratificados pelo Brasil, tambm apontam para a necessidade de aprimoramento das normas legais assecuratrias dos direitos das nossas criana e adolescentes, vejamos:

Declarao dos Direitos da CrianaAdotada pela Assemblia das Naes Unidas de 20 de novembro de 1959 e ratificada pelo Brasil pelo Decreto n. 99.710/1990PRINCPIO 2A criana gozar proteo social e ser-lhe-o proporcionadas oportunidade e facilidades, por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar o desenvolvimento fsico, mental, moral, espiritual e

social, de forma sadia e normal e em condies de liberdade e dignidade. Na instituio das leis visando este objetivo levar-se-o em conta sobretudo, os melhores interesses da criana.........................................................................................PRINCPIO 6Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criana precisa de amor e compreenso. Criar-se-, sempre que possvel, aos cuidados e sob a responsabilidade dos pais e, em qualquer hiptese, num ambiente de afeto e de segurana moral e material, salvo circunstncias excepcionais, a criana da tenra idade no ser apartada da me. (...)PRINCPIO 7(...)Ser-lhe- propiciada uma educao capaz de promover a sua cultura geral e capacit-la a, em condies de iguais oportunidades, desenvolver as suas aptides, sua capacidade de emitir juzo e seu senso de responsabilidade moral e social, e a tornar-se um membro til da sociedade.Os melhores interesses da criana sero a diretriz a nortear os responsveis pela sua educao e orientao; esta responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos pais.

CONVENO DA ONU SOBRE OS DIREITOS DA CRIANAAdotada pela Assemblia Geral das Naes Unidas em 20 de novembro de 1989 e ratificada pelo Brasil em 1990........................................................................................ARTIGO 93. Os Estados Partes respeitaro o direito da criana que esteja separada de um ou de ambos os pais de manter regularmente relaes pessoais e contato direto com ambos, a menos que isso seja contrrio ao interesse maior da criana.

Assim, crendo que a presente proposio, alm de estabelecer uma regra inequvoca que permita a caracterizao do abandono moral como conduta ilcita, tambm ir orientar as decises judiciais sobre o tema, superando o atual estgio de insegurana jurdica criado por divergncias em vrias dessas decises, que confiamos em seu acolhimento pelos nobres Congressistas, de sorte a permitir a sua rpida aprovao.

Sala das Sesses,

Senador MARCELO CRIVELLA