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INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS TEXTO DE APOIO Capital, Tempo e Juro Cheila Cacílda António Hoana, 2019

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INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS

TEXTO DE APOIO

Capital, Tempo e Juro

Cheila Cacílda António Hoana, 2019

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Introdução às Finanças TEXTO DE APOIO Cheila Cacílda A. Hoana, 2019 Pág. 1

Introdução às Finanças

Capítulo 1 Conceitos Fundamentais

A despeito do seu maior campo de estudo, os futuros gestores serão pressionados pelas acções dos

tomadores de decisões financeiras, e provavelmente que alguns, em algum momento na sua carreira,

será exigido a tomar decisões financeiras por si próprio. Como tal, um conhecimento básico dos

princípios financeiros serve como uma boa preparação para a sua posição futura no mercado de

trabalho.

Objectivos da aprendizagem:

Aplicar os principais conceitos relativos às finanças no dia-a-dia das organizações;

Interpretar os pilares da moderna teoria das finanças empresariais de forma a enquadrá-las

dentro da organização;

Identificar as responsabilidades de um gestor financeiro e as diversas formas de actuação

para melhor responder as necessidades organizacionais.

1.1 Conceito de finanças e termos relacionados

O termo Finanças pode ser definido como a arte e a ciência de gerir activos financeiros. Ou seja,

alocar os activos financeiros de modo a maximizar o seu rendimento.

A palavra “arte” implica que existem algumas oportunidades para se ser criativo na gestão do

dinheiro. E a palavra “ciência” implica que existem alguns factos comprovados subjacentes às

decisões financeiras.

Entendendo-se por activos, o conjunto de bens, valores, créditos, direitos e semelhantes que forma

o património de uma pessoa singular ou colectiva.

Activo financeiro é todo e qualquer título representativo de parte patrimonial ou dívida (acções,

dinheiro, letras, etc).

Património são direitos e bens. E dívidas são obrigações. Então os activos financeiros são títulos. E

os títulos representam direitos, bens e obrigações.

Enquanto verbo, financiar significa fornecer fundos para negócios e projectos.

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A definição do negócio de uma organização implica escolher quais produtos e serviços a

organização pretende fornecer, para quais mercados e quais clientes. Ou por outra, negócio é o

entendimento do principal benefício esperado pelo cliente. Aquilo que a empresa explora para

atender as necessidades dos clientes.

Um projecto é um esforço temporário realizado para criar um produto ou serviço. Um projecto é um

empreendimento temporário, com data de início e fim, cujo objectivo é criar ou aperfeiçoar um

produto ou serviço. Portanto, enquanto o negócio é actividade desenvolvida, o projecto é a

idealização dessa actividade.

O campo de estudo das finanças envolve as instituições financeiras, mercados financeiros e o

funcionamento dos sistemas financeiros, quer dentro de uma nação quer dentro do mercado

internacional.

Instituição financeira é uma organização cuja finalidade é optimizar a alocação de capitais

financeiros próprios e/ou de terceiros, obedecendo uma co-relação de risco, custo e prazo que

atenda aos objectivos dos seus patrocinadores (no sentido da palavra inglesa stakeholder), incluindo

pessoas físicas ou jurídicas que tenham interesses em sua operação como acionistas, clientes,

colaboradores, Cooperados, fornecedores, agências reguladoras do mercado onde a organização

opere.

A Instituição Financeira opera administrando um equilíbrio delicado entre moedas, prazos e taxas

negociados para os capitais que capta (passivos) e para os que aplica (activos) no mercado,

respeitando os critérios e normas estabelecidos pelas agências reguladoras/ supervisoras de cada

mercado onde actue.

Instituições financeiras focalizam sobre os assuntos financeiros encarados pelos bancos comerciais,

companhias de seguros, e bancos de investimentos, entre outros.

Mercado financeiro - em economia, um mercado financeiro é um mecanismo que permite a

compra e venda (comércio) de valores mobiliários (por exemplo ações e obrigações), mercadorias

(como pedras preciosas ou produtos agrícolas) e outros bens fungíveis (aquele que pode ser trocado

por um outro da mesma espécie: exemplo - $ dinheiro pode ser em notas ou moedas de igual valor)

com baixo custo de transacção e preços que refletem a hipótese do mercado eficiente.

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Sistema Financeiro – conjunto de instituições – organizações, normas, convenções, modos de

pensamento – que definem os instrumentos financeiros, condições e o ambiente/contexto

económico em que os indivíduos ou organizações estabelecerão as transacções financeiras.

Em Finanças, denominar-se-á genéricamente por sistema financeiro, qualquer estrutura que tenha

como objectivo descrever a circulação do dinheiro em determinada organização.

O Sistema Financeiro engloba a obtenção de recursos e a sua aplicação. Tais actividades (de

obtenção de recursos e dispêndio destes) denomina-se actividade financeira.

Em termos micro, as finanças são o estudo do planeamento financeiro, da gestão de activos e da

captação de fundos, quer por empresas quer por instituições financeiras.

O termo finanças pode assim incorporar:

O estudo do dinheiro e outros activos (acções, obrigações, …);

A gestão e controle desses activos ou recursos; e

A análise e gestão de riscos de projectos.

Áreas básicas do campo das finanças

As quatro áreas básicas no campo das finanças são:

Finanças empresariais (corporate finance);

Investimentos;

Instituições financeiras;

Finanças internacionais.

Investimentos – preocupam-se com a avaliação e administração de carteiras (portfólios) de activos

financeiros (acções e obrigações).

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1.2 Finanças: pessoais, empresariais, públicas e internacionais

Finanças pessoais – ciência que estuda a aplicação de conceitos financeiros nas decisões

financeiras de um indivíduo ou uma família. Estudos de opções de financiamentos, orçamento

doméstico, cálculos de investimentos, gestão da conta corrente, planos de aposentadoria,

acompanhamento do património e de gastos, são exemplos de aspectos relacionados com finanças

pessoais.

Finanças empresariais – são o estudo da tomada de decisões financeiras sobre os investimentos a

realizar a longo prazo, as fontes de financiamento e a gestão dos activos e passivos do curto prazo.

Finanças internacionais – são um ramo da economia internacional que estuda a dinâmica das taxas

de câmbio, investimentos externos e a forma como isso afecta o comércio internacional. Estuda

também projectos internacionais, investimento e fluxos internacionais de capitais e défices de

comércio.

Finanças públicas – referem-se à aquisição e utilização de meios financeiros pelas entidades

públicas. Por outras palavras, dizem respeito às receitas e despesas do Estado, dos municípios e das

entidades paraestaduais. O seu estudo abarca aspectos como o orçamento, as despesas e receitas

públicas e a sua uitlização como instrumento de política económica e social.

Fundamento das Finanças Públicas

As finanças públicas existem porque existe a necessidade do Estado realizar despesas e,

consequentemente, cobrar receitas:

O Estado tem como finalidade a satisfação de necessidades colectivas, tais como a

segurança e ordem públicas, a defesa nacional, a administração da justiça, o acesso à

educação e saúde, a existência de infraestruturas económicas e sociais e a estabilidade

macroeconómmica.

Tem também como objectivo atingir certos objectivos de política económica e social, como

a redução da pobreza, a redistribuição do rendimento e o desenvolvimento económico.

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A fim de alcançar tais objectivos, O Estado vê-se obrigado a dispender recursos, a efectuar

despesas. Para financiar as suas despesas, o Estado necessita de arrecadar receitas. Temos ,

pois, os impostos, as taxas, as receitas patrimoniais, os donativos e os empréstimos públicos.

Finanças Empresariais Vs Finanças Públicas

As Finanças Públicas diferem radicalmente das finanças privadas ou dos particulares:

Em primeiro lugar, os impostos constituem um meio de financiamento específico do Estado,

que não se encontra ao dispôr de nenhuma empresa privada. Estas obtêm as sua receitas

através dos preços que cobram pela venda de bens ou pela prestação de serviços;

Em segundo lugar, a possibilidade do Estado recorrer aos impostos implica que nas finanças

públicas, ao contrário do que sucede nas finanças privadas, não são as receitas que

determinam as despesas;

Por último, o Estado procura satisfazer necessidades colectivas e atingir outros fins com a

realização de despesas e a cobrança de receitas. As empresas privadas, por seu turno, têm

como objectivo a maximização do seu lucro, através da minimização das despesas e

maximização das receitas.

Áreas básicas do campo das finanças

As quatro áreas básicas no campo das finanças são:

Finanças empresariais (corporate finance);

Investimentos;

Instituições financeiras;

Finanças internacionais.

Investimentos – preocupam-se com a avaliação e administração de carteiras (portfólios) de activos

financeiros (acções e obrigações).

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Instituições financeiras – focalizam sobre os assuntos financeiros encarados pelos bancos

comerciais, companhias de seguros, e bancos de investimentos, entre outros.

1.3 Função Financeira e Análise Financeira

A função financeira é o ponto de encontro entre as origens e aplicações de fundos na empresa.

Poderá dizer-se que faz parte do campo de acção de todas as decisões de ordem estrutural a nível da

empresa.

A função financeira ocupa um lugar importante na empresa no seu conjunto, através das várias

técnicas: Contabilidade, tesouraria, auditoria, fiscalidade, etc. que servem de base a informática,

estatística, controlo de gestão, etc. E aos accionistas, credores, fisco, etc .

A função financeira é diferente de empresa para empresa, varia conforme a sua estrutura,

hierarquia, etc. Poderá apresentar-se os seguintes itens, que podem contribuir para essas diferenças:

Dimensão da empresa;

Estrutura da empresa (centralizada ou descentralizada); e

Ramo de actividade

A Função Financeira integra todas as tarefas ligadas á obtenção, utilização e controlo dos recursos

financeiros, mais especificamente, os estudos e actuações relacionadas com:

a) A determinação das necessidades de recursos financeiros para a realização dos programas

operacionais da empresa, tarefa que compreende:

O planeamento das necessidades;

A inventariação dos recursos disponíveis;

A previsão dos recursos que poderão ser libertos pela própria actividade normal;

O cálculo dos recurso a obter fora da empresa.

b) A obtenção desses recursos da forma mais vantajosa, tendo em conta o seguinte:

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Custo e prazos;

Condições fiscais;

Condições contratuais;

Melhor relação entre os capitais próprios e alheios.

c) A sua aplicação criteriosa de forma a obter-se:

Uma estrutura financeira equilibrada;

Adequados níveis de eficiência e rentabilidade.

d) O controlo das aplicações dos fundos obtidos através de:

Análise das previsões versus realização;

Estudo de desvios.

e) A rentabilidade dos investimentos efectuados, numa perspectiva global ou sectorial.

Análise Financeira

A Análise Financeira compreende um conjunto de técnicas destinadas a estudar a situação

económico-financeira da empresa através de documentos contabilísticos e financeiros fundamentais

e outras informações disponíveis.

A Análise Financeira deve responder as seguintes questões:

Em que medida dispõe a empresa dos meios financeiros adequados às sua necessidades

operacionais, ou tem possibilidade de vir a dispor deles, de modo a funcionar com

independência perante terceiros. Esta questão diz respeito ao estudo do equilíbrio financeiro

em geral e a liquidez e solvabilidade em particular.

Qual é a aptidão da empresa para gerar valor ou rendimento, para dar satisfação a todos os que

participam nela, e ao mesmo tempo, assegurar a sua permanência no mercado e a expansão da

actividade. Esta questão prende-se com os problemas relacionados com o grau de eficiência,

rendibilidade e a produtividade, cuja tradução financeira assenta no lucro e no valor

acrescentado.

Se as aplicações de dinheiro no património, tendo em conta os custos, as receitas, os lucros e

perdas, satisfazem os objectivos fixados. Esta questão está ligada a gestão do património da

empresa.

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1.4 Responsabilidades do Gestor Financeiro

A função essencial do gestor financeiro é a de regular o acesso da empresa aos recursos financeiros

essenciais à sua actividade de forma a optimizar o custo em que a empresa irá incorrer pela

utilização desses recursos.

As principais responsabilidades do Gestor Financeiro são:

A tarefa do gestor financeiro é adquirir e usar fundos de forma que maximize o valor da empresa,

nomeadamente:

Previsão e planeamento – esta função envolve a recolha e processamento de dados financeiros de

forma que possam ser usados para orientar as decisões da empresa, avaliar as necessidades de

aumento da capacidade produtiva e determinar que tipo de financiamento adicional deve ser feito;

Gestão da Estrutura de Activo da Empresa: o gestor financeiro determina a composição e os

tipos de activos encontrados no balanço da empresa. A composiçao refere-se ao valor monetário dos

activos fixos e circulantes. Conhecida a composiçao dos activos, o gestor financeiro deve

determinar os níveis considerados óptimos para cada activo circulante e fixo.

Tomada de decisões de investimento e financiamento: o gestor deve ajudar a determinar o valor

óptimo do volume de negócio e decidir os activos específicos que devem ser adquiridos, indicando

a melhor maneira de financiar esses activos;

Coordenação e controle – o gestor financeiro deve interagir com outras áreas a fim de garantir que

a empresa seja operada da forma mais eficiente possível. Todas as decisões empresariais têm

implicações financeiras e todos os gestores devem tomar em consideração este aspecto;

Transacção com os mercados financeiros: o gestor deve lidar com os mercados monetário e de

capital. Uma empresa é afectada pelos mercados financeiros, em que os recursos são captados, os

titulos da empresa são negociados e seus investidores são recompensados ou penalizados

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1. Explique o conceito de finanças.

2. O que são finanças no sentido micro?

3. Estabeleça a diferença entre negócio e projecto.

4. Que tipo de actividades incorporam as finanças?

5. Quais são as áreas básicas do campo de finanças? Explique-as.

6. Diferencie a função financeira da análise financeira.

7. Que tipo de actividades incluem a análise financeira?

8. Que instrumentos são usados na análise financeira para emissão de parecer pelos analistas

financeiros?

9. A função financeira é igual para todas as empresas? Comente a sua resposta.

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Capítulo 2 Ambiente Financeiro

Os gestores financeiros devem compreender o ambiente total no qual a sua empresa opera, sabendo

que fazem parte dele, o governo e suas entidades reguladoras, as instituições financeiras, os

mercados monetário, cambial e de capitais que funcionam de forma interligada. Visto que as

regulamentações governamentais e as políticas mudam frequentemente, o gestor deve estar bem

informado, de modo a monitorar e antecipar mudanças e posicionar a empresa para assim, reagir

prontamente. É importante entender os mercados e as várias instituições financeiras e ser

suficientemente ágeis para adaptar-se às mudanças nas condições de mercado de forma a aproveitar

as oportunidades quer de financiamento assim como de investimento.

Objectivos da aprendizagem:

Identificar os participantes chaves nas transacções financeiras;

Compreender a relação entre instituições financeiras e mercados, e o seu papel;

Descrever o mercado de capitais, incluindo os títulos-chave.

2.1 Sistema Financeiro

Vimos anteriormente que o SF corresponde a qualquer estrutura que tenha como objectivo

descrever a circulação do dinheiro em determinada organização.

O SF compreende o conjunto de instituições financeiras que asseguram, essencialmente, a

canalização da poupança para o investimento nos mercados financeiros, através da compra e venda

de produtos financeiros.

Estas instituições asseguram um papel de intermediação entre os agentes económicos que, num

dado momento, se podem assumir como aforradores e, noutros momentos, como investidores.

A empresa estabelece relações, de vária ordem, no seu envolvente ou quadro transaccional.

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As transacções da empresa com exterior traduzem-se em fluxos reais (físicos ou económicos) e

financeiros que decorrem da transferência entre os agentes económicos de uma certa quantidade de

bens ou de moeda num determinado espaço temporal.

Fluxos reais (fisicos ou económicos) – resultam de transacções de bens e serviços entre os agentes

económicos;

Fluxos financeiros ou monetários – resultam de transferência de moeda entre os agentes

económicos. Estes fluxos podem ser: Directos e indirectos. Os directos são os que envolvem

apenas dois agentes económicos numa transacção. Os indirectos envolvem mais de dois agentes

económicos.

2.1.1 Ciclos Financeiros

O conjunto de fluxos financeiros que asseguram as operações financeiras entre a empresa e outros

agentes económicos podem gerar ciclos financeiros.

Nas empresas existem três ciclos financeiros:

1. Ciclo de investimento – este ciclo engloba o conjunto de actividades e decisões respeitantes

à análise e selecção de investimentos ou desinvestimentos em activos fixos, com reflexos a

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nível das actividades de exploração ou seja, a nível técnico, produtivo, administrativo ou

comercial.

2. Ciclo de exploração – engloba o conjunto de actividades e decisões relacionadas com o

aprovisionamento, a produção e a comercialização (surge das actividades normais). Este

ciclo corresponde a operações que vão configurar na demonstração de resultados como custo

ou proveitos.

3. Ciclo das operações financeiras – corresponde às actividades de obtenção de fundos

adequados aos investimentos e às necessidades de financiamento do ciclo de exploração.

Estas operações dizem respeito às operações de capital (compra de activos fixos,

participações financeiras e fundo de maneiro necessário) e operações de tesouraria (gestão

de disponibilidades).

Ciclo de exploração

Neste ciclo, tendo em conta o tipo de actividade que a empresa exerce, distingue-se os seguintes

ciclos:

a) O ciclo de exploração industrial – é um ciclo longo que é percorrido pelas empresas

produtoras de bens. O ciclo está relacionado com o consumo de matéria-prima e

consequente fabricação e venda dos produtos.

b) O ciclo de exploração comercial – é um ciclo que é percorrido pelas empresas comerciais,

ou seja empresas que apenas compram e vendem bens e não se dedicam a sua produção.

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2.2 Mercados Financeiros

Definimos que o MF é um mecanismo que permite a compra e venda (comércio) de valores

mobiliários (por exemplo ações e obrigações), mercadorias (como pedras preciosas ou produtos

agrícolas) e outros bens fungíveis .

É o mercado onde os recursos excedentes da economia (poupança) são direccionados para o

financiamento de empresas e de novos projectos.

No mercado financeiro tradicional, o dinheiro depositado em bancos por poupadores é utilizado

pelas instituições financeiras para financiar alguns sectores da economia que precisam de recursos.

Por essa intermediação, os bancos cobram do tomador do empréstimo (no caso as empresas) uma

taxa - spread -, a título de remuneração, para cobrir seus custos operacionais e o risco da operação.

Quanto maior for o risco de o banco não receber de volta o dinheiro, maior será a spread.

Sabendo que as pessoas e organizações que necessitam de dinheiro emprestado (com recursos

deficitários) entram em contacto com as que têm recursos superavitários nos mercados financeiros e

que eles diferem entre si, seguem-se alguns dos principais tipos de mercados:

1. Mercados de activos reais vs activos financeiros - Os mercado de activos reais também

conhecidos como mercados tangíveis, são os que lidam com produtos como trigo,

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automóveis, imóveis, computadores e maquinaria. Os de activos financeiros lidam com

acções, títulos, notas, hipotecas e outros direitos sobre activos reais.

2. Mercados à vista vs mercados futuros (a termo) – são aqueles em que os activos estão

sendo comprados ou vendidos para entrega “imediata” ou para entrega numa data futura (ex.

6 meses).

3. Mercados monetários vs de capitais – Os monetários são os mercados financeiros em que

os fundos são tomados de empréstimo por curtos períodos (menos de um ano). Os mercados

de capitais são os mercados financeiros para acções e para a dívida de longo prazo (acima

de um ano).

4. Mercados hipotecários vs de crédito ao consumidor – Os hipotecários lidam com

empréstimos para imóveis residenciais, comerciais, industriais e agrários. Os mercados de

crédito ao consumidor envolvem empréstimos para veículos e electrodomésticos, bem como

empréstimos para educação, férias,etc.

5. Mercados primários vs secundários – os primários são os mercados nos quais as empresas

levantam capital emitindo novos títulos. Os secundários são os mercados nos quais títulos e

outros activos financeiros são transaccionados entre os investidores depois da emissão pelas

empresas no mercado primário. Para o caso de Moçambique o mercado secundário

corresponde a BVM – Bolsa de Valores de Moçambique

2.2.1 Mercado Financeiro Moçambicano

Segundo dados do Banco de Moçambique indicam a existência dos seguintes mercados:

1. MMI – Mercado Monetário Interbancário

Permutas de liquidez;

MAIBOR – Maputo Inter-Bank Offered Rate - Taxa de juro média do Mercado Monetário

Interbancário na praça de Maputo, calculada na base das cotações “Offer” das instituições

subscritoras do Acordo de Adesão à utilização da MAIBOR para os prazos que variam entre

1 dia a 365 dias;

Cedência de liquidez;

Taxas de juros média mensais

Facilidades Permanentes ( de cedência – FPC e de depósito – FPD)

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Títulos de Autoridade Monetária - títulos de depósito utilizados pelo Banco de Moçambique

com o objectivo de intervenção no mercado monetário

Bilhetes de Tesouro

2. MCI - Mercado Cambial Interbancário

Taxas diárias, mensais, trimestrais, semestrais e anuais;

Taxas de câmbio do mercado internacional;

3. MVM – Mercado de Valores Mobiliários

Mercado de Obrigações;

Mercado de Acções;

2.3 Mercado de capitais (MC)

Constitui uma relação financeira criada por instituições e condições que permitem aos poupadores e

tomadores de capital de longo prazo, realizar transacções.

Basicamente os mercados de capitais são para a dívida de longo prazo e acções empresariais.

É nele onde empresas que precisam de recursos conseguem financiamento, por meio da emissão de

títulos, vendidos directamente aos poupadores/investidores, sem intermediação bancária. Dessa

forma, os investidores acabam emprestando o dinheiro de sua poupança às empresas, também sem a

intermediação bancária.

O repasse dos recursos de poupadores/investidores às empresas pode ser feito de duas formas:

Dívida/ Obrigações: Os investidores compram títulos emitidos pelas empresas que

precisam de dinheiro. Esses títulos dão aos investidores o direito de receber a quantia

emprestada, mais juros previamente determinados. Os títulos são chamados de títulos de

dívida e esse mercado é conhecido como Mercado de renda fixa

Acções: Os investidores compram títullos emitidos por empresas no entanto os mesmos não

garantem remuneração fixa aos investidores. A remuneração dos títulos são os dividendos -

parte do lucro que uma empresa de capital aberto distribui entre seus accionistas. Os

investidores tornam-se sócios da empresa. Esses títulos são chamados acções e o mercado é

conhecido como Mercado de renda variável.

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2.3.1 Importância do Mercado de Capitais

O mercado de capitais é fundamental para o crescimento de um país, pois sem ele muitos projectos

não conseguiriam sair do papel por falta de capital e financiamento.

Muitas empresas perderiam sua competitividade e dificilmente conseguiriam desenvolver-se.

Poucas sobreviveriam num ambiente sem a injecção de capital de investidores.

No mercado de capitais a captação de recursos por empresas é mais barata, pois não há necessidade

do pagamento da spread aos bancos.

Para o investidor é vantajoso, pois ele pode desfazer-se do título a qualquer momento, o que não

seria possível num empréstimo tradicional. Ou seja, se o investidor mudar de opinião quanto ao

risco de investir em determinada empresa, pode vender os títulos no mercado. Essa liquidez

(facilidade de compra e de venda) reduz o seu risco de perda. Assim, o mercado de capitais faz com

que o repasse de recursos dos poupadores às empresas seja mais interessante para ambas as partes.

2.3.2 Mercado de renda variável (Acções)

Acções são menores parcelas do capital de uma empresa, títulos que não garantem remuneração

predeterminada aos investidores. Como parte do capital de uma empresa, têm sua remuneração

determinada pela capacidade da empresa em gerar lucro.

Os detentores de acções são sócios da empresa e, como tal, correm o risco de sucesso ou fracasso

das estratégias adoptadas pela mesma. Se o investidor mudar de opinião quanto à capacidade da

empresa em conseguir lucro no mercado, pode comprar ou vender os papéis. Essa negociação é

feita na Bolsa de Valores, um mercado livre e aberto. O funcionamento desse mercado é regulado

pela Comissão de Valores Mobiliários, cujo objectivo é garantir transparência nos negócios

realizados em bolsa e das informações fornecidas pelas empresas.

TIPOS DE ACÇÃO

Acção ordinária

Em conjunto, são unidades de que se constitui a propriedade ou o património de uma sociedade

anónima. Os que possuem essas acções esperam obter retorno na forma de dividendos (distribuição

periódica de lucros) ou mediante ganhos que decorrem da valorização da acção.

Essas acções conferem a seu detentor, chamado de accionista, o direito de voto nas assembléias da

empresa, onde são definidas as estratégias de negócios, escolhidos os conselheiros e os directores da

empresa. Os dividendos (parte do lucro que a empresa distribui entre seus accionistas) podem não

ser prioritários para esse tipo de acção.

Acção preferencial

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É uma forma especial de propriedade, com direito a dividendos periódicos fixos, pagos antes que se

realize qualquer destinação de dividendos aos que possuem acções ordinárias.

Por um lado, apesar do accionista não participar das decisões estratégicas da empresa, tem

prioridade no recebimento de dividendos, por outro, em situações em que a empresa entra em

processo de falência ou de dissolução, esse accionista tem prioridade no recebimento dos recursos

oriundos da venda dos activos da empresa. As acções preferenciais são as mais procuradas por

investidores, apresentando maior liquidez (facilidade de compra e de venda no mercado). Por isso, é

comum as acções preferenciais terem preço superior ao das ordinárias.

O preço das acções está directamente relacionado à procura e à oferta. Quando as perspectivas de

crescimento dos lucros de uma empresa aumentam, ampliando suas chances de valorização no

mercado, a procura pelas acções da empresa também cresce e, consequentemente, seu preço.

2.4 Mercado Cambial

No mercado de câmbio são negociados activos financeiros (não todos da mesma moeda) com

vencimento determinado, cujos papéis em uma determinada moeda podem ser negociados contra

papéis em outra moeda. Esse mercado existe porque as nações querem manter seu direito soberano

de ter e controlar suas moedas próprias.

Temos como tipos de mercado cambial: o mercado à vista, a termo/futuro e de opções.

2.4.1 Mercado cambial em Moçambique

O mercado de câmbio negocia moedas estrangeiras convertíveis. Existem duas formas de se

negociar tais moedas: a primeira- negociação directa com o Exterior e a segunda -internamente em

Moçambique.

A primeira é formalmente restrita a bancos comerciais e de investimento, licenciados pelo Banco

Moçambique, ao abrigo do Regulamento da Lei Cambial aprovado pelo Decreto nº 83/2010 de

31 de Dezembro – art. 13, nº 3.

No mercado interno, o exercício do comércio de câmbios pelas casas de câmbios circunscreve-se a

pessoas singulares para valores ≤ $5.000,00.

O comércio parcial de câmbios pode ser exercido pelas agencias de viagens ou turismo, hotéis e

estabelecimentos similares, outras entidades ou instituições definidos pela Lei cambial nº 11/2009

de 11 de Março.

2.4.2 Taxas de câmbio

Taxa de câmbio - é o preço de uma unidade monetária de uma moeda em unidades monetárias de

outra moeda.

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A taxa de câmbio pode ser definida em termos directos (ao incerto) ou em termos indirectos (ao

certo). Está definida em termos directos quando exprime o preço de uma unidade monetária

estrangeira em unidades monetárias de moeda nacional (exemplo: a taxa de câmbio ZAR/MZN está

definida de forma directa para os habitantes de Moçambique; ou está definida de forma indirecta

para os habitantes da África do Sul).

A taxa de câmbio está definida de forma indirecta quando exprime o preço de uma unidade

monetária de moeda nacional em unidades monetárias de moeda estrangeira (exemplo: taxa de

câmbio MT/ZAR está definida em termos indirectos para os habitantes de Moz, pois exprime o

preço de 1 unidade monetária nacional, o Metical, em unidades monetárias de moeda estrangeira, o

Rand).

A taxa de câmbio reflecte, assim, o custo de uma moeda em relação a outra, dividindo-se em

taxa de venda e taxa de compra.

Pensando sempre do ponto de vista do banco (ou outro agente autorizado a operar pelo Banco

Central), a taxa de venda é o preço que o banco cobra para vender a moeda estrangeira (a um

importador, por exemplo), enquanto a taxa de compra reflecte o preço que o banco aceita pagar pela

moeda estrangeira que lhe é ofertada (por um exportador, por exemplo).

2.5 Mercado Monetário: O custo do dinheiro

Este mercado, origina-se do relacionamento financeiro entre poupadores e tomadores de capital de

curto prazo (com vencimento até um ano).

É no mercado monetário que as empresas aplicam os seus excedentes e os particulares fazem

aplicações de poupanças por prazos curtos.

É também a este mercado que as empresas recorrem para obterem financiamentos de exploração, os

particulares para financiarem despesas de consumo, o Estado para cobrir déficits temporários de

tesouraria.

A função do mercado monetário consiste em possibilitar transferências de fundos de agentes

temporariamente excedentários, pou um lado, e deficitários, por outro, de forma a optimizar a

utilização da moeda disponível em cada momento.

A negociação nos mercados monetários envolve Bilhetes de Tesouro, Papel Comercial, certificados

de depósito dos fundos do banco central, hipotecas de curto prazo.

Bilhetes de Tesouro

São títulos de dívida pública de curto prazo que têm como objectivo financiar os déficits de

tesouraria do Estado, permitindo um aperfeiçoamento da gestão da dívida pública.

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Estes, são emitidos pelo organismo do Estado que tem a seu cargo a gestão da dívida pública e são

colocados no sistema bancário através do Banco Central.

A colocação dos BT´s realiza-se no mercado interbancário de títulos em sistema de leilão

competitivo entre as instituições que têm acesso ao mercado primário deste produto.

No momento da emissão fica definido o valor a ser pago no início e no fim da maturtidade do título.

São emitidos a desconto (desconto por dentro) por prazos variáveis: 3, 6 e 12 meses (os prazos mais

comuns).

Papel comercial

O Papel Comercial é um título de crédito de curto prazo. Um instrumento de financiamento que

representa um meio de captação de recursos financeiros junto do mercado, ou seja, permite a

desintermediação do sistema bancário, possibilitando custos mais baixos para o emitente e melhores

rendimentos para os investidores.

Os principais investidores deste produto são as seguradoras, os fundos de investimento e de

pensões, particulares e empresas com tesourarias excedentárias.

Certificados de depósito

São títulos nominativos representativos de depósitos em moeda, constituídos junto das entidades

que os emitem. A taxa de juro é livremente acordada entre o Banco e o cliente e a definição do

prazo é também livre (normalmente emitidos a prazos inferiores a 1 ano).

2.5.1 O custo do dinheiro: taxa de juros

O custo de capital é a taxa de juros que as empresas usam para calcular o valor do dinheiro no

tempo. Equivale ao retorno que a empresa tem que obter em seu investimento para satisfazer as

exigências de retorno de seus investidores.

Taxa de Juros

É o preço pago para tomar capitais de empréstimo, enquanto, no caso do capital social, os

investidores esperam receber dividendos e ganhos de capital.

Os quatro factores mais fundamentais que afectam o custo do dinheiro são:

Oportunidades de produção – são os retornos disponíveis em uma economia a partir dos

investimentos em activos produtivos (geradores de caixa);

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Preferências pelo consumo – podem preferir por consumo imediato ou poupança para

consumo futuro;

Risco – é a possibilidade de um empréstimo não ser pago conforme prometido;

Inflação – é a tendência dos preços aumentarem com o passar do tempo;

A taxa de juros paga aos poupadores depende, basicamente:

1. Da taxa de retorno que os produtores esperam ganhar sobre o capital investido;

2. Das preferências dos poupadores pelo consumo imediato;

3. Do factor risco do empréstimo;

4. Da taxa de inflação futura esperada.

2.6 Instituições financeiras

Como vimos no capítulo anterior, as instituições financeiras fazem parte das quatro áreas do campo

de finanças.

As Instituições financeiras focalizam sobre os assuntos financeiros encarados pelos bancos

comerciais, companhias de seguros, e bancos de investimentos, entre outros.

São intermediários que canalizam as poupanças de indivíduos, empresas e governos para

empréstimos ou investimentos. Muitas instituições financeiras, directa ou indirectamente, pagam

aos poupadores juros sobre o capital depositado, outras prestam serviços que são cobrados de seus

depositantes (por exemplo, a taxa de serviços incidente sobre contas correntes). Algumas

instituições financeiras captam popanças e emprestam a seus clientes; outras investem as poupanças

de seus clientes em activos rentáveis, tais como bens imóveis ou acções e títulos de dívida; e ainda

existem outras que tanto emprestam assim como investem os fundos captados das poupanças.

As transferências de capital entre poupadores e os que necessitam de capital do capital podem

ocorrer por três formas:

1. Transferencias directas de dinheiro e títulos- ocorrem quando uma empresa vende sua

acções ou títulos directamente aos poupadores, sem passar por nenhum tipo de instituição

financeira. A empresa entrega seus títulos aos poupadores, os quais, por sua vez, dão à

empresa o dinheiro de que ela precisa;

2. Transferencias indirectas por meio de banco de investimento – a empresa vende suas acções

ou títulos ao banco de investimento, que, por sua vez, vende esses mesmos títulos aos

poupadores.

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3. Transferencias indirectas por meio de um intermediário financeiro – este obtém recursos dos

poupadores, emitindo seus próprios títulos em troca, e então usa o dinheiro para adquirir e

manter os títulos empresariais.

Bancos de investimento: Ajudam as empresas a projectar títulos com características mais atraentes

para os investidores no momento;

Intermediários financeiros: São empresas financeiras especializadas que facilitam a transferência

de capital dos poupadores aos tomadores e para além disso, eles criam novos produtos financeiros.

As instituições financeiras de Moçambique, resumem-se em 3 grandes grupos:

1.Instituições de crédito

Bancos (ex: BIM, BCI, etc)

Microbancos

Cooperativas de crédito

Sociedades de locação financeira

Sociedades de investimento

2.Sociedades financeiras

Sociedades financeiras de corretagem

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Sociedades de capital de risco

Sociedades administradoras de compras em grupo

Sociedades gestoras de cartões de crédito

Casas de câmbio

3.Operadores de microfinanças

Organizações de poupança e empréstimo

Operadores de micro crédito

10. As empresas estabelecem relações de vária ordem, no seu envolvente ou quadro

transaccional

a) Indique a diferença entre fluxos reais e fluxos monetários.

b) Descreva os principais ciclos financeiros de uma empresa.

c) Mencione os principais tipos de mercados financeiros.

11. Distinga mercados de activos reais dos mercados de activos financeiros.

12. Qual é a diferença entre mercados à vista e futuros?

13. Qual é a diferença entre mercado primário e secundário?

14. Porquê os mercados financeiros são essenciais para uma economia saudável?

15. Explique por que o mercado de acções é também denominado de mercado de renda variável

e o mercado de dívida de mercado de renda fixa.

16. Diga o que entendes por Bolsa de Valores e comente sobre o papel desta numa economia.

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17. Comente a seguinte afirmação: Muitas empresas perderiam sua competitividade e

dificilmente conseguiriam desenvolver-se. Poucas sobreviveriam num ambiente sem a

injecção de capital de investidores”.

18. Defina mercado cambial a vista, de futuro e de opções.

19. Explique a importância do mercado cambial.

20. Explique o que é o mercado monetário.

21. Fale do mercado de capitais.

22. O que entendes por Bilhetes do Tesouro?

23. Quais são os factores que influenciam na determinação das taxas de juro?

24. Apresente 3 exemplos de cada tipo de instituições financeiras que operam no mercado

moçambicano.

Capítulo 3 O valor do dinheiro no tempo

Uma das ferramentas mais importantes na análise do valor do dinheiro no tempo é a linha do

tempo que é uma representação gráfica empregada para mostrar o timing dos fluxos de caixa.

Para ilustrar o conceito da linha do tempo, considere um diagrama com 5 períodos. O tempo 0 é

hoje; o Tempo 1 é um período a partir de hoje ou fim do período 1; o Tempo 2 são dois períodos a

partir de hoje ou fim do período 2 e assim por diante. Portanto, os valores dos períodos representam

o fim de cada um deles, bem como o início de do período a seguir. Muitas vezes os períodos são

expressos em anos mas poderão ser usados períodos em semestres, trimestres, quadrimestres, etc

O tempo é sem sombra de dúvidas um factor directamente proporcional ao valor do dinheiro.

Assim, podemos afirmar plenamente que quanto maior o período, maiores serão as influencias dos

agentes externos, ou ainda, as influencias do macro-ambiente em relação ao poder de compra da

moeda específica;

A inflação presente em toda e qualquer economia capitalista é um exemplo claro desta relação entre

o tempo e o dinheiro, pois, prova que um montante de 12.000,00 em janeiro não possui o mesmo

poder de compra que um montante de 12.000,00 em dezembro do mesmo ano.

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Para exemplificar vamos supor que uma pessoa deseja comprar uma motocicleta no valor de

12.000,00 em dezembro do ano x1. Supondo que em janeiro deste mesmo ano ela tenha em mãos o

valor correspondente ao valor total da motocicleta e não aplique este capital em um banco, neste

período a inflação acumulada foi de 10%, qual o poder de compra do dinheiro em dezembro de x1?

Sabendo que a inflação reduz o poder de compra de uma moeda específica, cabe esclarecer que a

inflação não reduz o montante do dinheiro, ou seja, em dezembro o montante que é representado

por capital corrigido por juros será os mesmos 12.000,00 de janeiro, porém, com poder de compra

reduzido. Neste caso, com uma inflação no período de 10% a desvalorização do poder de compra do

montante de 12.000,00 seria de 1.200,00, assim, em dezembro do mesmo ano o poder de compra

seria correspondente ao valor de 10.800,00.

Taxa de Juro Nominal e Real

A taxa de juro representa o custo de utilização do dinheiro. É, portanto, o preço pago por alguém

pela utilização de dinheiro que lhe foi cedido por outra pessoa.

Taxa de juro nominal ou declarada

É a taxa de juro contratual e cobrada por um fornecedor de fundos (bancos) ou prometida pelo

tomador de fundos. Exemplo, o banco EXI cobra a taxa de juro de 16% a.a pelo deposito a prazo.

Taxa de juro efectiva ou real

É a taxa de juro efectivamente paga ou ganha.

Cálculo da taxa de juro

Taxa de juro efectiva ou real

Exemplo:

Calcule a taxa de juro real relativa a taxa de juro nominal de 8% quando os juros compostos sao (1)

anuais (m=1); semestrais (m=2) e trimestrais (m=4).

Para capitalizacao anual, m=1, temos:

1)1( mef m

kk

%8108,11)1

08,01( 1 efk

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Para capitalizacao semestral, m=2, temos:

Para capitalizacao trimestral, m=4, temos:

Taxas de juro activas vs. passivas

Podem ser distinguidas as taxas de juro activas e as taxas de juro passivas. No caso das taxas de juro

activas, estas representam as taxas de juro cobradas pelas Instituições Financeiras às pessoas ou

entidades a quem concedem crédito.

Quanto às taxas de juro passivas, representam as taxas de juro pagas pelas Instituições Financeiras

aos seus depositantes. A diferença entre os valores médios destas duas taxas é designada por taxa de

margem financeira e representa o ganho das Instituições Financeiras nas operações de crédito e de

depósitos.

Valor Futuro (Capitalização): juros simples e compostos

Valor Futuro é a quantia para a qual um fluxo ou uma série de fluxos de caixa se expandirá por um

dado período de tempo quando composta a uma determinada taxa de juros.

O processo de passar dos valores de hoje, ou presentes, para valores futuros é chamado de

capitalização, ou seja, capitalização é o processo aritmético de determinar o valor final de um luxo

de caixa ou de uma série de fluxos de caixa quando os juros compostos são aplicados.

Em geral, o valor futuro de uma soma inicial ao final de n anos pode ser calculado da seguinte

forma:

nn iPVFV )1(

Exemplo:

Suponhamos que você tenha depositado 100 dólares em uma conta bancária que pagasse 5% de

juros por ano. Quanto você teria ao final de um ano?

Começaremos com a extracção dos dados:

Dados:

Valor presente (PV)=100 dólares

Juros (JUR)= 5 dólares: soma de juros que você ganha durante o ano. Obtêm-se multiplicando a

quantia inicial pela taxa taxa de juro dada, isto é, 100*5%.

Número de períodos envolvidos na análise (n)=1

%16,810816,11)04,1(1)2

08,01( 22 efk

%24,810824,11)02,1(1)4

08,01( 44 efk

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Resolução:

105

)05,01(100

)1(

1

1

1

1

1

FV

FV

iPVFV

iPVPVFV

JURPVFVFVn

Assim, o valor futuro ao final de um ano, equivalerá ao valor presente multiplicado por 1 mais a

taxa de juros, de forma que você terá 105 dólares após um ano.

Valor Actual (Actualização)

Valor Presente é o valor hoje de um fluxo ou de uma série futura de fluxos de caixa.

O processo de encontrar os valores presentes é chamado de

desconto/descapitalização/actualização e é o oposto da capitalização, em que conhecido o PV,

este é capitalizado para encontrar-se o FV. Se o FV é conhecido, poder-se-á descontar para

encontrar o PV da seguinte forma:

nn

n

nnn iFV

iFV

i

FVPV

)1(

1

1

)1(

Exemplo:

Qual é o valor actual de um capital no montante de 200 milhões situado no final do 1º semestre à

taxa de 8% a.a.

09,450.192%)81(000.200 5,0 PV contos

1. Calcule o valor futuro ao final de cinco anos de aplicação de 100 dólares à taxa de

5% ao ano.

2. O juro produzido por um capital de 325.000,00MT no último período de

capitalização composta à taxa efectiva semestral de 11% é de 50.682,29MT. Calcule

a duração da capitalização em anos, meses e dias.

3. Determine a taxa de juro que permite triplicar um capital em dez anos em regime de

juro composto.

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4. A Rosa colocou numa instituição de aforro uma certa quantia durante 10 anos a taxa

anual de 15%, sendo os juros anuais do 7 ano de 2.250MT retidos e não havendo

produção de juros sobre juros. Determina:

a) O valor da colocação

b) Os Juros totais

c) O Valor acumulado

5. A que taxa de juro é necessário capitalizar para triplicar, ao fim de 30 anos, um capital

investido em regime de capitalização composta (com capitalização anual)?

a) Determine a taxa trimestral equivalente

b) Determine a taxa bimestral equivalente

c) Determine a taxa anual nominal com capitalização mensal

6. Determine o valor futuro de uma aplicação de 1.000.000,00Mt ao fim de 5 anos de

capitalização composta, sabendo que no final de cada ano a empresa obteve um lucro líquido

correspondente a 10% do capital no início desse mesmo ano.

7. Um capital de 7.500,00MT vence juros, em regime de juro composto, à taxa de juro anual de4%.

a) Determine o juro vencido durante o terceiro ano.

b) Determine os juros vencidos ao fim de quatro anos de aplicação.

c) Determine a taxa trimestral equivalente à taxa usada nesta aplicação.

Capítulo 4 Fontes de Financiamento das Empresas

A base principal do financiamento das empresas é o capital social. No entanto, a empresa pode

necessitar de mais recursos, nomeadamente:

- Financiamento a curto prazo,

- Financiamento a médio e a longo prazo

O crédito de curto prazo é definido como qualquer exigibilidade originalmente programada para

pagamento dentro de um ano. Caso seja superior a este período, considera-se de longo prazo.

Existem duas formas das quais uma empresa pode recorrer para obter recursos financeiros

adicionais: capitais próprios ou por capitais alheios.

Capitais Próprios

Internas

Externas

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Capitais Alheios

Factoring

gLea

InternosBancários

sin

Nota: este capítulo será aprofundado na disciplina de Cálculo Financeiro, após ser abordado

a matéria sobre rendas.

Capítulo 5 Projectos de Investimento

Conceito de investimento e projecto de investimento

Um investimento pode ser em activos financeiros ou em activos reais e consiste numa aplicação

de fundos escassos que gera rendimento, durante um certo período de tempo, de forma a

maximizar a riqueza da empresa.

Enquanto aplicação de fundos que gera rendimento, o projecto de investimento é um negócio para

a empresa, a qual se decide pela sua implementação ou não, com base nos critérios de avaliação

da viabilidade do projecto em termos económicos (assumindo que é integralmente financiado por

capitais próprios), passando primeiro pela identificação de todos os fluxos financeiros (cash

flows) gerados pelo projecto.

5.1 Conceito de Cash Flow

Cash flow é o resultado que provém da diferença entre os cash in flows (entrada de dinheiro) e

cash out flows (saída de dinheiro) como consequência das actividades da empresa.

5.2 Taxa de Actualização/Desconto

Para analisar a viabilidade económica dos cash flows gerados pelo projecto, estes deverão ser

reportados a um mesmo momento, ou seja, deverá ser calculado o seu valor actual, para tal,

precisaremos de uma taxa de actualização ou de desconto de modo a actualizar os fluxos de caixa.

Cálculo da taxa de desconto

Para investir em um projecto o investidor exige uma taxa mínima de remuneração que obteria caso

investisse em um activo sem risco (ex: taxa de juro das obrigações de tesouro); a esta taxa é

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acrescentado um prémio de risco que decorre do risco associado ao projecto de investimento em

análise:

frr prémio de risco

Onde: r corresponde a taxa de actualização do projecto e fr a taxa de juro sem risco

A fórmula vai sofrendo alteração mediante os dados que forem disponibilizados:

Taxa de desconto e preços correntes: Os cash flows são calculados com inflação, pelo que a taxa de

desconto também deve incorporar a inflação. Assim, utilizamos a taxa de juro sem risco nominal.

Taxa de desconto e preços constantes: como o projecto é analisado não tendo em conta a inflação

então devemos utilizar uma taxa de actualização real. Assim, vamos utilizar a taxa de juro sem risco

real:

1)1/()1()( irrealr ff

Taxa de desconto e CAPM (Capital Asset Pricing Model) : A taxa de desconto pode ser obtida

com base no Modelo de Precificação de activos de Capital, (um modelo usado para determinar a

taxa de retorno teórica apropriada de um determinado activo em relação a uma carteira de

mercado perfeitamente diversificada) que permite determinar o prémio de risco do projecto em

função do seu nível de risco económico dado pelo seu unlevered beta (beta do activo), pois para

efeito da decisão económica consideramos que o projecto é integralmente financiado por capital

próprio:

)( fmf rrrr

Onde β designa o coeficiente beta da acção e mr é a taxa de rendibilidade esperada do mercado.

5.3 Metodologias e Critérios de Avaliação de Investimentos

Valor Actual Líquido (VAL)

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Taxa Interna de Retorno (TIR)

Período de Recuperação de Investimentos (PRI)

Valor Actual Líquido: é um método de avaliação dos projectos de investimento que compara o

valor actual dos cash flows gerados, descontados ao custo de capital da empresa ou à taxa de

retorno exigida, com o investimento realizado.

Decisão com o VAL

VAL>0: Aceitar o projecto. Permite recuperar o investimento realizado, remunera os capitais

investidos à taxa pretendida e ainda gera um excedente. Pode ser calculado no Excel com a função

NPV.

n

tt

tO r

CFIVAL

1 )1(

Onde 0I designa o investimento em capital fixo, tCF designa o cash flow do projecto no ano t , n

designa a vida útil do projecto e r

VAL=0: Aceitar o projecto pois este permite recuperar o investimento realizado e remunera os

capitais investidos à taxa pretendida. É preciso estar cauteloso nesses casos dado que uma

pequena alteração para que o projecto deixe de ser economicamente viável.

VAL<0: Rejeitar o projecto pois o mesmo não é economicamente viável.

Exemplo:

O projecto A com a duração de 4 anos foi gerando fluxos de caixa de 500, 400, 300 e 100 mil

dólares respectivamente, a serem descontados a uma taxa de 10% a.a. pretendendo saber qual o

seu valor actual líquido, procederemos da seguinte forma:

1º Actualizar os cash flows considerando a taxa de 10%a.a

2º somar os cash flows actualizados sem se esquecer de considerar as saídas do projecto (fluxo de

caixa negativos), neste caso, apenas o 0CF é negativo, este constitui o investimento inicial (ex:

compra de equipamentos ou construção de fábricas).

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82,78

)10,1(

100

)10,1(

300

)10,1(

400

)10,1(

500000.1

4321

VAL

VAL

O valor actual líquido para o projecto é de 78,82 mil dólares.

Taxa Interna de Retorno

É a taxa de desconto que torna nulo o VAL do projecto, ou seja, é taxa máxima a que o investidor

pode remunerar os capitais investidos.

0)1(1

n

tt

tO TIR

CFI

Decisão com a TIR:

O projecto é economicamente viável sempre que rTIR

Exemplo

0)1(

100

)1(

300

)1(

400

)1(

500000.1

4321

TIRTIRTIRTIR

Usando o método de Ensaio e Interpolação de Taxa: )( 112

121 VALVAL

VALVAL

TIRTIRTIRTIR

Terá de tentar alguma taxa de desconto e ver se a equação iguala-se a zero. Se não igualar, deve

tentar uma taxa de desconto diferente até que descubra uma que force a equação a ser igual a zero.

Com efeito, terá uma incógnita, TIR, ou a taxa de desconto que obriga a equação a ficar igual a

zero. Usando uma calculadora científica, a TIR para o projecto é de 14,5%.

Período de Recuperação do Investimento/Payback Period (PP)

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Traduz o número de anos necessários para recuperar o investimento inicial. E é calculado da

seguinte forma:

Payback=Ano em que temos o último CF acumulado negativo+ último CF acumulado

negativo/CF que altera o sinal negativo.

PP<n: aceitar o projecto

PP=n: aceitar o projecto

PP>0: não aceitar o projecto

Quanto mais baixo o payback, melhor.

Exemplo:

0 1 2 3 4Projecto A CF periódico -1,000 500 400 300 100

CF Acumulado -1,000 -500 -100 200 300

Projecto B CF periódico -1,000 100 300 400 600CF Acumulado -1,000 -900 -600 -200 400

Tabela 1: Projectos A e B: PRI

Para encontrar os valores da tabela para o projecto C, introduza em sua calculadora

000,10 CF de seguida acrescente o 5001 CF para obter o CF acumulado do ano 1, o que

corresponde a -500, siga o mesmo procedimento até ao final do período. A seguir use a fórmula

acima para calcular o payback:

payback 33,2300

1002 A anos

Aplicando o mesmo procedimento para o projecto B, teremos 3,33 anos como período de

recuperação de investimento. Portanto, o projecto A seria aceito pois possui o PRI mais baixo.

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1. Assumindo os dados do projecto A disponibilizados no exemplo acima, determine a taxa interna

de retorno do investimento. Se admitirmos que a TIR para o projecto B seja de 11,8% (confirme

este resultado), qual projecto deveria ser aceite considerando que ambos têm um custo de capital ou

taxa exigida de retorno de 10%. Justifique a sua resposta.

2. Determinado projecto possui um custo de capital de 14,5% e TIR de 12%. Considera que este

projecto deva ser aceito? Justifique.

3. Considere dois projectos C e L com duração de 4 anos e com um investimento inicial de

1,000,000 dólares. O fluxo de caixa do projecto C de 1 a 4 anos é de 455, 331, 225 e 68 mil dólares

respectivamente. E para o projecto L teremos 91, 248, 301 e 410 mil dólares respectivamente. Se a

empresa exigisse um payback de 3 anos ou menos, qual projecto seria aceito?

4. Considere os elementos abaixo:

- Investimento inicial e cash flow nos 5 anos do projecto: 420.000, 5.500, 93.500, 135.500, 143.000

e 230.500 respectivamente;

- O projecto é inteiramente financiado por capitais próprios, os quais exigem uma remuneração

mínima de 10% (incluindo o prémio de risco);

Calcule:

a) O Cash flow periódico actualizado;

b) O Cash flow acumulado em cada período;

c) O VAL

d) O Payback Period

e) A TIR

5. Determinada empresa tem em estudo dois projectos mutuamente exclusivos, ambos no valor de

65.000 dólares e com os seguintes cash flows previsionais:

Anos Projecto A Projecto B

1 40.000 0

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2 30.000 0

3 20.000 104.200

a) Se a taxa mínima de rentabilidade exigida for de 10%, qual dos projectos deverá ser

escolhido com base no critério do maior valor actual?

b) Calcule as TIR. Qual deverá ser a escolha segundo este critério?

c) Como explica a diferença entre os dois critérios a) e b)?

6. Considere que a empresa AG11, SA está a ponderar investir num dos projectos alternativos

com os respectivos Cash Flows (CFs) abaixo:

Projecto Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4A -240.000,00 120.000,00 120.000,00 - -

B -240.000,00 40.000,00 60.000,00 80.000,00 240.000,00

C -240.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00

Considerando a taxa de actualização do capital de 10% a.a e o PRI de 3,25 anos e 2,4 anos

respectivamente para os projectos B e C, ajude a empresa a escolher o melhor projecto de

investimento utilizando somente os critérios de Valor Actual Líquido (VAL) e Período de

Recuperação de Investimento (PRI).

7. A sociedade Alfa/Psi pretende decidir se deve instalar um equipamento cujo quadro de

exploração é o seguinte:

Anos Investimento Cash Flow Valor Residual0 -75.000,001 -37.000,001 12.500,002 15.000,003 17.500,004 18.750,005 20.000,006 22.500,007 22.500,00 5.500,00

Qual o VAL do projecto, considerando a taxa de custo do capital de 7% até ao 4˚ ano e 8% para os

restantes? Que decisão tomaria?

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Bibliografia

ISMAEL ISMAEL (2004); Gestao Financeira e Orcamental – texto de apoio; ISUTC.

Mota, A e C. Custodio (2012), “Financas da Empresa – Teoria e Prática”, Booknomics, 4ª

edição.

Weston, J. Fred e Brigham, Eugene (2000), F., “Fundamentos da Administração

Financeira”, Markon Books, 10ª edição.