52
PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM GESTÃO DE PROJETOS URBANOS CURSO VI GERENCIAMENTO DE PROJETOS URBANOS MÓDULO 3 Estruturação de Propostas para Projetos Urbanos Realização:

Texto ead modulo 3

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Texto ead   modulo 3

PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM GESTÃO DE PROJETOS URBANOS

CURSO VI

GERENCIAMENTO DE PROJETOS URBANOS

MÓDULO 3

Estruturação de Propostas para Projetos Urbanos

Realização:

Page 2: Texto ead   modulo 3

2

Sumário

1. CONCEITUAÇÃO DE PROJETO URBANO ................................................................................ 3

2. CICLO DE VIDA DO PROJETO URBANO .................................................................................. 7

2.1. INÍCIO/CONCEPÇÃO DO PROJETO ................................................................................... 14

2.2. PLANEJAMENTO DO PROJETO ......................................................................................... 17

3. ÁREAS DE CONHECIMENTO: ESCOPO ................................................................................. 21

4. ÁREAS DE CONHECIMENTO: TEMPO ................................................................................... 30

5. ÁREAS DE CONHECIMENTO: CUSTO.................................................................................... 36

6. ÁREAS DE CONHECIMENTO: QUALIDADE ........................................................................... 39

7. ÁREAS DE CONHECIMENTO: RECURSOS HUMANOS ........................................................... 39

8. ÁREAS DE CONHECIMENTO: AQUISIÇÕES ........................................................................... 40

9. ÁREAS DE CONHECIMENTO: RISCOS ................................................................................... 48

10. ÁREAS DE CONHECIMENTO: COMUNICAÇÃO ................................................................. 49

11. ÁREAS DE CONHECIMENTO: PARTES INTERESSADAS ..................................................... 50

12. COMENTÁRIOS FINAIS ..................................................................................................... 51

Page 3: Texto ead   modulo 3

3

Neste módulo III, apresentaremos alguns aspectos importantes na estruturação de

propostas para projetos urbanos, sendo que o objetivo é demonstrar como as

reconhecidas metodologias (ou boas práticas) de Gerenciamento de Projetos se

aplicam nos nessa seara.

1. CONCEITUAÇÃO DE PROJETO URBANO

O QUE É PROJETO URBANO?

Seguem abaixo algumas definições de projetos urbanos.

“Investimentos baseados em um plano de ordenamento urbanístico e apoiados no redesenho do espaço urbano e arquitetônico, em normas legais específicas, em novas articulações institucionais e formas de gestão pública.” “Empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados.”

Todo projeto, por mais complexo que seja, nasce de uma ideia que pode surgir em

função da necessidade de solucionar um problema, ou a partir do desejo de se obter

ou criar algo que ainda não exista. Mas projeto não é somente um conjunto de tarefas

a serem realizadas. Obrigatoriamente, ele deve ter início, meio e fim.

Por isso, o projeto urbano deve ser resultado de um planejamento estratégico e,

desta forma, ter condições de assumir o papel fundamental e ser o instrumento capaz

de fomentar o desenvolvimento do município.

No processo de concepção dos projetos urbanos, é importante que os propósitos

dos problemas a serem resolvidos sejam considerados de forma objetiva. Para isso, a

ideia principal deve ser discutida desde o início com todos os envolvidos, pois a

participação e envolvimento nos trabalhos devem ser motivados pelas visões

compartilhadas e integração mútua, aumentando as chances de sucesso.

Page 4: Texto ead   modulo 3

4

No caso de uma cidade, a definição sobre a realização de uma intervenção

específica em determinada área, para que traga os resultados e benefícios esperados,

a princípio, necessita ser pensada, estruturada e planejada de forma coletiva,

considerando todas as experiências, vivências e contribuições da equipe envolvida e da

comunidade a ser beneficiada. E, diante do crescente e inevitável processo de

urbanização das cidades, para que esse planejamento seja eficaz, deve ser concebido

de forma estratégica, considerando o conjunto de recursos financeiros, tecnológicos e

humanos, bem como os instrumentos de modernização da administração pública

disponíveis, fatores esses fundamentais para a gestão urbana.

Por conta de tantos desafios complexos a serem enfrentados pelos gestores para

atendimento às demandas por habitação, saneamento básico, segurança pública,

transporte e mobilidade, saúde e educação, é necessário que seja dado conhecimento

e ampliada a discussão dos problemas junto à população, incluindo-a como parceira na

busca pela solução desses problemas, estimulando a participação de todos e geração

de ideias criativas e inovadoras.

Para contar com uma participação social efetiva, é importante que o gestor busque

promover sistematicamente a realização de seminários, audiências e ciclos de debate

com a finalidade de estimular na comunidade a reflexão sobre questões específicas ou

emergenciais no contexto local, sensibilizando-a para a importância do planejamento

urbano e, ao mesmo tempo, para que o gestor possa receber como subsídio os temas

e problemas considerados prioritários pela população.

Também será necessário que o gestor municipal faça, permanentemente, o

gerenciamento do seu território por meio do levantamento dos dificultadores e

potencialidades do município, ou das potenciais áreas de intervenção, processo que,

se bem estruturado, permitirá que os projetos sejam concretizados e façam que todo o

processo de planejamento tenha a efetividade e o resultado desejado.

Conceitualmente, a gestão urbana tem por objetivo a eficácia produtiva por meio

da mobilização de capital e negócios em busca de melhor qualidade de vida para os

cidadãos. Dentre as responsabilidades de um sistema de gestão urbana municipal,

destaca-se, além da gestão dos serviços públicos, como limpeza e segurança, a gestão

de projetos urbanos (VILLAESCUSA, 1998).

Page 5: Texto ead   modulo 3

5

Gestão de projetos urbanos intrinsecamente significa a busca pelos meios que hão

de se por em prática para que o projeto de cidade seja executado de forma viável e, de

preferência, com o menor custo para a Administração Pública. É sabido que tão

importante quanto um bom projeto de cidade, é uma gestão adequada. Sobretudo, o

projeto de cidade deve ser executado com a maior qualidade possível para que se

adquira valor agregado e benefícios (VILLAESCUSA, 1998).

Para atender às demandas da população para as questões do planejamento urbano,

será ainda necessária a adoção de um modelo de gestão que permita ao município

enfrentar também as próprias dificuldades, com ênfase às relacionadas à carência de

recursos humanos com a ausência no quadro de servidores de técnicos preparados e a

necessidade permanente das prefeituras oportunizarem a capacitação desses

servidores para a gestão pública.

Neste contexto, o planejamento urbano participativo prevê, entre outros

dispositivos, novos arranjos institucionais para gestão das políticas públicas setoriais e

estímulo pelos governos locais à articulação entre a sociedade civil e o poder público,

que é garantido pela Constituição Federal de 1988 e, por exemplo, pela Lei

10.257/2001, conhecida como Estatuto da Cidade, conforme determinado nas

diretrizes do Plano Diretor Participativo.

Na busca por modelos de gestão mais eficazes, o gestor público se depara com a

necessidade de transformar a maneira de atuar e, consequentemente, de se aproximar

dos “modelos privados” de gerenciamento, substituindo a tradicional forma de gerir

reativamente os problemas pela proatividade, com ações que não permitam que os

problemas aconteçam ou minimizem seus efeitos. Os casos das tragédias climáticas

que ocorrem todos os anos de outubro a março, em vários municípios brasileiros, nos

períodos de chuvas fortes ou estiagens prolongadas, podem exemplificar falhas na

gestão pública.

É certo que, para fazer frente às enormes mudanças econômicas e sociais, os

governos municipais passaram a necessitar de inovação e iniciativas empreendedoras,

de novas formas de arrecadação e financiamento e de outros modelos de gestão para

atender à crescente lista de responsabilidades.

Page 6: Texto ead   modulo 3

6

Ciente de todos esses dificultadores, o Governo Federal, por meio do Ministério das

Cidades, vem disponibilizando aos Municípios, Estados, Distrito Federal, consórcios

públicos e entidades privadas sem fins lucrativos, programas e ações voltadas para o

desenvolvimento urbano, com ênfase em projetos de urbanização, regularização

fundiária, habitação, saneamento básico e ambiental, transporte urbano e trânsito,

dentre outros.

No universo dos grandes desafios impostos a Administração Pública Municipal, está

a disparidade entre as demandas da população por intervenções públicas e os recursos

disponíveis para satisfazê-las. Tendo em vista a impossibilidade de se atuar sobre

todos os problemas percebidos pela população, é imprescindível que os escassos

recursos do Estado sejam aplicados de forma eficiente por meio de projetos bem

planejados e viáveis sobre diversos aspectos.

Para isso, faz-se

necessário a aplicação de

uma administração

científica na gestão destes

projetos urbanos que são

complexos por natureza,

pois envolvem diversos

atores e órgãos, cada um

com atribuições

específicas. Uma unidade elabora o projeto básico, outra emite parecer jurídico, cuida

dos aspectos orçamentários e financeiros, realiza a licitação, analisa aspectos

ambientais e obtém as licenças junto aos órgãos ambientais, entre outras atribuições.

Esse aspecto que, a princípio, pode suscitar um empecilho ou dificultador para

utilização de gerenciamento de projeto, devido à existência de diversos fatores que

extrapolam a capacidade decisória pelo gerente do projeto, na verdade, demonstra a

importância de implantar um modelo gerencial que seja capaz de realizar

planejamentos mais realistas, execução mais eficiente e monitoramento mais atuante.

Page 7: Texto ead   modulo 3

7

Em organizações orientadas por projetos, a liberdade e poder decisório dos

gerentes de projeto são maiores. Já no setor público, a estrutura funcional hierárquica

fala mais forte e retira assim a capacidade do gerente de projeto interferir mais

fortemente no projeto. Portanto, como implantar o gerenciamento de projetos no

setor público?

O gerente de projeto assume um importante papel de monitoramento do projeto e

é o implementador da comunicação com os atores envolvidos para evitar entraves, ou

seja, o gerente sabe o que está acontecendo no projeto e aciona a parte responsável

para garantir a execução conforme previsto. Dessa forma, o gerente de projeto pode

informar aos superiores hierárquico (diretor, secretário, etc.) a situação do projeto

urbano e indicar possíveis ações necessárias para garantir o bom desempenho do seu

projeto.

Perceba que o projeto é da instituição ou unidade e a função de gerenciar o projeto

em todos os seus estágios é delegada a alguém. O gerente, comunicando e tomando as

ações necessárias para garantir a execução dentro do prazo, torna-se peça

fundamental para a melhoria da gestão da coisa pública.

2. CICLO DE VIDA DO PROJETO URBANO

Teoricamente, qualquer tipo de projeto (simples, complicado ou complexo) pode

ser desenvolvido por meio de um ciclo de vida constituído por um conjunto de fases e

tarefas interconectadas que vão desde a ideia inicial até o seu encerramento. Durante

o processo de concepção, a quantidade de fases, sua sequência e denominação podem

variar com o tipo de projeto e com a necessidade do seu controle.

Com o objetivo de facilitar o entendimento e demonstrar a interdependência entre

as fases, apresentamos, de forma esquemática, o básico do “Ciclo de Vida do Projeto”.

Page 8: Texto ead   modulo 3

8

Fonte: PMBOK

O ciclo de vida de um projeto dependerá do seu tipo/finalidade, mas ele pode ser

definido em:

1) Iniciação ou concepção.

2) Planejamento.

3) Execução ou implementação.

4) Encerramento.

A ideia ou a definição da intenção de se realizar o projeto urbano é um elemento

que inicia um projeto urbano, assim, é um elemento que fará com o projeto seja

Page 9: Texto ead   modulo 3

9

iniciado, desta forma, não faz sentido ser um "entregável" de um projeto. Pois não

poderia o projeto entregar algo que já ocorreu.

Observe que as propostas de ciclo de vida apresentadas nas figuras acima são muito

próximas. Um ponto que merece destaque é que, no guia PMBOK, há uma fase

denominada monitoramento/controle, a qual abarca todas as outras fases, seja no

início, no planejamento, na execução ou no encerramento; o monitoramento e

controle ocorrerão concomitantemente.

Com a definição de fases, é possível, dentro das características ou escopo do

projeto, focar nas atividades mais próximas sem perder a visão geral. Ao se definir os

produtos a serem aprovados para finalização de cada fase, cria-se um mecanismo que

permite a revisão desse ciclo, que muitas vezes segue a lógica imposta pelos aspectos

técnicos.

Na prática, as fases de planejamento e implementação alternam-se várias vezes,

demonstrando a importância do acompanhamento e gestão ao longo de todo o

processo de realização do projeto.

Para facilitar a definição das fases do ciclo de vida de um projeto, deve- ser

identificar as perguntas mais relevantes relacionadas a cada fase, listando as respostas

mais representativas para a condução desse projeto, conforme sugeriremos a seguir.

O ciclo de vida de um projeto urbano deveria englobar tudo que é preciso para

efetivar a intervenção urbana e não apenas a intervenção em si. Logo, uma das

primeiras decisões na definição do projeto é definir os limites do projeto.

Page 10: Texto ead   modulo 3

10

A figura acima elenca algumas etapas a cumprir antes da execução do

empreendimento, assim como algumas após a execução do empreendimento. Vários

dos problemas enfrentados atualmente em projetos urbanos estão associados neste

espaço pré e pós-execução da intervenção, como por exemplo: ausência de projetos,

projetos de baixa qualidade, demora na licitação e demora ou não obtenção de

licenças (exemplo: licença ambiental), não aprovação da prestação de contas final e

encerramento do contrato, demora ou não obtenção de documentos (exemplo:

habite-se), obras concluídas em processo de degradação, em razão da não

possibilidade de finalizar a entrega da intervenção à sociedade (exemplo: imóveis

prontos, mas que não podem ser ocupados ou centros cirúrgicos instalados, mas sem

autorização para operar).

Portanto, a implantação de métodos e administração científica em projetos urbanos

de ponta a ponta mostra-se um grande desafio na atualidade.

Quando o projeto será então iniciado e encerrado? Neste momento, as datas de

início e término não são importantes, mas sim o que define o início e o fim do projeto

urbano.

Page 11: Texto ead   modulo 3

11

Quando o projeto seria iniciado?

Quando o município iniciar a elaboração de estudos de viabilidade e

projetos preliminares.

Na seleção da proposta.

Na assinatura do contrato de repasse.

PROJETOS X SUBPROJETOS

No módulo anterior, foi-lhes apresentado como um projeto pode ser subdividido

em subprojetos, ou seja, um projeto poderá ser fragmentado em projetos menores

mais facilmente gerenciáveis.

Projeto Único (sem relação com demais projetos)

Page 12: Texto ead   modulo 3

12

Relação Sequencial

Relações Sobrepostas

Em

projetos

urbanos,

este conhecimento pode contribuir

na forma como os projetos urbanos são estruturados no município. Os projetos

poderiam ser organizados da seguinte forma:

Projeto único

Projeto 1: pavimentação de vias do bairro.

Objetivo: gerenciar a intervenção urbana de pavimentação de vias do bairro.

Início: elaboração da concepção da intervenção urbana.

Fim: entrega da intervenção urbana à sociedade.

Projeto e subprojetos sequenciais

Projeto 1: Elaboração de proposta de pavimentação de vias do bairro.

Objetivo: elaborar e cadastrar proposta no SICONV para pavimentação de vias

do bairro.

Início do projeto: elaboração da concepção da intervenção urbana.

Page 13: Texto ead   modulo 3

13

Fim do projeto: envio de proposta de trabalho no SICONV.

Projeto 2: execução do contrato “x” de pavimentação de vias do bairro.

Objetivo: gerenciar a execução do contrato e da obra de pavimentação de vias

do bairro.

Início do projeto: seleção da proposta.

Fim do projeto: entrega da intervenção urbana à sociedade.

Dentre as várias alternativas, uma boa opção é iniciar o projeto assim que a

proposta é selecionada pelo Ministério das Cidades. Tão logo a sua proposta seja

selecionada, o projeto deve ser aberto para que se possa gerenciar todas as atividades

e entregas necessárias para execução da intervenção urbana, inclusive o levantamento

da documentação mínima exigida para assinatura do contrato.

A sugestão de abertura neste momento também fundamenta-se no fato de que já

existe uma formalização clara de que o projeto será executado. Fazendo uma analogia

com os termos de gerenciamento de projeto, estou utilizando a formalização da

seleção da proposta como uma demonstração de que o projeto foi patrocinado.

Caso se opte por abrir um projeto único que englobe desde a fase de concepção, há

um risco de se abrir muitos projetos que são apenas intenções, sem um detalhamento

necessário de viabilidade do projeto. A gestão da carteira pode ficar muito prejudicada

caso não se tenha clareza do que é projeto ainda em fase de proposta de intervenção

urbana (concepção e análise de viabilidade) e do que é projeto já apoiado (com

recursos e contrato assinado).

Uma opção para sanar isto seria a criação de projetos sequenciados. Inicialmente,

abrem-se projetos com objetivo apenas de elaboração dos estudos de concepção e

viabilidade, tendo como produto final o estudo elaborado e aprovado. E, caso a

proposta de intervenção urbana consiga recursos para sua implantação, abrem-se os

projetos de implementação da intervenção urbana.

Page 14: Texto ead   modulo 3

14

2.1. INÍCIO/CONCEPÇÃO DO PROJETO

Para que o projeto seja bem-sucedido, é necessário transformar o que a princípio

surge como ideia, em algo mensurável e sujeito à prestação de contas, algo que não

seja condicionado apenas por conhecimentos técnicos, habilidades e recursos, mas

que satisfaça as reais necessidades do município e seja concluído de acordo com

orçamento e prazo estimados. Isso requer controle sobre as questões como pessoal,

qualidade, orçamento e comunicação.

1.1 - Caracterização do problema:

Principal questão: por quê?

- Por que executar o projeto?

- Por que deve ser aprovado e implementado?

O projeto deve expressar a intenção do gestor em realizar determinada ação para

atender uma necessidade ou oportunidade identificada.

Por que devemos fazer isso? Essa definição servirá como fonte de apoio para a

execução do projeto aumentando sua adesão e credibilidade perante a equipe e

Projeto tipo estudos

• Objetivo: elaboração de estudos preliminares de viabilidade para construção de estação de tratamento de esgoto.

• Produto final: elaboração de proposta de trabalho.

Projetos tipo execução

• Objetivo: gerenciamento da execução da construção de estação de tratamento de esgoto.

• Produto final: ETE entregue.

Page 15: Texto ead   modulo 3

15

comunidade, especialmente quando os que estão diretamente envolvidos perceberem

que todo o trabalho a ser despendido, além de reconhecido, beneficiará a sociedade.

Por esses motivos, o processo de elaboração de um projeto se inicia com a questão

que pretendemos resolver ou transformar. É o chamado escopo do projeto, que se

constitui no problema a ser delimitado e caracterizado por meio do conhecimento das

suas dimensões, origens, histórico, implicações e outras informações. Essa prática nos

dará maior intimidade com o tema, permitindo um diagnóstico mais fiel e definindo

estratégias mais precisas para sua resolução.

Neste momento, cabe, de modo simplificado, a análise do quesito jurídico/legal da

proposta, sendo necessário que o projeto esteja relacionado às temáticas de

competência do ente federativo executor (Município) e enquadrado nas legislações

específicas, incluindo cumprimento de quesitos básicos, sem os quais não é possível a

sua implementação, como por exemplo, dispor de toda a documentação necessária da

área e estar em dia com a prestação de contas.

Deve ser realizada ainda a descrição detalhada da área, da comunidade a ser

beneficiada e da atividade a ser implantada com o diagnóstico dos problemas que o

projeto se propõe a solucionar. Aqui deve ficar claro que o projeto é uma resposta a

um determinado problema percebido e identificado pela comunidade ou pela

instituição ou órgão proponente.

Também nesta etapa, deve ser detalhado o atual uso/ocupação da região onde será

implantado o projeto, situação fundiária e ambiental (como os recursos naturais foram

e serão usados), principais atividades econômicas, número de famílias/pessoas direta e

indiretamente envolvidas e beneficiadas com os resultados do projeto, condição de

atendimento às questões de saúde, educação e lazer, de infraestrutura, formas e meio

de transporte utilizados, problemas ambientais ou econômicos enfrentados,

organizações da sociedade civil existentes, etc.

Após a caracterização e diagnóstico do problema/situação, deve ser apresentada a

justificativa para a necessidade da intervenção, esclarecendo sobre a importância da

realização no nível socioeconômico e ambiental, evidenciando a viabilidade e

prestando outras informações que possam auxiliar na tomada de decisões.

Page 16: Texto ead   modulo 3

16

De uma forma geral, existem fatores que podem influenciar na concepção ou no

rumo de uma determinada ideia inicial até se chegar a um projeto definido: a

criatividade do autor, a capacidade de passar essa ideia aos demais envolvidos, o

vínculo entre o problema e a solução proposta, o entendimento da ideia por todos os

envolvidos e a demonstração da sua viabilidade.

Outros pontos importantes são a definição de objetivos, metas e atividades;

montagem do plano de trabalho e do cronograma de execução; definição dos

indicadores de monitoramento e de avaliação e determinação dos custos do projeto

envolvendo a participação comunitária, conforme previsto nas diretrizes dos

programas.

Estabelecer os objetivos é o ponto de partida para definição do projeto. Quanto

mais específicos, mensuráveis, voltados para a ação, adequados à realidade e com

prazo definido, maiores serão as chances de sucesso. Quanto mais explícitos os

objetivos, menor discordância haverá se os mesmos foram atingidos ou não e mais

fácil será a sua revisão, caso necessário.

Para isso, os objetivos podem ser subdividos em três níveis:

Objetivos:

Respondem às questões: Para quê? ou Para quem?

Page 17: Texto ead   modulo 3

17

São sempre formulados como a solução de um problema e o aproveitamento de

uma oportunidade. Exemplo: reduzir o déficit habitacional do município, promovendo

o acesso à moradia digna às famílias de baixa renda.

Objetivo Geral: expressa a intenção de promover uma mudança na situação atual

em médio ou longo prazo, ultrapassando inclusive o tempo de duração do projeto.

Exemplo: promover o acesso à moradia digna às famílias de baixa renda por meio de

concessão de financiamento habitacional no âmbito do Programa “Minha Casa, Minha

Vida”.

O objetivo geral exige complementos que o tornem mais concreto e compreensível;

o que pode ser feito por meio dos objetivos específicos.

Objetivos Específicos: demonstram aspectos mais concretos, números e passos

estratégicos que estejam convergindo para o alcance do objetivo geral. Conduzem aos

resultados esperados e devem ser realizados até o final do projeto. Exemplo:

Identificar e selecionar famílias com renda familiar de 0 a 3 salários mínimos

(SM) integrantes do déficit habitacional do município e ocupantes das áreas de

risco.

Elaborar projeto arquitetônico residencial para as famílias de baixa renda

selecionadas, utilizando os conceitos de arquitetura sustentável de acordo com

as diretrizes do programa “Minha casa, minha vida”.

Incentivar o fortalecimento comunitário e a sensibilização das famílias para

participação em todo o processo de implementação dos empreendimentos por

meio do Projeto de Trabalho Social.

2.2. PLANEJAMENTO DO PROJETO

É a forma como o projeto será realizado. Define os procedimentos para a

elaboração e execução, considerando as suas especificidades. Deve-se descrever com

clareza e concisão os métodos, as técnicas e as etapas necessárias para a realização do

Page 18: Texto ead   modulo 3

18

projeto, quais e como serão desenvolvidas as atividades para atingir os objetivos

propostos.

Responde, a um só tempo, às seguintes questões: Como? Com quê? Onde? e

Quanto?

É a justificativa técnica dos procedimentos escolhidos para execução do projeto,

apresentando o detalhamento das etapas constituídas para implementação das

ações/atividades necessárias para atingir os objetivos desejados. Considera-se que a

origem é estratégica, política ou administrativa e de quem será a competência e

responsabilidade pela execução e acompanhamento.

Pode ser também uma especificação onde estão descritos os procedimentos,

métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa, diagnóstico e intervenção que serão

adotados; modalidade e tipo de licitação mais adequada; como será o

acompanhamento sistemático; a avaliação, quantificação, qualificação, divulgação,

disseminação de informações/treinamento e de conhecimentos entre todos os

envolvidos; os critérios de seleção, assistência técnica e a localização das fontes de

informação; os métodos e técnicas utilizados para a coleta de dados, por exemplo:

Como o projeto será organizado?

Como será a participação do/s parceiro/s e da comunidade na concepção e

execução do projeto?

Como serão desenvolvidas as atividades do projeto?

Como será a caracterização do perfil socioeconômico para definição dos

critérios de seleção da população a ser beneficiada pelo projeto?

Com que recursos, sistemas, métodos e técnicas o gestor poderá contar para

executar o projeto?

Onde estão localizadas áreas disponíveis no Município com características

para enquadramento nas especificações do programa e atendimento à demanda

do projeto?

Quanto será necessário dispor de recursos humanos e financeiros para

desenvolvimento desse projeto conforme especificações definidas pelo

programa?

Page 19: Texto ead   modulo 3

19

Qual o custo da obra, valor de avaliação dos terrenos, de seleção da

construtora, necessidade de outros aportes, infraestrutura, creches, escolas?

Pela metodologia, os avaliadores terão condições de verificar se as alternativas

adotadas são viáveis e se os objetivos do projeto realmente têm condições de serem

alcançados. Um projeto pode ser considerado bem elaborado quando apresenta

metodologia definida e clara.

Exemplo:

A partir do diagnóstico inicial, como o projeto contribuirá para a mudança da

realidade local?

Como serão medidos os resultados?

Com quais indicadores serão utilizados?

Se o projeto envolver capacitação e/ou qualificação profissional, a metodologia

deve definir:

Objetivos e conteúdo do programa;

Qualificação dos professores;

Quantidade de módulos;

Carga horária;

Nº de alunos por turma;

Nº de turmas;

Período de realização;

Frequência mínima exigida;

Mecanismos de avaliação individual;

Acompanhamento posterior dos beneficiados.

É importante a realização de uma avaliação prévia no início do processo de

concepção do projeto, com o objetivo de subsidiar a decisão de implementá-lo ou não,

e, ainda, balizar as alternativas e eficiência, visando o alcance dos objetivos

determinados.

Page 20: Texto ead   modulo 3

20

Metas ou Resultados

Muitas vezes confundidas com os objetivos específicos, as metas são os resultados

parciais a serem atingidos e devem ser concretas, expressando quantidades e

qualidades dos objetivos. A definição de metas baseadas em elementos quantitativos e

qualitativos é fundamental para o processo de avaliação dos resultados obtidos.

Cada objetivo específico deve ter uma ou mais metas. Quanto melhor

dimensionada estiver uma meta, mais fácil será definir os indicadores que permitirão

evidenciar seu alcance. Por exemplo:

realizar 02 cursos para formação de 40 agentes comunitários em cada uma

das localidades com áreas de risco identificadas, no 2º semestre de 2015;

implementar e apoiar ações comunitárias coordenadas pelos agentes

comunitários formados para recuperação das 08 áreas de risco e as degradadas

identificadas;

atualizar e manter o Cadastro Único para Programas Sociais - CadÚnico,

incluindo também todas as famílias ocupantes de áreas irregulares e em situação

de vulnerabilidade social.

Estabelecer um fluxo de comunicação com todos os envolvidos, mantendo-os

atualizados sobre os progressos e problemas surgidos em quaisquer fases do projeto,

além de propiciar a união e apoio do grupo, permite agilidade nos processos decisórios

para solução de situações imprevistas ou críticas, sendo um elemento vital para

alcançar os objetivos do projeto.

Nesses comunicados, é importante estarem contidas informações sobre o estado

atual do projeto, a situação das tarefas críticas e qual é a condição atual das tarefas

remanescentes que contêm alto nível de risco técnico ou que estão sendo executadas

por terceirizados, a identificação dos fatores de risco que possam apresentar um

potencial de fracasso do projeto ou outros prejuízos e alertas sobre aqueles que não

vêm atuando conforme o esperado.

Na fase de planejamento, também devem ser considerados os seguintes aspectos:

qualidade – determina os padrões de qualidade relevantes ao projeto, como

mensurá-los e satisfazê-los;

Page 21: Texto ead   modulo 3

21

organização – montagem das equipes, divisão das funções e tarefas;

comunicação – estabelece o fluxo de informação entre todos os envolvidos;

risco – avalia os riscos que podem afetar o projeto e as possíveis respostas a

eles.

3. ÁREAS DE CONHECIMENTO: ESCOPO

“O escopo cuida do que será entregue pelo projeto, e mais, garantir

que o projeto inclui todo o trabalho necessário – e apenas o trabalho

necessário – para que este seja concluído com sucesso.”

Coletar requisitos “Para definir o escopo do projeto, sugere-se que o gerente do projeto

levante e documente os requisitos ou as necessidades a serem

cumpridas para que os objetivos do projeto sejam atingidos.

Estes requisitos, além de levantados e documentados, devem ser

analisados cuidadosamente pois isto impactará a definição do que o

projeto deve entregar, tempo, custos e diversos outros aspectos do

projeto.”

Há diversos requisitos para projetos urbanos, sejam requisitos administrativos, legais

entre outros. Segue abaixo um exemplo de coleta de requisitos para projetos urbanos:

Requisitos Administrativos/Legais

Exigências legais e administrativas para convênio e contratos de repasse:

o Portaria Interministerial 507.

o Manual Geral de Contratação e Execução do MCidades.

o Manuais Específicos da política: esgotamento ou pavimentação.

Licitação (Lei 8.666).

Requisitos de Política Pública

Page 22: Texto ead   modulo 3

22

Plano Diretor do Município.

Planos/Políticas Setoriais no Âmbito Nacional.

Planos/Políticas Setoriais no Âmbito Local.

Requisitos Técnicos

Engenharia.

Ambientais.

Fundiárias.

Percebam que são requisitos do projeto:

na licitação, o cumprimento da Lei 8.666;

na intervenção urbana, o alinhamento com as políticas públicas no município e

no governo federal;

no projeto básico, o cumprimento das boas técnicas da engenharia, etc.

Definir o Escopo “Uma vez colhidos os requisitos, desenvolve-se a descrição dos

entregáveis do projeto. Deve-se listar tudo que o projeto deve

entregar para que o objetivo do projeto seja alcançado. Além de

listar os entregáveis, o gerente do projeto deve garantir que a

descrição do escopo esteja suficientemente detalhada, de modo a

evitar dúvidas e interpretações errôneas sobre os produtos a serem

entregues.”

Inicialmente, deve-se listar tudo que precisa ser realizado e entregue.

Neste momento, é recomendável não se preocupar em definir responsáveis e

prazos para a execução das atividades. No início do planejamento do projeto, se

concentre em definir primeiro as entregas do projeto (o escopo).

Por exemplo, para a execução da obra é preciso ter:

Projeto Executivo.

Licenças ambientais.

Projeto Básico.

Page 23: Texto ead   modulo 3

23

Assinatura do contrato com a construtora.

Adjudicação da empresa vencedora da licitação.

Publicação do edital de licitação.

Habilitação e classificação das empresas da licitação.

Homologação do resultado da licitação.

Note que os diversos entregáveis do projeto, listados acima, não estão estruturados

ou organizados. Esta estruturação será feita na próxima etapa.

Criar a Estrutura Analítica do Projeto (EAP) “Uma vez colhidos os requisitos e definido os entregáveis do projeto,

deve-se subdividir os produtos em grupos menores para que seja

mais fácil realizar o gerenciamento.”

“A EAP permite que as partes interessadas no projeto consigam ver o

projeto completo de forma sintética e estruturada. Esta visão

estruturada acaba se tornando uma importante ferramenta na

definição dos demais aspectos do projeto.”

Dependendo da complexidade do projeto e dos respectivos produtos/atividades,

deve ser considerada a opção por subdividir os produtos ou serviços e, após a

definição de cada componente, os produtos menores ou serviços poderão ser

organizados observando afinidade e semelhança temática.

Os principais itens que compõem um projeto relacionam-se de forma bastante

articulada, de modo que o desenvolvimento de uma etapa leva necessariamente à

outra. Estes itens servirão como base para definição dos produtos e

consequentemente para a qualificação da instituição ou profissional responsável por

desenvolvê-lo.

Em função do volume ou complexidade que envolve grande parte dos projetos, há

necessidade de contratação de produtos, serviços e profissionais, seja por ausência de

quadro próprio ou por envolver trabalho especializado. Por essas razões, a partir do

Page 24: Texto ead   modulo 3

24

momento em que se opta pela contração, é necessária a atualização/revisão dos

custos que na fase de concepção normalmente são valores estimados.

Independente do tipo e característica do projeto, é fundamental que sejam

considerados os seguintes aspectos: definição realista dos custos, gestão sistematizada

dos contratos, monitoramento constante dos prazos e gerenciamento dos riscos

identificados.

A definição clara das características dos produtos ou serviços a serem contratados e

do volume de trabalho a ser desenvolvido permitirá a elaboração de Termos de

Referência ou das especificações para a contratação, que se constituem em elementos

básicos para formatação dos editais de licitação, para solicitação e análise das

propostas, seleção dos fornecedores, acompanhamento da execução/entrega dos

produtos e, posteriormente, finalização do contrato.

Cabe destacar que, conforme previsto pela Portaria Interministerial nº 507/2011,

deve constar no edital de licitação e no contrato de execução ou fornecimento – CTEF

– que a responsabilidade pela qualidade das obras, materiais e serviços

executados/fornecidos é da empresa contratada para esta finalidade, inclusive a

promoção de readequações, sempre que detectadas impropriedades que possam

comprometer a execução do que foi contratado.

O Contrato de Execução ou Fornecimento – CTEF – deverá conter cronograma

físico-financeiro com a especificação física completa das etapas necessárias à medição,

ao monitoramento e ao controle das obras, compatibilizando a execução ao respectivo

pagamento.

No decorrer da execução do projeto, pode haver necessidade de atualizações do

cronograma físico-financeiro, dos prazos e até mesmo dos objetivos e, por isso,

conforme a complexidade das atividades previstas, será preciso o estabelecimento de

um sistema de acompanhamento para facilitar o monitoramento e controle das

mudanças.

Qualquer sistema de controle, além de permitir uma visão geral do andamento do

projeto, deve ser capaz de focar no que é prioritário para o momento, permitir ações

corretivas e, principalmente, ser de fácil consulta, fornecendo informações rápidas, de

preferência, em tempo real.

Page 25: Texto ead   modulo 3

25

Seguem abaixo alguns elementos exemplificativos do escopo do projeto urbano,

estruturados em uma EAP. Vale destacar que a relação abaixo não é exaustiva.

1. PROJETO URBANO - Conjunto Habitacional (EXEMPLO)

1.1 Documentação Preparatória

1.1.1 Projeto Básico

1.1.2 Licença Ambiental Prévia

1.1.2.1 Levantamento da documentação e formulários

1.1.2.2 Análise da documentação

1.1.2.3 Vistoria Técnica

1.1.2.4 Parecer Técnico

1.1.2.5 Emissão e publicação da Licença

1.1.3 Plano de Trabalho - Siconv

1.1.4 Documentação institucional

1.2 Licitação

1.2.1 Documentação de abertura

1.2.2 Autorização inicial

1.2.3 Certificação Orçamentária

1.2.4 Minuta do edital

1.2.5 Parecer Jurídico

1.2.6 Publicação do edital

1.2.7 Habilitação e Classificação das propostas

1.2.8 Homologação da licitação

1.2.9 Adjudicação da licitação

1.2.10 Assinatura e publicação do contrato

1.2.11 Designação do gestor do contrato

1.2.12 Garantia contratual

Page 26: Texto ead   modulo 3

26

1.3 Autorização de Início da Obra

1.3.1 Projeto Executivo

1.3.2 Licença Ambiental de Instalação

1.3.3 Análise e elaboração da SPA - Mandatária

1.3.4 Análise e aprovação da SPA – Ministério das Cidades

1.3.5 Emissão do LAE

1.3.6 Autorização de início

1.4 Execução do Empreendimento

1.4.1 Infraestrutura

1.4.1.1 Canteiro de obras

1.4.1.2 Sinalização

1.4.1.3 Área de lazer

1.4.1.4 Paisagismo

1.4.1.5 Portaria e administração

1.4.1.6 Sistema elétrico

1.4.1.7 Pavimentação

1.4.1.8 Drenagem pluvial

1.4.1.9 Sistema de esgotamento sanitário

1.4.1.10 Sistema de abastecimento de água

1.4.1.11 Galeria de águas correntes

1.4.1.12 Terraplanagem

1.4.1.13 Limpeza do terreno / topografia

1.4.1.14 Sistema de segurança

1.4.2 Residências

1.4.2.1 Limpeza do terreno/topografia (residências)

1.4.2.2 Terraplanagem

1.4.2.3 Fundação

1.4.2.4 Estrutura

1.4.2.5 Fechamento

1.4.2.6 Telhado

Page 27: Texto ead   modulo 3

27

1.4.2.7 Acabamento

1.4.2.8 Instalações elétricas e comunicação

1.4.2.9 Instalações hidráulicas

1.5 Ações Pós obra

1.5.1 Licença Ambiental de Operação

1.5.2 Habite-se

1.5.3 Entrega das chaves

1.5.4 Prestação de Contas Final

Consultar a legislação e os normativos é sempre uma ótima dica para definição do

escopo, pois neles há uma série de documentos relacionados que devem ser obtidos

ou elaborados, bem como explicitação de etapas obrigatórias para a execução de um

projeto urbano. Com base no ordenamento jurídico, é possível definir vários

entregáveis de seu projeto.

O Ministério das Cidades, por exemplo, exige diversos documentos para a

autorização de início de obra, como:

emissão do Laudo de Análise de Engenharia pela Mandatária;

licenças Ambientais de Instalação ou correspondentes;

ter solucionado os motivos geradores de cláusulas suspensivas, quando

existentes.

Envio da SPA Simplificada pela Mandatária, etc.

Logo, se estes itens são exigidos para a execução do empreendimento, o escopo e o

cronograma do seu projeto devem incluí-los, de forma a permitir o gerenciamento

completo do projeto.

A legislação é uma fonte importantíssima na definição do escopo do seu projeto,

pois se a lei dispõe sobre requisitos para um determinado documento, estes mesmos

requisitos devem ser espelhados no seu projeto.

Um exemplo para demonstrar a teoria sobre escopo e cronograma na prática pode

ser constatado se for preciso fazer uma licitação: o escopo e cronograma do projeto

Page 28: Texto ead   modulo 3

28

devem estar aderentes a quê? À Lei 8.666, pois, para cada modalidade de licitação, a

legislação determina prazos e requisitos distintos.

Outro exemplo: Qual é o valor do repasse de recursos da União no contrato de

repasse? A depender do valor, a obra pode ser enquadrada no procedimento

simplificado ou no procedimento padrão. E isto implicará em rotinas distintas e,

consequentemente, impactarão o seu cronograma.

Além dos normativos, recomenda-se consultar os servidores, especialistas no

assunto no seu órgão como engenheiros, arquitetos, servidores da área de licitação,

gestores, entre outros.

A participação de servidores com conhecimento especializado irá contribuir muito

para a qualidade do escopo do projeto e, posteriormente, a elaboração de um

cronograma realista.

EXEMPLO

Código EAP

Nome do produto ou

serviço Descrição

Critério de qualidade

1 Grupo 1.1 Entrega 1.2 Entrega 1.3 Entrega 1.4 Entrega 2 Grupo 2.1 Entrega 2.2 Entrega 2.3 Entrega 2.4 Entrega

PARTES INTEGRANTES DOS PROJETOS URBANOS – Projetos Técnicos

Anteprojeto: é a ideia inicial para ser apresentada e devidamente aprovada pela

equipe e gestor contratante/solicitante. No caso de um empreendimento, o

anteprojeto é a solução arquitetônica apresentada para a obra, considerando as várias

propostas, exigências, discussões e pactuações anteriores. Constitui-se em um

Page 29: Texto ead   modulo 3

29

conjunto de desenhos que representam com mais clareza a volumetria, as dimensões

dos ambientes, a planta da cobertura, as características da obra e os detalhes

funcionais.

A partir da aprovação do anteprojeto ou pré-projeto, será desenvolvido o projeto

básico com a elaboração da planta-baixa de cada pavimento, contendo informações de

cada ambiente e cálculo das áreas. Serão iniciadas as atividades para detalhamento e

elaboração dos projetos complementares (estrutural, elétrico, hidráulico e

paisagístico) em conjunto com outros profissionais.

Projeto Básico: segundo a Portaria Interministerial nº 507/2011, é um conjunto de

elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para caracterizar

a obra, serviço ou complexo de obras ou serviços, elaborado com base nas indicações

dos estudos técnicos preliminares, que assegurem:

• viabilidade técnica;

• adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento;

• possibilite a avaliação do custo da obra ou serviço de engenharia;

• definição dos métodos e do prazo de execução.

Projeto Executivo: consiste no desenvolvimento detalhado do projeto básico,

integrando-o aos projetos complementares (elétrico, hidráulico, estrutural, telefônico,

paisagístico, etc.), fornecendo informações e condições técnicas para que a obra seja

executada ou os produtos entregues, conforme o previsto.

Nessa fase, deverão ser identificadas e selecionadas as melhores estratégias para a

execução do projeto, detalhando o que será realizado por meio de:

• cronogramas físico e financeiro;

• alocação de recursos financeiros, recursos humanos e materiais necessários.

Além disso, também devem ser desenvolvidos os planos auxiliares de comunicação,

controle de qualidade, riscos, suprimentos e de composição da equipe. No final desta

fase, o projeto deve estar suficientemente detalhado para ser executado, monitorado

e finalizado.

Page 30: Texto ead   modulo 3

30

4. ÁREAS DE CONHECIMENTO: TEMPO

O próximo passo é definir as atividades necessárias para execução das entregas

constante da EAP e sequenciá-las, ou seja, é preciso definir quais atividades precisam

ser executadas.

Ações: são as atividades necessárias para atingir os objetivos específicos,

executadas dentro de um determinado período de tempo. Quanto mais clara a

relação entre o objetivo geral, os objetivos específicos e as ações, maior a chance de

sucesso do projeto. Elas respondem à questão: como será feito?

Exemplos:

• formar equipe com 05 educadores responsáveis pela elaboração de curso de

formação de agentes comunitários, com ênfase nos temas de participação social e

educação ambiental;

• formar equipe interdisciplinar para elaboração de projeto arquitetônico para

habitação de interesse social – HIS, com soluções de eficiência energética e gestão do

uso da água.

A realização de detalhamento das atividades também é necessária para subsidiar a

definição da forma de execução do projeto, seja utilizando quadro próprio, seja por

meio da contratação de profissionais ou empresas.

Na elaboração do cronograma do seu projeto, deve-se definir o grau de

detalhamento necessário para o bom gerenciamento do projeto? Caso se decida por

definir todas as atividades necessárias, em nível muito detalhado, o cronograma pode

ficar completo, porém muito complexo e de difícil gerenciamento. Já se a opção for

por generalizar as atividades, pode-se gerar um cronograma vago e isto também pode

gerar dificuldade no gerenciamento do projeto.

Portanto, é importante definir o nível de detalhamento adequado das atividades do

projeto conforme a necessidade real de gerenciamento. Seguem abaixo alguns

exemplos:

CRONOGRAMA – OPÇÃO A (cronograma mais generalista)

ENTREGA: Projeto Básico

Page 31: Texto ead   modulo 3

31

Atividade: elaborar Projeto Básico.

Atividade: realizar análise, ajustes e aprovação do Projeto Básico.

Marco: Projeto Básico aprovado.

Ao diminuir o detalhamento das atividades, sugere-se fazer um maior

detalhamento dos critérios de qualidade do produto a que estas atividades estão

vinculadas, isto é, se decidir por utilizar atividades mais genéricas para o entregável

“Projeto Básico”, deve-se aumentar o cuidado na definição dos critérios de qualidade

para aceitação deste produto. Dessa maneira, trabalha-se com um cronograma menos

detalhado, porém com definição detalhada dos critérios de qualidade da entrega.

CRONOGRAMA – OPÇÃO B (cronograma mais detalhado)

ENTREGA: Projeto Básico

Atividade: explicitar aspectos técnicos e econômicos para a solução escolhida.

Atividade: definir soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente

detalhadas, de forma a minimizar a necessidade reformulação.

Atividade: definir tipos de serviços, materiais e equipamentos necessários.

Atividade: definir métodos construtivos, instalações provisórias e condições

organizacionais para a obra.

Atividade: elaborar as informações para montagem do plano de licitação e gestão

da obra.

Atividade: elaborar orçamento detalhado do custo global.

Atividade: realizar eventuais ajustes e aprovação do Projeto Básico.

Marco: Projeto Básico aprovado.

Em um cronograma detalhado, o gerente deverá acompanhar a elaboração do

projeto básico com a unidade responsável em nível bem mais detalhado. O gerente

deverá saber qual o percentual de execução de cada um dos aspectos do projeto

básico, ao passo que, na opção com um cronograma mais genérico, o gerente receberá

uma única avaliação geral do andamento da elaboração do projeto básico.

Page 32: Texto ead   modulo 3

32

Qual utilizar? A necessidade de gerenciamento do projeto responderá isso. Faça

sempre uma análise de custo e benefício, do esforço de monitoramento versus

necessidade de informação.

Outra sugestão para projetos urbanos é a inclusão do cronograma da obra ao

cronograma do projeto. Isto porque uma recomendação é incluir o cronograma da

obra no cronograma do seu projeto. Provavelmente, o gerente do projeto não é o

engenheiro responsável pela construção da obra. Logicamente, não é necessário

colocar no cronograma do projeto o cronograma detalhado da obra. Na condição de

gerente do projeto, o importante é monitorar a execução das fases da obra e não de

cada item da obra.

Simplificar o cronograma do projeto não significa simplificar o cronograma da obra,

tampouco o controle da qualidade. O cronograma do projeto pode ser simplificado

para facilitar o gerenciamento, mas o cronograma da obra deve ser detalhado e

completo.

Segue abaixo explanação acerca do cronograma físico da obra.

Cronograma Físico da Obra

É a disposição gráfica dos períodos em que as atividades serão desenvolvidas,

permitindo uma rápida visualização da sequência em que deverão acontecer,

objetivando atingir as metas estabelecidas. Os projetos com cronogramas bem

definidos preveem correções no decorrer do acompanhamento das atividades, que ,se

não forem realizadas, podem comprometer o restante do projeto.

Responde às perguntas: Quando? O que terá que ser feito para realizar X e Y?

Deve conter, no mínimo, as seguintes informações:

• especificação da atividade;

• prazos das atividades estabelecendo datas de início e término;

• estabelece % de atividade que será executada em cada período.

Uma atividade complexa deve ser subdividida em várias tarefas menores,

estimando quanto tempo será gasto para completá-la, quantidade de pessoas e

Page 33: Texto ead   modulo 3

33

quanto custará em termos de valores e homem/hora. Essa subdivisão pode ser feita

até que a atividade não mais suporte outra subdivisão.

Para estimar o número de pessoas e o tempo que cada uma delas levará para

realizar uma tarefa, no caso de uma obra, por exemplo, a experiência de projetos

semelhantes poderá ser utilizada como base ou, ainda, aquela adotada no mercado

(Sindicato da Indústria da Construção Civil – SINDUSCON ou do SINAPI), considerando,

ainda, todos os pressupostos (ausência de equipamentos na região) e variáveis

(período de chuvas), usando o tempo médio para a sua execução.

O resultado dessa estimativa permitirá ao planejamento preliminar quantas

pessoas, quais habilidades, insumos disponíveis e quais equipamentos serão

necessários para o projeto, bem como uma suposição razoável de quantas

horas/dias/semanas/meses levará para a conclusão das tarefas.

Após a definição das atividades, das respectivas tarefas, estimativa de recursos

humanos e técnicos, bem como o tempo necessário para execução, é o momento de

ser realizada a estimativa de custos do projeto. O insucesso de vários projetos pode ser

atribuído em função dessa etapa de compatibilização (serviços x tempo) ter sido

negligenciada ou totalmente subestimada.

O escopo deve ter um cronograma com as atividades necessárias para elaboração

dos projetos; obtenção de laudos, licenças e todos os documentos necessários;

formalização do contrato de repasse, autorizações de início de obra e demais etapas

relativas à execução de uma obra via contrato de repasse. Assim, como foi incluído o

cronograma resumido da execução da obra, recomenda-se, ainda, incluir as atividades

pós-conclusão da obra, tais como: prestação de contas final e atividades para efetiva

entrega da obra à sociedade. Por exemplo: habite-se, entrega da documentação aos

beneficiários finais, entre outros. E, no caso da prestação de contas final, o

levantamento e entrega de toda a documentação exigida na legislação.

Tendo incluído tanto aspectos da execução da intervenção urbana quanto fatores

pré e pós- execução da intervenção, o projeto urbano estará completo.

Page 34: Texto ead   modulo 3

34

Porém, quem conseguiria, ainda no início do projeto, colocar no escopo e no

cronograma todas as entregas, atividades, prazos e responsáveis para um projeto que

– provavelmente – durará anos para ser totalmente concluído?

Provavelmente ninguém.

Em um primeiro momento, as informações são incompletas e imperfeitas.

Provavelmente, no início, não há estudos preliminares e projeto básico.

Se logo no início as informações são escassas, como elaborar um cronograma?

Ao elaborar o primeiro escopo e cronograma, os prazos serão estimados. Ao longo

da execução do projeto, o gerente deve implementar os processos de monitoramento

e controle, em especial, o controle integrado de mudanças, com vistas a aprimorar o

projeto.

Conforme previamente dito, o primeiro cronograma foi elaborado com estimativas,

mas há previsão de entrega do projeto básico. Assim, tão logo ele seja entregue, faz-se

uma segunda rodada de planejamento do projeto com a revisão, por exemplo, do

escopo e do cronograma, refazendo as estimativas de prazos do primeiro cronograma.

Em seguida, a licitação é concluída e a empresa vencedora entrega o cronograma

final da obra. O que fazer? Incorporar o cronograma final da obra contratado no

projeto.

Ou seja, é muito comum promover mudanças no projeto conforme ele vai sendo

executado, pois vão surgindo novos fatos e informações mais detalhadas sobre cada

etapa do projeto.

No módulo anterior, foi apresentado um importante processo para permitir que

essas alterações sejam realizadas. O processo chamado Realizar o controle integrado

de mudanças: processo de revisar, aprovar e gerenciar as mudanças no projeto e

comunicar a decisão sobre os mesmos. Esse processo é muito importante, pois os

projetos, em sua maioria, precisam sofrer mudanças por diversos motivos.

Uma dica para melhorar esse primeiro momento de planejamento do projeto na

qual as informações são incompletas e imperfeitas é criar alguns modelos de projeto

no seu município, ou seja, criar projetos modelos para execução de intervenções

urbanas via contratos de repasse. Isso o ajudará muito. Grande parte do modelo é

aproveitável neste momento inicial. Na maioria das vezes, serão necessários pequenos

Page 35: Texto ead   modulo 3

35

ajustes no projeto modelo para o projeto real. Se a legislação exigir rotinas para as

licitações e a prefeitura tiver suas próprias rotinas administrativas para o

procedimento licitatório, a criação de um modelo de cronograma do processo

licitatório servirá como ótimo parâmetro para vários projetos.

Outro exemplo é a obtenção de licenças ambientais, alvarás, certidões, etc. Existe

uma rotina a ser seguida, logo, o mapeamento e a definição de um cronograma

modelo também poderá ser utilizada por vários projetos.

A criação desses modelos pode exigir um esforço inicial grande, porém esse esforço

mais intenso ocorrerá apenas uma única vez. Depois, cada projeto no seu município

poderá utilizar essas referências e fazer apenas uma revisão e adaptação ao caso

concreto, o que demanda um esforço menor.

Cabe alertar que a sugestão de criar modelos de cronogramas para projetos ou

etapas dos projetos não significa “copiar e colar” os modelos em todos os futuros

projetos indiscriminadamente. O que se criou foi um modelo, logo é necessário fazer a

análise e adaptação do modelo ao projeto real.

EXEMPLO

CRONOGRAMA DO PROJETO

Entregas, atividades e marcos

Pre

dec

esso

ra* LINHA DE BASE REALIZADO

Res

po

nsá

vel

início Tér-mino

Dura-ção

início Tér-mino

Dura-ção

* predecessora = atividades conectadas por relações de dependência (ver no módulo 2 o processo “sequenciar atividades” da área de conhecimento “tempo”)

Page 36: Texto ead   modulo 3

36

5. ÁREAS DE CONHECIMENTO: CUSTO

O gerenciamento de custos em um projeto pode ser dividido em 2 processos:

Estimar os Custos

Estimar os custos é prever a remuneração dos fatores de produção (mão de obra,

máquinas, instalações, materiais, capital e serviços) utilizados na preparação e

execução de um processo produtivo.

Determinar o Orçamento

Determinar o valor do orçamento de referência (linha de base) do projeto.

Para viabilizar que os projetos sejam bem elaborados e executados, a existência de

fontes de recursos que garantam fluxo financeiro em todas as etapas é fundamental;

por essa razão, faz-se necessária a identificação dos critérios e processos adotados

para a seleção das propostas pelos agentes concedentes, promotores e/ou

financiadores. As fontes de recursos variam quanto à escala, finalidade, formas de

concessão e, principalmente, quanto ao porte dos projetos a serem apoiados.

Os recursos financeiros atualmente disponíveis para este fim, elaboração e

execução de projetos, são diversos, podendo ser nacionais, internacionais,

governamentais, não governamentais, públicos e privados, com destaque para os

oferecidos por fundações empresariais.

No caso dos municípios, os formatos mais comuns para captação de recursos

financeiros para projetos são:

• recursos não retornáveis ou não onerosos: também conhecidos como “a fundo

perdido”, pois o recurso financeiro transferido do Orçamento Geral pela União, por

meio de órgão ou entidade concedente para a execução de um projeto específico, não

necessitará ser devolvido, mas sim integralmente aplicado no desenvolvimento das

atividades previstas no projeto. Será necessário que o município comprove a sua

utilização de acordo com o aprovado pelo agente concedente e faça aporte da

contrapartida. Quando os entes envolvidos nesse tipo de operação são de caráter

público, a formalização da relação é estabelecida por meio de convênio ou contrato de

repasse.

Page 37: Texto ead   modulo 3

37

• crédito, empréstimo ou recursos onerosos: nesse caso, o valor concedido deve

ser reembolsado ao agente concedente do financiamento, mediante condições

estabelecidas em contrato específico. Como se trata de uma operação de crédito,

frequentemente envolve a aplicação de juros pela utilização do capital disponibilizado.

Quando operada por entidades de fomento ao desenvolvimento, como o Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, pode-se contemplar uma

composição de recursos do tipo reembolsáveis e não reembolsáveis e, em qualquer

dos casos, a formalização é feita por meio de um contrato.

• emendas parlamentares: além das sistemáticas oferecidas pelos órgãos,

entidades e principalmente Ministérios, os municípios podem acessar recursos do

Orçamento Geral da União por meio de articulação junto aos Deputados Federais e

Senadores de sua região para que apoiem a inclusão de seus projetos naqueles que

serão contemplados com as emendas parlamentares. Considerando que cada

parlamentar pode apresentar até 25 emendas por mandato, é fundamental que os

gestores públicos fortaleçam sua articulação política, apresentando aos seus pares

projetos diferenciados, planejados e estruturados para atendimento às demandas

prioritárias e em plenas condições de serem executados, caso sejam selecionados.

Em projetos urbanos, esses valores são obtidos em momentos como: Estudos

preliminares, Anteprojeto, Projeto Básico e Projeto Executivo, por intermédio do

cronograma financeiro da obra e cronograma físico-financeiro da obra.

Cronograma Financeiro da Obra

Estimativa das despesas de custeio e capital, com a identificação das fontes de

recursos que dão suporte financeiro ao projeto. Apresenta o fluxo de desembolso dos

recursos previstos e a memória de cálculo das despesas de cada atividade a ser

desenvolvida.

Responde à questão: Com Quanto?

O cronograma financeiro deve complementar o cronograma físico com as seguintes

informações:

• especificação da atividade e seu respectivo desembolso a cada período;

Page 38: Texto ead   modulo 3

38

• prazo das atividades igual do cronograma físico;

• resumo do desembolso por período;

• valor de cada atividade;

• valor total do projeto.

Com base na estimativa de custos x tempo, o gestor terá condições de definir qual a

melhor fonte de recursos. Se próprios, não onerosos ou financeiros, serão mais

adequados para viabilizar o projeto. Observar-se-á, ainda, a possibilidade de

articulação com o legislativo para autorização dos gastos e, por fim, definir o valor de

aporte de contrapartida e demais previsões orçamentárias.

No caso dos projetos urbanos que, por sua natureza, muitas vezes já são aprovados

com datas de início e fim politicamente pré-definidas, sem, entretanto, contar com a

garantia de fluxo contínuo para a disponibilização de recursos, mas sim com a

possibilidade de suspensão dos recursos ao longo do período de execução, conforme

previamente ressaltado. Os cronogramas assumem papel primordial de apoio ao

gestor, devendo estabelecer uma programação realista de execução em conjunto com

os principais interessados, onde estejam previstas atividades menores e claramente

identificadas com os produtos finais.

Por isso, a programação utilizada para elaboração dos cronogramas deve conter a

lista de atividades relacionadas aos respectivos produtos, gerando uma base de

identificação para as equipes envolvidas e facilitando as reprogramações necessárias.

Como alertado anteriormente, é importante o estabelecimento de um fluxo de

comunicação para manter informados todos os envolvidos sobre o progresso e

modificações ocorridas.

Cronograma Físico-Financeiro: parte final da documentação técnica que permite ao

gestor e aos avaliadores a verificação da funcionalidade do projeto proposto.

Compatibiliza o planejamento da execução em proporção ao desembolso a ser

efetuado, orientando os responsáveis para a programação financeira, por isso, só deve

ser elaborado com o orçamento final concluído.

Page 39: Texto ead   modulo 3

39

6. ÁREAS DE CONHECIMENTO: QUALIDADE

Garante que o projeto irá satisfazer os objetivos para os quais foi realizado.

Por que as boas técnicas de projetos recomendam isso? A finalidade é garantir que

os produtos entregues cumpram os requisitos esperados. Em alguns projetos, o

gerente do projeto cria documentos como Acordo de Nível de Serviço (ANS) para

garantir que o produto só será entregue se cumpridos os requisitos constantes do ANS.

Por exemplo, digamos que o projeto já recebeu o entregável ‘Projeto Básico’ da

obra. Como você pode garantir que o produto entregue pode ser validado ou receber

o aceite? Defina os requisitos que o Projeto Básico deverá contemplar, como:

explicitar aspectos técnicos e econômicos para a solução escolhida;

definir soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas,

de forma a minimizar a necessidade de reformulação;

definir tipos de serviços, materiais e equipamentos necessários;

definir métodos construtivos, instalações provisórias e condições

organizacionais para a obra;

elaborar informações para montagem do plano de licitação e gestão da

obra;

elaborar orçamento detalhado do custo global.

O que deve ser feito na fase de monitoramento e controle se no planejamento já

foram definidos os critérios de qualidade do produto? Analisar se o projeto básico

atendeu aos requisitos de qualidade. Por esta razão, este processo se chama “validar o

escopo”, pois as entregas estarão sendo validadas.

7. ÁREAS DE CONHECIMENTO: RECURSOS HUMANOS (RH)

A definição clara das pessoas, unidades ou órgãos envolvidos no projeto urbano é

muito importante. A indefinição dos RH do projeto e das responsabilidades de cada um

Page 40: Texto ead   modulo 3

40

favorece a ocorrência de atrasos (tempo) ou não execução produtos do projeto

(escopo).

Esta indefinição impactará também na integração das diversas áreas de

conhecimento do projeto.

Dessa forma, é importante considerar a possibilidade de ter no projeto servidores

das áreas de licitação, engenharia, jurídica, meio ambiente, entre outros.

8. ÁREAS DE CONHECIMENTO: AQUISIÇÕES

Definir as diretrizes, procedimentos e documentações para gerenciar as aquisições.

Em projetos urbanos, esta área de conhecimento está intimamente ligada à

licitação.

Uma das formas de melhorar o gerenciamento das aquisições é incluir a licitação no

escopo do projeto, gerenciando assim a realização das etapas de uma licitação, como:

certificação orçamentária, parecer jurídico, elaboração do edital, recebimento de

propostas, classificação e homologação da licitação, adjudicação, assinatura do

contrato, garantia contratual e designação do gestor de contrato.

Quantos projetos urbanos não têm êxito em decorrência de fragilidades na fase da

licitação?

Em projetos urbanos, o procedimento licitatório é uma questão muito importante.

LICITAÇÃO

Segue abaixo um esquema acerca das grandes fases de um projeto que inclui uma

contratação.

Page 41: Texto ead   modulo 3

41

Por definição, licitação é o procedimento administrativo formal que permite ao

município convocar, mediante condições estabelecidas em ato próprio, seja por meio

de edital ou carta convite, as empresas, instituições ou profissionais interessados a

apresentarem propostas para fornecimento de bens e serviços.

De acordo com a Lei nº 8.666/93, que rege as normas sobre licitações e contratos

administrativos para obras, serviços, publicidade, compras, alienações e locações na

esfera federativa, a celebração de contratos com terceiros na Administração Pública

deve ser precedida de licitação, ressalvados os casos previstos de dispensa e

inexigibilidade.

Desta forma, a licitação tem o objetivo de garantir a observância dos princípios

constitucionais de legalidade, isonomia, impessoalidade, moralidade e publicidade,

permitindo ao município selecionar a proposta que lhe seja mais vantajosa, ao tempo

que assegura transparência ao processo, dando igual oportunidade a todos os

interessados e a participação de maior número possível de concorrentes.

Os procedimentos para realização da licitação devem seguir uma sequência lógica,

que tem início com o planejamento e definição do objeto e prossegue até a assinatura

do contrato ou a emissão de documento correspondente, se desenvolvendo em duas

fases distintas:

Fases da Licitação

Page 42: Texto ead   modulo 3

42

Interna ou Preparatória

Delimita e determina as condições do ato convocatório antes de ser dado

conhecimento público. Durante a fase interna, o município terá oportunidade de

corrigir falhas identificadas no procedimento, sem precisar anular atos praticados.

Exemplos: inobservância de dispositivos legais, estabelecimento de condições

restritivas a ampla participação e ausência de informações necessárias.

Integrando ainda a fase interna após a definição do objeto que se quer contratar, é

necessário que o município estime o valor total do serviço ou do bem por meio da

realização de pesquisa de mercado, verificando a sua compatibilidade com os recursos

orçamentários disponíveis para execução do projeto e a conformidade com a Lei de

Responsabilidade Fiscal - Lei Complementar nº 101/2000.

Externa ou Executória

Inicia-se com a publicação do edital ou entrega da carta convite e termina com a

contratação para fornecimento do bem, execução da obra ou prestação do serviço. Na

fase externa, ocorrida após a publicação do edital, as falhas ou irregularidades

constatadas dificilmente poderão ser corrigidas e, consequentemente, poderão levar à

anulação do processo licitatório.

Modalidade de Licitação

Destacam-se como modalidades de licitação:

• pregão: para aquisição de bens e serviços comuns, definidos como aqueles

cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo

edital por meio de especificações usuais no mercado. É regido pela Lei nº 10.520/2002

e não obedece a limites de valores, pois sua característica principal é dar agilidade ao

processo, por isso, somente após serem conhecidos os valores ofertados pelos

Page 43: Texto ead   modulo 3

43

participantes do pregão, é que será verificada a habilitação (atendimento às condições

financeiras, jurídicas e regularidade fiscal) da empresa selecionada.

• concurso: para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a

instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes

de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e

cinco) dias.

• leilão: para a venda de bens móveis inservíveis para a administração municipal

ou produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou, para a alienação de bens

imóveis recebidos pelo município por doação ou ação judicial, a quem oferecer o

maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

O valor apurado é o fator que permitirá a definição da modalidade de licitação mais

adequada, e, no caso de escolha das modalidades, concorrência, tomada de preços ou

convite, deverão ser observados os limites estabelecidos pela Lei nº 9.648/98:

Concorrência:

• obras e serviços de engenharia acima de R$ 1.500.000,00;

• compras e outros serviços acima de R$ 650.000,00.

Tomada de Preços:

• obras e serviços de engenharia acima de R$ 150.000,00 até R$ 1.500.000,00;

• compras e outros serviços acima de R$ 80.000,00 até R$ 650.000,00.

Convite:

• Obras e serviços de engenharia acima de R$ 15.000,00 até R$ 150.000,00.

• Compras e outros serviços acima de R$ 8.000,00 até R$ 80.000,00.

Dispensa de licitação:

• Obras e serviços de engenharia até R$ 30.000,00.

• Compras e outros serviços até R$ 16.000,00

Page 44: Texto ead   modulo 3

44

A Lei nº 8.666/93 não estabelece valor mínimo, no entanto, a licitação será

dispensável (não obrigatória), em função de baixo valor nos seguintes casos:

• Obras e serviços de engenharia no valor até R$ 15 mil

• Compras e outros serviços até o valor até R$ 8 mil, desde que, não se refiram a

parcelas de uma mesma obra ou serviço, compra ou alienação de maior vulto que

possam ser realizadas de uma só vez.

Esses valores dobram em se tratando de compras, obras e serviços contratados por

consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou

fundação que estejam qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas.

Dependendo da modalidade adotada, o processo licitatório apresentará maior ou

menor complexidade, devendo ser iniciado na forma prevista no art. 38 da Lei nº

8.666/93, apresentado a seguir:

Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de

processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e

numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de

seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão

juntados oportunamente:

I – edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso;

II – comprovante das publicações do edital resumido, na forma do art.

21 desta Lei, ou da entrega do convite;

III – ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro

administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite;

IV – original das propostas e dos documentos que as instruírem;

V – atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora;

VI – pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa

ou inexigibilidade;

VII – atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homologação;

VIII – recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e

respectivas manifestações e decisões;

Page 45: Texto ead   modulo 3

45

X – despacho de anulação ou de revogação da licitação, quando for o

caso, fundamentado circunstanciadamente;

X – termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme o caso;

XI – outros comprovantes de publicações;

XII – demais documentos relativos à licitação.

Tipos de Licitação

O tipo de licitação não deve ser confundido com modalidade de licitação e, segundo

o Tribunal de Contas da União – TCU, modalidade é procedimento e tipo é o critério de

julgamento utilizado pelo município para seleção da proposta mais vantajosa.

Os tipos de licitação mais utilizados para o julgamento das propostas são os

seguintes:

Menor Preço

É utilizado para compras e serviços de modo geral. Aplica-se, por exemplo, quando

a licitação é realizada na modalidade convite.

Melhor Técnica

Baseada em fatores de ordem técnica. É usado exclusivamente para serviços de

natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos,

cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral,

e, em particular, para elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e

executivos.

Técnica e Preço

É adotada com base na maior média ponderada, considerando-se as notas obtidas

nas propostas de preço e de técnica. É obrigatório nas modalidades: tomada de preços

e concorrência.

Page 46: Texto ead   modulo 3

46

Conforme definido nos incisos do art. 38, o processo licitatório tem início com a

divulgação do edital de seleção elaborado pela prefeitura, que deve conter as fases do

processo, as exigências a serem atendidas pelos participantes, os critérios para seleção

da proposta mais vantajosa.

Às vezes, baseada em exigência do programa (agente concedente) ou visando

facilitar o processo de seleção da empresa e posterior acompanhamento da execução,

o edital deve incluir um termo de referência – TR – que detalhe o serviço a ser

realizado, as especificações dos materiais a serem utilizados, os produtos, os

respectivos prazos de entregas e uma minuta do contrato que será celebrado.

O nível de detalhamento do edital de seleção ou do TR dependerá da natureza do

bem a ser adquirido, do serviço a ser contratado e do tipo da licitação adotado.

Divulgação do Processo Licitatório

A forma e o prazo para divulgação do edital de seleção pelo município estão

definidos no Art. 21 da Lei nº 8.666/93. Normalmente, dar-se-á por meio de publicação

em Diários Oficiais, mas, dependo da modalidade, a publicidade do processo pode ser

publicada em jornais de grande circulação ou até por afixação no quadro de

aviso/mural na sede da prefeitura ou na secretaria licitante.

Se a fonte de recursos for o OGU, o aviso de licitação terá que ser publicado no

Diário Oficial da União - DOU; se os recursos forem do Governo Estadual, a publicação

deverá ser feita no Diário Oficial do Estado, e, se os recursos forem próprios, a

publicação será feita no Diário do Município ou, se este não dispuser, deverá publicar

no Diário do seu respectivo Estado.

Para licitações nas modalidades tomada de preço, concorrência e pregão, deverá

ser publicado nos diários oficiais um resumo dos bens a serem adquiridos, ou dos

serviços ou obras a serem executados.

Caso a modalidade adotada seja o pregão eletrônico, além da publicação no DOU, a

licitação deverá ser publicada na internet. Para a modalidade carta- convite, basta que

Page 47: Texto ead   modulo 3

47

o edital seja afixado no quadro de aviso ou mural da secretaria responsável pelo

procedimento.

No edital, deve estar previsto o prazo para apresentação das propostas que nas

modalidades tomada de preço e concorrência, normalmente, são respectivamente de

15 e 30 dias corridos. No caso do pregão, o prazo é de nove dias úteis e para carta

convite, o prazo é de cinco dias úteis.

Nos casos que envolverem recursos do Orçamento Geral da União, o processo

licitatório deverá ser registrado no SICONV, quando deverá ser anexada ao sistema a

documentação digitalizada , informando o preço estimado para a execução dos

serviços, as propostas ofertadas por cada participante da licitação com os seus

respectivos CNPJs, o termo de homologação e adjudicação do processo licitatório, o

Extrato do Contrato - CTEF e ,posteriormente, seus respectivos aditivos.

Quando o objeto da contratação envolver obras e serviços de engenharia, a busca

pela elaboração de um Plano de Trabalho conciso e coerente com as atividades

propostas será fundamental para garantir a execução e conclusão das obras. Para isso,

a planilha orçamentária e o cronograma físico-financeiro devem ser compatíveis com o

projeto básico, de forma a refletir o andamento e a realidade da obra ou do serviço

proposto.

Em linhas gerais, no cronograma físico-financeiro, devem estar definidos e

atualizados:

• os limites para pagamento de instalação e mobilização para execução das obras

ou prestação dos serviços previstos;

• as datas de início de execução, de conclusão e de entrega de cada etapa,

parcela, tarefa, produto ou período concluído com os seus respectivos valores.

A elaboração de um Termo de Referência possibilitará ao gestor público ou

responsável pelo projeto o acompanhamento e monitoramento das atividades,

permitindo que seja verificada a compatibilidade da execução contratual ao longo do

prazo estipulado para seu término, bem como facilitará a supervisão, programação ou

reprogramação dos pagamentos aos fornecedores/mão-de-obra com base nas

medições realizadas. A definição e o detalhamento das especificações técnicas pelo TR

Page 48: Texto ead   modulo 3

48

é a forma mais eficiente para qualificar as propostas a serem apresentadas pelas

empresas participantes.

9. ÁREAS DE CONHECIMENTO: RISCOS

Identificar os riscos: liste os riscos de seu projeto

Análise qualitativa: analise as prováveis causas e consequências do risco

Análise quantitativa: analise o impacto financeiro da ocorrência do risco. Uma

técnica consagrada é a técnica de Monte Carlo1.

Resposta: o que fazer se um determinado risco aumentar?

E como se mede o risco? Como mensurar se o risco está aumentado?

Avalie o impacto do risco no projeto: 0 a 1

Avalie a probabilidade do risco acontecer: 0% a 100%

Escala:

EXEMPLO

RISCO CONSEQUÊNCIA NÍVEL RESPOSTA

Atraso na licitação Atrasar início da obra alto Melhorar controle do cronograma e comunicação com as partes envolvidas

Reprogramações da obra

Atrasar conclusão da obra

médio Licitar com projeto executivo

1 Em projetos, a técnica de Monte Carlo é utilizada para calcular o risco quantitativo do cronograma e

custos. Resumidamente, o método permite calcular os impactos financeiros no projeto com base em

probabilidades. Uma conceituação mais técnica é a seguinte: Designa-se por método de Monte Carlo

(MMC) qualquer método de uma classe de métodos estatísticos que se baseiam em amostragens

aleatórias massivas para obter resultados numéricos. Isto é, repetindo sucessivas simulações um elevado

número de vezes, para calcular probabilidades heuristicamente, tal como se, de facto, se registassem os

resultados reais em jogos de casino (daí o nome). (WIKIPÉDIA).

Em alguns órgãos, a técnica vem sendo utilizada para quantificação dos riscos nos contratos

enquadrados no Regime Diferenciado de Contratações – RDC.

Page 49: Texto ead   modulo 3

49

Ritmo lento na obra Atrasar conclusão da obra

baixo Aumentar controle na execução da obra e na gestão do contrato

10. ÁREAS DE CONHECIMENTO: COMUNICAÇÃO “O quê, como, quando e para quem devo comunicar as ações e resultados

do projeto. E mais, quais as informações devem ser armazenadas ou

descartadas, como organizar e recuperá-las.”

Ter clareza do processo de comunicação é importante para garantir que todas as

partes envolvidas estejam cientes das atividades a serem realizadas, ou seja, por quem

e quando.

Projetos urbanos são complexos, em grande

parte, pelo envolvimento de diversos atores em

diferentes órgãos, conforme exposto no início

deste curso (imagem ao lado).

Nesse contexto, a comunicação e o papel do

gerente de projeto tornam-se vital para garantir o engajamento das partes envolvidas

e evitar ocorrência de surgimento de informações não produtivas para o projeto ou

mesmo a ausência de informação.

Segue abaixo um exemplo de mapa de comunicação:

MAPA DAS COMUNICAÇÕES

O quê Periodicidade

(quando) Como Arquivar em

Respon-

sável Destinatário

Situação do

projeto Mensal Relatório Setor x Setor x Secretário de ...

...

Page 50: Texto ead   modulo 3

50

11. ÁREAS DE CONHECIMENTO: PARTES INTERESSADAS “Essa é a variável que cuida da identificação das pessoas ou grupos que

podem impactar ou serem atingidos pelo projeto. Além disto, é preciso

analisar as expectativas das partes interessadas e seu impacto no projeto,

bem como garantir o engajamento eficaz das partes interessadas nas

decisões e execução do projeto.”

Quem são, normalmente, as partes interessadas em um projeto urbano?

Prefeito.

Secretário responsável pela política objeto do projeto urbano.

Diretores responsáveis pela política objeto do projeto urbano.

Equipe do projeto (servidores envolvidos no projeto urbano).

População beneficiada com a intervenção urbana.

Órgão concedente (Ministério das Cidades).

Mandatária (agente financeiro operador do programa – CAIXA).

Uma boa ideia não é o suficiente para tornar uma proposta em um bom projeto e

garantir seu êxito. Planejar uma cidade deve ser um ato coletivo. É fundamental que

haja identificação, engajamento e motivação por parte dos envolvidos, principalmente

pelos ocupantes de cargos decisórios para que o projeto tenha o apoio institucional

necessário à sua realização.

Ainda na fase de concepção, é fundamental a identificação daqueles (pessoas,

grupos ou organizações) que tenham interesse ou envolvimento direto no resultado do

projeto, as “partes interessadas” ou envolvidos, também chamados de stakeholders,

como, por exemplo, concessionárias de serviço público, as diversas secretarias

municipais, cartórios, legislativo, judiciário, organizações executora e financiadora,

população beneficiária ou afetada pelo projeto.

Considerando a sua importância, pois são esses interessados (os stakeholders) que

atribuirão sucesso ou fracasso ao projeto, apresentamos três questões que ajudarão

na sua identificação:

Page 51: Texto ead   modulo 3

51

• Que funções ou pessoas seriam afetadas pelas atividades ou pelos resultados

do projeto?

• Quem contribui direta ou indiretamente com recursos (pessoas, espaço,

tempo, materiais, tecnologia, ferramentas ou financeiro) para o projeto?

• Quem é responsável pela aprovação do projeto?

Após a identificação dos stakeholders, é necessária a definição dos papéis de cada

um, tanto para que o gestor saiba com que apoio (externo e interno) poderá contar,

quanto para evitar que pressões momentâneas possam alterar o concebido

originalmente, trazendo distorções no escopo e objetivo do projeto.

A existência de um fluxo permanente de comunicação é o meio mais eficaz para

esclarecer os motivos de realização do projeto, construir o seu escopo, evitar

duplicação de esforços e definir quem será o responsável (dono) do projeto. Esta

definição pode ser considerada como fundamental para o seu êxito, por expressar uma

diferença importante do papel do dono em relação aos demais interessados.

RELAÇÃO DAS PARTES INTERESSADAS

ID Nome Cargo Telefone /

E-mail Envolvimento

1

2

3

4

12. COMENTÁRIOS FINAIS

A ação de planejar e gerir projetos urbanos, além de permitir a adoção de soluções

integradas e articuladas com as políticas públicas setoriais que busquem a captação de

recursos e investimentos com os demais órgãos não apenas da esfera municipal, mas

também dos governos estadual e federal. Ela também agrega responsabilidade pelo

ordenamento do crescimento do município, principalmente por atrair a parceria do

Page 52: Texto ead   modulo 3

52

setor privado, podendo maximizar os benefícios pretendidos ao promover o

crescimento sustentável de todo o município.

Por fim, recomenda-se, no próximo módulo, incentivar e privilegiar a participação

social incluindo os setores acadêmicos, público e privado em todas as fases do projeto.

Essa iniciativa permitirá que o entendimento, envolvimento e, consequentemente,

apropriação dos seus objetivos por toda população, facilitando não apenas a sua

execução, mas, principalmente, o alcance dos resultados esperados.

No próximo módulo, iremos refletir sobre os principais elementos a observar nos

manuais de acesso aos recursos, o que poderá otimizar a sua captação para a

implementação de projetos urbanos adequados aos municípios.