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FELIPE IWAMOTO RAFAEL AUGUSTO POSARI JULIANO ANÁLISE DA BIOENERGIA DA RAA ATRAVÉS DO PIR Estudo de Caso: Levantamento de Usinas para Integração de Recursos na Região Administrativa de Araçatuba Projeto de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no âmbito do Curso de Engenharia Ambiental. São Paulo 2009

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FELIPE IWAMOTO RAFAEL AUGUSTO POSARI JULIANO

ANÁLISE DA BIOENERGIA DA RAA ATRAVÉS DO PIR

Estudo de Caso: Levantamento de Usinas para Integração de Recursos na Região Administrativa de Araçatuba

Projeto de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no âmbito do Curso de Engenharia Ambiental.

São Paulo 2009

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FELIPE IWAMOTO RAFAEL AUGUSTO POSARI JULIANO

ANÁLISE DA BIOENERGIA DA RAA ATRAVÉS DO PIR

Estudo de Caso: Levantamento de Usinas para Integração de Recursos na Região Administrativa de Araçatuba

Projeto de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no âmbito do Curso de Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Miguel Edgar Morales Udaeta

São Paulo 2009

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“(…)

Emancipate yourselves from mental slavery,

None but ourselves can free our minds

Have no fear for atomic energy,

'Cause none of them can stop the time

How long shall they kill our prophets,

While we stand aside and look

Oh! Some say it's just a part of it:

We've got to fulfill the book

(...)”

Bob Marley,1980

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“The world is like a ride in an amusement park. And when you choose to go on it

you think it's real because that's how powerful our minds are. And the ride goes up and

down and round and round. It has thrills and chills and it's very brightly colored and it's

very loud and it's fun, for a while. Some people have been on the ride for a long time

and they begin to question: "Is this real, or is this just a ride?” And other people have

remembered, and they come back to us, they say: "Hey, don't worry, don't be afraid,

ever, because this is just a ride.”... and we kill those people.

"Shut him up. We have a lot invested in this ride. Shut him up. Look at my furrows

of worry. Look at my big bank account and my family. This just has to be real." It's just a

ride. But we always kill those good guys who try and tell us that, you ever notice that?

And let the demons run amok. But it doesn't matter, because it's just a ride. And we can

change it anytime we want. It's only a choice. No effort, no work, no job, no savings and

money. A choice, right now, between fear and love. The eyes of fear want you to put

bigger locks on your doors, buy guns, close yourself off. The eyes of love instead see all

of us as ONE.

Here's what we can do to change the world, right now, to a better ride. Take all

that money we spend on weapons and defense each year, and instead spend it feeding,

clothing and educating the poor of the world, which it would many times over, not one

human being excluded, and we can explore space together, both inner and outer,

forever, in peace.

Bill Hicks

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V

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Miguel Edgar Morales Udaeta, pela confiança e apoio que nunca

me foram negados nesses dois anos trabalho.

Ao amigo Felipe Iwamoto, pela honra de podermos trabalhar juntos.

Ao meu pai, Antonio Juliano, pelo seu entusiasmo contagiante, e à minha mãe,

Helena Possari, pelo seu suporte irrestrito.

Aos pesquisadores do PIR, com os quais compartilhei idéias e experiências e

que muito colaboraram para o desenvolvimento deste projeto, entre eles: Ricardo

Lacerda Baitelo, Mario Biague, Jonathas Bernal, Paulo Kanayama, Decio Cicone Junior,

Alexandre Reinnig, Paulo Carneiro, Rodrigo Carneiro, Pascoal Rigolin, Martim Debs

Galvão, Isabel Sado, Thiago Hiroshi Oliveira, Tonico Reis e Felipe Coelho.

À FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – pelo

apoio através do programa de pesquisa em políticas públicas, onde está o projeto

“Novos Instrumentos de Planejamento Energético Regional Visando o Desenvolvimento

Sustentável”.

Ao IEE - Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo – por

apoiar as atividades do PIR Araçatuba.

À ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – pelo

apoio através do seu Programa de Recursos Humanos (PRH-ANP/04).

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VI

À minha família, sempre presente nas minhas decisões e dando todo o suporte

necessário para atingir meus objetivos.

Faço das palavras do amigo Rafael, as minhas, muito grato pela oportunidade de

trabalhar conjuntamente com essa pessoa tão compromissada e com este grupo de

trabalho tão acolhedor.

Aos amigos que por algum motivo não foram citados nesta seção, mas também

fizeram parte da idealização deste trabalho.

A todos que possam de alguma forma, dar continuidade aos trabalhos aqui

desenvolvidos ou que possam ser beneficiados pelos propósitos deste estudo.

Por fim, a uma figura peculiar, que apesar do pouco contato, apresenta-se como

ícone importante na minha formação, como exemplo de coragem e perseverança com

relação às causas ambientais e aos seus trabalhos, muitas vezes desacreditados. Ao

senhor Takeshi Imai, “o homem que faz chover”.

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VII

RESUMO

O trabalho desenvolvido visou analisar a expansão da Bionergia no noroeste

paulista, mais especificamente a RAA – Região Administrativa de Araçatuba, com

emprego da metodologia PIR – Planejamento Integrado de Recursos.

A avaliação consiste no levantamento das diferentes práticas adotadas na

produção Bioenergia como RE - Recursos Energéticos. Os RE analisados são:

Bioeletricidade e Bioetanol.

Conforme prevê a metodologia de Valoração, avaliou-se os RE nas quatro

dimensões características do PIR: Ambiental; Política; Social; e Técnico-econômica,

com o objetivo de confeccionar projeções e cenários futuros. Tal procedimento permite

suscitar hipóteses sobre ameaças à qualidade ambiental e de vida regional. Em um

parecer mais otimista, levantar focos de atuação para o setor.

Durante o trabalho, os principais tópicos levantados foram: a velocidade de

expansão da cultura da cana-de-açúcar, a mecanização, com o pretendido fim das

práticas de colheita manual e, por fim, o seu rendimento agrícola. Nesse âmbito, grande

parte do trabalho visou avaliar os impactos das queimadas e as benesses de sua

erradicação. No entanto, para que o processo de mecanização não gere impactos além

da biocapacidade regional (por exemplo: a qualificação e a quantidade de empregos

regionais, a qualidade do ar e das águas, entre outros), existem limitantes,

considerados focos deste estudo.

Alguns estudos recentes classificam esses limites como limites da terra, também

definidos como biocapacidade ou fronteiras planetárias, para expansão das atividade

antrópicas. Na metodologia PIR, a nomenclatura utilizada é o Mapeamento Ambiental,

que tem como definição: estabelecer restrições às projeções confeccionadas.

Dessa forma, considerou-se então, em termos de sustentabilidade, os

indicadores que melhor expressassem condições de qualidade e necessidades

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VIII

regionais. Com esta seleção de indicadores, com emprego de análise estatísticas e com

auxílio de softwares de cálculo matricial, foi possível construir uma avaliação dos

possíveis efeitos futuros da expansão do setor sucroalcooleiro na RAA, permitindo uma

análise de sustentabilidade da geração renovável de Bioenergia.

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IX

ABSTRACT

The present research aims to evaluate Bioenergy expansion in Araçatuba

Administrative Region – AAR – (in northwestern Sao Paulo), using the Integrated

Resource Planning – IRP – methodology.

The evaluation focus on ER - Energetic Resources (Bioenergy), production

methods. The ER analyzed are Bioenergy and Bioethanol. As the Complete Valuation

Methodology predicts, the ER are evaluated in the four characteristic dimensions:

Environmental; Politics; Social; and Techno-Economic. And also, it was focused on the

development of projections and future scenarios. This procedure allows building

hypotheses about both environmental quality and regional life threats. In an optimistic

view, it is possible to build performance focus to be studied by the sector.

Throughout this paper, the main subjects raised are: the expansion rate of sugar

cane production; harvest mechanization, the ban of manual labor on harvest and, in the

end, agriculture productivity. In this extent, the study has concluded that there are limits

for not generating negative impacts on the selected indicators (i.e.: air and water quality,

working specialization and so on).

Some recent researches classify these limits as Earth Limits, or Biocapacity or

Planetary Boundaries, for human activities. In the IRP methodology, this is called

Environmental Mapping, and its definition is establishing restrictions to the proposed

projections.

In conclusion, in the terms of sustainability, some indicators were considered the

best characterization of the regional quality and regional need. With those, using

statistical methods and matrix calculus software, it was possible to build an evaluation of

the possible future effects of Bioenergy sector expansion at AAR, allowing the analysis

of the Bioenergy renewable generation sustainability.

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X

SUMÁRIO

SUMÁRIO......................................................................................................................... X

LISTA DE TABELAS........................................................................................................ XII

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... XIII

LISTA DE GRÁFICOS.....................................................................................................XIV

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS..............................................................................XV

1. Prelúdio .......................................................................................................................16

2. Objetivos......................................................................................................................21

2.1 Objetivo Geral .....................................................................................................21

2.2 Objetivos Específicos...........................................................................................21

3. Justificativa e Metodologia .............................................................................................22

3.1 Justificativa .........................................................................................................22

3.2 Metodologia ........................................................................................................24

4. Revisão Bibliográfica ..................................................................................................25

4.1 Mudanças Climáticas Globais ...............................................................................25

4.2 Aspectos Gerais de Etanol ...................................................................................27

4.2.1 Produção agrícola da cana-de-açúcar.............................................................27

4.2.2 Processamento da cana-de-açúcar.................................................................28

4.2.3 Aspectos sociais da produção de etanol..........................................................29

4.3 PIR – Planejamento Integrado de Recursos Energéticos.........................................30

4.3.1 O PIR na visão destes pesquisadores.............................................................30

4.3.2 Aspectos Regionais.......................................................................................31

4.4 Valoração Completa do Etanol..............................................................................32

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XI

4.4.1 Avaliação dos Custos Completos....................................................................33

4.5 Mapeamento Ambiental da RAA ...........................................................................34

4.5.1 Meio Antropogênico ......................................................................................38

4.5.2 Meio Aéreo...................................................................................................41

4.5.3 Meio Aquático...............................................................................................43

4.5.4 Meio Terrestre ..............................................................................................46

4.5.5 Confecção de Indicadores..............................................................................47

5. Estudo de Caso ............................................................................................................49

5.1 Estudo de Caso...................................................................................................49

5.2 Metodologia ........................................................................................................49

5.3 Valoração – Apresentação de Resultados..............................................................50

5.3.1 Dimensão Ambiental .....................................................................................53

5.3.2 Dimensão Social ...........................................................................................58

5.3.3 Dimensão Técnico-Econômica .......................................................................62

5.3.4 Dimensão Política .........................................................................................63

5.3.5 Diagnóstico da Valoração e apresentação de tendências .................................63

5.4 Mapeamento Ambiental – Apresentação de Resultados..........................................64

5.4.1 Diagnóstico ambiental e seleção de indicadores ..............................................64

5.4.2 Meio Aéreo...................................................................................................64

5.4.3 Meio Aquático...............................................................................................66

5.4.4 Meio Terrestre ..............................................................................................67

5.5 Integração de Recursos (IR) – Apresentação de Resultados ...................................69

5.5.1 Procedimento para confecção de projeções ....................................................70

5.5.2 Confecção de Cenário Tendencial ..................................................................70

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XII

5.5.3 Taxa de expansão.........................................................................................72

5.5.4 Rendimento ..................................................................................................74

5.5.5 Mecanização ................................................................................................76

5.5.6 Meio Antrópico..............................................................................................77

5.5.7 Meio Aéreo...................................................................................................78

5.5.8 Meio Aquático...............................................................................................79

5.5.9 Meio Terrestre ..............................................................................................80

5.5.10 Grau de incerteza..........................................................................................81

5.6 Análise Crítica e Conclusões ................................................................................81

5.6.1 Análise de sensibilidade ................................................................................82

5.6.2 Confecção de cenários ..................................................................................96

5.6.3 Conclusões e recomendações........................................................................98

6. Referências Bibliográficas............................................................................................101

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Potencial de aquecimento global em relação ao CO2 ............................................43

Tabela 2 - Principais Informações das Usinas em Análise ....................................................52

Tabela 3 - Emissão de Gases do Efeito Estufa ....................................................................54

Tabela 4 - Emissão de Poluentes Atmosféricos ...................................................................54

Tabela 5 - Emissão de Poluentes Atmosféricos ...................................................................54

Tabela 6 - Demanda de Água ............................................................................................56

Tabela 7 - Produção de cana-de-açúcar por hectare............................................................57

Tabela 8 - Produção de Resíduos Sólidos...........................................................................58

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XIII

Tabela 9 - Recursos Humanos...........................................................................................59

Tabela 10 - Recursos Humanos - Valores Médios Encontrados ............................................59

Tabela 11 - Qualidade do ar em Araçatuba .........................................................................65

Tabela 12 - Tabela resultados de cenários de geração de energia ........................................85

Tabela 13 - Restrições do modelo e taxa de expansão.........................................................86

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Planetary Boundaries ........................................................................................17

Figura 2 – Projeções de produção de Etanol .......................................................................21

Figura 3 - Correlação entre uso do solo e o ocorrência de queimadas ...................................61

Figura 4 - Incidência de problemas respiratórios ..................................................................61

Figura 5 - Disponibilidade de águas superficiais e vulnerabilidade de águas subterrâneas ......66

Figura 6 - Unidades de Proteção Integral ............................................................................67

Figura 7 - Susceptibilidade a erosão...................................................................................68

Figura 8 - Zoneamento Agroambiental da RAA....................................................................73

Figura 9 - Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista ...................................76

Figura 10 - Fluxograma das variáveis do Modelo de Projeção...............................................83

Figura 11 - Correlação da contagem de manchas solares e radiação solar ............................89

Figura 12 - Projeção do ciclo de manchas solares ...............................................................89

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XIV

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Cronograma de Redução da queima - Decreto Federal 2.661 e Lei Estadual 11.241.......................................................................................................................................28

Gráfico 2 - Taxa de expansão da cana de açúcar na RAA ....................................................73

Gráfico 3 - Projeção da Área Plantada................................................................................74

Gráfico 4: Rendimento médio da RAA ................................................................................75

Gráfico 5: Inferências para cana moída...............................................................................75

Gráfico 6 - Projeção da geração de empregos pela Indústria Sucroalcooleira.........................77

Gráfico 7 - Projeção do Total de Empregos diretos na Indústria Sucroalcoleira.......................77

Gráfico 8 – Projeção da Emissão de Poluentes ...................................................................78

Gráfico 9 - Projeção das emissões de GEE 1 ......................................................................78

Gráfico 10 - Projeção das emissões de GEE 2 ....................................................................79

Gráfico 11 – Estimativas para demanda de água .................................................................79

Gráfico 12 - Projeção da Geração de Resíduos ...................................................................80

Gráfico 13 - Cenários para o rendimento agrícola ................................................................84

Gráfico 14 - Cenários para taxa de expansão......................................................................86

Gráfico 15 - Cenários para área queimada..........................................................................87

Gráfico 16 - Cenários da emissão de poluentes com a mecanização.....................................88

Gráfico 17 - Cenários das emissões de GEE e mecanização 1 .............................................90

Gráfico 18 - Cenários das emissões de GEE e mecanização 2 .............................................90

Gráfico 19 - Cenário de demanda de água..........................................................................91

Gráfico 20 - Cenários da qualificação do trabalhador ...........................................................92

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XV

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACC CETESB CPTEC CH4 CO, CO2 En/In EPA GEE HC’s, VOC INPE IBGE IPCC MapAmb MMA MCG MP10 NO, NO2 O3 OMS PAH PIR PNMC PP RAA RE RELO RELD SEADE SDO’s SJRP SMA-SP SO2

Avaliação dos Custos Completos Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos Metano Óxidos de Carbono (monóxido de carbono, dióxido de carbono) Envolvidos\Interessados Environmental Protection Agency –

Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos Gases de efeito estufa Hidrocarbonetos não-metânicos, compostos orgânicos voláteis Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Instituto Brasileiro de Geografia Estatística Intergovernmental Panel on Clima Change - (Painel Intergovernamental sobre Mudaças Climáticas) Mapeamento Ambiental Ministério do Meio Ambiente Mudanças Climáticas Globais Partículas Inaláveis (Material Particulado menor que 10 µm de diâmetro) Óxidos de Nitrogênio Ozônio Organização Mundial de Saúde Procedimento de Análise Hierárquica Planejamento Integrado de Recursos Plano Nacional sobre Mudança do Clima Presidente Prudente Região Administrativa de Araç1`atuba Recurso Energético Recurso Energético pelo Lado da Oferta Recurso Energético pelo Lado da Demanda Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados Substância destruidoras de ozônio São José do Rio Preto Secretaria do Meio Ambiente do Governo de São Paulo Dióxido de Enxofre

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16

1. Prelúdio

Em face às novas perspectivas sobre o futuro, propiciadas pelos atuais estudos

sobre o clima, o homo sapiens tem um novo desafio: encontrar meios de se garantir a

manutenção de suas organizações sociais, de forma a conciliar seu desenvolvimento

com a capacidade do meio em que vive. Isso demandaria uma previsão das alterações

do meio, além de um processo de adaptação em conformidade com as realidades

locais. Deveras fácil ao homem com macrocéfalo superdesenvolvido, no entanto, não é

o que parece, quando observamos a atual situação de transformação do nosso planeta.

Segundo a hipótese Gaia proposta por Lovelock, propõe-se a idéia da unicidade

de um organismo vivo, das proporções do planeta terra. Idéia que parece muito

folclórica aos ouvidos de alguns cientistas e, demasiadamente fora do alcance das

pretensões da Ciência. No entanto, um estado atestado de crescente aumento das

temperaturas médias globais, concomitantes com episódios naturais, cada vez mais

freqüentes, demonstra a incapacidade do homem em prever fenômenos extremos e

planejar a transformação do meio, de forma a garantir sua existência frente a esses

episódios.

Contextualizado em uma crescente preocupação com o “futuro” e pregando o

desapego com hipóteses não validadas, urge que o método científico seja

categoricamente apregoado neste trabalho. Assim, entende-se a necessidade pungente

de planejamento, frente às diversas inquietações a respeito do futuro.

Nesse âmbito de indagações, encontra-se no léxico comum o termo

Sustentabilidade, na recorrência das publicações, sejam elas científicas, informativas ou

desprezáveis, que busca na terminologia a simplicidade de significado: sustento.

Sustento das organizações sociais tais quais as conhecemos? Sustento da vida como

vida ou vida humana? Sustento dos ricos ou dos pobres? Sustento oriental ou

ocidental? Sustentável? Ainda que as classificações conseguissem gerar um propósito

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comum entre as pessoas viventes, ainda distar-se-ia muito de um senso comum de

coexistência.

Em virtude de tantos questionamentos, trabalham-se aqui estudos que convirjam

para idéias mais “sadias” sobre a sobrevivência das gerações e seus processos

produtivos

Introdução

Recentes estudos divulgados na Revista Nature (Rockström, et. al., 2009),

avaliam a forçante antrópica de transformação do meio e tentam traçar limites para

estas intervenções, de modo que, se ultrapassados, podem gerar conseqüências

irreversíveis para a humanidade. Dentre os setores mais impactados pelo vetor de

atividade antropogênica, considerados na análise, afirma-se que em três deles, já

podem estar transgredidas as intituladas fronteiras planetárias, como pode ser

observado na Figura 1.

Fonte: Rockström, et. al. (2009) Figura 1 – Planetary Boundaries

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No mesmo sentido, o estudo aqui proposto, teve o intuito de traçar limites

regionais, também intitulados como biocapacidade, para a expansão do Recurso

Energético estudado, no caso, a cana-de-açúcar para produção de Bioenergia.

Através das três hipóteses suscitadas no trabalho de cooperação internacional e

com a observação dos dados levantados na região foco de estudo PIR (2009), pode-se

afirmar que os mesmos setores configuram-se em estado de grande intervenção

antrópica.

Dessa forma, também inserido no contexto de Mudanças Climáticas Globais -

MCG, o presente trabalho trata alguns focos relativos à questão, muito discutida

atualmente, devido às incertezas dos impactos ambientais gerados por esse intenso

aquecimento global, observado nas últimas quatro décadas. O primeiro ponto é a

produção de energia, uma das quatro principais atividades antropogênicas geradoras

de carbono e, dentro do aspecto regional, entende-se que a contribuição do etanol

brasileiro no cenário global, como ferramenta de mitigação do aquecimento, demonstra-

se com peça chave nas negociações sobre o clima.

Ainda nesse contexto, podemos levantar as emissões de poluentes atmosféricos

(a exemplo do NOx) previstos na Legislação e precursores de ozônio troposférico, que

em um horizonte de aumento da radiação solar, podem configurar estados de

insalubridade ambiental na região.

Por fim, a preservação da biodiversidade em relação à expansão da monocultura

sucroalcooleira, como ameaça ao patrimônio natural, já intensamente devastado na

RAA.

Uso de energias renováveis

São conhecidos os benefícios do uso de energia renovável em face dos

problemas das mudanças do clima. Os combustíveis renováveis aumentam a

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diversidade e segurança de oferta da matriz energética e reduzem as emissões dos

gases do efeito estufa. Entretanto, a grande dificuldade para que as novas tecnologias

dos recursos energéticos renováveis se consolidem no mercado é devido à competição

com o mercado e infra-estrutura já consolidada dos recursos convencionais, em

particular dos combustíveis fósseis. Um grande mercado é necessário para que se

consiga diminuir os custos de produção e torná-la assim, a alternativa viável. Para

reverter esses obstáculos, é necessária a implementação de políticas públicas que

incentivem o uso e produção de energias renováveis.

Segundo COELHO (2007), “O etanol é a base do Programa do Álcool Brasileiro e

do Programa do Biodiesel (considerando que o mesmo seja produzido a partir de

etanol), que atualmente são os grandes atores da política brasileira de combustíveis

sustentáveis.” Ele é utilizado como combustível desde a instituição do Programa

Nacional do Álcool – Proálcool, por meio da Lei Federal n° 76.593, garantido assim

grande aporte de investimento em pesquisa e desenvolvimento no setor. Inicialmente o

programa teve como objetivo de reduzir a dependência da importação do petróleo e

como substituto de chumbo como aditivo antidetonante na gasolina.

Como pode ser constatado, o etanol brasileiro passou de uma promessa da

biomassa renovável para uma realidade de mercado. Com o advento dos carros de

combustível flexível e com a adição de etanol na composição da gasolina, o etanol

passou a representativo recurso energético na matriz brasileira. Entretanto, para que a

substituição dos recursos de fonte fóssil por fontes renováveis seja feita de maneira

sustentável, é importante uma análise do processo produtivo destes. Apesar dos

benefícios dos biocombustíveis, a cadeia produtiva destes ainda depende de

combustíveis de fonte fóssil e a sua produção não está livre de emissões de gases do

efeito estufa e de tantos outros poluentes.

Perspectivas de longo prazo

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Segundo dados do Plano Decenal (2008), a área plantada para a safra

2007/2008 foi de 6,96 milhões de hectares, com produtividade média de 79 quilogramas

de cana-de-açúcar por hectare. As previsões são de crescimento no setor de

biocombustíveis, visto que existem 383 milhões de hectares aptos para a agropecuária,

sendo dos quais 220 são utilizados para pastagens e 72 para plantios permanentes e

91 são áreas passíveis de expansão, já considerando aspectos legais referentes ao uso

e ocupação do solo. Estimativas do CGEE (2004) apontam, ainda, que cerca de 20

milhões de hectares, atualmente utilizadas para pastagens, possam ser liberados para

agricultura através do desenvolvimento de melhores técnicas na pecuária, aumentando

assim a sua eficiência e demandando menos áreas.

Tais dados demonstram que na atual situação, a demanda por áreas

agricultáveis não é um fator limitante para a expansão agrícola. A área atualmente

utilizada para a produção de cana-de-açúcar é de apenas 2% da área cultivável. Assim

sendo, esses dados são um indicativo que, no Brasil, não deverá ocorrer conflito de

interesses entre o uso da terra para a produção de energéticos e de alimentos.

Outro indicativo da expansão da produção de Etanol no Brasil são os

investimentos do governo Federal na infra-estrutura da cadeia produtiva. De acordo

com o 3° balanço do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento (2008), está previsto

investimentos de R$ 890 milhões até o final de 2010 e, após esse ano, R$ 1,53 bilhão

para a construção de um duto entre Senador Canedo (GO) e São Sebastião (SP). O

projeto prevê a construção de 1.171 quilômetros de duto para o escoamento de Etanol

das Regiões Centro-Oeste e Sudeste, com capacidade de 12 milhões de metros

cúbicos por ano, passando pelo noroeste paulista.

No gráfico da Figura 2 podemos analisar as projeções da indústria para os

próximos anos, apresentados no Plano Decenal (2008), considerando o atual ritmo de

crescimento e da expectativa de crescimento das exportações devido a mudanças

legais nos mercados externos.

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Fonte: Plano Decenal (2008)

Figura 2 – Projeções de produção de Etanol

2. Objetivos

2.1 O bjetivo Geral

Analisar de forma completa o Bioetanol e a Bioeletricidade como recursos

energéticos, com emprego da metodologia do PIR na USP.

2.2 Objetivos Específicos

Valorar completamente o Etanol (como Recurso Energético).

Determinar o mapeamento ambiental da RAA.

Integração de Recursos, integrar os dados levantados.

Confeccionar projeções, cenários.

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22

3. Justificativa e Metodologia

3.1 Ju stificativa

O Planejamento Integrado de Recursos Energéticos (PIR na USP), inserido no

Projeto de Pesquisa FAPESP 03/06441-7: “Novos Instrumentos de Planejamento

Energético Regional Visando o Desenvolvimento Sustentável”, desenvolve trabalhos de

pesquisa na região Oeste Paulista (Região Administrativa de Araçatuba - RAA) visando

melhores métodos de planejamento, com vista no suprimento das demandas de energia

futuras, dentro do contexto de Desenvolvimento Sustentável.

Essa ferramenta de tomada de decisão tem uma estrutura metodológica de

forma a conciliar o máximo de variáveis e parâmetros envolvidos em uma análise

sistêmica, holística e racional dos recursos energéticos e da região de estudo. Na

busca de uma completude de análise de sistemas complexos, a estratégia do PIR

consiste em trabalhar as diversas linhas do conhecimento, para que os diferentes

enfoques e entendimentos sobre o meio sejam contemplados na integração dos

recursos pesquisados.

As Mudanças Climáticas Globais inserem-se no projeto de pesquisa, em uma

nova fase, em que as preocupações recorrentes dos problemas atuais relacionam

impactos ambientais com caráter global e, não somente, áreas de influência

diretamente ligadas pelos aspectos regionais. Nesse contexto, uma metodologia de

planejamento em longo prazo deve-se ater aos assuntos que permeiam as atuais linhas

de pesquisa e, o aquecimento global se faz recorrente nos estudos de grandes

Instituições, como pode ser exemplificada pelos grandes investimentos feitos pela

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP, no campo das

Mudanças Climáticas Globais.

Ainda nesse contexto, podemos inserir o etanol brasileiro, biocombustível

intensamente defendido pelos representantes brasileiros nas negociações referentes ao

aquecimento do clima, como ambientalmente sustentável. Além da representatividade

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crescente desse recurso energético, no setor de transporte e geração de energia

elétrica.

Escolhidos o Recurso Energético, a metodologia empregada e o contexto da

análise, a região de estudo complementa o aspecto regional da análise e segue a

escolha por onde os atuais esforços do projeto vêm sendo direcionados, no caso, a

Região Administrativa de Araçatuba – RAA. Composta por 43 municípios foi também

escolhida pelo potencial de geração de energia e a representatividade do setor agrícola

na economia, mais especificamente a expansão da cana-de-açúcar no estado paulista.

A RAA é caracterizada como uma fronteira de expansão do cultivo de cana-de-

açúcar no Estado de São Paulo. Nos últimos anos, tem se constituído um centro de

negócios do mercado sucroalcooleiro, abrangendo uma área de influência que inclui

parte dos Estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Paraná. Assim

definido, o agronegócio é de suma importância na realidade brasileira, segundo a

Associação Brasileira de Agrobusiness (ABAG), ele representa cerca de 35% do PIB,

absorve 28% da população economicamente ativa e participa com 45% dos gastos

familiares e com 36% das exportações brasileiras.

Nesses parâmetros, a RAA apresenta-se como região potencial de produção de

Energia, com a utilização do Etanol como Recurso Energético. Assim, fazem-se

necessários, o estudo de sua viabilidade dentro das carteiras de implementação de RE

na região e a verificação do seu papel, dentro das Mudanças Climáticas Globais.

Utilizando como base os trabalhos desenvolvidos pelo PIR na USP, que visam apontar

os recursos energéticos mais vantajosos sob uma perspectiva holística, será elaborada

uma análise completa do Etanol, dentro do contexto da RAA e com foco nas MCG.

Ademais, através da valoração completa dos recursos energéticos, em conjunto com o

mapeamento e diagnóstico ambiental da RAA, será possível a criação de ferramentas

de auxílio para a construção de cenários futuros, que irão identificar os recursos menos

impactantes, em acordo com as necessidades regionais e globais.

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3.2 M etodologia

Neste trabalho será utilizada a seguinte metodologia:

Revisão bibliográfica, concepção do marco teórico da valoração completa e do

mapeamento vinculados ao recurso energético etanol.

Análise e estudo das usinas de Etanol na RAA e dos trabalhos realizados

referentes ao processo produtivo do Etanol.

Caracterização completa do Etanol como Recurso Energético. Será realizada

uma valoração completa das usinas da RAA nas diferentes dimensões de estudo do

PIR na USP:

Dimensão Técnico-Econômico

Dimensão Ambiental

Dimensão Política

Dimensão Social

Levantamento dos dados necessários à valoração completa do Etanol. Para tal

levantamento será realizada pesquisa junto ao órgão ambiental competente da região e

leitura dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e dos Relatórios Ambientais Prévios

(RAP).

Levantamento do mapeamento da RAA, baseado em trabalhos conhecidos de

estudo do PIR na USP e a verificação destes para o objeto de análise do trabalho. Com

o mapeamento e a valoração completa será possível a montagem do diagnóstico

ambiental da RAA, sob uma análise integrada. Os meios em análise do mapeamento

são:

Meio Antropogênico

Meio Aquático

Meio Aéreo ou Atmosférico

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Meio Terrestre

Análise dos resultados. No fim do trabalho será possível a criação de

ferramentas de auxilio para a criação de cenários ambientais, visando assim, a

mitigação dos impactos associados e a adaptação dos processos produtivos do

Recurso Energético escolhido.

4. Revisão Bibliográfica

4.1 M udanças Climáticas Globais

“Mudança Climática refere-se a uma mudança no estado do

climático que pode ser identificada (i.e. utilizando testes estatísticos)

como mudanças na média e/ou na variabilidade de suas

propriedades, e que persiste por um extenso período de tempo,

tipicamente décadas ou mais. Mudança Climática pode ser devida a

processos naturais internos ou de forças externas, ou de mudanças

antrópicas persistentes na composição da atmosfera ou no uso do

solo.”

IPCC

“Mudança de clima que possa ser direta ou indiretamente

atribuída à atividade humana que altere a composição da atmosfera

mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática

natural observada ao longo de períodos comparáveis.”

United Nations Framework Convention of Climate Change –

UNFCC

De acordo com as definições sobre mudanças do clima supracitadas, entende-se

que existe uma provável correlação entre as atividades antrópicas e os impactos sobre

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o clima, no entanto, não é clara a magnitude da relação causa-efeito dessas atividades

sobre a variação da temperatura global. Dessa forma, em acordo com o IPCC, as

variações do clima devem-se majoritariamente a um aspecto natural, relacionado a

eventos astronômicos e podem ser intensificados pela atividade antrópica, como deverá

ser discutido no decorrer desse trabalho.

Entre outros fatores citados por BUCKERIDGE (2008) e IPCC (2007),

demonstram que mudanças significativas poderão afetar o funcionamento dos

ecossistemas sobre o globo terrestre. Dessa forma, entendem-se a clara necessidade

de planejamento frente essas novas perspectivas, para que fenômenos extremos não

reflitam tragédias para a humanidade.

De acordo com FILHO, em MACEDO (2005), em face das MCG existem apenas

três alternativas possíveis, a INAÇÃO, MITIGAÇÃO ou a ADAPTAÇÃO, segue abaixo a

descrição de cada uma dessas alternativas, de acordo com o IPCC (2007):

I. A inação, que se refere às dificuldades de mudança nos resultados de

condições pré-existentes na sociedade como, por exemplo, capital humano, capital

natural e capital social, incluindo as instituições, regulamentos e normas. O travamento

das estruturas sociais torna as mudanças mais difíceis;

II. A mitigação, que se refere às mudanças e substituições tecnológicas que

reduzem o uso dos recursos naturais e emissões por unidade produzida. A respeito de

Mudança Climática, a mitigação se refere à implementação de políticas de redução de

gases do efeito estufa e de incentivo à captura do carbono;

III. A adaptação, que se refere às iniciativas e medidas de redução da

vulnerabilidade dos sistemas naturais e antrópicas contra os atuais e esperados efeitos

das Mudanças Climáticas.

Em face de tal problemática, em 1990, a Assembléia Geral das Nações Unidas

adotou uma posição de que é necessária uma mobilização global para a discussão de

tal tema. Em 1992, no Rio de Janeiro, criou-se a Convenção – Quadro das Nações

Unidas sobre Mudança do Clima, onde os países signatários se comprometeriam a

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estabilizar as emissões de GEE, de tal maneira que seja mitigada a interferência

antrópicas no clima. Tal iniciativa não tem uma resposta única em face dos incontáveis

fatores atuantes no efeito do clima global. Como um primeiro movimento da Convenção

para responder tal problemática, em 1997 adotou-se o Protocolo de Kyoto, que entrou

em vigor apenas em 2005. O principal ponto do protocolo é o estabelecimento da

solução das MCG com mecanismos de compensações globais, visando diminuir o custo

global da redução das emissões.

Segundo a atribuição antropogênica de aquecimento, BROWN (2002) afirma que

os países desenvolvidos foram responsáveis por 84% do total de emissões totais de

gases de efeito estuda (GEE) desde 1800. Fica claro que o estabelecimento de limites

de emissões deva levar em conta o histórico de emissão dos países desenvolvidos,

como alternativa de compensação aos países que tiveram posteriores revoluções

industrial.

4.2 Aspectos Gerais de Etanol

4.2.1 Produção agrícola da cana-de-açúcar

A maior mudança na produção agrícola da cana-de-açúcar esta relacionada com

a sua crescente mecanização e de das restrições referentes à queima prévia à colheita.

Tais mudanças ilustradas abaixo estão acompanhando as mudanças legais impostas

pelo governo Federal e do estado de São Paulo. As conseqüências de tais práticas

agrícolas irão influenciar de sobre maneira o ciclo do carbono e do balanço energético

do processo produtivo. É esperado que com o banimento das queimadas haja um

grande aporte de biomassa disponível aos produtores. Tal disponibilidade de biomassa

tem grande potencial para ser usada como combustível na cadeia produtiva do etanol.

O crescimento da mecanização na produção agrícola deve ser devidamente analisado

visto que estes são dependentes de combustível fóssil, mudando assim o atual balanço

das emissões globais da produção do etanol.

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Gráfico 1: Cronograma de Redução da queima - Decreto Federal 2.661 e Lei

Estadual 11.241

Fonte: Baseado em PAES (2006)

4.2.2 Processa mento da cana-de-açúcar

Um dos fatores para o sucesso da produção do etanol são as vantagens da

produção de açúcar e etanol simultaneamente, sistema adotado pela maioria dos

produtores do setor sucroalcooleiro. Tal configuração dá ao produtor flexibilidade de

produção em face dos preços no mercado de açúcar e etanol, otimizando assim o

ganho monetário da sua produção.

A principal característica do processamento da cana está relacionada com a co-

produção de energia das usinas. Atualmente, as usinas de etanol são independentes no

que tange a energia. Os sistemas de cogeração a partir do vapor produzido pela

biomassa (a pressões de 2.2 MPa) atendem a demanda de energia da usina podendo

haver um superávit (0-10 kWh/tc). Com as recentes mudanças no sistema de

cogeração, é esperada uma maior produção de energia. Através da adoção de

sistemas de alta pressão (6.5-9 MPa), de maior eficiência, integração de sistemas

melhor planejados e o aproveitamento do novo aporte proveniente da colheita da cana,

se espera um superávit energético da ordem de 100kWh por tonelada de cana-de-

açúcar processada (MACEDO et al, 2008).

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4.2.3 Aspectos sociais da produção de etanol

Uma característica da produção de etanol é a falta de necessidade de mão-de-

obra especializada na lavoura da cana-de-açúcar, permitindo o uso de mão-de-obra

local desqualificada. Isso se deve a atual situação do processo produtivo do etanol,

onde varias etapas do processo são realizadas por trabalho manual, geralmente

recebendo salários muito abaixo da média nacional.

Um fator indireto à dada característica laboral pode ser correlacionado à

demanda de mão-de-obra das usinas. A grande maioria destas está localizada na

região mais rica do Brasil (sudeste), onde a média salarial é maior em comparação aos

outros estados. Isso acabou ocasionando um intenso fluxo migratório dentro do país,

onde os trabalhadores de regiões mais pobres acabem por atraídos para a região. Tal

fluxo de pessoas é agravado pelo sistema da produção agrícola da cana-de-açúcar,

que se estende por apenas três meses no ano. Com isso a produção agrícola acaba

não criando empregos permanentes na região e não suprindo essa demanda de

trabalho (HALL, 2009)

Conforme informações contidas no PLANO DECENAL 2008/2017, a participação

dos pequenos e médios produtores (áreas menores que 150 ha) vem crescendo ao

longo do tempo. Na condição de fornecedores independentes da usina da região, eles

incrementam a capacidade de produção agrícolas das usinas, sem estas

necessariamente adquirirem novas terras. Entretanto, o atual sistema vigente com a

predominância do arrendamento de tais áreas para terceiros, não sinaliza assim uma

produção efetiva dos pequenos produtores. O que se percebe é um novo dinamismo na

produção agrícola, onde as usinas de álcool, para o aumento de sua produção sem a

necessidade de compra de novas áreas, acabam apenas por arrendar as terras

próximas às usinas, caracterizando assim uma nova modalidade de concentração de

terras.

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4.3 PIR – Planejamento Integrado de Recursos Energéticos

“O PIR, mais do que uma metodologia ou simples busca de solução, é um

processo que permite encontrar a realização continuada e monitorada do ótimo ao

longo do tempo no curto e longo prazo.”

Miguel Edgar Morales Udaeta, 1997

4.3.1 O PIR na visão destes pesquisadores

O projeto de pesquisa intitulado PlR – Planejamento Integrado de Recursos,

consiste no desenvolvimento de uma ferramenta metodológica com vista no

planejamento energético e tomada de decisão. De forma a conciliar o máximo de

variáveis e parâmetros envolvidos em uma análise sistêmica, holística e racional dos

recursos energéticos e da região de estudo.

Na busca de uma completude de análise de sistemas complexos, a estratégia do

PIR consiste em trabalhar as diversas linhas do conhecimento, para que os diferentes

enfoques e entendimentos sobre o meio sejam contemplados na Integração dos

recursos pesquisados. A complexidade de se unificar diversas linguagens e

pensamentos determinísticos apresenta-se como o maior desafio do Planejamento. E, a

unicidade da análise pode configurar-se na busca de um bem comum, o tão almejado

desenvolvimento sustentável.

Dessa forma, a sustentabilidade pode ser descrita como um propósito de bem-

estar geral, dentro das possibilidades e realidades da sociedade; ou também, como o

fechamento do ciclo de produção, com o mínimo de produtos secundários, a máxima

eficiência dos processos e ótima manutenção dos recursos. Todos esses são

considerados objetivos integrados na busca constante de qualidade de vida, e mais

especificamente, pode-se considerar o propósito do PIR, como um plano para o

suprimento das demandas futuras de energia, com a minimização dos impactos sócio-

ambientais gerados e o máximo atendimento às necessidades regionais.

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A heterogeneidade tratada pelo projeto caracteriza-o como holístico, abrangendo

especialistas das diversas áreas do conhecimento, expressas na metodologia pelas

dimensões estudadas: ambiental, política, social e técnico-econômica. E, no

desenvolvimento da metodologia, o emprego de análises técnicas, ferramentas

matemáticas, programas computacionais de decisão e gráficos, configuram o caráter

sistêmico do PIR, que busca nessas duas bases, a completude da análise integrada e

do planejamento.

Outros casos podem ser citados, onde a dicotomia das análises do PIR tende a

esse fechamento do ciclo na fase de Integração, por exemplo: o mapeamento e a

valoração, a Avaliação de Custos Completos – ACC – Determinística e Holística, entre

outros exemplos dentro das especificidades da ferramenta metodológica.

4.3.2 As pectos Regionais

Para a hipótese de Integração e confecção de plano preferencial, é necessária a

determinação de uma região de estudo. No caso, foi escolhida a RAA - Região

Administrativa de Araçatuba, localizada no oeste paulista, composta por 43 municípios

e pólo de produção de energia do estado. Então, estabeleceu-se um Inventário de

informações prévias, com intuito de caracterizá-la e possibilitar a implementação da

metodologia, dentro da conjuntura de aspectos sócio-econômicos e ambientais da

região.

Esse aspecto regional contempla uma classificação municipalizada, onde é

possível identificar municípios com maiores potenciais de implementação das medidas.

Além de inferir sobre uma quantificação do intervalo de atuação entre a situação atual

levantada e os limites impostos pela legislação e normas, sejam elas municipais,

estaduais, nacionais ou acordadas em escala global. Esse procedimento evoluiu do

Inventário Prévio e no jargão do PIR é denominado Mapeamento Ambiental. Sua

caracterização pode gerar ambigüidades e discrepâncias diversas, devido à

homogeneização de variáveis em escala municipal e ainda devido às aproximações na

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escala temporal. No entanto, a sua composição genérica pode ser utilizada dentro da

matriz de decisão do Planejamento, e é validada pelo caráter comparativo, quando

inter-relacionada com as demais variáveis de Integração.

Ainda segundo essa orientação, a caracterização do aspecto regional visa a

confecção de cenários futuros, pois sem estas projeções não faria sentido uma

ferramenta metodológica de planejamento. Nesse âmbito, com intuito de manter-se a

abrangência e completude, o Planejamento tende a demonstrar várias possibilidades

futuras para a demanda de energia, em seus diversos usos. Constituídos esses

Cenários, a empregabilidade da ferramenta metodológica torna-se possível e, dentro da

análise Integrada, visa-se produzir um plano preferencial de acordo com as hipóteses

mais realistas das projeções.

Assim, o modelo de Integração considera as tendências dos Cenários Futuros, a

Valoração Completa dos Recursos Energéticos da região, além de respeitar restrições

impostas, sejam elas ambientais, econômicas, sociais ou técnicas, analisadas através

do Mapeamento Ambiental. Finalmente a confecção de Plano Preferencial, produto final

do Planejamento Integrado de Recurso, é confeccionado na forma de Carteiras de

Recursos, que consistem em planos de implementação dos recursos energéticos.

4.4 Valoração Completa do Etanol

Dentro da nova ótica de planejamento energético apresentado pelo PIR na USP,

não são apenas considerados os aspectos econômicos na avaliação das alternativas

energéticas. De acordo com UDAETA (1997) “Os níveis do suprimento energético e sua

infra-estrutura interagem biunivocamente com o desenvolvimento sócio-econômico, e

conseqüentemente impactam o MA e, portanto a sua sustentabilidade”. Ao se analisar

as alternativas de implantação de Recursos Energéticos, todas as dimensões

relevantes dos recursos são envolvidas na questão. Assim, para o atendimento do

Desenvolvimento Sustentável, as prerrogativas diferem para cada momento e instancia

geográfica. De acordo com UDAETA (1997), o DS depende de atributos que são

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afetados (ou modelados) por elementos sócio-econômicos (riscos, fraquezas e

restrições), pelos recursos e fontes (uso racional, suprimento desigual), e pelo Meio

Ambiente (efeitos externos e globais). Assim, o fluxo de informações ocorre nos

seguintes meios de estudo pelo PIR na USP:

A Social, levando em consideração as necessidades básicas, consumo da

energia (quantidade e qualidade), do nível de acessibilidade aos Recursos Energéticos,

e da geração de emprego e investimentos em P&D;

A Técnico-econômica, levando em consideração dos preços de mercado (interno

e externo), balança comercial (importação e exportação), da importância energética no

PIB, grau de confiabilidade do sistema;

A Política, levando em consideração do fluxo financeiro e ativos no setor

energético, tributação e renda energética gerada, e do grau da desregulamentação e da

reforma estatal do setor;

A Ambiental, levando em consideração do uso e exploração dos Recursos

Naturais utilizados para a geração de energia, relação entre reservas e produção

energética destas, impactos ambientais na cadeia de produção energética, e da

biodiversidade em que o RE esteja inserido.

Toda a sistemática de análise do PIR se apóia nesses pilares, onde essas quatro

dimensões são consideradas de igual relevância para o planejamento energético. Tal

fato visa evitar que problemas ambientais, sociais ou políticos, tradicionalmente não

considerados no planejamento, se manifestem após a definição e implementação dos

empreendimentos energéticos e, por ventura, acabem agregando mais custos a

alternativa, e até inviabilizando a sua continuidade.

4.4.1 Av aliação dos Custos Completos

A Avaliação dos Custos Completos “é um meio pelo qual considerações

ambientais e sociais podem ser integradas nas decisões de um determinado negócio.

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Ela é uma ferramenta que incorpora custos ambientais e sociais e custos internos com

dados de impactos externos e custos/benefícios de atividades sobre o Meio Ambiente e

na saúde humana.” GIMENES (2004).

Baseado em BAITELO (2006), na primeira etapa de análise, cada alternativa

energética é avaliada dentro das quatro dimensões de análise do PIR na USP. Através

da Avaliação de Custos Completos, as avaliações dos custos econômicos referentes à

dimensão técnico-econômica são comparadas aos impactos referentes às dimensões

ambiental, social e política. Por fim, as quatro notas são sintetizadas em uma nota só.

Esse índice final indica a viabilidade global da alternativa, onde as maiores notas

representam as alternativas mais condizentes com o Desenvolvimento Sustentável.

Dentro dessa proposta de análise, o PIR na USP desenvolveu metodologias de

avaliação para cada uma dessas quatro dimensões. Algumas mais objetivas e

quantitativas outras mais subjetivas e qualitativas. Porém, todas se deixando permear

pela atuação de todos os envolvidos e interessados nesse processo de decisão.

Atributos mais objetivos (quantitativos) são mais fáceis de trabalhar, visto que podem

ser calculados a partir de metodologias usuais de avaliação técnico-econômica,

desagregando assim qualquer tipo de parcialidade na valoração. Ao se trabalhar com

atributos subjetivos (qualitativos), devem-se identificar os diferentes elementos que

caracterizam para assim estabelecer a base de valoração para a aplicação da

metodologia dos Custos Completos (BOARATI, 2003).

4.5 Mapeamento Ambiental da RAA

Dentro da metodologia do PIR a caracterização do aspecto regional é chamada

de Mapeamento Ambiental, que contém os indicadores ambientais que podem ser

influenciados através de novas alternativas e projetos de expansão energética. Assim, o

mapeamento tem o papel de indicar a presente situação de qualidade ambiental de

uma determinada região e, compará-la aos parâmetros identificados na Legislação

referente e normas internacionais. Com isso determinar alternativas que poderão ser

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planejadas sem extrapolar esses limites-parâmetros ou padrões de qualidade pré-

definidos; além de estimar uma quantificação do intervalo de atuação para expansão

dos empreendimentos energéticos.

Ainda nesse contexto, o mapeamento tem o papel de monitorar as atividades de

uma região, através desses indicadores municipalizados e com essa mesma

característica, em um momento posterior, validar o planejamento e a consecução dos

projetos relacionados. No entanto, muitos dos parâmetros orientados pela legislação

seguem modelagens que relacionam as fontes (i.e. contaminantes da água) com seu

comportamento no meio. Tais modelos deveriam ser integrados ao mapeamento, para

prospecção dos estudos ensejados. Porém, a macro escala geográfica caracterizada,

cria a necessidade de vias de inferências e/ou estimativas mais genéricas para estes

comportamentos biogeoquímicos gerados por fontes difusas.

Para o entendimento do funcionamento de um ecossistema, diversas variáveis

devem ser estudas dentro de vasta gama de interações possíveis ou prováveis. Nesse

âmbito, a exatidão do balanceamento desses ciclos biogeoquímicos demonstra

dificuldades diversas para uma resolução coerente. Segundo CHAPIN (2002), a

estrutura e o funcionamento de um ecossistema são governados por pelo menos cinco

variáveis de controle: clima, substrato geológico, topografia, biota e tempo. No entanto,

segundo BUCKERIDGE (2008), em se tratando de uma escala geográfica mais ampla,

o fator de estado que tem maior significância na determinação das estruturas e dos

processos dos ecossistemas, é o clima.

Fato que pode ser constatado pela distribuição dos biomas no globo terrestre,

segundo a disponibilidade energética (radiação solar) e hídrica no meio. Outros

exemplos podem ser suscitados em menor escala, como o comportamento de plantas

cianofíceas em compartimentos aquáticos, que segue crescimento correlacionável com

variáveis determinadas pela sazonalidade e, também como combinação da

disponibilidade de macronutrientes no local.

Seguindo esses critérios, desenvolveu-se o levantamento de dados, seguida da

modelagem de indicadores do Mapeamento Ambiental para o PIR na USP. O caráter

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municipalizado dos dados é justificável através do direcionamento estratégico da

análise para a macro escala, além de visar apenas um diagnóstico mais homogêneo de

um município. Por conseguinte, o procedimento conta com a criação de critérios de

comparação entre regiões e correlação dos impactos das atividades antrópicas com os

indicadores de cada meio. Essa caracterização do Mapeamento, segundo modelagem

ambiental, será explicitada nas seções que seguem e podem ser melhor analisadas em

PIR (2009).

Levantamento e Classificação de Dados

A partir dos elementos suscitados no tópico precedente, o desenvolvimento da

metodologia consistiu em avaliar os diferentes indicadores e índices, além de sua

empregabilidade em metodologias distintas. Tais indicadores e índices devem ter em

comum, as três premissas citadas:

Disponibilidade e acessibilidade;

Qualidade atestada e reconhecida;

Atualização em intervalos regulares.

Neste sentido, justifica-se a adoção de indicadores e índices que exprimam de

maneira mais simplificada os fenômenos complexos e, muitas vezes, abstratos, numa

forma quantificável e inteligível, apresentando tendências e apontando as “direções a

seguir”, como pretende a etimologia do primeiro termo (indicador deriva do latim

indicare, que significa indicar, dar direções, estimar). Assim, esses indicadores podem

auxiliar, por exemplo, na elaboração e no monitoramento de políticas públicas, uma vez

constituídas metas de manutenção ou melhoras das realidades que representam.

Continuando o raciocínio, com o intuito de ordenar a apresentação, os

indicadores foram divididos em quatro diferentes meios, como estruturado em

KANAYAMA (2007), a saber:

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Meio Antropogênico

Meio Aéreo

Meio Aquático

Meio Terrestre

Divisão em Compartimentos

A classificação dos meios não denota uma independência dos indicadores,

apenas facilita o direcionamento dos estudos. Assim, deve-se ficar claro que no

mapeamento a interdependência dos aspectos ambientais estudados é considerada

primordial, lembrando-se que a grande maioria dos indicadores é avaliada, devido a

efeitos nos três primeiros meios, em decorrência de atividades caracterizadas no meio

Antropogênico. O que torna o estudo desse último mais extenso e, por outro lado, esse

meio contém a maior quantidade de dados disponíveis.

Na definição de parâmetros, o primeiro critério a ser observado é a legislação

referente, que geralmente prevê padrões de qualidade e controle; em um segundo

momento, buscou-se normas e acordos internacionais que vêm sendo desenvolvidos,

nessa área em expansão, proponentes de metodologias de diagnóstico ambiental; o

terceiro e último momento, refere-se à definição de indicadores considerados relevantes

pelos autores para a avaliação da qualidade ambiental da RAA.

A literatura pesquisada a respeito de indicadores de sustentabilidade e qualidade

ambiental traz caracterizações em dimensões diferentes, desde a diferenciação em

escalas locais, que é o exemplo explicitado em RIBEIRO (2004), onde são definidos

parâmetros de comparação por bairros; ou metodologias mais abrangentes,

exemplificada pelos indicadores propostos pós Agenda 21, geralmente com formatos

para escalas municipais, exemplificado pelo modelo utilizado pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE (2004).

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No caso do Mapeamento Ambiental da RAA, segue-se formato baseado nesses

indicadores de sustentabilidade, apresentados de forma municipalizada, no entanto, a

divisão em quatro meios difere da formatação usualmente empregada. Os

compartimentos do Mapeamento Ambiental para o PIR na USP, não classifica os

fatores em bióticos e físicos e, divide o espaço em três meios (aéreo, aquático e

terrestre) impactados pelas atividades de um quarto meio antropogênico.

Não obstante, sob a hipótese de integração, fica claro que essas influências são

mútuas, com inter-relações dinâmicas, de forma que as atividades geram impactos

sobre os meios que, por conseguinte, são transformados. Seguindo o raciocínio, as

novas característica do meio demandarão uma mitigação das atividades futuras. Dessa

forma, as condições do meio definem as atividades regionais e, as pressões exercidas

não são constantes no tempo, evoluindo de acordo com as necessidades do ambiente

modificado, entre outros fatores antrópicos.

4.5.1 Meio Antropogênico

Definidos as classificações do estudo, iniciou-se o mapeamento, através da

caracterização do meio antropogênico, como fatores de origem dos impactos

estudados. Assim, procedeu-se com a triagem de variáveis consideradas importantes,

recorrentes na literatura referente e apresentadas como indicadores de potenciais

impactantes do meio ambiente. Por conseguinte, os dados levantados foram agrupados

de forma a caracterizarem a região de estudo municipalmente e, são passíveis de

correlação com outros objetos de estudo, a exemplo dos impactos gerados por

atividades expressas por esses indicadores.

4.5.1.1 Demografia e Território

Nesse tópico, os indicadores levantados denotam uma situação de ocupação e

organização do espaço. As ocupações do homem geralmente inserem-se sobre o meio

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39

terrestre, cuja geomorfologia além de outros aspectos como clima, disponibilidade

hídrica e de recursos naturais, permitem ou incentivam a formação aglomerações

urbanas, hoje entendidas como a maior pressão sobre os ecossistemas naturais.

Dessa forma, podemos caracterizar essas aglomerações, ou áreas urbanas,

através de dados de população no tempo (crescimento) e no espaço (densidade). As

fontes de dados para esses levantamentos são o IBGE, em escala nacional, e SEADE

em escala estadual.

Tais dados são imprescindíveis à formação de políticas públicas, bem como, aos

processos decisórios de diferentes iniciativas, no entanto, não expressam as

idiossincrasias de uma região.

4.5.1.2 Qualidade de vida – IDHM – Indice de Desenvolvimento Humano Municipal

Baseando em três premissas básicas: longevidade, educação e renda, o IDHM

segue metodologia do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, proposto pela

Organização das Nações Unidade – ONU a partir de 1990, para mensurar a situação da

qualidade de vida em diversos países do mundo, abrangendo outras variáveis além da

econômica. Assim, ele é composto por três fatores ponderados igualmente como média

aritmética.

A longevidade é expressa pela esperança de vida ao nascer. Já a parcela da

educação é calculada através do analfabetismo e a média de anos de estudo da

população e; por fim, a parcela econômica é medida através da renda familiar per

capita. Os dados são responsabilidade do IBGE.

Sua escala de valores abrange o intervalo entre 0 (zero) e 1 (um), onde valores

maiores indicam melhores desempenhos em relação ao desenvolvimento humano. E

segundo o Programa das Nações Unidadas para o Desenvolvimento – PNUD, podem

ser classificados nas seguinte categorias:

Baixo desenvolvimento humano, quando o IDHM for menor que 0,500;

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40

Médio desenvolvimento humano, para valores entre 0,500 e 0,800;

Alto desenvolvimento humano, quando o índice for superior a 0,800.

4.5.1.3 Economia (panorama geral)

O valor adicionado, segundo o Relatório Metodológico 29 (Produto interno bruto

municipal) do IBGE (2008), é definido como o valor que a atividade agrega aos bens e

serviços consumidos no seu processo produtivo. É a contribuição ao produto interno

bruto pelas diversas atividades econômicas, obtida pela diferença entre o valor da

produção e o consumo intermediário absorvido por essas atividades. Identificação de

variáveis que permitam distribuir entre os municípios o valor adicionado estadual,

Agropecuária

A agropecuária engloba as atividades agricultura, pecuária, silvicultura e

exploração florestal e pesca. As fontes dos dados utilizada é o IBGE, onde pode-se

encontrar dados municipalizados de produção agrícola, agropecuária e extrativismo, na

forma de área plantada, produtividade, rendimento e volume de produção.

Indústria

A indústria, no contexto do mapeamento, pode ser representada através da sua

participação no PIB municipal (IBGE), ou também, é possível se levantar dados através

dos vínculos empregatícios da indústria (SEADE).

Serviços

Esse indicador também pode ser avaliado através do PIB adicionado por setor ou

pela participação no PIB municipal, dados disponíveis no SEADE.

Meio Ambiente e Política Urbana

Indica a existência ou não dos itens abaixo relacionados:

Conservação Ambiental Municipais e totais delas

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41

Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano

Lei de Parcelamento do Solo

Lei de Plano Diretor

Lei de Zoneamento

Zoneamento Especial de Interesse Ambiental

Dados fornecidos pela Fundação Seade e Pesquisa Municipal Unificada –

PMU.

4.5.2 Meio Aéreo

O meio atmosférico causa muitas discussões devido à sua influência direta com

a abordagem de mudanças climáticas, em voga atualmente; e devido à dispersão de

gases na atmosfera relacionarem-se com uma infinidade de variáveis complexas como

geomorfologia, clima, biota, atividades antropogênicas, entre outros aspectos. Além de

serem definidos como fenômenos atmosféricos que não possuem metodologias de

previsão consagradas na literatura. Por esses motivos, os modelamentos de variáveis

meteorológicas, apesar de muito ter evoluído nas últimas décadas, ainda constituem

uma área do conhecimento em expansão.

Por conseguinte, os parâmetros de qualidade ambiental nesse meio podem ser

definidos através do monitoramento de variáveis consideradas principais e classificadas

em dois grupos de indicadores: poluentes, referentes à qualidade do ar e previstos na

legislação, e gases de efeito estufa (GEE), relacionados ao fenômeno de aquecimento

global previstos nas metodologias de inventário de gases estufa do IPCC.

Ainda neste contexto, podemos definir variáveis que influenciam diretamente no

comportamento dessas substâncias na atmosfera, que fazem referência ao clima e

meteorologia. Variáveis com comportamentos ainda mais complexos, por serem

relacionadas a parâmetros astronômicos, como o movimento dos corpos celestes,

órbitas e demais variações dos sistemas em macro escala ou escala astronômica.

Page 42: TF - Análise da Bioenergia através do PIR3 · Projeto de Formatura apresentado ... a mecanização, com o pretendido fim das ... 3. Justificativa e Metodologia

42

4.5.2.1 Poluentes

A grande maioria dos poluentes são produtos da combustão incompleta, na qual

não há o suprimento de oxigênio adequado para que ela ocorra de forma completa.

Quando um hidrocarboneto queima em oxigênio, a reação gerará dióxido de carbono,

monóxido de carbono, água, e vários outros compostos como óxidos de nitrogênio.

Também há liberação de átomos de carbono, sob a forma de fuligem. A combustão

incompleta é muito mais comum que a completa e produz um grande número de

subprodutos. Esses subprodutos podem ser muito prejudiciais à saúde do homem, da

fauna, da flora e do meio ambiente.

4.5.2.2 Gases de Efeito Estufa (GEE)

Segundo Ribeiro (2008), essa parte do trabalho tem como objetivo apresentar

uma avaliação e quantificação das emissões de origem antrópica dos gases associados

ao efeito estufa (GEE) na Região Administrativa de Araçatuba, e faz parte de um estudo

mais amplo de “Mapeamento Antrópico, Humano, Aéreo, Aquático e Terrestre na RAA

visando uma avaliação sistêmica de seus recursos energéticos e sua sustentabilidade.”

O trabalho foi descentralizado e buscou-se a coordenação do inventário dos

diversos gases e setores por entidades e especialistas com maior conhecimento do

setor ou da emissão/remoção específica. A metodologia adotada para o cálculo das

estimativas é baseada na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do

Clima (Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC), criada em Nova Iorque em

1988, e abrange os seguintes gases: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido

nitroso (N2O), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs - CF4 e C2F6),

hexafluoreto de enxofre (SF6), óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO) e

outros compostos orgânicos voláteis não-metânicos (NMVOCs).

Page 43: TF - Análise da Bioenergia através do PIR3 · Projeto de Formatura apresentado ... a mecanização, com o pretendido fim das ... 3. Justificativa e Metodologia

43

Além disso, essa metodologia foi revisada em 1996, e estabelece uma

metodologia específica para cada fonte emissora (gás e setor) e sumidouros principais.

As diretrizes do IPCC dividem a metodologia de estimativa de emissões por fontes e

remoções por sumidouros dos GEE, em 6 setores principais: Energético, Industrial,

Solventes, Agropecuário, Mudança do uso da terra e florestas e, finalmente, tratamento

de resíduos. Os principais setores do Inventário, no caso brasileiro, foram coordenados

pela COPPE/UFRJ (setor energético, baseado em informações do Balanço Energético

do Ministério das Minas e Energia), EMBRAPA (setor agropecuário, mudança do uso da

terra e floresta), FUNCATE (no caso de emissões por desmatamento) e FBDS (no caso

de remoções por florestas plantadas) e CETESB (setor de tratamento de resíduos).

Para o cálculo do potencial de efeito estufa a ser efetuado no decorrer deste

documento, utilizaremos a metodologia GWP (Global Warming Potential – 100) com os

valores recomendados pelo IPCC. Esta metodologia consiste em avaliar o potencial de

cada gás em relação ao CO2, apresentando os resultados em kilogramas de CO2

equivalente, como podemos verificar na Tabela 1.

Tabela 1: Potencial de aquecimento global em relação ao CO2

GEE G WP CO2 1 CO 1 CH4 23 NOx 5 N2O 296

Fonte: IPCC (2001)

4.5.3 Meio Aquático

A consideração deste compartimento ambiental tem por objetivo atender a

premissa de que há relações intrínsecas entre a qualidade/disponibilidade de recursos

hídricos, a salubridade ambiental e o desenvolvimento sustentável.

A água é um bem precioso, insubstituível, porém, pelos atuais níveis e

tendências de escassez, podemos considerá-la um bem finito. Dados seus aspectos

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físico-químicos intrínsecos, apresenta importantes características estruturais e

funcionais primordiais aos ecossistemas e sociedades humanas. Para a satisfação

destas funções, podem-se elencar os múltiplos usos da água (relacionar na íntegra a

referência de Tundisi, 2004), que vai adiante nesta obra, na medida em que tece o

caótico panorama da escassez global – gerado pelo excessivo uso (aspecto

quantitativo) como pela poluição dos corpos d’água (aspecto qualitativo) – e os

conseqüentes conflitos advindos desta.

Para o caso da RAA, entende-se o valor desse recurso hídrico, segundo o

estatuto do Comitê de Bacias do Baixo Tietê, Art. 2º e Art 4º, respectivamente:

III - pugnar no sentido de que os recursos hídricos sejam reconhecidos como

bem público, de valor econômico, cuja utilização deve ser cobrada, observados os

aspectos de quantidade, qualidade e as peculiaridades da bacia hidrográfica;

XIV - propor, quando necessário, a elaboração e implementação de planos

emergências para garantir a qualidade e assegurar a quantidade dos recursos hídricos

aos usos prioritários, em sua área de atuação;(...)

Dessa forma, observa-se as iniciativas na manutenção dos recursos hídricos,

também exemplificada pela publicação do Diário Oficial da União, do dia nove de

setembro de 2008. Onde, observa-se os esforços do Governo Federal em estabelecer

uma Política Nacional de Qualidade da Água, de forma a garantir sua qualidade e

disponibilidade. Através de um relatório técnico consolidava-se a Gestão Integrada de

Recursos Hídricos, onde estabeleceu-se normativos de planejamento estratégico,

produto dos estudos de profissionais especialistas na área.

Dentro desse escopo, podemos definir o monitoramento como aporte

fundamental das políticas públicas de manutenção da qualidade. A definição de

monitoramento segundo as notas de aula PORTO, MARTINS (2009), pode ser definido

em três escalas de abrangência:

Monitoramento estratégico: com escala temporal de semestres ou bimestres, tem

um aspecto de monitoramento à distância, de regiões onde não há um risco explícito de

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45

danos ambientais e de saúde pública, em função da qualidade das águas, também

referido como “liberdade vigiada”.

Monitoramento Tático: esse tipo de monitoramento apresenta uma escala mais

abrangente, com monitoramento mensal ou semanal, visa áreas onde existe o risco de

contaminação, no entanto não tem uma ligação direta com um foco de poluição pontual

ou regional.

Monitoramento de Segurança: com abrangência horária ou diária de

monitoramento, tem como característica, o estudo de áreas potencialmente de risco de

contaminação, como reservatórios de grandes centros urbanos, onde um acidente de

contaminação pode causar danos irreparáveis às populações.

Dentro desses aspectos, a abrangência do Mapeamento Ambiental do meio

aquático limita-se a um caráter de monitoramento estratégico, onde os dados

levantados não têm um caráter de segurança, e apenas um planejamento da expansão

energética da RAA.

A CETESB utiliza metodologia de indicadores de qualidade da água espelhada

em metodologia canadense, que será explicitada adiante. No entanto, vale salientar que

a validade desses índices apenas caracteriza uma aspecto informativo às populações,

envolvidos e interessados, tomadores de decisão, não contemplando uma acurácia

metodológica de monitoramento de segurança.

Os parâmetros envolvidos na confecção do indicador que mostram-se relevantes

à pesquisa científica relacionadas à essa área do conhecimento e são passíveis de

correlação, diferentemente dos índices. Outro aspecto relevante é novamente a

escassez de dados observada na região, que merece maior atenção das iniciativas de

pesquisa e monitoramento, para o estabelecimento de uma rede de dados mais

eficiente para a segurança das populações locais. Fato que, novamente demandará

metodologias de estimativas e inferências de dados, através de varáveis

correlacionadas com a qualidade da água da RAA.

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46

4.5.4 Meio Terrestre

O Meio Terrestre consiste em todo espaço da superfície e subsolo, onde estão a

grande maioria das intervenções do homem sobre o meio. No caso, é definido

separadamente do meio aquático apenas por motivo de classificação, portanto não

considerando o lençol freático e malha fluvial diretamente na análise, no entanto, a

interligação direta entre esses meios fica clara, à medida que, as variáveis-parâmetro

são entendidas e relacionadas entre os meios.

O meio terrestre é composto pelas formações geomorfológicas constituintes do

solo, suas formações vegetais e espécies animais naturais, além de seus diversos

usos, desde divisões políticas e estratégicas às culturas agrícolas e mineração.

A RAA em particular, com 43 municípios, está situada em 2 Regiões de Governo

e sobre três UGRHI´s – Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos

Hídricos, divisões político-estratégicas do espaço que, neste trabalho de mapeamento,

será divido segundo os limites da administração municipal ou municipalizada.

4.5.4.1 Características de Uso e Ocupação do Solo

O meio terrestre foi dividido em duas classes de características, a primeira, como

antes citada, relaciona as características do ambiente natural ou original e o que restou

dele. Nessa segunda caracterização, o trabalho levantou variáveis que se relacionam

com as atividades antrópicas ou, que relacionam as intervenções do homem sobre o

meio.

4.5.4.2 Contaminantes

São todos os compostos químicos que podem ser encontrados no solo,

dispostos em decorrência de atividade industriais, agrícolas, de mineração, entre

outras. Geralmente percolam no solo dissolvidos em água, ou também através das

regiões vadosas, onde podem ser observados alguns contaminantes, como por

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exemplo: orgânicos voláteis, organoclorados, organofosforados, metais pesados, na

forma de gás. Podem ser relacionados com as áreas contaminadas, onde a presença

dos mesmos fora constatada, ou ao histórico de acidentes com produtos químicos nos

municípios da região.

Os dados sobre áreas imprópria s foram obtidos através da relação de áreas

contaminadas disponibilizada pela CETESB, onde é possível observar o número de

áreas onde foi constatada a contaminação do solo, caracterizadas pelo tipo de atividade

e o município de ocorrência; somados ao número de loteamentos sem aprovação legal

em áreas rurais, obtidos no SEADE.

Nesse tópico pode-se observar que a maior ocorrência de Áreas Impróprias está

relacionada a áreas contaminadas por postos de combustíveis. Um dos principais

problemas a serem trabalhados em regiões onde existe pouco monitoramento das

variáveis ambientais e que pode ser relacionados à emissão de carbonos orgânicos

voláteis (VOC’s), precursores de ozônio.

Ainda sob esse aspecto, a CETESB ainda prevê valores orientados para solos e

águas, divididos em três classes de parâmetros: valores de referência, valores de

prevenção e valores de intervenção, que indicam os valores considerados naturais,

valores que não ocorram riscos à saúde e valores que têm riscos potenciais à saúde.

Esse parâmetros trazem características mais específicas (escala menor) que o

mapeamento trabalha, no entanto, são necessárias à definição de áreas contaminadas

e podem ser observados em PIR (2009).

4.5.5 Confecção de Indicadores

Além da CETESB, outras metodologias foram pesquisadas com intuito de se

explorar outras variáveis, em acordo com as possibilidades do mapeamento, dentre

elas a utilização do ISA – Indicador de Salubridade Ambiental (RIBEIRO, 2004),

mostrou-se de grande adequação com a realidade dos dados disponíveis, no entanto,

mais relacionado com o meio aquático. Uma terceira metodologia pode ser estudada na

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publicação do IBGE (2004), Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, onde

baseando-se na Agenda 21, o Instituto buscou confeccionar indicadores de

sustentabilidade.

Todas as metodologias estudadas, além da adequação com a legislação vigente

e normas internacionais, nortearam as pesquisas de dados, para confecção da base de

dados para o Mapeamento Ambiental da RAA.

Nos dados levantados tem-se concentrações de poluentes em vários municípios,

aferidas pela CETESB segundo metodologia empregada em todo mundo, i.e. AEP

(EUA), Agência Alemã de Qualidade do Ar. Nele também podem ser observadas

variáveis metereológicas que deverão ser empregadas nos modelos de concentrações

da atmosfera da RAA. Modelo de integração, que pretende integrar os estudos

relacionados à valoração e mapeamento dentro da metodologia do PIR, com intuito de

criação de cenários monitorados através de indicadores de qualidade ambiental.

A idéia do modelamento da atmosfera da RAA tem por intuito, estimar como as

bacias aéreas comportariam as cargas de poluentes, contaminantes e gases, que de

acordo com as estimativas (CAMARGO et. Al., 2004) tendem a crescer

consideravelmente nos países em desenvolvimento como o Brasil. Nessas estimativas,

um primeiro esboço de modelamento unidimensional foi empregado, ainda muito pobre

em dados, que deverá ser incrementado com variáveis do mapeamento, e

metodologias de dispersão de poluentes.

No segundo momento desse mapeamento, mudou-se então, as diretrizes do

trabalho, onde o levantamento de dados busca não somente o diagnóstico ambiental,

como também unificar todos dados acerca dos estudos da região, segundo a hierarquia

metodológica preconizada no PIR. Além da confecção de inventário que se aproxime o

mais coerente possível, da realidade assistida na RAA, com ênfase nas Mudanças do

Clima. Assim, a confecção de uma base de dados para o PIR mostrou-se como

alternativa ao mapeamento, com possibilidades de se juntar esforços com os trabalhos

de compilação da Mina de Dados.

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Segundo dados já compilados na base de dados, é possível traçar uma

inferência sobre altos valores de emissões de metano, relacionados ao rebanho bovino

da região. Além de uma grande preocupação com os remanescentes de vegetação

natural, muito escassos na RAA, onde estudos mais aprofundados deverão analisar o

cumprimento da Reserva Legal, prevista na Lei 7803, de 1989.

Por fim, pretende-se analisar os empreendimentos energéticos relacionados ao

cultivo da cana-de-açúcar e cogeração, com grande impactos associados às queimadas

e emissões de poluentes, e estabelecer indicadores de produção de energia

relacionada às emissões em tCO2. Análise que deverá ser norteada pelo contexto de

mudanças do clima.

5. Estudo de Caso

5.1 Estudo de Caso

Aplicação da metodologia PIR – Planejamento Integrado de Recursos para as

usinas de açúcar e álcool da RAA, com intuito de confeccionar cenários futuros sobre

os limites físicos e de qualidade ambiental regional, para a expansão da Bioenergia no

oeste paulista.

5.2 M etodologia

- Val oração da Bi onergia da RAA: levantamento de usinas localizadas na

região, com os respectivos dados encontrados nos relatórios de licenciamento

ambiental dos empreendimentos e, no caso de não existência dos dados disponíveis,

levantamento de valores teóricos junto à literatura e inferência de dados faltantes

através de correlações;

- Mapeament o Ambiental: levantamento das condições ambientais de

qualidade regional, através de indicadores de sustentabilidade encontrados junto à

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literatura, publicações dos órgãos ambientais, institutos de pesquisa e estatística, entre

outras instituições de pesquisa;

- Integração de Recurs os: a aplicação da metodologia PIR consiste em inter-

relacionar os dados sobre citados com intuito de propor alternativas para suprimento de

demandas futuras de energia, com composições de RE melhor ranqueados no

Processo de Análise Hierárquica, dentro dos limites físicos e de qualidade ambiental

previstos no Mapeamento.

No escopo deste trabalho, não serão analisados todos os RE - Recursos

Energéticos que constam na lista de RE valorados pelo PIR, dessa forma, o intuito do

trabalho é a aplicação da metodologia na projeção de diferentes alternativas de

produção de Bioenergia empregadas atualmente e, definição de limites teóricos para

expansão desses RE.

A comparação visa ainda definir alternativas melhores condicionadas a contribuir

com o Desenvolvimento Sustentável, atendendo às necessidades regionais e de acordo

com a estrutura de análise empregada no PIR.

5.3 Valoração – Apresentação de Resultados

A valoração feita neste estudo de caso focou principalmente os atributos

relacionados com a produção de Bioenergia na Região Administrativa de Araçatuba

(RAA). Os resultados aqui levantados serão de extrema valia para, em conjunto com o

Mapeamento Ambiental, realizar a Integração da Bioenergia na RAA. Outro ponto

importante referente à Valoração é que esta permite a identificação de tendências,

facilitando assim a construção de Cenários e uma análise da sensibilidade da produção

de Bioenergia ao longo do tempo.

Para uma análise mais completa, consideraram-se também as plantações de

cana-de-açúcar, visto que seria importante não desagregar os impactos inerentes à tal

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atividade na análise global da Bioenergia e, desconsiderou-se os usos finais devido à

característica peculiar da região, de exportar de energia para restante do estado.

O levantamento de dados foi-se utilizado principalmente Estudos de Impacto

Ambiental (EIA) de algumas usinas da região, permitindo assim a regionalização dos

valores dos parâmetros encontrados. Quando estes não foram possíveis de serem

encontrados, as informações foram coletadas em literatura acadêmica referente ao

tema.

As Usinas de Bioenergia analisadas neste Estudo de Caso foram:

Aralco S.A. - Indústria e Comércio [[1]

Criada no município de Santo Antônio do Aracanguá, em setembro de 1978, a

Aralco realizou sucessivas ampliações em seu sistema produtivo. Apesar de ser um

EIA/RIMA bem recente (março de 2009), a Aralco S.A. tem uma capacidade de

processamento mais reduzida em comparação às outras, fato que permitu uma

comparação dos parâmetros ambientais e percepção de suas relações com a

capacidade instalada das usinas.

Clealco Açúcar e Álcool [2]

A Clealco, com a sua localização no município de Queiroz, teve por objetivo em

seu EIA/RIMA o pleito da licença de instalação de um novo empreendimento na RAA

para a produção de Álcool, Açúcar e Energia Elétrica. Por ser um novo

empreendimento em fase de projeto, alguns dos parâmetros ambientais têm maiores

incertezas associadas.

Biopav S.A. - Açúcar e Álcool [3]

A Biopav localiza-se no município de Brejo Alegre, o objeto principal de seu

EIA/RIMA foi a ampliação (principalmente da capacidade de moagem) pretendida tanto

no processo produtivo industrial quanto no agrícola. Tal ampliação deverá ser

processada em um período de seis anos com a instalação de novos equipamentos para

a produção de álcool, açúcar e co-geração de energia elétrica. Dentre as quatro usinas,

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a Biopav tem a maior capacidade produtiva, e apresentou os melhores parâmetros de

produção, provavelmente devido à sua magnitude.

Da Mata S.A. Açúcar e Álcool [4]

Sediada no município de Valparaiso, o objeto do EIA/RIMA da Da Mata foi o

aumento da capacidade de processamento de cana-de-açúcar para a produção de

álcool carburante, açúcar e energia elétrica. Sendo um dos EIA/RIMA mais recentes, e

a segunda em capacidade produtiva neste Estudo de Caso, foi possível uma fácil

identificação das informações pertinentes a este trabalho.

Tabela 2 - Principais Informações das Usinas em Análise

Usina Biopav S.A. - Açúcar e Álcool

Da Mata S.A. Açúcar e Álcool

Aralco S.A. - Indústria e Comercio

Clealco Açúcar e

Álcool Moagem - Toneladas por

Safra 6.130.000,00 4.000.000,00 3.000.000,00 2.500.020,00

Área Colhida - Hectares 61.417,00 42.333,00 34.043,75 30.567,00 Toneladas por hectare 99,81 94,49 88,12 81,79

Produção Álcool - m³ por Safra 345.580,00 112.800,00 142.515,00 42.634,00

Produção de Açúcar - Toneladas por Safra 407.186,00 387.000,00 175.884,00 266.505,00

Capacidade Instalada - MW 205,00 90,00 13,25 54,00

Energia Elétrica Gerada - MWh por Safra 875.568 369.681 45.619 194.400

Energia Elétrica Gerada por Tonelada de Cana 0,14 0,09 0,02 0,11

Energia Elétrica Consumida - MWh por

Safra 223.776 124.099 45.619 59.400

Energia Elétrica Consumida por Tonelada

de Cana 0,04 0,03 0,02 0,03

Energia Elétrica Excedente - MWh por

Safra 651.792 245.582 - 135.000

Energia Elétrica Excedente por Tonelada

de Cana 0,106 0,061 - 0,054

Pressão de Trabalho das Caldeiras - Kgf/cm² 100 67 67 64

Fonte: Baseado em EIA/RIMA [1], [2], [3] e [4]

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53

As principais informações referentes às Usinas estão agrupadas na Tabela 2, o

que permitirá mais agilidade na análise dos parâmetros ambientais, principalmente no

que se refere à capacidade instalada das Usinas. Para a determinação dos parâmetros

ambientais médios da região, foram calculadas médias ponderadas pela capacidade

produtiva das Usinas.

5.3.1 Dimensão Ambiental

5.3.1.1 Meio Aéreo

O meio aéreo foi trabalhado com intuito de verificar e valorar as emissões

atmosféricas da produção de Bioenergia na RAA e, os dois enfoques principais são os

Poluentes Atmosféricos e os Gases do Efeito Estufa (GEE). Como os GEE não eram

considerados poluentes pela Norma Brasileira, não havia na legislação a

obrigatoriedade do controle destes, portanto não há informações relevantes nos

EIA/RIMA de estudo. No entanto, sabe-se que foram aprovadas metas de redução de

20% para o Estado de São Paulo, para o ano de 2020,com ano base 2005.

Para análise desejada, buscou-se então na literatura referente [5] SOARES, et

al. (2009), [6] EPA, [16] Batista, et.al. (2009), estudos focados nas emissões de GEE da

cadeia produtiva de Bioenergia, mais especificamente da produção de cana-de-açúcar.

Outro fator limitante foi a ausência de estudos dos gases e particulados

provenientes da queima da palha da cana-de-açúcar no campo, dentre as informações

dos EIA/RIMA. Felizmente, está prevista na Legislação do Estado de São Paulo, a

eliminação gradativa de tal prática agrícola [13] (Lei 11.241/02-SP). As informações

referentes ao Meio Aéreo estão descritas nas Tabelas 3, 4 e 5.

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Tabela 3 - Emissão de Gases do Efeito Estufa

CH4 (g/ha) N2O (g/ha) CO2 fóssil (kg/ha) Total (kg eq. CO2/ha)

A queima da cana 28350 735 - 1865.1Mão de obra e transporte - - 327.6 327.6

TOTAL 2192.7

Combustível colheitadeira 5.7 1.1 141.5 142.1GEEs embutido na colheitadeira - - 5.1 5.1

Mão de obra e transporte - - 151.5 151.5Mineralização dos resíduos - 471.4 - 146.1

TOTAL 444.8

CH4 (g/ha) N2O (g/ha) CO2 fóssil (kg/ha) Total (kg eq. CO2/ha)Plantio da cana 8.9 1.8 718 719.1

Manejo da cultura 2.7 1362.9 86.9 509.5Produção Indústrial 3413.3 - 107.6 304.7

TOTAL 1533.3

Gás estufa emitido por anoEtapa de produção

Fonte da emissão Gás estufa emitido por ano

Colheita manual, cana queimada

Colheita mecanizada, cana crua

Fonte: [5] Soares (2009)

Tabela 4 - Emissão de Poluentes Atmosféricos

Poluente AtmosféricoNox

Material Particulado0,6 kg por tonelada de bagaço de cana0,7 kg por tonelada de bagaço de cana

Produção Industrial

Fonte: [6] Bagasse Combustion In Sugar Mills - 10/96

Tabela 5 - Emissão de Poluentes Atmosféricos

Poluente Atmosférico NOx Material Particulado

Queima da palha no campo (kg/ton) 2,01 3,73

Queima do bagaço na caldeira (kg) 0,15 2,58

Queima da palha na caldeira (kg/ton) 0,18 1,8

Fonte: [12] Batista, et. al. (2009) apud Leme (2005)

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5.3.1.2 Meio Aquático

As informações referentes ao uso da água foram coletadas diretamente nos

EIA/RIMA das usinas em estudo. O Meio Aquático foi divido em dois Sub-Atributos:

Demanda de Água e Qualidade dos Efluentes.

Qualidade dos Efluentes

Com relação à Qualidade dos Efluentes considerou-se que estes não são

lançados diretamente nos corpos d’água e são completamente utilizados na diluição da

vinhaça produzida, utilizada posteriormente para fertirrigação. Poderia se afirmar que os

corpos d’água são afetados indiretamente pela percolação da fertirrigação no solo

agrícola, entretanto, todas as usinas estudadas seguem a Norma Técnica CETESB P

4.231, o que garante a não interferência nos corpo d’água.

Demanda de Água

O primeiro ponto a ser levantado pela análise dos EIA/RIMA foi que a demanda

de água é devido aos processos industriais da produção de Bioenergia, a demanda dos

processos agrícolas são supridos tanto pela fertirrigação quanto pela pluviosidade local.

Na Tabela 6 está discretizada a demanda de água, por processo industrial, dados

baseados nos EIA/RIMA de estudo.

Um dos pontos identificado no estudo foi a demanda de água para lavagem de

cana, esta só ocorre quando há a queima da cana-de-açúcar devido à colheita manual.

Com a mecanização da colheita é esperado que tal demanda não seja mais necessária,

diminuindo assim significativamente a demanda de água no processo industrial.

Outro fator observado nos EIA/RIMA é com relação às tecnologias de Circuito

Fechado de circulação de águas. Os valores observados na Tabela 6 são as médias

ponderadas entre as usinas em estudo, entretanto observou-se uma diferença da

ordem de 10% entre o melhor (BIOPAV S.A.) e o pior (CLEALCO S.A.) caso.

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Tabela 6 - Demanda de Água

Processo Industrial m³ por tonelada de cana

Lavagem de Cana 0.52

Torres de resfriamento 0.56

Complemento de águas caldeiras 0.20

Embebição 0.60

Outros 0.37

TOTAL 2.24

Fonte: Baseado em EIA/RIMA [1], [2], [3] e [4]

A embebição é o processo de adição de água nas moendas para a obtenção de

uma maior eficiência da retirada de sacarose da cana-de-açúcar. Outro processo de

obtenção da sacarose da cana-de-açúcar é o processo de difusão, onde a retirada de

sacarose ocorre por osmose (referente às células não rompidas da cana-de-açúcar) e

por lixiviação (arraste sucessivo da sacarose das células rompidas pela água). Assim,

identificou-se que a demanda de água para embebição poderia ser totalmente

desconsiderada com a troca de tecnologia (CLEALCO S.A.).

Os valores encontrados nas usinas em estudo estão bem próximos do média

estadual de São Paulo. Segundo estudo realizado pela UNICA nas usinas do estado de

São Paulo, a demanda de água média é de cerca 1,83 m³ por tonelada de cana

(Macedo, 2005).

5.3.1.3 Meio Terrestre

O Meio Terrestre foi dividido em dois sub-atributos, Uso e Ocupação do solo e a

Caracterização dos Rejeitos Sólidos. As informações necessárias para o levantamentos

desses atributos foram coletadas diretamente nos EIA/RIMA de estudo.

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Tabela 7 - Produção de cana-de-açúcar por hectare

Usina Biopav S.A. - Açúcar e Álcool

Da Mata S.A. Açúcar e Álcool

Aralco S.A. - Indústria e Comercio

Clealco Açúcar e Álcool

Moagem - Toneladas por Safra 6.130.000,00 4.000.000,00 3.000.000,00 2.500.020,00

Área Colhida - Hectares 65.462,00 44.333,00 34.043,75 30.567,00

Toneladas por hectare 93,64 90,23 88,12 81,79

Média Ponderada - ton/ha 89,81

Fonte: Baseado em EIA/RIMA [1], [2], [3] e [4]

Uso e Ocupação do Solo

Com relação ao Uso e Ocupação do Solo, considerou-se principalmente a

demanda de área para a produção da Bioenergia. Na Tabela 7 é possível observar a

eficiência da produção de cana nas diferentes usinas de estudo. Para efeito de estudo

na RAA, calculou-se uma média ponderada pela produção.

Resíduos Sólidos

A relação da produção de resíduos sólidos a seguir, também é baseada nas

informações levantadas nos EIA/RIMA. Entre os quatro EIA/RIMA analisados neste

Estudo, apenas dois apresentavam dados disponíveis. Para os dados utilizados nesta

análise, não foram considerados aqueles que apresentavam quantidade de geração

“variável”, visto que não se agregaria informações úteis ao Estudo. Dentre os resíduos

classificados como “variáveis” nos EIA/RIMA, estão: Geração de Sucata Ferrosa e Não

Ferrosa; Embalagens de Agrotóxicos. Outros sub-produtos classificados como resíduos

pelos EIA/RIMA e desconsiderados, visto que estão incorporados à processos

industriais, neste Estudo estão a geração de Bagaço de Cana-de-açúcar e de Vinhaça.

Os dados coletados estão apresentados na Tabela 8 - Produção de Resíduos Sólidos.

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Tabela 8 - Produção de Resíduos Sólidos

Tipo Disposição Final Unidade Quantidade

Lixo Comum Aterro Sanitário Kilograma de lixo / Tonelada de Cana 0,04

Lixo Laboratório Incineração Kilograma de lixo / Tonelada de Cana

0,002 - 0,007

Lodo Fossa Séptica

Cloração/Leito de Secagem Litro/dia/funcionário 0,08

Óleo Lubrificantes

Usados

Envio para Empresa Especializada

mili Litro/Tonelada de Cana 10

Fonte: Baseado em EIA/RIMA [1], [2], [3] e [4]

5.3.2 Dimensão Social

Uma análise compreensiva tanto das Dimensões Sociais e do Meio Antrópico

quanto à sua influência devido a expansão regional da Bioenergia, ainda são muito

escassas no meio acadêmico. Entretanto, tais análises são essenciais para a devida

valoração do custo real dos programas voltados à Bioenergia e informar de maneira

corretas os tomadores de decisão.

5.3.2.1 Geração de Empregos

Para a verificação da influência da Bioenergia na RAA, será utilizada

principalmente a capacidade de geração de renda na região, através da especialização

da demanda de mão-de-obra. Para uma melhor classificação da qualidade dos

empregos gerados, foram-se discretizados três classes de empregos, por tipo de função

exercida pelo trabalhador e sua remuneração em relação à região: Baixa

Especialização; Média Especialização; Alta Especialização.

Na Tabela 9 , como os números são absolutos, não permitem uma boa análise

dos dados, visto as diferentes capacidades produtivas dos empreendimentos. Na

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59

Tabela 10 construiu-se então o potencial médio de geração de empregos, podenrado

pela capacidade produtiva. Outro ponto levantado nos estudos é a demanda de

trabalhadores tanto para a colheita manual como para a mecanizada.

Na Tab ela 9 estão discretizados os valores absolutos encontrados nos

EIA/RIMA analisados. As informações contidas no EIA/RIMA da Clealco não foram

considerados pois a sua baixa qualidade não permite uma boa análise.

Como os números são absolutos, não permitem uma boa análise dos dados,

visto as diferentes capacidades produtivas dos empreendimentos. Na Tabela 10 construiu-se então o potencial médio de geração de empregos ponderado pela

capacidade produtiva. Outro ponto levantado nos estudos é a demanda de

trabalhadores tanto para a colheita manual como para a colheita mecanizada.

Tabela 9 - Recursos Humanos

Usina Biopav S.A. - Açúcar e Álcool

Da Mata S.A. Açúcar e Álcool

Aralco S.A. - Indústria

e Comercio

Clealco Açúcar e

Álcool Recursos Humanos - Produção Agrícola durante a Safra

Baixa Especialização 387 1205 795 - Média Especialização 2077 981 138 - Alta Especialização 209 57 38 -

TOTAL 2673 2243 971 - Recursos Humanos - Produção Agrícola durante a Entressafra

Baixa Especialização 387 400 562 - Média Especialização 1.981 736 109 - Alta Especialização 201 57 36 -

TOTAL 2.569 1.193 707 - Recursos Humanos - Produção Industrial durante a Safra

Baixa Especialização - - - - Média Especialização 392 232 226 - Alta Especialização 91 85 64 -

TOTAL Recursos Humanos - Produção Industrial durante a Entressafra

Baixa Especialização - - - - Média Especialização 369 232 226 - Alta Especialização 114 85 64 -

TOTAL 483 317 290 - Fonte: Baseado em EIA/RIMA [1], [2], [3] e [4]

Tabela 10 - Recursos Humanos - Valores Médios Encontrados

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Recursos Humanos - Produção Agrícola (Desconsiderando a Colheita) - Emprego por Tonelada de Cana

Safra Entressafra Baixa Especialização 0,000193 0,000167 Média Especialização 0,000133 0,000272 Alta Especialização 0,000029 0,000029

Recursos Humanos - Produção Industrial - Emprego por Tonelada de Cana

Safra Entressafra Baixa Especialização - - Média Especialização 0,0000953 0,0000935 Alta Especialização 0,0000282 0,0000300

Recursos Humanos - Produção Agrícola e Industrial (Desconsiderando a Colheita) - Emprego por Tonelada de Cana

Safra Entressafra Baixa Especialização 0,0001932 0,0001669 Média Especialização 0,0002285 0,0003651 Alta Especialização 0,0000577 0,0000586

TOTAL 0,0004794 0,0005906

Recursos Humanos - Colheita Manual e Mecanizada - Emprego por Tonelada de Cana

Safra Entressafra Colheita Manual 0,000610 -

Colheita Mecanizada 0,000231 0,000095 Fonte: Baseado em EIA/RIMA [1], [2], [3] e [4]

5.3.2.2 Impactos na Saúde Pública

A queimada da cana-de-açúcar para a colheita manual afeta áreas onde tal tipo

de cultura é predominante no uso e ocupação do solo (Uriarte, 2009). Além dos

materiais particulados, o aumento dos níveis de monóxido de carbono e ozônio na

baixa atmosfera está correlacionado com a queima dos canaviais. Dois estudos

conduzidos em municípios paulistas indicaram correlação direta com o aumento da

incidência de mortandade respiratória com a baixa qualidade do ar devido às

plantações de cana (Arbex, 2007; Cançado, 2006).

No estudo de (Uriarte, 2009), correlacionou-se o uso e ocupação do solo com o

índice de queimadas no estado. Posteriormente, tais dados foram cruzados com os

índices de atendimentos médicos de problemas respiratórios por idosos e crianças

(populações mais afetadas). Primeiramente, como pode ser constatado na Figura 3, é

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61

clara a correspondência direta entre as plantações de cana-de-açúcar e queimadas,

devidas principalmente às queimadas para a colheita manual.

Já na Figura 4, pode ser constatado, que o aumento do número de casos

de problemas respiratórios (durante o período de 2004-2007), ocorre principalmente

nas áreas onde há maior concentração de plantações de cana-de-açúcar.

Fonte Uriarte et al (2009) Figura 3 - Correlação entre uso do solo e o ocorrência de queimadas

Fonte Uriarte et al (2009) Figura 4 - Incidência de problemas respiratórios

5.3.2.3 Segurança alimentar

Em relação à substituição de culturas por cana-de-açúcar no campo, deve-se

atentar à segurança alimentar da RAA. Segundo a FAO (Food and Agriculture

Page 62: TF - Análise da Bioenergia através do PIR3 · Projeto de Formatura apresentado ... a mecanização, com o pretendido fim das ... 3. Justificativa e Metodologia

62

Organization), Acesso “representa a capacidade das populações de produzirem ou

comprarem os alimentos que supram as suas necessidades”. Com menos áreas

cultivadas, certamente o acesso à alimentos na RAA será afetado.

Assim, a capacidade da população local de produzir o seu próprio alimento,

levando-se em consideração o ritmo da expansão da cana-de-açúcar na RAA, percebe-

se que esta pode avançar em grande parte da área agricultável destinada à

alimentação. A cultura mais afetada será a da pecuária, visto que ocupa a maior

parcela de áreas agricultáveis da RAA.

Dessa forma, recorre-se ao poder de compra de alimentos importados, caso não

haja produção local e verifica-se que a expansão da cana-de-açúcar é acompanhada

com uma maior oferta de empregos na região. Tal oferta de emprego acarreta num

desenvolvimento econômico local, gerando riquezas e, por conseqüência, aumentando

o poder de compra da região como um todo. No entanto, nesta análise, as ferramentas

de mapeamento serão utilizadas de modo a não ameaçar a atual estrutura de produção

de alimentos da região, com exceção das áreas destinadas às pastagens.

5.3.3 Dimensão Técnico-Econômica

Esta dimensão está melhor representada pelos levantamentos encontrados no

Mapeamento Ambiental, onde os dados de séries históricas foram levantados e

extrapolados para a confecção de cenários.

Também podem ser observados dados relativos às conversões (etanol, açúcar) e

fatores de potência para geração de Bioletricidade - Tabela 12. A inserção de atributos

como tecnologia, também faz parte desta dimensão de análise, onde foram

considerados a evolução do rendimento agrícola da cana-de-açúcar e cenários de

melhoras da demanda de água requeridas no processo.

Análise econômicas não foram desenvolvidas neste trabalho, em função da

intensa flutuação dos preços dos produtos analisados (açúcar e álcool), apenas com

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63

considerações da versatilidade das linhas de produção das usinas, que podem

reconfigurar-se em função dos preços praticados no mercado.

5.3.4 Dimensão Política

Esta dimensão também está melhor explicita no Mapeamento Ambiental, através

dos normativos empregados nas restrições do mapeamento e protocolos e acordos

considerados nas projeções.

Neste tópico, é de suma importância frisar, que esta dimensão tem um papel

definidor das projeções, onde políticas de restrição ou incentivo de algumas práticas,

demonstram-se como cruciais nas definição das projeções. A exemplo da Lei

11.241/2002 de erradicação das queimadas, que tem previsões mais otimistas de

cumprimento, segundo o Protocolo Agroambiental, e demonstram a importância da

percepção desta dimensão na análise desenvolvida empregando a metodologia PIR.

.

5.3.5 Diagnóstico da Valoração e apresentação de tendências

Tendência de mecanização da colheita de cana-de-açúcar e fim das queimadas;

Tendência de diminuição de demanda de água do processo;

Tendência de aumento da geração de Bioletricidade através do bagaço da cana-

de-açúcar;

Tendência do aumento do rendimento de produção por área e expansão das

áreas plantadas sobre as pastagens.

Page 64: TF - Análise da Bioenergia através do PIR3 · Projeto de Formatura apresentado ... a mecanização, com o pretendido fim das ... 3. Justificativa e Metodologia

64

5.4 Mapeamento Ambiental – Apresentação de Resultados

5.4.1 Diagnóstico ambiental e seleção de indicadores

Através dos dados levantados pôde se observar alguns pontos principais a

serem discutidos no trabalho:

Níveis de Material Particulado e Ozônio na RAA;

Susceptibilidade a erosão;

Remanescentes de vegetação natural;

Disponibilidade das águas superficiais e vulnerabilidade de águas

subterrâneas;

O mapeamento ambiental nessa seção está apresentado apenas com as

variáveis necessária a Integração de Recursos - IR, objetivo deste trabalho. Os

resultados obtidos no levantamento encontram-se em PIR (2009).

5.4.2 Meio Aéreo

O levantamento de dados de qualidade do ar foi feito junto à CETESB, cujo

monitoramento acaba de completar um ano de série de dados históricos na RAA e

ainda não tem valores consolidados publicados.

Através dos valores obtidos e limites observados na Legislação CONAMA

03/1990 pode se observar que a bacia aérea não se encontra saturada na região.

A Tabela 11 apresenta uma possível correlação entre o período de safra, quando

ocorrem as queimadas e as caldeiras trabalham até 24 horas por dia, com os níveis de

material particulado no ar. Entretanto a quantificação dessa influência fica restrita a

modelos de dispersão, que usualmente não são empregados para áreas dessa

magnitude (aproximadamente 1.868.300 hectares).

Page 65: TF - Análise da Bioenergia através do PIR3 · Projeto de Formatura apresentado ... a mecanização, com o pretendido fim das ... 3. Justificativa e Metodologia

65

Tabela 11 - Qualidade do ar em Araçatuba

MÉDIAS MENSAIS - Monitoramento de qualidade do ar da CETESB

set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09MEDIA ANUAL

MP10 (µg/m3) 29,86 37,13 27,06 23,04 12,82 14,34 20,60 29,77 38,69 30,95 34,81 40,70 28,3

NO2 (µg/m3) 12,65 9,08 6,22 5,92 3,31 4,70 7,35 10,88 13,08 13,56 12,97 10,75 9,2

O3 (µg/m3) 51 60 54 51 31 34 34 36 38 29 30 42 43,4

safra entressafra safra

É de suma importância frisar que os modelos de dispersão adotam parâmetros

meteorológicos, onde se sabe que a dispersão nas estações frias é menos significativa

que em estações quentes, o que não permite uma correlação direta das concentrações

de MP com a sazonalidade dos dados levantados. No entanto, pode-se inferir sobre a

magnitude da influência da safra, sobre a qualidade do ar regional em áreas com uso

do solo predominante de cultura sucroalcooleira.

Portanto, pode-se constatar que os níveis de qualidade do ar poderão ser

extrapolados em um horizonte de diminuição das áreas queimadas e expansão das

áreas plantadas; ou em horizontes de aprovação de parâmetros mais restritivos pelo

Legislativo, segundo indicativos da OMS, cujos padrões de qualidade já estão

saturados na região.

Page 66: TF - Análise da Bioenergia através do PIR3 · Projeto de Formatura apresentado ... a mecanização, com o pretendido fim das ... 3. Justificativa e Metodologia

66

5.4.3 Meio Aquático

Os parâmetros mais importantes levantados para o meio aquático foram a

disponibilidade de águas superficiais e vulnerabilidade de águas subterrâneas,

parâmetros envolvidos na confecção do Zoneamento Agroambiental para o setor

sucroalcooleiro, georreferênciados na Figura 5.

O que se pode observar na Figura 5 é a grande quantidade de áreas

consideradas de alta vulnerabilidade, principalmente relacionadas às APP´s - Áreas de

Proteção Permanente e nascentes. Além da inexistência de áreas consideradas

críticas.

Fonte: [14] São Paulo SMA/SAA(2009) Figura 5 - Disponibilidade de águas superficiais e vulnerabilidade de águas

subterrâneas

Demais parâmetros levantados no mapeamento, como valores municipalizados

para as demandas e disponibilidade de águas, encontram-se em PIR (2009). A

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caracterização desse meio na RAA segue formato diferente do usualmente empregado,

discretizados por UGRHI - Unidade de Gerenciamento de Recurso Hídricos, o que leva

a algumas dificuldades na manipulação dos dados levantados.

5.4.4 Meio Terrestre

Para o meio terrestre, o parâmetro incorporado mais importante refere-se aos

remanescentes de vegetação natural, [14] Figura 6, a pesar da não existência de

Unidades de Conservação na região, extensas porções do território foram consideradas

segundo o Projeto BIOTA da FAPESP, como de alto interesse para preservação e

conectividade da Biodiversidade.

.

Fonte: São Paulo SMA/SAA(2009) Figura 6 - Unidades de Proteção Integral

Os indicadores de susceptibilidade a erosão retirados do Atlas de Informações

Básicas para o Planejamento Ambiental, [15] Figura 7, demonstram a fragilidade dos

solos da RAA, de formações por rochas sedimentares e básicas, apresentam muito alta

vulnerabilidade a erosão por sulcos ravinas e boçorocas.

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Por fim, o uso e ocupação do solo está apresentado na Figura 8 - Zoneamento

Agroambiental da RAA, onde o Zoneamento já incorpora todos os parâmetros sobre

citados e serviram de base para confecção das restrições das projeções deste Estudo.

Fonte: São Paulo SMA (2007) Figura 7 - Susceptibilidade a erosão

Todos indicadores do mapeamento apresentados representam alguma

das restrições que poderão ser impostas ao modelo em confecção. Essas restrições

geralmente têm formato municipalizado e algumas podem ser representadas no tempo,

de acordo com a evolução da normatização.

Portanto, o Mapeamento tem a função de estabelecer restrições ao

modelo de projeção, de forma a considerar a Biocapacidade regional. O que significa

que as projeções deverão incrementar o Desenvolvimento Sustentável regional, sem

influir negativamente nos indicadores levantados e promovendo manutenção recursos e

características naturais da região.

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5.5 Integração de Recursos (IR) – Apresentação de Resultados

O procedimento para a IR neste Projeto, consiste em somar os esforços

desenvolvidos pelas duas frentes de trabalho (Valoração e Mapeamento) de forma a

integrar os valores obtidos de potenciais impactantes do MA, com o levantamento das

usinas da região e com valores de qualidade ambiental observados nos indicadores.

O intuito do trabalho é projetar a expansão da Bioenergia no oeste paulista e o

potencial de influência sobre a qualidade ambiental regional. Nesse escopo, o produto

do trabalho de IR terá formato de cenários futuros, onde serão admitidos pressupostos

no decorrer das projeções, de acordo com tendências observadas e hipóteses futuras

que deverão estar claramente descritas no trabalho.

O primeiro ponto observado nesta etapa consiste na confecção de cenário

tendencial, que constituirá a base principal das projeções de indicadores ambientais e

pressupostos incorporados aos cenários futuros. Dessa forma, caracteriza-se uma base

para a comparação da sensibilidade do modelo às mudanças impostas, nas projeções

de alguns indicadores e inserção de atributos como tecnologia.

O levantamento feito para as usinas da RAA corresponde a cerca de 30% da

área plantada e aproximadamente 40% do total de cana processada na região. O que

indica rendimentos agrícolas maiores para as safras colhidas nestas quatro usinas. Os

dados levantados para essas usinas foram extrapolados para toda RAA, o que denota

um parecer otimista dos aspectos gerais da região, devido aos melhores rendimentos,

processos de licenciamento finalizados e, portanto, condições mais estruturadas de

capacidade produção.

Dessa forma, os dados projetados não abrangem a vasta gama de usinas

menores, com processos produtivos mais precários e menor quantidade de recursos

para mecanização no campo e investimentos em tecnologia.

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5.5.1 Procedimento para confecção de projeções

As projeções partem sempre de premissas baseadas em séries históricas e têm

característica linear, de forma a simplificar o modelo. As restrições impostas às

projeções consideram a biocapacidade regional levantada no Mapeamento,

representadas pelos indicadores de sustentabilidade, que podem ser classificadas em:

restritivos: indicadores que têm restrições físicas diretamente relacionáveis com

a valoração (p.e.: disponibilidade de terras, disponibilidade de água)

não-restritivos: indicadores que não tem essa restrição física claramente

determinada, geralmente são padrões de qualidade a serem seguidos, ou têm

correlações mais distantes com a valoração:

monitores: indicadores que caracterizam o desenvolvimento regional, no entanto,

não tem padrões de qualidade associados ou restrições legais.

O procedimento de projeção genérica de indicadores de monitoramento ou

Vigilantes, no jargão do PIR, pode ser observado no esquema que segue:

5.5.2 Confecção de Cenário Tendencial

A primeira premissa adotada para o modelo tendencial foi a extrapolação da taxa

de expansão atualmente encontrada nos dados do banco de dados do IEA - Instituto de

Economia Agrícola, onde a taxa da safra 2008/2009 da RAA teve um aumento de

12,45% em relação a safra do ano anterior, como pode ser observado no Gráfico 2.

O parâmetro restritivo do modelo baseia-se na Resolução Conjunta SMA/SAA-

006 de 24 de setembro de 2009, que dispõe sobre o ZAA - Zoneamento Agroambiental

para o setor sucroalcooleiro no Estado de São Paulo, que estabelece as seguintes

classificações de áreas agricultáveis:

I - Adequada, que corresponde ao território com aptidão edafoclimática favorável

para o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar e sem restrições ambientais

específicas;

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II - Adequada com Limitações Ambientais, que corresponde ao território com

aptidão edafoclimática favorável para cultura da cana-de-açúcar e incidência de Áreas

de Proteção Ambiental (APA); áreas de média prioridade para incremento da

conectividade, conforme indicação do Projeto BIOTAFAPESP; e as bacias hidrográficas

consideradas críticas;

III - Adequada com Restrições Ambientais, que corresponde ao território com

aptidão edafoclimática favorável para a cultura da cana-de-açúcar e com incidência de

zonas de amortecimento das Unidades de Conservação de rotação Integral - UCPI; as

áreas de alta prioridade para incremento de conectividade indicadas pelo Projeto

BIOTA-FAPESP; e áreas de alta vulnerabilidade de águas subterrâneas do Estado de

São Paulo, conforme publicação IG-CETESB-DAEE - 1997; e

IV - Inadequada, que corresponde às Unidades de Conservação de Proteção

Integral - UCPI Estaduais e Federais; aos fragmentos classificados como de extrema

importância biológica para conservação, indicados pelo projeto BIOTA-FAPESP para a

criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral - UCPI; às Zonas de Vida

Silvestre das Áreas de Proteção Ambiental - APA; às áreas com restrições

edafoclimáticas para cultura da cana-de-açúcar; e às áreas com declividade superior a

20%.

Elaborado pelas secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura e Abastecimento,

o Zoneamento Agroambiental da cana-de-açúcar tem como propósito o

desenvolvimento sustentável das culturas de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo,

através do planejamento da expansão do setor agrícola. Em sua elaboração foram

considerados fatores como clima, solo, declividade, presença de unidades de

conservação no entorno e as bacias aéreas (qualidade do ar).

As áreas do estado e suas respectivas classificações, de acordo com o

zoneamento, estão georreferenciados na Figura 8, através das cores:

verde escuro: áreas adequada;

verde-claro: áreas adequadas, com limitações ambientais;

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vermelho: áreas inadequadas.

amarelo: áreas adequadas, com restrições ambientais;

5.5.3 Taxa de expansão

Através da projeção dos dados de área plantada, modelados conjuntamente ao

ZAA municipalizado (Tabela 12) foi possível confeccionar o Cenário Tendencial, com a

utilização das taxas de expansão de 12,45% a.a. (atual - IEA), para as áreas

adequadas e adequadas co m li mitações; já para as áreas adequadas com restrições, utilizou-se a projeção de 4% a.a. (média do país). Para o modelo de

projeção impôs-se ainda o valor superestimado de 85% dessas áreas disponíveis para

o setor sucroalcooleiro, de forma a inferir sobre um potencial teórico de expansão do

RE na região. Tal procedimento também possibilitará a utilização de demais variáveis

de restrição, previstas no Mapeamento.

Devido às diferentes disposições de ocupação do solo, encontradas em cada

município, as taxas médias da RAA resultaram em um declínio tênue, como pode ser

observado no Gráfico 2.

O Gráfico 2 apresenta a projeção obtida para expansão da área plantada,

através do modelo. Os valores da série (2000-2008) foram obtidos no IEA, e

apresentam oscilações de difícil correlação ou aproximação. Parte dessa oscilação

deve-se à cana bisada que acaba não sendo colhida na mesma safra em que foi

plantada.

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Fonte: SMA (2009) Figura 8 - Zoneamento Agroambiental da RAA

Fonte: [12] IEA - CATI (2009), [10] INPE (2009) Gráfico 2 - Taxa de expansão da cana de açúcar na RAA

Apesar de não apresentar-se como tendência dos valores obtidos na série

histórica, a taxa projetada varia desde o valor atual IEA (aproximadamente 12%) até

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praticamente zero, quando há a saturação das áreas adequadas disponíveis para o

plantio da cana. O levantamento das áreas pode ser observado na Tabela 12.

É de suma importância ressaltar que modelo obtido é apenas uma base para a

confecção de cenários, onde é possível observar como os parâmetros influem nas

projeções.

A sensibilidade do modelo aos pressupostos futuros e tendência observada

deverão ser discutidos na forma destes cenários, onde foram impostos algumas

premissas, além das encontradas nas Normas atuais.

Fonte: [12] IEA - CATI (2009), [10] INPE (2009) Gráfico 3 - Projeção da Área Plantada

5.5.4 Re ndimento

Com os resultados obtidos para a área plantada (Gráfico 3), e a extrapolação da

média dos rendimentos agrícolas apresentados pelo IEA ([8]) e UNICA ([12]) foi

possível estimar os valores que serão produzidos de cana-de-açúcar, no horizonte de

30 anos. Como pode ser observado nos Gráfico 4 e 5.

Os valores do rendimento são principais para a confecção dos cenários, onde os

indicadores são projetados em função da área plantada ou quantidade de cana moída

no processo

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Fonte: IEA (2009), Unica (2008) Gráfico 4: Rendimento médio da RAA

Alguns valores de rendimento poderão ser incorporados nos cenários como

Tecnologia, de acordo com pressupostos, como por exemplo, o projeto FAPESP

BIOEN, que afirma que o limite teórico para esse rendimento é de até 200 toneladas de

cana-de-açúcar por hectare plantado, ou até 220 toneladas de cana-de-açúcar por

hectare plantado, segundo o pesquisador norte-americano Paul Moore

Dessa forma, as variáveis de input principais do modelo são: rendimento e taxa

de expansão da área plantada.

Fonte: Baseado em IEA (2009), Unica (2008) Gráfico 5: Inferências para cana moída

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76

5.5.5 Mecani zação

O passo seguinte da projeção consistiu em considerar no modelo a evolução de

área mecanizada, para consideração das áreas queimadas.

Duas projeções podem ser observadas na Figura 9, onde o Protocolo

Agroambiental tem como objetivo adiantar o banimento das queimadas previsto na Lei

11.241/2002. No entanto, para o Cenário Tendencial, utilizou-se as restrições previstas

na lei.

As projeções do Protocolo poderão ser analisadas na seção seguinte,

conclusões e discussões. Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 12.

É importante ressaltar que a projeção da mecanização é um dos fatores mais

importantes para a projeção dos demais indicadores, devido às diferenças de valores

encontrados para as emissões, geração de emprego e demanda de água, entre as

duas diferentes práticas de colheita. Discussões que serão mais bem abordadas na

seção seguinte.

Fonte: SMA (2008) Figura 9 - Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista

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Os resultados obtidos para toda a RAA, através das projeções confeccionadas

estão apresentados nos itens que seguem.

5.5.6 Meio Antrópico

Para a geração de emprego, extrapolaram-se os valores médios encontrados

nos EIA/RIMA da região, constantes e diferenciados entre colheita manual e

mecanizada. Os resultados obtidos a partir das projeções de área plantada e

mecanização pode ser observados nos Gráfico 6 e Gráfico 7, a seguir.

Fonte: [1], [2], [3] e [4] Gráfico 6 - Projeção da geração de empregos pela Indústria Sucroalcooleira

Fonte: [1], [2], [3] e [4] Gráfico 7 - Projeção do Total de Empregos diretos na Indústria Sucroalcoleira

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5.5.7 Meio Aéreo

A projeção da emissão de poluentes foi feita através das projeções de cana

moída e os fatores de emissão das Tabelas 3, 4 e 5.

Os fatores são diferenciados entre colheita manual e mecanizada, o que leva à

correlação com as projeções de mecanização e pode ser observados nos Gráfico 7,

Gráfico 8 e Gráfico 9. Lembrado-se que estes valores seguem apenas para o cenário

tendencial, cujos valores para expansão da cana-de-açúcar podem estar

superestimados para avaliação do modelo.

Fonte: [16] Batista, et.al (2009), [12]IEA Gráfico 8 – Projeção da Emissão de Poluentes

Fonte: [5] Soares (2009) , [12] IEA (2009) Gráfico 9 - Projeção das emissões de GEE 1

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Fonte: [5] Soares (2009) , [12] IEA (2009) Gráfico 10 - Projeção das emissões de GEE 2

5.5.8 Meio Aquático

A demanda de água foi calculada através dos EIA/RIMA ([1], [2], [3] e [4]) com os

resultados apresentados na Ta bela 6, relacionados com os dados extrapolados de

cana moída e percentual de mecanização. Os dados estão distribuídos por UGRHI e

podem ser observados no Gráfico 11.

Fonte: [1], [2], [3] e [4] Gráfico 11 – Estimativas para demanda de água

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Nesse tópico vale ressaltar que a disponibilidade de águas superficiais e

vulnerabilidade de águas subterrâneas já estão contempladas no Zoneamento

Agroambiental, portanto restrições já consideradas no modelo. No entanto, ainda

observa-se na região que a demanda de água por tonelada de cana moída ainda é alta,

com média superior a 1,5 m³, um pouco distante dos valores propostos pelo

Zoneamento Agroambiental, de 1 m³/tc para as zonas com limitações e 0,7 m³/tc para

áreas com restrições ambientais.

Questões a serem discutidas na seção seguinte, com as projeções desses

fatores de demandas de água no processo industrial.

Um último ponto importante levantado nessa análise é que com a mecanização,

essa demanda já diminui em cerca de 25%.

5.5.9 Meio Terrestre

Por fim, as projeções de resíduos industriais apresentados na Tabela 8 -

Produção de Resíduos Sólidos e Gráfico 12, onde, segundo os EIA/RIMA estudados,

praticamente todo o rejeito é reutilizado no processo ou tem correta disposição, o que

incrementaria o IQR regional, no entanto a constatação desses procedimentos fica de

difícil avaliação a partir dos estudos levantados.

Fonte: Baseado em EIA/RIMA [1], [2], [3] e [4]

Gráfico 12 - Projeção da Geração de Resíduos

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5.5.10 Grau de incerteza

A incoerência entre algumas fontes de dados leva a algumas considerações para

correções e inferências de dados inconsistentes, no entanto, aumenta o grau de

incerteza do modelo, que não prioriza avaliar a qualidade dos dados levantados.

A não abrangência de toda a gama de RE analisados no PIR, leva a

considerações menos complexas para a confecção dos cenários futuros, como por

exemplo, uma demanda infinita para os produtos analisados.

O foco principal do trabalho é analisar a sensibilidade do modelo, através da

construção de cenários que serão desenvolvidos na etapa de discussões e conclusões.

A interface do Modelo de projeção do PIR da Bioenergia no oeste paulista, pode

ser observado no final desta Seção 5 . As variáveis de input para análise de

sensibilidade são:

Taxa de expansão atual: taxa de crescimento atual da área agrícola destinada a

cultura da cana-de-açúcar, para Áreas Adequadas e Áreas Adequadas com limitações;

Taxa de expansão futura: taxa de crescimento futuro da área agrícola destinada

a cultura da cana-de-açúcar, para Áreas Adequadas com Restrições Ambientais;

Porcentual de máxima ocupação da cana em áreas agricultáveis: restrição à

utilização de áreas agricultáveis, de forma a garantir a segurança alimentar e

concorrência de outras culturas no campo. No modelo tendencial, este valor está

superestimado para observação do funcionamento de demais restrições;

Lembrando-se que este último pode ser manipulado com percentuais diferentes

para cada tipo de área e que as Áreas Inadequadas, previstas no Zoneamento não

foram consideradas passíveis de utilização pela expansão da cultura sucroalcooleira.

5.6 Análise Crítica e Conclusões

Esse tópico será dividido em duas e etapas:

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Análise de sensibilidade dos indicadores, utilizando as piores e melhores práticas

para confecção dos cenários obtidos;

Confecção de Cenários Sustentável, a partir de dos RE valorados, com emprego

de RE definido como melhor alternativa par ao Desenvolvimento Sustentável.

Neste âmbito, deve-se lembrar que o PIR abrange atualmente cerca de 182 RE

valorados e a definição de tecnologias diferentes, ou capacidade de geração de

potência diferentes, definem RE diferentes. Da mesma forma, que a valoração de

diferentes técnicas empregadas na geração de Bioenergia, configurou diferentes RE

para esta análise.

5.6.1 Análise de sensibilidade

Essa análise dos indicadores foi obtida através da variação dos subatributos

qualificados, empregando-se os maiores e menores valores qualificados na Valoração.

A mesma estratégia foi desenvolvida para os indicadores do Mapeamento, no entanto

considerando diferentes normas ou padrões de qualidade, para verificação das

projeções do modelo.

Para tal análise, é necessário o entendimento dos procedimentos adotados no

modelo, que pode ser observado no fluxograma apresentado na Figura 10.

Dessa forma puderam-se definir níveis hierárquicos influência entre essas

variáveis, partindo da esquerda para direita (azul, verde e bege).

O desenvolvimento da análise será feita através da variação de uma das

variáveis de entrada do modelo, com a fixação das demais variáveis, para observação

da sensibilidade de resultados finais de energia gerada e contribuições para o IDH. O

procedimento se iniciará com as variáveis mais a esquerda do Fluxograma da Figura 9. acima, por conseguinte as mais a direita e por fim, análise de sensibilidade das

variáveis do mapeamento. Portanto, determinou-se uma análise global, a partir da

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confecção de um Cenário Sus tentável, com as melhores práticas encontradas na

análise de sensibilidade.

Fonte: PIR (2009) Figura 10 - Fluxograma das variáveis do Modelo de Projeção

Nesse escopo, pode-se observar também que as variáveis podem ser

classificadas da seguinte maneira:

AZUL: variáveis de entrada do modelo, e passíveis de planejamento;

VERDE: indicadores de monitoramento ou de sustentabilidade, como variáveis

passíveis de incorporar restrições ao modelo de projeção;

BEGE: variáveis de resultados ou saída, que definem os produtos objetivados

pelo Planejamento.

5.6.1.1 Rendimento Agrícola

Nesse tópico, será abordada a influência do rendimento agrícola sobre os

valores finais do cenário tendencial de energia gerada (elétrica e armazenada para

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combustão). Lembrando-se que para análise de sensibilidade, os demais fatores serão

fixados, com intuito de comparação.

A fonte para a previsão das opções futuras desse indicador seguem três

diferentes premissas adotadas:

Projeção Linear da série histórica, fixada como Projeção Tendencial;

Projeção Otimista, com base nos objetivos do Programa BIOEN da FAPESP de

alcançar o rendimento de 200 ton/ha em 30 anos; e

Projeção Pessi mista, com base na fixação dos atuais valores de rendimento

encontrados.

Os cenários obtidos desse procedimento pode ser observado no Gráfico 13, a

seguir:

Fonte: [12] IEA - CATI (2009), [10] INPE (2009), [25] Brito (2009) Gráfico 13 - Cenários para o rendimento agrícola

Os resultados obtidos podem ser observados na Tabela 12, onde é possível

identificar a ordem de grandeza do aumento da geração de energia em função do

aumento da produtividade ou aumento do rendimento da cultura da cana-de-açúcar.

Nesse tópico vale ressaltar que a evolução dos rendimentos no campo, provavelmente

demandaria maiores quantidades de insumos agrícolas e por conseguinte, alteraria a

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produção de GEE, em função do uso de nitrogênio e a emissão (N20) no manejo

agrícola dos solos.

Tabela 12 - Tabela resultados de cenários de geração de energia

Cenários Pessimista Otimista Tendencial Fator Tendencial

Rendimento agrícola em 1938 (ton/ha)

73,4 200 89,91

Area (2038) (ha) 1.576.359 1.576.359 1.576.359

Produção Cana (ton)

115.704.780 315.271.881 141.730.474

Produção Energia Elétrica Excedentes

(MWh/ano)

7.615.786 20.751.461 9.328.819 0,066 (MWh/ton)

Produção de Etanol (m³/ano) 10.848.711 29.560.519 13.288.931 0,0938

(m³/ton) Fonte: [12] IEA - CATI (2009), [10] INPE (2009), [25] Brito (2009)

5.6.1.2 Expansão da Área Plantada

A taxa de expansão percentual de área plantada foi manuseada de forma a

observar as restrições do modelo imposto. Os dois cenários considerados partem de

duas taxas de expansão que podem ser observadas na

Tabela 13, onde pode-se observar que taxas maiores tendem a saturação mais

rapidamente. Já a evolução das taxas de expansão pode ser observada no Gráfico 14 -

Cenários para taxa de expansão.

A terminologia adotada para o nome dos cenários foi levando em consideração o

fato de que, avanços maiores na direção da expansão do setor são vistos como

tendências mais otimistas. No entanto, não significa necessariamente taxas que têm

melhores retornos em relação aos indicadores ambientais e da mesma forma, não se

definem como cenário da melhores práticas levantadas neste estudo.

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Tabela 13 - Restrições do modelo e taxa de expansão

Taxa de expansão Cenários

Limitadas (% a.a) Restritas (% a.a.) Ano de saturação

Tendencial 12,45 4 2034

Otimista 20 10 2026

Pessimista 5 0,5 não satura em 30 anos

Fonte: IEA (2009)

Fonte: IEA (2009), UNICA (2008) ¹ Gráfico 14 - Cenários para taxa de expansão

Neste tópico, ainda é possível observar que os valores de máxima ocupação

também influem na velocidade de saturação de áreas, onde menores valores

determinam menor quantidade de áreas agricultáveis disponíveis para a cultura

sucroalcoleira e portanto, a projeção atinge a saturação mais rapidamente.

¹ A série histórica é média das fontes citadas para o Brasil e para o estado de São Paulo.

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5.6.1.3 Mecanização

A mecanização tem projeções otimistas para o cumprimento de metas

previstas na lei 11.241/2002 e ainda mais otimistas para o Protocolo Ambiental. A partir

dessas informações, projetou-se dois cenários de mecanização que possibilitaram as

seguintes observações:

Há um ponto onde a mecanização muito acelerada pode gerar valores

negativos de geração de emprego nos primeiros cincos anos da projeção,

o que é uma condição de restrição do Mapeamento;

a correlação observada com as altas concentrações de poluentes

atmosféricos pode levar a região a um horizonte de saturação,

considerando-se a correlação existente entre: as concentrações de

poluentes; a sazonalidade da safra e entressafra e; o aumento da

magnitude de 200% das emissões do poluente Material Particulado e o

pico das emissões de NOx .

Fonte: SMA (2009), UNICA (2008) Gráfico 15 - Cenários para área queimada

5.6.1.4 Meio Aéreo

O meio aéreo é o que melhor representa os avanços obtidos com o fim da prática

de queimadas da cana crua no campo, onde os níveis máximos de emissões podem

ser observados nos Gráfico 16, Gráfico 17 e Gráfico 18.

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Segundo dados obtidos através do mapeamento das séries de qualidade do ar

da RAA, os valores de emissões de MP e NOx atingem níveis críticos que podem

apresentar-se como ameaça ao desenvolvimento sustentável regional, principalmente

devido ao aumento das emissões de MP, que no entanto, não considera o fator

tecnologia nas projeções. Assim, o material particulado segue uma tendência de

aumento, que pode ser ainda mais incrementada com o aumento do rendimento

agrícola da cultura da cana-de-açúcar e levar a região a um horizonte de saturação da

bacia aérea. Os máximo de NOx podem ser minimizados com o protocolo

agroambiental como pode ser observado no gráfico que segue.

Fonte: [16] Batista, et.al (2009), [12]IEA Gráfico 16 - Cenários da emissão de poluentes com a mecanização

O aumento das emissões de NOx observadas podem ser consideradas críticas,

pelo fato de este poluente atuar como precursor de Ozônio, na presença de radiação

solar. Considerando os níveis de concentração de ozônio na região – A Tabela 11 apresenta uma possível correlação entre o período da safra, quando ocorrem as

queimadas e as caldeiras trabalham até 24 horas por dia, com os níveis dematerial

particulado no ar. Entretanto, a quantificação dessa influência fica restrita a modelos de

dispersão, que usualmente não são empregados para áreas dessa magnitude

(aproximadamente 1.868.300 hectares).

Também através da Tabela 11 – (onde os nesses de ozônio já encontram-se

saturados segundo a OMS), as tendências de aumento dos níveis de NOx e o aumento

da radiação solar (Figuras 11 e 12), variáveis input da formação de ozônio troposférico, pode-se inferir sobre níveis críticos de concentração de ozônio em baixas atitudes, para

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os primeiros 5 anos projeção (máximo de emissões considerando o Protocolo

Agroambiental - Gráfico 16).

Fonte: Massambani (2009) Figura 11 - Correlação da contagem de manchas solares e radiação solar

Fonte: Massambani (2009) Figura 12 - Projeção do ciclo de manchas solares

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Fonte: [5] Soares (2009) , [12] IEA (2009) Gráfico 17 - Cenários das emissões de GEE e mecanização 1

Fonte: [5] Soares (2009) , [12] IEA (2009) Gráfico 18 - Cenários das emissões de GEE e mecanização 2

As emissões de GEE seguem tendências de aumento devido à expansão

considerada do setor sucroalcooleiro, e a não consideração do seqüestro de carbono,

em função da substituição do combustível, portanto considerados de forma a quantificar

as emissões regionais totais do setor.

Em valores absolutos, as atuais emissões de CH4 inferidas, correspondem à

cerca de 22% das emissões totais da região e as emissões de CO2 a 7,5% do total da

RAA (comparação PIR, 2009).

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5.6.1.5 Meio Aquático - Demanda de água

Para a confecção dos cenários da demanda de água na RAA considerou-se a

Valoração apresentada na

Tabela 6 - Demanda de ÁguaTabela Para a confecção dos Cenários Pessimista

e Tendencial, as demandas equivalentes se deram pelo fato de que devido à facilidade

e viabilidade da mudança de processos e implantação novas tecnologias, o pior cenário

previsto (o Cenário Pessimista) é o caso de não alteração da eficiência dos processos.

Para a confecção do Cenário Otimista, considerou-se a troca do processo de

retirada da sacarose da cana através da difusão, diminuindo assim a necessidade de

embebição da cana-de-açúcar. Outro fator considerado é o ganho na eficiência dos

circuitos fechados, diminuindo assim a reposição de águas e purgas de processo.

A diferença entre os dois cenários foi expressiva como pode ser observado no

Gráfico 19 - Cenário de demanda de água, onde ocorre uma economia de cerca de

100.000.000 m³/ano, o que corresponde a uma economia de cerca de 40%.

Fonte: Baseado em EIA/RIMA [1], [2], [3] e [4] Gráfico 19 - Cenário de demanda de água

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5.6.1.6 Meio Antrópico

Através das projeções obtidas Gráfico 20 - Cenários da qualificação do

trabalhador foi possível discretizar os cenários de qualificação dos trabalhadores

empregados na indústria sucroalcooleira. Os resultados obtidos são importantes para a

determinação do IDH, devido à influência na educação pela necessidade de

qualificação da mão-de-obra, para preencher os empregos gerados pela expansão do

setor. Nesse âmbito, também pode-se considerar os incrementos dos rendimentos dos

trabalhadores, pelo mesmo motivo e analogamente, influenciando o IDH

regional,através do PIB per capita.

Fonte: [1], [2], [3] e [4] Gráfico 20 - Cenários da qualificação do trabalhador

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Por fim, é de suma importância observar que no Gráfico 6 - Projeção da geração

de empregos pela Indústria Sucroalcooleira, as projeções tendem a um equivalente

número de postos de trabalho na safra e entressafra, que representa o fim dos

empregos temporários em função das contratações permanentes, por conseguinte

definem maiores direitos trabalhistas assegurados e maiores garantias para o

trabalhador.

5.6.1.7 Segurança alimentar

Segundo Costa (2008), “pode-se afirmar que o impacto da produção de

biocombustíveis nos níveis de insegurança alimentar é controverso – de difícil

delimitação nas atuais circunstancias”. A dificuldade de tal análise reside no fato de que

se por um lado a expansão de culturas focadas à Bioenergia diminuam o acesso a

alimentos pela diminuição da capacidade da população local de produzir o próprio

alimento, por outro, ela aumenta o acesso na medida que melhora o poder de compra

da população local através do aumento de renda médio desta. Deve-se atentar para o

fato de que a melhora no acesso através renda ocorre quando o aumento dos preços

dos alimentos for menor do que o aumento na renda da população (Schimidhuber,

2007).

No mesmo estudo de Costa (2008), foram analisados diferentes cenários para a

produção de Bioenergia na RAA, onde o RE em estudo era o Biodiesel. No que tange a

área plantada, independentemente do montante de área alocada ao cultivo voltado à

Bioenergia não foi constatado perigo à segurança alimentar. Verificou-se que a

disponibilidade alimentar da região é cerca de três vezes maior que o mínimo de

referência, representando uma liberdade tanto para o crescimento populacional quanto

para à substituição do cultivo de tais áreas.

Outro fato constatado foi que mesmo com a ocorrência de uma eventual

diminuição da produção de alimentos na RAA, que leve a região a uma situação de

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94

insegurança alimentar, o incremento da renda é maior que o incremento nos gastos

referentes à importação de alimentos.

5.6.1.8 Novas Tecnologias

Mitigação da emissão de GEE através do Biodiesel

A cadeia produtiva da Bioenergia da cana-de-açúcar vem cada vez mais

dependendo de recursos fósseis não renováveis. A crescente mecanização das

atividades agrícolas e o aumento de viagens devido ao aumento da capacidade

produtiva, leva a necessidade de áreas cada vez mais longes das usinas e acarretam

uma grande dependência de combustível (Diesel) para a movimentação dos

maquinários e frota.

Através da utilização de um combustível com menos emissão de GEE

associados ao seu processo produtivo, será possível melhorar ainda mais a

sustentabilidade do etanol. Segundo Doornbosch e Steenblik (2007), o potencial de

redução de GEE com a troca do Diesel por Biodiesel é da ordem de 40 a 45%.

Nesse escopo, ainda pode-se considerar o seqüestro de N20 pelo plantio de

leguminosas no campo, segundo afirmações de [27] Boddey (2009).

Etanol de segunda geração

Segundo Luque et al. (2008), a segunda geração de etanol é geralmente

produzida de uma grande variedade de fontes celulósicas que geralmente não seriam

aproveitadas para a produção de biocombustível. O processo é idêntico à produção do

etanol de primeira geração: decomposição do material celulósico em açucares

fermentáveis (hidrólise) e a transformação de tais açucares em etanol.

A grande vantagem do etanol é a possibilidade de mitigação dos GEE da ordem

de 90% quando comparados com combustíveis de origem fóssil (Balat, M.; Balat, H.; e

Oz, C., 2008). Juntamente com novos processos industriais que diminuam a

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necessidade de biomassa para a cogeração (biogás da vinhaça) ou processos

agrícolas que aumentem a geração de biomassa (mecanização da colheita), essa maior

oferta pode ter um uso final mais nobre do que a queima simples nas fornalhas,

gerando um maior volume de biocombustível.

Geração de Energia Elétrica através de Biodigestão Anaeróbia da Vinhaça

Através do tratamento anaeróbio da vinhaça, a sustentabilidade da Bioenergia da

cana-de-açúcar ganha em duas frentes. Aumenta-se o potencial elétrico na cadeia

produtiva da Bioenergia e diminui-se a emissão de GEE através do tratamento do

metano e as emissões de N2O evitadas.

A vinhaça é um dos resíduos mais produzidos dentro da cadeia produtiva

sucroalcooleira. Devido ao seu alto teor orgânico a vinhaça tem um grande potencial

poluidor. Atualmente a vinhaça é aproveitada como complemento agrícola através da

fertirrigação.

Segundo Szymanski (2008), a biodigestão anaeróbia da vinhaça resulta na

formação de dois produtos: a vinhaça biodigerida e o biogás. A vinhaça biodigerida

ainda seguiria para a fertirrigação, visto que a biodigestão degrada a matéria orgânica,

deixando ainda nutrientes parcialmente solubilizados. Segundo Granato (2003), a

técnica teria os seguintes aproveitamentos:

a) Queimado em sua totalidade, na caldeira para geração de vapor,

possibilitando assim que cerca de 25 a 30% de bagaço sejam destinados para outros

fins.

b) Purificação e produção de gás metano em substituição aos combustíveis

utilizados na agroindústria, possibilitando assim que cerca de 20% de bagaço sejam

destinados para outros fins.

c) Utilizar a totalidade do biogás para o acionamento de uma turbina a gás,

produzindo cerca de duas vezes e meia a energia elétrica necessária a uma destilaria.

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96

Polímeros, Medicamentos e Outras Alternativas

Segundo Brito (2009) e Buckeridge (2009), ambos envolvidos no Projeto BIOEN

da FAPESP, que visa incrementar os rendimentos da cana-de-açúcar no campo e

diversificar seus usos, além dos itens sobrecitados, ainda pode-se considerar a

produção de polímeros para substituição de plásticos (derivados de Petróleo), iniciativa

da Braskem e; desenvolvimento de medicamentos, como os atualmente empregados

no combate a diabetes.

Ainda neste contexto, em visita técnica a Equipav, observou-se ainda como

alternativas: a produção de insumos agrícolas para exportação, composto orgânico

para alimentação animal e óleo fúsel para a indústria de cosméticos.

Não obstantes, nesse tópico ainda pode-se citar os esforços das linhas de

pesquisa como a empresa Amyris que está desenvolvendo o biodiesel proveniente da

cana-de-açúcar, entre outros esforços como desenvolvimento de motores de veículos

pesados que funcionem à combustão de etanol e por fim, as linhas de pesquisa de

querosene de aviação como produto da cana-de-açúcar.

Portanto, observa-se a versatilidade da produção da indústria sucroalcoleira, que

ainda conta com essa versatilidade nas linhas de produção para atender as demandas

de açúcar e álcool, portanto têm essa liberdade como uma possibilidade de incrementar

os ganhos e lucros, através do atendimento das maiores demandas pelos seus

produtos.

5.6.2 Confecção de cenários

Através dos resultados considerados melhores em relação ao desenvolvimento

sustentável, pôde-se confeccionar o RE resultante deste trabalho, que considera as

melhores tecnologias e técnicas empregadas na produção de energia, em suas

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diversas formas: armazenada para combustão interna, energia elétrica e energia para o

metabolismo humano.

Esse novo RE foi inserido na projeção, de forma a confeccionar novo cenário,

que tende ao desenvolvimento sustentável, segundo análise empregada no

Planejamento Integrado de Recursos.

Demais tecnologias das quais não se foi encontrado dados pertinentes para o

trabalho, foram apenas citadas na Seção 5.1.8, como possíveis e não fazem parte dos

cenários.

Cenário Tendencial

Este Cenário obtido através das projeções dos dados levantados está

apresentado no capítulo 4 do presente trabalho e serviu de base para aplicação da

análise de sensibilidade do item anterior. Não obstante, permitir a análise do

comportamento dos indicadores selecionados para o monitoramento, em função das

restrições impostas no modelo, ou supostas para análise de sensibilidade e crítica dos

resultados das projeções. Assim, este cenário foi confeccionado de forma a testar os

limites impostos pelo Zoneamento Agroambiental e projetar valores superestimados, de

forma levantar hipóteses sobre ameaças a sustentabilidade regional.

Cenário Sustentável

O Cenário Sustentável foi confeccionado através dos melhores resultados

obtidos na análise de sensibilidade e é o produto da análise da Bionergia da Região

Administrativa segundo a metodologia Planejamento Integrado de Recursos. Portanto,

este cenário apresenta-se como as melhores alternativas encontradas na cultura de

cana-de-açúcar e produção de energia.

Por fim, visa-se o desenvolvimento sustentável, através da utilização dos

melhores resultados de análises obtidas dos procedimentos de valoração e imposição

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das restrições previstas no Mapeamento, para a manutenção da qualidade e

necessidade regionais, no curto e no longo prazo.

5.6.3 Conclusões e recomendações

O trabalho desenvolvido tem como produto o modelo de expansão do setor

sucroalcooleiro, confeccionado em software de cálculo matricial (Excel) e com variáveis

de ajuste, de forma a produzir cenários para os próximos 30 anos, dos indicadores

propostos para o monitoramento do PIR da Bioenergia no oeste paulista.

Através da análise foi possível entender como algumas restrições ambientais

podem ser inseridas nas projeções, com intuito de se propor um planejamento que não

ameace as condições de qualidade sócio-ambiental regional e, por conseguinte,

calcular os potenciais de exploração do RE na região.

Os três principais pontos suscitados no trabalho foram:

1) Existe um limite para expansão do setor sucroalcooleiro na RAA, para que se

mantenham a segurança alimentar e a concorrência com outras culturas no campo.

2) O processo de mecanização do campo, deve ser desempenhado de forma

moderada pois existem dois cenários limitantes para essa projeção:

- altas taxas de expansão do RE na região, independente da velocidade de

mecanização, podem gerar níveis de saturação das concentrações de ozônio

troposférico nos primeiros 5 anos da projeção;

- baixas taxas de expansão do RE aliadas a um processo de mecanização muito

acelerado, podem gerar desemprego na região, nos primeiros 5 anos da projeção.

3) Os ganhos com a produtividade ou rendimento no campo (tonelada de cana

produzida por hectare plantado) fazem desse indicador o mais representativo para a

expansão do setor sucroalcooleiro.

Por fim, o trabalho visou quantificar as emissões dos chamados GEE, sem

considerações a respeito dos usos finais, para inferir sobre emissões atreladas à

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produção do RE, que apesar de balanço energético positivo, tem emissões associadas

ao processo produtivo, muitas vezes desconsideradas nas análises de emissões.

Recomendações

A maioria dos indicadores selecionados poderiam ser melhor contextualizados

em função dos aspectos gerais da região, no entanto, não fizeram parte do escopo

deste trabalho: o inventário de emissões e avaliação de impactos ambientais de outros

setores da RAA.

As considerações a respeito da formação de ozônio troposférico não levam em

conta as emissões de orgânicos voláteis, variável proxy na formação do poluente

secundário (Martins, 2006), devido às não emissões destes poluentes por este setor.

Dessa forma, para uma análise mais significativa a respeito das projeções de formação

de ozônio, devir-se-iam inventariar as emissões de VOC´s do setor de transportes

(gasolina), da indústria de curtumes, muito representativa na região (solventes), e

também da construção civil; além das emissões de NOx desses mesmos setores.

Por fim, o modelo piloto de confecção de cenários poderia ser implementado com

melhores projeções dos atributos tecnológicos e maior quantidade de variáveis de

entrada, para projeções mais realistas. No entanto, sabe-se que o intuito das projeções

não é prever acontecimentos futuros, mas apenas levantar situações hipotéticas sobre

os indicadores projetados.

Não obstante, o modelo servirá de base para confecção de restrições

municipalizadas da metodologia em desenvolvimento, em qual se insere o presente

trabalho, o PIR - Planejamento Integrado de Recursos.

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