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Projeto de habitação baseado na análise Dos diferentes modos de morar

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Projeto de habitação baseado na análise Dos diferentes modos de morar

Trabalho apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo, do Centro Universitário Barão de Mauá como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso, sob a Orientação da professora: Érica Cristina Cunha.

Ribeirão Preto – 06/2012

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LISTA DE FIGURAS Figura 1: Casa Experimenta de gropius,1927. 05 Figura 2: Casa desmontavel de gropius,1932. 05 Figura 3: Villa Operaria do Eng. Regino Aragão, 1911. 07 Figura 4: “planta typo de cortiço urbano”, 1893. 08 Figura 5: Modelo de casas isoladas. 08 Figura 6: Cozinha de Frankfurt. 09 Figura 7: Edifício Pilots, Francisco Beck 1948 12 Figura 8: Conjunto residencial Pirineus, 1978 14 Figura 9: Localização 24 Figura 10: Rua interna elevada 25 Figura 11: Rua interna elevada 25 Figura 12: Bloco residencial que acompanha o terreno 25 Figura 13: Corredores acessos aos apartamentos. 26 Figura 14: Academia. 26 Figura 15: Localização 31 Figura 16: Gifu. 31 Figura 17: Gifu. 31 Figura 18: Estacionamento Bicicletas no nível do térreo. 32 Figura 19: Corredores de acessos às unidades. 32 Figura 20: Terraço. 32 Figura 21: Terraços. 33 Figura 22: Tipologias. 33 Figura 23: Corredor Privado. 34 Figura 24: Habitação Social em Toulouse / PPA 39 Figura 25: Habitação Social em Toulouse / PPA 39 Figura 26: Habitação Social em Toulouse / PPA 40 Figura 27: Habitação Social em Toulouse / PPA 40 Figura 28: Habitação Social em Toulouse / PPA 41 Figura 29: Habitação Social em Toulouse / PPA 41 Figura 30: Localização 42 Figura 31: Localização 42 Figura 32: Localização 45 Figura 33: Localização 45 Figura 34: mapa uso e ocupação do solo 46 Figura 35: mapa figura fundo 47 Figura 36: Equipamento 48 Figura 37: Foto da área 48 Figura 38: Foto da área 48 Figura 39: Carta Solar 49 Figura 40: Medição ângulo da sombra 49 Figura 41: Carta Solar e Medição ângulo da sombra 49

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Sumário 1 – INTRODUÇÃO 01 2 – BREVE DESENVOLVIMENTO HISTORICO DA HABITAÇÃO 03 2.1 – Desenvolvimentos da habitação na Europa e suas referências para o Brasil 03 2.2 – Desenvolvimentos da habitação no Brasil 06 2.3 – Breve história da habitação em Ribeirão Preto 10 2.4 - A influencia do mercado imobiliário e o desenvolvimento das Tipologias de habitação em São Paulo, e suas referencias para Ribeirão Preto. 11 3 – MODOS DE MORAR 18 3.1 – Configurações familiares 18 3.2 – Relações casa e Usuário 20 3.3 – Flexibilidade 22 4 – LEITURAS PROJETUAIS 24 4.1-Pedregulho 24 4.2-Gifu Kitagata - Kazuyo Sejima 31 4.3-Habitação Social em Toulouse PPA 39 4.4-Estudo de Caso Condomínio residencial tamarindos 42 5 – LEVANTAMENTOS DA ÁREA 45 5.1 – Localização 45 5.2 – Estudos de Entorno 46 6 – PROJETO 50 6.1 - Programas de necessidade 51 6.2 – Estudos Preliminares 52 7-CONCLUSÃO 63 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 64

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1 - Introdução

Objetivo

É a construção de um conjunto habitacional para classe média, com moradia multifamiliares, para atender as necessidades de habitação, espaço, função, relação das pessoas com o espaço, tanto nas moradias quanto na sua implantação no terreno.

Atender as necessidades de diferentes configurações familiares e a relação das pessoas através do espaço externo.

Problemas Identificados

A desigualdade social é umas das grandes questões de problemas na sociedade, a distribuição de renda é muito desigual, já que uma pequena parcela da população no Brasil é muito rica e a grande maioria é pobre e vive em condições precárias. Problemas como o desemprego, a educação de má qualidade, os problemas de saúde como superlotações em hospitais, falta de médicos.

A habitação precária gerada por questões sócias e econômicas gera uma grande interferência na qualidade de vida das pessoas.

Problemas gerados pela tradicional habitação atual em que encontramos hoje em dia, sem considerar as varias configurações familiares, onde as pessoas são obrigadas a se adequarem nos espaços sem a possibilidade de escolha, com problemas de espaços mínimos sem a possibilidade de adaptação prejudicando as circulações, ambientes com muitas funções comprometendo a qualidade de espaço, materiais inferiores.

Justificativa

Habitação digna é um direito de todas as pessoas independente da classe social tem o direito de uma moradia com qualidade de vida. O convívio entre as pessoas, pensar nos espaços com a real função, levar em conta que a residência não é apenas um lugar para dormir e comer, mas sim um lugar com qualidade de função para as necessidades de vida.

Levar em conta a relação do espaço interno com o espaço externo, relação da pessoa com o espaço, relação da habitação buscando a melhoria da qualidade de vida.

Considerar as diferentes configurações familiares, questões físicas, fisiológicas e psicológicas, levar a possibilidade de adequação do espaço.

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Levar em conta o modo de vida atual da sociedade, como convívio, repouso, higiene, preparação de alimentos, possibilidade de trabalho em casa ou estudo, estocagem.

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2 – Desenvolvimento histórico da habitação

2.1 – Desenvolvimentos da habitação na Europa e suas referencias para o Brasil O desenvolvimento da habitação com o processo de industrialização, a família nuclear como modelo de família “moderna”, os agricultores que migravam para os centros industrializados em busca de trabalho, e uma condição melhor do que a tinha anteriormente.

De acordo com Tramontano (1993), na Europa próxima ao século 20 à aceitação da família nuclear como o modelo de família “moderna”, estas transformações não estão desligadas do processo de industrialização por que passa o continente, iniciado na Inglaterra, em seguida França e mais tarde a Alemanha, no qual as novas figuras do Patrão e do Operário vêm substituir um modo de produção anterior baseado, em grande parte, na mão de obra da família extensa.

Esta nova configuração familiar, inicialmente característica das classes dominantes, vai conviver com outro fato social de grande importância para aumento da população destes países e sua concentração nas regiões fabris. As causas desses aumentos são. A queda da taxa de mortalidade, graças principalmente a uma melhor alimentação, à disseminação de princípios de higiene e ao equipamento médico das cidades onde a população mais cresce. (TRAMONTANO, 1993, p.07)

De acordo com Tramontano (1993), os pequenos agricultores deixam o campo, junto com a massa de camponeses que se deslocam para os centros recém-industrializados em busca de trabalho. Só a indústria têxtil inglesa, que em 1818 empregava 57.000 trabalhadores, já em 1840 empregava meio milhão. A maioria dos indivíduos que migravam para as cidades, atraídas pelo trabalho industrial, via uma melhora efetiva com a relação a sua condição anterior.

Em que condições viviam essas pessoas, com esse processo de urbanização descontrolado e o crescimento da população a especulação imobiliária vai contribuir para a moradia de aluguel destinada ao operário.

Uma Sociedade Desigual

Ainda segundo Tramontano (1993), a habitação burguesa que se alimenta melhor, tem esperança de vida mais longa. Os indivíduos mais fortes e vigorosos se vestem melhor e tem acesso mais fácil ao sistema de educação. Já a desigualdade ainda é enorme, mesmo se a elevação do nível de vida geral representou uma melhoria efetiva das condições em que viviam anteriormente os mais pobres.

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Onde vivem os pobres

Concomitante ao processo descontrolado de urbanização e de crescimento da população, a especulação imobiliária vai contribuir para a produção de milhares de moradias nos grandes centros ao longo de todo o século 19, destinadas a abrigar o operário: habitações de aluguel, com uma grande densidade e mais baratas possíveis. (TRAMONTANO, 1993, p.16)

Os construtores eram homens de pouco capital, às vezes grupos de comerciantes reunidos em uma empresa especulativa, não envolvendo grandes desembolsos de nenhum deles. Como consequência houve a utilização de materiais baratos, contribuindo para o frequente colapso das casas ainda recém-construídas, conforme Tramontano (1993),

Ainda segundo Tramontano (1993), As primeiras construções surgem na Inglaterra, calçadas sobre o modelo da casinha camponesa tradicional, mas logo são colocadas em longas fileiras, como parte de um esforço para aumentar o rendimento do terreno ocupado.

A habitação para todos é flexível

Tramontano (1993) também coloca que a construção do conjunto-exposição de weissenhof1 em Stuttgart, em 1927, com projetos de vários membros do Werkbund, contará com um protótipo de casa montada inteiramente a seco e passível de ser facilmente transformado, elaborado por Walter Gropius. Nela, a cozinha, no centro da habitação, funciona ainda como ligação entre os espaços de convívio – sala de jantar e zona de refeições – e espaços de estocagem – despensa, depósito e estoque de carvão / caldeira, deslocando a noção de “espaço de serviço”.

1-entrada, 2-sala de jantar, 3-refeições, 4-cozinha, 5-despensa, 6-deposito, 7-carvão, 8-quarto, 9-banho.

1 Weissenhof - Foi à exposição de Arquitetura na Weissenhofsiedlung em Stuttgart. Chefiados por Mies van der

Rohe, 17 arquitetos de diversos países, entre eles Peter behrens, Walter Gropius e Le Corbusier, construíram para esta mostra/exposição do Werkbund, realizada em 1927.

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Térreo Pav. Superior

Figura 1: Casa Experimenta de gropius,1927.

Fonte: Habitação Moderna (1993).

De acordo com Tramontano (1993), O mesmo arquiteto realizou outro protótipo em 1932, desta vez uma casa desmontável e ampliável, a cozinha reduz-se agora a uma simples bancada incluída no espaço de convívio, formando um bloco com espaços de higiene que permanece imutável enquanto outros espaços individuais – quartos – são acrescentados durante as diversas possíveis ampliações da casa.

Ambos os protótipos foram executados com painéis leves pré-fabricados, o primeiro com estrutura metálica, enchimento de cortiça e revestimento externo de Eternit; o segundo com montantes de madeira sustentados internamente com placas de Eternit e externamente chapas onduladas de cobre.

Núcleo básico Ampliações

Figura 2: Casa desmontavel de gropius,1932.

Fonte: Habitação Moderna (1993).

De acordo com Tramontano (1993), o bloco cozinha/higiene já havia sido formulado por Mies Van der Rohe, a propósito do seu edifício de apartamentos construído em

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Weissenhofsiedlung. Mies trabalha o conceito de flexibilidade do espaço, utilizando para isso uma estrutura de aço e divisórias internas leves.

“A questão da flexibilidade do espaço através do uso da estrutura independente e da planta livre seria uma constante”. (TRAMONTANO, 1993, p.60)

2.2 – Desenvolvimentos da habitação no Brasil

Desenvolvimento histórico

Com o crescimento da industrialização as habitações e as atividades do complexo cafeeiro a crescer acionando a expansão do mercado de trabalho e uma grande massa de trabalhadores em más condições de alojamentos.

Embora sempre tivessem habitações precárias na cidade de São Paulo, elas só passaram a ser considerado um problema pelas autoridades em meados da década de 1880, quando começaram a florescer as atividades urbanas associadas ao complexo cafeeiro (cano 1979), gerando extraordinária expansão do mercado de trabalho e, em consequência uma aglomeração de trabalhadores mal alojados que constituía grave ameaça a saúde publica. (BONDUKI, 1998, p.17)

De acordo com Bonduki (1998), com o crescimento da população acelerada, e a dinâmica do mercado de trabalho, exigindo moradias de baixo custo na capital. De acordo com CANO (1979) apud BONDUKI, 1998, P.17 São Paulo, entre 1886 e 1900, cerca de 900 mil estrangeiros.

De acordo com Bonduki (1998), com isso, as atividades urbanas associadas ao complexo cafeeiro ganharam dinamismo: o comércio de produtos importados implantou-se de forma diversificada; o sistema bancário consolidou-se com a reforma Bancaria e o Encilhamento no inicio dos anos 90 CARONE (1973) apud BONDUKI, 1998, P.17; a indústria teve seu primeiro surto de crescimento, ainda que limitado, entre 1885 e 1890 SIMONSEN1973 E KOWARICK (1980) apud BONDUKI, 1998, P.17; em 1886, instalou-se a Hospedaria dos Imigrantes, que fez da capital o centro distribuidor de trabalhadores para o Estado; os fazendeiros ricos construíram cada vez mais residências na cidade, implantando-se o primeiro loteamento de elite, Campos Elíseos; e, de modo geral, a difusão das relações capitalistas acelerou o crescimento do mercado de consumo.

Produção rentista e a moradia dos trabalhadores

Com a dinâmica do mercado de trabalho e o crescimento da população, surgiram varias moradias de baixa renda e média renda, todas construídas pela iniciativa privada, e quase todas de aluguel, já que não existia o sistema de casa própria

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ocasionando moradias como cortiços, vários tipos de vilas e corredores de casas geminadas.

De acordo com Bonduki (1998), desde o problema habitacional em São Paulo no final do século XIX até 1930, surgiram varias moradias para alojar os setores sociais de baixa renda e média renda, todas construídas pela iniciativa privada. A mais difundidos foram o cortiço - corredor, o cortiço – casa de cômodos, os vários tipos de vilas e correr de casas geminadas.

Quase todas essas habitações eram de aluguel, situação normal até a década de 1930, pois não existiam sistemas de financiamento da casa própria.

De acordo com Bonduki (1998), essa produção de casas para locação será aqui chamada de produção rentista, pois o investimento visava a obtenção de uma renda mensal pelo uso do dinheiro.

Na produção rentista, predominou a construção por encomenda, que permitia a participação de investidores de diferentes portes, inclusive pequenos. Para o proprietário do imóvel, interessava a persistência da construção por encomenda, pois poderia optar por construir lentamente com o dinheiro ajuntado dos alugueis dos cômodos que iam sendo construídos.

Planta de uma vila projetada pelo engenheiro Regino Aragão, em 1911, exemplar da atitude adotada pela produção rentista. Notar a preocupação em ordenar e racionalizar a construção, objetivando reduzir o custo.

Figura 3: Villa Operaria do Eng. Regino Aragão, 1911.

Fonte: Origens da habitação social no Brasil (1993).

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Habitação produzida pelo setor privado

As propostas pioneiras de habitação operária.

De acordo com Bonduki (1998), modelos de moradia operária propostos pela comissão de Exame e inspeção dos cortiços, em 1893.

Abaixo, a planta do tipo de cortiço urbano, onde se buscou desenvolver uma proposta de “casinha mínima” para a produção rentista. A planta resultante é muito próxima de que passou a ser utilizada nas vilas operarias.

Figura 4: “planta typo de cortiço urbano”, 1893.

Fonte: Origens da habitação social no Brasil (1993).

A baixo uma inédita proposta de casas isoladas, modelos considerados mais higiênicos – dispostas de forma ordenada num quarteirão convencional, sem delimitação de lote e sem acesso direto a via publica. Embora não adotado pela produção rentista, trata-se da primeira proposta de conjunto habitacional de casas isoladas.

Figura 5: Modelo de casas isoladas.

Fonte: Origens da habitação social no Brasil (1993).

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Habitação social e arquitetura moderna

De acordo com Bonduki (1998), certamente Pedregulho foi o conjunto que mais se destacou, até no exterior, pela genial solução de sua implantação, mas essa repercussão acabou obscurecendo outras realizações importantes no campo da habitação social, contemporâneas ou anteriores, todas elas parte de um “ciclo de projetos habitacionais” de grande relevância para a arquitetura brasileira e para origem das políticas sociais de habitação.

Declaração da engenheira Carmen Portinho que, como diretora do Departamento de Habitação popular da Prefeitura do Rio de janeiro, foi uma das responsáveis pela construção do conjunto: “Pedregulho foi feito para chamar a atenção do mundo inteiro.Só assim, aqui no Brasil, aceitariam a ideia.

De acordo com Bonduki (1998), ao mesmo tempo em que julgavam essencial industrializar e baratear a construção das moradias, os arquitetos modernos passaram a dar enorme importância ao equipamento e mobiliário da casa, que se tornaria o aspecto mais importante da arquitetura da habitação.

Com o mesmo pensamento o arquiteto Ernst May, responsável na prefeitura de Frankfurt por uma das mais significativas produções de habitação social nos anos 20, enfatiza a célula individual como o aspecto mais importante da construção da moradia, com o objetivo de mostrar que desse modo se superava a valorização acadêmica das fachadas e dos aspectos exterior das construções.

Em Frankfurt, sob a direção de Ernst May, avançou-se muito para colocar em pratica as propostas definidas pelo movimento moderno: a busca da industrialização da construção; a famosa cozinha de Frankfurt, projetada para racionalizar o processo de produção das refeições e liberar a mulher da escravidão dos afazeres domésticos.

Figura 6: Cozinha de Frankfurt.

Fonte: Origens da habitação social no Brasil (1993).

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2.3 – Breve história da habitação em Ribeirão Preto

Origem do nome do "ribeirão" (córrego), que atravessa a cidade, chamado de Preto.

Ribeirão Preto foi fundado no dia 19 de junho de 1856 no seu inicio era composto por um conglomerado de fazendas, a maior parte dessas terras eram compostos pela família Reis de Araujo. Luciana Suarez Galvão Pinto (20112), os doadores de terras para a formação do Patrimônio de São Sebastião são considerados os fundadores da cidade de Ribeirão Preto e o dia 19 de junho de 1856 a data oficial de fundação (lei Municipal nº 386 de 24 de dezembro de 1954).

No seu inicio era composto por um conglomerado de fazendas, a maior parte dessas terras eram compostos pela família Reis de Araujo. De acordo com Luciana Suarez Galvão Pinto (20112), A fazenda Barra do Retiro marcava o centro da área que viria a se tornar o município de Ribeirão Preto, as outras fazendas eram: Palmeiras; Ribeirão Preto ou Pontinha; Retiro; Serrinha; Serra Azul; Tamanduá; Capoeirinha; Figueira; Cravinhos; Cabeceira do Ribeirão Preto; Lageado; Laureano ou Braço Direito do Ribeirão Preto e Sertãozinho.

A maior parte destas terras era ocupada pela família Reis de Araújo, que habitavam esta região desde 1811. Além dos Reis de Araujo, outras famílias, oriundas do sul de Minas Gerais e de Mogi Guaçu, começaram também a povoar a região no início do século XIX, como Borges da Costa, Alves da Silva, Bezzerra Cavalcanti, Nazareth de Azevedo e Soares de Castilho.

A Cultura do Café

De acordo com Luciana Suarez Galvão Pinto (20112), a produção de café foi à primeira atividade agrícola intensiva de Ribeirão Preto, até então os habitantes da região viviam da agricultura de subsistência e da pecuária.

A partir de 1870 alguns fatores internos - como a resolução dos principais conflitos de disputa e legalização de terras e externos, como a decadência da produção cafeeira no Vale do Paraíba e a chegada da ferrovia em Campinas (1872) - contribuem para situar a região de Ribeirão Preto no centro da nova fronteira agrícola a ser explorada.

2.4-A influencia do mercado imobiliário e o desenvolvimento das Tipologias de habitação em São Paulo, e suas referencias para Ribeirão Preto.

Origens das tipologias de morar em apartamentos na cidade de São Paulo

O estudo das tipologias de morar em são Paulo como referencia para cidade de Ribeirão Preto, de acordo com Villa (2008), Nas décadas de 1910 e 1920, a grande maioria dos edifícios apresentava algum tipo de comercio no térreo, e nos demais

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pavimentos habitações, que se justifica por sua implantação em uma área com forte vocação comercial. Encomendados por grandes proprietários da burguesia paulistana, considerados os primeiros especuladores da cidade, imaginam-se que estes edifícios eram construídos visando lucro.

De acordo com SOUZA (1994) apud VILLA, 2008, P.35 o surto da construção civil do século 20, precisamente o surgimento dos edifícios altos, tanto para uso terciário como de moradias, construídos no centro da cidade, reflete nitidamente, por um lado, o seu nível de equipamento, e, por outro, a valorização do solo.

Mais na década de 1920 e 1930 que se notam algumas traçados de modernidade e posteriormente, norte-americana nos apartamentos, de acordo com Villa (2008), como a forma de implantação do edifício lote, a presença de equipamentos de conforto moderno, a presença de elevadores, etc. A julgar pela amostra estudada, são as décadas de 1940e 1950 que definitivamente irão estabelecer uma maneira de morar francesa, baseada na tripartição dos espaços, na estanqueidade e na modernidade de seus equipamentos, em apartamentos da cidade de São Paulo.

De acordo com Villa (2008), No final de 1930 nota-se um quadro bastante claro das principais tipologias existentes na cidade de São Paulo, porém já fortalecido o mercado imobiliário, predominante edifícios de aluguel.

Filiados às estéticas modernizadora, e com recursos da chamada vida moderna se observará os apartamentos destinados ás famílias, variando o tamanho da célula e o nível de equipamento, desde os maiores até os mais reduzidos. Quanto mais elevada à classe social, também mais alto será o nível de equipamento do edifício e do apartamento.

Destinado, principalmente, a pessoas sós, observam-se os apartamentos de um dormitório ou kitchenette, que o oferecem aos moradores uma habitação, muitas vezes, transitória. Aqui se detecta os mais variados tipos e tamanhos, com ou sem cozinhas, com ou sem salas, com ou sem equipamentos coletivos, enfim, propostas de habitação para uma cidade em franco desenvolvimento e crescimento demográfico e com um mercado imobiliário ainda experimentando.

Foram idealizados apartamentos dos mais diferentes tipos e formatos, com soluções as mais diversas, desde as mais convencionais, descritas anteriormente, até algumas que utilizavam divisórias moveis nos ambientes.

Na década de 1940, a cidade de São Paulo, viveu uma intensa renovação urbana, marcada pela expansão e reforma viária, por uma febre imobiliária que se caracterizou pela especulação.

Consolidando uma nova modalidade de empreendimento; a incorporação destinada às classes de renda média alta. Marcando um processo de migração de muitos dos

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antigos proprietários-rentistas, do mercado do aluguel para o mercado da incorporação.

Segundo Villa, um incremento no numero de edifícios de apartamentos destinados as classes média e alta – possuindo programas completos e mais extensos, com varias salas, dormitórios com banheiros e dependências de empregados, com varias salas, dormitórios com banheiros e dependências de empregados, e uma redução no numero de edifícios com programas mistos – anteriormente elaborados principalmente para aluguel. Este novo direcionamento do mercado imobiliário contribuiu para o desenvolvimento posterior dos edifícios de apartamentos (Villa, 2002).

Figura 7: Edifício Pilots, Francisco Beck 1948

Fonte: Villa (2008).

De acordo com Villa (2008), A maior incidência entre os edifícios de apartamentos nos anos de 1940 foi a da planta reduzida da tipologia burguesa oitocentista com um programa básico de sala, dormitórios (2 ou 3), banheiro e cozinha, apresentado, na maioria dos casos, cômodos de empregados – dormitórios e banheiro -, e entradas separadas para as áreas social e de serviços.

Esta organização espacial, que de certa forma começou a se repetir mais intensamente nesta década, porém, foi ao longo das décadas de 1950 e 1960 se tornando mais recorrente, chegou aos anos 1970 já completamente consolidados.

Esta configuração foi utilizada por vários arquitetos, modernista ou não, engenheiros e construtores, tornando-se talvez o mais rentável e seguro programa para os incorporadores. Nesta época pouca rendosa, outra opção de investimento para os incorporadores foi a construção, ou mesmo a adequação de edifícios já construídos, de apartamentos ditos “econômicos”, alternativa de investimento imobiliário de aluguel para os setores de baixa renda.

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Segundo Villa, 2002, a maioria dos edifícios de apartamentos produzidos nas décadas de 1950 e 1960, desde os pequenos até os de maior área, apresentam espaços internos ainda organizados segundo a maneira tradicional-baseada na tripartição.

Em relação aos programas de dois e três dormitórios, foi durante as décadas 1950 e 1960 que se difundiu a redução de áreas do modelo tripartido, que denominamos anteriormente, com características básicas: além da redução da área de cômodos, a distinção entre entradas social e de serviços e a presença de cômodos de empregados.

De acordo com Villa (2008), como resultado da ação da incorporação, o projeto de moradia tomou características de mercadoria, que segundo Rossetto são definidoras até os dias atuais dos empreendimentos. Neste sentido podemos afirmar que determinados conceitos e pressupostos da Arquitetura Moderna tinham sido empregados amplamente pelo mercado imobiliário, na qual sua difusão não foi apenas um modismo, uma limitação de linguagem ou de uma linha de projetação que alcançara admiração internacional.

De acordo com Villa (2008), durante a década de 1970, São Paulo passou por uma das varias metamorfoses que marcaram sua historia: a transição entre cidade grande dos anos de 1950 e 1960 e a megalópole atual. Segundo Villa, 2002, nestes anos de transformação econômica e social, foi oferecida, no mercado paulistano, uma gama bastante ampla de edifícios de apartamentos. Variavam principalmente as áreas, os padrões de acabamentos e as soluções adotadas tanto nos espaços internos, quantos nos externos. Esta diversidade atestava, de um lado, o enorme poder do mercado imobiliário em consolidar necessidades, já que, para garantir o lucro do empreendimento, buscava estimular demandas através de apelos publicitários. De outro, demonstrava o sucesso da modalidade habitacional, já bem aceita pela sociedade.

Figura 8: Conjunto residencial Pirineus, 1978

Fonte: Villa (2008).

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De acordo com Villa (2008), 1970 ficariam marcados pelo desenvolvimento dos programas de dois, três e quatro dormitórios. As plantas que mais refletem o aumento do poder aquisitivo da sociedade, fruto do chamado milagre econômico são as dos grandes apartamentos de três e quatro dormitórios.

Segundo Villa, 2002, na década de 1980, a cidade de São Paulo e a maioria das cidades maiores, viram consolidar-se com um quadro bastante definido das tipologias básicas de apartamentos disponíveis no mercado imobiliário.

A diversidade de áreas das unidades ainda era grande. Já os programas e as soluções projetuais seguiam, na maioria dos casos, basicamente quatro configurações: apartamentos de um dormitórios ou tipo Kichinettes; apartamentos de dois e três dormitórios subdivididos em menores – que apresentavam um modelo reduzido de sala, cozinha, área de serviço, dormitórios de empregada ( ou não), banheiro e dormitórios – e os maiores – com o mesmo programa, entretanto com a presença da suíte, copa e, principalmente, salas com áreas mais generosas; e o apartamento de quatro dormitórios – com o programa amplo.

Ribeirão Preto-e a especulação imobiliária

De acordo com Villa (2008), as construções de habitações, a partir de 1921 baseadas pelo código de Posturas, que visava basicamente garantir a salubridade dos ambientes e da determinação do uso e ocupação do solo, começaram a sofrer um processo de especulação imobiliária.

Junto a esse processo começa na cidade o processo de especulação imobiliária, com a valorização da região central decorrendo do surgimento de grandes construções que representavam novas formas de investimento para a renda gerada com o auge do café.

De acordo com Villa (2008), em consequência ao desenvolvimento econômico que a cidade passou em 1920, surgiram novos bairros e o quadrilátero central inicial foi extrapolado, principalmente pela figura empreendedora de Álvaro Costa Couto, através dele que, em 1930 chegaram a cidade arquitetos modernista que haviam acabado de concluir seus estudos no intuito de elaborar seus projetos.

De acordo com Villa (2008), o edifício Diederichsen, idealizado e de propriedade de Antonio Diederichsen, que recebeu seu alvará de aprovação em 1934 e representou um novo animo de desenvolvimento da cidade.(MIGLIORINI,1997).

De acordo com Villa (2008), com um programa misto de habitação, escritório, lojas, cinema e hotel, o edifício foi erguido com 6 pavimentos na região central da cidade.

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De acordo com Villa (2008), com a implementação do código de obras Arthur Saboya, em 1933, a cidade passa a se referenciar de forma mais efetiva à capital paulista, pois as adaptações feitas para aplicação do código em Ribeirão Preto referem-se justamente ao zoneamento, sendo mantidos os mesmos nomes indicados para São Paulo, e apenas, são alterados os perímetros das mesmas. Sob esta nova legislação é que os bairros foram sendo urbanizados e ocupados ao redor do núcleo central da cidade de Ribeirão Preto.

De acordo com Villa (2008), de um modo geral as modalidades de habitações construídas na cidade até a década de 1960 se restringiam a moradia térrea ou assobradada caracterizando uma paisagem basicamente horizontal.

A modalidade habitacional em edifício de apartamento será efetivamente incorporada à dinâmica urbana da cidade de Ribeirão Preto somente na segunda metade da década de 1980.

De acordo com Villa (2008), Na década de 1960 ocorre um sensível aumento na oferta de apartamento residenciais, que cai um pouco na primeira metade da década de 1970 e volta a subir a partir de 1975, atingindo uma média de 40 unidades por edifício na de cada de 1990.

De acordo com Villa (2008), as referencias modernistas neste período podem ser percebidas notadamente nas construções unifamiliares de residências, além dos edifícios comerciais e institucionais verticais que foram construídos no centro da cidade.

De acordo com Villa (2008), A produção de edifícios de apartamentos até o inicio da década de 1990 ficará restrita a área central da cidade, especificamente no quadrilátero central.

De acordo com Villa (2008), a cidade passou a ser um pólo de desenvolvimento de negócios imobiliários com a consolidação de varias empresas construtoras e incorporadoras de maior parte como a construtora Balbo, Construtora Jábali Aude, Cosac Empreendimentos, Construtora Lagoinha, construtora Encol, entre outras.

De acordo com Villa (2008), as tipologias produzidas neste período observa-se um predomínio de apartamentos de 2 e 3 dormitórios com programas maiores, principalmente nas áreas centrais que ofereciam para públicos mais seletos alguns equipamentos de uso coletivo como piscina, quadra, salão de festas e playground.

Influencia imobiliária

Do edifício

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De acordo com Amorin e Loureiro (2005), com relação à edificação, as campanhas promocionais expressam não somente o lado pragmático do empreendimento – o programa arquitetônico, mas também a quantidade de elementos e equipamentos coletivos oferecidos, atrativos que visam seduzir uma nova classe média. As peças promocionais normalmente ressaltam a diversidade de serviços e equipamentos oferecidos, tais como a existência de sistemas de ar-condicionado central – o must da década de 1970, água quente, TV a cabo (incluída nas taxas de condomínio) ou central de gás. Algumas enfatizam os sistemas de segurança: CCTV, controle remoto de portões, sistemas de comunicação interna e central de segurança. Em tempos de racionamento de água, ou de energia elétrica, o poço artesiano, ou o gerador, tornam-se elementos que distinguem o empreendimento. O programa arquitetônico vem se tornando mais complexo nas últimas décadas, com uma maior disponibilidade de serviços coletivos que estendem os limites e os domínios das unidades privadas. Assim sendo, playgrounds e áreas de recreação tornam-se mais e mais sofisticadas com a inclusão de sala de ginástica, agora apelidada de fitness center, piscinas, quadras poliesportiva e salas de jogos, além de cozinhas totalmente equipadas, que por vezes ganham o charmoso apelido de ‘espaço gourmet’’. b) do apartamento De acordo com Amorin e Loureiro (2005), O domínio privado do edifício é explorado nas peças promocionais a partir dos atributos programáticos, que prescrevem o universo doméstico particular. Algumas tendências podem ser observadas. O primeiro traço de distinção social do programa arquitetônico do apartamento é sua complexidade, associada ao tamanho da unidade: quanto maior a área, mais complexo o programa.

O mercado oferece uma grande variedade de tipos planos, de unidades do tipo sala-e-quarto, até apartamentos duplex, mais complexos, com cinco ou seis quartos, três ou quatro salas, terraços e piscinas. O apartamento de três quartos é a solução mais comum para famílias de classe média. Em todos os casos, o programa é cuidadosamente dividido em zonas ou setores que estruturam atividades domésticas de uma maneira particular, cada zona dedicada a um conjunto de atividades e relacionada a um grupo de moradores.

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3 – Modos de Morar

3.1 – Configurações familiares

Com o processo de industrialização, a concentração de população em polos industriais, e as profundas mudanças na composição do grupo familiar e nas relações entre seus membros, de acordo com Tramontano (1997), a afirmação da família nuclear como modelo familiar moderno vieram substituir um modo de vida anterior, que se se baseava num modelo econômico, sobretudo na mão de obra da família extensa. Esse grupo medieval compunha-se de familiares, empregados e aprendizes sob a tutela de um pai patrão proprietários dos meios de produção, todos morando na casa onde se sobrepõem em muitos casos, em um único grande cômodo, habitação, local de trabalho e espaço publico.

De acordo com Tramontano (1997), já a casa da sociedade industrial que não mais abriga o espaço de trabalho, e é habitada por pessoas ligada umas as outras. O espaço fabril, território masculino e aberto ao publico, diferencia-se do espaço, dividido em cômodos que se organizam em zonas, a exemplo da habitação burguesa.

De acordo com Tramontano (1997), em 1945 após a segunda guerra mundial se estabelece a cultura norte-americana como novo referencial de costumes para toda a sociedade mecanizada que se queira moderna, difundida, sobretudo, pelo mais poderoso e mais abrangente meio de comunicação até emtão: Hollywood maquina perfeita na divulgação da maneira de morar americana, que incluía eletrodomésticos, automel, o marido no papel do forte, inteligente, lógico, consistente e bem humorado provedor, e a esposa, no da intuitiva, dependente, sentimental, auto sacrificada, mas sempre satisfeita gerenciadora de uma habitação implacavelmente limpa, agora elevada à categoria de bem de consumo.

No entanto, a ‘nuclearização’ da unidade familiar, cujo processo estende-se, pelo menos, o século 16 até os nossos dias, potencializado, na segunda metade do nosso século, quando surgem novos tipos de Grupos domésticos: famílias monoparentais, casais DINKS-Double Income No Kids-, uniões livres incluindo casais homossexuiasi, grupos coabitantos sem laços conjugais ou de parentescos entre seus membros, e uma família nuclear renovada, ainda dominante da autoridade dos pais em benefícios de uma maior autonomia de cada um de seus membros, nos padrões sociais: pessoas vivendo sós.

De acordo com Tramontano (1997), considerando dados da rança, Inglaterra, Suécia, Itália, Alemanha e Holanda, a demógrafa brasileira Elza Berquó constata que por volta de 1965, a fecundidade deste países variava entre 3,2 e 2,5 filhos por mulher, e em 1970, esta variação cai para 2,5 a 2,0, e em 1975, a grande maioria tem sua fecundidade entre 2,0 e 1,5 em 1985, entre 1,8 e 1,3 filhos por mulher. Mas

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por trás da queda da fecundidade, encontra-se outras coisas, um lugar no mercado de trabalho, a liberdade de ter relações sexuais dissociados da obrigatoriedade católica de procriação, o direito de escolher quando ter ou não ter filhos, o direito de se separar-se do parceiro ou parceira sem ser, por isso, estigmatizada pela sociedade.

De acordo com Tramontano (1997), por volta das décadas de 1950 e 1960 que a informatização começa a dar sinais de um desenvolvimento capaz de permitir-lhe suceder à mecanização. O chamado modo de vida metropolitano propaga-se também através dos meios de telecomunicação, o que contribui, sem dúvida, para o movimento - em curso - de população a partir das grandes cidades do mundo em direção a comunidades menores.

De acordo com Tramontano (1997), São Paulo, Paris e Tóquio têm experimentado o chamado efeito doughnut, que significa o decréscimo de densidade populacional nas áreas centrais e o aumento de população além de suas fronteiras administrativas. Além disso, em anos recentes, esta tendência vem sendo acompanhada por uma alteração no perfil dos habitantes das cidades: mais e mais pessoas solteiras, jovens profissionais, trabalhadores de escritório e estudantes preferem gastar maiores somas com o aluguel de um apartamento - cuja área é cada vez menor situado nas áreas centrais das cidades, ao invés de submeterem-se a longos deslocamentos diários em transportes coletivos, vivendo em bairros e subúrbios distantes, longe da vida noturna e do lazer urbano. De acordo com Tramontano (1997), no que concerne o desenho do espaço doméstico para esta população em transformação, o ritmo das inovações tem sido bem mais lento. Paulistanos, parisienses e toquioítas habitam casas e apartamentos cujos espaços tendem a assemelhar-se a tipologias que vão do modelo da habitação burguesa européia do século 19, caracterizado pela trilogia de áreas social, íntima e de serviços, ao arquétipo moderno da habitação-para-todos, com sua uniformidade de soluções em nome de uma suposta democratização das características gerais dos espaços. Mesmo que agora tendam a habitála grupos domésticos cujo perfil difere cada vez mais da família nuclear convencional, e cujos modos de vida apresentam uma diversidade cada vez maior, o desenho dos espaços desta habitação permanece intocado, sob a alegação de que se chegou a resultados projetuais economicamente viáveis, que atendem às principais necessidades de seus moradores. Os dois modelos foram originalmente concebidos para a família nuclear, em um momento em que esta tipologia familiar surgia como absolutamente dominante. No caso da habitação européia oitocentista burguesa, seu funcionamento dependia da presença de pessoal doméstico, propositalmente separado dos patrões. Quartos de empregados, tanto quanto banheiro e cozinha, eram considerados espaços de rejeição e, portanto, relegados aos fundos da moradia. Salas e vestíbulos compunham os espaços de prestígio - a face pública da habitação – em oposição aos espaços de intimidade, os quartos de dormir do dono da casa e de sua família. Já nas propostas Modernas do primeiro pós-guerra europeu, materializadas exemplarmente nas siedlungen patrocinadas pela social-democracia alemã, a

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cozinha foi trazida dos fundos da casa para, fundida com a sala de estar, tornar-se o espaço privilegiado do convívio entre os membros de uma família nuclear cuja mãe era a principal encarregada das tarefas domésticas. Além disso, a pouca área útil de cada unidade foi tratada com elementos flexíveis – camas escamoteáveis, mesas dobráveis ou sobre rodízios, portas de correr – procurando viabilizar a meta de um cômodo por pessoa, fosse ele minúsculo. 3.2 – Relações casa e Usuário

Riscos Preliminares

A habitação contemporânea apresenta-se como uma espécie de mediadora entre, pelo menos, três polos. De um lado seus moradores, grupos domésticos familiares ou não, compostos eventualmente – e cada vez mais – por uma única pessoa. De outro lado o espaço publico, urbano, e, finalmente, o que chamaríamos de espaço cósmico, das telecomunicações. Repensar hoje esta habitação significaria considerar as importantes transformações que atingiram cada um destes polos ao longo de todo o nosso século, e de maneira mais acentuada a partir do segundo pós-guerra. (TRAMONTANO, 1995, p.01)

Preferimos abordar as propostas projetuais a partir de itens abrangendo seis componentes usuais dos programas arquitetônicos domésticos – convívio, Repouso e isolamento, Higiene, Preparação de Alimentos, Trabalho-em-casa e estocagem -,além de um sétimo item relacionado a articulação geral destas componentes. (TRAMONTANO, 1995, p.01)

Convívio

De acordo com Tramontano (1995), a noção de convívio passa hoje por mudanças profundas. Por um lado, as relações de convivialidade ganham gradativamente os demais espaços da habitação: o quarto não se destina mais apenas ao repouso, mas também a receber amigos, e a revolução sexual dos anos 60 – a partir da qual o perfil dos grupos domésticos viu-se profundamente alterado – parece ter ajudado a abrir as portas do espaço de higiene ao uso simultâneo pelos diversos membros da família.

O convívio entre as pessoas não depende mais de um espaço com esta finalidade específica e, a rigor, nem mesmo de um espaço físico diante das novas possibilidades oferecidas pelas telecomunicações. Por outro lado, a intrusão do telefone, do computador pessoal e, sobretudo, da televisão – esta na grande maioria dos lares – se traduzirá por uma sobreposição do espaço denso das comunicações mediatizadas e o das relações pessoais, o que contribuirá em grande parte para a modificação da estrutura tradicional do grupo familiar.

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Repouso e Isolamento

De acordo com Tramontano (1995), estar só em casa pode significar estar trabalhando em um microcomputador conectado a redes de informações, assim como isolar-se por receber imagens externas através da televisão pessoal.Higiene

De acordo com Tramontano (1995), o espaço de higiene abandona gradativamente seu caráter de espaço de serviço, simples local de realização de tarefas pessoais incontornáveis, para tornar-se um lugar de prazer.O relaxamento e o exercício físico inserem-se em uma tendência maior de culto ao corpo, muitas vezes associados a uma alimentação que se quer mais natural e equilibrada, a marchas a pé pelas ruas do bairro, atingindo um de seus ápices em espaços de encontro social sob pretexto de cuidados corporais: as academias de ginástica.

Preparação de alimentos

De acordo com Tramontano (1995), atualmente no Brasil é uma situação de transição na qual a empregada doméstica acumula – ainda características tanto do servidor escravo quanto do profissional assalariado. A cozinha fora ainda persiste em grande parte das residências do interior do país como espaço da empregada, já a cozinha interna à habitação equipada com eletrodomésticos, lugar de representatividade e de uso exclusivo da dona de casa.

A alteração de comportamentos, ditada também pelo gradual empobrecimento da população do país, esboça uma tendência cada vez mais nítida: a redução da área da cozinha convencional e a supressão progressiva dos seus anexos – quarto e banheiro de empregada, despensa, área de serviço e de secagem de roupas - ao mesmo tempo em que a empregada domestica mensalista, que já há muito tempo deixou de morar na casa dos patrões, vai sendo substituída pela diarista e, em um momento posterior mas aparentemente inevitável, pelos cada vez mais performantes e acessíveis equipamentos eletroeletrônicos. (TRAMONTANO, 1995, p.32)

Trabalho em casa

De acordo com Tramontano (1995), a volta do trabalho ao espaço domestico é hoje uma tendencia que tem justificativa em fatos diversos: a flexibilização da produção reduzindo o tamanha de unidades centralizadoras estimulando o aparecimento de numerosas pequenas unidades satelites; o desenvolvimento e acessibilidade de novos meios de telecomunicações interativos que requalificação o espaço dos escritórios centrais – transformados num lugar privilegiado do convívio e da troca de informações entre os funcionários ao mesmo tempo que possibilitam a transferência do trabalho individual para esfera privada : as sucessivas crises econômicas

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eliminando cada vês mais pessoas do mercado formal do trabalho. Acrescente se a isto a progressiva da participação da mulher no mercado de trabalho anteriormente reservados ao homem, cujo o impacto sobre a estrutura e a composição da família, alem de alterar a distribuição de papeis dentro dela, esta longe de ser desprezível.O desenho da habitação contemporânea tem ai outras questões a responder: qual lugar o trabalho em casa deve lugar dentro do espaço domestico:preferencialmente um espaço de isolamento ou aberto ao convívio entre os membros do grupos? como devera se relacionar com os demais espaços inclusive o publico etc..

Estocagem

De acordo com Tramontano (1995), poderíamos imaginar que somente os volumes de estocagem dividindo os espaços – que chamaremos de divisórias espessas- teriam uma ligação mais direta com o projeto de habitação em função da evolução dos modos de vida, já que estas divisórias em ultimas instancias leve e portanto, moveis – possibilitariam o continuo desenho dos espaços garantindo sua evolutividade.

3.3 – Flexibilidade

Flexibilidade em Edificações

Flexibilidade no edifício, corresponde as condições de prováveis mudanças, ainda na fase de projeto, de acordo com WBDG (2010) apud STRAPASSON, 2011, P16, a consideração das prováveis mudanças de requisitos da edificação, ainda na etapa projetual, permite não só a redução de custos para sua realização, mas também, a redução do tempo necessário para a readequação dos espaços.

Além disto, há a possibilidade de se minimizar o volume de recursos necessários para adequar a edificação, contribuindo desta forma para a dimensão ambiental da sustentabilidade. De acordo com Azevedo (2002) apud STRAPASSON, 2011, P22, um novo contexto econômico e cultural vem se estabelecendo no país e no mundo neste novo milênio. Estas mudanças são decorrentes principalmente dos meios de comunicação e de informação, além dos avanços científicos e tecnológicos, determinando novas atitudes, novos modos de pensar e novos estilos de vida.

O modo tradicional de se projetar pressupõe que as edificações não sofrerão alterações, trazendo dificuldade em possíveis adaptações de acordo com Larcher (2005) apud STRAPASSON, 2011, P22, ao argumenta que o modo tradicional de projetar pressupõe que as edificações não sofrerão alterações substanciais ao longo de sua vida útil, trazendo dificuldades em possíveis adaptações que possam vir a ocorrer em virtude das mudanças de necessidades dos usuários. A capacidade de gerir os recursos destinados à construção de forma sustentável deve passar pela

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previsão de adaptações da edificação relacionada às mudanças de necessidades do usuário e/ou ao desenvolvimento de soluções de baixo custo que permitam a readequação de edificações existentes.

Esta falta de flexibilidade projetual é uma das causas de intervenções, demolição parcial e, até mesmo, a demolição completa de uma edificação de acordo com PADUART (2009) apud STRAPASSON, 2011, P23. De acordo com SALEH E CHINI (2009) apud STRAPASSON, 2011, P23, quanto mais flexíveis e adaptáveis são os projetos de uma edificação em relação às mudanças de necessidades do usuário, maior será a vida útil do edifício em questão. De acordo com RUSSEL E MOFFATT (2001) apud STRAPASSON, 2011, P33, edificações flexíveis são aquelas que permitem aos ocupantes a facilidade em usar a área de uma forma efetiva de acordo com as mudanças de ecessidades dos usuários, sendo por esse motivo, considerada como uma estratégia para a adaptabilidade. De acordo com ROSSI (1998) apud STRAPASSON, 2011, P33, afirma que o conceito de flexibilidade na construção civil pode ser definido como a capacidade de um ambiente, edifício ou espaço ser organizado e utilizado de várias formas. De acordo com LARCHER (2005) apud STRAPASSON, 2011, P33, exemplifica as implicações da flexibilidade no ambiente construído ao defender a interdependência entre o sistema estrutural e os elementos de vedação interna, com a finalidade de possibilitar de alterações na edificação, a partir do surgimento de novas necessidades dos usuários. Ainda tratando sobre as características marcantes de uma edificação efetivamente projetada com flexibilidade, ou seja, com sistemas construtivos projetados com características flexíveis, pode ser modificado sem necessariamente destruir as instalações existentes ou parte delas, ou ainda descaracterizar o projeto original.

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4 – LEITURAS PROJETUAIS 4.1-Pedregulho

Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Morais (Pedregulho). Projetado pelo Arq. Affonso Reidy, com 328 unidades (478 no projeto original). Na década de 40 e 50.

Projetado para abrigar funcionários públicos do então Distrito Federal. Localizado no bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro, Pedregulho compõe a face social da arquitetura de Reidy.

Figura 9: Localização

Fonte: Google Earth (2012).

A estética e os princípios defendidos por Le Corbusier se fazem sentir no projeto do Pedregulho cuidado com as tecnologias aplicadas na construção como: economia de meios utilizados preocupações funcionais como: controle da luz, controle da Ventilação, facilidade de circulação.

O Conjunto abriga blocos residenciais e áreas de serviços comuns: jardim-de-infância, maternal, berçário, escola primária, mercado, lavanderia, centro sanitário, quadras esportivas, ginásios, piscina, vestiários e centro comercial.

Cada obra é definida por um volume simples, integrado a um conjunto mais amplo,a forma indica a diferença de funções: o paralelepípedo destina-se aos prédios residenciais; o prisma trapezoidal aos edifícios públicos; e as abóbadas, às construções desportivas.

Manter a vista da baía de Guanabara para todos os apartamentos leva Reidy a projetar uma grande construção sobre pilotis que dribla o declive natural da área pelo uso de passarelas, recursos que dispensam elevadores, os pilotis de alturas variáveis constituem outra solução original empregada em função dos desníveis do solo.

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Figura 10: Rua interna elevada Figura 11: Rua interna elevada

Fonte: Pedro Vanucchi (2012). Fonte: Carmen Portinho (2012).

A peça-chave de todo o conjunto é o grande edifício construído no alto, de planta serpenteada, que acompanha as condições naturais do terreno.

Figura 12: Bloco residencial que acompanha o terreno

Fonte: Blogs.estadao (2012).

O corredor de acesso aos apartamentos, eu se repetem a cada dois andares , pois os apartamentos são duplex , mostra a generosidade da área de circulação e o excepcional uso do elemento vazado, tão presente na arquitetura moderna carioca, que marcam a fachada posterior do bloco.

Figura 13: Corredores acessos aos apartamentos.

Fonte: lanferarquitetura (2012).

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Figura 14: Academia.

Fonte: lanferarquitetura (2012).

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4.2-Gifu Kitagata - Kazuyo sejima

Bloco de apartamentos de Gifu Kitagata (1994-2000)

Projeto de Kasuyo Sejima o edifício faz parte de um grande projeto de reconstrução escala habitação publica, foram selecionados quatro arquitetos sob a coordenação do arquiteto japonês Arata Isozaki para executar os projetos.

O edifício projetado por kasuyo Sejima localiza se na parte sudeste do local, onde a ideia era executar os edifícios ao redor do perímetro.

Figura 15: Localização

Fonte: maps.google (2012).

Figura 16: Gifu. Figura 17: Gifu.

Fonte: gifuprefecture (2012). Fonte: gifuprefecture (2012).

O edifício é levantado sobre pilotis, conforme podemos ver na foto 3.2 abaixo, facilitando o acesso do edifício, este nível é destinado ao estacionamento de bicicletas, e do segundo pavimento ao décimo é para habitação, contendo 107 unidades na sua maioria duplex.

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Figura 18: Estacionamento Bicicletas no nível do térreo.

Fonte: openbuildings (2012).

De acordo com Sejima a planta com corredores contínuos ao longo das fachadas é de ocultar o interior e proteger a parte da intimidade, para que não se visse tudo do exterior.

Cada unidade conta com um terraço, que são privados, e que tem acesso ao

corredor publico.

Figura 19: Corredores de acessos às unidades.

Fonte: openbuildings (2012).

Figura 20: Terraço.

Fonte: gifuprefecture (2012).

Cozinha, quarto e o terraço todos se comunicam entre si, com um corredor de

circulação de uso publico, gerando três pontos de acessos em todas as unidades.

Cada unidade residencial possui um terraço que a pesar de estar separado do solo possibilita o contacto com a natureza.

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Figura 21: Terraços.

Fonte: openbuildings (2012).

De acordo com Sejima, dado que o edifício é composto por apartamentos de aluguel, supondo os vários tipos de configurações familiares, não seria restrito à família padrão existente, mas que os diferentes tipos de agrupamentos de pessoas devem ser considerados.

Figura 22: Tipologias.

Fonte: openbuildings (2012).

Conforme vemos na foto 4.2.5 todos os quartos estão igualmente alinhados ao longo

do lado que recebe mais sol. Estes quartos estão ligados na frente por uma estreita

marquise, que constitui um espaço intermediário entre o interior e o exterior.

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Figura 23: Corredor Privado.

Fonte: gifuprefecture (2012).

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4.3-Habitação Social em Toulouse PPA

Habitação social em Toulouse na França, na Avenida de Grende-Bretagne,

projetado pelo escritório de arquitetura PPA, ano do projeto 2011, com área

construída de 5300 m² unindo-se a um complexo existente de edifícios de baixo

gabarito e uma torre de dezesseis andares delimitados em torno de um parque

arborizado.

©

Figura 24: Habitação Social em Toulouse / PPA Fonte: Philippe Ruault (2012).

As questões arquiteturais e ambientais relacionadas ao edifício envolvem a criação

de espaços coletivos de qualidade comparável aos existentes, a redução de impacto

ambiental da construção, a garantia de máximo conforto aos moradores bem como

protegê-los do barulho da avenida e a inserção do bloco ao complexo residencial

sem comprometer seu equilíbrio.

Figura 25: Habitação Social em Toulouse / PPA

Fonte: Philippe Ruault (2012).

O novo edifício tanto complementa a organização existente como constitui sua nova

entrada. É delimitado ao longo da Avenue de Grande-Bretagne, afastado da rua e

possui um grande átrio que conecta o espaço público da avenida com o interior do

imóvel. O volume compacto, repetido e racionalmente estruturado, dispõe de 61

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apartamentos com vista dupla tanto para a avenida ao norte quanto para o parque

ao sul.

Figura 26: Habitação Social em Toulouse / PPA Fonte: Philippe Ruault (2012).

Figura 27: Habitação Social em Toulouse / PPA Fonte: Philippe Ruault (2012).

O desenho expressa-se pelo uso de métodos racionais de construção e

características salientes como as galerias e passarelas. A abordagem do repetitivo

“empilhamento” é compensada pela forma variada de dispor as barreiras solares das

galerias do lado sul. A cor das fachadas ecoa o branco e o verde claro das

construções vizinhas e cria um senso súbito de luz e sombra variáveis que pousam

sobre o edifício Projetado para formar tanto uma extensão harmoniosa do imóvel

existente como uma conexão entre eles e o tecido tradicional urbano do local, este

edifício promove uma interpretação contemporânea distanciada dos preceitos da

Arquitetura Moderna.

Figura 28: Habitação Social em Toulouse / PPA Fonte: Philippe Ruault (2012).

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Figura 29: Habitação Social em Toulouse / PPA Fonte: Philippe Ruault (2012).

As amplas unidades térreas são como pequenas casas com entrada independente e

pátio interno, o que cria a sensação semelhante à de residências individuais. Do

segundo ao sétimo pavimento, apartamentos de 2, 3 e 4 dormitórios são acessados

por um sistema de passarelas ao longo da fachada norte. Essas passarelas abertas

são como espaços de respiro que proporcionam privacidade às unidades e proteção

do ruído do tráfego.

No lado sul, grandes galerias, acompanhadas de folhas translúcidas deslizantes

como barreiras solares, oferece uma ampla área externa privada para todos os

apartamentos.

Fiel às ambições do projeto moderno arquitetônico em termos de qualidade da

habitação, com seus amplos, confortáveis, bem orientados e ventilados

apartamentos, a construção transpõe aqueles preceitos dentro de um re-

desenvolvimento urbano de um distrito moderno.

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4.4-Estudo de caso

Estudo de caso do condomínio residencial parque das tamarindos, localizado no bairro jardim anhanguera na Rua Isaias Jose ferreira n90 próximo da avenida barão do bananal.

Figura 30: Localização

Fonte: maps.google (2012).

Figura 31: Localização

Fonte: maps.google (2012).

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O condomínio conta com dois blocos de apartamentos, o bloco A é térreo e mais 12º pavimentos, o térreo com três apartamentos e do 1º pavimento até 12º pavimento Com quatro apartamentos por andar, o bloco B Conta com dois subsolos, térreo e do 1º pavimento ao 11º pavimento sendo o primeiro sobressolo é o salão de festa e apartamento do zelador, nos 2 º sobresolo conta com 4 apartamentos, no térreo 3 apartamentos, e do 1º ao 11º pavimento 4 apartamentos por andar. O condomínio tem no seu programa de necessidade portaria, casa gerador, lixo, deposito de material de limpeza, escritório do zelador, estacionamento para cada morador, quadra poliesportiva, piscina, área para churrasco, vestiário na área da piscina, playground.

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5 – LEVANTAMENTOS DA ÁREA

5.1 – Localização

A área escolhida para desenvolvimento do trabalho esta localizada em Ribeirão Preto no Bairro Jardim Zara, que engloba a quadra inteira com as Ruas Antônio Carrara Orlandini, José Ignacchitti, Clair Camargo e Francisca Martins.

Figura 32: Localização

Fonte: maps.google (2012).

Figura 33: Localização

Fonte: maps.google (2012).

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5.2 – Estudos de Entorno

Mapa de uso e ocupação

Figura 34: mapa uso e ocupação do solo

Fonte: Murilo (2012).

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Mapa figura fundo

Figura 35: mapa figura fundo

Fonte: Murilo (2012).

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No mapa de equipamentos podemos notar que o bairro é abastecido com Creche, Educação especial, UBS, Centros comunitários.

Figura 36: Equipamentos

Fonte: ribeiraopreto.sp.gov.br (2012).

Imagens da Área.

Figura 37: Foto da área.

Fonte: Murilo (2012).

Figura 38: Foto da área.

Fonte: Murilo (2012).

Estudo de Insolação

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Figura 39: Carta Solar. Figura 40: Medição ângulo da sombra.

Fonte: Luz do Sol (2012). Fonte: Luz do Sol (2012).

Figura 41: Carta Solar e Medição ângulo da sombra.

Fonte: Luz do Sol (2012).

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6 – PROJETO

6.1 - Programas de necessidade

Um projeto de conjunto habitacional para classe média, com três blocos com variações de tipologias, cada bloco terá numa média de três tipologias por pavimento, cada tipologia terá seu terraço privado.

O pavimento térreo é de uso comum com funções de convívio e circulação, do primeiro pavimento ao terceiro residencial, e o quarto pavimento será de uso para lavanderia.

Cada bloco terá seu estacionamento, e sua coleta de lixo separada.

Uso coletivo de matérias como; caixa de ferramenta, furadeira, ferro de passar, etc.

Salão de festa e academia, Chafariz, Setor de Convívio.

Perspectiva da edificação

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6.2 – Estudos Preliminares

Processo de evolução

volumes

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Primeiros estudos.

Fachada

- as cores são para diferenciar as tipologias.

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A utilização do brise.

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Utilização do brise móvel.

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Cada tipologia com o seu terraço privado.

Implantação

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Estudo de massa e Programa de necessidade

Projeto de conjunto habitacional para classe média, com três blocos com variações de tipologias, cada bloco terá numa média de três tipologias por pavimento, cada tipologia terá seu terraço privado.

Cada bloco terá seu estacionamento, e sua coleta de lixo separada.

Uso coletivo de matérias como; caixa de ferramenta, furadeira, ferro de passar, etc.

Salão de festa e academia, Chafariz, Setor de Convívio.

Proposta foi à utilização de eixos modulares de 6x6 metros para proporcionar flexibilidade e estabilidade a edifício.

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O edifício será composto por pilares estruturais que também servirão para shafts de instalações (Hidráulica, elétrica, telefone, etc). Nas tipologias as áreas molhadas (cozinha, banheiro) ficaram encostadas nesses pilares.

O pavimento térreo é de uso comum com funções de convívio e circulação, do primeiro pavimento ao terceiro residencial, e o quarto pavimento será de uso para lavanderia.

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Primeiro pavimento até o terceiro é residencial.

O 4º pavimento é destinado à lavandeira.

Proposta

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O 4º pavimento é destinado à lavandeira.

As cores são apenas para indicar as diferentes tipologias

volumetria

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As cores são apenas para indicar as diferentes tipologias

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Volumetria

7-Conclusão

A habitação precária gerada por questões sociais e econômicas gera uma grande interferência na qualidade de vida das pessoas.

Problemas gerados pela tradicional habitação atual em que encontramos hoje em dia, sem considerar as varias configurações familiares, onde as pessoas são obrigadas a se adequarem nos espaços sem a possibilidade de escolha, com problemas de espaços mínimos sem a possibilidade de adaptação prejudicando as circulações, ambientes com muitas funções comprometendo a qualidade de espaço, materiais inferiores.

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A proposta do projeto é, para atender as diferentes configurações familiares, questões físicas, fisiológicas e psicológicas, levar a possibilidade de adequação do espaço, no sentido de conforto e qualidade tanto na moradia quanto na sua implantação.

Levando em conta o convívio entre as pessoas, pensar nos espaços com a real função, levar em conta que a residência não é apenas um lugar para dormir e comer, mas sim um lugar com qualidade de função para as necessidades de vida, considerar o modo de vida atual da sociedade, como convívio, repouso, higiene, preparação de alimentos, possibilidade de trabalho em casa ou estudo, estocagem.

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