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ROLÂNDIA: MEMÓRIA E PROJETO INTERVENÇÃO NA ÁREA CENTRAL

TFG | Rolândia: memória e projeto, intervenção na área central

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Trabalho Final de Graduação, Jun/2014

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ROLÂNDIA: MEMÓRIA E PROJETOINTERVENÇÃO NA ÁREA CENTRAL

Imagem da Capa: OHARA, Haruo. Nuvem da Manhã, 1952. Terra Boa - PR. Acervo do IMS

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ROLÂNDIA: MEMÓRIA E PROJETOINTERVENÇÃO NA ÁREA CENTRAL

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

Aluna: ELISA HADDAD DE OLIVEIRA

Orientadora: PROFA DRA HELENA AYOUB SILVA

JUNHO DE 2014

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AGRADECIMENTOS

À Profa Dra Helena Ayoub, pela orientação deste trabalho;

à Maria Luiza e Toninho Mueller, sem os quais o acesso às ba-ses e informações levantadas seria muito mais difícil;

aos amigos da FAU e ao escritório HASAA, pelos momentos compartilhados e de aprendizagem;

às meninas do Angra, pelos anos de convivência e diversão;

à família mais linda desse mundo, Emmanuel, Christine, Tomás e Otto;

aos meus pais, Emanuel e Samira, e à minha irmã, Beatriz, pelo apoio sempre e pela inspiração e

exemplo que são aos que os rodeiam.

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SUMÁRIO

Apresentação 09 Brasil Arquitetura: obra e teoria 11

Reconhecimento do lugar 17

Escolha do lugar 49

Proposta 59

Considerações Finais 83

Referências Bibliográficas 85

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APRESENTAÇÃO

O trabalho desenvolvido para o TFG é uma proposta de recuperação da área central de Rolândia, município situado no Norte do Paraná, próximo de Londrina. Envolve a reciclagem da estação ferroviária e dos armazéns e do entorno próximo.

Esse município foi escolhido porque morei lá parte da in-fância, mas não cheguei a conhecê-lo direito. Também quis inter-vir em uma cidade de menor porte à exemplo do TFG que tomei como principal referência: Dos Retratos da Cidade à Interven-ção Urbana: Paisagem e Patrimônio em Bariri (SP), de Felipe Zene Motta. Tive a oportunidade de assistir a banca de TFG deste útlimo trabalho e me interessou muito o olhar mais antropológico desenvolvido pelo autor.

Pretendo com este trabalho chegar a esse olhar. Caso não o consiga, fica o projeto para a cidade que me acolheu duran-te parte da minha infância.

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A vontade de estudar sobre como o escritório Brasil Arquitetura projeta e do pensamento que norteia seus projetos surgiu da participação dos arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci em disciplinas, palestras e bancas de TFG durante minha passagem pela FAU. A leitura do livro “Arquitetura Conversável”, de Marcelo Ferraz, também surgiu por indicação da Profa Rosana Miranda em uma disciplina optativa, do qual se pode extrair as principais ideias que o escritório Brasil Arquitetura cultiva.

O que chama a atenção na atuação do referido escri-tório é que, com a mesma formação dada pela Faculdade de Ar-quitetura e Urbanismo, este se apropriou dos ensinamentos de outros arquitetos, como Lina Bo Bardi e Lúcio Costa, e deu a seus projetos um olhar mais antropológico, configurando um modo de projetar característico do escritório. Utilizando a memória como elemento fundamental, a maior parte de seus projetos é voltada para a área da cultura.

BRASIL ARQUITETURA OBRA E TEORIA

Fig. 1 - Croqui da Praça das Artes (Imagem: site Brasil Arquitetura)

Fig. 2 - Foto do salão de apresentações restaurado do Antigo Conserva-tório Dramático Musical de São Paulo (Imagem: site Brasil Arquitetura)

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Em “Arquitetura Conversável”, pode-se entender com mais clareza as referências e metodologias que o escritório adota. Neste livro, que é uma coleção de textos, Marcelo Ferraz relem-bra sua trajetória e convivência com Lina Bo Bardi, seus ideais, o significado para ele de projeto e arquitetura, o papel da memória e da antropologia sobre a arquitetura, projetos de Lina dos quais participou e projetos do próprio Brasil Arquitetura.

Antonio Risério, na apresentação do livro, comenta que o fato fundamental para Ferraz foi, sem dúvida, a convivência com Lina Bo Bardi, pois ela trazia, junto com “o racionalismo modernis-ta, a arquitetura vernacular; o desenho industrial e o artesanato; a invenção contemporânea e o patrimônio histórico; reavivava Lu-cio Costa e apresentava uma visão da cultura popular não como ‘folclore’, mas como cultura. (...) Ao mesmo tempo, reforçava Arti-gas, consolidando em seus jovens colaboradores uma visão social da arquitetura.”(FERRAZ, 2011, pág.8)

Fig. 3 - Exposição Nordeste no Museu de Arte Popular do Unhão, Salva-dor, 1963 (Imagem: Armin Guthmann)

Risério também comenta que ele deixa claríssimo que sua preocupação maior na prática da arquitetura é a cidade. “A casa é um pedaço de cidade. O patrimônio tem de se fazer vivo na cidade. A favela tem de se fazer cidade”. (FERRAZ, 2011, pág.9) Porém, sente a falta dele não ter se aprofundado mais na impor-tância do uso da antropologia no pensar e no fazer do arquiteto brasileiro.

Risério percebe o fascínio de Ferraz por arquitetos que também se infiltraram na antropologia como matéria de estudo, tais como Sverre Fehn, Louis Kahn, Geofrrey Bawa, Aldo Van Eyck, Luís Barragán, chamados de terceira geração moderna e, nada mais nada menos, Álvaro Siza.

De Siza, Ferraz reitera: “Uma coisa é o lugar físico, outra coisa é o lugar para o projeto. E o lugar não é nenhum ponto de partida, mas é um ponto de chegada. Perceber o que é o lugar é já fazer o projeto”. (FERRAZ, 2011, pág.91) Perceber este que entra no campo da cultura e da antropologia locais.

Fig. 4 - Maquete da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, de autoria de Álvaro Siza. Notar como o projeto se encaixa perfeitamente ao lugar.

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Para o lugar Brasil, Ferraz descreve nesse livro que des-cobriu Lucio Costa, que olhava a arquitetura colonial e gloriosa do passado, e Lina, que atentava para as coisas menores, verna-culares. A arquitetura do passado, ao qual tinha certo desprezo quando mais jovem, ganhou novo significado quando visto sob a perspectiva de Lina. Passou “a acreditar que na arquitetura tudo cabe, desde que você construa um sentido, desde que você crie um nexo com a realidade na qual vai atuar”. (FERRAZ, 2011, pág.43)

Em relação ao patrimônio, que diz respeito diretamente ao passado, à memória e à cultura de determinado local, Ferraz afirma que sua conservação e restauração é reflexo de manu-tenção de civilidade, urbanidade e de política. Mas que não pode ser uma conservação puramente documental. Que é necessário tornar o patrimônio de um edifício do passado vivo, útil e atual. Que tenha uma função educadora e que ajude “a compreender a complexidade de nossas cidades, dar referências do melhor de nossa produção e da criação humana”. (FERRAZ, 2011, pág. 159) Assim, do ponto de vista projetual, Ferraz afirma que o que não é necessário no patrimônio, o que não for útil para os dias de hoje, descarta-se. Entra aqui a noção de “presente histórico” de Lina Bo Bardi, que é “algo que guarda do passado aquilo que ainda vive, mesmo que hibernado, e você pode fazer aquilo aparecer e viver novamente através do projeto, da ação. É o presente que traz raízes, memórias”. (FERRAZ, 2011, pág.169)

Nesse empenho em trazer de volta ao presente o patri-mônio, o museu surge como um programa contemporâneo mui-to utilizado no ramo da preservação. Os museus já fazem parte das cidades modernas e da vida cotidiana e, sendo “espaços de reflexão e convivência por excelência, os museus se abrem agora aos mais variados e inusitados temas, guiados pelo olhar antro-pológico, ferramenta de grande utilidade em um mundo no qual os conflitos dos encontros são a marca da época e as cidades, o palco principal”. (FERRAZ, 2011, pág. 115) Para isso, os museus precisam adotar uma linguagem contemporânea para atrair pes-soas ou, senão, estarão fadados ao fracasso. Hoje em dia vê-se como um museu tem potencial transformador em uma cida-de, que pode colocá-la no mapa cultural e ainda movimentar a

economia. Como exemplos tem-se o Guggenheim de Bilbao e o Pompidou de Paris.

Fig. 5 - Museu Guggenheim em Bilbao, de Frank Gehry

Fig. 6 - Centro Cultural Pompidou, em Paris, de Renzo Piano

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Dois outros aspectos que considerei importante na lei-tura desse livro para este trabalho foi a definição do programa e o projeto pontual.

Sobre o projeto pontual, tendo em vista o caos, o des-conforto, a falta de senso estético e da cultura arquitetônica que impera na construção das cidades brasileiras nos dias de hoje, na ausência de planos de ordenamento do território, sobra ao arqui-teto a intervenção pontual como possibilidade de transformação da cidade. Ferraz aponta: “Quem pode duvidar da capacidade de transformação no tecido urbano, nos hábitos etc. de um projeto como o Sesc Pompéia?”. (FERRAZ, 2011, pág. 79)

Fig. 7 - Rua interna do Sesc Pompéia em dias de festividades (Imagem: Nelson Kon)

Sobre o programa, Ferraz não o define apenas como o uso a ser dado a um edifício novo, mas como “a mais abrangente e profunda demanda humana, seja no âm-bito da vida íntima, individual, seja na vida em coletivida-de, pública. Programa enquanto tomada de consciência do significado ou identidade do lugar – lugar enquanto sítio habitado”. (FERRAZ, 2011, pág. 91)

E aqui voltamos para a compreensão do lugar como parte fundamental do projeto. E Ferraz conclui que “projetar é cap-tar e inventar o lugar a um só tempo”. (FERRAZ, 2011, pág. 91).

Com essas principais ideias norteadoras (programa, compreensão do lugar, memória, antropologia, projeto pontual etc.), busquei ver em obras construídas deste escritório o resultado físico de todas essas ideias. Como principais referências e mais conhecidas que se aproximam mais do meu objeto de estudo, analisei o Memorial da Imigração Japonesa em Registro, o Engenho Central de Piracicaba, o Museu do Pão em Ilópolis e, mais recentemente, o Museu Luis Gonzaga em Recife.

Fig. 8 - Pespectiva Museu do Pão (Imagem: site Brasil Arquitetura)

São obras que estão em áreas antes degradadas e que tiveram alguma função comercial/industrial de gran-de relevância para a cidade em que se encontra. A ação projetual do Brasil Arquitetura consistiu em relevar seu en-torno e trazer a cidade de volta para aquele edifício antes abandonado, seja com a criação de um parque e a implanta-ção de programas culturais, como museus, teatros e escolas.

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Em Registro, pude observar que o projeto se inseriu bem e que ajudou a melhorar a relação do antigo conjunto KKKK com o restante da cidade, além da cidade ganhar um parque de 2 km de extensão ao longo do rio. O interessante desses proje-tos é que o próprio escritório foi atrás dos poderes públicos e outros órgãos para financiar essas obras e também na definição do programa. Como exemplo, tem-se o Museu do Pão e a Escola de Confeiteiros ao lado do moinho restaurado. Para engendrar vida a esse moinho, o escritório achou necessário complementar seu uso com essas duas edificações de modo que a comunidade usufrua melhor do sítio.

Fig. 9 - Conjunto KKKK, em Registro (Imagem: site Brasil Arquitetura)

Fig. 10 - Museu Luís Gonzaga em Recife (Imagem: site Brasil Arquitetura)

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Buscando entender as raízes e a memória da região es-colhida, corri atrás de pesquisas históricas que me dessem um panorama da formação e ocupação que se deu em Rolândia-PR. Para tal, o material mais consistente encontrado foi o doutorado do arquiteto Antonio Carlos Zani (Arquitetura de Madeira: Re-conhecimento de uma Cultura Arquitetônica Norteparanaense 1930/1970), que fala da ocupação da região Londrina-Maringá de um modo mais geral.

Como reconhecimento do lugar, podemos apresentá-lo em três tópicos: formação e ocupação do território Norte-para-naense, formação de uma linguagem arquitetônica regional e ocupação no município de Rolândia.

RECONHECIMENTODO LUGAR

OCUPAÇÃO DO NORTE DO PARANÁ À semelhança dos estados de São Paulo e Minas Gerais, a região do Norte do Paraná sofreu um ciclo cafeeiro intenso que caracterizou um modo de ocupação do território diferenciada do restante do estado.

Foi uma ocupação recente em relação à São Paulo, po-rém não menos frutífera. Em apenas 40 anos, foram fundadas 172 cidades, correspondendo à 36% do Estado. O desenvolvi-mento econômico foi tanto que o município de Londrina, até hoje, concorre fortemente com a capital Curitiba. Vê-se nessa cidade, por exemplo, e em Maringá, que o rápido progresso econômico permitiu a formação de universidades estaduais e um significativo desenvolvimento arquitetônico e urbanístico. Porém, o início dessa ocupação só foi possível a partir de uma conjuntura favorável, facilitada pelo poder público, principal-mente na atração de capital estrangeiro. A fertilidade do solo, ter-ras a preços baixos e apoio governamental foram imprescindíveis para atrair companhias colonizadoras estrangeiras.

Ainda no século XIX, a fronteira agrícola paulista já atin-gia alguns municípios da fronteira com o Paraná, região que ficou conhecida como Norte Velho (ou pioneiro), tais como Cambará, Jacarezinho e Wenceslau Brás.

Fig. 11 - “Nortes” do Paraná (Fonte: ZANI, 1998, p.40)

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A intensa urbanização do estado de São Paulo, o cres-cente aumento de produção cafeeira para exportação e alguns problemas advindo de doenças nos cafeeiros paulistas represen-taram estímulos para a expansão da fronteira agrícola no Paraná por parte do Estado, que buscou incentivar a ocupação através de concessões a empresas particulares. Tais ocupações deveriam ser feitas de modo planejado, visto que experiências anteriores foram desordenadas.

Os empreendimentos “Brazil Tokushoku Kaisha” (Bra-tac) e “Nambei Tochikubuchiri” foram as primeiras tentativas no Paraná, na década de 1920, de ocupação por uma companhia particular que deram certo. Tais empreendimentos resultaram na formação das cidades de Assaí e Uraí e foram utilizados para o cultivo do algodão com a participação de imigrantes japoneses. No entanto, foi a partir de uma companhia inglesa que o Norte do Paraná, região que ficou conhecida como Norte Novo (conforme Fig.11), se desenvolveu plenamente.

Os ingleses, desde a época colonial, sempre tiveram in-teresse nas relações comerciais com o Brasil, seja pelo forneci-mento de matéria prima de produtos agrícolas ou na contração de dívidas. Assim, no começo do século XX, com a perda do mer-cado brasileiro para os alemães e norte-americanos, os ingleses efetuaram entradas no Brasil através de missões diplomáticas e econômicas com a intenção de recuperar parcela desse merca-do.

É nesse contexto que vai surgir a colonização no Norte Novo do Paraná. Em 1924 é realizada a Missão Montagu, missão inglesa financeira que buscou avaliar in loco a situação econô-mica-financeira do Brasil para a liberação de empréstimos. Nela estavam representantes de bancos e técnicos especialistas, como Lord Lovat, técnico em agricultura que rumou para o Paraná para a negociação de terras e construção de estradas de ferro.

Na propriedade de Antonio Barbosa Ferraz Júnior, Lord Lovat se depara com a fertilidade da terra. Em 5000 alqueires, estavam plantados um milhão de cafeeiros. Tendo recusada a venda da propriedade, Lord Lovat é sugerido pelo engenheiro

Gastão de Mesquita Filho, responsável pelo encontro entre o in-glês e o proprietário e pela estrada de ferro Ourinhos-Cambará, a explorar as terras no Norte do Paraná e a prolongar a linha férrea existente a estas terras. Assim seria possível o escoamento dos produtos ali produzidos até o Porto de Santos, que rumariam à Inglaterra. Além disso, a estrada de ferro valorizaria aquelas ter-ras.

Quando retornam à Inglaterra, os ingleses compram algumas propriedades para o cultivo de algodão. Porém, com o insucesso no empreendimento, passam a investir na colonização, fundando, em 1925, na Inglaterra, a Paraná Plantation Limited, cuja subsidiária no Brasil ficou conhecida como Companhia de Terras do Norte do Paraná (CTNP). No mesmo ano, adquirem um total de 415.000 alqueires paulistas (24.200m²) junto ao governo estadual.

Fig. 12 - Terreno comprado pela CTNP (Fonte: ZANI, 1998, p.44)

Junto à compra de terras, os ingleses obtiveram direitos de exploração da ferrovia São Paulo-Paraná e sua expansão. De 28 km de ferrovia apenas no Norte do Paraná, em 1927, passou a ter 269 km em 1943.

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A CTNP pôs as terras à venda a partir da década de 1930 com pagamentos muito facilitados. Assim, com a alta produtividade mais a facilidade de pagamento propiciou a formação de pequenas propriedades. A colonização dessa região se caracterizou, de início, por uma economia familiar, que cultivava tanto produtos para o co-mércio externo (café) como o interno (milho, arroz, legumes etc.).

Para o planejamento territorial mais o modo de ocupação das glebas rurais e dos núcleos urba-nos planejados, a CTNP adotou diretrizes muito claras:

“As cidades destinadas a se tornarem núcleos eco-nômicos de maior importância seriam demarcadas de 100 em 100 km, aproximadamente. Entre estas, distanciados de 10 a 15 km um dos outros, seriam fundados os patrimô-nios, centros comerciais e abastecedouros intermediários.

Tanto nas cidades como nos patrimônios, a área ur-bana apresentaria uma divisão em lotes residenciais e comer-ciais. Ao redor das áreas urbanas se situariam os cinturões verdes, isto é, uma faixa dividida em chácaras que pudessem servir para produção de gêneros alimentícios de consumo lo-cal, como aves, ovos, frutas, hortaliças e legumes. A área rural seria cortada de estradas vicinais, abertas de preferência nos espigões, de maneira a permitir a divisão da terra da seguin-te maneira: pequenos lotes de 10, 15 ou 20 alqueires, com a frente para a estrada de acesso e fundos para um ribeirão.

Fig. 13 - Loteamento da área rural de

Marialva, patrimônio vizinho a Maringá (Fonte: MONBEIG,

1984, p.234)

Fig. 14 - Perspectiva do padrão de ocupação proposto pela CTNP (Fonte: BARIZON, 1986)

Na parte alta, apropriada para plantar café, o pro-prietário da gleba desenvolveria sua atividade agríco-la básica: cerca de 1500 pés por alqueire. Na parte bai-xa, construiria sua casa, plantaria sua horta, criaria seus animais para consumo próprio, formaria seu pequeno po-mar. Água seria obtida no ribeirão ou em poços de boa vazão.

Fig. 15 - Sítio em fase de implantação no Ribeirão do Emo, Arapongas, PR, 1946 (Fonte:

MONBEIG, 1984, p.269)

As casas de vários lotes contí-guos, alinhados nas margens dos cursos d’água, formariam comunidades que evi-tariam o isolamento das famílias e favore-ceriam o trabalho em mutirão, principal-mente na época das colheitas de café, que para maioria dos pequenos agricultores representaria lucro líquido de sua ativida-de independente. Portanto, no decorrer do ano, ele viveria consumindo o neces-sário e vendendo o supérfluo das culturas paralelas: arroz e milho, plantados por en-tre as fileiras de café novo, legumes e hor-taliças, frutas diversas, porcos e galinhas.

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Esse pequeno proprietário não agiria como o grande fa-zendeiro de café, que produzia grandes safras e a comercializava nos grandes centros, diretamente em São Paulo ou em Santos. Ele venderia seu pequeno lote de sacas de café nos patrimônios aos pequenos maquinistas, que por sua vez comercializavam a sua produção nas cidades maiores, já com representantes das ca-sas exportadoras. Por outro lado, esse pequeno proprietário não gastaria o dinheiro recebido como o grande fazendeiro nas gran-des cidades. Ele o gastaria ali mesmo no comércio estabelecido nos patrimônios, gerando assim uma circulação local de dinheiro que constituiria um salutar fator de progresso local e regional.

A zona rural colonizada pela Companhia foi dividida em pequenos lotes, de área variável, demarcados de tal ma-neira a incluírem todos eles uma parte de baixada e uma de espigão. Contam, ainda, com água corrente e acesso por es-trada de rodagem. Na parte de baixada o colono geralmen-te constrói sua casa, planta um pomar e uma horta, cerca um pasto, enfim, produz o necessário para a subsistência. Nos trechos mais elevados, menos atingidos pelo frio, estende o seu cafezal, que constitui a sua fonte principal de renda.

A consequência mais importante da obra realizada pela Companhia se traduz na oportunidade que ofereceu para os tra-balhadores sem posses de adquirirem pequenos lotes agrícolas. Calcula-se que, nos lotes vendidos pela Companhia residiram cer-ca de 1 milhão de pessoas, o que eleva a densidade demográfica da área colonizada ao índice de 90 habitantes por km²”.(FONTE: COMPANHIA DE TERRAS MELHORAMENTOS. op. cit. p. 77 a 79)

O geógrafo francês Pierre Monbeig, que estudou a ocu-pação da CTNP, faz algumas declarações sobre o modo de ocupa-ção proposto pela Companhia levando-se em conta o papel das estradas e das estações de trem na organização da ocupação. Primeiro questiona a razão de se criar patrimônios a uma dis-tância certa (entre 10 e 15 km). Mas logo explica que o tipo de colonização da pequena propriedade exigia o percurso de dis-tâncias menores. Por isso, cada estação ferroviária deveria estar a um raio de, no máximo, 5 a 7 km de distância de qualquer co-lono. Assim, atenua-se o isolamento econômico e a solidão dos

colonos. Também aponta que o raio de ação dessas estações determinou onde se concentravam as aglomerações urbanas.

Conclui, assim, que esse tipo de colonização pode ser chamada de ‘planificada’ e que surgiu da ex-periência paulista de colonização. Além disso, repre-senta uma típica colonização do capitalismo moderno.

Em relação às estradas, afirma que elas padronizam e uniformizam pelo território o modo de ocupação, ao contrário das grandes fazendas, muito distantes umas das outras. Chama a essa ocupação de dispersão linear. Além disso, todas as estra-das ligam a cidade ao campo, facilitando o intercâmbio entre o sítio e a casa de comércio e/ou a estação ferroviária. Para o nú-cleo urbano, explica que o loteador traça as ruas do modo mais rápido possível, põe à venda os lotes rapidamente e já surgem as primeiras casas em tábuas ao longo da avenida principal.

Fig. 16 - Primeiras construções de Rolândia na avenida principal, 1935.(Imagem: Secretaria da Cultura da Prefeitura Municipal de Rolândia)

O arquiteto Marcos F. Barnabé, em seu mestrado, aponta que o modelo de ocupação do território seguiu os pre-ceitos defendidos por Ebenezer Howard na sua obra Tomor-row: a Peaceful Path to Social Reform, de 1898. Ainda afirma:

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“A constância observada na distância entre as cidades, o entrelaçamento entre a rede de cidades e o meio rural e as características de limitação à expansão observados nos projetos das cidades indicam a observância aos princípios propostos por HOWARD. E quanto aos projetos das cidades, como podemos ob-servar (...) é evidente que com maior ou menor rigor, os conceitos de UNWIN encontram-se presentes: o papel da ferrovia e a esta-ção tratadas como secundárias; a constituição do centro principal com características diferenciadas, onde o parcelamento das qua-dras propicia a constituição posteriormente, como observamos no caso de Londrina, de volumes unitários e contínuos de edifica-ções. A Companhia, em seus projetos, já previa a localização dos edifícios públicos, e, através da doação dessas áreas, influía na constituição da forma da cidade”. (BARNABÉ, 1989, s/p)

Fig. 17 - Traçado de alguns patrimônios da CNTP (Fonte: LIMA, 1978 s/p)

O antropólogo Claude Levy-Strauss, que esteve no Norte do Paraná na década de 30, assim se refere à paisagem da região e ao projeto da Companhia que estava na sua fase inicial de im-plantação:

“quando se percorria a região a cavalo ou num cami-nhão, utilizando as estradas recém abertas que acompanhavam as cristas dos montes à maneira das vias romanas de Gália, não é possível saber se o país vivia: os lotes alongados apoiavam-se de um lado na estrada e de outro no ribeirão que percorria o vale que ficava ao fundo; mas era em baixo, junto da água, que a instalação tinha começado: a derrubada ia subindo lentamente a

encosta, de tal modo que a própria estrada, símbolo de civiliza-ção, ficava entalada na densa cobertura florestal que continuaria ainda durante alguns meses ou anos a correr os cumes das coli-nas”. (ZANI, 1998, pág. 51)

Fig. 18 - Estrada que passava na cabeceira da chácara Arara, em direção ao Aeroporto, 1949 - Londrina/PR (Imagem: Harou Ohara/IMS)

Com esse modelo de planificação da terra e o baixo cus-to da propriedade, o retorno do capital investido foi muito gran-de, principalmente nas décadas de 50 e 60. Nos anos de 1962 e 1963, a produção cafeeira do Paraná chegou a atingir 62,8% da produção nacional. Porém, com a concorrência internacional do café africano mais o esgotamento de terras e a flutuação das co-tações do mercado provocaram uma queda na produção, refle-tindo numa grande migração da área rural para a urbana a partir da década de 70 e a diminuição da produção cafeeira no Estado.

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CULTURA ARQUITETÔNICA Apesar da decadência da produção cafeeira, até 1970 essa região foi palco do emprego maciço do material madeira em quase todas as suas construções, principalmente entre as déca-das de 30 e 40. Desde habitações a escolas, hospitais e casas comerciais, a madeira era a principal matéria-prima, configuran-do um sistema construtivo e uma cultura arquitetônica da região inteira.

A abundância de reservas naturais (peroba-rosa, princi-palmente), a vinda de migrantes e imigrantes carpinteiros, a fixa-ção precoce de serrarias, a produção industrializada de peças de madeira e o baixo custo foram fatores fundamentais para que a arquitetura em madeira no Norte Novo paranaense durasse em torno de 40 anos, até que ocorreu o esgotamento da matéria-pri-ma e o consequente aumento de seu preço, igualando-se ao va-lor de uma casa de alvenaria.

A ocupação no sul do estado do Paraná também empre-gou largamente a madeira a partir do fim do século XIX, utilizando principalmente o pinho ‘araucaria angustifolia’ (araucária). Porém, a linguagem arquitetônica é outra, principalmente por conta do uso da madeira na horizontal e sobreposta, típica da colonização polonesa, e pela presença do sótão e do uso de lambrequins nos beirais. Já no norte do estado, as construções apresentavam te-lhados movimentados, ricas em volumetria e ornamento.

Enfim, “a ocorrência de construções de madeira em todo o território paranaense por mais de um século, desde final do século XIX até a década de 70, nos revela uma cultura arquitetô-nica, que não foi provisória nem transitória, pois serviu de abrigo à população por várias décadas e continua servindo em alguns casos, mas aos poucos vai desaparecendo das paisagens pelas constantes demolições”. (ZANI, 1998, pág.28)

Zani realiza um inventário das principais cons-truções em madeira do Norte do Paraná em sua tese de doutorado. Nela, cita que o ápice desse tipo de pro-dução arquitetônica se deu em Rolândia, principalmen-

te por ter nessa cidade a presença de sedes de fazenda epropriedades maiores do que as propriedades que caracterizou a colonização da CTNP.

Para organizar o material que levantou, Zani classifica as tipologias de construções em épocas historiográficas defendida por Arias Neto, em seu livro O Eldorado: Londrina e o Norte do Pa-raná – 1930-1975. Num primeiro momento, no que ficou conheci-do como Terra de Promissão, que vai do fim de 1929 até meados de 1940, as construções são caracterizados “por uma volumetria pura, composta por telhados de 2 a 4 águas, sem ornamentos nem cor, deixando claro seu caráter provisório pela despreocu-pação estética” (ZANI,1998 p.60).

Fig. 19 - Residência da época da Terra da Promissão(Fonte: ZANI, 1998, p.62)

O segundo momento corresponde ao Eldorado, que marca o ápice da arquitetura em madeira na região, que vai até o fim da década de 60. Essas construções possuem uma “com-plexidade volumétrica, riqueza de ornamentos, textura e cores, deixando claro seu caráter permanente e preocupação no plano da estética e da qualidade construtiva” (ZANI, 1998 p.60).

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Fig. 20 - Residência da época do Eldorado(Fonte: ZANI, 1998, p.62)

Por fim, há a época do Fim do Eldorado, que se inicia a partir da década de 70, que marca a decadência do ciclo cafeei-ro na região e a uma “pobreza” na linguagem arquitetônica em relação ao período anterior. “É caracterizado pela simplificação volumétrica; ausência dos porões, varandas e ornamentos; incor-poração de novos elementos como telhado de fibrocimento com pouca declividade e esquadrias metálicas” (ZANI, 1998 p.61).

Fig. 21 - Residência da época do Fim do Eldorado(Fonte: ZANI, 1998, p.62)

Zani explica que tais construções apresentam “uma sé-rie de elementos arquitetônicos que lhe conferem caráter pró-prio de um vocabulário regional, dentre os quais vale destacar: a volumetria dos telhados, a textura do material madeira aplicado na vertical conjunto tábua mata-junta, os ornamentos, varandas, cor e o apoio dos edifícios sobre porão” (ZANI, 1998, p.60). Em sua tese, também categoriza os elementos arquite-tônicos comuns às construções que inventariou que, apesar de caracterizar um sistema construtivo generalizado, ainda permite um repertório arquitetônico variável e diverso. Seguem as princi-pais categorias:

- concepção volumétrica: “A volumetria é sempre formada pelo conjunto planta e geometria do telhado, que partem das formas mais puras como duas ou quatro águas e vão até as formas mais complexas compostas por adição, aglutinação ou conexão dos telhados. Nas casas a varanda é uma constante e é uma das res-ponsáveis pelas variações volumétricas” (ZANI, 1998, p.83).

Fig. 22 - Variações de telhados ecomplexidade volumétrica(Fonte: ZANI, 1998, p.83)

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- concepção estrutural: “A concepção estrutural é única em to-das as construções e permite em todas elas a planta livre pelas suas características estruturais, pois é composta por um conjun-to estrutural portante formado por dois quadros horizontais (su-perior e inferior) interligados por esteios e emolduramento dos vãos de portas e janelas. E são reforçados pelas vedações vertical formada pelo conjunto tábua mata-junta e vedação horizontal formada por assoalhos e forros. A estrutura do telhado quase sempre é formada por tesouras romanas, exceto algumas sedes de fazendas em Rolândia, construídas por carpinteiros alemães, que adotaram a tesoura atirantada ou algumas capelas rurais que adotaram os pórticos atirantados” (ZANI, 1998, p.83).

Fig. 23 - Esquema estrutural de uma construção em madeira (ZANI, 1998, p.64)

Fig. 24 - Esquema estrutural da cobertura com utilização de tseouras romanas (ZANI, 1998, p.64)

Fig. 25 - Arcabouço de uma casa de madeira (ZANI, 1998, p.64)

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- superfície - material, modulação e cor: “A maior marca do repertório está sem dúvida na superfície dos volumes das cons-truções, pois possui uma textura proporcionada pelo material madeira aplicado na vertical - tábua e mata-junta - com uma mo-dulação constante, ou seja, a tábua mais a mata-junta formam um módulo de aproximadamente 23 cm, compõem a vedação externa e interna e são responsáveis pela textura das superfícies. (...)As cores das superfícies são marcadas ou pela textura natural da madeira ou pelos tratamentos pigmentados com cores fortes e primárias. As superfícies das fachadas das construções de ma-deira apresentam-se de três maneiras: a natural, sem nenhum tratamento, que com o passar dos anos vai ficando cinza; com tratamento a base de vernizes, mantendo seu tom original ou, através de pinturas látex ou a óleo, quase sempre com tons for-tes.” (ZANI, 1998, p.66)

Fig. 26 - Vedação cerical com tábuas de madeira e mata-junta (ZANI, 1998, p.64)

- a gramática dos ornamentos: “Os principais ornamentos criados pelos carpinteiros foram: os rendilhados dos frontões e empenas e os rendilhados do emolduramento das varandas. A individualidade das casas é marcada pela variação ornamental”. (ZANI, 1998 p.68)

Fig. 27 - Ornamentação no quadro estrutural superior da varanda e no guarda-corpo (ZANI, 1998, p.64)

- porão como linguagem de apoio: “O arcabouço das constru-ções elevado do solo tocando-o somente através de pilaretes de madeira ou alvenaria formam o ‘porão’ e dão ao edifício um cará-ter de escultura sobre um pedestal” (ZANI, 1998, p.73).

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Fig. 28 - Casa sede da fazenda Janeta, em Rolândia. (ZANI, 1998, p.64)

- escadas e rampas: “As escadas quase sempre soltas dos solos são elementos quase que constantes nas construções de ma-deira. Nas casas vamos encontrá-las em madeira ou em tijolos. A presença delas reforça a linguagem do apoio das construções sobre pilaretes. Em algumas casas urbanas, a escada é tratada como um dos principais elementos de composição. Um exemplo é a escada da casa construída pelos carpinteiros japoneses. As rampas são encontradas principalmente nas tulhas de café, cons-truídas em madeira. Era o elemento de ligação entre o terreirão e a tulha” (ZANI, 1998, p.69)

Fig. 29 - Escada de madeira em casa de colono. (ZANI, 1998, p.69)

Fig. 30 - Rampa de madeira ligando a tulha ao terreirão (ZANI, 1998, p.69)

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- espaço interno: “O espaço interno formado por paredes, pisos e forros apresentando a textura, tamanho e a cor do material ma-deira aplicado de várias maneiras. Tudo isso lhe conferem uma identidade singular. Em um só compartimento encontramos 3 tipos de textura: a primeira na vertical provocada pelo conjunto tábua mata-junta, formando frisos salientes na vertical de 23 em 23 cm; a segunda na horizontal pelos frisos do assoalho de 10 em 10 cm. E a terceira provocada pelos frisos e sulcos do forro de 5 em 5 cm” (ZANI, 1998, p. 72).

- vãos: “Os vãos das superfícies são marcados pela timidez nos tamanhos das portas e janelas. Como as vedações não tem um caráter estrutural, os cheios predominam sobre os vazios. Jane-las e portas são sempre emolduradas por um quadro de vigas ou caibros, ligando os quadros inferiores aos superiores” (ZANI, 1998, p.74).

Fig. 31 - Três texturas di-ferentes em um mesmo ambiente(Fonte: ZANI, 1998, p.72)

Fig. 32 - Estrutura de vãos de portas e janelas (ZANI, 1998, p.89)

Esse sistema construtivo se assemelha em muito ao steel framing, só que tropicalizado e em madeira. Com algumas diferenciações, uma construção variava da outra em algum as-pecto especifico, como a solução estrutural de uma cobertura ou no tipo de ornamentação. O que vale ressaltar é que os carpintei-ros imigrantes adicionavam detalhes de sua terra natal, seja pelo simbolismo ou por um aspecto funcional.

Nas casas japonesas, por exemplo, temos a presença dos ofurôs no lugar dos chuveiros; a colocação de uma treliça no frontão do telhado, chamado de irimoya; o guenkan (varanda); ornamentos, como o oniguawara (telha de ponta) e a ranma (ren-dilhados).

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Fig. 33 - Detalhe de irimoya e ranma em uma casa urbana japonesa (ZANI, 1998, p.230)

Já nas construções dos pioneiros alemães, principal-mente das fazendas da Gleba Roland, os carpinteiros germânicos adaptaram seus conhecimentos ao modo de vida local, levando-se em conta a cultura construtiva, o predomínio do uso da madei-ra e o clima da região.

As principais adaptações que fizeram foram: o telhado, que ao invés de utilizar tesouras romanas, utilizavam tesouras ati-rantadas (chamadas de kehlbalkensparrendach) que formavam um sótão e permitiam o uso da cobertura com programas funcio-nais e que formam um telhado tipicamente germânico conhecido como Kruppelwalmdach; janelas de canto, peitoril com aparador, revestimento interno formando parede dupla e mobiliário produ-zido artesanalmente com madeira retirada da própria proprieda-de.

Fig. 34 - Primeira imagem se trata da Kruppelwalmdach e a segunda é a kehlbalkensparrendach (tesoura atirantada) (ZANI, 1998, p.101)

Fig. 35 - Tesoura atirantada da fazenda Janeta (ZANI, 1998, p.101)

Zani afirma que essa cultura arquitetônica não foi pra frente por diversas razões: o esgotamento de recursos naturais, a não formação de uma categoria trabalhadora que representasse os carpinteiros, a não evolução e diversificação das peças padro-nizadas produzidas pelas serrarias; o não planejamento racional do cultivo madeireiro nem de investimentos tecnológicos nesse setor da construção civil; e, finalmente, com o fim do Eldorado, a ida dos imigrantes e de trabalhadores para novas fronteiras agrí-colas pelo Brasil afora, como Mato Grosso, Rondônia, Acre e Pa-raguai. No entanto, enquanto durou, atendeu a todas as necessi-dades sociais e aos requisitos de baixo custo e alta produtividade. Do mais rico ao mais pobre, todos tinham uma casa construída em madeira.

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IMIGRAÇÃO EM ROLÂNDIA Rolândia é um município que dista 30 km de Londrina e foi inicialmente fundada como um patrimônio da CTNP. Ela seguiu o modo de colonização desta companhia e também a linguagem arquitetônica em madeira. Porém, o que a torna diferente dos demais patrimônios é a grande concentração de imigrantes ale-mães. Por conta disso, ficou conhecida como cidade alemã e tem seu nome em referência ao guerreiro germânico Roland, cuja es-tátua se encontra no centro da cidade.

ROLÂNDIA

CURITIBA

SÃO PAULO

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Fig. 36 - Estátua do herói germânico Roland doado ao município por cidadãos de Bremen (Imagem: Sec. da Cultura)

A imigração alemã para o Brasil e para a América em geral, no início do século XX, decorreu principalmente pela crise econômica após a I Guerra Mundial e à alta taxa de desempre-go. Para tentar contornar essa situação, o governo alemão, da República de Weimar, criou, em 1927, a Sociedade para Estudos Econômicos de Além Mar, que estudava locais do mundo inteiro com projetos interessantes de imigração e auxiliava na emigração principalmente de desempregados. Presidida pelo ex-Ministro do Interior Erich Koch-Weser e tendo como sócios bancos, compa-nhias de navegação, representantes de partidos políticos e de indústrias, esta Sociedade tomou conhecimento, através da Pa-raná Plantation, do empreendimento que esta companhia estava realizando no Paraná.

Em 1931, Koch Weser convida o especialista em agricul-tura tropical Oswald Nixdorf para estudar, em conjunto com a Pa-raná Plantation, qual seria a melhor localização para reservar uma porção de terras ao imigrante alemão. Escolhido o local – Gleba Roland, no município de Rolândia – Oswald Nixdorf é contratado pela Sociedade para auxiliar os emigrantes alemães na nova ter-ra, na “Canaã Brasileira”.

Contudo, com a ascensão do partido nacional-socialista na Alemanha, não apenas desempregados passaram a emigrar, mas também oposicionistas ao novo governo que passou a ser implantado. Emigraram para Rolândia não só gente simples, mas pessoas do alto escalão político, como o próprio Erich Koch We-ser, profissionais liberais bem sucedidos, universitários etc. Pro-cediam principalmente de centros urbanos.

Quando a situação na Alemanha tornou mais difícil a emigração de alemães, ocorreram transações financeiras e diplo-máticas heróicas entre alemães, que necessitavam sair por conta das perseguições, e a CTNP. As histórias desses imigrantes que conseguiram emigrar da Alemanha nas condições mais desfavo-ráveis são surpreendentes. Mas mais surpreendente ainda foi a adaptação dessa população da alta cultura a um ambiente tro-pical e totalmente rural. A tentativa de preservar seus hábitos e cultura de seu ambiente natural refletiu em muitas coisas: nas es-colas, nas sedes de fazendas, na produção do café, na preserva-

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ção da língua, nas festas, nos encontros sociais etc. Existem histórias das mais curiosas desses imigrantes, como a soprano que cantava músicas líricas enquanto ordenhava sua vaca leiteira, físicos que se correspondiam com a equipe de Albert Einstein na universidade de Princeton, uma senhora judia que tinha amizade com Cândido Portinari, etc. Apesar da popula-ção alemã não corresponder à maioria na população rolandiense, hoje com 60 mil habitantes, é a nacionalidade que caracterizou o município. A presença dos japoneses também é muito significativa no Norte Novo, principalmente nos municípios de Assaí e Uraí. Em Rolândia, existe o Museu de Imigração Japonesa e, a cada dez anos, é celebrada a festa do IMIM - Imigração Japonesa. Contudo, a Oktoberfest é realizada anualmente.

Fig. 37 - Perspectiva da sede de fazenda de um pioneiro alemão. Fazenda Veseroda, Rolândia/PR (IPAC/UEL, 1995, p.88)

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MAPA 01 - RODOVIAS

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RODOVIA FEDERAL - BR369

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RODOVIAS ESTADUAIS

FERROVIA

LIMITE DOS MUNICÍPIOS

NÚCLEOS URBANOS

ÁREA MUNICIPAL DE ROLÂNDIA

Fonte: Plano Diretor de 2006

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LEITURA URBANA A leitura destes textos, principalmente da tese de dou-torado do arquiteto Antonio Carlos Zani, foi uma tentativa de re-conhecer o lugar de um ponto de visto mais histórico e cultural. Contudo, uma leitura urbana também se faz necessária para se fazer um diagnóstico dos problemas deste município. As bases de dados e o Plano Diretor foram conseguidos junto à Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Rolândia.

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LONDRINA

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MAPA 02 - CRESCIMENTO URBANO

1940 - Núcleo inicial

Fonte: Plano Diretor de 2006

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MAPA 03 - USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Residencial

Fonte: Plano Diretor de 2006

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Comércio/Serviços

Uso misto

Industrial

Recreação/Áreas Verdes

Agropecuário

Vazio

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MAPA 04 - LAZER E CULTURA

Fonte: Plano Diretor de 2006

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Museus

Clubes/Parques

Bibliotecas

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MAPA 05 - EDUCAÇÃO E SAÚDE

Fonte: Plano Diretor de 2006

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Hospitais

Postos de saúde

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MAPA 06 - CONJUNTOS HABITACIONAIS

Fonte: Plano Diretor de 2006

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Conjuntos Habitacionais

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Do Mapa 01, percebe-se que a ferrovia e a BR andam pa-ralelas por quase todo o município, cortando o centro da cidade e causando muito transtorno aos munícipes por conta da quan-tidade de caminhões e de trens de carga que por ali circulam. Nesse mapa também podemos constatar a diferença significativa entre solo rural e solo urbano, sendo este último muito menor. Porém, de acordo com o Censo de 2010 do IBGE, 54.758 pessoas vivem na área urbana, enquanto somente 3.112 pessoas habitam a zona rural.

No Mapa 02, onde está assinalada a ocupação de 1940, que é a ocupação inicial, é a região mais servida de serviços e constitui a área central da cidade. Também é onde há a ocupação de uma população de classe média e a maior concentração de empregos do tipo de comércio/serviço. As outras expansões ur-banas, quando mais afastadas dessa região central e quando não caracterizam loteamentos de alto padrão, são de habitações mais simples.

Os Mapas 04 e 05 também demonstram que é nessa área central que se concentra a maioria dos equipamentos de cultura, saúde e educação. Quanto mais se afasta para a área pe-riférica, os equipamentos são mais escassos e maior a presença de conjuntos habitacionais, como mostra o Mapa 06.

O Mapa 03 mostra que as zonas industriais se encon-tram nos limites das bordas urbanas, ficando mais afastadas das zonas residenciais. Também mostra que o vetor de crescimento da cidade está se dando a partir da parte sul da área central, com a presença de novos loteamentos residenciais.

O Plano Diretor Estratégico não apontou nenhum bem tombado por nenhum órgão de preservação. Contudo, existe na comunidade construções de afeto histórico, como o Hotel Rolân-dia, que foi a primeira construção a ser erguida na época da colo-nização (1935) e que foi desmanchado para ceder espaço a uma nova edificação.

Fig. 38 - Hotel Rolândia, primeira construção, 1935. (Imagem: Sec. da Cultura)

Fig. 39 - Antigo terreno do Hotel Rolândia, nov/2011 (Imagem: Google Street View)

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Uma das razões de ter escolhido o município de Rolân-dia como tema para esse trabalho foi o fato de possuir amigos que trabalham no poder público desta cidade e, por esta razão, me facilitaria o acesso às bases de dados da Secretaria de Pla-nejamento e também, por serem residentes de lá, saberiam me informar dos principais problemas locais.

Na primeira visita de campo, defini onde iria intervir por constituir o local adequado para a minha proposta, que é a reci-clagem de um edifício mais histórico. A área em questão trata-se da antiga estação ferroviária, desativada desde a década de 70 com a finalização do transporte de passageiros por trem, e seu entorno na área central.

ESCOLHA DO LUGAR Fig. 41 - Município de Rolândia com destaque para área escolhida (Imagem: Google Earth)

Fig. 42 - Aproximação sobre a área escolhida (Imagem: Google Earth)

Fig. 40 - Região de Londrina-Maringá (Imagem: Google Earth)

LONDRINA

MARINGÁ

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1 Praça Marechal Castelo Branco

2 Rodoviária

3 Estátua Roland

4 Estação Ferroviária

5 Armazém graneleiro

6 Armazém abandonado

7 Armazém principal

8 Quadra de futebol

Ferrovia - RFFSA

BR369

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Esta área faz parte da região central e constitui a porta de entrada da cidade para quem chega de ônibus, uma vez que a rodoviária intermunicipal se situa na Praça Mal. Castelo Branco, próxima da estação ferroviária. A Praça em questão é a maior do município e constituía um importante lugar de encontro. Hoje em dia é um local mais de passagem do que de estar.

A BR-369 passa em frente à estação ferroviária, apesar do município ter criado o contorno sul para desviar o tráfego na área central. Contudo, com a presença dos armazéns próximos à estação, de algumas indústrias e do trem de carga faz com que essa via continue expressa, representando uma barreira urbana dupla (tanto a ferrovia como a rodovia). Note-se que o viário atual da praça foi desenhado em função dos ônibus que chegam à ro-doviária e aos carros que passam sem paradas pela BR-369.

Os armazéns hoje em dia são administrados pela trans-portadora Compager que escoa principalmente grãos para o Por-to de Paranaguá. Para tal, há a existência de três armazéns: um armazém pequeno que está abandonado, um armazém princi-pal que estoca sacas e um armazém graneleiro - que armazena e transporta os grãos para os vagões dos trens. Esses dois ar-mazéns, principalmente o último, são responsáveis pela grande circulação de caminhões na região. Contudo, há indústrias nas redondezas que também influenciam.

Próximo do armazém principal, situam-se as constru-ções mais antigas do município, como o Hotel Rolândia (este des-montado) e o Hotel Pinheiro. E em frente à antiga estação ferro-viária se encontra o principal monumento da cidade, a estátua de Roland doada por cidadãos da cidade alemã de Bremen à muni-cipalidade.

Ou seja, todo esse entorno faz parte da ocupação inicial de Rolândia e possui valor afetivo e de memória local. Contudo, não está tratada com o respeito que deveria ter, já que a estação ferroviária está completamente abandonada e invadida com a sua desativação, a principal praça da cidade foi totalmente rasga-da em função do funcionamento da rodoviária e, mais atualmen-te, o Hotel Rolândia foi desmontado para ceder espaço a uma

construção do mercado imobiliário.

Por isso, considerei essa área como a mais necessita-da de intervenção na cidade principalmente para tentar resgatar esse valor de memória que o local traz e que muitos estão deixan-do perder, por conta do rodoviarismo ou do lucro rápido com o mercado imobiliário. Na tentativa de também transpor a barreira que as atuais ferrovia e rodovia representam para o bom convívio entre pedestre e veículos motorizados, minha proposta também abarca uma escala maior para localmente resolver alguns confli-tos.

Fig. 43 - Praça Marechal Castelo Branco antigamente (antiga Praça Bento Munhoz) (Imagem: Internet)

Pela Fig. 43, pode-se perceber que a praça não era tão recortada como é hoje e que existia um coreto no meio dela, ca-rinhosamente apelidada de Tarântula.

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Fig. 44 - Vsta aérea da área de intervenção nos dias de hoje (Imagem: Cartão Postal da cidade)

Na Fig. 44, percebemos o desaparecimento do coreto e o prolongamento da Av. dos Expedicionários até a estátua do Roland, dividindo a praça ao meio.

Fig. 45 - Antiga estação ferroviária, 1936 (Imagem: Secretaria da Cultura)

Fig. 46 - Estação ferroviária hoje em estado de abandono,2013 (Imagem: Acervo pessoal)

Fig. 47 - Armazém graneleiro (Imagem: Acervo pessoal)

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Fig. 48 - Demais armazéns (Imagem: Acervo pessoal)

Fig. 49 - Rodoviária na década de 50 (Imagem: Secretaria da Cultura

Fig. 50 - Rodoviária hoje em dia (Imagem: Acervo pessoal)

Essa região também vai de encontro com os interesses da prefeitura, que tem o projeto de requalificar a antiga estação ferroviária com o museu municipal, que até hoje não tem local próprio. Além disso, o museu municipal ganhou do cidadão emé-rito Elifas Andreato, natural de Rolândia, vários painéis de sua au-toria após a aprovação da sua cidadania emérita, aumentando o seu acervo.

Fig. 51 - Exemplar de painel doado

(Imagem: Secreta-ria da Cultura)

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Fig. 52 - Exemplar de painel doado (Imagem: Secretaria da Cultura)

Fig. 53 - Exemplar de painel doado (Imagem: Secretaria da Cultura)

Fig. 54 - Exemplar de painel doado

(Imagem: Secreta-ria da Cultura)

Elifas Andreato foi prestigiado com o título de cidadão emérito pelo valor artístico e nacional de sua obra, que o consa-graram nacionalmente. Autor de capas de vinil de músicos como Paulinho da Viola e Martinho da Vila, de cartazes para peças de teatro e de cinema e de muitas outras peças gráficas, o município resolveu homenageá-lo. Também é irmão do diretor e ator Elias Andreato, também natural de Rolândia. Hoje ambos residem e trabalham em São Paulo.

55

PROGRAMA DE NECESSIDADES Com base nas leituras do texto de Marcelo Ferraz e do doutorado de Antonio Carlos Zani mais o contexto atual do mu-nicípio, o programa de necessidades que me pareceu mais lógico para o local foi o de um equipamento cultural, tendo em vista os projetos de referência do escritório Brasil Arquitetura.

No começo, imaginava um museu que refletisse a cul-tura local, à semelhança do Conjunto KKKK ou do Museu Luis Gonzaga, que se relacionam diretamente ao local em que estão implantados. Além da criação de um espaço designado exclusi-vamente às obras do artista Elifas Andreato, que merecem um espaço único, não consegui chegar a um tipo de museu especi-ficamente relacionado à cidade. Tentei pesquisar por vias mais antropológicas para tentar chegar a um tipo de museu que fosse somente para aquele local. Contudo, mesmo com o inventário riquíssimo das construções em madeira do doutorado do Arqui-teto Zani, ele é uma expressão de toda uma região, e não apenas de Rolândia. Além disso, os atuais Museu Municipal e o Museu da Imigração Japonesa, também em Rolândia, já cumprem esse papel.

Portanto, decidi fazer um museu temático ao modo do Museu do Futebol e do Museu da Língua Portuguesa, ambos na cidade de São Paulo, que pode ser em qualquer localidade, mas que ainda diz respeito à história da cidade. E um museu temá-tico acaba sendo muito mais interativo, acessível e educacional do que um museu que fale somente da realidade de um lugar. Assim, defini por fazer o Museu do Café. Junto ao Museu, pen-sei em ter uma biblioteca especializada em café, uma escola para baristas e o espaço Elifas Andreato. Esse programa designei para ocupar o local dos armazéns de estocagem comum.

Para o armazém graneleiro, como este tem uma parte que foi escavada e está próximo de uma quadra de futebol, decidi colocar uma piscina pública, já que o município não conta com nenhuma e por constituir a área esportiva do partido do projeto (ver esquema do partido, pág. 64).

Para a antiga estação ferroviária, tomei conhecimentodo Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica, Financeira, Social e Ambiental do Sistema de Transporte Ferroviário de Passageiros de Interesse Regional, no Trecho: Londrina (PR) – Maringá (PR), estudo este desenvolvido pelo Laboratório de Transportes e Lo-gística da UFSC para o Ministério dos Transportes.

Segundo consta nesse estudo, é de interesse do Go-verno Federal revitalizar ferrovias de sua propriedade através do Programa de Aceleração do Crescimento. Dentro do Plano de Revitalização das Ferrovias, há o Programa de Resgate do Trans-porte Ferroviário de Passageiros, no qual foram escolhidos 14 trechos no território nacional para a implementação desse pro-grama, dentre eles o trecho Londrina-Maringá. Oito deles tiveram o estudo de viabilidade realizado.

Esse estudo analisa a situação atual da ferrovia entre Londrina e Maringá, a demanda populacional de cada município e as soluções técnicas mais econômicas para o retorno do trans-porte para passageiros. Em linhas gerais, a proposta do estudo é de criar uma linha paralela à linha existente - que hoje é usa-da somente para carga - exclusivamente para passageiros, pois afirma ser impossível o compartilhamento da linha de carga com a linha de passageiros. Também coloca onde deverão ser cons-truídas novas estações e em quais municípios. O modelo de VLT que adotam para esse estudo é o Mobile 2,3 e 4 da empresa Bom Sinal.

Fig. 55 - VLT Mobile (Imagem: site Bom Sinal)

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Fig. 56 - VLT Mobile interior (Imagem: site Bom Sinal)

Fig. 57 - VLT Mobile exterior (Imagem: site Bom Sinal)

No final do relatório, afirmam que existem outras pos-sibilidades de mitigar o conflito da linha de carga com a de pas-sageiros, a exemplo do projeto da prefeitura de Apucarana, que propõe um desvio ferroviário da linha de carga para fora do mu-nicípio.

Assim, adotei como premissa de projeto que esse pro-grama venha a ser implementado, atendendo no transporte de uma população de aproximadamente 1,5 milhão de pessoas en-tre Maringá e Londrina. Por isso, no lugar da estação ferroviária, propus a criação de uma estação de VLT. A proposta está detalha-da na próxima parte.

57

58

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Dadas as problemáticas identificadas no reconhecimen-to do local, percebe-se o desconforto que a linha de carga gera para o município: além de configurar uma barreira urbana, é níti-do o desenvolvimento econômico superior na parte sul da cidade em relação à parte norte, onde se concentram mais as indústrias e a maioria dos conjuntos habitacionais.

Para mitigar esse problema e para dar um novo uso aos armazéns, optei por propor um desvio ferroviário ao longo do contorno sul da BR-369 exclusivamente para transporte de car-ga e a relocação dos armazéns para esse novo desvio, conforme mostra o mapa 07 da página 60.

PROPOSTA

A mesma solução foi dada à rodovia BR-369 e, mais, a rodoviária foi totalmente suprimida porque a estação VLT de-sempenhará o mesmo papel da rodoviária, cujo principal trajeto é Rolândia-Londrina-Rolândia ou Londrina-Rolândia-Londrina. Com o desvio rodoviário, a proposta é tornar a via que antes era expressa em uma via local com o desenho urbano típico do mu-nicípio (ver esquemas).

Fig. 58 - Esquema de como a BR369 é hoje

Fig. 59 - Esquema da via proposta, possibilitando a arborização da via e a redução da velocidade dos veículos

Com a eliminação da rodoviária, é possível redefinir o traçado da praça. A praça duplica de tamanho e o monumento que antes era pouco percebido ganha destaque na paisagem (ver implantações nas páginas 62 e 63).

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ROLÂNDIA

ARAPONGAS

SABÁUDIA

LONDRINA

CAMBÉ

JAGUAPITÃ

PITANGUEIRAS

ARMAZÉNS

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MAPA 07 - DESVIOS PROPOSTOS

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RODOVIA FEDERAL - BR369

RODOVIAS ESTADUAIS

FERROVIA

LIMITE DOS MUNICÍPIOS

NÚCLEOS URBANOS

ÁREA MUNICIPAL DE ROLÂNDIA

Fonte: Plano Diretor de 2006

LEGENDA

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1 0 2,5 5 km

CAMBÉ

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IMPLANTAÇÃO - EXISTENTE

1 Praça Marechal Castelo Branco

2 Rodoviária

3 Estátua Roland

12

3

4

5

6 7

8

4 Estação Ferroviária

5 Armazém Graneleiro

6 Armazém menor

7 Armazém principal

8 Quadra

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IMPLANTAÇÃO - PROPOSTA

1 1

2

4 5

63

7

8

1 Praça proposta

2 Estátua Roland

3 Ciclovia

4 Estação VLT

5 Piscina

6 Estacionamento

7 Museu

8 Quadra

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0 25 50 100 m

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O partido do projeto buscou transpor a barreira que representa a ferrovia. Para fazer uma ligação entre a parte nor-te e a parte sul que a ferrovia separa, busquei enfatizar a conti-nuidade das ruas, que são cortadas pela ferrovia, em vazios nas edificações propostas. Além disso, a organização programática da proposta está dividida em três aspectos: cultural, esportivo e transporte. O programa esportivo ficou na parte norte tanto pela presença de uma quadra esportiva já existente como pelo melhor aproveitamento do armazém graneleiro para uma piscina.

O programa cultural ficou na parte sul por ser o principal programa e merecer mais destaque assim como por demandar maior área construída. A estação de VLT está dos dois lados como elemento unificador dessa parte da cidade. A antiga estação fer-roviária e o armazém menor foram demolidos para dar lugar a construções que atendam melhor às necessidades atuais.

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Fig. 60 - Esquema do par-tido: azul, programa es-portivo; rosa, programa cultural; verde, estação

VLT. Setas: continuidade das ruas.

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0 5 10 20 m

1 Reserva Técnica

2 Copa

3 Almoxarifado

4 Sala de reuniões

5 Administração

6 Marquise

7 Entrada

8 Bilheteria

9 Sanitários

10 Área expositiva

11 Loja/Café

12 Sala baristas

13 Depósito

14 Biblioteca

Planta Museu|Nível 728,40

728,4728,4

725,1

730,7

B

B

D

123

4 5

6 7

8 99

999

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C

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728,4

725,8

730,8

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10 1011 12

13

14

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0 5 10 20 m

1 Espaço Elifas Andreato

2 Passarela

3 Foyer

4 Projeção

5 Auditório

Planta Museu|Nível 736,60

736,6736,6

B

B

D

12 3 4 5

LEGENDA

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0 5 10 20 m Fachada voltada para rua

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0 5 10 20 m Corte DD

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Corte AA Corte BB0 2,5 5 10 m

Corte CC

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0 5 10 20 m

Armazém graneleiro|Existente

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0 5 10 20 m

Piscina|Proposta

A

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725,4

728,3

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1

2

1 Abastecimento

2 Armazém graneleiro

LEGENDA

725,4

A

A

B B

728,3

728,4

1

22

3

1 Piscina 3 Estacionamento

2 Vestiários

LEGENDA

RUA ALFREDO MOREIRA FILHO

RUA ALFREDO MOREIRA FILHO

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0 2,5 5 10 m Corte BB | Existente

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0 2,5 5 10 m

Corte AA | Proposta

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Estação Ferroviária|Existente

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0 5 10 20 m

Estação VLT|Proposta1 Cozinha 4 Saída/Marquise 7 Túnel

2 Restaurante 5 Estação VLT 8 Adm/Copa

3 Bicicletário 6 Plataforma

LEGENDA

12

34 5

6

4 5

6

7

8

1

2

1 Estação Ferroviária

2 Plataforma

3 Estátua Roland

LEGENDA

A

A

BB

729,3

724,8

729,5

729,5

728,4

A

A

B B

3

AV. PRES. GETÚLIO VARGAS AV. PRES. GETÚLIO VARGAS

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Corte AA|Existente

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0 5 10 20 m

Corte AA|Proposta

Corte BB|Existente Corte BB|Proposta

Elevação Av. Pres. Getúlio Vargas|Proposta

Elevação Trilhos|Proposta

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77

78

79

80

81

QUADRO DE ÁREAS

Área expositiva 2.990Administração 220Auditório 390Espaço Elifas 225Marquise 335Passarela 327

MUSEU

Edifício Ambiente Área const. (m²)

Total

4.487

Piscina 1.155Vestiários 125

PISCINA 1.280

Administração 1.155Bicicletário 42Estação 384Marquise 576Restaurante 148Plataforma 466Túnel 160

ESTAÇÃO VLT

1.966

SOMA = 7.733 m²

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Com esse projeto arquitetônico pontual, imagino que essa área central de Rolândia ganharia um novo aspecto em re-lação a como está hoje, no qual, durante o dia, é um local carac-teristicamente de passagem e que só tem uso enquanto o co-mércio funciona. Talvez continuaria assim, uma vez que museus e complexos esportivos também tem horário de funcionamento definido. Contudo, essa área requalificada tornará a fazer parte do uso cotidiano da população que ali reside.

Uma dificuldade que tive durante o trabalho foi justa-mente entender o olhar antropológico que Marcelo Ferraz dis-cute em seu texto e que Antonio Risério afirma, na apresentação do livro Arquitetura Conversável, que sentiu a falta de Marcelo Ferraz não ter se aprofundado mais na importância do uso da antropologia no pensar e no fazer do arquiteto brasileiro. O que caracterizaria esse olhar antropológico para a arquitetura? A téc-nica construtiva de uma determinada cultura? O uso programáti-co que se dá a uma edificação? Ou o entendimento de toda uma cultura local para então propor um projeto, independentemente de qual seja o programa?

CONSIDERAÇÕESFINAIS

84

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ARIAS NETO, José Miguel. O Eldorado: Londrina e o Norte do Paraná – 1930/1975. São Paulo, Dissertação de Mestrado Facul-dade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1993.

BARIZON, Maria Bernadete. Primeiras Praças e Capelas do Norte do Paraná. Londrina, Trabalho de Graduação em Arquite-tura, Universidade Estadual de Londrina, 1986.

BARNABÉ, Marcos Fagundes. A Organização do Território e o Projeto da Cidade: o Caso da Companhia de Terras Norte do Paraná. São Carlos, Escola de Engenharia, Universidade de São Paulo, 1989, 145p.

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