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TÓPICO I TEXTO: TEXTUALIDADE, GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS Vamos começar este tópico fazendo a revisão de alguns conceitos básicos a respeito da noção de texto, textualidade, discurso e paratextualidade. TEXTO Sequência linguística autônoma, oral ou escrita, produzida por um ou vários enunciadores em uma situação de comunicação determinada. (Dicionário de Maingueneau, 2000). É autônoma por construir um sentido reconhecível por ouvinte/leitor em situações de comunicação. Orienta-se para um propósito discursivo identificável: informar, divertir, persuadir, solicitar, debater, regulamentar, instruir, notificar, avisar, documentar, emocionar, divulgar conhecimento científico, registrar ocorrências, atestar, declarar, formular um convite, certificar, etc. O texto é, conforme esclarece Schmitd (1973), uma unidade de linguagem em uso, cumprindo uma função identificável num dado jogo de atuação sociocomunicativa. Portanto, distingue-se como uma manifestação linguística que se realiza, em práticas sociais de que os falantes da língua participam, para cumprir uma determinada função na vida social. Resumindo: O texto é qualquer ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa (função social), semântica (unidade de sentido) e formal (relações de sentido marcadas por formas da língua: léxico e gramática). Beaugrande e Dressler (1981) definem texto como uma ocorrência comunicacional que satisfaz critérios interdependentes (coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, intertextualidade, informatividade, situacionalidade), também chamados fatores de textualidade. Vamos rever essas noções, sucintamente: Coerência: conexão conceitual-cognitiva. Diz respeito, pois, às relações lógicas das ideias do texto e à compatibilidade entre a rede conceitual (rede de ideias) configurada no mundo textual e o conhecimento de mundo de quem processa o sentido do texto. Coesão: manifestação linguística da coerência. Conexão formal entre as unidades de significação do texto. A coesão contribui para a coerência e é indispensável em certos gêneros de texto, mas pode haver textos sem marcas de coesão sem que isso comprometa a construção de sentidos; nesse caso, o processamento dos sentidos depende especificamente de esquemas cognitivos (modelos de armazenamento de informações na memória). Intencionalidade: empenho do produtor em produzir um texto coerente, coeso, capaz de atender seus objetivos em determinada situação comunicativa, mesmo que ele não tenha, muitas vezes, consciência de que suas escolhas linguísticas são feitas estrategicamente, em vista de alcançar uma resposta de seu interlocutor. Aceitabilidade: expectativa do interlocutor de que o conjunto de ocorrências linguísticas com que se defronta seja um texto, capaz de levá-lo a adquirir conhecimento ou a cooperar com os objetivos do produtor. Mesmo diante de uma ocorrência linguística que, a princípio, possa não fazer sentido, não se pode afirmar que não seja um texto, pois é pressuposto que as

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TÓPICO I

TEXTO: TEXTUALIDADE, GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS

Vamos começar este tópico fazendo a revisão de alguns conceitos básicos a respeito da noção

de texto, textualidade, discurso e paratextualidade.

TEXTO Sequência linguística autônoma, oral ou escrita, produzida por um ou vários enunciadores em uma situação de comunicação determinada. (Dicionário de Maingueneau, 2000). É autônoma por construir um sentido reconhecível por ouvinte/leitor em situações de comunicação. Orienta-se para um propósito discursivo identificável: informar, divertir, persuadir, solicitar, debater, regulamentar, instruir, notificar, avisar, documentar, emocionar, divulgar conhecimento científico, registrar ocorrências, atestar, declarar, formular um convite, certificar, etc. O texto é, conforme esclarece Schmitd (1973), uma unidade de linguagem em uso, cumprindo uma função identificável num dado jogo de atuação sociocomunicativa. Portanto, distingue-se como uma manifestação linguística que se realiza, em práticas sociais de que os falantes da língua participam, para cumprir uma determinada função na vida social. Resumindo: O texto é qualquer ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa (função social), semântica (unidade de sentido) e formal (relações de sentido marcadas por formas da língua: léxico e gramática). Beaugrande e Dressler (1981) definem texto como uma ocorrência comunicacional que satisfaz critérios interdependentes (coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, intertextualidade, informatividade, situacionalidade), também chamados fatores de textualidade. Vamos rever essas noções, sucintamente: Coerência: conexão conceitual-cognitiva. Diz respeito, pois, às relações lógicas das ideias do texto e à compatibilidade entre a rede conceitual (rede de ideias) configurada no mundo textual e o conhecimento de mundo de quem processa o sentido do texto. Coesão: manifestação linguística da coerência. Conexão formal entre as unidades de significação do texto. A coesão contribui para a coerência e é indispensável em certos gêneros de texto, mas pode haver textos sem marcas de coesão sem que isso comprometa a construção de sentidos; nesse caso, o processamento dos sentidos depende especificamente de esquemas cognitivos (modelos de armazenamento de informações na memória). Intencionalidade: empenho do produtor em produzir um texto coerente, coeso, capaz de atender seus objetivos em determinada situação comunicativa, mesmo que ele não tenha, muitas vezes, consciência de que suas escolhas linguísticas são feitas estrategicamente, em vista de alcançar uma resposta de seu interlocutor. Aceitabilidade: expectativa do interlocutor de que o conjunto de ocorrências linguísticas com que se defronta seja um texto, capaz de levá-lo a adquirir conhecimento ou a cooperar com os objetivos do produtor. Mesmo diante de uma ocorrência linguística que, a princípio, possa não fazer sentido, não se pode afirmar que não seja um texto, pois é pressuposto que as

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manifestações linguísticas servem a algum sentido, até mesmo o de criar o efeito de incoerência, de falta de lógica das ideias, ou de confusão mental por parte de um locutor. Informatividade: articulação de informações novas com informações presumivelmente conhecidas. As informações não devem ser inteiramente inusitadas nem totalmente previsíveis, ou seja, o texto deve manter um nível mediano de informatividade (suficiência de dados do texto para ser compreendido com o sentido que o produtor pretende).

a) Informatividade de grau menor Ex.: Dê sua opinião sobre a greve dos professores Os professores fizeram em busca de seus direitos trabalhistas. Porque o salário já não

é justo e o governo queria descontar 80% seria justo que eles fizessem esta greve para protestar contra, estes cidadãos brasileiros.

Para mim são os professores os prejudicados com os salários injustos neste país. Todos nós dependemos dos professores, pois o que seria o povo sem os mestres de ensino. Eu acho que deveriam dar mais valor aos professores deste país principalmente estes que se dizem governantes.

(redação de aluno de 1º ano E.M.)

b) informatividade de grau maior GENÉTICA

Ex.: Elas herdam do pai a arte do bom convívio.

As mulheres têm fama de ser mais sociáveis que os homens. Elas teriam mais facilidade para perceber e respeitar as emoções alheias. Agora, essa fama acaba de ter um indício de confirmação científica, que não deixa os homens tal mal assim. Testes feitos pelo psiquiatra inglês David Skuse, do instituto de saúde infantil, em Londres, indicam que a habilidade social das moças vem de um gene localizado no cromossomo x, mas que só é ativado quando vem do pai. Lembre-se de que a mulher tem dois cromossomos x e um y (...), os meninos ganham o y do pai e, por isso, sempre recebem o x da mãe, neles, portanto, o gene da sociabilidade não é ativado. Já nas mulheres como tem um x vindo do pai e outro da mãe, nascem socialmente corretas, pelo menos o que diz a teoria de Skuse. “Esse mecanismo genético poderia ter sido útil em tempos remoto da humanidade”, explicou à SUPER. É que, naquela época, os homens precisavam mais de aptidões guerreiras do que as meninas.

(Superinteressante, ago. 1997)

Intertextualidade: relação que se estabelece entre um texto e outros. Um texto incorpora, explicita ou implicitamente, outros textos à medida que insere citações de obras literárias, enciclopédicas, trechos de música, provérbios, ditados populares, máximas, trechos bíblicos, etc. O conjunto de textos que podem se relacionar, pela forma ou pelo conteúdo, constitui o que chama intertexto.

Situacionalidade: relação do texto com o contexto sociocomunicativo. O contexto orienta tanto a produção quanto a recepção do texto. Trata-se de um componente extralinguístico (fator pragmático) que define qual o sentido a ser processado. Por exemplo: se alguém numa interlocução disser “Perdi todo o dinheiro que tinha”, é o contexto que vai esclarecer o sentido de “perder”, que poderá ser: 1) em contexto de assalto: roubaram todo o dinheiro no assalto; 2) em um contexto de mesa de jogo: o jogador apostou, sem retorno, todo o seu dinheiro na mesa de jogo; 3) em contexto de apropriação do dinheiro por um Banco: a instituição lançou mão do dinheiro para saldar débitos do cliente. Veja-se também como o efeito de sentido de textos depende do conhecimento do contexto sócio-histórico-cultural, portanto de

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determinações exteriores ao texto. É o que se observa, no texto abaixo, na determinação do sentido da expressão “festa de quinze anos”.

Foi quando chegou o amigo do Manuel e o convidou: - Ó gajo! Estou a lhe convidaire para a festa de quinze anos de minha filha. -Está bem, patrício. Eu irei. Mas ficarei no máximo uns dois anos.

(Possenti, 1991) DISCURSO Atividade de sujeitos inscritos em contextos determinados, realizada por meio da associação do texto a seu contexto de produção. (Dicionário de Maingueneau, 2000). Nas palavras de Travaglia e Koch (1989):

“O discurso é toda atividade comunicativa de um locutor, numa situação de comunicação

determinada, englobando não só o conjunto de enunciados por ele produzido em tal situação – ou os seus e os de seu interlocutor, no caso do diálogo – como também o evento da enunciação. O texto será entendido como uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ ouvinte, leitor) em uma situação de interação específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão”.

PARATEXTO Conjunto dos enunciados que contornam um texto: título, subtítulo, prefácio, posfácio, encarte, sumário etc. (GENETTE, 1987). Distinguem-se paratexto autoral (nome do autor, epígrafe, dedicatória, prefácio, nota de pé de página etc.) de paratexto editorial (contracapa, catálogo etc.). Distinguem-se ainda peritexto e epitexto. O peritexto é parte inseparável do texto (título, sumário etc.); o epitexto é a parte que circula fora do texto (publicidade, catálogos) ELEMENTO PARALINGUÍSTICO (OU PARAVERBAL) Aquele que se articula com o linguístico (verbal) como traço distintivo ou de relevo: altura (entonação), pausa, intensidade articulatória (acento de intensidade), duração do som. Pertence ao estrato fonológico da língua. ATIVIDADE I O TIME DO BANCO DO BRASIL: “Percorra o Brasil. Na sede, nas agências ou nos postos avançados de crédito rural, os profissionais do Banco estão à sua disposição. Por onde cresça o Brasil, eles vão junto. Modernos bandeirantes da Economia Nacional a descobrir potencialidade e a valorizar desempenhos rurais, comerciais e industriais. Este é o time do Banco do Brasil. São técnicos e consultores, gerentes e superintendentes, caixas e assessores. Prontos para atender à corrida rumo ao desenvolvimento. Peritos em servir ao Brasil. A alta qualidade exigida é um pré-requisito humano e social, além da habilitação. Bom para quem é selecionado, ótimo para o Banco, excelente para os clientes. Dentro da estrutura de atendimento do Banco do Brasil há especialistas de nível em todos os campos: rural, fundos de fomentos, comércio exterior, crédito pessoal, entre tantos. Quando você consulta um funcionário do Banco do Brasil, pode ter certeza de que está à frente do homem certo. Esta grande equipe defende com firmeza todas as áreas do desenvolvimento nacional. E ataca numa única direção: a conquista de novas riquezas para os clientes do Banco do Brasil e para o

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País. Cada expediente é uma grande atuação deste conjunto treinado para a função e pela própria experiência no setor. Com este time, você só tem a ganhar. Você reconheceu a capacidade do time do Banco do Brasil?” (Ciência Hoje, 5/25, 1986).

No texto acima, os argumentos são categóricos; há listagens bastante exaustivas de lugares, para sugerir a totalidade: na sede, nas agências, nos postos avançados; também há uma extensa lista de profissionais bancários, novamente implicando a universalidade: técnicos consultores, gerentes, superintendentes, caixas, assessores; também os diversos níveis de especialização são amplamente exemplificados: rural, fundo de fomento, comércio exterior, crédito pessoal. Há ainda o uso explícito de expressões universais: todas as áreas de desenvolvimento, por onde cresça o Brasil, cada expediente. A universalidade na excelência é necessária numa argumentação que procura o apelo universal. Por esse motivo, também, os adjetivos usados são expressões que argumentam numa direção positiva, mas que podem significar muitas coisas diferentes para diferentes leitores: excelente para um cliente pode ser o serviço rápido no caixa, enquanto que para outro pode ser a obtenção de um crédito, para um terceiro pode ser o fácil acesso às agências, e assim sucessivamente. Há ainda um uso acentuado de sentenças curtas (por onde cresça o Brasil, eles vão juntos. Esse é o time do Banco do Brasil. Com esse time você só tem a ganhar) e ainda incompletas (prontos para atender a corrida rumo ao desenvolvimento, peritos em servir ao Brasil), que, por analogia formal com provérbios e truísmos (ao bom entendedor, poucas palavras) parecem ter a força daqueles, isto é, parecem expressar verdades universais, por todos aceitas. Responda:

a) Qual a função sociocomunicativa desse texto?

b) Que discurso está construído por meio do texto em questão?

c) Identifique a presença de intertextualidade na construção desse texto.

d) Como uma das estratégias persuasivas, o texto fez uso de metáfora (conexões entre

dois diferentes domínios do mundo). Explique qual a metáfora construída no texto.

_________________________________________________________________________

Para fins de revisão sobre as noções de gêneros e tipos textuais, leiam os dois textos abaixo.

I Gêneros textuais: definição e funcionalidade

(MARCUSCHI, 2002, p. 19-21)

“1. Gêneros textuais como práticas sócio-históricas Já se tornou trivial a ideia de que os gêneros

textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de

trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas

do dia-a-dia. São entidades sócio-discursivas e formas de ação social incontornáveis em

qualquer situação comunicativa. No entanto, mesmo apresentando alto poder preditivo e

interpretativo das ações humanas em qualquer contexto discursivo, os gêneros não são

instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa. Caracterizam-se como eventos textuais

altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos. Surgem emparelhados a necessidades e atividades

socioculturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível

ao se considerar a quantidade de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades

anteriores à comunicação escrita. Quanto a esse último aspecto, uma simples observação

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histórica do surgimento dos gêneros revela que, numa primeira fase, povos de uma cultura

essencialmente oral desenvolveram um conjunto limitado de gêneros. Após a invenção da

escrita alfabética por volta do século VII A. C., multiplicam-se os gêneros, surgindo os típicos

da escrita. Numa terceira fase, a partir do século XV, os gêneros expandem-se com o

florescimento da cultura impressa para, na fase intermediária de industrialização iniciada no

século XVIII, dar início a uma grande ampliação. Hoje, em plena fase da denominada cultura

eletrônica, com o telefone, o gravador, o rádio, a TV e, particularmente, o computador pessoal e

sua aplicação mais notável, a internet, presenciamos uma explosão de novos gêneros e novas

formas de comunicação, tanto na oralidade como na escrita. Isto é revelador do fato de que os

gêneros textuais surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se

desenvolvem. Caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e

institucionais do que por suas peculiaridades linguísticas e estruturais. São de difícil definição

formal, devendo ser contemplados em seus usos e condicionamentos sócio-pragmáticos

caracterizados como práticas sócio-discursivas. Quase inúmeros em diversidade de formas,

obtêm denominações nem sempre unívocas e, assim como surgem, podem desaparecer. (...)

2. Novos gêneros e velhas bases : Como afirmado, não é difícil constatar que nos últimos dois

séculos foram as novas tecnologias, em especial as ligadas à área da comunicação, que

propiciaram o surgimento de novos gêneros textuais. Por certo, não são propriamente as

tecnologias per se que originam os gêneros e sim a intensidade dos usos dessas tecnologias e

suas interferências nas atividades comunicativas diárias. Assim, os grandes suportes

tecnológicos da comunicação tais como o rádio, a televisão, o jornal, a revista, a internet, por

terem uma presença marcante e grande centralidade nas atividades comunicativas da realidade

social que ajudam a criar, vão por sua vez propiciando e abrigando gêneros novos bastante

característicos. Daí surgem formas discursivas novas, tais como editoriais, artigos de fundo,

notícias, telefonemas, telegramas, telemensagens, teleconferências, videoconferências,

reportagens ao vivo, cartas eletrônicas (e-mails), bate-papos virtuais e assim por diante.

Seguramente, esses novos gêneros não são inovações absolutas, quais criações ab ovo, sem uma

ancoragem em outros gêneros já existentes. O fato já fora notado por Bakhtin [1997] que falava

na ‘transmutação’ dos gêneros e na assimilação de um gênero por outro gerando novos. A

tecnologia favorece o surgimento de formas inovadoras, mas não absolutamente novas. Veja-se

o caso do telefonema, que apresenta similaridade com a conversação que lhe pré-existe, mas

que, pelo canal telefônico, realiza-se com características próprias. Daí a diferença entre uma

conversação face a face e um telefonema, com as estratégias que lhe são peculiares. O e-mail

(correio eletrônico) gera mensagens eletrônicas que têm nas cartas (pessoais, comerciais etc.) e

nos bilhetes os seus antecessores. Contudo, as cartas eletrônicas são gêneros novos com

identidades próprias, como se verá no estudo sobre gêneros emergentes na mídia virtual.

Aspecto central no caso desses e outros gêneros emergentes é a nova relação que instauram com

os usos da linguagem como tal. Em certo sentido, possibilitam a redefinição de alguns aspectos

centrais na observação da linguagem em uso, como por exemplo a relação entre a oralidade e a

escrita, desfazendo ainda mais as suas fronteiras. Esses gêneros que emergiram no último século

no contexto das mais diversas mídias criam formas comunicativas próprias com um certo

hibridismo que desafia as relações entre oralidade e escrita e inviabiliza de forma definitiva a

velha visão dicotômica ainda presente em muitos manuais de ensino de língua. Esses gêneros

também permitem observar a maior integração entre os vários tipos de semioses: signos verbais,

sons, imagens e formas em movimentos. A linguagem dos novos gêneros torna-se cada vez

mais plástica, assemelhando-se a uma coreografia e, no caso das publicidades, por exemplo,

nota-se uma tendência a servirem-se de maneira sistemática dos formatos de gêneros prévios

para objetivos novos. Como certos gêneros já têm um determinado uso e funcionalidade, seu

investimento em outro quadro comunicativo e funcional permite enfatizar com mais vigor os

novos objetivos. Quanto a este último aspecto, é bom salientar que embora os gêneros textuais

não se caracterizem nem se definam por aspectos formais, sejam eles estruturais ou linguísticos,

e sim por aspectos sócio-comunicativos e funcionais, isso não quer dizer que estejamos

desprezando a forma. Pois é evidente, como se verá, que em muitos casos são as formas que

determinam o gênero e, em outros tantos, serão as funções. Contudo, haverá casos em que será o

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próprio suporte ou o ambiente em que os textos aparecem que determinam o gênero presente.

Suponhamos o caso de um determinado texto que aparece numa revista científica e constitui um

gênero denominado “artigo científico”; imaginemos agora o mesmo texto publicado num jornal

diário e então ele seria um “artigo de divulgação científica”. É claro que há distinções bastante

claras quanto aos dois gêneros, mas para a comunidade científica, sob o ponto de vista de suas

classificações, um trabalho publicado numa revista científica ou num jornal diário não tem a

mesma classificação na hierarquia de valores da produção científica, embora seja o mesmo

texto. Assim, num primeiro momento podemos dizer que as expressões “mesmo texto” e

“mesmo gênero” não são automaticamente equivalentes, desde que não estejam no mesmo

suporte. Estes aspectos sugerem cautela quanto a considerar o predomínio de formas ou funções

para a determinação e identificação de um gênero.

Vimos, então, com a leitura do texto de Marcuschi, que os gêneros textuais são fenômenos

históricos, porque são constituídos pelo uso coletivo que se faz da linguagem ao longo do

tempo, e estão estreitamente vinculados às necessidades comunicativas dos interlocutores,

contribuindo para dar forma às ações que realizamos por meio da linguagem. Um fato que

ilustra bem o caráter sócio-histórico dos gêneros textuais é a transformação pela qual passam os

gêneros, em razão das mudanças na vida social dos interlocutores. Um exemplo disso é o gênero

textual e-mail. Hoje, em razão da tecnologia que temos à nossa disposição, é possível manter

contato com pessoas distantes de maneira rápida por meio do envio de e-mails. Os e-mails

servem hoje tanto para o contato profissional quanto para o contato pessoal. Antes, esse contato

por escrito se dava predominantemente por meio de cartas, que são enviadas pelos correios e

levam dias para chegar às mãos de seu destinatário, ou por meio de telegramas, que se, por um

lado, serviam como alternativa para evitar a demora no recebimento da mensagem, tinham o

inconveniente de não transmitir mensagens longas, pois o custo era contabilizado por caracteres,

o que encarecia o envio da mensagem. O surgimento do gênero textual e-mail, portanto, está

ancorado em práticas sócio-comunicativas já existentes, mas não coincidem totalmente com

essas práticas, mantendo com elas algumas semelhanças, mas também marcando suas

diferenças. Afinal de contas, ninguém diz, ao sentar-se à frente do computador, que escreverá

uma carta a seu chefe ou a seu namorado. Os falantes naturais de uma língua, pela experiência

em situações de interação autênticas, percebem as diferenças que distinguem um gênero de

outro. O surgimento do gênero e-mail não aboliu definitivamente o uso do gênero carta, na

comunicação a distância, porque nem todos têm acesso da mesma forma aos recursos que a

tecnologia moderna oferece. Tem sido comum que as pessoas mais jovens estejam mais

envolvidas com o uso das novas ferramentas, surgidas com o desenvolvimento da tecnologia, ou

também tem sido comum que essas novas ferramentas estejam mais disponíveis para aqueles

que vivem nos grandes centros, sendo mais escassas àqueles que vivem nas pequenas cidades

mais afastadas das metrópoles. Todos esses comentários nos permitem ratificar que o

surgimento e a expansão de diferentes gêneros dependem das necessidades dos sujeitos que

vivem em sociedade. Os gêneros textuais surgem, se transformam ou desaparecem, ligados às

demais esferas da vida social, histórica, política e cultural dos sujeitos. Por essa razão, não é

tarefa dos estudos sobre a linguagem estabelecer uma classificação rígida, com base em critérios

formais, dos gêneros que circulam socialmente. A tarefa daqueles que se ocupam dos

fenômenos de linguagem é buscar compreender a funcionalidade dos gêneros e a relação que

eles mantêm com as demais esferas da atividade humana. Outro aspecto que deve ser enfatizado

a respeito da noção de gênero textual é a plasticidade que caracteriza essas formas. Embora os

gêneros textuais nos sirvam de modelos, dos quais podemos lançar mão para realizar ações de

linguagem, eles não podem ser considerados como regras inflexíveis que devem ser seguidas.

Os gêneros textuais nos servem de orientação para a composição dos textos que constituímos

cotidianamente, mas que permitem também diversas adaptações, todas elas ligadas às

necessidades comunicativas daqueles que produzem os textos. Observemos, por exemplo, os

textos a seguir:

Texto 1

texto \ê\ s. m. 1 conjunto de palavras, frases escritas 2 trecho ou fragmento da obra de um autor

cf. testo. (Minidicionário Houaiss da língua portuguesa, 2004)

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Texto 2

Texto (text) – Uma porção contínua de língua falada ou escrita, especialmente quando tem um

começo e um fim reconhecíveis. Os linguistas usaram por muito tempo a palavra texto muito

informalmente para denotar qualquer trecho de língua em que, por acaso, estivessem

circunstancialmente interessados.

Contudo, especialmente a partir da década de 1960, a noção de texto ganhou status

teórico em vários domínios, e a análise de textos é hoje considerada um dos principais

objetivos da investigação linguística. Porém, a concepção do que constitui um texto não é a

mesma em toda parte. Para alguns linguistas, não há diferença entre texto e discurso. Para

outros, um texto é mais ou menos um produto físico, aquilo que resulta de um discurso, que é,

por sua vez, analisado como um processo, que leva à construção de um texto. Para outros,

ainda, um texto se define em primeiro lugar pelo fato de ter um propósito identificável – uma

abordagem que leva imediatamente a classificar os textos num certo número de tipos,

caracterizados por propósitos diferentes que, por conseguinte, também têm características

diferentes. Outros ainda veem o texto como uma abstração, cuja realização física seria o

discurso. Por fim, há linguistas que simplesmente consideram que os textos são escritos, ao

passo que os discursos são falados. A análise de textos é um traço saliente de alguns tipos de

funcionalismo, notadamente a Linguística Sistêmica, em que a análise dos textos é

frequentemente apontada como o principal objetivo da investigação linguística, enquanto a

análise de unidades menores, como as sentenças, é interpretada em grande medida em termos

da contribuição que essas unidades menores fazem aos textos. (...) Ver: coerência; coesão; intertextualidade; Linguística Sistêmica; linguística textual;

textualidade

Leituras suplementares: Crystal, 1997a: cap.20; Gramley e Pätzhold, 1992: cap.5; Schiffrin,

1994: cap.10; van Peer, 1994.

(Dicionário de Linguagem e Linguística, 2004.)

Os dois textos destacados pertencem ao mesmo gênero, ambos são verbetes de

dicionário. No entanto, os dois têm formatos bastante diferentes, no que diz respeito à extensão

e às informações que neles são apresentadas. O primeiro faz parte de um dicionário cuja função

é esclarecer ao leitor acerca do significado das palavras, indicando também informações a

respeito da categoria gramatical da qual fazem parte, bem como indicações sobre sinônimos e

antônimos com que essas palavras se relacionam. São, portanto, informações breves e bem

gerais. Em algumas obras encontramos ainda exemplos de sentenças em que essas palavras

ocorrem. O segundo faz parte de um dicionário cuja função é esclarecer ao leitor acerca dos

conceitos de termos chaves que pertencem a uma determinada área do conhecimento, no caso de

nosso exemplo, um dicionário de linguística. Nesse tipo de dicionário, as informações que são

apresentadas procuram dar conta do sentido que esses termos assumem em diferentes quadros

teóricos que se ocupam do mesmo fenômeno - em nosso exemplo, quadros teóricos que se

ocupam da linguagem. Por isso, em dicionários especializados, como esse, os verbetes são mais

longos, pois é preciso reunir informações de diferentes ordens e é preciso também citar a fonte

dessas diferentes informações. No texto que nos serve de exemplo, as marcas em negrito

indicam ainda que essas palavras também constituem verbetes do mesmo dicionário, uma vez

que esse tipo de obra só reúne verbetes específicos da área de conhecimento a que se referem.

Nesses dicionários, ainda cabe indicar ao leitor obras complementares, que o ajudarão a

compreender melhor o conceito em questão.

Os dois exemplos nos mostram com clareza que os gêneros textuais, mesmo servindo de

modelo para a composição de textos que circulam cotidianamente, não podem ser encarados

como regras inflexíveis de uma estrutura, que deve ser obedecida imperiosamente. Como nos

afirma Marcuschi (2002), os gêneros servem de parâmetros para estabilizar as atividades

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comunicativas do dia a dia, por isso mesmo estão sujeitos às modificações impostas pelas

peculiaridades dessas atividades comunicativas.”

Sabemos que os gêneros textuais têm uma composição normalmente heterogênea quanto às

sequências linguísticas (tipos textuais) que formam o texto. Não devemos confundir, portanto,

gênero e tipo textual. Para recordar como se distinguem essas construções teóricas, vamos ler o

texto a seguir.

II TIPOS TEXTUAIS (MUSSALIM, Fernanda. Linguagem: práticas de leitura e escrita. Volume 1. São Paulo: Global: Ação

Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação, 2004)

[...] O ensino de Língua Portuguesa esteve durante muito tempo atrelado a uma

concepção tipológica de texto – narração, descrição, argumentação/dissertação. De um modo

geral, o estudo do texto no contexto escolar restringiu-se a uma abordagem centrada nas

características linguísticas das sequências verbais que compõem cada um desses tipos textuais,

com quase nenhum vínculo com as práticas sociais de linguagem. [...] Procuramos também

trabalhar com a noção de tipo textual porque acreditamos que os tipos textuais (narração,

descrição, dissertação) constituem construções linguísticas necessárias para, entre outras coisas,

garantir, por parte dos alunos, um domínio mais consciente dos gêneros, em especial dos

gêneros que jogam com a heterogeneidade.

Apesar de serem o ingrediente essencial do trabalho escolar, os gêneros, em função de

sua própria diversidade e do seu número muito grande de ocorrências, não podem ser tomados

como única base para se pensar uma progressão e um currículo. Assim, com o objetivo de

construir progressões, Dolz e Scheneuwly (2004:60-61) propõem o seguinte agrupamento de

gêneros com base em domínios sociais de comunicação, em certas distinções tipológicas

bastante conhecidas e em determinadas capacidades de linguagem.

DOMÍNIOS SOCIAIS DE COMUNICAÇÃO EXEMPLOS DE GÊNEROS ORAIS E

ASPECTOS TIPOLÓGICOS ESCRITOS

CAPACIDADES DE LINGUAGEM

DOMINANTES Cultura literária ficcional

NARRAR

Mimeses da ação por meio da criação da

intriga no domínio do verossímel

Conto maravilhoso, conto de fadas, fábula,

lenda, narrativa de aventura, narrativa de ficção

científica, narrativa de enigma, narrativa

mítica, sketch ou história engraçada, biografia

romanceada, romance, romance histórico,

novela fantástica, conto, crônica literária,

advinha, piada.

Documentação e memorização das ações

humanas

RELATAR

Representação pelo discurso de

experiências vividas situadas no tempo

Relato de experiência, relato de viagem, diário

íntimo, testemunho, anedota ou caso,

curriculum vitae, memorial, notícia,

reportagem, crônica social ou esportiva,

histórico, relato histórico, ensaio ou perfil

biográfico, biografia.

Discussão e problemas controversos

ARGUMENTAR

Sustentação, refutação e negociação de

tomadas de posição

Textos de opinião, diálogo argumentativo, carta

de leitor, carta de reclamação, carta de

solicitação, debate regrado, assembleia,

discurso de defesa (advocacia), resenha crítica,

artigos de opinião ou assinados, editorial,

ensaio.

Page 9: TÓPICO I TEXTO: TEXTUALIDADE, GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS

É importante assinalar que, na maioria das vezes, os textos articulam mais de uma

tipologia textual, quer dizer, descrição, narração, exposição (dissertação) podem interpolar-se

em só texto. Portanto, não há exatamente textos em estado puro. Também se deve destacar que

ao narrar ou relatar, podemos inserir descrições (personagens, cenários, objetos), turnos de fala

(diálogos), citação de discurso direto ou de discurso indireto. Também a citação de discursos

pode fazer parte da construção de textos expositivo/argumentativos, como estratégia discursiva.

No quadro de Dolz e Scheneuwly (2004), mostra-se a descrição como base tipológica

dos textos de instrução e prescrição (regulamentação mútua de comportamentos). Ressalte-se,

no entanto, que a descrição pode também como já se disse, se apresentar encaixada em

narrativas ou pode constituir por si só um texto literário.

Por essa proposta de agrupamento dos gêneros, vê-se que há distinção entre gêneros da

tipologia do narrar e gêneros da tipologia do relatar. Independentemente dessa distinção,

podemos entender que narrar e relatar são construções linguísticas em que:

– Os fatos estão organizados numa temporalidade, que pressupõe uma relação de anterioridade

e posterioridade na linha do tempo, ainda que esse percurso temporal possa não ser totalmente

materializado no texto ou se possa alterar a ordem linear do tempo.

– Tanto o narrar quanto o relatar caracterizam-se por apresentar mudanças no estado de

coisas de mundo, que vão ocorrendo com pessoas, objetos, fatos. Há, portanto, uma

sucessão de mudanças ao longo do tempo.

– Há anterioridade e posterioridade entre os fatos narrados/relatados.

– o tempo verbal base do narrar/relatar é o pretérito perfeito (responsável por indicar a

progressão da narrativa/relato), e este se alterna com o pretérito imperfeito (empregado

para contextualização dos fatos contados – inserção de personagens, descrição do

tempo-espaço do evento narrado), bem como para inserir avaliações, comentários.

Pode-se empregar também o pretérito mais que perfeito (para retornar a fatos anteriores

ao momento em que se encontra a progressão da narrativa) e o futuro do pretérito (para

mencionar fatos posteriores ao momento em que está a progressão da narrativa).

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ATIVIDADE II

Identifique, justificando sua resposta, como estão constituídos os textos abaixo quanto à

tipologia textual. Lembre-se de que os gêneros textuais têm uma base tipológica, que pode ser a

descrição, a narração, a exposição, a argumentação, a instrução. Mas é possível, em dado

gênero, se articularem tipos textuais diferentes.

Transmissão e construção de saberes

EXPOR

Apresentação textual de diferentes

formas de saberes

Texto expositivo (em livro didático),exposição,

seminário, conferência, palestra, entrevista com

especialista, artigo enciclopédico, texto

explicativo, tomada de notas, resumo de

textos, resenha, relatório científico, relatório

oral de experiências.

Instruções e prescrições

DESCREVER AÇÕES

Regulação mútua de comportamentos

Instruções de montagem, receita médica,

receita culinária, regulamento, regras de jogo,

instruções de uso, bula, comandos diverso,

textos prescritivos.

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Texto I Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras

Mulheres entre laranjeiras

Pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus!

(Carlos Drummond de Andrade)

Texto II Era uma aldeia de pescadores de onde a alegria fugira e os dias e as noites se sucediam

numa monotonia sem fim, das mesmas coisas que aconteciam, das mesmas coisas que se

diziam, dos mesmos gestos que se faziam, e os olhares eram tristes, baços peixes que já nada

procuravam por saberem inútil procurar qualquer coisa, os rostos vazios de sorrisos e de

surpresas, a morte prematura morando no enfado, só as intermináveis rotinas do dia a dia,

prisão daqueles que se haviam condenado a si mesmos, sem esperanças, nenhuma outra praia

para onde navegar...

Até que o mar, quebrando um mundo, anunciou de longe que trazia nas suas ondas coisa

nova, desconhecida, forma disforme que flutuava, e todos vieram à praia, na espera... E ali

ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa e a depositou na areia, surpresa triste, um

homem morto.

(Rubem Alves. A aldeia nunca mais foi a mesma. Folha de São Paulo, 19/05/84) – crônica

literária

Texto III

Convocação

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Texto IV O pensamento é aquilo que é trazido à existência através da actividade

intelectual. Por esse motivo, pode-se dizer que o pensamento é um produto da mente, que pode

surgir mediante actividades racionais do intelecto ou por abstracções da imaginação.

O pensamento pode implicar uma série de operações racionais, como a análise, a

síntese, a comparação, a generalização e a abstracção. Por outro lado, deve-se ter em conta que

o pensamento não só é reflectido na linguagem, como também o determina. A linguagem trata

de transmitir os conceitos, os juízos e os raciocínios do pensamento.

Existem diferentes tipos de pensamento. Por exemplo, pode-se mencionar o pensamento

dedutivo (que vai do geral a particular), o pensamento indutivo (vai do particular ao geral), o

pensamento analítico (consiste na separação do todo em partes que são identificadas ou

categorizadas), o pensamento sistémico (uma visão complexa de múltiplos elementos com as

suas diversas inter-relações) e o pensamento crítico (avalia o conhecimento).

(Texto de divugação científica)

Conceito de pensamento - O que é, Definição e Significado

http://conceito.de/pensamento#ixzz3D2OoBPzM

ATIVIDADE III

3.1) O texto a seguir não apresenta na construção de seus enunciados qualquer verbo. Ainda

assim, é possível identificar se estamos diante de uma descrição ou de uma narração. Sua

tarefa, então, é dizer se esse texto é do tipo descritivo ou narrativo, justificando sua resposta.

O SHOW

O cartaz

O desejo

O pai

O dinheiro

O ingresso

O dia

A preparação

A ida

O estádio

A multidão

A expectativa

A música

A vibração

A participação

O fim

A volta

O vazio

(Texto retirado de KOCH; TRAVAGLIA, 1990)

3.2) Apresente um texto de cuja construção façam parte sequências injuntivas (instruções).

3.3) Responda: Os provérbios são constituídos por qual base tipológica? Justifique.

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ATIVIDADE IV

Leia o texto do gênero piada apresentado abaixo.

O sargento, no comando de seu pelotão:

– Pe-lo-tão, sentido! ... Avançar! Alto!... Meia volta, sentido!... Ordinário, Marche!...Direita,

volver!... Esquerda!.... Alto!... Avançar!...

De repente, um recruta aspirante sai da fila. O sargento chega bem perto dele e berra:

– Sol-da-do!! Onde pensa que vai??!!

– Descansar um pouco... eu volto assim que o senhor tiver tomado uma decisão...

(SARRUMOR, Laert. Mais mil piadas do Brasil. São Paulo: Nova Alexandria, 199, p. 144)

Responda:

a) Como se explica o efeito de sentido de humor desse texto?

b) Qual a base tipológica desse texto (descrever, narrar, expor, argumentar, instruir)?

c) De que maneira se indica a inserção de diálogo nesse texto?