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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES ANÁLISE DO ESTÁGIO DE TRANSIÇÃO DA GESTÃO FUNCIONAL PARA A GESTÃO POR PROCESSOS EM UMA EMPRESA RODRIGO COUGO CAMARGO

Trabalho de Diplomação · Web viewBasicamente, o planejamento estratégico pode ser segmentado como estratégico, tático e operacional. É importante salientar que o planejamento

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

ANÁLISE DO ESTÁGIO DE TRANSIÇÃO DA GESTÃO FUNCIONAL PARA A

GESTÃO POR PROCESSOS EM UMA EMPRESA

RODRIGO COUGO CAMARGO

Porto Alegre

2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

ANÁLISE DO ESTÁGIO DE TRANSIÇÃO DA GESTÃO FUNCIONAL PARA A

GESTÃO POR PROCESSOS EM UMA EMPRESA

RODRIGO COUGO CAMARGO

Trabalho de Diplomação para a obtenção do título deEngenheiro de Produção

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Escola de Engenharia

Departamento de Engenharia de Produção e Transportes

Orientadora: Carla Schwengber ten Caten

Porto Alegre

2008

Dedico este trabalho aos meus pais, Regina e Otálio,

pessoas maravilhosas que me deram a vida e todo o

suporte que precisei, inclusive nos momentos de intenso

desânimo e desespero.

Em especial a minha futura esposa Rosi, pessoa

fantástica que, com muito amor e compreensão, me fez

acreditar ser possível realizá-lo.

AGRADECIMENTOS

A minha orientadora, Carla ten Caten, por me guiar da melhor forma neste trabalho,

pela atenção, suporte e dedicação prestados.

À Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo excelente padrão de ensino.

A todos os professores que contribuíram para meu crescimento pessoal; e em especial

à professora Lia Guimarães, que auxiliou a expor melhor os meus conhecimentos com mais

objetividade e clareza.

Àquelas pessoas que contribuíram direta e indiretamente para a construção deste

trabalho.

Somos o que pensamos. Tudo o que somos

surge com nossos pensamentos. Com nossos

pensamentos, fazemos o nosso mundo.

Buda

RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo de caso sobre os aspectos envolvidos na transição da gestão

funcional para a gestão por processos, em uma empresa do setor de administração de

convênios. A partir de um estudo mais aprofundado das características do sistema de gestão

atual, identificam-se as lacunas que a administração da empresa enfrentará para caracterizar-

se como um sistema de gestão por processos. Em um ambiente mercadológico cada vez mais

competitivo, a diferenciação é um fator chave para o sucesso, seja por meio do preço,

qualidade, desempenho, preocupação ambiental ou agilidade. A adoção de uma visão por

processos motiva aumento do desempenho, melhoria da qualidade, visão global, respostas

mais rápidas e principalmente clientes mais satisfeitos. Existem diversos estágios que as

empresas precisam alcançar na evolução para a gestão por processos, e é através do

diagnóstico do atual estágio que é possível direcionar corretamente os esforços nas mudanças.

Palavras-chave: gestão funcional, gestão por processos, indicadores de desempenho.

ABSTRACT

This paper presents an analysis about aspects on the transition from a functional management

to a process management, in a corporation of managed services industries. From a deepen

study of the existing management system characteristics, it’s possible to identify the gaps that

the administration will face to fully achieve the process management. In a more and more

competitive environment, the distinction is a key factor to success, be through price, quality,

performance, agility or environmental concern. The implementation of a process management

system provides a range of benefits, like performance growth, improved quality, global

vision, faster response and, best of all, even more satisfied customers. There are several stages

that the organizations need to reach, to achieve progress in the process management evolution,

and is from the diagnosis of the current stage that is possible to correctly drive the necessary

efforts in changes.

Key-words: functional management, management by process, performance indicators.

SUMÁRIO

Lista de Figuras

Lista de Tabelas

Lista de Abreviaturas e Siglas

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................11.1 COMENTÁRIOS INICIAIS.............................................................................................11.2 TEMA E OBJETIVO........................................................................................................2

1.2.1 Objetivo Geral.........................................................................................................................3

1.2.2 Objetivos Específicos...............................................................................................................4

1.3 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................41.4 ABORDAGEM METODOLÓGICA................................................................................61.5 ESTRUTURA DO TRABALHO.....................................................................................71.6 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO...............................................................................7

2 REFERENCIAIS TEÓRICOS..........................................................................................82.1 CARACTERIZAÇÕES DE PROCESSOS.......................................................................8

2.1.1 Conceito...................................................................................................................................8

2.1.2 Tipos de Processos..................................................................................................................9

2.1.3 Hierarquia dos Processos.....................................................................................................11

2.1.4 Processos Críticos.................................................................................................................14

2.1.5 Donos dos Processos.............................................................................................................14

2.2 ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS.........................................................................152.2.1 Estruturas Clássicas..............................................................................................................15

2.2.2 Estruturas Pós-Clássicas.......................................................................................................16

2.2.3 Estruturas Modernas.............................................................................................................16

2.2.4 Estruturas Pós-Modernas......................................................................................................17

2.3 COMPARATIVO DE ESTRUTURAS: FUNCIONAL X POR PROCESSOS.............172.4 MUDANÇA PARA GESTÃO POR PROCESSOS.......................................................21

2.4.1 Cultura Organizacional e Liderança....................................................................................22

2.4.2 Estágios de Evolução............................................................................................................23

2.4.3 As empresas Híbridas............................................................................................................27

2.5 ESTRATÉGIA E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO.................................................282.2 FECHAMENTO DO CAPÍTULO 2...............................................................................32

3 RELATO DO TRABALHO DESENVOLVIDO.............................................................33

3.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA...............................................................................333.1.1 Definições Estratégicas.........................................................................................................34

3.1.2 Diferenciais competitivos......................................................................................................34

3.1.3 Produtos e Serviços...............................................................................................................35

3.1.4 Concorrentes.........................................................................................................................36

3.1.5 Ambiente de desenvolvimento do trabalho............................................................................38

3.1.6 Objeto de estudo....................................................................................................................38

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................393.2.1 Reuniões com Gestores..........................................................................................................39

3.2.2 Descrição da estrutura atual.................................................................................................40

3.2.3 Coleta de Indicadores de Desempenho.................................................................................40

3.2.4 Proposta de mudanças na estrutura de gestão......................................................................40

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................414.1 REUNIÕES COM OS GESTORES...............................................................................414.2 DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA ATUAL....................................................................414.3 COLETA DE INDICADORES DE DESEMPENHO....................................................474.4 PROPOSTA DE MUDANÇAS NAS ESTRUTURAS DE GESTÃO...........................49

5 CONCLUSÕES..................................................................................................................515.1 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................515.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..........................................................52

REFERÊNCIAS....................................................................................................................53

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Desalinhamento das medidas com os objetivos da empresa.....................................5

Figura 2 - Modelo input-transformação-output..........................................................................9

Figura 3 - Categorias de processos organizacionais.................................................................11

Figura 4 - Hierarquia dos processos..........................................................................................13

Figura 5 - Estrutura Funcional..................................................................................................18

Figura 6 - Fluxo de um processo na estrutura funcional...........................................................19

Figura 7 - Estrutura voltada para processos..............................................................................20

Figura 8 - Fluxo de processos em diferentes estruturas............................................................21

Figura 9 – Estágios da evolução para o Gerenciamento por Processos....................................25

Figura 10 - Do Planejamento Financeiro à Gestão Estratégica................................................29

Figura 11 - Identidade visual....................................................................................................36

Figura 12 - Organograma Embratec.........................................................................................43

Figura 13 - Evolutivo de vendas x Número de Funcionários...................................................44

Figura 14 - Fluxograma de Entrada de Novos Clientes............................................................46

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Volume de vendas por superintendência.................................................................47

Tabela 2 - Volume de vendas por Regional..............................................................................48

Tabela 3 - Volume de vendas por Executivo de vendas (ranking)...........................................48

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

GF Gestão Funcional

GP Gestão por Processos

ID Indicador de Desempenho

MP Mapeamento de Processos

PDP Processo de Desenvolvimento de Produtos

PE Planejamento Estratégico

RH Recursos Humanos

SG Sistema de Gestão

SMD Sistema de Medição de Desempenho

TI Tecnologia da Informação

1

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho contém, no primeiro capítulo, a parte introdutória, dividida em

contextualização, apresentação do tema, definição dos objetivos, justificativas, abordagem

metodológica, delimitações e, por fim, apresentação de sua estrutura.

1.1 COMENTÁRIOS INICIAIS

Nos últimos anos, o ambiente competitivo em que as empresas estão inseridas

apresenta-se cada vez mais dinâmico e imprevisível. Estas características têm forçado as

empresas a buscar novas ferramentas, métodos e idéias a fim de aperfeiçoar o processo de

gestão, melhorar continuamente o desempenho e otimizar recursos. Dessa forma, o modo de

gestão de uma empresa é um fator decisivo para o sucesso dos negócios.

Para se tornar mais competitiva, uma empresa necessita de mecanismos que

proporcionem maior planejamento e controle de suas ações. Conforme Ansoff & Mcdonnell

(1993), o sistema de gestão é o meio pelo qual a empresa percebe os desafios, diagnostica

seus impactos, decide o que fazer e põe em prática suas decisões. O sucesso será medido pelo

que ela é capaz de realizar, no sentido de alcançar os objetivos através de uma performance

adequada.

A evolução apresentada pelas diferentes formas de gestão – que antigamente

preocupavam-se apenas com os processos produtivos – trouxe também uma preocupação

essencial com o processo de tomada de decisão. Esta preocupação vai desde a sistematização

de atividades visando à redução de falhas operacionais até a atual gestão do conhecimento

como ferramenta para a sustentação de vantagens competitivas.

Nesse cenário, a avaliação de desempenho de uma empresa era encarada através das

perspectivas financeira e contábil, que apontavam dados de custos, lucros e gastos. A

evolução contínua dos processos produtivos permitiu que também fossem gerados dados de

desempenho da produção, como por exemplo, de capacidade, tempo, estoque e falhas. Slack

et al. (2002) citam que todos os processos e operações precisam de alguma forma de medida

de desempenho, como pré-requisito para o melhoramento contínuo.

Estruturas tradicionais de gestão, orientadas pela divisão em setores independentes,

não mostram aspectos relacionados com clientes e fornecedores, e tampouco o

relacionamento (entradas e saídas e/ou troca de informações) entre os setores internamente.

Apresentam-se apenas como um conjunto de funções desconexas, ocasionadas pela forma

2

departamental de organizar as empresas (ORSSATTO, 1999 apud HANSEN & MORONI,

2006).

Os modelos de gestão voltados aos processos de uma empresa, e conseqüentemente

aos clientes, apresentam-se como tendência atual e predominante na administração das

mesmas. O novo ponto de vista proporcionado por estes modelos estão as beneficiando, no

sentido de entender o que o mercado está exigindo. Müller (2003) afirma que, embora sua

implementação não seja uma tarefa simples, já existem organizações adotando novos

modelos, conscientes de que essas modificações proporcionam diversas vantagens

competitivas.

Para alcançar a diferenciação em um mercado dinâmico e competitivo, os autores

Ostroff & Smith (1992) destacam elementos que as empresas devem possuir, como visão de

liderança, grupos de trabalho auto-gerenciados, dedicação ao cliente, inovação contínua e

qualidade total. É necessário que os gerentes tenham a capacidade de se moverem além da

estrutura funcional, coordenando diversas tarefas além de suas atividades normais, como

negociações com clientes, fornecedores e chefias.

Por conseguinte, a mudança da visão tradicional de cargos e funções para a

perspectiva por processos, força as empresas a visualizar o objetivo de seu trabalho, não

somente pela visão interna, mas também do ponto de vista do cliente.

1.2 TEMA E OBJETIVO

Este trabalho aborda o sistema de Gestão Funcional (GF) e o sistema de Gestão por

Processos (GP). As empresas com gestão funcional, segundo Hammer (1998), foram

projetadas através de uma visão voltada para a sua própria realidade interna, sendo centradas

em si mesmas.

Em uma organização com visão voltada para processos, todos os funcionários têm

visão ampla, bem como papéis maiores, trabalham com espírito de equipe e num ambiente de

colaboração e comunicação intensa, com o propósito de alcançar determinados resultados e

objetivos definidos pelo cliente (HAMMER, 1998). Assim sendo, esses funcionários se

tornam polivalentes e não se restringem apenas a suas atividades.

Do ponto de vista dos clientes, em geral, é mais importante considerar o desempenho

dos produtos ou serviços pela sua qualidade, que pode ser resumida em qualidade percebida e

o grau de atendimento às expectativas (MARQUES, 2006). Para ilustrar, recorre-se à citação

de Müller (2003): “de pouco adianta se ter na empresa uma ilha de excelência (uma área ou

3

função): se outra área falhar, o cliente certamente não vai se lembrar daquela área.”. Logo, o

desempenho de um serviço ou produto percebido pelo cliente depende do desempenho

organizacional.

A implementação do ponto de vista do cliente, na gestão das empresas, praticamente

exige que se faça o redesenho de seus processos de negócio (GONÇALVES, 2000). A adoção

de uma estrutura baseada por processos significa, em geral, dar menos ênfase à estrutura

funcional da empresa (DAVENPORT, 1994). Na prática, exige o emprego de outros modelos

organizacionais e de negócios (GONÇALVES, 1998). Isto significa que deve ser dada mais

ênfase nas necessidades do cliente.

O problema de pesquisa abordado neste trabalho é a transição de um modelo de gestão

funcional para o modelo de gestão por processos, em uma empresa. O estágio em que ela se

encontra, durante esse processo de transição, caracteriza-se conforme as mudanças já

implementadas e o planejamento para outras futuras.

Dentro desse contexto, Rummler & Brache (1994) afirmam que:“o desempenho de uma organização só pode ser alavancado quando visualizamos

além das fronteiras funcionais que compõem um organograma, e identificamos a

infinidade de processos interfuncionais gerando saídas para clientes internos ou

externos.”

Percebe-se, portanto, que o desempenho organizacional é afetado diretamente pelo

modo de gestão. Logo, de uma forma geral, pode-se afirmar que uma organização é tão boa

quanto é bom o gerenciamento de seus processos.

Neste sentido, a questão a ser levantada para o problema de pesquisa é:

- Como se pode verificar o atual estágio da transição de um modelo de gestão

funcional para o modelo de gestão por processos?

A questão de pesquisa desencadeará o início do trabalho, bem como todas as ações

decorrentes dela. Sua resposta está diretamente relacionada com o objetivo geral e serve como

base para verificar a hipótese ou afirmação, apresentada a seguir.

1.2.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral analisar o estágio de transição da gestão

funcional para a gestão por processos, em uma empresa do ramo de administração de

convênios.

4

1.2.2 Objetivos Específicos

Para alcançar o objetivo geral, segundo Lakatos & Marconi (2001), torna-se

necessário efetuar tantas fragmentações nele quantas forem necessárias. Desse modo, os

objetivos específicos têm uma função complementar, intermediária e instrumental. Ao serem

atingidos, devem permitir que o objetivo geral, por sua vez, seja alcançado.

Logo, os objetivos específicos complementam o objetivo geral por meio de:

a) Coletar dados das estruturas de gestão empregadas atualmente na empresa, bem

como indicadores de desempenho organizacional;

b) Analisar o estágio em que se encontra atualmente a empresa, na implantação do

modelo de gestão por processos;

c) Fazer uma análise crítica dos resultados obtidos e propor ações que direcionem a

empresa ao gerenciamento por processos.

1.3 JUSTIFICATIVA

As necessidades de mudança e de adaptação às condições ambientais externas levam

todas as organizações, independentemente de visarem lucro ou não, de estarem voltadas para

a produção de bens ou de serviços, a procurarem respostas para o melhor meio de

gerenciarem o seu negócio. Por exemplo, nesta busca incessante pela melhoria do

gerenciamento, as organizações deparam com o avanço tecnológico, outro elemento que as

afeta direta e indiretamente.

As discussões sobre gestão de processos nas empresas são relevantes, pois são esses

processos os responsáveis pelo alcance dos resultados das organizações. Em uma empresa

estruturada por funções, os níveis hierárquicos devem ser rigidamente obedecidos pelos

colaboradores, principalmente no que tange à troca de informações entre setores de escalões

diferentes (HAMMER,1998).

Ao analisar a situação de uma empresa, no que se refere ao seu funcionamento e a sua

relação com os processos críticos da sua produção, observa-se que a ênfase em processo não é

a única nem a perfeita solução para qualquer situação. Na verdade, a opção pela GP deve

sempre ser feita depois de uma meticulosa análise das condições e circunstâncias da empresa

no ambiente mercadológico no qual está inserida.

O enfoque da avaliação de desempenho organizacional deve estar alinhado ao

Planejamento Estratégico (PE). Indicadores de desempenho desvinculados levam a empresa a

Desejos e necessidades dos clientes

Objetivos estratégicos da

empresa

Medidas de Desempenho Sistema de Manufatura ou Serviços

GAP Estratégia indefinida

As medidas ditam os requisitos

5

lugares desconhecidos. Os esforços organizacionais devem estar voltados para os processos

críticos que são necessários para alcançar os objetivos estratégicos.

Este estudo dedica-se a mostrar a importância de gerenciar uma organização por

processos, priorizando os fatores críticos de sucesso. Dessa forma, a avaliação de desempenho

deve ser aderente à estratégia, para que possibilite a correta análise e interpretação de extensas

bases de dados e informações.

Para que o processo de tomada de decisão seja acertado, portanto, é necessário alinhar

o que se deseja medir ao plano estratégico da empresa. Para Carvalho (1995), “o risco que se

corre ao criar sistemas de indicadores inconsistentes é um plano que não vale nada, ou seja,

chegar ao ‘nada’ mais rápido.”

A valorização de informações como recursos estratégicos é uma iniciativa inteligente e

também um fator importante para orientar a empresa aos seus objetivos (BERLINER &

BRIMSON, 1992).

Os Sistemas de Medição de Desempenho (SMD), segundo Berliner & Brimson

(1992), vêm recebendo maior atenção no processo de gestão, pois preenchem a lacuna

existente entre as decisões estratégicas e a gestão operacional das empresas. Os autores citam

ainda que, em ambientes de manufatura avançada, as medições não-financeiras estão se

tornando cada vez mais importantes como medidas de desempenho.

Nos níveis operacionais de uma empresa, são as avaliações de desempenho que

direcionam o comportamento dos funcionários, uma vez que eles procuram fazer com que as

medidas às quais são submetidos pareçam melhores. Estas, por sua vez, acabam ditando os

requisitos funcionais do processo que cada um executa (CHING, 2004).

Como conseqüência, tem-se um sistema de indicadores de desempenho desalinhado

dos objetivos da empresa. A Figura 1, a seguir, ilustra este desalinhamento:

Figura 1 – Desalinhamento das medidas com os objetivos da empresaFonte: Adaptado de Ching (2004, p.22)

6

Como observado na Figura 1, existe um gap, ou seja, uma lacuna entre os objetivos

estratégicos da empresa e a forma de se medir o desempenho. A estrutura por funções é a

principal causa do desalinhamento entre a estratégia e o SMD, já que a manutenção da

estrutura funcional é priorizada em detrimento do atendimento às necessidades dos clientes.

Segundo Berliner & Brimson (1992), os sistemas de medição de desempenho no

passado enfocavam valores do sistema de produção em massa, ou de produção em linha. Por

conseqüência, os indicadores apresentavam diversas incoerências, como foco excessivo na

eficiência, visão segmentada por departamentos, desalinhamento com as estratégias de

negócio, baixo nível de detalhamento das informações, ênfase em resultados de curto prazo,

entre outras.

Atualmente, é preciso enfocar dimensões competitivas globais, tendo em vista o atual

ambiente turbulento, no qual o sistema de gerenciamento empresarial e o foco no cliente

devem ser adaptáveis às mudanças das necessidades do negócio.

1.4 ABORDAGEM METODOLÓGICA

Para a elaboração do presente trabalho, adotaram-se elementos da metodologia do

estudo de caso que, segundo Lakatos & Marconi (2001), envolve o estudo aprofundado e

exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que se permita o seu amplo e detalhado

conhecimento. Posteriormente, no capítulo 3.2 – Procedimentos Metodológicos, os aspectos

da abordagem metodológica serão apresentados de forma detalhada.

A abordagem metodológica adotada contempla, em sua etapa inicial, a revisão da

literatura, de modo a embasar teoricamente as análises propostas.

Na etapa seguinte, são abordadas as estruturas de gestão da empresa, bem como uma

descrição geral das demais características, e os indicadores de desempenho, de modo a formar

um conjunto de informações para posterior discussão.

São apresentados, na etapa seguinte, os resultados dos dados obtidos e formadas bases

de informações. A partir destas informações, são analisadas e discutidas as estruturas de

gestão e propostas então melhorias a serem adotadas.

A última etapa da abordagem metodológica contém as conclusões pertinentes ao

trabalho como um todo, apontando os resultados mais importantes e encerrando o estudo. A

partir desta etapa, são sugeridas questões para trabalhos futuros a partir das delimitações deste

trabalho.

7

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho tem sua estrutura segmentada em 5 capítulos: 1) Introdução, 2)

Referenciais Teóricos, 3) Relato do Trabalho Desenvolvido, 4) Apresentação e Discussão dos

Resultados e 5) Conclusões.

No capítulo 1 é apresentada a contextualização do trabalho no atual cenário

competitivo de produtos e serviços, o tema, a justificativa para a escolha do tema, os objetivos

a serem alcançados, as justificavas acadêmicas e práticas da pesquisa, a abordagem

metodológica e as delimitações.

O capítulo 2 contém os referenciais teóricos, tais como sistemas de gestão, estratégia

empresarial e desempenho, formando o embasamento conceitual necessário para a realização

de análises e proposições.

É apresentado, no capítulo 3, o relato do trabalho desenvolvido através do

detalhamento da estrutura metodológica. Por este meio, são apresentados os recursos e

procedimentos utilizados durante a coleta e análise dos dados.

No capítulo 4 são apresentados os resultados das análises dos dados obtidos –

apresentados no capítulo anterior – bem como discussões, críticas e demais considerações

sobre o tema em questão.

Por fim, no capítulo 5, são apresentadas conclusões, de forma concisa, sobre os

resultados atingidos e é definido o encerramento da pesquisa, abrindo porém possibilidades de

pesquisas futuras.

1.6 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO

Considerando o foco deste trabalho, não se deseja efetuar um estudo para verificar a

validade do planejamento estratégico atual da empresa – o mesmo deverá ser apenas descrito

e analisado em conjunto com os indicadores de desempenho.

Não se pretende, com este trabalho, criar um modelo para análise e mudança

organizacional, dado o objetivo de estudar e efetuar análises críticas acerca das estruturas de

gestão utilizadas na empresa.

Embora seja importante considerar o fator humano no trabalho, principalmente sob a

ótica de mudança organizacional, esse não será abordado, apropriando-se como tema para

pesquisas futuras.

8

2 REFERENCIAIS TEÓRICOS

Este capítulo tem como objetivo desenvolver uma base conceitual, apresentando uma

revisão da literatura, o que obviamente não esgota o assunto, mas pretende sustentar o

desenvolvimento do trabalho. Desta forma, pretende-se, a partir da fundamentação adotada,

analisar os elementos estruturais que compõem os modelos de gestão em estudo.

A revisão está organizada da seguinte forma: primeiro trata-se da caracterização de

processos; em seguida apresentam-se estruturas organizacionais e suas características; e

completando o embasamento teórico, apresentam-se indicadores de desempenho.

2.1 CARACTERIZAÇÕES DE PROCESSOS

A seguir são apresentados os conceitos de processos, tipos e hierarquias, bem como

suas características e atributos, como processos críticos e donos dos processos.

2.1.1 Conceito

Processos são entendidos popularmente como “a forma pela qual as coisas são feitas”,

e a maneira abrangente de definir processo empresarial é “como produzir alguma coisa”.

Todo trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum processo,

segundo Graham & Lebaron (1994) apud Gonçalves (1998). Logo, não existe um produto ou

um serviço oferecido por uma empresa sem um processo empresarial.

Harrington (1993) define processo, genericamente, como:“uma seqüência de tarefas e atividades utilizadas na entrada (input), que agrega

determinado valor e gera uma saída (output) para um cliente específico interno ou

externo, utilizando os recursos da organização para gerar resultados concretos.

Todos os processos necessitam da retro-alimentação (feedback) que viabiliza

mudanças significativas na condução dos processos.”

Qualquer atividade de produção de bens ou serviços pode ser representada, de maneira

simplificada, pelo modelo input-transformação-output (SLACK et al, 2002). Este modelo é

ilustrado pela Figura 2.

Davenport (1994) define processo de forma análoga a citada anteriormente por

Harrington (1993), porém, destaca que a formalização excessiva do fluxo das atividades pode

9

prejudicar a flexibilidade dos próprios processos em uma empresa, pois o fluxo de trabalho é

apenas um dos tipos de processo empresarial.

Figura 2 - Modelo input-transformação-outputFonte: Adaptado de Slack (2002, p.36)

Essa definição estrita deixa de fora processos que não têm início e fim claros, ou cujo

fluxo não é bem definido (GONÇALVES, 2000). Às vezes, alguns desses processos têm

impacto maior que os demais na própria viabilidade da empresa, como aqueles ligados à

sucessão na empresa, ao desenvolvimento dos gerentes e à avaliação do desempenho do

pessoal.

Em certas atividades como, por exemplo, o desenvolvimento de produtos, os processos

empresariais são mais bem descritos como projetos. Segundo Salerno (1999), projeto se

diferencia de processo, pois cada projeto é único, não recorrente, esgotando-se ao fim de sua

realização. Caracteriza-se por ter objetivo definido, limitado no tempo – início e fim definidos

– e pela possibilidade intrínseca de avaliação financeira. A execução de um projeto é dada

pelo conjunto de ações executadas de forma coordenada por uma organização transitória, ao

qual são alocados insumos para alcançar os objetivos no tempo determinado.

2.1.2 Tipos de Processos

Para que uma empresa possa identificar e entender seus processos, é preciso observar

que, em uma organização, não existem apenas processos produtivos, provavelmente aqueles

de mais fácil visualização. Segundo Baxter (1998), existem outros relacionados à inovação,

um deles, o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP). Tais processos não são

facilmente identificáveis, pois são resultados da combinação de atividades, muitas vezes

Recursos de entrada(input)

Recursos de saída(output)

Processos de transformação

- Fornecedores- Mercado- Clientes

- Tarefas que agregam valor

- Clientes- Mercado- Fornecedores

10

dificilmente compreendidas. Existem ainda os processos que envolvem diretamente os

clientes como os procedimentos de aquisição de produtos e serviços e as trocas de

informações. Os inputs desses processos podem ser tangíveis, como matérias-prima, ou

intangíveis, como informações.

Por esses motivos, é interessante distinguir e classificar os processos organizacionais

em categorias, como propõe Harrington (1993):

a) Processo Produtivo: qualquer processo onde ocorre o contato físico com o

produto ou serviço entregue a um cliente externo;

b) Processo Empresarial: processos que fornecem suporte aos processos

produtivos, porém, não entram em contato com o produto/serviço entregue a um cliente

externo, diretamente; utilizam ainda os recursos da empresa.

O autor enfatiza ainda que os processos sejam os principais fatores para um

desempenho livre de falhas, e não as pessoas, como geralmente acreditam os gestores das

empresas.

Já os autores Rummler & Brache (1994), propõem uma classificação mais refinada, a

qual abrange também – mesmo que indiretamente – as pessoas envolvidas no processo,

através das seguintes definições:

a) Processos de negócio (ou de cliente): são aqueles que descrevem a atuação da

empresa, resultando no produto ou serviço o qual é fornecido ao cliente; são considerados

essenciais para o sucesso de uma empresa;

b) Processos Organizacionais (ou de apoio): são processos que fornecem suporte

para os processos de negócio, ou seja, garantem o funcionamento dos sistemas auxiliares do

processo produtivo. O apoio fornecido pelos processos organizacionais torna-se necessário

para o alcance de um desempenho global dos processos de negócio;

c) Processos Gerenciais: são os processos decisórios, ou seja, focados na atuação

gerencial. Englobam os relacionamentos com os colaboradores e incluem, também, ações de

medição e ajuste do desempenho organizacional.

A Figura 3, a seguir, mostra um resumo dos tipos de processos, adaptada de Rummler

& Brache (1994), para permitir uma rápida identificação da definição de cada tipo.

Os processos tornam-se cada vez mais importantes para as empresas, à medida que

elas percebem que são eles os responsáveis pelos resultados diretos para os clientes. O alcance

de melhorias na qualidade e produtividade é alavancado por pessoas competentes, com

capacidades e atitudes diferenciadas. Por este motivo, as empresas com modelo de GP estão

11

agregando mais pessoas com essas habilidades e diferenciando-se no acirrado mercado

competitivo.

De negócio Organizacionais Gerenciais

• ligados à essência do

funcionamento da

organização;

• suportados por outros

processos internos;

• resultam no produto ou

serviço recebido pelo

cliente.

• centrados na organização;

• viabilizam o funcionamento

dos sistemas auxiliares da

organização;

• garantem o suporte

adequado aos processos de

negócio.

• centrados nos gerentes e

nas suas relações;

• incluem ações de medição

e ajuste do desenvolvimento

da organização;

• incluem as ações de suporte

que os gerentes devem

realizar.

Figura 3 - Categorias de processos organizacionaisFonte: Adaptado de Rummler e Brache (1994)

As organizações precisam conhecer e entender os próprios processos, mapeando-os e

diagnosticando-os através da descrição, em níveis detalhados, das atividades, das tarefas, de

pessoas envolvidas e das interrelações de cada etapa. O Mapeamento de Processos (MP)

permite configurar, com maior precisão, os elementos necessários para a execução de cada

processo. Com isso, é possível detectar causas e conseqüências de desempenhos bons e ruins.

2.1.3 Hierarquia dos Processos

Qualquer processo, em uma organização, possui sua própria estrutura hierárquica e,

simultaneamente, pertence a uma hierarquia mais geral entre os outros processos,

extrapolando inclusive as fronteiras da organização (HARRINGTON, 1993). Dessa forma, é

conveniente classificar os processos conforme seu nível hierárquico. O autor define diversos

níveis de processos, conforme sua abrangência e detalhamento:

a) Macroprocesso: abrange toda a estrutura da organização e possui característica

multidisciplinar. Genericamente, o macroprocesso é descrito por produtos/serviços ou

resultados para o cliente. Popularmente, o macroprocesso de uma empresa pode ser descrito

através da resposta à pergunta: “o que aquela empresa faz?”;

12

b) Processo: é uma parte integrante do macroprocesso, sendo realizado por diversas

áreas da organização. Apresenta resultados objetivos tanto para clientes externos quanto para

clientes internos. Por exemplo, em uma montadora de automóveis, o processo de pintura faz

parte do macroprocesso de produzir veículos;

c) Subprocesso: consiste em uma etapa do processo, sendo realizado em uma área

específica da organização. Apresenta resultados parciais dos objetivos de um setor (ou da

empresa como um todo) e necessita ser complementado por outros subprocessos para

caracterizar efetivamente a adição de valor;

d) Atividade: é realizada por uma célula de trabalho, ou seja, executada por uma ou

mais pessoas, com trabalhos complementares para a produção, com o objetivo de alcançar um

resultado determinado. Possui menor nível de detalhamento do ponto de vista do sistema

administrativo, porém, maior nível de detalhamento do ponto de vista técnico (de quem

executa a atividade);

e) Tarefa: é realizada por uma pessoa. Várias tarefas consecutivas compõem uma

atividade. Uma tarefa pode ter mudanças sensíveis em seu procedimento normal, se for

comparada a mesma por pessoas diferentes que a executam. Considera-se natural a existência

dessa pequena variação na execução de uma tarefa;

f) Operação: consiste em uma parte específica de uma tarefa, é realizada por uma

pessoa e segue uma ordem padrão para completar a tarefa. Tem maior valor para a avaliação

de tempos e carga de trabalho, bem como para o desenho de determinado posto e avaliações

ergonômicas.

Cabe a cada empresa decidir o nível de detalhamento das informações, no que se

refere à descrição de seus processos de produção. Deve-se tomar cuidado ao adotar um nível

de agregação de informações muito elevado, sob o risco de prejudicar a flexibilidade e o

desempenho geral da empresa. Na Figura 4 são ilustrados os níveis hierárquicos e o

detalhamento de cada segmento, em um exemplo genérico.

A hierarquia dos processos, segundo Campos (1996), pode ser usada de acordo com os

interesses da organização em detalhar seus processos, em diferentes níveis de agregação. Essa

divisibilidade possibilita um gerenciamento eficaz sobre cada processo, facilitando o seu

controle.

Controlando-se os processos menores, é possível localizar mais facilmente o problema

e agir mais prontamente sobre suas causas (CAMPOS, 1996).

Sub-processo 1

Sub-processo 2

Sub-processo 3

Sub-processo 4

13

Figura 4 - Hierarquia dos processosFonte: Adaptado de Harrington (1993, p.36)

PROCESSO

SUBPROCESSO

ATIVIDADES

- Tarefa 1- Tarefa 2- Tarefa 3

ATIVIDADE

MACROPROCESSO

PROCESSO 1 PROCESSO 2 PROCESSO 3

PROCESSO 4 PROCESSO 5

EMPRESA MercadoInsumos

14

2.1.4 Processos Críticos

Os processos críticos (também conhecidos como processos-chave) são aqueles que

apresentam resultados diretos para o cliente e causam alto impacto (HARRINGTON, 1993).

Além dessas características, um processo é considerado crítico quando é necessário para o

alcance de algum dos objetivos estratégicos declarados; apresenta riscos para a saúde, para a

vida humana, meio ambiente ou outros recursos; quando sua falha pode afetar o desempenho

geral do sistema; é fator competitivo característico da empresa.

Os autores Rummler & Brache (1994) reforçam a importância dos processos críticos

em relação à estratégia. Os gerentes, neste caso, carecem mais de uma estratégia bem

definida, e menos de instrumentos sofisticados a fim de identificar os processos críticos.

Para a definição de quais são os processos críticos de uma empresa, Harrington (1993)

propõe avaliar, de forma equilibrada e na ordem apresentada, os seguintes fatores: a) impacto

sobre o cliente; b) índice de mudança; c) situação do desempenho; d) impacto sobre a

empresa; e) impacto sobre o trabalho.

2.1.5 Donos dos Processos

Um elemento importante na gestão por processos é a atribuição de um responsável

para cada processo, definido como proprietário, ou popularmente conhecido como “dono do

processo”. Essas definições referem-se à característica desejável do colaborador em relação a

um sentimento de posse, sendo ele o responsável por monitorar e controlar o processo. Ao

assumir esta posição, as seguintes atribuições são definidas (MÜLLER, 2003):

I) Monitorar o desempenho do processo e implementar indicadores de qualidade;

II) Promover e garantir o aperfeiçoamento constante do processo;

III) Desenvolver um plano orçamentário para o processo.

O dono do processo, segundo Müller (2003) deve ser uma pessoa que possua

características de liderança e de senso de propriedade do processo, e que ao mesmo tempo

tenha facilidade de comunicação com todos os colaboradores envolvidos e com a alta

administração, para negociar, solicitar e reportar qualquer informação ou recursos necessários.

Em suma, deseja-se que o colaborador designado como dono do processo seja bom

influenciador e articulado – um líder. Tais líderes devem ser capazes de controlar diversos

fatores e variáveis, a fim de manter seu processo funcionando e atualizado.

15

Segundo Adair (1997), os líderes são adeptos das tarefas de: articular uma clara e

desafiadora visão baseada nas tendências da indústria; focar no desenvolvimento das pessoas,

motivando-as para que aprendam a aprender; conectar as ações e guiar para o alcance dos

objetivos organizacionais; criar condições para a formação de redes de conhecimento e

parcerias com clientes e fornecedores; promover o senso de colaboração e respeito a todos os

envolvidos nos processos da empresa.

2.2 ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS

Define-se estrutura organizacional como a configuração formal de procedimentos,

mecanismos de direção e controle, de processos de autoridade e de tomada de decisão em uma

empresa (MAXIMIANO, 1989).

Segundo Colenghi (1997), toda organização apresenta, de maneira formal ou informal,

algum tipo de estruturação hierárquica, a qual configura as regras básicas para a concretização

de seus objetivos. O autor, através de pesquisas sobre a evolução das estruturas de gestão de

empresas, reuniu diversas categorizações, considerando o período histórico e o cenário

econômico as quais grandes empresas e autores consagrados descreveram as estruturas de

cada época. A seguir, apresenta-se uma compilação das principais estruturas.

2.2.1 Estruturas Clássicas

São as estruturas mais utilizadas e conhecidas pelas empresas, tendo sua forma

predominantemente piramidal. Geralmente, são adotadas por empresas comerciais ou de

produção de bens e serviços.

a) Linear: também conhecida como vertical, escalar, hierárquica ou militar. É uma

estrutura caracterizada fortemente pela centralização, demandando comandos autocráticos e

chefias com grande conhecimento da estrutura como um todo. Apresenta níveis hierárquicos

bem definidos e responsabilidades específicas em cada nível. As medidas de desempenho são

diretamente monitoradas, em cada nível hierárquico, por sua chefia imediata, ou seja, de um

nível imediatamente superior. A transgressão a hierarquia pode acarretar severas punições.

b) Funcional: surgiu em oposição à Estrutura Linear, durante o período em que

Taylor apresentou um projeto de supervisão dos operários, ao invés de um único responsável,

e que deveria ser exercida por oito supervisores especializados. Dessa forma, o controle sobre

atividades era dividido entre os supervisores, e não mais exclusivamente da gerência.

16

c) Linear-Funcional: também conhecida como hierárquico-consultiva, com

assessoria, staff, mista ou estado-maior. A principal característica é a manutenção de uma

unidade de comando a qual age como um conselho consultivo, porém, mantendo ainda o

poder de tomada de decisão das unidades diretoras.

d) Comissional ou Colegiada: é um tipo de estrutura normalmente empregada em

grandes empresas, sobretudo nas sociedades anônimas. Sua principal característica é manter

uma equipe com alto poder de decisão. Esta equipe geralmente é composta por conselheiros

com participação acionária.

2.2.2 Estruturas Pós-Clássicas

São derivadas a partir das estruturas clássicas, com melhorias pontuais.

a) Com base na Função: graficamente semelhante à estrutura linear, porém, é um

modelo onde atividades análogas, mas interdependentes, se unem ao propósito dominante da

empresa.

b) Divisional: caracteriza-se pela divisão da estrutura existente, a qual é semelhante

à linear-funcional, em unidades orgânicas com maior flexibilidade funcional, formadas por

atividades diferentes, como por exemplo, produção, logística, estoque, entre outros.

2.2.3 Estruturas Modernas

Caracterizam-se por modelos de gestão mais evoluídos, onde o processo decisório é

mais complexo e exige da empresa a incorporação de flexibilidade de produtos e serviços.

a) Matricial: surgiu com o advento da tecnologia espacial, o qual exige um alto grau

de complexidade no desenvolvimento de seus projetos; a estrutura matricial é resultado da

organização de dois ou mais departamentos em torno de uma ou mais pessoas. As

conseqüências mais severas deste tipo de estrutura são, principalmente, a dupla subordinação

– geralmente ocasionada pela existência de duas chefias, a chefia funcional e a chefia dos

projetos – e o conflito no emprego de recursos da organização.

b) Por Projetos: a estrutura por projetos surge a partir da necessidade de se criar um

meio temporário para a execução de uma obra, com início, meio, fim e objetivos bem

definidos. Não se aplica à empresa em sua totalidade – apenas a área onde o projeto será

executado – e deve possuir um centro de apoio que forneça o suporte necessário para sua

operacionalização.

17

2.2.4 Estruturas Pós-Modernas

São estruturas dinâmicas e altamente flexíveis, fornecendo aos clientes informações

precisas e rápidas. O foco dessas estruturas é poder atender as requisições do cliente da

melhor forma possível.

a) Por Processos: possui um ponto de vista mais abrangente, ao invés do enfoque

funcional, o qual deixa de caracterizar a empresa pelas funções e setores, e passa a

caracterizar pelos processos. Ao invés de estruturar setores, divisões e funções determinadas,

cria unidades de negócio, células de produtividade, grupos de produtos, equipes

multidisciplinares, times de qualidade, entre outras.

b) Integrada: é baseada nos princípios da manufatura flexível e da

interoperabilidade (competência para troca e utilização de informações eficiente e

uniformemente, entre diversas pessoas e/ou sistemas de informação). Desta forma, a rigidez

da estrutura hierárquica funcional pode ser dispensada, proporcionando a dinamização das

relações, a especialização técnica e a integração corporativa, favorecendo ganhos de

capacidade e estímulo ao trabalho por equipes multidisciplinares.

Os autores Rummler & Brache (1994) destacam que a estrutura organizacional de uma

empresa revela a divisão do trabalho, as linhas de poder e de comunicação, a hierarquia e a

amplitude de controle. Neste sentido, é importante que a gerência seja incisiva ao planejar e

apoiar as mudanças organizacionais em processos de gestão da mudança.

Periodicamente, é interessante promover uma revisão dos objetivos estratégicos,

organogramas estruturais e distribuição de responsabilidades, principalmente devido às

pressões por aumento de eficiência e redução de custos, por parte dos clientes.

2.3 COMPARATIVO DE ESTRUTURAS: FUNCIONAL X POR PROCESSOS

A estrutura funcional foi a forma predominante nas organizações do século XX e

resiste até hoje na maioria das organizações. Ela compreende uma estrutura com grande

autoridade e diversos níveis de informação, além de uma cúpula concentrada no topo

responsável pela tomada de decisão (OSTROFF & SMITH, 1992).

Este tipo de estrutura apresenta ainda algumas variantes, como modelos divisionais e

matriciais, unidades estratégicas de negócios, etc., mas a sua essência é a mesma. As Forças

Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), as Instituições de Serviço Público e empresas

familiares constituem-se em exemplos típicos.

18

A Figura 5, a seguir, apresenta em forma de organograma um exemplo de estrutura

funcional. Pode-se observar que a alta administração mantém-se bastante afastada do chão-de-

fábrica. Geralmente, em estruturas hierárquicas funcionais, a comunicação entre as duas

pontas pode demorar tempo suficiente para que vários clientes fiquem insatisfeitos por

demora no atendimento de suas demandas.

Apesar de sua forma relativamente simples, a estrutura organizacional funcional tende

a ser inadequada para as demandas competitivas e tecnológicas de hoje (GONÇALVES,

2000). Os principais motivos são a estabilidade, a sua dificuldade em proporcionar linhas de

comunicações adequadas entre os diversos setores, e a elevada divisão do trabalho.

Figura 5 - Estrutura FuncionalFonte: Adaptado de Ostroff & Smith (1992)

A estabilidade da estrutura funcional pode tornar lento o processo de decisão

organizacional, e, ao mesmo tempo, dificultar o entendimento global do trabalho. Segundo

Drucker (2000) apud Müller (2003), “o preço da estabilidade é a dificuldade que

experimentam todos os membros da organização, inclusive os mais elevados, em

compreender a tarefa do conjunto e relacioná-la com seu próprio trabalho”.

Paralelamente, as informações devem fluir com qualidade e confiabilidade na

organização, caso contrário, as tomadas de decisão poderão não ser eficazes, podendo

Diretor IndustrialGerente de P&DGerente de QualidadeGerente de ProduçãoCoordenador Linha 1

19

provocar inclusive na perda de vantagem competitiva. As empresas com modelo de gestão por

funções certamente são prejudicadas neste aspecto, se comparadas a empresas com modelo de

gestão por processos, onde as informações correm de maneira mais ágil.

Grande parte dos gestores concentra-se em seus departamentos verticalizados, ou seja,

procuram, sobretudo, a otimização de suas próprias atribuições. Por conseqüência, o inter-

relacionamento com outros setores torna-se deficitário e não consegue-se alcançar plenamente

a satisfação e a conquista dos clientes (OSTROFF & SMITH, 1992). De uma forma mais

detalhada, a causa deste problema pode ser a falta de linhas de comunicação adequadas, baixo

tempo de resposta e custos elevados. Tais problemas podem ser acentuados em ambientes

mercadológicos complexos e competitivos.

A Figura 6 ilustra como um processo atravessa várias fronteiras funcionais existentes

em uma empresa. Normalmente, acaba-se criando um controle de saída (de materiais ou

informações) de quem está enviando e outro controle de entrada de quem está recebendo.

Dessa forma, quanto maior o número de setores que um processo tem de atravessar, maior o

desperdício de tempo e recursos em operações que não agregam valor.

Figura 6 - Fluxo de um processo na estrutura funcionalFonte: Adaptado de Manganelli e Klein (1995)

É importante considerar que os elevados níveis de divisão do trabalho, tipicamente

característicos da gestão funcional, são fatores que restringem a criatividade dos funcionários

em suas áreas de influência. A dissociação entre planejamento, execução e controle do

trabalho pode impedir o desenvolvimento de melhorias nas organizações.

Início Fim

20

Já em uma empresa com gestão por processos – ou com estrutura horizontal – os

recursos disponíveis e fluxos (de materiais e de informações) são organizados ao longo de

seus processos críticos operacionais, ou seja, os mesmos devem possuir suas próprias lógicas

de execução. A estrutura principal de uma organização orientada por processos é formada

basicamente pelos seus processos críticos.

A representação, em formato de diagrama, de uma organização orientada para

processos é mais simples e fácil de entender, porém, as empresas podem ter dificuldades até

que se consiga representar seu processo principal (GONÇALVES, 2000). Este fato deve-se

principalmente à dificuldade das pessoas em perceber e descrever os processos críticos. A

Figura 7 representa um exemplo de atendimento de demandas de clientes, por uma empresa

do setor de seguros:

Figura 7 - Estrutura voltada para processosFonte: Adaptado de Gonçalves (2000)

Uma ação importante a ser desencadeada por uma empresa é a exploração de

processos que ultrapassam as fronteiras organizacionais, seja por meio do crescimento e

aprendizado, seja por meio de parcerias entre a empresa, clientes, fornecedores, e até mesmo

universidades e demais parceiros.

Segundo Georges (2001), “Atualmente os níveis de integração atingem todo o

negócio, desde os clientes até todos os fornecedores”. Hammer (2002) compartilha do mesmo

ponto de vista, ao afirmar que “serão vitoriosas as empresas que derem um novo enfoque aos

negócios, trabalhando em íntima associação com seus parceiros na execução de projetos e na

administração de processos que se expandirão por todo o tecido corporativo”.

Os funcionários, em empresas com modelos de GP, são alocados conforme os próprios

processos, e não tradicionalmente por departamentos ou setores. A principal vantagem

percebida até então é o emprego de equipes multidisciplinares, flexíveis em suas funções e

que se responsabilizam pelo processo o qual estão envolvidas. Estas equipes assumem ainda a

PedidoAnálise de CréditoAprova-ção do pedidoProgra-mação do pedidoProdu-çãoFatura-mentoExpedi-çãoTrans-portePós-VendasContas a Receber

21

responsabilidade pelos resultados dos processos, principalmente aqueles relacionados

diretamente com os clientes.

Figura 8 - Fluxo de processos em diferentes estruturasFonte: Adaptado de Müller (2003)

É comum observar em algumas empresas a implantação da visão da gestão por

processos de forma incompleta ou sem suporte da organização como um todo. A combinação

de um fluxo de processo horizontal com uma organização vertical resulta em muitas lacunas e

superposições (HARRINGTON, 1993). Esta diferença é ilustrada na Figura 8, mostrando que

a permanência da estrutura rígida e segmentada por funções impõe barreiras ao fluxo normal

dos processos.

Os objetivos de um processo devem ser os direcionadores – também conhecidos em

inglês como drivers – do desempenho. As relações de reporte continuam verticais e os

gestores detêm tais informações. A dimensão horizontal é adicionada no momento em que

esses mesmos gestores – até então funcionais – são avaliados pelos apoios que seus setores

dão aos processos e, na medida em que os donos dos processos alcançam as especificações do

processo, sobrepõem-se então aos interesses funcionais (RUMMLER & BRACHE, 1994).

2.4 MUDANÇA PARA GESTÃO POR PROCESSOS

Hammer (1998) afirma que “as transformações que envolvem grandes mudanças nos

processos centrais são incompatíveis com as fronteiras funcionais de uma organização”.

Dependendo das estratégias adotadas por uma empresa, sua estrutura estará melhor preparada

22

para grandes mudanças. A prática, entretanto, tem mostrado que inúmeras organizações

híbridas podem ter uma estrutura compatível com grandes mudanças.

Porter (1989) explicita a conexão da estratégia com os processos:“a diferenciação surge tanto da escolha de atividades quanto da maneira como elas

são desempenhadas. Atividades são unidades básicas de vantagem competitiva.

Vantagem ou desvantagem global resultam de todas as atividades da companhia, não

apenas de algumas.”

O autor destaca ainda que:“ (...) o ajuste estratégico é fundamental entre muitas atividades, não apenas para a

vantagem competitiva, mas também para dificultar a um rival igualar a um arranjo de

atividades interligadas do que simplesmente imitar uma forma particular de força de

vendas, igualar um processo de tecnologia ou copiar um conjunto de características

de produtos. Posições constituídas num sistema de atividades são bem mais

sustentáveis do que aquelas construídas em atividades individuais.”

2.4.1 Cultura Organizacional e Liderança

Cultura organizacional, segundo Slack et al. (2002), é um conjunto de valores e

crenças que produz normas para condutas individuais. É um modo de se fazer as coisas

segundo a filosofia da organização, devendo assegurar o entusiasmo e a cooperação entre as

pessoas dos diferentes níveis organizacionais.

Para implementar a gestão por processos, é necessário o desenvolvimento da cultura

organizacional. Dessa forma, torna-se possível mudar o comportamento das pessoas e, no

futuro, suas crenças (RHODEN, 2000). Todo o planejamento e execução das ações devem ser

feitos baseados na Gestão da Mudança, a fim de garantir a transição adequada das estruturas

administrativas.

Para que isso seja viável, todos os funcionários devem ser informados sobre as

mudanças estruturais, os objetivos propostos e os resultados esperados. Dessa forma, as

pessoas se sentirão mais seguras e, o mais importante, como parte da mudança.

A alta administração (gerência e diretoria) deve instituir um propósito comum, como

por exemplo, foco no cliente, simplificação do trabalho, eliminação de perdas, etc., que

direcione o comportamento dos empregados e faça-os entender os seus papéis na totalidade da

empresa (VASCONCELOS, 2004). O objetivo deste envolvimento entre a administração e o

chão-de-fábrica é buscar o comprometimento das pessoas com o processo, pois a partir do

23

momento em que as pessoas direcionam suas ações para o mesmo objetivo, a mudança se

torna mais eficiente e natural.

Silva (2002) enfatiza que os profissionais precisam ajustar seu trabalho ao de outros

elementos da organização. Acima de tudo, para conseguir resultados eles precisam ajustar-se

lateralmente, isto é, com pessoas de outros setores e funções que utilizarão aquilo que eles

produzem.

O conhecimento pessoal de um indivíduo, em empresas com estruturas horizontais,

passa a ser mais bem compartilhado com os outros, ou seja, o conhecimento pode ser

amplificado ou cristalizado em nível de grupo, mediante discussões, compartilhamento de

experiências e observação, o que mostra o impacto que determinadas culturas organizacionais

promovem, no ambiente corporativo (SILVA, 2002).

2.4.2 Estágios de Evolução

As vantagens da Gestão por Processos, como pode ser visto até então, são muitas, e o

desafio, maior ainda. Um dos maiores desafios da GP é o desenvolvimento de Recursos

Humanos (RH) nos processos e, mais do que isso, de uma gestão de RH ágil e integrada em

todos os níveis e extensões da empresa. As principais atribuições do RH são a realocação de

pessoas e recursos para os processos e a gestão, avaliação e remuneração do pessoal.

Segundo Harrington (1993), a função do gestor é manter os processos funcionando

continuamente. É bastante diferente da visão ultrapassada que se tinha anteriormente, onde o

chefe era aquele sujeito que detinha o maior conhecimento – e provavelmente mais

experiência – técnico(a) do assunto e dava instruções e ordens de como proceder de maneira

correta (supervisor).

Para a evolução da GF para a GP, praticamente todos os aspectos organizacionais

devem ser reavaliados. Conseqüentemente, muitas empresas acabam enfrentando algumas

dificuldades, justamente por não saberem exatamente como funciona corretamente uma

empresa orientada por processos. Gonçalves (2000) afirma que:“muitas empresas querem organizar-se por processo, mas não têm uma noção clara

dos passos a seguir e das providências que devem ser tomadas. Outras, não estão

certas da decisão a tomar a respeito da sua estruturação por processos e podem

beneficiar-se de um raciocínio que as ajude a decidir. Existem também as empresas

que não sabem ao certo o que significa serem organizadas por processos e as que não

têm certeza se sua forma organizacional atual é adequada para a gestão por

processos. Finalmente, existem ainda as empresas que precisam de mais

24

esclarecimentos sobre o assunto para que possam analisar as vantagens da gestão

por processos.”

Gonçalves (2000) define cinco estágios de evolução de sistemas tradicionais de gestão

para uma organização orientada essencialmente por processos. Pode-se observar que, na

prática, várias empresas encontram-se nas etapas intermediárias, e que é possível também que

uma empresa passe diretamente de uma posição pouco evoluída para outra bem mais

avançada.

Na Figura 9 têm-se, de forma sintética, os estágios de evolução para a Gestão por

Processos, a descrição das características em cada caso e, ainda, os principais direcionadores

estratégicos a serem utilizados para que esta evolução se dê por completa.

As empresas que se enquadram no Estágio A não possuem características do

gerenciamento de processos. Muito provavelmente possuem indicadores de desempenho

focados apenas em produtividade e questões financeiras. Nesta etapa, as empresas questionam

a validade da estruturação por processos, pois visualizam a existência de somente os

processos de manufatura. Existem ainda algumas empresas que, por motivos de indiferença,

acomodação, desconhecimento, medo, resistência, entre outros fatores, simplesmente não

consideram alterar a atual estrutura.

Em empresas com estruturas tradicionais, os funcionários realizam suas tarefas sob o

comando dos chefes (HAMMER, 1998). Dessa forma, os processos críticos acabam sendo

ignorados e a visão dos funcionários restrita. Nessas empresas, é comum observar a

resistência à idéia de reestruturar-se, principalmente por parte dos gestores, cujos cargos

proporcionam-lhe a sensação de poder, ao invés do espírito de colaboração.

As empresas que se caracterizam pelo Estágio B já possuem certo conhecimento de

seus processos e subprocessos, porém, estes se encontram apenas identificados. Os processos

enquadram-se na estrutura funcional e são abordados de modo demasiadamente genérico. As

melhorias restringem-se à redução de gargalos e aumento da eficiência operacional. O

desafio, neste estágio, é mapear os processos e identificar quais deles são críticos.

No Estágio C, as empresas já identificaram seus processos e melhoraram os que são

críticos, porém, com a visão voltada para funções e setores. O poder ainda é concentrado nas

gerências mais altas da estrutura vertical que, na maior parte dos casos, é onde existe a maior

resistência à mudança para a estrutura horizontal.

Os autores Rajan & Wulf (2006) explicam o motivo da resistência à mudança:

25

ESTÁGIOS

A B C D EOnde estamos Processos, que pro-

cessos?Identificamos os nossos processos, subproces-sos e subsubprocessos.

Melhoramos os pro-cessos críticos (ou essenciais).

Redistribuímos nossos recursos ao longo dos processos críticos e atribuímos a sua responsabilidade a um process owner.

Nossa organização foi desenhada pela lógica dos nossos processos críticos.

Comentários As empresas sequer se deram conta;

Em geral, as empre-sas percebem apenas os processos de ma-nufatura, os outros processos são apenas acessórios.

O foco do esforço ainda está nas funções;

Os processos são en-quadrados na estrutura funcional;

A abordagem é ampla demais;

A forma de trabalho é provavelmente ainda antiga.

As empresas ainda ra-ciocinam por funções, mesmo que conheçam bem seus processos;

O uso de case mana-gers pode melhorar o contato com o cliente;

O poder ainda reside nas unidades verticais;

Ainda é um remendo, construído sobre uma estrutura antiquada;

As empresas come-çam a obter resultados da ênfase em pro-cessos, mas com um alto desconforto na organização;

Implantação da nova organização.

É a forma de organiza-ção indicada para a gestão por processo;

Áreas funcionais pra-ticamente não exis-tem;

As metas e métricas são definidas para os processos.

Até onde podemos ir, em termos de negócio

Enquanto o assunto é pura manufatura, as chances de aperfei-çoamento radical são limitadas.

Aperfeiçoamento de gargalos e obtenção de melhoras de eficiência pontuais.

Aperfeiçoamento dos processos críticos, cortando as atividades e funções que não agregam valor.

Gestão de alguns pro-cessos isolados e inte-gração com processos auxiliares.

Gestão integrada dos processos críticos.

Figura 9 – Estágios da evolução para o Gerenciamento por ProcessosFonte: Adaptado de Gonçalves (2000)

26

Ao fazerem isso, as empresas estão mudando a forma de remuneração de seus

gerentes. Salários e incentivos de longo prazo estão se tornando mais parecidos com

uma sociedade. Nos níveis mais baixos, gerentes de empresas com estruturas menos

hierárquicas têm proventos menores quando comparados com os de empresas com

estruturas mais hierárquicas, mas, ganham mais nos níveis mais altos.

Neste estágio de evolução para a GP, as empresas devem adotar novos critérios para

redistribuir seus recursos, sempre em função dos seus processos críticos, e não mais das

unidades verticais, além de atribuir um responsável (dono) para cada processo.

As empresas no Estágio D já realizaram todas as modificações dos estágios anteriores,

além de distribuir os recursos ao longo dos processos críticos e designar um dono para cada

processo. Contudo, ainda mantém suas estruturas antigas e, embora estejam começando a

apresentar resultados, a ênfase em processos gera desconforto na organização.

Em nível de negócios, as empresas conseguem melhorias na performance de processos

isolados, mas somente através da integração via processos auxiliares. Neste momento, a

grande tarefa é implantar o novo modelo estrutural, desfazendo as principais funções,

recriando os sistemas de avaliação de desempenho e seus indicadores, e finalmente,

constituindo a nova organização.

Por fim, as empresas que se encontram no Estágio E caracterizam-se pelo modelo de

Gestão por Processos. As novas empresas, livres de compromissos estruturais, já nascem com

novos referenciais de organização e negócios. Realizam a gestão integrada dos processos

críticos e colhem os resultados dessa integração. A grande tarefa, no estágio final, é a

monitoração constante das estratégias de negócio e o ajuste dos seus processos, sempre que

necessário, tornando-se uma estrutura orgânica.

O principal objetivo de usar esse modelo de classificação das empresas, como definiu

Gonçalves (2000), é a identificação do estágio em que uma empresa se encontra na evolução

para a GP, permitindo a avaliação de onde ela se situa em relação às demais. Ele informa

também as providências a serem tomadas para avançar em cada etapa e para onde direcionar

os esforços nas mudanças.

Com o modelo, é possível também avaliar como está o preparo da alta administração

em cada etapa e determinar quais serão os maiores desafios. Em algumas situações, o modelo

pode até evidenciar o uso de medições de desempenho inadequadas.

27

2.4.3 As empresas Híbridas

Atualmente, é difícil encontrar uma estrutura puramente horizontal. A prática mostra

que as áreas funcionais e suas chefias permanecem quando a organização é gerida por

processos. De certa forma, as estruturas caminham lado a lado, definidas por Day (2001)

como organizações híbridas, que combinam elementos das estruturas verticais e horizontais.

O desenvolvimento da estratégia e RH são os responsáveis por designar os donos dos

processos críticos. Nestes casos, a alocação de especialistas técnicos – comumente chamados

de assessores – complementa a administração e abastece os processos com novas idéias.

Segundo Silva (2002), as tradicionais áreas ou departamentos continuam existindo,

mas com novos desafios e propósitos. Cada vez mais devem deixar sua postura isolada e

procurar contribuir efetivamente na formação de linguagens comuns com outros

departamentos, em especial naqueles processos em que atuam conjuntamente.

Nesse tipo de organização, a tendência à integração dos processos de negócio abrange

a maioria dos setores tradicionais, aliando benefícios da especialização funcional a agilidade e

eficiência da abordagem por processos (KAPLAN & NORTON, 1997).

Apesar de existirem muitas variações, as principais características de organizações

híbridas podem ser elencadas (DAY, 2001):

I) Equipes sobrepostas às funções: três ou quatro tipos de equipes existem, em

número correspondente aos processos críticos. Drucker (1998) enfatiza que, para a maior

parte dos trabalhos operacionais, a equipe sozinha não é adequada, mas um complemento,

embora necessário, à concepção funcional;

II) Equipes permanentes: são as que atuam rotineiramente na operação dos

processos. Seus integrantes gastam todo o tempo disponível nas atividades de equipe, embora

mantenham a troca de informações com seu grupo funcional. Considerando essas

características, Drucker (1998) argumenta que a equipe não é apenas um expediente

temporário para tratar de problemas especiais esporádicos. É um genuíno princípio de

planejamento de organização. Constitui da melhor forma possível a execução de tarefas

permanentes;

III) Integração via processos: ocorre através do mapeamento de processos. Algumas

empresas mantêm, inclusive, equipes específicas para mapear os processos e encadear sua

integração, tentando evitar ao máximo a tendência de fragmentação;

IV) Visão voltada para o cliente: tanto o capital intelectual (cliente interno) como o

cliente externo devem direcionar a gestão estratégica e estrutural da empresa. Com o advento

28

da Internet, as organizações se tornam mais perspicazes e informadas a respeito dos desejos

do consumidor, o que facilita a criação de inovação e a antecipação das suas necessidades

(PRAHALAD & RAMASWAMY, 2002);

V) Visão voltada para o mercado: trata-se da constante busca de informações

externas sobre clientes, influências de mercado, concorrentes e fornecedores. Esta abordagem

ajuda as organizações na antecipação das necessidades dos clientes, além de permitir

respostas rápidas com produtos e serviços inovadores.

A empresa híbrida apresenta um tipo de estrutura compatível tanto com mudanças

radicais quanto com incrementais. O mercado tem exigido características difíceis de serem

conciliadas, como flexibilidade e economias de escala; alinhamento com o mercado e

capacidades distintas; inovação e consistência; especialização e atendimento abrangente, entre

outras. Dessa forma, a estrutura híbrida pode ser capaz de atender os mais variados requisitos

do mercado.

2.5 ESTRATÉGIA E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Existem diversas formas de planejar a estratégia empresarial, especialmente ao

considerar diferentes níveis hierárquicos. Basicamente, o planejamento estratégico pode ser

segmentado como estratégico, tático e operacional.

É importante salientar que o planejamento empresarial não se resume apenas ao

planejamento estratégico, sendo caracterizado como um conjunto de atividades que se

estendem em todos os níveis da empresa. O planejamento estratégico, por sua vez, é o

processo que ocorre no nível estratégico da estrutura da organização e deve nortear as

atividades de planejamento nos demais níveis hierárquicos.

Segundo Tavares (2000), “a evolução dos conceitos e práticas acerca do planejamento

financeiro à gestão estratégica está relacionada com o aumento da intensidade do ritmo e da

complexidade das mudanças ambientais”. Esta evolução está representada em quatro fases

apresentadas na Figura 10.

A primeira fase ilustrada é o planejamento financeiro representado pelo orçamento,

considerado o principal instrumento nas décadas de 50 e 60 de planejamento organizacional.

Sua elaboração era feita com foco no sistema fechado, pois sua ênfase recaía apenas no

controle dos gastos orçados. O autor menciona que na década de 50, o ritmo de mudanças da

sociedade era relativamente lento e uniforme. Tanto as empresas privadas como os serviços

públicos preservavam o estigma do gestor como herói fundador ou herói administrador

29

(superintendente ou diretor geral). Os gestores, portanto, figuravam-se como membros da

cúpula de tomadas de decisões da administração.

Figura 10 - Do Planejamento Financeiro à Gestão EstratégicaFonte: Tavares (2000)

As mudanças e instabilidades ambientais surgidas nas décadas seguintes

impulsionaram a criação de sistemas internos de apoio à estratégia. Tavares (2000) afirma que

surgiram novos métodos de planejamento adotados pelas grandes corporações e adaptados

para as organizações públicas.

Segundo Ansoff & McDonnel (1993), o planejamento é, nitidamente, um processo de

tomada de decisão: mas é claro que nem todo processo decisório é planejamento. Os autores

apresentam depois o planejamento como algo realizado antes de se agir, ou seja, tomada

antecipada de decisão. É um processo de decidir o que fazer e como fazê-lo, antes que se

requeira uma ação.

30

O planejamento também é necessário quando o estado futuro que se deseja alcançar

envolve um conjunto de decisões interdependentes, e multidisciplinares, isto é, um sistema de

tomada de decisões.

Frente à crescente aceleração das mudanças tecnológicas e da globalização,

organizações tanto lucrativas quanto sem fins lucrativos têm incorporado o planejamento

estratégico aos seus processos de gestão. O ponto principal da estratégia – a formulação da

missão e da visão – leva as empresas a definirem seus objetivos de longo prazo e a

estipularem metas para alcançá-los.

As condições mercadológicas atuais, com mudanças rápidas e descontínuas, torna as

experiências organizacionais insuficientes para enfrentar as ameaças ou empreitar novas

oportunidades. A carência de uma estratégia leva diferentes áreas da organização a

desenvolver respostas distintas, contraditórias e ineficazes (ANSOFF & McDONNELL,

1993). A reorientação será prolongada, turbulenta e ineficiente, podendo vir tarde demais para

garantir a sobrevivência. É neste sentido que a avaliação do desempenho organizacional

torna-se especialmente importante.

Os autores Miranda & Silva (2002) definem os Sistemas de Medição de Desempenho

(SMD’s) da seguinte forma:o conjunto de pessoas, processos, métodos e ferramentas que conjuntamente geram,

analisam, expõem, descrevem e revisam dados e informações sobre as múltiplas

dimensões do desempenho nos níveis individual, grupal, operacional e geral da

organização, em seus diversos elementos constituintes.

Para se medir adequadamente o desempenho, deve-se criar um conjunto de

indicadores financeiros e operacionais que reflitam o comportamento da organização. A

avaliação de desempenho é uma atividade complexa, onde uma simples observação da

medição pode não ser suficiente para revelar as informações desejadas. Um dos problemas

dessa avaliação é definir as medidas.

Segundo Miranda & Silva (2002), o Indicador de Desempenho (ID) é uma medida de

performance comparativa usada para responder à questão “como nós estamos indo?” para um

aspecto específico. Os autores dividem os ID em absolutos e relativos. Os indicadores

absolutos agregam as medidas financeiras (lucro, por exemplo) e não-financeiras (volume de

vendas, estoque, entre outros). Já os indicadores relativos, ou índices, apresentam o resultado

da comparação entre duas medidas.

O conjunto de indicadores de desempenho reflete o comportamento da empresa. Dessa

forma, escolher o indicador que mostre, o mais próximo possível, a necessidade da

31

organização é essencialmente importante. Nesse contexto, Albrecht (1992) relaciona

características que um indicador de desempenho satisfatório deve possuir:

I) Ser bem definido, claro, simples, compreensível e sem interpretação dúbia;

II) Significativo, sensível a variações e persistente;

III) Presente e real;

IV) Disponível e fácil de utilizar;

V) Alinhado à estratégia, confiável e homogêneo a variações de tempo e espaço;

VI) Passível de ser agregado;

VII) Passível de ser comparado.

Existem, portanto, diversos indicadores de desempenho que as empresas podem

escolher, e cada uma delas deve elencar os seus próprios indicadores, necessários para a

análise da performance.

O fato de as organizações possuírem diferentes culturas e comportamentos

econômicos e sociais acaba gerando, como conseqüência, indicadores diferentes. Entretanto, o

uso de indicadores básicos pode ser adequado, na medida em que refletem o comportamento

geral das organizações. Albrecht (1992) apresenta, de forma básica, os principais indicadores

de desempenho:

a) qualidade: mensuração de o quanto o produto ou serviço atende os requisitos e

necessidades dos clientes e seu preço;

b) quantidade: mensuração de qualquer recurso da organização envolvido na

produção;

c) preço: é o aspecto do valor da mensuração do que se vai adquirir, produzir,

distribuir, entre outros;

d) tempo: é a quantidade de tempo gasto na produção, medição do tempo de

espera de produção, de entrega de produto, de atendimento ao cliente e outros.

O autor afirma ainda que, devido às características particulares de cada organização, o

maior desafio na implantação da avaliação do desempenho é a definição de quais indicadores

atendem, da melhor forma possível, às necessidades de informação dos administradores.

Existe uma grande quantidade de indicadores para se avaliar o desempenho

empresarial, considerando que cada um tem sua função específica em relação ao objetivo que

se pretende obter.

32

Percebe-se, por fim, que cada organização relacionará sua lista de indicadores

conforme as suas necessidades. Além dos indicadores já existentes podem-se criar outros, de

acordo com a necessidade e o objetivo do que se deseja medir.

2.2 FECHAMENTO DO CAPÍTULO 2

Para encerrar o referencial teórico, apresentam-se algumas considerações a respeito do

conteúdo que foi escrito, retomando basicamente as idéias principais.

Este capítulo iniciou-se com a caracterização de processos, apresentando a

conceituação do ponto de vista de diversos autores e inclusive como são conhecidos

popularmente. Foram diferenciados os tipos de processos existentes nas organizações, bem

como seu nível de agregação, ou seja, seu nível de detalhamento, em forma de hierarquia.

A característica mais importante de um processo é a sua definição de ser crítico ou

não. Os processos críticos são essenciais a uma organização e causam impacto direto nos

resultados e nos clientes. Cada processo crítico tem ainda um dono, ou responsável, que

monitora e controla o desempenho e execução do próprio processo.

São citados, então, diversos modelos de estruturas organizacionais, porém,

concentrando-se mais na GF e na GP, bem como na comparação entre ambas. A evolução de

um modelo tradicional, segmentado por funções, para um modelo horizontal e moderno, é

apresentada neste momento.

Por fim, os SMD e os ID’s são citados para finalizar o embasamento teórico

necessário ao estudo de caso proposto. A avaliação de desempenho é importante e

responsável por alavancar a evolução para a GP.

33

3 RELATO DO TRABALHO DESENVOLVIDO

Este capítulo tem como objetivo apresentar a proposta estruturada de desenvolvimento

do trabalho. Contempla a apresentação da empresa, a definição e descrição das etapas

seguidas para que os objetivos sejam alcançados.

3.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A Embratec Good Card - Empresa Brasileira de Tecnologia e Administração em

Convênios Ltda oferece soluções corporativas para administração de convênios, através dos

cartões da bandeira Good Card, e atua nos segmentos de Gestão de Benefícios, com produtos

para recursos humanos, e de Gestão de Frotas, com produtos para abastecimento e

manutenção de frotas de veículos.

A empresa destaca o uso da Internet como ferramenta para que os clientes realizem a

autogestão dos convênios, possibilitando que eles próprios controlem os limites de crédito, as

solicitações e cancelamento de cartões e a emissão e consulta de extratos. O acesso ao sistema

via Internet possibilita ainda efetuar parametrizações, ou seja, restrições de uso, além do

monitoramento e controle do desempenho dos produtos.

A matriz localiza-se na região metropolitana de Porto Alegre, estado do Rio Grande do

Sul, a qual possui uma estrutura boa para atender os clientes de todo o país, por causa da

proximidade com o pólo de informática desenvolvido no local. A abrangência de quase todo o

território nacional é alcançada graças às filiais instaladas nas principais capitais brasileiras,

em um total de 13 unidades. Ao todo, a empresa conta com aproximadamente 630

colaboradores.

A Embratec dispõe de uma área de Tecnologia da Informação (TI) própria e

verticalizada, dividida em equipes especializadas. A busca pela excelência em TI resultou na

criação de uma unidade separada da matriz, denominada fábrica de softwares, que recebeu

investimentos em tecnologias mais avançadas, permitindo à empresa oferecer ferramentas que

se adaptassem às requisições de cada cliente, ou seja, sob medida para cada segmento do

mercado.

34

3.1.1 Definições Estratégicas

A estratégia definida e declarada pela empresa mostra seu posicionamento no mercado

através da missão, bem como sua visão de futuro e os valores que aprecia de seus

colaboradores.

I) Missão: Desenvolver soluções e tecnologia para gestão de convênios, com

profissionais criativos e motivados, aliando qualidade na prestação dos serviços com preços

justos, garantindo a plena satisfação dos Clientes e Acionistas.

II) Visão: Liderar o mercado de gestão de convênios, destacando-se pela

competitividade e comprometimento com resultados, e reconhecida pela sua solidez e

confiabilidade.

III) Valores: Agilidade, Determinação, Humildade, Trabalho em equipe, Inovação,

Parceria, Otimismo, Transparência, Comunicação, Honestidade, Reconhecimento,

Persistência.

3.1.2 Diferenciais competitivos

Consciente de que se encontra em um mercado turbulento e cada vez mais

competitivo, a empresa busca a diferenciação através de suas melhores características, como o

emprego de tecnologias mais avançadas.

O principal item de diferenciação oferecido para os clientes é o sistema de

gerenciamento remoto, que disponibiliza informações on-line, ou seja, que pode ser acessado

a partir de qualquer lugar com acesso à Internet, e em tempo real, ou seja, com informações

obtidas de forma quase instantâneas. acessado por meio de softwares inovadores e em

constante atualização pela equipe de desenvolvimento de produtos.

Os produtos possuem um determinado grau de personalização, pois dessa forma, é

possível atender as necessidades de cada grupo de cliente, conforme o tamanho (considerando

o número de cartões utilizados pelo cliente) e o valor total transacionado (média mensal de

gastos).

A empresa busca proximidade com o cliente através de diversos canais de

comunicação através de atendimento via telefone (automático ou personalizado), e-mail,

conferência, videoconferência, mensagens instantâneas.

Como forma de agregar mais valor aos produtos, a empresa oferece também o serviço

de assessoria realizado por executivos de negócios, os quais são profissionais com

35

conhecimentos técnicos dos produtos e serviços da Embratec e conhecimentos de gestão de

frotas de veículos e benefícios oferecidos pelas empresas. Estes profissionais são dedicados a

cada cliente ou grupo de clientes – conforme o volume de faturamento gerado – que

monitoram e controlam o desempenho dos produtos no cliente.

Outro diferencial destacado trata de questões de segurança e confiabilidade,

proporcionados pela manutenção de meios seguros de transação através de proteção por

criptografia dos dados dos clientes e transações eletrônicas.

Por fim, são produzidas análises gerenciais, através dos sistemas automatizados de TI,

as quais recebem tratamento estatístico para tentar fornecer informações o mais próximo

possível da realidade de cada cliente.

Em relação aos custos, a empresa propõe para o cliente uma análise dos gastos com

sistemas de gestão de convênios antes e depois da implantação, para comprovar a redução dos

custos mencionada em anúncios publicitários dos produtos.

3.1.3 Produtos e Serviços

O conjunto de produtos e serviços oferecidos pela Embratec é a administração de

convênios através de cartões magnéticos. São produtos elaborados de acordo com o perfil e as

necessidades de cada empresa nos segmentos de Gestão de Abastecimento e Manutenção de

Frotas e Gestão de Benefícios.

Segundo Lovelock (2001), os pacotes de bens e serviços de uma empresa são

definidos por características como instalações de apoio, bens facilitadores, serviços explícitos

e serviços implícitos.

Logo, os produtos e serviços da Embratec Good Card possuem as seguintes

definições:

a) Instalações de apoio: sistema integrado de negociação, onde o cliente pode definir

o local e o horário para receber os executivos de negócios; central de atendimento ao cliente;

emissão de cartões, contratos, documentos, relatórios, faturas; sistemas de informação;

estrutura de TI; recursos humanos; estrutura de administração; equipes de desenvolvimento de

produto e consultoria e demais instalações de apoio.

b) Bens facilitadores: cartões magnéticos.

c) Serviços explícitos: meios de pagamento seguros; administração de frotas de

veículos e de benefícios; redução de custos de abastecimento e manutenção de veículos;

controle e eficiência na gestão da frota.

36

d) Serviços implícitos: satisfação em relação ao investimento; comodidade; confiança

na relação entre empresas; maior segurança nas tomadas de decisão.

Neste momento, é importante diferenciar a bandeira Good Card da Embratec.

Enquanto que o mercado de cartões de crédito, atualmente, encontra-se commodittizado, a

Embratec é a empresa que busca diferenciação competitiva por meio da oferta de produtos

mais inovadores para a gestão de convênios. Abaixo, a Figura 11 ilustra a distinção das

marcas, onde à esquerda estão os logotipos das bandeiras Good Card e Good Med; e à direita

está o logotipo empregado nos produtos da Embratec.

3.1.4 Concorrentes

Os concorrentes da Embratec Good Card são dividos pelos seguintes segmentos de

mercado:

a) Gestão de Frotas e Benefícios

Ticket: concorrente de maior porte, pertence ao Grupo Accor, de hotéis, turismo e

serviços. Oferece administração de convênios de benefícios e abastecimento. O diferencial

desta empresa é oferecer ao mercado produtos e serviços com taxas de administração menores

e, em muitos casos, taxa zero (neste caso, o faturamento é apenas pela rede de

estabelecimentos, através de percentual cobrado sobre o valor da transação). Porém, os

relatórios gerenciais não possuem tratamento estatístico, o que prejudica as informações ao

considerar nas análises os valores distorcidos dos indicadores de desempenho.

CTF: é um concorrente de menor porte e oferece serviços de gestão de frotas, mas para

abastecimento exclusivo nos postos BR. Possui um sistema diferenciado de captura

automática de dados, que poderia proporcionar vantagens competitivas, mas como o sistema

Figura 11 - Identidade visualFonte: Arquivo interno – Embratec (2008)

37

restringe-se a uma única rede de postos, o concorrente pode perder em competitividade por

causa da restrição imposta ao uso de seus produtos.

Essocard: concorrente de menor porte, possui abastecimento em rede exclusiva (de

postos Esso, atualmente gerenciada pela rede Carrefour). Aparentemente não representa um

perigo direto, porém, consegue manter uma boa carteira de clientes devido ao oferecimento de

taxas menores.

Banquet, Nutricash, Sodex Ho: são concorrentes de maior porte em Gestão de

Benefícios, que praticamente dominam este mercado. Todas, atualmente, tentam implantar o

sistema de pagamentos por cartões magnéticos, para poder retirar de circulação os vales-

refeição e alimentação em cédulas de papel. A Embratec, entretanto, é pioneira em Gestão de

Benefícios por meio eletrônico, através de cartão magnético. A maior dificuldade encontrada,

no entanto, é a popularização da marca e expansão da rede conveniada.

b) Meios de Pagamento

Visa, Mastercard, American Express, Hipercard, Aura: como meios de pagamento,

cada uma destas empresas tem seu diferencial, seja pela abrangência da rede conveniada,

ofertas de taxas mais atraentes, facilidade de pagamento, gestão aprimorada de limites de

crédito, taxas de juros diferenciadas, entre outros. Entretanto, não é o foco da Embratec

competir diretamente neste mercado, pois já está bastante saturado. Como uma empresa de

médio porte, competir neste ambiente seria uma escolha ruim e poderia determinar o fim da

organização.

c) Concorrentes potenciais

Concorrentes potencialmente perigosos podem oferecer o mesmo tipo de serviço a

custos menores, ou a custo similar que ofereçam diferenciais técnicos. Para contornar este

problema em potencial, a empresa deve estar preparada para oferecer outras condições,

abranger outras áreas do mercado ou consolidar-se como líder. Esta é a principal justificativa

para a empresa adotar a estrutura flexível de TI, própria e verticalizada, que poderá,

futuramente, ser adaptada conforme o direcionamento proposto e atender demandas

atualmente não planejadas.

d) Produtos substitutos

Produtos que poderão substituir os produtos oferecidos pela empresa devem ser

capazes de atender as demandas dos clientes e introduzir um novo conceito em gestão de

convênios, como por exemplo, outro meio físico que não o cartão magnético, o serviço de

consultoria diferenciado ou ainda tratar de eliminar dificuldades enfrentadas na operação.

38

Para criar produtos substitutos, poderia se relacionar algumas opções alternativas através de

alguma ferramenta, como o brainstorm.

3.1.5 Ambiente de desenvolvimento do trabalho

Para uma análise da estrutura hierárquica e do modelo de gestão, o presente trabalho

considera a empresa como um todo, identificando os setores e os processos internos. Trata-se

de uma apresentação geral, seguida por uma análise crítica mais detalhada, principalmente no

que se refere à troca de informações.

Devido ao fato da Good Card oferecer seus serviços para qualquer tipo e tamanho de

empresa, ela deve sempre analisar as particularidades que cada cliente pode exigir. Quando é

assinado o contrato com um novo cliente, a empresa trabalha como um novo projeto.

O projeto de prestação de serviço para um determinado cliente envolve diversas

variáveis, como por exemplo, o tipo de operação do cliente em relação à configuração do

produto. Cada cliente possui sua própria necessidade, que varia desde o modo de operação do

cartão, periodicidade de faturamento e geração de relatórios, até a maneira de receber

atendimento pelo serviço.

A empresa pesquisa as tendências futuras para atender os pedidos futuros que os

clientes possam pedir, sem existir problemas de falta de conhecimento de novas tecnologias,

por parte da empresa.

Dentro do contexto do ciclo de vida do serviço, a empresa analisa a utilização dos seus

produtos pelos seus clientes, para conseguir investir em uma nova tecnologia e assim,

personalizar ainda mais os seus serviços.

A utilização da internet como recurso de gestão trouxe grandes benefícios para a

empresa. Sendo a mesma pioneira na utilização deste recurso, a empresa tem como

característica a constante procura por inovações.

3.1.6 Objeto de estudo

O objeto de estudo deste trabalho é o modelo de gestão da empresa e a observação do

atual estágio de transição para a gestão por processos. São objetos deste estudo os processos

internos tais como entrada de novos clientes, venda de produtos de valor agregado,

indicadores de desempenho e estratégias corporativas.

39

Os indicadores de desempenho internos da empresa são analisados para verificar em

qual tipo de estrutura de gestão estão embasados.

Paralelamente, são analisados os impactos que ações gerenciais causam nos processos

críticos e o alinhamento dessas ações com a estratégia declarada.

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A Engenharia de Produção situa-se em um campo de estudos caracterizado por uma

grande heterogeneidade de disciplinas, que incluem ciências da administração, sociais

(incluindo economia), da computação e físicas. Diante deste fato, Nakano & Fleury (1996)

identificam tanto o uso de métodos quantitativos como pesquisa experimental e questionários,

quanto qualitativos como estudos de caso, pesquisa científica e pesquisa-ação.

A escolha do método depende do objeto de pesquisa e do referencial teórico. Enquanto

a Pesquisa Operacional e a Programação da Produção utilizam mais a modelagem e simulação

em computador, as áreas mais ligadas às ciências sociais, como administração, utilizam mais

os estudos qualitativos e principalmente estudos de caso.

As áreas de estudos mais recentes, como por exemplo, o setor de serviços, emprega

mais as metodologias qualitativas, já que utilizam pequenas amostras e geralmente sem

representatividade estatística. Especificamente os estudos sobre medição de desempenho e

estratégia em serviços, ainda são encontrados em menor proporção no Brasil.

Dentre as metodologias existentes, optou-se por utilizar, neste trabalho, elementos do

estudo de caso, pois o estudo é focado na estrutura específica da empresa, bem como na atual

transição para a gestão por processos, situada no tempo presente em que o trabalho foi

elaborado. As etapas deste trabalho, estruturadas metodologicamente, são descritas a seguir.

3.2.1 Reuniões com Gestores

Para a descrição da estrutura da empresa, tornaram-se necessárias reuniões com os

gestores das áreas de desenvolvimento de produtos, fábrica de software, comercial e recursos

humanos. Estes profissionais são responsáveis por assegurar o funcionamento correto das

áreas sob sua responsabilidade, coordenando e supervisionando as atividades exercidas pelos

colaboradores.

40

Durante as reuniões, foram coletados dados para descrever a estrutura da empresa, de

modo a tornar possível a posterior análise dos sistemas de gestão. Além disso, permitiram

coletar informações sobre divergências do ponto de vista dessa estrutura, por cada setor.

3.2.2 Descrição da estrutura atual

Para analisar o estágio de transição da gestão funcional para a gestão por processos,

foram necessárias abordagens sobre a estrutura e os processos da empresa, por meio dos

métodos e ferramentas descritas por autores conceituados nos referenciais teóricos.

Nesta etapa é apresentada a estrutura atual de gestão da empresa como um todo, além

da visão que a própria empresa tem do modelo de gestão. A comparação dessas informações

permite expor com mais detalhes as características do modelo de gestão, permitindo

identificar o estágio que a empresa se encontra na transição de um modelo para o outro. Como

a empresa encontra-se em constante mudança para alcançar a gestão por processos, o

organograma é o resultado de uma busca por dados atualizados e incluídos até o último

momento possível na etapa de coleta de dados.

3.2.3 Coleta de Indicadores de Desempenho

Nesta etapa são coletados e apresentados os indicadores de desempenho os quais a

empresa utiliza para medir sua performance corporativa. A análise dos indicadores fornece

informações relevantes no que tange o alcance da gestão por processos plenamente. O

resultado da análise permite a observação do modo através do qual a organização mede o seu

próprio desempenho interno em relação aos objetivos de negócio.

3.2.4 Proposta de mudanças na estrutura de gestão

Após as análises realizadas anteriormente e com o auxilio dos conhecimentos reunidos

pelos referenciais teóricos, torna-se possível observar os principais aspectos da empresa, no

que diz respeito aos sistemas de gestão funcional ou por processos.

Nesta etapa, são descritas pontualmente as características da estrutura de gestão da

Embratec que definem o estágio em que encontra-se, da transição do modelo funcional para o

modelo por processos. Dessa forma, apresenta-se o que falta à empresa para se afirmar que

seu sistema de gestão é plenamente por processos.

41

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A seguir, são apresentados os resultados deste trabalho, o qual foi desenvolvido entre

o início e o final do ano de 2008.

4.1 REUNIÕES COM OS GESTORES

Para tomar conhecimento do escopo deste trabalho e poder interagir com pessoas de

diversos níveis hierárquicos, foi realizada primeiramente uma reunião com a direção da área

de produtos da Embratec Good Card. Esse encontro possibilitou a obtenção de informações

sobre a unidade da empresa em estudo, bem como a obtenção de conhecimento com relação a

todo grupo que constitui a companhia. Também foi explicada a metodologia proposta para a

realização do trabalho. Cada uma dessas reuniões teve duração média de uma hora.

Posteriormente, foram realizados outros encontros para atualização das informações e

aquisição de mais conhecimento das estruturas de gestão.

Essa etapa se fez necessária para obter informações sobre a situação atual da empresa,

tanto no âmbito do relacionamento com os clientes e fornecedores, como sobre o

relacionamento entre os próprios colaboradores, internamente. Foram obtidos dados

quantitativos e outros qualitativos para analisar de forma mais aprofundada as questões de

relacionamento e troca de informações.

Também foram realizados novos encontros para estabelecer melhorias na descrição

deste trabalho, buscando entender os objetivos estratégicos da empresa, os processos de

produção de produtos e serviços e também atender as exigências acadêmicas.

O conhecimento técnico foi examinado de maneira mais minuciosa posteriormente,

durante a compilação dos dados em informações. Dessa forma, pôde-se visualizar

características do processo de atendimento das requisições dos clientes, os dados de uso dos

cartões, o fluxo das informações entre os setores e a maneira de como o desempenho de cada

setor é mensurado.

4.2 DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA ATUAL

Atualmente, a empresa possui um organograma que mostra a sua estrutura de funções.

Cada nível, além do setor, é descrito também com o nome do responsável pela área. Por

motivos de privacidade e outros, os nomes referentes aos responsáveis de cada área foi

42

omitido do organograma. Além disso, foi omitida também a descrição de alguns setores a fim

de simplificar o gráfico e tornar mais rápida sua interpretação. A hierarquia funcional e as

relações de chefia e de subordinação encontram-se representadas, na Figura12.

Como pode ser observado na Figura 12, a estrutura da empresa possui, de forma bem

definida, as relações hierárquicas, tanto entre setores quanto entre as pessoas, em todos os

níveis. O desenho do organograma mostra claramente que a empresa possui o modelo de

Gestão por Funções. Uma característica marcante que pode ser observada é a extensa

segmentação das funções, chegando a existir dois ou mais setores diferentes, gerenciados por

chefias e diretorias diferentes, mas com atividades praticamente iguais. Como exemplo,

destaca-se os setores de Desenvolvimento de Produto Frotas e Desenvolvimento de Produtos

Benefícios, cujas atividades são praticamente idênticas, mas são exercidas em departamentos

distintos.

Segundo Gonçalves (2000), apenas o fato de a empresa possuir organograma já é um

indício de que a mesma ainda possui sua estrutura baseada na Gestão por Funções. Em uma

organização gerenciada por processos, um fluxograma seria o suficiente para representar o

sistema de gestão, os objetivos principais, os produtos e o respectivo papel no mercado.

Outro fator importante a ser observado no organograma da Embratec é que, além da

segmentação das funções, existem muitos níveis verticais. O reporte das atividades dos

funcionários é feito para o responsável pelo setor e assim sucessivamente – sempre em um

nível imediatamente superior – até o último (a presidência), dificultando ou até mesmo

impedindo que hajam comunicações laterais.

Conforme exposto por Colenghi (1997), além da classificação funcional, a estrutura da

empresa pode ser considerada também como linear-funcional, cuja característica principal é a

manutenção de uma unidade hierárquico-consultiva, a qual age como um conselho porém

mantendo o poder de tomada de decisão das unidades diretoras. Observa-se este fato ao

analisar a função do cargo de superintendência.

Nos últimos anos, as vendas da empresa têm aumentado significativamente, e em

conseqüência, seu quadro funcional, como mostra a Figura 13. Por motivos de manter a

privacidade dos dados, a integridade da imagem corporativa, entre outros, os valores

monetários corretos foram divididos por um fator ocultado, de modo que estes não sejam

exibidos, porém, seja mantida a mesma proporção. Entretanto, o número total de funcionários,

a cada mês, não foi alterado.

43

Figura 12 - Organograma EmbratecFonte: Adaptado de Arquivo Interno – Embratec (2008)

44

O incremento que pode ser observado no faturamento já era esperado pelos gestores,

pois existem programas de incentivo às vendas, treinamento constante e oportunidades de

desenvolvimento de carreira para os funcionários. Contudo, o aumento mais acelerado

observado a partir de 2005 ocorreu principalmente devido a novas estratégias comerciais

adotadas, além de uma grande campanha de marketing para atrair novos clientes.

Figura 13 - Evolutivo de vendas x Número de FuncionáriosFonte: Adaptado de Arquivo Interno – Embratec (2008)

Apesar das comemorações, ano após ano do sucesso comercial dos produtos, o

aumento acelerado e em curto período de tempo do número de funcionários total gerou efeitos

negativos para a empresa. Este fato é comum quando se emprega o modelo de gestão por

funções. A principal conseqüência foi o aumento de níveis verticais na estrutura – a qual já se

encontrava bastante verticalizada – com a criação de gerências intermediárias.

Segundo Michaelis (2008), o termo superintendente é designado àquela pessoa que

superintende – que dirige e fiscaliza – a execução de um trabalho ou obra, com autoridade

sobre todos que nele ocupam. Conforme dados coletados em reuniões na empresa, este cargo

tem a função de intermediador entre duas grandes áreas e a necessidade de dividir a empresa

em duas grandes áreas: a diretoria, que é responsável por definir estratégias e realizar tomadas

de decisão; e operações, responsável por manter os sistemas ativos continuamente, pelo

suporte, vendas, e demais operações internas.

Faturamento x Número de Funcionários

R$ 786,87 R$ 982,93 R$ 1.100,24

R$ 2.631,09

R$ 5.659,74

R$ 0

R$ 1.000

R$ 2.000

R$ 3.000

R$ 4.000

R$ 5.000

R$ 6.000

2003 2004 2005 2006 2007Ano

0

110

220

330

440

550

660

366 402484

550

630

45

O papel dos superintendentes da empresa, neste caso, tem a função especial de

intermediar a comunicação entre a presidência e a os integrantes da diretoria. As diretrizes

estratégicas originam-se exclusivamente da decisão dos acionistas – que não estão

representados no organograma – e repassados. A partir daí, a gestão segue o estilo top-down,

explicado e criticado por Robinson (2007): Os líderes precisam esquecer o velho e gasto estilo de gestão top-down. Precisam

alterá-lo para um estilo onde os valores, a sua utilização de idéias e implementação

nos colaboradores produza melhores resultados nas bases da organização.

O autor é ainda mais enfático quando o assunto é referente à sucessão nas

organizações:Quando alguém sobe na hierarquia de uma empresa, é conveniente pensar que só se

subiu porque se é melhor e sabe-se mais que os outros. Porém, quando se está lá em

cima, esquece-se progressivamente o que se passa na linha de frente.

O estilo de gestão top-down baseia-se em conhecimentos genéricos, onde o gestor

procura comandar sem ter muita noção de como as tarefas são executadas. Para alcançar o

sucesso, tende a criar as próprias regras, políticas e medidas de desempenho. Também tem a

tendência de perder o foco no cliente, com uma gestão baseada em indicadores desalinhados.

Porém, neste caso, o gestor possui um profundo conhecimento da área, sabendo

exatamente como as atividades devem ser executadas e dá ordens nesse sentido. Um líder com

essas características não confia em sua equipe e, como ele não consegue ter uma equipe

engajada, todo o processo fica comprometido quando acontece alguma falha.

Além da estrutura funcional, a qual baseia-se o modelo de da Embratec, existe o

processo de entrada de novos clientes, cuja estrutura é tratada como um projeto, ou seja,

possui início, fim e objetivos bem definidos. A sistemática de projetos foi criada

especialmente para suportar o processo de entrada de novos clientes e sobrepõe-se a estrutura

funcional existente. Na Figura 14 é apresentado este processo, de forma simplificada.

Em uma primeira análise, o fluxograma apresentado na Figura 14 remete

imediatamente à classificação de Gonçalves (2000), sobre a etapa que a empresa se encontra

na evolução para a Gestão por Processos. Os processos já estão identificados, porém, ainda

são enquadrados na estrutura funcional.

Analisando mais aprofundadamente, percebe-se que o setor de Qualidade de Negócios

tem a função apenas de controle sobre o andamento do processo. Os demais setores é que são

os verdadeiros responsáveis pelas operações técnicas e que agregam valor. A justificativa para

a existência desse setor, no entanto, é que ele serve para garantir que nenhuma falha ocorra no

46

início do uso dos produtos pelo cliente, analogamente como o conhecido dito popular “a

primeira impressão é a que fica”.

Figura 14 - Fluxograma de Entrada de Novos ClientesFonte: Adaptado de Arquivo Interno – Embratec (2008)

47

A crítica a ser feita, em relação a esta questão pontual, é que deveria ser feito um

questionamento da possibilidade de integrar as funções descritas no fluxograma da Figura 14,

de modo a reduzir atividades que não agregam valor. Neste caso, poderia ser estudada a

viabilidade de transferir responsabilidades, ao mesmo tempo em que sejam fortalecidos os

setores que realmente geram valor agregado, para que estes não cometam falhas. Somente

assim não seria mais necessária a existência de toda uma estrutura apenas para controle – o

mesmo já estaria sendo feito integradamente.

4.3 COLETA DE INDICADORES DE DESEMPENHO

Os Indicadores de Desempenho, como visto nos referenciais teóricos, possuem grande

valor na análise do modo de gestão de uma empresa, pois são eles que ditam a forma pela qual

as pessoas trabalham.

A avaliação de desempenho da parte comercial, na Embratec, é segmentada

basicamente em três níveis: de superintendência, regional e por executivo de vendas. O

volume de contratos fechados é o indicador principal para avaliar cada nível, como pode ser

observado nas Tabelas 1, 2 e 3 a seguir.

Tabela 1 - Volume de vendas por superintendênciaFonte: Adaptado de Arquivo Interno – Embratec (2008)

48

Tabela 2 - Volume de vendas por RegionalFonte: Adaptado de Arquivo Interno – Embratec (2008)

Tabela 3 - Volume de vendas por Executivo de vendas (ranking)Fonte: Adaptado de Arquivo Interno – Embratec (2008)

A Tabela 1 fornece os dados da quantidade de contratos fechados – ou vendas – de

cada macrorregião, cujo responsável é um superintendente comercial. Observa-se que, nas

três tabelas, os nomes verdadeiros das pessoas foram substituídos, com o propósito de manter

o sigilo das informações e a integridade da imagem pessoal e corporativa da corporação e seus

colaboradores. Na Tabela 2, os dados são segmentados por regional (filial), e na Tabela 3, por

executivo de vendas.

Sobre esses indicadores, critica-se, principalmente, a característica absoluta dos

mesmos. Para comparar grandes seções ou estruturas com tamanhos diferentes, como por

49

exemplo, comparar as três superintendências entre si, deveriam ser adotados indicadores

relativos, e não absolutos. Dessa forma, a avaliação de desempenho ocorreria de forma mais

justa, pois, consideraria um indicador em relação ao total, e não simplesmente números

absolutos e sem relação entre si.

Porém, adotar a forma relativa não resolveria o problema por inteiro, pois além de a

quantidade de contratos fechados estar relacionada com o tamanho (ou abrangência) de cada

superintendência, deveriam ser considerados também o valor monetário de cada contrato. Por

exemplo, uma filial com 10 contratos tem neles o faturamento de R$ 6.000.000,00, enquanto

que outra filial com 50 contratos consegue com eles o faturamento de R$ 2.000.000,00. O

exemplo citado é hipotético, mas ocorre em todos os contratos, distorcendo os indicadores de

forma mais acentuada ou menos.

Outra questão importante a ser levantada surge da forma como o setor comercial é

avaliado. A avaliação do setor em si já caracteriza o modelo de gestão como funcional. Para

confirmar, basta observar que, além da medição do volume de vendas nas macrorregiões,

estes mesmos dados são segmentados ainda em regiões (filiais) e cada um dos executivos de

vendas, criando um ranking para estes.

O que deveria ser avaliado, neste caso, é o desempenho junto ao cliente, tentando

medir o quanto o produto está atendendo ou não suas necessidades. De nada adianta manter a

proximidade com o cliente se não se pode resolver problemas com agilidade. Dessa forma, a

perda de clientes pode ocorrer de forma contínua, gerando cada vez mais insatisfações e

cancelamentos. Políticas de fidelização de clientes funcionariam apenas para resolver

problemas no curto prazo.

4.4 PROPOSTA DE MUDANÇAS NAS ESTRUTURAS DE GESTÃO

Como pôde ser observado nos capítulos anteriores, onde foram descritas as estruturas

de gestão, o modelo adotado e os sistemas de avaliação de desempenho, é importante colocar

o resultado das análises da mudança da Gestão Funcional para a Gestão por Processos, como

é proposto no objetivo deste trabalho.

Atualmente, a Embratec encontra-se no Estágio B de evolução para a Gestão por

Processos. Os detalhes que enquadram a empresa neste estágio são descritos nos próximos

parágrafos.

Algumas considerações devem ser feitas a respeito da empresa antes de se concluir as

análises. A Embratec, em seus anúncios comerciais, mostra que é uma empresa que possui as

50

mais avançadas tecnologias em termos de gestão de convênios e que, além disso, possui uma

estrutura de Tecnologia da Informação própria e verticalizada.

Não se questiona, neste momento, a validade das informações divulgadas pela

empresa, mas sim, a validade em afirmar que a estrutura de TI verticalizada oferece segurança

e flexibilidade. Segundo estudos dos mais diversos autores, no mundo todo, citados nos

referenciais bibliográficos, as estruturas verticais caracterizam-se justamente pela demora no

tempo de resposta às solicitações, rigidez em relação a mudanças e existência de atividades e

controles que não agregam valor para o cliente.

Em relação às gerências intermediárias, estas deveriam ser eliminadas, de modo a

aumentar a velocidade da troca de informações e tornar as equipes mais autônomas e

polivalentes. Na prática, não é tão simples, pois exige um bom treinamento das pessoas a

serem envolvidas, além de que mexer na estrutura funcional, principalmente em relação a

cargos de maior chefia, pode tornar a mudança mais lenta devido a resistência por parte dos

gestores.

Quanto à segmentação excessiva dos setores, deveria ser feito um planejamento de

mudanças considerável, juntamente com o redesenho dos sistemas de avaliação de

desempenho. Neste caso, deveriam ser aplicados os conhecimentos de reengenharia, gestão de

mudanças e gestão de projetos, a fim de dar o suporte necessário para que a organização possa

avançar à etapa seguinte.

A principal característica do modelo de gestão atual, que foi definitiva para que a

empresa não fosse classificada no Estágio C, é de que ainda não cortou as atividades e

funções que não agregam valor, como destaca Gonçalves (2000).

Outros fatores, como o uso da gestão ao estilo top-down, indicadores amplos demais e

desvinculados da estratégia, formas antigas de trabalho, entre outros de menor impacto (em

relação aos citados anteriormente) podem ser analisados em conjunto, na tentativa de integrar

mais a empresa na mudança da GF para GP.

51

5 CONCLUSÕES

5.1 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo geral verificar o estágio de transição da Gestão

Funcional para a Gestão por Processos, em uma empresa do ramo de administração de

convênios. Foram elaboradas análises críticas sobre o atual modelo de gestão e seus

indicadores de desempenho.

A motivação para a realização deste trabalho parte da apresentação da própria empresa

como voltada para processos. Porém, apenas a análise da apresentação comercial já mostra

indícios da forma antiga de estruturação por funções, como a existência da estrutura de TI

verticalizada.

Os resultados mostram que o objetivo foi alcançado. A partir da descrição das

estruturas de gestão empregadas atualmente, efetuaram-se análises críticas sobre diversos

elementos que ainda travam a empresa na evolução da GF para a GP. A estrutura atual é

verticalizada, possui extensa segmentação de funções, indicadores desvinculados da estratégia

e setores apenas para controle (e que conseqüentemente não agregam valor ao produto final).

Existe uma grande distância a ser percorrida para que a empresa possa ser caracterizada por

processos.

Quanto às dificuldades encontradas, pode-se citar a dificuldade de implantação de

certos itens expostos, o que exigiria que o cargo mais alto da empresa disparasse solicitação

para tais mudanças. Observou-se que este cargo pertence ao acionista.

Destaca-se que como um dos requisitos para atender completamente os objetivos,

foram apresentadas propostas de modificação nos sistemas de gestão atuais, que viabilizaria a

evolução para a Gestão por Processos.

Tendo esta pesquisa como particularidade o caráter de pesquisa-ação, foi possível

verificar que o a adoção dos itens propostos seriam suficientes para enquadrar a empresa pelo

menos no próximo estágio da evolução. Foi também elaborada uma comparação entre a

estrutura atual e na hipótese de aplicação dos itens propostos, considerando por diversos

autores como problemas sérios com impacto direto nos custos, produtividade e qualidade.

Com relação à motivação, a empresa diz-se estar estruturada por processos, mas

apenas a análise de sua apresentação comercial já mostra indícios da antiga estruturação por

funções. Assim, desencadeou-se a busca por mais informações que trouxessem a elucidação

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para essa questão levantada. Igualmente, a busca em diversas empresas, na atualidade, para a

gestão por processos é bastante intensa.

Quanto às dificuldades encontradas, pode-se citar a dificuldade de implantação de

certos itens expostos, o que exigiria que o cargo mais alto da empresa disparasse solicitação

para tais mudanças. Observou-se que este cargo pertence ao acionista.

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Considerando o atual estágio de evolução da empresa, com detalhes já descritos neste

trabalho, pode-se verificar, em um estudo mais avançado e aprofundado da estratégia

corporativa, sob a ótica da reengenharia, a validade do planejamento estratégico, analisando

suas estruturas e sistemas de avaliação de desempenho.

Como sugestão para trabalhos futuros, abre-se a oportunidade de desenvolver o

assunto da gestão da mudança, abordando aspectos humanos, psicológicos, ergonômicos e

estruturais. Este assunto teria uma boa riqueza de detalhes, já que cada aspecto das relações de

chefia e subordinação é repleto de detalhes sutis, porém fundamentais.

A Gestão por Processos é um assunto bastante abrangente, teve suas discussões

intensificadas por volta de 1990 e hoje é amplamente discutido por diversos autores. Em

várias empresas, a GP proporcionou significativas melhoras nas empresas, além de aumento

da competitividade e eficiência. O que poderia ser discutido – em uma tese de mestrado ou

doutorado, por exemplo – em relação a GP é a agregação de novas idéias ao seu conceito, de

forma a torná-la mais atualizada, seja em termos de tecnologia, seja em questões práticas.

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