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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA LABPLAN LAB. DE PLANEJAMENTO DE SIST. DE ENERGIA ELÉTRICA T.A. EM PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA GESTÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PROFESSOR: ERLON C. FINARDI BRUNNO HENRIQUE BRITO GERENCIAMENTO DE RISCOS E GESTÃO DE SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA . Florianópolis, novembro de 2013

Trabalho II

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

LABPLAN – LAB. DE PLANEJAMENTO DE SIST. DE ENERGIA ELÉTRICA

T.A. EM PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA – GESTÃO DE

ENERGIA ELÉTRICA

PROFESSOR: ERLON C. FINARDI

BRUNNO HENRIQUE BRITO

GERENCIAMENTO DE RISCOS E GESTÃO DE SISTEMAS DE

ENERGIA ELÉTRICA

.

Florianópolis, novembro de 2013

2

SUMÁRIO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................... 3

2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ............................................................................................... 3

2.1 GARANTIA FÍSICA (GF) ............................................................................................... 3

2.2 SAZONALIZAÇÃO DA GARANTIA FÍSICA .............................................................. 3

2.3 VALUE AT RISK (VaR) ................................................................................................. 3

2.4 CONDITIONAL VALUE AT RISK (CVaR) .................................................................. 4

3 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA PROPOSTO ....................................................................... 5

4 METODOLOGIA UTILIZADA ............................................................................................. 7

5 RESULTADOS E ANÁLISES ............................................................................................... 9

5.1 CASO I ............................................................................................................................. 9

5.2 CASO II .......................................................................................................................... 10

5.3 CASO III ......................................................................................................................... 16

6 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 18

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 19

3

1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O fornecimento de energia elétrica é de vital importância para qualquer

sociedade, pois ele está diretamente ligado com a capacidade de desenvolvimento dos

países. Estimular o ingresso de novos investidores a esse tipo de mercado é uma das

formas de garantir a modicidade tarifária e a confiabilidade, para isso é necessário

condições de mercado que propiciem boas taxas de retorno e de proteção (hedge) contra

cenários desfavoráveis.

Os investidores de qualquer mercado, inclusive o de energia, tentam maximizar

seus retornos ao mesmo tempo em que buscam a minimização dos riscos. Há várias

técnicas que tentam definir e medir o risco, geralmente relacionadas com a volatilidade

ou às perdas esperadas de carteiras de investimentos. Além da dificuldade em se definir

o risco, o nível de aversão ao risco é intrínseco a cada investidor. A atual crise dos

mercados financeiros mostra que a avaliação do risco não é uma questão trivial,

envolvendo muitos aspectos, o que fortalece a necessidade da gestão de riscos.

Esse trabalho tem como objetivo verificar o comportamento de um mercado de

energia quando submetido a riscos e avaliar a forma pelo qual as sazonalizações da

Garantia Física (GF) afetam na receita esperada de um agente Gerador de energia

elétrica.

2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

2.1 GARANTIA FÍSICA (GF)

É a quantidade máxima de energia que as usinas hidrelétricas e termelétricas

podem comercializar a um dado critério de garantia de suprimento.

2.2 SAZONALIZAÇÃO DA GARANTIA FÍSICA

Consiste na possibilidade variar a Garantia Física mensal ao longo do ano.

2.3 VALUE AT RISK (VaR)

4

Value at Risk (VaR) é um método para avaliar o risco em operações financeiras.

O VaR resume o risco de um instrumento financeiro ou o risco de uma carteira de

investimentos em um número, um montante financeiro, que representa a pior perda

esperada em um dado horizonte de tempo (Ex.: 1 dia). Como o universo de incertezas é

ilimitado, a técnica do VaR é constantemente associada a um nível de confiança desta

informação (Ex.: 95% de confiança).

Normalmente o VaR é calculado com 95%, 97,5% ou 99% de confiança. Este

nível de confiança nos indica que é esperada perda maior que a calculada pelo VaR.

Assim, ao utilizar 99% de confiança, espera-se que a cada 100 observações do VaR, em

pelo menos 1 vez a perda do investimento financeiro seja superior à perda estimada no

cálculo do VaR.

Define-se

( ) ( )

Onde é o nível de confiança, é a variável aleatória que representa a perda associada

a um investimento e é o valor em risco a ser encontrado. Quando bem definida,

( ) representa a menor perda possível com probabilidade como podemos ver

na figura abaixo.

Figura 1: Comportamento do VaR

2.4 CONDITIONAL VALUE AT RISK (CVaR)

É uma medida de risco, um conceito utilizado em finanças (e, mais

especificamente, na área de avaliação de risco financeiro) para avaliar o risco de

mercado ou o risco de crédito de uma carteira. É uma alternativa ao valor em risco

5

(VaR) que é mais sensível para a forma da distribuição de perda na cauda da

distribuição. A "queda esperada em um nível de q%" é o retorno esperado do portfolio

no pior q% dos casos.

O CVaR avalia o risco de um investimento de uma forma conservadora, com

foco nos resultados menos rentáveis. Para valores elevados de q ele ignora as

possibilidades mais de perdas elevadas e para pequenos valores de q concentra-se sobre

as piores perdas. Um valor q frequentemente utilizado na prática é de 5%.

Na prática, define-se valor em risco condicional, para um determinado nível de

probabilidade, como sendo a perda esperada a partir do valor em risco:

∫ ( ) ( )

onde é uma carteira, é um cenário de preço para a carteira e ( ) é a função densidade

probabilidade do cenário de preços. A figura 2 ilustra o CVaR.

Figura 2: Comportamento do CVaR

3 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA PROPOSTO

Considere um agente detentor de uma usina hidrelétrica cujo histórico de

geração é apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 – Histórico de Geração

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

4076 7681 5921 4600 2789 2062 1644 1301 1439 1340 1447 2479

2965 1641 1583 1381 1022 827 767 757 690 943 684 1494

3873 5685 4189 3286 2247 1628 1250 1133 1006 1774 1383 1726

1691 1372 4179 2481 1681 1114 900 825 1059 836 1191 2835

6

5950 3831 2695 2104 1927 1547 1098 889 778 1401 1916 4496

4912 6398 5174 2899 2064 1523 1201 968 825 934 1962 2617

3901 2357 1983 1901 1100 952 908 728 1033 1294 1569 2343

2651 2606 4290 2865 1930 1509 1236 982 854 914 1588 2266

4996 5076 4638 2763 1873 1525 1231 1049 916 1294 1598 1911

2161 2932 3619 2088 1437 1105 923 769 672 675 1071 1368

1459 4599 3079 3037 1302 1118 1070 783 690 719 1321 3323

3186 3805 6882 3766 2264 1740 1547 1212 1509 1387 1501 2655

3388 3886 4037 2633 1727 1409 1129 997 811 884 1326 2200

3816 5301 4430 3461 2116 1670 1378 1156 935 937 877 1527

2033 3546 4946 2989 1751 1574 1208 936 846 902 1336 1327

2148 1468 1851 1583 928 850 657 570 543 614 899 1959

2347 1408 2497 1363 1366 1386 947 1090 829 710 961 2472

2057 3726 2978 2233 2114 2197 1540 1110 1277 1357 1640 1783

3888 3568 2716 2761 1723 1284 1080 1013 835 809 1107 1730

4870 5411 5806 3248 2727 1778 1394 1183 1044 962 1489 1510

4304 3519 2565 1519 1158 1042 884 768 688 730 1118 784

4655 5877 5862 2972 2693 2004 1832 1429 1261 1798 2212 3523

6257 5744 4131 2714 1927 1613 1342 1165 1071 960 1880 2609

1621 2297 2002 1211 863 868 731 711 541 921 2254 2121

2731 2982 3632 1890 1330 1099 1061 861 1303 1173 1592 1354

1259 853 1191 1048 851 915 816 659 652 1037 1070 2675

2879 4091 3958 2345 1537 1292 1497 1179 1005 2736 2722 2691

2553 3277 4014 3262 2085 2125 1998 1815 2286 2124 2804 4229

5234 4886 2908 3279 1969 1649 1255 961 1320 1178 1826 3307

7005 7938 6244 5105 3651 4748 2995 2236 3379 4041 4154 5348

A Garantia Física (GF) da usina é de 2.000 MWmed e a capacidade máxima de

geração é de 8.000 MWmed. Considere ainda que o agente dispõe de um histórico de

preços no Mercado de Curto Prazo (MCP) composto pelos valores médios mensais do

Subsistema Sudeste/Centro-Oeste de Janeiro de 2007 a Dezembro de 2012 conforme

disposto na tabela 2. Com base nestas informações:

(i) Obtenha a receita financeira de comercialização obtida pelo agente, em um horizonte

de 12 meses discretizado mês a mês, considerando uma sazonalização flat da GF, a

inexistência de qualquer tipo de contratação bilateral, preços médios mensais do MCP e

geração média alocada média mensal obtida da Tabela 1.

(ii) Por meio de três maneiras de sazonalizar a GF, obtenha a receita esperada com base

em uma simulação com 100 cenários distintos de preços no MCP e geração média

alocada. Utilize uma análise baseada nas metodologias do Value at Risk e Conditional

Value at Risk para decidir qual é a melhor maneira de sazonalizar que se adapta com a

7

sua gerência de risco. Mantenha a hipótese de inexistência de contratação bilateral e

procure sortear cenários de preços correlacionados com geração alocada, isto é, quando

o preço está alto a geração hidráulica alocada tende a ser menor e vice-versa.

(iii) Suponha agora que é oferecido a possibilidade de vender, por meio de um contrato

bilateral, 500 MWmed (flat ao longo do ano) por 250 R$/MWh. Com base na opção de

sazonalização escolhida no item anterior, e os mesmos cenários de preços e geração

alocados, obtenha a nova receita esperada do agente gerador.

Tabela 2: Histórico de preços no Mercado de Curto Prazo (MCP)

mês\ano 2012 2011 2010 2009 2008 2007

jan 23,14 28,2 12,91 83,6 502,5 22,62

fev 50,67 49,6 13,82 52,1 200,4 17,59

mar 125 23,4 27,24 90,9 124,7 17,59

abr 192,7 12,2 21,47 46,5 68,8 49,36

mai 180,9 17,4 32,34 39 34,18 59,96

jun 118,5 31,8 67,7 40,8 76,2 97,15

jul 91,24 23,1 89,61 30,4 108,4 122,6

ago 119,1 19,6 116,7 16,3 102,8 39,27

set 182,9 21,2 132,1 16,3 109,9 149,5

out 280,4 37,1 137,8 16,3 92,43 198,1

nov 375,5 45,6 116,7 16,3 106,1 185,1

dez 259,6 44,5 71,62 16,3 96,97 204,9

4 METODOLOGIA UTILIZADA

Para obter as soluções de cada um dos itens propostos, foi optado por utilizar o

programa Matlab para elaborar o algoritmo.

Considerando o primeiro caso proposto, a receita financeira de comercialização

obtida pelo agente foi calculada multiplicando a geração média de cada mês obtida a

partir da tabela 1 e o preço spot médio de cada mês obtido a partir da tabela 2. Com

isso, obtêm-se as receitas discretizadas mês a mês. A receita média anual é a soma das

receitas mensais.

No segundo item, inicialmente foram sorteados 100 cenários anuais de gerações

médias alocadas e preços no mercado de curto prazo (MCP) em cada mês. Os sorteios

8

foram baseados nos históricos de Energia Alocada e de preços no MCP apresentados

nas tabelas 1 e 2. Os históricos de preço foram “manipulados” de forma a apresentar

valores menores para Energias Alocadas maiores.

As Garantias Físicas (GF) foram sazonalizadas de 3 maneiras, conforme

proposto. A primeira sazonalização baseou-se em uma GF constante para todos os

meses iguais a 2000 MWmês. A segunda sazonalização da garantia física foi

discretizada de forma ponderada em cada mês. E a terceira sazonalização baseou-se em

discretizar a GF em três níveis diferentes (1000, 2000 e 3000 MWmed) seguindo o

comportamento da Energia Alocada sorteada.

Para cada sazonalização da GF, foram calculadas as receitas esperadas mensais e

por cenário. O cálculo da receita esperada foi baseada no modelo de mercado brasileiro,

ou seja, para obter a receita esperada para um certo período, preciso vender toda a GF

ao preço spot. Se minha geração for maior que a GF, vendo o excedente ao valor da

Tarifa de Energia de Otimização (TEO) para o Mercado de Realocação de Energia

(MRE). Consequentemente, se minha geração for menor que a GF, compro o que falta

para completar o valor da GF. A fórmula abaixo foi usada para calcular a receita

esperada do Gerador.

( )

onde é a geração alocada no período, é o preço no MCP e é a Tarifa de

Energia de Otimização.

A métrica de risco VaR (Value at Risco) foi determinada como sendo a melhor

das cinco piores receita, ou seja, o Gerador tem 5% de chances de obter valores abaixo

que esse. Já a medida de risco CVaR (Conditional Value at Risco) foi determinada

obtendo a média aritmética das 5 piores receitas.

No terceiro item proposto, é considerado a hipótese de um contrato bilateral de

500 MWmed ao longo do ano por 250 R$/Mwh. A sazonalização escolhida no

algoritmo foi a que apresentou os maiores valores nas medidas de risco VaR e CVaR. A

receita esperada considerando o contrato bilateral foi obtida seguindo a mesma fórmula

anterior e adicionando a compra da quantia contratada pelo Gerador no MCP e venda ao

consumidor ao preço contratado. Dessa maneira a receita esperada pode ser obtida a

partir da fórmula:

( ) ( )

O fluxograma abaixo mostra a sequencia de passos que o algoritmo seguiu.

9

Inicializa gerações e

preços tabelados

Calcula médias

mensais de geração

e preço

Determina receitas

médias mensais e

anuais

Sorteia 100 cenários

de gerações e preços

mensais

Define 3 maneiras

de sazonalização da

GF

Determina a receita

esperada dos 100

cenário para cada

sazonalização

VaR = Melhor das 5

piores receitas

CVaR = Média das

5 piores receitas

Seleciona melhor

sazonalização

Determina a receita

dos cenários

considerando

contratos

FIM!

Apresenta

resultados

Figura 3: Fluxograma do algoritmo

5 RESULTADOS E ANÁLISES

5.1 CASO I

A partir dos preços médios mensais do Histórico de Energia Alocada e do

Histórico de preços no MCP, obtêm-se as receitas financeiras mensais e anuais

mostradas na figura abaixo.

10

Figura 4: Receitas obtidas no caso i

5.2 CASO II

Conforme ilustrado no fluxograma da Fig.1, após determinar as receitas médias

mensais e anuais propostas no item (i) dos problemas propostos, o algoritmo sorteia 100

cenários de geração média alocada e 100 cenários de preços no MCP. A figura 5 mostra

os valores de geração alocada sorteados em cada cenário. Observando esta figura, pode-

se perceber que, em média, a geração alocada tende a ser maior entre dezembro e maio,

que compreende o período com maior incidência de chuvas, e menor entre junho e

novembro, que compreende o período mais seco.

11

Figura 5: Gerações sorteadas

A figura 6 mostra os valores sorteados de preços no MCP. Observa-se que, em

média, quando a geração alocada é maior o preço no MCP tende a ser menor. Essa

afirmação pode ser mais bem observada através da figura 7, mostrada abaixo.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000GERAÇÕES SORTEADAS NOS 100 CENÁRIOS

meses

[MW

med]

12

Figura 6: Preços no MCP sorteados

Figura 7: Médias das Gerações e dos Preços no MCP sorteados

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500PREÇOS SORTEADOS NOS 100 CENÁRIOS

meses

[R$]

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120

2000

4000

6000MÉDIAS DAS GERAÇÕES SORTEADAS x MÉDIAS DOS PREÇOS SORTEADOS

meses

[MW

med]

gerações médias

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120

100

200

300

meses

[R$]

preços médios

13

Após o sorteio dos cenários das Gerações Alocadas e dos Preços no MCP, o algoritmo

determina e formas de sazonalizar a GF. A figura 8 mostra as três sazonalizações escolhidas

(flat, ponderada e em 3 níveis conforme explicado na metodologia utilizada).

Figura 8: Sazonalizações da GF

Com exceção da GF constante ao longo dos meses, as outras duas sazonalizações

buscou ajustar a GF a níveis aproximados da Geração Alocada. Isso pode ser observado através

da figura abaixo.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 121000

2000

3000

4000GARANTIA FÍSICA - SAZONALIZAÇÃO I

meses

[R$]

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 121000

2000

3000

4000GARANTIA FÍSICA - SAZONALIZAÇÃO II

meses

[R$]

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 121000

2000

3000

4000GARANTIA FÍSICA - SAZONALIZAÇÃO III

meses

[R$]

14

Figura 9: Gerações sorteadas e sazonalizações da GF

Definidas as sazonalizações da GF, o algoritmo calcula a receita esperada para cada

uma das sazonalizações. A figura 10 mostra a receita média anual esperada para cada

sazonalização. Vale ressaltar que a sazonalização I é a que a GF é constante, a sazonalização I é

a que apresenta as GF ponderadas a cada mês e a sazonalização III é a que apresenta 3 níveis de

GF.

Figura 10: Receitas médias para cada sazonalização

A figura 11 mostra o histórico de receitas obtidas em cada mês. Analisando esta

figura, percebemos que a receita média anual esperada para a GF constante é maior

porque suas receitas tendem a ser maior nos períodos de baixa afluência. Isso ocorre

porque nesse período o preço no MCP tende a ser bem maior que o preço da tarifa TEO

e, como o gerador recebe pela sua garantia física, suas receitas sofrerão um aumento

considerável nesse período.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000GERAÇÕES SORTEADAS E SAZONALIZAÇÕES DAS GF

meses

[MW

med]

15

Figura 11: Receitas médias para cada sazonalização

A partir das receitas esperadas dos 100 cenários, as medidas de risco VaR e

CVaR são definidas. Neste caso foi considerado um risco de 5%. A figura 12 mostra os

resultados de tais medidas nas 3 sazonalizações. Percebe-se, através desses resultados,

que os valores dessas medidas são proporcionais aos valores das receitas esperadas, isto

é, as sazonalizações que apresentaram maiores receitas também apresentaram valores

mais altos das medidas de risco. É claro que isso não é uma regra a ser seguida, mas

para as simulações realizadas esse comportamento se manifestou.

Figura 12: VaR e CVaR para cada sazonalização

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120

10

x 105 RECEITAS/MÊS - SAZONALIZAÇÃO I

meses

[R$]

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120

5

10

15x 10

5 RECEITAS/MÊS - SAZONALIZAÇÃO II

meses

[R$]

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120

5

10

15x 10

5 RECEITAS/MÊS - SAZONALIZAÇÃO III

meses

[R$]

16

Na figura 13 podem-se visualizar as cinco menores receitas dos 100 cenários de

cada sazonalização, onde o maior (destacada em vermelho) é o VaR e a média (pontos

pretos) é o CVaR. Vale ressaltar que, como o valor do VaR não é muito maior que o

valor do CVaR, as receitas na região de risco tende a não sofrer quedas muito

acentuadas.

Figura 13: Receitas mínimas, VaR e CVaR para cada sazonalização

5.3 CASO III

De posse das medidas VaR e CVaR, pode-se adotar um critério para escolher a

sazonalização que mais se adapta com o perfil do gerador. Nesse algoritmo foi optado

por escolher a sazonalização 1 por ter o maior VaR e a maior receita. Porém, a

sazonalização 1 é a que apresenta a maior diferença entre o VaR e o CVaR (o VaR é

10,4% maior que o CVaR), e como essa diferença maior me expõe a receitas menores

em determinado(s) cenário(s), pode-se também optar pela sazonalização que apresenta a

menor diferença entre o VaR e o CVaR.

1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 50

1

2x 10

6 RECEITAS MÍNIMAS, VAR E CVAR - SAZONALIZAÇÃO I

piores cenários

[R$]

1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 50

1

2x 10

6 RECEITAS MÍNIMAS, VAR E CVAR - SAZONALIZAÇÃO II

piores cenários

[R$]

1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 50

1

2x 10

6 RECEITAS MÍNIMAS, VAR E CVAR - SAZONALIZAÇÃO III

piores cenários

[R$]

17

Escolhida a sazonalização, o algoritmo determina a receita média esperada pelo

agente Gerador considerando um contrato bilateral de 500 MWmed por 250 R$/MWh.

A figura 14 mostra essa receita e a sazonalização escolhida pelo gerador. Vale ressaltar

que, como o valor do contrato mais alto que o preço de MCP na maioria das vezes, a

receita esperada sofrerá um aumento significativo. Nesse caso esse aumento foi de mais

de 640 mil reais.

Figura 14: Receitas esperada e escolha da sazonalização

As receitas calculadas em cada cenário podem ser conferidas a partir da figura

15.

Figura 15: Receitas esperadas na melhor sazonalização

10 20 30 40 50 60 70 80 90 1002

2.5

3

3.5

4

4.5

5x 10

6 RECEITAS COM CONTRATO NA MELHOR SAZONALIZAÇÃO

cenários

[R$]

receita por cenário

receita média

18

6 CONCLUSÕES

Uma das conclusões importantes que podemos tirar dessas simulações é que

Garantias Físicas altas em períodos onde o preço no MCP tende a ser maior maximiza a

receita dos agentes geradores. Isso justifica a maior receita obtida na sazonalização onde

a GF era constante e explicita também a importância de se guardar água para períodos

de baixa vazão.

A partir das simulações realizadas, percebe-se também a importância das

medidas VaR e CVaR para o gerenciamento do risco de mercado. Percebe-se

claramente que o VaR informa apenas que o gerador tem 5% (caso simulado) de

probabilidade de ter uma receita menor que a medida, mas não tem com saber o

comportamento das receitas piores que esta medida. Como o CVaR é uma média dessas

piores medidas, fica mais fácil de se prever os piores cenários, ou seja, se o VaR é

muito maior que o CVaR, as receitas piores que o VaR são bem mais pessimistas.

Verificou-se também que, se o percentual de risco for aumentado, a receita

esperada tende aumentar, visto que uma quantidade maior de piores cenários não serão

mais aceitos pelo agente Gerador.

As simulações também mostraram que, se o contrato bilateral é vendido por um

preço que é na maioria das vezes maior que o preço de MCP, o agente Gerador tende a

aumentar suas receitas. Por isso é importante que os contratos sejam bem cotados de

forma a reduzir substancialmente o risco de redução da receita esperada.

Por fim, este trabalho foi de essencial importância para a compreensão do

comportamento do mercado de energia bem como os riscos envolvidos nesse mercado.

Por isso, é essencial medir e gerenciar o impacto de cada risco na cadeia do negócio.

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REFERÊNCIAS

[1] FINARDI, Erlon C.. “Notas de Aula da Disciplina de T.A. em Planejamento de

Sistemas de Energia Elétrica: Gestão de Energia Elétrica”.

[2] SILVA, Edson L.. “Formação de Preços em Mercado de Energia”. Sagra

Luzatto, Porto Alegre, RS, 2012.

[3] GUDER, Ritchie. “Otimização de Portfólios de Contratos de Eenergia Elétrica

Utilizando Algoritmos Genéticos Multiobjetivo”. Dissertação de Mestrado –

UFSC, Flrianópolis, SC, 2009.