Trabalho - Manual de Normas e Rotinas - Centro Cirurgico e CME

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CENTRO UNIVERSITRIO DE LAVRAS

MANUAL DE NORMAS E ROTINAS CENTRO CIRRGICO CENTRAL DE MATERIAL DE ESTERILIZAO

RAQUEL DE SOUZA GISELE DE PAULA ANA CAROLINA J. ALVARENGA ALINE SAMPAIO NATLIA PEREIRA AMANDA LCIA KNIA SILVA

LAVRAS MG 2007

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SUMRIO1 INTRODUO .......................................................................................... 6 2 CENTRO CIRRGICO .............................................................................. 7 2.1 Objetivo do centro cirrgico .................................................................... 7 2.2 Finalidade do centro cirrgico ................................................................ 7 2.3 rea fsica do centro cirrgico ................................................................ 7 2.3.1 Localizao ......................................................................................... 7 2.3.2 Estrutura fsica..................................................................................... 8 2.3.2.1 Aspectos a considerar na Estrutura fsica ........................................ 11 3 RECURSOS HUMANOS: COMPETNCIA E ATRIBUIES DA EQUIPE .............................................................................................. 14 3.1 Equipe de anestesia ............................................................................... 14 3.2 Equipe de cirurgia................................................................................... 14 3.2.1 Mdico cirurgio .................................................................................. 14 3.2.2 Mdico assistente ................................................................................ 15 3.2.3 Instrumentao cirrgico ..................................................................... 15 3.3 Equipe de enfermagem .......................................................................... 15 3.3.1 Enfermeira ........................................................................................... 15 3.3.2 Tcnico de enfermagem ...................................................................... 15 3.3.3 Circulante de sala ................................................................................ 16 3.3.4 Instrumentada cirrgico ....................................................................... 16 3.3.5 Auxiliar de enfermagem....................................................................... 16 3.4 Montagem da sala cirrgica ................................................................... 16 3.5 Atendimento durante o ato cirrgico ....................................................... 17 3.6 Assistncia durante a cirurgia contaminada ........................................... 20 3.7 Atendimento aps a cirurgia ................................................................... 20 4 TRANSPORTE DO PACIENTE DO CENTRO CIRRGICO ..................... 22 5 O PACIENTE NA SALA CIRRGICA........................................................ 24 5.1 Recepo e preparo inicial ..................................................................... 24 6. NORMAS GERAIS PARA OS CUIDADOS NO PR-OPERATRIO ....... 25 6.1 No setor de internao ........................................................................... 25

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7 PR-OPERATRIO IMEDIATO ................................................................ 26 8 PR-OPERATRIO DE VSPERA .......................................................... 27 9 POSIO DO PACIENTE PARA A CIRURGIA ........................................ 30 9.1 Posio dorsal ou de decbito dorsal ..................................................... 30 9.2 Posio ventral ou de decbito ventral ................................................... 31 9.3 Posio lateral ou de decbito lateral ..................................................... 31 9.4 Posio ginecolgica .............................................................................. 32 9.5 Outras posies ..................................................................................... 32 10 PREPARO DO CAMPO OPERATRIO .................................................. 34 11 ANTISSEPSIA CIRRGICA .................................................................... 35 12 MEDIDAS DE CONTROLE PARA INFECES DO SITIO CIRRGICO................................................................................. 36 12.1 Principais recomendaes para preveno do ISC .............................. 37 13 PROCEDIMENTOS NA PARAMENTAO PARA A CIRURGIA ........... 39 13.1 Degermao das mos e antebraos ................................................... 39 13.2 Lavagem bsica das mos ................................................................... 39 13.2.1 Materiais e equipamentos necessrios ............................................. 40 13.2.2 Tcnica .............................................................................................. 40 13.3 Preparo das mos e braos antes do ato cirrgico .............................. 41 13.3.1 Solues anti-spticas com detergentes recomendados .................. 41 13.3.2 Materiais e equipamentos necessrios ............................................. 41 13.3.3 Indicao ........................................................................................... 42 13.3.4 Tcnica de escovao ....................................................................... 42 13.4 Paramentao cirrgica e EPIs ........................................................... 43 13.4.1 Paramentao com roupas estreis .................................................. 44 14 EQUIPAMENTOS USADOS NO CENTRO CIRRGICO ........................ 47 14.1 Limpeza dos equipamentos .................................................................. 48 14.2 Cuidados com os equipamentos .......................................................... 48 15 MATERIAIS USADOS NO CENTRO CIRRGICO ................................. 50 15.1 Instrumental cirrgico ........................................................................... 51 15.1.1 Grupo 1 - direse cirrgica ................................................................ 52 15.1.2 Grupo 2 - procedimentos de hemostasia ........................................... 52 15.1.3 Grupo 3 - exrese cirrgica ............................................................... 53

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15.1.4 Grupo 4 - exaurimento cirrgico ........................................................ 54 15.1.15 Grupo 5 - Instrumentos para procedimentos especiais ................... 56 15.1.6 Grupo 6 - Instrumentos para fins diversos ......................................... 56 15.2 Cuidados e manuseio dos instrumentos ............................................... 57 15.2.1 Contagem dos instrumentos .............................................................. 59 15.2.2 Acondicionamento dos instrumentos ................................................. 59 16 CLASSIFICAO DAS CIRURGIAS E O POTENCIAL DE CONTAMINAO ............................................................................ 61 17 TERMINOLOGIA CIRRGICA ................................................................ 63 18 ANESTESIA E ANALGESIA .................................................................... 68 18.1 Principais objetivos do ato anestsico .................................................. 68 18.2 Anestesia propriamente dita ................................................................. 68 18.3 Etapa ps-anestsica imediata ............................................................ 69 19 ANTIBITICOPROFILAXIA CIRRGICA ............................................... 70 20 SALA DE RECUPERAO PS-ANESTSICA .................................... 71 20.1 Organizao da sala de recuperao ps-anestsica .......................... 71 20.2 Recursos humanos............................................................................... 72 20.3 Transporte do paciente......................................................................... 73 20.3.1 Para a sala de recuperao ps-anestsica ..................................... 73 20.3.2 Alta da SRPA para unidade de internao ........................................ 75 20.4 Responsabilidade e assistncia de enfermagem na SRPA .................. 75 20.4.1 Recepo do paciente ....................................................................... 76 20.5 Complicao observadas na SRPA com o paciente ............................ 78 21 FONTES DE CONTAMINAES EM CENTRO CIRRGICO................ 86 22 ESPCIMES E MEMBROS AMPUTADOS ............................................. 87 22.1 Espcimes ............................................................................................ 87 22.2 Membros amputados ............................................................................ 88 23 LIMPEZA E DESINFECO DA SALA CIRRGICA .............................. 90 23.1 Limpeza e desinfeco de reas ......................................................... 90 23.1.1 Classificao das reas pelo risco de contaminao ........................ 90 23.1.2 Mtodo de limpeza e de desinfeco ................................................ 91 23.1.3 Produtos qumicos para desinfeco de reas e superfcies ............ 92 23.1.4 Mtodos de desinfeco.................................................................... 92

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24 PROCEDIMENTOS E TCNICAS REALIZADAS EM UM PACIENTE CIRRGICO .........................................................................94 24.1 Oxigenioterapia .....................................................................................94 24.1.1 Oxigenioterapia por cateter nasal ......................................................96 24.2 Cateterismo vesical ...............................................................................98 24.3 Puno venosa com agulha ou cateter .................................................100 24.4 Sondagem nasogstrica ........................................................................102 24.5 Lavagem intestinal com soluo comercial ...........................................406 24.6 Curativo de inciso simples ...................................................................108 24.7 Curativo de inciso com pontos subtotais ou totais ...............................110 24.8 Curativo de inciso aberta .....................................................................112 25 CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO .............................................115 25.1 Planejamento ........................................................................................115 25.1.1 Estrutura fsica....................................................................................116 25.1.2 Localizao ........................................................................................119 25.1.3 Equipamentos bsicos de uma central de material ............................120 25.2 Recursos humanos................................................................................122 25.2.1 Competncia do enfermeiro da CME .................................................122 25.2.2 Competncias do tcnico ou auxiliar de enfermagem da CME ..........123 25.3 rea de armazenamento e distribuio de artigos mdico-hospitalares ..............................................................................124 25.3.1 Acesso rea.....................................................................................125 25.3.2 Condies ambientais da rea de armazenamento e distribuio .....125 25.3.3 Equipamentos da rea de armazenamento e distribuio ..................125 25.3.4 Controle de artigos .............................................................................126 25.4 Monitorizao dos processos ce esterilizao ......................................127 25.5 Dinmica da central de material esterilizado .........................................128 25.5.1 Fluxograma dos materiais ..................................................................128 25.5.1.1 rea de expurgo ..............................................................................128 25.5.1.2 rea de preparo de materiais e roupa limpa: sala de preparo de luvas ..........................................................................................131 25.5.1.3 rea de esterilizao .......................................................................141 25.6 Desinfeco e esterilizao de artigos ..................................................150

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25.6.1 Classificao dos artigos pelo risco de contaminao ..................... 151 25.6.2 Mtodos de limpeza de desinfeco e de esterilizao ..................... 152 25.6.2.1 Desinfeco .................................................................................... 152 25.6.2.2 Esterilizao ................................................................................. 154 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................. 156 ANEXOS ...................................................................................................... 157

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1 INTRODUOEste manual um instrumento que rene de forma sistematizada normas, rotinas e outras informaes necessrias para o profissional que trabalha em um Centro Cirrgico e Central de Material de Esterilizao. O Centro Cirrgico um lugar especial dentro do hospital, convenientemente preparado segundo um conjunto de requisitos que o torna apto prtica da cirurgia. De uma forma mais tcnica, conceitua-se Centro Cirrgico em um setor do hospital onde se realizam intervenes cirrgicas visando atender a resoluo de intercorrncias cirrgicas, por meio da ao de uma equipe integrada. Nele so realizadas tcnicas estreis para garantir a segurana do cliente quanto ao controle de infeco. Por ser um local restrito, o acesso ao pblico limitado, ficando restrito a circulao dos profissionais que l atuam. J a Central de Material de Esterilizao a rea responsvel pela limpeza e processamento de artigo e instrumentais mdico hospitalares. na CME que se realiza o controle, o preparo, a esterilizao e a distribuio dos materiais hospitalares. Tendo em vista o pressuposto, o presente material tem por objetivo nortear e orientar os membros da equipe envolvidos nestes setores que se tenha uma viso de conjunto, se conhea as atividades e finalidades dos mesmos, bem como os procedimentos especficos e as responsabilidades de cada um.

2 CENTRO CIRRGICO

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2.1 Objetivo do centro cirrgico O principal objetivo da Unidade de Centro Cirrgico o de atender, da melhor maneira possvel, o paciente que ser submetido a um procedimento cirrgico, seja ele eletivo, de urgncia ou emergencial, propiciando equipe cirrgica todas as condies de atendimento e ao paciente a certeza de um atendimento seguro. 2.2 Finalidade do centro cirrgico As principais finalidades do Centro Cirrgico so: - realizar intervenes cirrgicas e devolver o paciente sua unidade de origem na melhor condio possvel de integridade; - servir de campo de estgio para o aperfeioamento de recursos humanos; - servir de local de pesquisa e aprimoramento de novas tcnicas cirrgicas e asspticas. 2.3 rea fsica do centro cirrgico 2.3.1 Localizao - deve ocupar rea independente da circulao geral, ficando, assim, livre do trnsito de pessoas e materiais estranhos ao servio; - possibilitar o aceso livre e fcil de pacientes provenientes das Unidades de internao Cirrgicas, Pronto Socorro e Terapia Intensiva, bem como o encaminhamento dos mesmos s Unidades de origem. 2.3.2 Estrutura fsica

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rea de recepo do paciente - a rea reservada para

recepcionar e transferir pacientes da maca proveniente da Unidade de internao para a do Centro Cirrgico. Assim, deve ter espao suficiente para o recebimento de maca, permitindo a circulao sem prejuzo do transporte ou risco para o paciente. Sala de cirurgia ou operao - a rea destinada realizao de intervenes cirrgicas e endoscpicas. Segundo o Ministrio da Sade, o nmero de salas de cirrgicas para a Unidade de Centro Cirrgico quantificado com base na capacidade de leitos do hospital. Preconizam-se duas salas para cada 50 leitos no especializados ou para cada 15 leitos cirrgicos. Deve ter suas dimenses adequadas de acordo com a quantidade de equipamentos necessrios aos tipos de interveno cirrgica e especialidade cirrgica. A SO deve estar sob presso positiva em relao aos corredores, o que minimiza a entrada de ar desses locais para o interior da sala de operao. O nmero de pessoas na sala de operao deve ser restrito ao cirurgio e um ou dois auxiliares (de acordo com a complexidade do procedimento do CC) anestesiologista e circulante de sala, considerando sempre que, quanto maior o nmero de pessoas, maior a possibilidade de disseminao de microrganismos no ambiente. Convm evitar movimentao desnecessria de portas (que devero permanecer fechadas) conversas excessivas ou demais distraes. Sala de Recuperao Ps-anestsica Local destinado permanncia do paciente aps o ato anestsico cirrgico. O nmero de leitos vai depender dos tipos de cirurgia previstos. De um modo geral, estimam-se dois leitos por sala cirrgica. Lavabos ou rea de Escovao Local onde se realiza a escovao/degermao das mos e antebraos da equipe cirrgica e anestsica. Recomenda-se, para at 2 salas, duas torneiras para casa uma; para mais de duas salas, devem ser projetadas duas

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torneiras para cada novo par de salas. O local de escovao deve ser prximo s salas de cirurgias, a fim de reduzir o tempo de exposio da rea escovada ao meio ambiente. As torneiras devem ser acionadas por pedal ou com o cotovelo, como tambm os recipientes para anti-spticos. Os tanques devem ser instalados numa altura de mais ou menos 90 cm, para favorecer a mecnica corporal no ato da escovao. Neste local devem ser colocados os recipientes para escova e soluo anti-sptica. Sala de Material Esterilizado Local onde o material esterilizado (como da sua distribuio para a sala de cirurgia. A rea fsica no deve permitir o cruzamento de material estril com material contaminado. Essa rea deve ser fechada e possuir sistema de renovao de ar. Sua temperatura ambiente deve ser mantida abaixo de 25C, sendo o ideal at 21C, e a umidade relativa do ar entre 30% e 60%. Sala de guarda de equipamentos rea para guardar e receber equipamentos que so necessrios a determinados procedimentos cirrgicos, evitando o deposito de materiais e equipamentos nos corredores, o que prejudicaria a circulao interna do Centro Cirrgico. Sala de depsito de cilindros de gazes Este local est destinado pra guardar cilindros de oxignio e xido nitroso mesmo que o sistema de distribuio seja centralizado. Sala de medicamentos e material mdico-hospitalar rea destinada guarda de medicamentos e materiais de consumo esterilizados para atender ao ato anestsico-cirrgico. Sala de espera a rea destinada aos familiares ou acompanhantes do paciente, enquanto aguardam o termino da cirurgia e a alta deste da Sala de Recuperao Ps-Anestsica (SRPA). Este ambiente deve ser provido de poltronas confortveis com assentos confortveis e sanitrios anexos. Sala administrativa pacotes de roupa, compressas, gazes, caixas de instrumentais etc.) guardado at o momento

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o

local

destinado

ao

controle

administrativo

da

Unidade,

concentrando a chefia de enfermagem e a secretaria. Sala de material de limpeza Destinada guarda de utenslios e equipamentos de limpeza, sendo importante a presena de tanque com torneira, suporte de papel-toalha e lixeira com tampa e pedal. Rouparia a rea destinada a armazenar a roupa de uso na Unidade, tais como lenis de maca, de mesa cirrgica, entre outros. Expurgo Local destinado a eliminao de matria orgnica proveniente das salas de cirurgia como secrees e excrees do paciente. rea de transferncia para macas Essa rea importante para evitar a circulao interna de macas que percorrem todo o hospital. As macas devem ser mantidas limpas e submetidas desinfeco aps o uso, entre um paciente e outro. Sala ou laboratrio de anatomia patolgica a rea que se destina realizao de exames anatomopatolgicos especficos e rpidos, como a bipsia de congelao. Esta sala pode ser dispensada, quando o laboratrio estiver situado nas proximidades do Centro Cirrgico. Laboratrio para revelao de chapas a rea utilizada para revelar radiografias, mas que tambm pode ser dispensvel quando a Unidade de Radiologia estiver situada prximo ao Centro Cirrgico. Corredores Devem ser amplos e possuir protetores laterais nas paredes, preferencialmente de madeira ou metal, a fim de evitar o impacto entre as macas e as paredes. Vestirios

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O Centro Cirrgico deve ter dois vestirios, um feminino e um masculino, com sanitrios e chuveiros completos e armrios individuais, e duas portas, de modo que o fluxo externo de pessoas independa do fluxo interno. Assim, devem estar localizados na entrada do Centro Cirrgico, de modo que os profissionais, e outras pessoas que venham da rea de circulao externa, s possam ter acesso ao setor aps a troca de roupa em uso por uniforme prprio e privativo para o local. Este consta de cala comprida, tnica, gorro, props e mscara. Os vestirios so barreiras fsicas, considerando que estas esto definidas como Copa importante pra evitar o fluxo e disperso de pessoal no Centro Cirrgico. o local prprio e restrito para alimentao, evitando o uso incorreto de outros ambientes do Centro Cirrgico. 2.3.2.1 Aspectos a considerar na Estrutura fsica Teto Conforme a Portaria 1.884/94 do Ministrio da Sade, o teto do Centro Cirrgico deve ser continuo, sendo proibido o uso de forro falso removvel (BRASIL, 1994). Paredes Deve ter as superfcies lisas e lavveis, de cor neutra, tinta fosca, cantos arredondados sem rodap, com acabamento cncavo, para reduzir a deposio de microorganismos. As paredes devem ser mantidas em bom estado de conservao. Portas As portas devem ser do tipo vaivm, sem maanetas e com visores, para evitar o trnsito desnecessrio dentro da sala de operao. Janelas aqueles ambientes que minimizam a entrada de microorganismos externos.

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Devem ser do tipo basculante, sem parapeitos, dentro e fora, com vidro fosco, vedadas e teladas em malha fina, para evitar a passagem de insetos. Deve permitir entrada de luz natural. Ventilao O objetivo de uma ventilao adequada a remoo de microorganismos, alm de prevenir a sua entrada e promover a exausto dos gases anestsicos utilizados durante as cirurgias. A ventilao deve manter o ambiente confortvel e controlar a umidade diminuindo os riscos de produo de fagulhas eletrostticas. A NBR 7256, citada na Portaria 1.884/94 do Ministrio da Sade, regulamenta a ventilao da sala de operaes nas seguintes condies (BRASIL, 1994): - condies fsicas: temperatura mnima de 19C e mxima de 24C, com umidade relativa do ar correspondente a 45% a 60%. - vazo pro minuto do ar exterior: 15m% (ml/h) - troca do ar ambiental: 2 s/h - insuflamento e exausto do ar filtrado - nvel sonoro de instalao mnima - presso positiva em relao ao ambiente contguo - preconizam-se que as entradas de ar estejam localizadas o mais alto possvel, em relao ao nvel do piso, devendo estar afastadas das sadas, que so localizadas prximas ao piso. Ambas as aberturas devem ser providas de filtros. Iluminao A iluminao artificial deve ser de cor natural, para no altear a colorao da pele e mucosas do paciente e no deixar sombras. A iluminao do campo cirrgico, em especial realizada com os focos central ou fixo, auxiliar e frontal. O foco tem por finalidade: - oferecer luz semelhante natural, de modo a no alterar a cor da pele e mucosas do paciente. - fornecer iluminao adequada ao campo cirrgico, sem projeo de sombras e emisso de reflexos.

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- produzir o mnimo de calor possvel no campo operatrio. Instalaes eltricas Preconizam trs conjuntos com quatro tomadas cada, em paredes distintas, alimentadas por circuitos crticos e uma tomada para aparelho de raios X. Como medida de segurana as tomadas devem estar localizadas a 1,5 m do piso, devendo possuir sistema de aterramento para prevenir choque e queimaduras no paciente e equipes.

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3 RECURSOS HUMANOS: COMPETNCIA E ATRIBUIES DA EQUIPE3.1 Equipe de anestesia A equipe de anestesia formada por mdicos anestesiologistas, responsveis por todo ato anestsico, com as atribuies iniciais de fazer a avaliao pr-anestsica do paciente ainda em sua unidade de internao e de fazer a prescrio da medicao pr-anestsica. tambm da responsabilidade dessa equipe planejar e executar a anestesia, prevendo com antecedncia todos os materiais, equipamentos e medicamentos necessrios, bem como preparar e administrar drogas e controlar as condies clnicas e anestsicas do paciente durante a cirurgia. Ao termino da cirurgia da responsabilidade dessa equipe o envio do paciente Unidade de Recuperao Ps-Anestsica e seu controle at o restabelecimento das condies do paciente, para que este possa retornar unidade de origem em segurana. 3.2 Equipe de cirurgia A equipe de cirurgia a responsvel direta pelo procedimento cirrgico e compe-se dos seguintes elementos: 3.2.1 Mdico cirurgio o responsvel pelo ato cirrgico a ser desenvolvido. Cabe-lhe, portanto, planej-lo e execut-lo, comandando-o e mantendo a ordem no campo operatrio.

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3.2.2 Mdico assistente o que auxilia na cirurgia. Dependendo do porte desta, pode ser necessrio mais de um. Ao primeiro assistente compete auxiliar diretamente o mdico cirurgio e substitu-lo caso haja necessidade. 3.2.3 Instrumentao cirrgico Parte integrante da equipe de cirurgia, responsvel pelo preparo da mesa de instrumental, devendo prever e solicitar com antecedncia todo o material que julgar necessrio. ainda quem fornece os instrumentais ao cirurgio e seus assistentes durante o ato cirrgico, mantendo a mesa de instrumental em ordem e ficando sempre atento para que nada falte. Este profissional dever se adequar resoluo do Conselho Federal de Medicina. 3.3 Equipe de enfermagem A equipe de enfermagem que atua no Centro Cirrgico composta por pessoas de vrios nveis, com responsabilidades diferentes. A quantidade desse pessoal varia conforme a complexidade e o volume de trabalho existente na Unidade, mas em geral a equipe composta de: 3.3.1 Enfermeira Responsvel pelo planejamento das aes de enfermagem que sero desenvolvidas no decorrer do ato cirrgico, bem como pelo gerenciamento relativo aos materiais e equipamentos necessrios. 3.3.2 Tcnico de enfermagem Auxiliar direto da enfermeira, so-lhe delegadas tambm tarefas especiais, como: verificar o funcionamento, a conservao e a manuteno dos

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equipamentos

necessrios

ao

funcionamento

do

Centro

Cirrgico;

responsabilizar-se pelo encaminhamento das peas cirrgicas aos laboratrios especializados e controlar o material esterilizado, verificando seus prazos de validade. Pode tambm exercer as atividades de instrumentador cirrgico ou de circulante de sala. 3.3.3 Circulante de sala Papel normalmente desempenhado pelo auxiliar de enfermagem, com estas atribuies: atendimento direto das solicitaes da equipe mdica no decorrer do ato cirrgico, posicionamento adequado do paciente, verificao e controle de todos os equipamentos exigidos pela cirurgia. 3.3.4 Instrumentada cirrgico Fornecedor dos instrumentais cirrgicos equipe mdica no decorrer da cirurgia esse papel deve ser desempenhado pelo auxiliar de enfermagem. 3.3.5 Auxiliar de enfermagem responsvel pela montagem da sala cirrgica, atividades durante o ato cirrgico e aps. 3.4 Montagem da sala cirrgica Para a montagem da sala, o auxiliar de enfermagem deve tomar as seguintes providencias: - ler com ateno a marcao de cirurgia, observando a solicitao de materiais, medicamentos, equipamentos e outros itens essenciais ao ato cirrgico; - verificar a limpeza dos pisos e paredes; - prover a sala dos equipamentos solicitados;

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- efetuar a limpeza e a desinfeco dos equipamentos e mobilirio necessrios ao ato cirrgico, conforme rotina estabelecida; - testar o funcionamento de todos os equipamentos eltricos, assim como dos pontos de gs e dos aspiradores; - verificar se o lavabo est em ordem e lavar as mos; - equipar a sala com todo o material necessrio para o procedimento cirrgico (material estril,d e pronto uso e noestril); - providenciar as medicaes necessrias para o procedimento anestsico-cirrgico, assim como o material para a anestesia; - verificar se os impressos a serem utilizados no decorrer da cirurgia esto em ordem e so suficientes; - colocar o pacote de campos e aventais, as luvas e as caixas de instrumentais necessrias ao ato cirrgico em local acessvel; - conferir os envelopes de fios de sutura necessrios ao ato cirrgico. 3.5 Atendimento durante o ato cirrgico No decorrer do ato cirrgico, so atividades do auxiliar de enfermagem: - receber o paciente na sala cirrgica, conferindo seus dados pessoais e sua identificao, e ficar ao lado dele enquanto estiver consciente; - igualar a altura da mesa cirrgica da maca, encostando uma na outra, e transferir o paciente para a mesa cirrgica, deixandoo coberto; - verificar se o campo operatrio est preparado e, caso no esteja adequado, refazer seu preparo; - providenciar o suporte de brao e estender sobre eles os braos do paciente para evitar a hiperextenso;

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- auxiliar o anestesista no que for necessrio; se a anestesia for feita por meio de bloqueio regional, colocar o paciente na posio solicitada pelo anestesista; - colocar a placa neutra do bisturi eltrico sob a panturrilha ou outra regio, de acordo com a cirurgia, tendo o cuidado de verificar as condies da rea em que ser colocada; - colocar os eletrodos do monitor cardaco, seguindo as orientaes do anestesiologista; - preparar o manguito do aparelho de presso, bem como o estetoscpio, para que fiquem acessveis ao anestesiologista; - auxiliar a equipe cirrgica a se paramentar (vestir o avental, amarrar os cadaros e apresentar as luvas cirrgicas); - abrir o pacote de campo de mesa cirrgica para oferec-lo ao instrumentador; - abrir a caixa de instrumental e oferec-la ao instrumentador cirrgico; - fornecer os materiais solicitados pelo instrumentador cirrgico (gazes, compressas cirrgicas, fios de sutura, entre outros); - auxiliar no posicionamento do paciente; - ligar o foco central e focalizar o campo cirrgico, caso o foco no possua canoplas adaptveis estreis; - descobrir a rea operatria e oferecer o material para antissepsia; - colocar o arco de narcose e auxiliar o anestesiologista a prender as pontas dos campos cirrgicos no suporte de soro, assim como no arco de narcose, formando a tenda de separao entre o campo cirrgico e o campo de ao do anestesiologista; - aproximar o aparelho de bisturi eltrico e conectar os plos positivo e negativo, cobrindo-o com campo esterilizado, e oferecer o pedal do bisturi ao cirurgio, colocando-o prximo de seus ps;

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- aproximar da equipe cirrgica o hamper coberto com campo estril para receber o material utilizado; - se necessrio, ligar o aspirador e conectar a ponta estril ponta no-estril do computador; - permanecer atento s solicitaes da equipe cirrgica (materiais e instrumentais extras necessrios, regulagem dos aparelhos, entre outras); - receber e identificar a pea cirrgica conforme rotina estabelecida; - zelar pela manuteno e ordem da sala cirrgica, efetuando a desinfeco imediata todas as vezes em que houver extravasamento de sangue e fluidos corpreos no piso ou nas paredes da sala cirrgica, utilizando o desinfetante padronizado pelo setor; - ficar atento contagem das compressas cirrgicas, informando equipe cirrgica qualquer diferena antes do fechamento da inciso; - se necessrio, realizar a pesagem das compressas e das gazes pra avaliar a perda de sangue e fluidos pelo paciente, fornecendo os dados encontrados ao mdico anestesiologista; - fazer as anotaes pertinentes, de acordo com as rotinas do Centro Cirrgico, referentes aos materiais, medicamentos e equipamentos utilizados, assim como o incio e trmico do atp cirrgico, de maneira clara e objetiva; - anotar no relatrio de enfermagem as intercorrncias porventura havidas durante o ato anestsico-cirrgico; - auxiliar o mdico no curativo da inciso cirrgica, ao trmino da cirurgia, oferecendo as solues anti-spticas e os adesivos necessrios.

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3.6 Assistncia durante a cirurgia contaminada Cirurgia contaminada refere-se cirurgia em stio densamente colonizado com a flora humana normal ou quando ocorre intercorrncia durante a cirurgia a partir destes stios, por exemplo ruptura acidental de ala intestinal. As prticas e os cuidados na sala de operao so os mesmos que se utilizam em cirurgias limpas, acrescidas dos seguintes itens: - O saco plstico da lixeira deve ser trocado no mnimo duas vezes durante a cirurgia; - Deve haver barreira de proteo obrigatria entre o paciente e o local da cirurgia; - Todos os materiais fixos do bloco cirrgico devem sofrer desinfeco de alto nvel aps a cirurgia. 3.7 Atendimento aps a cirurgia Concluda a cirurgia, cabe ao auxiliar de enfermagem: - auxiliar a equipe a retirar a paramentao cirrgica; - desligar o foco e os aparelhos eltricos e afast-los da mesa cirrgica; - remover as pinas e os fios de sutura com as respectivas agulhas que estejam sobre os campos cirrgicos, evitando os acidentes com materiais perfurocortantes; - remover os campos cirrgicos que esto sobre o paciente; - cobrir o paciente, mantendo-se aquecido; - transferir o paciente da mesa cirrgica para a maca, aps a liberao do mdico anestesiologista, observando as infuses endovenosas, o curativo cirrgico, o funcionamento de sondas e drenos; - providenciar o transporte do paciente para a Unidade de Recuperao Ps-Anestsica, se houver solicitao, ou unidade de origem e encaminh-lo com toda a documentao

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em ordem e o pronturio completo. Conduzindo a maca ou cama-bero pela cabeceira, para facilitar a observao; - separar a roupa utilizada na cirurgia, verificando se no existem instrumentais misturados a ela, coloc-la em sacos adequados e encaminhar estes ao local apropriado; - separar todo o material perfurocortante, coloc-lo no recipiente adequado e encaminhar este ao local apropriado; - recolher todo o lixo, fechar o saco de coleta e encaminh-lo ao local adequado; - recolher os instrumentais e materiais que tero de ser desinfetados e esterilizados, separando-os por tipo e encaminhando-os para reprocessamento; - recolher o frasco de aspirao e suas extenses, desprezando as secrees no expurgo do Centro Cirrgico; - encaminhar o frasco para limpeza e desinfeco e as extenses com a tampa para reprocessamento; - encaminhar os instrumentais e outros materiais ao setor apropriado, conforme rotina do hospital.

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4 TRANSPORTE DO PACIENTE DO CENTRO CIRRGICOO transporte do paciente da unidade de internao para o Centro Cirrgico deve ser feito em maca, provida de colchonete confortvel, grades laterais e rodas em perfeitas condies de funcionamento. Pode ser, ainda usada a cama bero, dependendo da idade e condies fsicas do paciente. Este procedimento difere de hospital para hospital. Em alguns, fica sob responsabIlidade da Unidade de internao e em outros, da unidade de Centro Cirrgico. Independente da unidade que se responsabiliza por transportar o paciente da unidade de internao para o Centro Cirrgico, fundamental que a pessoa determinada para esta atividade receba treinamento especfico. Ao transport-lo alguns cuidados devem ser tornados: - Preparar a maca ou cama bero com roupas limpas e do mesmo modo como se prepara a cama de um operado, ou seja enrolar juntos o lenol superior, o cobertor e a colcha no sentido longitudinal, deixando-os de um dos lados da maca. - Colocar a camisola aberta e a toca para proteger os cabelos do paciente. - Levar a maca a unidade de internao 40 min a 1 hora antes da cirurgia, dependendo do tipo de cirurgia ou da rotina da equipe cirrgica. - Verificar se o paciente recebeu os cuidados do perodo properatrio imediato e se o pronturio est completo, inclusive com as radiografias. Coloc-los a seguir, sob o colcho da maca. - Conferir a identificao do paciente, a partir do pedido de cirurgia, apresenta-se a ele como funcionrio do Centro Cirrgico e responsvel por transport-lo para o referido setor; - Verificar se foram retirados esmalte, adornos e prteses do paciente, e se este j esvaziou a bexiga, caso no esteja com sonda vesical. - Transportar o paciente, diretamente para a sala cirrgica. A

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permanncia deste no corredor, alm de ser cansativa, propicia a escuta de conversas paralelas que contribuem para aumentar o medo e conseqentemente, a insegurana.

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5 O PACIENTE NA SALA CIRRGICAOs procedimentos no Centro Cirrgico devem estar sempre sob a superviso do enfermeiro, a comear pelo recebimento do paciente na unidade, por ser este o profissional capacitado para avaliar-lhe o estado fsico, emocional e dar-lhe p devido atendimento. 5.1 Recepo e preparo inicial O paciente deve ser cordialmente recebido pelo pessoal de

enfermagem, que confere seus dados pessoais e seu pronturio, certificandose de que todos os exames se encontram anexos. Nesse momento so tambm verificadas as anotaes pr-operatrias feitas na unidade de internao: aplicao da medicao pr-anestsica, sinais vitais, retirada de prteses e jias, problemas alrgicos e condies fsicas e emocionais do paciente etc. O paciente deve, ento, ter os cabelos protegidos com um gorro descartvel e encaminhado a sala cirrgica, aos cuidados do circulante de sala, cuja funo, nesse momento a de manter uma conversao tranqila com ele e orient-lo sobre os procedimentos que viro. Na transferncia do paciente da maca para a mesa cirrgica, preciso igualar as alturas desses dois equipamentos e encostar um no outro, a fim de facilitar a passagem. Deve-se verificar se a rea operatria est devidamente preparada, realizando a tricotomia, se necessrio, e manter o paciente aquecido e protegido at a entrada da equipe cirrgica. Atualmente a tricotomia no local onde ser realizada a inciso cirrgica, deve ocorrer minutos antes da induo anestsica, como medida preventiva de infeco.

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NORMAS GERAIS OPERATRIO

PARA

OS

CUIDADOS

NO

PR-

6.1 No setor de internao - A lavagem das mos , isoladamente a medida mais importante na preveno das infeces hospitalares, devendo ser realizadas antes e aps a manipulao de qualquer paciente. - O banho pr-operatrio tem como objetivo eliminar detritos depositados sobre a pele e conseqentemente reduzir a sua colonizao, porm ele no deve ser realizado muito prximo a cirurgia pois a frico e a gua tpida removem as clulas superficiais e aumentam a ascenso das bactrias dos reservatrios mais profundos para a superfcie. - Realizar tricotomia apenas quando estritamente necessria devendo restringi-la aos casos em que os plos impeam a visualizao do campo ou dificultem a colocao de curativo; realiz-la no mx 2h antes da cirurgia.

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7 PR-OPERATRIO IMEDIATONeste perodo do pr-operatrio, assistncia prestada pela equipe interdisciplinar continua voltada ao preparo fsico e emocional do paciente para cirurgia. Do ponto de vista emocional, sabe-se que a proximidade do ato cirrgico pode contribuir para aumentar a ansiedade do paciente. Por esta causa, toda a equipe deve estar alerta para esclarecer-lhe um ou outro aspecto que por ventura, no esteja claro, e detectar sinais e sintomas de alteraes fsicas decorrentes. Entre estas podem-se citar: taquicardia, hipertenso, hipertermia, sudorese e insnia. Este momento do pr-operatrio no propcio ao ensino, pois o paciente no est receptivo para tal. Alm da atuao na avaliao e preparo emocional, a competncia do enfermeiro planejar, implementar e avaliar as aes de assistncia para o preparo fsico do paciente de pr-operatrio imediato. Estas aes de assistncia compreendem: - esvaziamento intestinal - modificao da dieta e jejum antes da cirurgia - higiene corporal e oralesvaziamento da bexiga - passagem da sonda nasogstrica - controle de sinais vitais - remoo de prteses dentarias e outros - medicao pr-anestsica - preparo da pele

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8 PR-OPERATRIO DE VSPERAAt h pouco tempo atas, a funo do enfermeiro da unidade do Centro cirrgico era dirigida mais para os aspectos gerenciais, o que, na maioria das vezes, tornava-o distante do contato com o paciente. A evoluo tcnica e cientfica alcanada pela enfermagem, especialmente no que diz respeito a sistematizao de assistncia, despertou no enfermeiro do centro cirrgico a necessidade de prestar assistncia, mais direta ao paciente, no perodo pr-operatrio. Isso fez com que este procurasse uma forma que tornasse possvel viabilizar a sua necessidade. Para tanto, utilizou como estratgia a visita pr-operatria de enfermagem que, alm de possibilitar-Ihe perceber o estado de apreenso apresentado pelo paciente e/ou famlia frente a cirurgia, propicia Ihe maior nmero de informaes possveis a respeitos destes, bem como facilita sua interao com o enfermeiro da Unidade de internao. Desta forma a visita pr-operatria ajuda a cerca de obter dados do paciente, detecta problemas ou alteraes relacionadas aos aspectos biopsicoscio-espirituais do paciente e planeja a assistncia de enfermagem a ser prestada no perodo preparatrio. Finalidades: Diminuir ansiedade do paciente e famlia em relao ao procedimento anestsico-cirrgico e ambiente do centro cirrgico; Avaliar as condies fsicas e emocionais do paciente para obter subsdios necessrios ao planejamento e implementao a assistncia a ser prestada durante a permanncia do paciente na unidade do Centro Cirrgico e de recuperao ps-cirrgica; Proporcionar continuidade na assistncia de enfermagem, de forma individual e documentos e documentada, pr e ps-operatrio. Contribuir para a melhoria da qualidade de assistncia de enfermagem prestada no perodo perioperatrio.

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Procedimento: Levantamento de dados, por intermdio do histrico e exame fsico de enfermagem, com finalidade de identificar problemas, que so a base para o diagnstico da situao; Planejamento da assistncia prestada; Entrevista com o paciente e/ou famlia; Consulta ao pronturio mdico, a fim de pesquisar dados que fizerem necessrios; Interao com a unidade de internao, para se notificar de alguma recomendao especial; Cirurgia Proposta: Este item importante no s para fornecer subsdios para a orientao do paciente, mas tambm para direcionar a previso e proviso de materiais e equipamentos para a sala de cirurgia, e assistncia de enfermagem; Posio Cirrgica: Est na dependncia da cirurgia proposta, deve ser orientado quanto a posio especfica para a cirurgia e providenciar acessrios para auxiliar na posio. Horrio Programado: Este item serve de orientao ao paciente ou com famlia para se organizarem em relao ao horrio da cirurgia. Experincia Cirrgica Anterior: Permite identificar as experincias cirrgicas vivenciadas anteriormente pelo paciente, e avaliar se estas so influenciadas no seu estado emocional. Documentao de Autorizao para Cirurgia: Este documento demonstra que o paciente est ciente do

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tratamento a que vai ser submetido, o termo de responsabilidade deve ter sido assinado pelo paciente e/ou famlia. Avaliao geral, que deve constar: - Conhecimento do paciente sobre o ato anestsico-cirrgico; - Observao do estado emocional, preocupaes e expectativas quanto ao tratamento cirrgico proposto; Avaliao fsica geral, incluindo os segmentos corporais, especialmente o local onde ser feita a inciso cirrgica. A visita do enfermeiro de fundamental alcance dos objetivos propostos, assistncia tambm muito importante, pois, um motivo a mais para que este profissional que designado a trabalhar neste local.

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9 POSIO DO PACIENTE PARA A CIRURGIAA posio do paciente determinada tanto pelo anestesiologista, dependendo do tipo de anestesia a ser aplicado no paciente, quanto pelo cirurgio, de acordo com a cirurgia a ser realizada. Em geral, ambos ajudam a colocar o paciente em posio a fim de que permanea da maneira mais adequada possvel em termos do desenvolvimento do ato anestsico-cirrgico e de conforto. A equipe de enfermagem deve sempre ter a mo materiais acessrios que auxiliem no melhor posicionamento do paciente, como: - perneiras metlicas acolchoadas; - arcos de proteo; - ombreiras metlicas acolchoadas: - talas de madeira acolchoadas, com comprimento e largura adequados; - coxins; - ataduras de crepom, gazes e esparadrapo; - braadeiras metlicas; - outros. Trataremos aqui somente das posies cirrgicas propriamente ditas, pois aquelas em que o paciente colocado para o ato anestsico sero vistas no capitulo 14. que aborda anestesia e analgesia. A posio cirrgica aquela em que o paciente e colocado, depois de anestesiado, para ser submetido a operao, levando em conta principalmente a via de acesso cirrgico. So diversas as posies possveis, cada qual dependendo do tipo de cirurgia a ser executada. Abordaremos a seguir as principais delas. 9.1 Posio dorsal ou de decbito dorsal O paciente fica deitado sobre seu dorso, em posio horizontal, com as pernas em sentido longitudinal ao corpo e os braos abertos, de preferncia

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apoiados sobre talas. Trata-se da posio que se emprega em cirurgias abdominais supra e infra-umbilicais, torcicas e vasculares, entre outras. a posio cirrgica mais utilizada e a que traz o menor nmero de complicaes respiratrias intra e ps-operatrias. 9.2 Posio ventral ou de decbito ventral O paciente permanece deitado sobre seu abdome, em posio horizontal, com os braos e as pernas em sentido longitudinal ao corpo. A cabea deve ser voltada para um dos lados, colocando-se coxins sob os ombros e tambm sob a regio infra-umbilical, com a finalidade de facilitar a expanso pulmonar e evitar a compresso dos vasos do pescoo. Costuma-se utilizar coxins tambm sob os tornozelos, que so assim posicionados corretamente para evitar sua distenso e compresso. Essa posio usada nas cirurgias das regies dorsal, lombar, sacrococcgea e occipital. Vale lembrar que, nas cirurgias efetuadas na regio occipital, necessria a colocao de um suporte para a fixao da fronte. 9.3 Posio lateral ou de decbito lateral O decbito lateral pode ser tanto direito como esquerdo, dependendo da via de acesso que o cirurgio v utilizar. O paciente colocado deitado sobre um dos lados, com a perna superior em extenso e a inferior fletida, e um coxim entre ambas para separ-las. Para manter o paciente nessa posio preciso restringi-lo com faixas largas de esparadrapo passadas sobre seu quadril e presas a mesa cirrgica. O brao superior normalmente e fixado ao arco de proteo utilizado para separar o campo cirrgico do anestsico. Nessa fixao deve-se sempre lembrar de revestir o suporte metlico e o brao do paciente com atadura de crepe, ou outro isolante qualquer, com a finalidade de evitar queimaduras nesse local devido ao uso do bisturi eltrico. Essa posio utilizada em cirurgias de toracotomia ou lobotomia.

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9.4 Posio ginecolgica Nesta posio, o paciente colocado em decbito dorsal, tendo os membros inferiores elevados e colocados em suportes especiais, tambm chamados perneiras, e fixados com correias. Deve-se ter o cuidado de envolver-Ihe as pernas de tecido para Ihe proporcionar conforto e segurana. Esta posio esta indicada para as cirurgias ginecolgicas, proctolgicas, algumas urolgicas e exames endoscpicos. 9.5 Outras posies Alm dessas, h posies especficas para determinados

procedimentos cirrgicos, que precisam utilizar acessrios especficos, como no caso das cirurgias neurolgicas, otorrinolaringolgicas e outras. Ao posicionar-se o paciente para uma interveno cirrgica, deve-se sempre lembrar de alguns cuidados que previnam problemas futuros para ele. Os principais so: - no comprimir terminaes nervosas, evitando assim paralisias que podero ser irreversveis; - no forar posies de braos ou pernas e proteg-los do contato com superfcies metlicas; - proteger as proeminncias sseas, principalmente em pacientes obesos e idosos, para evitar a formao de escaras e trombos e a compresso da circulao; - cuidar para que os membros inferiores (pernas) e superiores (braos) nunca fiquem pendentes da mesa de operao; sendo impossvel coloc-los ao longo do corpo, deve-se apoi-los sobre talas; - evitar, sempre que possvel, distenses musculares provocadas por movimentos bruscos em qualquer parte do corpo. - o possibilitar livre fluxo das infuses venosas e a adaptao dos eletrodos para a perfeita avaliao intra-operatria.

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Da mesma maneira, ao se retirar o paciente, da posio cirrgica, alguns pontos precisam se observados: - manusear o paciente anestesiado com movimentos firmes e lentos, pois a mudana repentina de posio pode levar a queda de presso arterial; - ao retirar-se o paciente da posio ginecolgica, deve-se ter o cuidado de descer, alternadamente, as pernas, a fim de prevenir o afluxo rpido de sangue para os membros inferiores, podendo causar a mesma situao acima referida; - manter a cabea voltada para um dos lados, quando o paciente permanecer em decbito dorsal; - observar o posicionamento correto das infuses e drenagens. Nesta fase do perioperatrio que mais freqentemente costuma acontecer as quedas acidentais. Da a necessidade de redobrar a vigilncia, no deixando o paciente sozinho em nenhum momento, at que seja transportado para a recuperao ps-anestsica.

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10 PREPARO DO CAMPO OPERATRIOAo ser colocado sobre a mesa cirrgica, o paciente cuidadosamente examinado pelo circulante de sala, que verifica se o campo operatrio est devidamente preparado. Esse local deve estar rigorosamente limpo e, se necessrio, isento de plos. As laterais do corpo do paciente devem ser protegidas com compressas ou campos cirrgicos, que no precisam ser estreis, com a finalidade precpua de absorver o excesso de produtos anti-spticos. Com isso, evitam-se reaes qumicas adversas, como queimaduras qumicas, que normalmente acontecem quando o paciente permanece por muito tempo na mesa cirrgica. O campo operatrio deve ser exposto ao cirurgio, que normalmente faz a antissepsia, com produtos apropriados, j com tcnica assptica, ou seja, devidamente paramentado. Dependendo do porte da cirurgia, ou mesmo da rotina de algumas equipes cirrgicas, a rea operatria lavada com soluo antissptica detergente, por meio de compressas cirrgicas estreis, o excesso limpado com gua destilada estril, que secada com compressa cirrgica estril. Em seguida usado o antisseptico para o preparo do campo operatrio.

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11 ANTISSEPSIA CIRRGICAComo j foi dito, o preparo do campo operatrio e normalmente feito pela equipe cirrgica, aps o posicionamento adequado do paciente. Em geral so utilizados os seguintes produtos antissepticos: - solues de lcool iodado; - solues de iodforos a 10%; - solues de clorohexidine a 0,5% alcolico.

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12 MEDIDAS DE CONTROLE PARA INFECES DO SITIO CIRRGICOSo estas: Preparo do Paciente Higiene Corporal - Realizar banho completo antes que este seja encaminhado ao centro cirrgico; Tricotomia; - Remover os pelos com lmina ou aparelho eltrico. Obs.: Recomenda-se que a tricotomia seja realizada, apenas quando os pIos interferirem no procedimento operatrio e, no mximo, duas horas antes da cirurgia, usando o aparelho eltrico. Anti-sepsia e Anti-sptico Anti-sepsia: aplicar um agente germicida de baixa causticidade, hipoalergnico e possvel de ser aplicado em tecido vivo. Anti-spticos: os produtos anti-spticos devem constar na portaria n 930 do Ministrio da Sade (BRASIL, 1992). Preparo da pele paciente: Realizar frico mecnica da pele com PVP-I ou clorhexedina degermante, da aplicao das solues alcolicas dos mesmo tipos de antispticos. Aguardar (minuto para iniciar o procedimento). Campos Cirrgicos Usar campos de tecido impermevel e permevel. Antibitico profilaxia Recomenda-se a administrao da primeira dose no perodo de induo anestsica, para que a concentrao tecidual seja adequada durante o ato cirrgica. O prolongamento da antibioticoterapia profiltica por mais de 48 horas, apenas aumenta os riscos dos efeitos colaterais e da flora bacteriana. Preparo da equipe Degermaao das mos Paramentao Cirrgica

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12.1 Principais recomendaes para preveno do ISC - Minimizar o tempo de internao pr-operatrio; - Tratar as infeces existentes previamente ao ato cirrgico: - Realizar a tricotomia apenas quando o pelo prejudicar a tcnica cirrgica. A tricotomia deve ser realizada, o mais prximo da cirurgia, no ultrapassando o prazo de duas horas, antes da mesma; - Dar banho com gua e sabo antes da cirurgia. No h dados que demonstrem a necessidade do uso do anti-sptico no banho; - Preparar o campo operatrio, friccionando a regio a ser operada com soluo degermante PVP-I ou clorhexedina, seguindo-se a aplicao de soluo anti-sptica alcolica de PVP-I ou clorhexedina. Utilizar campos cirrgicos estreis; - Preparar a equipe com paramentao adequada, incluindo gorro, mscara a avental estril, o uso de protetor ocular est indicado para proteo contra respingos em mucosa ocular; - Lavar as mos com soluo anti-sptica degermante (PVP-I ou clorhexedina) durante cinco minutos antes da primeira cirurgia e, por dois a trs minutos, entre cirurgias; - Usar luvas estreis durante o ato cirrgico, trocando-as quando perfuradas; - Usar antibitico profiltico apenas quando indicado (cirurgias potencialmente contaminadas, e limpas, quando h colao de prteses), por via parenteral, com incio no pr-operatrio (at duas horas antes da cirurgia), preferencialmente, no momento da pr-anestesia e manuteno, no mximo de 24-48 horas aps a cirurgia; - Usar tcnica cirrgica adequada, evitando formao de hematomas e espaos vazios; - Evitar muitas pessoas na sala cirrgica e manter a porta

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fechada; - Fazer, periodicamente, manuteno dos filtros dos equipamentos de ar condicionado; - Limpar as salas cirrgicas, aps cada cirurgia, sem necessidade de mudana de rotina para cirurgias contaminadas ou com infeco; - No colocar pano embebido em solues desinfetantes na entrada da sala cirrgica; - Esterilizar o material cirrgico, observando os testes de esterilidade; - Lavar as mos antes e aps tocar a ferida cirrgica; - Usar avental para a proteo da equipe cirrgica;

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13 PROCEDIMENTOS NA PARAMENTAO PARA A CIRURGIAA paramentao da equipe cirrgica exige a realizao de

procedimentos especficos, executados em passos padronizados e com observao rigorosas dos princpios cientficos. Estes procedimentos so: degermao das mos, vestir avental e roupa esterilizados, e calar luvas esterilizadas. 13.1 Degermao das mos e antebraos Este procedimento se justifica por que a pele, normalmente, habitada por duas populaes bacterianas, ou seja, a flora residente e a transitria. A flora residente constituda pro microrganismos capazes de sobreviverem e se multiplicarem na superfcie cutnea e folculos pilosos, sendo portanto de difcil remoo. Os estafilococos coagulase negativa, corynebactria (difterides e corniformes), acinelobactria e outros so microrganismos comumente encontrados na flora residente. A transitria, tambm conhecida como flora de contaminao, composta por microrganismos diversos e de virulncia variadas. Estes microrganismos nem sempre esto presentes na superfcie da pele da maioria das pessoas e so removidos mais facilmente., algumas bactrias Gram-negativas (como, por exemplo, E. coli) tm condies mnimas de sobrevivncia sobre a pele. A degermao das mos e antebraos da equipe cirrgica deve promover a eliminao da flora transitria e reduo da flora residente e, ainda, o retardamento da recolonizao da flora residente pelo efeito residual. Sabese que, aps a realizao de tal procedimento, estes microrganismos multiplicam-se. 13.2 Lavagem bsica das mos o simples ato de lavar as mos com gua e sabo, visando a remoo de bactrias transitrias e algumas residentes, suor, oleosidade e

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sujidade da pele. O objetivo da lavagem de mos reduzir a transmisso de microrganismos pelas mos, prevenindo infeces. 13.2.1 Materiais e equipamentos necessrios - Pias com pedal ou torneira - gua - Dispensadores de sabo lquido e anti-spticos - Porta papel toalha e papel toalha. 13.2.2 Tcnica Este procedimento deve tornar-se um hbito e ser realizado da seguinte maneira: - fique em posio confortvel, sem tocar na pia: abra a torneira, de preferncia com a mo dominante ou com uso de papel; - mantenha se possvel, a gua em temperatura agradvel, j que a gua quente ou muito fria resseca a pele; - use, de preferncia 2ml de sabo lquido e ensaboe as mos por aproximadamente 15 segundos, em todas as suas faces, espaos interdigitais, articulaes, unhas e extremidades dos dedos (seguindo os passos conforme a seqncia da Fig. 1); - enxge as mos, retirando totalmente a espuma e resduos de sabo; - enxugue-as com papel-toalha; - feche a torneira utilizando o papel-toalha descartvel, sem encostar na pia ou na torneira.

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Figura 1 - Como ensaboar as mos em todas as faces

13.3 Preparo das mos e braos antes do ato cirrgico Antes de qualquer procedimento cirrgico, o profissional deve remover todas as jias, inclusive alianas. As unhas devem ser aparadas, no devem conter esmalte nem ser postias, a fim de evitar o aumento de carga de bactrias nas mos, em especial as gram-positivas. 13.3.1 Solues anti-spticas com detergentes recomendados Soluo detergente de PVP-I a 10% (1% de iodo ativo) Soluo detergente de clorexidina a 2% ou 4% (alternativa para pessoas alrgicas ao PVPI). 13.3.2 Materiais e equipamentos necessrios Pias com pedal ou torneira acionada por p ou cotovelo gua Escova esterilizada Soluo anti-sptica em dispensadores Toalha ou compressa esterilizada

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13.3.3 Indicao Preparo das mos e antebraos antes de qualquer procedimento cirrgico. 13.3.4 Tcnica de escovao A remoo mecnica dos detritos pode ser realizada por escovao ou frico: as escovas devem ser macias e descartveis ou convenientemente esterilizadas, e de uso individual; molhar as mos e antebraos com gua corrente. A torneira deve ser acionada por p ou cotovelo, e no manualmente; aplicar a soluo anti-sptica sobre a palma da mo, espalhar com movimentos de frico ou escovao, iniciando pelas extremidades dos dedos, com especial ateno sobre os leitos subungueais e espaos interdigitais. O processo deve continuar pelas faces das mos e antebraos; o processo todo deve durar rigorosamente cinco minutos para a primeira cirurgia e trs minutos entre dois procedimentos; enxaguar em gua corrente a partir das mos par ao cotovelo. A torneira deve ser fechada com o cotovelo ou por outro profissional, mas no com as mos; durante todo o processo, as mos devem estar sempre acima do nvel dos cotovelos; enxugar com toalha ou compressa esterilizada, obedecendo direo das mos para os cotovelos, com movimentos compressivos e no de esfrego.

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13.4 Paramentao cirrgica e EPIs A paramentao corresponde troca das vestes rotineiras por vestimentas adequadas antes do ato cirrgico. Indicao: todas as pessoas envolvidas no trabalho do centro cirrgico, principalmente dentro das salas de operao, devem usar roupas apropriadas. A importncia da paramentao proteger a rea a ser operada da flora liberada pela equipe cirrgica e esta da exposio s secrees dos pacientes. A troca de roupa (pelo pijama cirrgico, gorro e props) dever ser feita no vestirio, que corresponde zona de proteo do Centro Cirrgico, sendo seguida da colocao do avental e das luvas estreis aps a escovao das mos e entrada na sala cirrgica, propriamente dita. Uniforme privativo O uso de uniforme privativo feito de tecido com porosidade de 7 a 10 e o fechamento das calas nos tornozelos pode reduzir a disperso de bactrias. Tal uniforme nunca deve ser usado fora da rea do Centro Cirrgico. Aventais cirrgicos Os aventais convencionais devem ser confeccionados em material resistente penetrao de lquidos e microrganismos e ao desgaste e deformao. Devem possuir uma nica camada de tecido, geralmente algodo ou brim. Os aventais devem se confeccionados em tamanhos adequados, garantindo o fechamento completo, conforto e total cobertura a partir do pescoo e membros. Na altura dos punhos, devem possuir tramas resistentes ao desgaste. Periodicamente devem ser inspecionados integridade e durabilidade. Aventais impermeveis descartveis representam outra opo. A colocao do avental deve ser feita de maneira cuidadosa a fim de evitar a contaminao do mesmo. Este deve ser segurado com ambas as

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mos, as quais sero introduzidas simultaneamente atravs das mangas. A poro posterior do avental , ento, tracionada. Mscara cirrgica O uso correto da mscara cirrgica evita ou reduz a eliminao de microrganismos no ambiente e protege o profissional contra respingos de secrees oriundas do paciente. Apresentam vida til de 2 horas. Deve ser usada por todos na sala de operao e cobrir boca e nariz e estar junto a face. So preferveis as mscaras com dupla gaze de algodo ou de polipropileno ou polister. 13.4.1 Paramentao com roupas estreis As roupas estreis so utilizadas para prevenir a contaminao do campo operatrio mediante contato direto do corpo do cirurgio com o do paciente. Todas as pessoas que entram em campo operatrio, bem como aquelas que manipulam os materiais e instrumentais estreis - como o caso do instrumentador cirrgico - devem usar aventais e luvas estreis (Figura 2 e 3).

Figura 2 - A auxiliar, j paramentada, ajuda o cirurgio a vestir seu avental. Note que os punhos de suas luvas esto colocados sobre as dobras do punho do avental. Mscaras e gorros cobrem o nariz,a boca e o mximo de regio de cabelos.

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Figura 3 - A auxiliar ajuda a desdobrar a lateral do avental, mantendo as costas do cirurgio tambm estreis.

O avental geralmente amarrado atrs, na regio da nuca e da cintura, mas o mais recomendado o tipo circular. Esse tipo de avental envolve o corpo do cirurgio, mantendo-o estril anterior e posteriormente, e atado pelo prprio usurio ou com a ajuda do auxiliar j paramentado (ver as figuras abaixo)

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Figura 4 - Paramentao ou vestimenta completa de componentes da equipe cirrgica: gorro, mascara, avental e luvas. Note as luvas sobre os punhos ajustados ao avental. Figura 5 - Mtodo recomendado para prevenir contaminao quando da colocao das luvas estreis pelo cirurgio.

As luvas cirrgicas, so a nicas adequadas para os procedimentos cirrgicos, devendo obrigatoriamente ser estreis, idealmente devem cobrir mos e dedos, estendendo-se por sobre os punhos dos aventais, onde ficam aderidas devido presso elstica do punho da prpria luva. Gorros, mscaras, aventais, calas, jalecos e props devem ser retirados imediatamente quando molhados ou sujos. Os aventais, os props e as luvas cirrgicas devem ser tirados ainda na sala cirrgica.

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14 EQUIPAMENTOS USADOS NO CENTRO CIRRGICOOs equipamentos bsicos utilizados na sala de operao so classificados em fixos e mveis. A - Equipamentos fixos So aqueles adaptados estrutura fsica da sala cirrgica. Tais como: Foco central; Negatoscpio; Sistema de canalizao de ar e gases; Prateleira (podendo estar ou no presente). B - Equipamentos mveis So aqueles que podem ser deslocados de uma para outra sala de operao, a fim de atender o planejamento do ato cirrgico de acordo com a especificidade, ou mesmo serem acrescidos durante o desenvolvimento da cirurgia. So estes: mesa cirrgica e acessrios: colchonete de espuma, perneiras metlicas, suporte de ombros e arco para narcose. Atualmente, j esto no mercado mesas cirrgicas totalmente automatizadas, o que permite vrias configuraes, a partir da simples troca de acessrios e mdulos, e possibilita movimentos suaves e precisos em todas as direes e em ngulo de quase 180. aparelho de anestesia, contendo kits de cnulas endotraqueais e de Guedel: laringoscpios; pinas de Magil e esfigmamanmetro; mesas auxiliares para instrumental cirrgico, de Mayo e para pacotes de roupas estreis; bisturi eltrico ou termocautrio; aspirador de secrees; foco auxiliar; banco giratrio;

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balde inoxidvel com rodzios; suportes: de brao, hamper, bacia e soro; escada de dois degraus; estrado; equipamentos utilizados para ajudar no posicionamento do paciente, tais como: coxins de areia ou espuma de diferentes tamanhos e talas; carro para materiais de consumo e solues anti-spticas (o qual pode ser dispensado, quando houver local adequado para a colocao destes materiais como, por exemplo, prateleiras); carro para materiais estreis; aparelhos monitores; balana para pesar compressas e gazes. So exemplos de equipamentos moveis que podem ser acrescentados sala cirrgica: suporte de trpano, microscpio, mquina para circulao extracorprea e outros. 14.1 Limpeza dos equipamentos A limpeza desses equipamentos deve ser feita aps cada cirurgia, ou pelo menos 1 vez ao dia, na ausncia de cirurgias. O responsvel pela limpeza o circulante da sala de operao e deve ser realizada com compressas estreis e soluo de lcool 70%. 14.2 Cuidados com os equipamentos Os avanos tecnolgicos que vm ocorrendo nos equipamentos hospitalares, especialmente no que se refere queles utilizados na Unidade de Centro Cirrgico, esto exigindo das Instituies de Sade a aquisio de tais recursos, de qualidade e em quantidade necessrias para prestar melhor atendimento ao paciente, bem como a atualizao contnua dos componentes

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das equipes em relao ao manuseio e uso desses equipamentos, imprescindveis ao bom funcionamento do setor. A qualidade um fator importante a ser observado no planejamento de equipamentos a serem utilizados na sala de cirurgia, pois est relacionada durabilidade destes e segurana do paciente.

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15 MATERIAIS USADOS NO CENTRO CIRRGICOO planejamento de materiais para uso na sala de cirurgia deve incluir aqueles considerados bsicos ao atendimento de uma cirurgia geral, e os especficos, de acordo com o tipo de cirurgia. Para efeito didtico, estes materiais sero grupados em: esterilizados, solues anti-spticas, impressos mais comuns e medicamentos. A - Material esterilizado pacote de aventais; pacote de opa (avental de abertura para frente); pacotes de campos duplos e/ou simples; pacotes de compressas grandes e pequenas; pacotes de gazes comuns e especiais; pacote de impermevel (para a mesa de instrumentador); caixa de instrumentos; pacote de material para anti-sepsia; pacotes de cpulas grandes e pequenas; pacotes de cuba rim; pacote de bacia; pacotes de sondas e drenos diversos; pacotes de luvas de diferentes nmeros; pacote de cabo com borracha para aspirador; caixas de fios de sutura de diferentes tipos e nmeros; caixa ou pacote de cabo do bisturi eltrico; equipos de soro, seringas, agulhas e cateteres para puno venosa, cateter para oxignio, sondas e aspirao, nasogstrica e vesical; estojo de material cortante contento tesouras retas, curvas, cabo de bisturi e agulhas de sutura. Em algumas instituies, este material esterilizado dentro da caixa de instrumentais;

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bandejas Magil.

de

material

para

anestesia,

contendo

cnulas

endotraqueais com guia, de Guedel, laringoscpio e pina de B - Solues anti-spticas iodines (lcool iodado com 1% a 2% de iodine e iodine potssio em 70% de lcool); iodforos (iodine mais poilivinilpirrolidona); clorohexidina; lcoois (etanol, n-propil e isopropil); C - Impressos sistematizao de enfermagem; grfico de anestesia; relao de gastos; receiturio para medicamentos controlados; requisio de laboratrio e banco de sangue. D - Medicamentos solues glicosadas, fisiolgicas, Ringer, Manitol, bicarbonato de sdio e Haemavel; medicamentos anestsicos, relaxantes musculares, neurolpticos, tranqilizantes, analgsicos, colinrgicos e anticolenrgicos, eletrlitos, anticoagulantes, antibiticos e outros necessrios assistncia do paciente no perodo intraoperatrio; pomadas: xilocana gelia; adesivos para fixao de curativos e ataduras. 15.1 Instrumental cirrgico Iremos classificar os instrumentos cirrgicos em seis grupos bsicos, sendo cada grupo representativo de uma determinada etapa da cirurgia.

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15.1.1 Grupo 1 - Direse Cirrgica Neste grupo temos os bisturis e as tesouras. Os bisturis so os principais instrumentos de corte. O bisturi compe-se por duas peas: o cabo e a lmina. Tantos os cabos quanto as lminas variam de formato e de tamanho, de acordo com o tipo de cirurgia ou ato cirrgico a ser realizado. Cada pea tendo a sua respectiva aplicao. Os cabos mais curtos so prprios para os atos cirrgicos de superfcie, ou seja, o seccionamento do tecido epitelial. Os cabos mais longos destinam-se aos atos cirrgicos em cavidades, ou seja, em profundidade. Os bisturis eltricos facilitam muito o processo de coagulao, diminuindo bastante os sangramentos em cirurgias. As tesouras tambm variam de tamanho e de formato (curvas ou retas, finas ou grossas) de acordo com a sua aplicao. As mais utilizadas, so a tesoura do tipo Metzenbaum que por ser uma tesoura do tipo curva, a mais empregada pelo mdico-cirurgio chefe e a tesoura do tipo Mayo que por ser uma tesoura do tipo reta, a mais utilizada pela instrumentadora cirrgica e pelos mdicos cirurgies assistentes. Muito til no corte dos fios cirrgicos. 15.1.2 Grupo 2 - Procedimentos de Hemostasia Neste grupo temos as pinas onde existe uma grande variedade delas, variando de tamanho (pequenas, mdias e grandes) e de formato (retas ou curvas, traumticas ou no traumticas). Dentre as pinas hemostticas mais empregadas, podemos destacar as pinas do tipo Kocher que por ser uma pina traumtica, dotada de dentes de rato, vem sendo empregada com sucesso para preenso da aponeurose dos msculos. Temos tambm as pinas do tipo Kelly que podem ser observadas na foto. As pinas do tipo HasItead por serem pinas finas, so empregadas com sucesso em cirurgias infantis. So conhecidas pelos apelidos de mosquitinho ou mosquito, por serem pequenas. So bem mais delicadas do

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que as pinas do tipo Kelly e aplicam-se a vasos de menor calibre. Temos tambm as pinas do tipo Pean, as pinas do tipo Mixter que so amplamente utilizadas em cirurgias pulmonar, heptica e renal e as pinas do tipo Satinsky e que so muito utilizadas em cirurgias vasculares. As pinas do tipo Faure podem ser observadas na foto, assim como as pinas do tipo Rochester-Pean so pinas de maior resistncia, prprias ao pinamento de tecidos no delicados ou sensveis. 15.1.3 Grupo 3 - Exrese cirrgica Neste grupo temos os instrumentos para preenso e os de separao. Instrumentos para Preenso A finalidade destes instrumentos cirrgicos, como o prprio nome j diz, a de segurar, erguer momentaneamente inclinar e/ou tracionar determinados tecidos durante certo ato cirrgico. Podemos destacar como instrumentos para preenso as pinas do tipo Museux, pinas do tipo Allis e pinas do tipo Babcock que um tipo de pina preferida para tracionar as alas intestinais. As pinas do tipo Duval tambm conhecidas como triangular de Duval, possuem grande aplicabilidade em cirurgias pulmonares, no pinamento dos lobos pulmonares. As pinas do tipo Collin so tambm conhecidas como Collin oval. As pinas do tipo Foerster que so um tipo de pina longa, so tambm empregadas em curativos profundos, segurando compressas de gaze. As pinas anatmicas so instrumentos cirrgicos empregados de forma acessria em procedimentos de preenso. Dentre as mais usadas, destacam-se as pinas do tipo Adson as do tipo Potts Smith e as pinas do tipo Nelson. Instrumentos para Separao So tambm conhecidos como afastadores. Os instrumentos para

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separao ou afastadores, so classificados em trs diferentes tipos. Os primeiros so os dinmicos que so instrumentos que devero ser empunhados pelo mdico-cirurgio, com a finalidade de expor a observao o campo operatrio desejado. Neste grupo, podemos destacar os do tipo Farabeuf, o do tipo Volkman e os do tipo Doyen. O outro tipo so os autostticos que so os instrumentos que aps serem posicionados pelo mdico-cirurgio, mantero o campo aberto, sem que haja a necessidade de impunhadura permanente. Os classificados como diversos so os de mais instrumentos de separao ou afastadores que no se enquadram nas duas classes acima descritas. So esptulas, algumas rgidas e outras maleveis, de acordo com o propsito desejado. 15.1.4 Grupo 4 - Exaurimento Cirrgico Neste grupo inclumos as agulhas cirrgicas, os porta-agulhas e os fios cirrgicos. As agulhas so instrumentos perfurantes que tem como objetivo, associadamente aos fios cirrgicos, a recomposio de tecidos lesionados, sejam internos ou externos, por meio do procedimento denominado de sutura. Existem um grande nmero de agulhas, variando de tamanho, calibre e formato. As agulhas cirrgicas podem ser classifica das quanto ao formato em 4 tipos que so as retas, as curvas as do tipo lanceoladas e as cilndricas. 1 - Agulhas do Tipo Reta So destinadas a realizao de procedimentos de sutura do tecido epitelial, sem o emprego do porta-agulhas. 2 - Agulhas do Tipo Curva As agulhas do tipo curva podem ser semi-retas que ao contrrio das agulhas retas, possuem uma leve curvatura.

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As agulhas meio-crculo possuem uma curvatura bem maior do que as agulhas semi-retas, e so eficazes na sutura de tecidos profundos. 3 - Agulhas do Tipo Lanceoladas So agulhas de seco triangular. So utilizadas em tecidos mais resistentes como a sutura da aponeurose dos msculos. 4 - Agulhas Cilndricas So agulhas de seco circular. Muito empregadas na sutura de tecidos delicados e sensveis, tais como a reconstituio de vasos sanguneos rompidos. A classificao das agulhas pode ainda ser feita, quanto ao fio cirrgico que ser utilizado na sutura, em 2 tipos que so: as com fio pr-passado e as com fio a passar. Nas agulhas com fio pr-passado, a agulha j vem de fbrica, montada juntamente com o fio cirrgico. A base da agulha interligada com o incio do fio, no havendo nenhum desnvel. Trata-se de agulha no traumtica, por possuir um calibre regular e uniforme na juno com o fio. Nas agulhas com fio a passar, a agulha no vem montada de fbrica com o fio. Ser necessrio mont-la, passando o fio cirrgico desejado pelo orifcio da agulha. Os porta-agulhas, como o prprio nome j diz, tem como finalidade segurar a agulha durante os processos de sutura. Entre os mais empregados destacam-se o porta-agulha do tipo Mayo-Hegan e o porta-agulha do tipo Mathieu. Os fios cirrgicos podem ser classificados em dois grupos bsicos: os fios cirrgicos absorvveis e os fios cirrgicos no-absorvveis. Fios Cirrgicos do Tipo Absorvveis So fios que vo sendo gradativamente absorvidos pelo organismo, at desaparecerem por completo. Nestes casos temos o fio Categute-simples que so feitos de fibras de tripas de carneiro e os fios Categute-cromado. Aqui o fio

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categute tratado quimicamente com um banho de cromo. O objetivo desse fio cromado e frear o tempo de absoro pelo organismo, mantendo-se a tenso do fio por um perodo de tempo maior. Esse tipo de material escolhido, quando se deseja maior segurana quanto a durabilidade da sutura para que as partes seccionadas possam se unir. Temos tambm o fio Dexon que um tipo de fio produzido com a substncia cido poligliclico. Fios Cirrgicos do Tipo No - Absorvveis Estes fios no so absorvidos pelo organismo. Caso no sejam removidos posteriormente, iro ficar definitivamente na regio suturada. Dentre esses fios podemos relacionar o de Nylon, o de Algodo, o fio de Seda, o de Ao e o fio de Mersilene que composto de uma substncia sinttica no absorvida pelo organismo. 15.1.15 Grupo 5 - Instrumentos para procedimentos especiais So instrumentos que no compem a mesa de instrumentao em cirurgia geral. So instrumentos especficos para determinadas cirurgias ou atos cirrgicos. Existe uma gama de instrumentos especiais. Como exemplificao podem ser citados a pina do tipo Lambott - Farabeuf, e o Clamp de Kocher (Coprostase) que empregado em cirurgias intestinais, objetivando a ocluso da ala intestinal. O Rugina um instrumento que serve para descolar ou separar as costelas dos tecidos musculares. Tendo grande aplicao nas cirurgias torcicas. A serra de Gigli utilizada em neurocirurgias e em cirurgias ortopdicas. 15.1.6 Grupo 6 - Instrumentos para fins diversos 1 - Campos Cirrgicos Os campos cirrgicos so peas de pano que em geral medem 1,50 m

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de comprimento por 1,50m de largura. Existem com o objetivo de isolar o campo operatrio que ser alvo da cirurgia, das demais partes do corpo do paciente. Os campos cirrgicos so portanto, panos esterilizados. Desta forma, no haver riscos de membros da equipe cirrgica tocarem demais partes da pele do paciente e assim contaminarem suas roupas, luvas e instrumentos cirrgicos. 2 - Compressas Cirrgicas As compressas cirrgicas so utilizadas por cima do campo cirrgico, ou seja, por cima da pele do paciente, de forma a criar uma barreira de proteo nas bordas das incises. So tambm empregadas no interior das cavidades. 3 - Gazes Podem ser utilizadas desde o procedimento pr-cirrgico para antisepsia do paciente, onde a gaze com soluo anti-sptica segura pela pina do tipo Cheron, at o exaurimento cirrgico, com a feitura de um curativo. 4 - Drenos Os drenos so tubos de borracha ou plstico, que podem vir a ser colocados em determinados pacientes, com o objetivo de fazer escoar para o ambiente externo, fluidos corporais, pus, sangue e/ou secrees diversas. 5 - Seringas e Agulhas Utilizadas para procedimentos anestsicos com infiltrao. 15.2 Cuidados e manuseio dos instrumentos O instrumento deve ser usado somente para a finalidade para a qual ele foi feito. O uso correto e os cuidados razoveis prolongam a sua vida til e protegem a sua qualidade. As tesouras e as pinas, que mais freqentemente so usadas abusivamente, podem sofrer desalinhamento, trincar, ou quebrar

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quando usadas inadequadamente. As tesouras para tecidos no devem ser usadas para cortar suturas ou gaze. As pinas hemostticas no devem ser usadas como prendedores de toalhas ou para pinar tubos de suco. Obrigatoriamente os instrumentos devem ser manejados delicadamente. Deve-se evitar jogar violentamente, deixar cair e colocar equipamento pesado sobre eles. Durante o procedimento, o instrumento usado deve ser limpo com uma compressa mida, ou colocado dentro de uma bacia com gua destilada estril para evitar que o sangue seque sobre o instrumento. O soro fisiolgico nunca deve ser utilizado sobre os instrumentos, pois o seu contedo de sal pode ser corrosivo, aumentando a ferrugem ou deteriorao do metal. No tempo previsto durante o procedimento, a instrumentadora deve lavar e secar os instrumentos usados, e recoloc-los sobre a mesa de instrumentos para facilitar o fechamento das contagens. No fim do procedimento, os instrumentos no devem ser colocados todos juntos num amontoado desordenado. Eles devem ser manejados individualmente ou em pequenos grupos. Os instrumentos agudos ou delicados devem ser dispostos separadamente para o manuseio e limpeza individuais, para evitar dano e ferimento acidental. Os princpios das precaues universais devem ser aplicados conforme ditados pela poltica institucional. Todos os instrumentos destinados ao procedimento devem ser esterilizados na fase final ou desinfetados antes da remontagem. Obrigatoriamente, os instrumentos devem estar completamente limpos para assegurar esterilizao eficaz. Todo instrumento deve ser inspecionado antes e aps cada uso para se detectar imperfeies. O instrumento deve funcionar adequadamente para evitar colocar desnecessariamente em perigo a segurana do paciente e aumentar o tempo cirrgico por causa de falha instrumental. Os frceps, as pinas e outros instrumentos articulados obrigatoriamente devem ser inspecionados quanto ao alinhamento das garras e dentes. As garras e os dentes dos instrumentos devem se apor perfeitamente, de modo que seja ocludo o fluxo sangneo sem lesar a veia ou artria. As travas devem fechar perfeitamente mas soltar facilmente. As articulaes dos

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instrumentos devem funcionar suavemente. As bordas das tesouras devem ser testadas quanto ao gume, cortandose suavemente quatro camadas de gaze. Todos os instrumentos devem ser verificados quanto a pontos de desgaste, salincias, denteamento, rachaduras, ou pontas agudas. Os instrumentos danificados devem ser colocados de lado e enviados para conserto ou substituio. O servio de conserto de instrumentos deve ser escolhido cuidadosamente e usado para a manuteno regular, como afiar e realinhar. 15.2.1 Contagem dos instrumentos A maior parte das instituies realiza contagem dos instrumentos como prtica padronizada. O estabelecimento de conjuntos instrumentais padronizados com o nmero e tipos mnimos de instrumentos neles facilita a sua contagem, bem como minimiza a quantidade de tempo e espao necessrio para montar. As contagens iniciais devem ser feitas conjuntamente pela circulante e pela instrumentadora, antes do procedimento. Os materiais adicionados durante o procedimento devem ser contados e registrados. As contagens subseqentes devem ser feitas antes do fechamento de uma cavidade ou de uma inciso grande e profunda, quando a instrumentadora ou a circulante substituda por outras pessoas, e ao trmino do procedimento. Os instrumentos desmontados durante a cirurgia, como certos afastadores, obrigatoriamente devem ser identificados no seu todo. Todas as contagens devem ser registradas pela circulante num registro apropriado. 15.2.2 Acondicionamento dos instrumentos Os instrumentos devem ser armazenados com segurana. As prateleiras dos armrios devem ser ajustveis e espadas adequadamente para o armazenamento dos vrios tipos e tamanhos de instrumentos. Muitos hospitais hoje em dia armazenam os instrumentos em bandejas ou utenslios

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pr-esterilizados. Etiquetas e diagramas nos armrios ajudam o pessoal. Um inventrio de todos os instrumentos deve ser feito periodicamente. O enfermeiro do Centro Cirrgico deve zelar para que os equipamentos e materiais utilizados na sala cirrgica sejam mantidos em perfeitas condies de uso e repostos em quantidade suficiente para assistir adequadamente o paciente, e facilitar a dinmica de funcionamento da Unidade.

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16 CLASSIFICAO DAS CIRURGIAS E O POTENCIAL DE CONTAMINAOSegundo a (Portaria MS n. 930/92 - anexo III) - as infeces psoperatrias devem ser analisadas conforme o potencial de contaminao, ao final do ato cirrgico, entendido como o nmero de microrganismos presentes no tecido a ser operado. As cirurgias so classificadas em: limpas, potencialmente contaminadas, contaminadas e infectadas. Operaes limpas: realizadas em tecidos estreis, na ausncia de processo infeccioso ou inflamatrio local, cirurgias eletivas atraumaticas com cicatrizao por primeira inteno e sem drenagem. Operaes potencialmente contaminadas: colonizadas por flora microbiana pouco numerosa, na ausncia de infeco ou inflamao. Cirurgias limpas com drenagem se enquadram. Ocorre penetrao no trato digestivo, respiratrio ou urinrio. Operaes contaminadas: em tecidos traumatizados recentemente e abertos, colonizados por flora bacteriana abundante, na ausncia de supurao local. H presena de inflamao aguda na inciso, e cicatrizao por segunda inteno, grande contaminao a partir do trato digestivo. Obstruo biliar ou urinria. Operaes infectadas: realizadas em qualquer rgo ou tecido na presena de processo infeccioso, necrose. Todas as cirurgias podem ser infectadas. Dependendo do que vai se encontrar no local. Alguns exemplos: Limpos: Artoplastia do quadril Cirurgia cardaca Herniorrafias Neurocirurgia Procedimentos ortopdicos (eletivos) Mastoplastia Mastectomias

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Potencialmente contaminadas: Hiterectomia Cesria Cirurgia do intestino delgado (eletiva) Cirurgia das vias biliares sem estase ou obstruo Feridas traumticas limpas (at 10h aps) Colecistectomia Cirurgias cardacas com circulao extra-corprea Contaminadas: Cirurgia de clons Debricamento de queimaduras Cirurgia bucal, dental e da orofaringe Fraturas expostas (aps 10 horas) Feridas traumticas (aps 10 horas) Cirurgia duodenal por obstruo Cirurgia intranasal Infectadas: Cirurgia de reto e nus com supurao Cirurgia abdominal em presena de contedo do colon Nefrectomia com infeco Presena de vsceras perfuras Colescitectomia com empiema

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17 TERMINOLOGIA CIRRGICAOs principais objetivos da terminologia cirrgica so: Fornecer sob forma verbal ou escrita uma definio do termo cirrgico; Descrever os tipos de cirurgia; Preparar os instrumentais e equipamentos cirrgicos apropriados a cada tipo de cirurgia. Na terminologia cirrgica, os termos so formados por um prefixo, que designa a parte do corpo relacionada com a cirurgia, e por um sufixo, que indica o ato cirrgico realizado. Prefixos da terminologia cirrgica e seius significados Prefixo Relativo a(o) adeno glndula blefaro plpebra cisto bexiga cole vescula colo clon colpo vagina entero intestino delgado gastro estomago histero tero nefro rim oftalmo olho ooforo ovrio orqui testculo osteo osso oto ouvido proto reto rino nariz salpingo trompa traqueo traquia Sufixos da terminologia cirrgica e seus significados Sufixo Significado ectomia remoo parcial ou total pexia fixao de um rgo plastia alterao da forma e/ou funo rafia sutura

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scopia (s)tomia

visualizao do interior do corpo em geral por meio de aparelhos com lentes especiais abertura de um rgo ou de uma nova boca

Principais cirurgias com sufixo ectomia Cirurgia Para remoo de apendicectomia apndice cistectomia bexiga colecistectomia vescula biliar colectomia clon embolectomia embolo esofagectomia esfago esplectomia bao fisctulectomia fistula gastrectomia estomago hemorroidectomia hemorridas hepatectomia parcial do fgado hiterectomia tero lobectomia lobo de um rgo mastectomia mama miomectomia mioma ooforectomia ovrio pancreatectomia pncreas pneumectomia pulmo prostatectomia prstata retossigmoidectomia reto-sigmide salpingectomia trompa segmentos selecionados do sistema simpatectomia nervoso simptico, produzindo vasodilatao tireodectomia tireide Principais cirurgias com sufixo pexia Cirurgia cistopexia histeropexia nefropexia retinopexia orquipexia ou orquidopexia

Para fixao de bexiga tero parede abdominal rim parede abdominal retina testculo em sua bolsa

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Principais cirurgias com sufixo plastia Cirurgia Alterar a forma e/ou funo articulao, para testaurar movimento artoplastia e funo bleforoplastia plpebras mamoplastia mama piloroplastia piloro queiloplastia lbio rinoplastia nariz ritidoplastia rugas da face salpingoplastia trompa, para sua recanalizao toracoplastia torax Principais procedimentos com sufixo rafia Procedimento Sutura de blefarorrafia plpebra colporrafia vagina gastrorrafia estomago herniorrafia hrnia osteorrafia ou colocao de fio metlico palatorrafia fenda palatina perineorrafia perneo tenorrafia tendo Principais procedimentos com sufixo scopia Procedimento Visualizao de artroscopia articulao broncoscopia brnquios cistoscopia bexiga colonoscopia clons colposcopia vagina duodenoscopia duodeno endoscopia rgos internos esofagoscopia esfago gastroscopia estomago laringoscopia laringe laparoscopia cavidade abdominal sigmoidoscopia sigmide ureteroscopia ureter uretroscopia uretra ventriculoscopia ventrculo cerebral

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Principais aparelhos para visualizao direta Aparelho Finalidade artroscpio artroscopia broncoscpio broncoscopia e laringoscopia cistoscopia, ureteroscopia e cistoscocpio uretroscopia colonoscpio colposcopia colposcpio colonoscopia esofagoscopia, gastroscopia e endoscpio digestivo duodenoscopia laringoscpio laringoscopia laparoscpio laparoscopia sigmoidoscpio sigmoidoscopia Principais cirurgias com sufixo tomia ou stomia Cirurgia Para abertura de artrotomia articulao broncotomia brnquio cardiotomia crdia bexiga para drenagem da urina por cistostomia sonda e colocao de dreno na vescula colecistostomia biliar coledocolitotomia coldoco para retirada de calculo coledocotomia e explorao do coledoco coledocostomia e colocao de creno no coledoco duodenotomia duodeno enterostomia colon atravs da parede abdominal flebotomia disseco de veia e colocao de uma sonda no gastrostomia estomago atravs da parede abdominal hepatotomia fgado e colocao de sonda ou dreno no ileostomia elo e colocao de sonda no jejuno par jejunostomia alimentao laparotomia cavidade abdominal nefrostomia e colocao de sonda no rim tenotomia tendo toracotomia parede torcica toracostomia parede do trax par drenagem traqueostomia traquia para facilitar a entrada de ar ureterolitotomia ureter para retirada de calculo

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Terminologias que no seguem as regras citadas Cirurgia Para abertura de remoo de um membro ou de parte amputao necrosada do corpo conexo e sutura de dois rgos ou anastomose vasos artodese fixao cirrgica de articulao bartholinectomia retirada de cisto de bartolin remoo de um tecido vivo para fins bipsia diagnsticos destruio de tecido por meio de cauterizao agente caustico ou calor - bisturi eltrico retirada do feto por inciso atravs da cesariana parede abdominal resseco da pele do prepcio que circunciso cobre a glande cistocele queda da bexiga raspagem e remoo do contedo curetagem uterina uterino separao de bordos previamente deiscencia suturados e unidos disseco corte, retalhamento diverticulo bolsa que sai da cavidade enxerto transplante de rgo ou tecido inciso perineal destinada a evitar a episiotomia ruptura do perneo durante o parto eviscerao sada de vscera de sua cavidade orifcio que pe em comunicao parte de um rgo, cavidade ou foco fistula supurativo com a superfcie cutnea ou mucosa goniotomia cirurgia de glaucoma onfalectomia remoo do umbigo operao de bursh levantamento da bexiga operao de hammsted correo de estenose pilrica operao de manchester correo de prolapso de tero puno cirrgica da cavidade par paracentese retirada de liquido resseco remoo cirrgica de parte de rgo retocele protrusao de parte do reto toracocentese puno cirrgica na cavidade torcica varicocele veias ditadas no escroto corte de um segmento do canal vasectomia deferente (para controle da natalidade)

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18 ANESTESIA E ANALGESIAA anestesia caracterizada pela perda da sensibilidade dolorosa com perda de conscincia e c