24
1 TRANSPARÊNCIA E BUROCRACIA: UMA ANÁLISE DESSA RELAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA Autores: Gouveia Junior, Antonio e-mail: [email protected] Ubaldine, Diego Torquato e-mail: [email protected] Resumo O objetivo deste trabalho foi analisar portais de transparência de municípios paraibanos, sob a ótica da administração pública gerencial prevista no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (Teoria da Burocracia). O modelo burocrático weberiano foi alvo de muitas críticas, fazendo com que alguns países iniciassem processos de reforma administrativa, principalmente nos anos de 1990. O escopo da pesquisa engloba as 67 prefeituras de municípios paraibanos com população até 5.000 (cinco mil) habitantes. O índice de transparência do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE/PB) foi utilizado na pesquisa. Pode-se constatar que os portais de transparência dos municípios analisados podem melhorar em muitos quesitos. Porém, mesmo com desobrigatoriedade prevista na LAI, houve uma evolução entre 2014 e 2016. Observou-se ainda que, passados mais de 20 anos da proposta do Plano, o paradigma burocrático weberiano ainda é o predominante. Palavras-chave: Transparência; teoria da burocracia; Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado; cidadão; administração pública.

TRANSPARÊNCIA E BUROCRACIA: UMA ANÁLISE DESSA … · consecução de objetivos e manutenção do status quo pelas noções de equilíbrio, integração, ordem e estabilidade. O

  • Upload
    buihanh

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

1

TRANSPARÊNCIA E BUROCRACIA: UMA ANÁLISE DESSA RELAÇÃO NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA

Autores: Gouveia Junior, Antonio – e-mail: [email protected]

Ubaldine, Diego Torquato – e-mail: [email protected]

Resumo

O objetivo deste trabalho foi analisar portais de transparência de municípios paraibanos, sob a

ótica da administração pública gerencial prevista no Plano Diretor da Reforma do Aparelho

do Estado (Teoria da Burocracia). O modelo burocrático weberiano foi alvo de muitas

críticas, fazendo com que alguns países iniciassem processos de reforma administrativa,

principalmente nos anos de 1990. O escopo da pesquisa engloba as 67 prefeituras de

municípios paraibanos com população até 5.000 (cinco mil) habitantes. O índice de

transparência do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE/PB) foi utilizado na pesquisa.

Pode-se constatar que os portais de transparência dos municípios analisados podem melhorar

em muitos quesitos. Porém, mesmo com desobrigatoriedade prevista na LAI, houve uma

evolução entre 2014 e 2016. Observou-se ainda que, passados mais de 20 anos da proposta do

Plano, o paradigma burocrático weberiano ainda é o predominante.

Palavras-chave: Transparência; teoria da burocracia; Plano Diretor da Reforma do Aparelho

do Estado; cidadão; administração pública.

2

Introdução

A deterioração dos serviços públicos, o agravamento da crise fiscal e a inflação

provocada eram características do cenário existente no Brasil durante os anos 1980. Uma crise

que fez com que a administração pública precisasse ser repensada. A saída foi propor uma

reforma do aparelho do Estado capaz de estabilizar e assegurar o crescimento da economia,

bem como combater as desigualdades sociais. Um dos pilares centrais desse esforço foi a

reconstrução da administração pública em bases modernas e racionais.

Em 1995, foi apresentado o Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado

(PDRAE). O modelo de administração pública burocrática, com princípios na teoria da

burocracia de Weber, dava lugar a um modelo de administração pública gerencial. A intenção

técnica por trás da reforma era a de corrigir imperfeições no modelo racional-burocrático

outrora implementado, que focava em demasia em padrões hierárquicos rígidos e no controle

de processos, deixando de lado seus resultados.

Fez-se necessária, portanto, a atualização da administração pública no sentido de torná-

la gerencial. Isso consiste em adotar conceitos modernos de administração e eficiência,

pautar-se no controle de resultados, e descentralizar as ações com vistas a alcançar o cidadão,

tornando-o cliente privilegiado dos serviços prestados pelo Estado. Nesse sentido, pensou-se

em repassar à sociedade em geral a maior quantidade possível de informação, o que

contribuiria para melhor transparência dos negócios do Estado e promoveria a participação

cidadã. Seria um avanço frente à impessoalidade da burocracia weberiana, onde a

transparência administrativa sempre esbarrou e, consequentemente, o acesso às informações

da gestão pública.

No entanto, a proposta da reforma de tornar os negócios públicos mais transparentes

esbarrava no aspecto legal. A lei 12.527/2011 (lei de acesso à informação) prevê que os

municípios com menos de 10.000 (dez mil) habitantes estão desobrigados a publicar na

internet algumas informações referentes aos atos e fatos da gestão pública, somente o que for

referente à execução orçamentária e financeira deve ser divulgado, obrigatoriamente. Logo,

essa medida vai de encontro aos preceitos do PDRAE.

Diante disso, cabe questionar se a transparência das contas públicas existente hoje está

em consonância com o que preconizava o PDRAE. E ainda, se mesmo sob a subordinação ao

princípio da legalidade existente na administração pública, baseado na teoria da burocracia, os

entes públicos realizam ações (divulgar suas contas em portais de transparência), sem que

sejam obrigados, por lei, a fazê-lo.

3

O objetivo deste trabalho foi analisar portais de transparência de municípios paraibanos,

sob a ótica da administração pública gerencial prevista no PDRAE (teoria da burocracia). É

no esclarecimento desse fato que reside a relevância deste artigo, uma vez que a literatura

científica carece de explicações e o conteúdo aqui trazido pode servir de base para a decisão e

ação de gestores públicos.

Não foi localizado na literatura nenhum outro trabalho que se propusesse a analisar a

relação entre a transparência e a teoria da burocracia. Com isso, buscou-se preencher a lacuna

no conhecimento existente. Enquanto contribuição teórica, a pesquisa buscou explicar as

transformações na administração pública brasileira pela flexibilização dos princípios da teoria

da burocracia, de forma a propiciar atos de gestão com foco no cidadão, incorporando o

arcabouço científico da cultura organizacional e da teoria institucional, bem como seguindo

uma tendência de Estados mais desenvolvidos em questões de transparência e accountability.

Por sua vez, verificar a aplicação dos preceitos previstos no PDRAE, no que se refere à

transparência das contas públicas, naqueles entes públicos que não estão obrigados a divulgar

algumas informações em portais de transparência na internet, e ainda assim o fazem, com

possíveis explicações na teoria institucional, constitui importante contribuição empírica da

pesquisa. E ainda, analisar a evolução dos indicadores de transparência, conforme os preceitos

da administração pública gerencial.

A pesquisa foi apresentada em cinco partes, a saber: introdução, revisão de literatura,

metodologia, resultados e discussões e conclusão. Na revisão de literatura foi desenvolvida

uma revisão teórica sobre a Teoria da Burocracia e o Plano Diretor da Reforma do Aparelho

do Estado, as Relações Estado e Sociedade no Brasil (Nova Gestão Pública, Nova

Governança Pública e Governo Aberto) e transparência e participação social. Logo após,

descreve-se a metodologia da pesquisa, principalmente quanto à coleta e tratamento dos

dados. Finalmente, os dados são analisados e são apresentadas as conclusões.

Revisão de literatura

Teoria da Burocracia e o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

A Teoria da burocracia proposta por Max Weber em nada tem a ver com o conceito

popular e pejorativo de burocracia, que a relaciona com algo moroso, emperrado e ineficiente.

Pelo contrário, a ideia da burocracia é que as organizações evitem arbitrariedades. Segundo

Leite (2016), o desenvolvimento da burocratização está intimamente ligado à ampliação da

4

atividade capitalista, cujas necessidades administrativas não podiam ser satisfeitas pelos

meios tradicionais e demandam o que Weber chama de “espírito normal da burocracia

racional”, ou seja, o formalismo e a tendência dos burocratas à execução materialmente

utilitarista das suas tarefas administrativas.

A compreensão da Teoria da burocracia de Weber é o ponto de partida para discussão

sobre a história e funcionamento da administração pública brasileira. Mesmo com as várias

tentativas de reformas do Estado, a burocracia weberiana, de acordo com Peters (2009)

continua sendo a principal fundação intelectual quando se pensa sobre governo e seu

funcionamento. Ainda é o paradigma vigente, não foi plenamente superado, bem como

permanece na mira de todos os críticos e reformistas.

O paradigma dominante nas ciências sociais e na teoria das organizações é o

funcionalista. Andion (2012) relacionou a trajetória da Administração Pública no Brasil com o

modelo de paradigmas de Burrell e Morgan (2008). Embora tenha havido mudanças

paradigmáticas, o desenvolvimento do campo teórico da Administração Pública no Brasil se

deu, majoritariamente, dentro do paradigma funcionalista, pois, no desenvolvimento do

campo, predominou uma concepção sistêmica e sincrônica do mundo social orientada para a

consecução de objetivos e manutenção do status quo pelas noções de equilíbrio, integração,

ordem e estabilidade.

O conhecimento técnico se tornou indispensável para a administração burocrática. Para

Weber (1966), ele se constitui na principal marca da superioridade do modelo burocrático, por

meio do desenvolvimento da moderna tecnologia e dos métodos econômicos na produção de

bens. Outras qualidades do modelo abordam a ordem de natureza impessoal e o poder

vinculado às regras e funções oficiais hierarquizadas, com o devido uso da coerção

regulamentada. De acordo com Leite (2016), o poder da “autoridade institucional” afasta o

viés personalista do modelo de burocracia weberiano, com isso, busca alcançar tecnicamente

o máximo de rendimento do trabalho.

O Estado brasileiro, sustentado na administração pública burocrática, durante muito

tempo deu ênfase na esfera produtiva, desviando-se das suas funções precípuas. Esse era o

modelo de desenvolvimento adotado, que passou por várias crises. De acordo com Bresser-

Pereira (1995), nos anos 1990, a redefinição do papel do Estado se tornou um tema de alcance

universal. No Brasil, a reforma era inadiável, o governo não conseguia atender com eficiência

a sobrecarga de demandas a ele dirigidas.

A capacidade de implementar as políticas públicas estava limitada pela rigidez e

ineficiência da máquina administrativa. Segundo Bresser-Pereira (1995), a reforma do

5

aparelho do Estado tem a finalidade de tornar a administração pública mais eficiente e mais

voltada para a cidadania. O papel do Estado passa a ser de promotor e regulador do

desenvolvimento econômico e social, buscando ainda o controle social e a participação da

sociedade.

A proposta prevista no PDRAE consiste em: “fazer a transição da administração pública

burocrática, rígida e ineficiente, voltada para si própria e para o controle interno, para uma

administração pública gerencial, flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão”.

Essa mudança ou “rompimento” com a administração pública burocrática não significa que

seus princípios serão negados, mas sim flexibilizados, com foco no controle, que sai dos

processos para os resultados.

Anteriormente, para garantir a impessoalidade, dificulta-se a transparência

administrativa. Com a implantação de uma gestão de caráter gerencial no Estado brasileiro,

Bresser-Pereira (1995) propõe, entre outras coisas, “um compartilhamento adequado das

informações contidas em bancos de dados dos diversos organismos do aparelho do Estado,

bem como um serviço de comunicação de forma a poder repassar à sociedade em geral e aos

próprios órgãos do governo, a maior quantidade possível de informação, contribuindo para

melhor transparência e maior eficiência na condução dos negócios do Estado”.

A proposta de administração pública gerencial vê o cidadão como cliente dos seus

serviços. De acordo com PDRAE, haveria transparência na implementação das diversas ações

do governo, possibilitando o acompanhamento e avaliação, bem como a disponibilização das

informações não privativas e não confidenciais para a sociedade, promovendo a participação e

controle da administração pública pelos cidadãos.

As relações Estado e Sociedade no Brasil

O modelo burocrático weberiano foi alvo de muitas críticas, fazendo com que alguns

países iniciassem processos de reforma administrativa, principalmente nos anos de 1990. Foi

quando surgiu a Nova Administração Pública (NAP), que, segundo Secchi (2009), veio pra

suprir a ineficiência, morosidade, estilo autorreferencial e descolamento das necessidades dos

cidadãos, o que era considerado inadequado para o contexto institucional contemporâneo.

A NAP se define inovadora, flexível e com foco nos resultados. Para Coelho (2012),

alguns conceitos centrais, como eficiência, eficácia, efetividade e competitividade devem

qualificar esse modelo de gestão. A produtividade, a descentralização e a accountability são

exemplos de valores da NAP destacados por Secchi (2009), que ainda apontou a transparência

6

da Administração Pública como uma de suas principais características.

O contexto paradigmático da implantação do PDRAE de 1995 se deu no período em

que vigorava, segundo Andion (2012) a corrente da NAP. Em alguns países, inclusive no

Brasil, a reforma não conseguiu realizar todas as mudanças propostas. Segundo Diniz (2001),

existem críticas relacionadas à NAP, principalmente, quanto ao seu viés administrativo e

economicista e por desconsiderar a dimensão política e institucional das reformas. Aos

Estados só restava a opção de se adaptar às exigências da globalização, não existindo

nenhuma capacidade de reação deles, tratados como meros objetos passivos das forças

externas.

Para trazer as dimensões política e institucional das reformas, bem como superar as

limitações da NAP e proporcionar melhores serviços aos cidadãos e à sociedade, surgiu a

proposta do Novo Serviço Público (NSP). Segundo Andion (2012), o NSP surge como um

contraponto às correntes Estadocêntrica e da NAP, trazendo novos princípios e diferentes

abordagens teóricas. O cidadão deixa de ser apenas cliente do serviço e passa a ser visto como

um agente de transformação social, por meio da coprodução do bem público, por exemplo.

As consequências atuais das mudanças oriundas da reforma administrativa ocorrem em

um contexto em que prevalece o NSP, o qual coloca o cidadão como protagonista na

prestação do serviço público. Era essa a intenção do PDRAE, bem como alcançar o cidadão

na forma de cliente privilegiado e provocar transformações na abordagem paternalista com a

qual o Estado brasileiro tradicionalmente tratou seus cidadãos.

Mesmo sendo recente e inovador, o NSP, segundo Denhardt e Denhardt (2003), possui

em sua essência um conjunto de ideias, das quais, pode-se destacar o reconhecimento da

accountability, que não é uma coisa simples, pois não se trata apenas da prestação de contas

em termos financeiros e de resultado. Faz-se necessário incluir também, os valores

comunitários e os interesses dos cidadãos. No Brasil, foi marcante a criação de novos espaços

de participação da sociedade civil na esfera pública e um reforço à mobilização social,

fortalecendo o regime democrático.

A partir do momento que o modelo de gestão vigente não é mais suficiente para lidar

com os novos problemas que se apresentam, de acordo com Fontes Filho (2014), faz-se

necessário propor reformas, de modo que a gestão pública se adeque à dinâmica e exigência

da sociedade. A complexidade dos problemas é tamanha que eles não se adequam aos limites

de uma única área de política. Segundo Ferlie et al. (2011) envolvem várias organizações,

públicas e privadas, exigindo uma resposta ampla e sistêmica, cruzando as fronteiras

organizacionais e engajando os cidadãos.

7

A solução para esses novos problemas passa por um modelo estatal baseado em redes,

parcerias e a inclusão de atores não estatais ao processo. O modelo da Nova Governança

Pública (NGP), segundo Osborne (2006), é o mais adequado àquela situação, pois se

caracteriza pelo fortalecimento dos relacionamentos institucionais com a sociedade; a

formação das redes interorganizacionais, internas e externas, ao governo para prover serviços

públicos; apoia-se por relações de confiança ou contratos relacionais; e a visão do Estado

como organismo plural.

Outra proposta bastante atual é o governo aberto. Segundo Ramírez-Alujas (2011), ele

surge como um novo paradigma e modelo de relacionamento entre governos, administrações e

sociedade: transparente, multidirecional, colaborativo e orientado para a participação dos

cidadãos, tanto no monitoramento, quanto na tomada de decisão pública. Os princípios do

Governo Aberto (Open Government) são: a transparência e abertura; a participação; e a

colaboração. É uma nova forma interativa de criação de valor público e mudança para um

novo tipo de colaboração cidadã e inovação aberta mediante a integração sistemática dos

atores no processo de governar e administrar os assuntos públicos (Bommert, 2010).

Transparência e accountability

A transparência é um requisito fundamental para o governo aberto. De acordo com o

Memorando sobre Transparência e Governo Aberto de Obama (2009), um governo

transparente fornece informações sobre o que está fazendo, disponibiliza suas fontes e bancos

de dados e publica os planos de ação pelos quais pode ser responsabilizado perante a

sociedade. Isso encoraja e promove a responsabilização perante os cidadãos e o controle

social permanente, reforçando a confiança, a coesão social e o fortalecimento institucional.

Por questões conceituais e para melhor entendimento, faz-se necessário distinguir

transparência ativa e passiva. Segundo Yazigi (1999), a transparência passiva refere-se à

necessidade de o Estado fornecer aos cidadãos as informações por eles solicitadas. Somente

aquela informação solicitada será disponibilizada ao requerente. Complementarmente, a

transparência ativa ocorre quando o Estado age de modo proativo e disponibiliza as

informações consideradas de interesse público, para que qualquer cidadão interessado possa

consultar quando quiser.

No Brasil, há um déficit de accountability, de acordo Pereira, Silva e Araújo (2014),

pois é um conceito em construção com recentes instrumentos que criaram condições para o

seu desenvolvimento, como a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, por exemplo. Abrucio e

8

Loureiro (2003) registraram que o termo accountability foi incluído nas discussões sobre

transparência e responsabilização na melhoria da eficiência da ação governamental. No

entanto, a indiferença da população com relação à política pode inviabilizar o processo de

accountability na construção de mecanismos institucionais para garantir o controle público

das ações governamentais.

A Lei nº 12.527/2011 (LAI – Lei de acesso à informação) em seu art. 8º, §1º, determina

que os entes públicos devem divulgar em local de fácil acesso, no âmbito de suas

competências, informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas,

no que se refere a: registro das competências e estrutura organizacional, endereços e telefones

das respectivas unidades e horários de atendimento ao público; registros de quaisquer repasses

ou transferências de recursos financeiros; informações concernentes a procedimentos

licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos

celebrados; dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e obras de

órgãos e entidades; e respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.

O art. 8º, §4º da LAI dispõe que os municípios com população de até 10.000 (dez mil)

habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet de informações de

interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas, independentemente de

requerimentos – transparência ativa. No entanto, permanece a obrigatoriedade de divulgação,

em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira, conforme

previsto na LRF. Em caso de descumprimento, impedirá que o ente da Federação receba

transferências voluntárias e contrate operações de crédito, até que a situação seja regularizada.

Além da criação de dispositivos legais, a exemplo da LRF, que trouxe a previsão de

prestação de contas em meios eletrônicos de ampla divulgação, com acesso público, aos

instrumentos de transparência da gestão fiscal, também houve aumento dos instrumentos de

transparência administrativa. De acordo com Raupp e Pinho (2012), os estudos sobre governo

eletrônico e accountability provocaram o aprimoramento das ferramentas institucionais, bem

como estimularam o compromisso com a transparência pelos gestores.

Dessa forma, segundo Greenwood et al (2017), legitimar uma prática passa pela

conformidade com questões normativas – concernentes às regras normativas que imbuem

obrigação na vida social; regulatórias – ligadas à capacidade de inspecionar a conformidade

de outrem às normas estabelecidas; e cultural-cognitivas – que dizem respeito aos

entendimentos compartilhados que balizam o pensamento e ação das pessoas.

Adicionalmente, Abrucio e Loureiro (2003) registraram que o governo eletrônico é o

instrumento com maior potencial para elevar a eficiência governamental no Brasil. Pinho e

9

Sacramento (2009) apontaram que transparência das ações governamentais contribui com a

redução da corrupção na esfera pública, bem como pode estreitar a relação entre Estado e

sociedade civil, gerando outra dimensão de accountability. Pereira (2002), também recordou

que os entes públicos estão cada vez mais compelidos a agir sob os imperativos das boas

práticas de governança e de transparência perante os cidadãos/contribuintes. Por isso, os

gestores demonstram maior preocupação e cuidado na divulgação dos atos de gestão e

prestação de contas, principalmente nos municípios.

Entretanto, segundo Teixeira et al (2015), apenas a apresentação dos dados não permite

uma interação com os usuários, que não se sentem estimulados a buscar informações, seja

pela dificuldade de localizar o que desejam saber ou pelos termos técnicos empregados nos

canais. Adicionalmente, Raupp e Pinho (2009) relataram que alguns relatórios e

demonstrativos divulgados por força de lei têm o entendimento prejudicado, em razão da

linguagem usada ser pouco acessível aos cidadãos.

Metodologia

O presente estudo pretende analisar portais de transparência de municípios do Estado da

Paraíba sob os preceitos da administração pública gerencial, prevista no PDRAE. O método

empregado para o desenvolvimento desta pesquisa foi o comparativo que verificou as

diferenças e semelhanças dos índices analisados para alcançar o objetivo estabelecido

inicialmente. Para Beuren (2013), a metodologia da pesquisa pode ser classificada em três

tipologias: quanto aos objetivos, como exploratória, descritiva e explicativa; quanto aos

procedimentos, como estudo de caso, levantamento, pesquisa bibliográfica, documental,

participante e experimental; e quanto à abordagem do problema, como pesquisa qualitativa e

quantitativa.

Esta pesquisa se caracterizou quanto aos objetivos como descritiva, porque demonstrou

os parâmetros formulados e os dados apurados nos índices de transparência dos municípios

paraibanos; e como explicativa, visto que elucidou a variação dos níveis de transparência dos

portais eletrônicos. Os procedimentos usados foram de natureza bibliográfica e documental,

com o uso, principalmente, de artigos científicos, dissertações, teses e legislações. E ainda,

por meio de consultas aos portais eletrônicos de governos.

Quanto à abordagem do problema, a pesquisa se classifica como qualitativa, visto que

analisa as informações disponibilizadas para identificar fatores que influenciaram os índices,

além de averiguar se há correlação desses com a faixa populacional, bem como quantitativa,

10

pois demonstra os resultados sobre a transparência dos municípios, conforme os critérios

adotados para pontuá-los. O quadro 1 sintetizou a metodologia usada nesta pesquisa:

Quadro 1 – Metodologia da Pesquisa

Método: comparativo

Michel (2015) afirma que o método comparativo decorre da investigação de

indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, visando destacar diferenças e

similaridades dos elementos investigados, assim possibilitando confrontá-los

levando em conta suas particularidades e relações.

Objetivos: descritiva/explicativa

Segundo Gil (2008) a pesquisa descritiva possui a finalidade de apresentar as

caracteristicas de determinada populacao/fenômeno ou o estabelecimento de

relacoes entre variaveis e a pesquisa explicativa pretende identificar os fatores que

podem vir a determinar ou contribuir para a ocorrencia dos fenomenos.

Procedimentos: bibliográfica/documental

Para Gil (2008) a pesquisa bibliografica essencialmente recorre as contribuicoes

dos diversos autores a respeito de determinado assunto e a pesquisa documental

usufruir de materiais que nao passaram por um tratamento analitico, ou que ainda

podem ser reelaborados conforme os objetivos da pesquisa.

Abordagem do problema: qualitativa/quantitativa

Conforme Michel (2015) tem-se como propósito da pesquisa qualitativa colher e analisar dados descritivos, obtidos diretamente da situação estudada; dando ênfase

ao processo mais que ao resultado e expressando a perspectiva dos participantes. Já

a pesquisa quantitativa emprega a quantificação nas modalidades de coleta e

tratamento de informações, por meio de técnicas estatísticas mais simples

(percentual, média, desvio-padrão) até as mais complexas (coeficiente de

correlação, análise de regressão, e outras).

Amostra:

não probabilística e intencional

De acordo com Beuren (2013) os metodos nao probabilisticos utilizam do

raciocinio, sendo assim os criterios para estabelecer a amostra sujeitam-se apenas

pela seleção do pesquisador e intencional limita-se a escolher amostras baseadas

em informacoes disponiveis, sendo que o pesquisador carece previamente de

conhecimento da populacao selecionada. Fonte: Elaborado pelos autores.

O escopo da pesquisa correspondeu à 30% dos municípios do Estado da Paraíba. A

amostra não probabilística e intencional engloba as 67 prefeituras municipais com população

até 5.000 (cinco mil) habitantes, conforme estimativa de habitantes divulgada em 2017 pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), selecionada com base no critério usado

na pesquisa do IBGE de Indicadores Sociais Municipais - uma análise dos resultados do

universo do Censo Demográfico 2010. Na hierarquização dos municípios, com base nos

portes populacionais, a primeira classe definida foi a dos municípios com até 5.000 (cinco

mil) habitantes. A escolha dessa amostra também reside no fato de se tratar de municípios

com baixa capacidade técnica, operacional e financeira, o que justificaria - além da

desobrigação legal – a maior probabilidade de não se encontrar qualquer tipo de portal da

transparência ou prestação de contas na internet.

O índice de transparência utilizado neste estudo foi desenvolvido pela Associação

Contas Abertas e adaptado pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE/PB), através

da composição de um grupo de trabalho e da capacitação dos avaliadores pela Controladoria

Geral da União (CGU). Esse índice leva em conta uma situação estática, apresentando uma

11

sinalização quanto às boas práticas de transparência e ao acesso à informação, logo não

corresponde a uma comprovação de irregularidade, mas oferece uma indicação de

regularidade. A métrica avalia e pontua três temas: conteúdo, série histórica e frequência de

atualização e usabilidade. O quadro 2 traz o detalhamento dos temas analisados:

Quadro 2 – Métrica do índice de transparência

Temas/Parâmetros

1. CONTEÚDO

1.1. Instrumento de Planejamento

1.2. Procedimentos licitatórios

1.3. Contratos

1.4. Convênios/termos de Parceria/Contratos de repasse/termo de cooperação

1.5. Receitas (classificação até o 5º nível)

1.6. Despesas

1.7. Informações agregadas (do item 1.6.)

1.8. Informações sobre quadro de pessoal

2. SÉRIE HISTÓRICA E FREQUÊNCIA DE ATUALIZAÇÃO

2.1. Série histórica (inclusive o ano em curso, em sequência)

2.2. Atualização (tempo para atualização da despesa)

3. USABILIDADE

3.1. Interação

3.2. Delimitação temporal das consultas

3.3. Consultas às Informações dos itens 1.6 e 1.8

3.4. Extração dos dados Fonte: TCE/PB (2016)

O Portal da Transparência de cada prefeitura municipal deve disponibilizar informações

quanto aos três temas: Conteúdo = 8 itens; Série Histórica e Frequência de Atualização = 2

itens; e Usabilidade = 4 itens. O cálculo do índice de transparência é realizado a partir da

somatória da pontuação de cada item dos três temas e, após, obtida uma média. Ainda são

observados pontos específicos da LRF, LAI e do Decreto nº 7185/2010.

A coleta dos dados foi efetuada no site do TCE/PB por meio dos relatórios da

transparência pública dos municípios paraibanos referentes aos seguintes semestres: 2014.2,

2015.1, 2015.2, 2016.1 e 2016.2. A escolha dos referidos períodos se deu em razão da

disponibilidade das informações junto ao TCE/PB e da mudança ocorrida na LRF pela Lei

Complementar nº 131/2009. O TCE/PB é o órgão de controle externo constitucionalmente

instituído para fiscalizar os municípios paraibanos. Por essa razão, a pesquisa considerou os

indicadores de transparência adotados pelo referido órgão.

Resultados e Discussões

12

A pesquisa se enquadrou no paradigma funcionalista e, metologicamente, caracterizou-

se quanto aos objetivos como descritiva, com relação aos procedimentos - bibliográfica e

documental, quanto à abordagem do problema - quantitativa, pois busca demonstrar os

resultados sobre a transparência dos municípios; e qualitativa, visto que interpreta e analisa os

dados coletados. A coleta dos dados foi efetuada no sítio eletrônico do Tribunal de Contas do

Estado da Paraíba (TCE/PB), por meio dos relatórios da transparência pública dos municípios

paraibanos.

O tema conteúdo concentra parâmetros como: instrumentos de planejamento (PPA,

LDO e LOA), procedimentos licitatórios, contratos, convênios/termos de parceria/contratos

de repasse/termo de cooperação, execução orçamentária e financeira (receitas e despesas –

classificação, empenho e pagamento) e informações sobre o quadro de pessoal. As respostas

são do tipo “sim” ou “não” com a respectiva pontuação recebida a cada quesito, após

verificação nos portais de transparência.

A série histórica e frequência de atualização é um tema que está relacionado aos

seguintes parâmetros: a série histórica que o portal de transparência possui (medida em anos,

quanto maior, melhor) e atualização (quanto tempo, em dias, o ente público leva para atualizar

as informações referentes à despesa pública, quanto maior, pior). Os dois parâmetros são

escalonados em cinco níveis.

O tema usabilidade contempla parâmetros relacionados à interação com o usuário do

portal de transparência, como por exemplo: acesso em site oficial, manual de navegação,

glossário, perguntas frequentes, fale conosco (e-mail/telefone), delimitação temporal das

consultas e extração de dados (possibilidade de download em arquivos de diferentes formatos,

para todas as consultas ou parte delas). As respostas são do tipo “sim” ou “não”.

Primeiramente, após a coleta dos dados, os 67 municípios foram identificados e

ordenados, de acordo com a população estimada em 2017, da menor para a maior. Para cada

município segue sua respectiva pontuação nos temas/parâmetros: conteúdo, série histórica e

frequência de atualização, usabilidade e média final dos cinco períodos analisados (2014.2 à

2016.2), conforme apresentado no Apêndice 1, o que permite identificar quais das três

dimensões contribuíram para aumentar ou diminuir a pontuação total de cada município.

Adicionalmente, foram feitas algumas questões (do tipo “sim”, “não” ou “parcial”)

relacionadas aos portais de transparência dos municípios, de modo a verificar o cumprimento

da legislação vigente, como por exemplo: disponibiliza a Prestação de Contas apresentada ao

Tribunal de Contas?; Disponibiliza o Relatório de Gestão Fiscal (RGF)?; Disponibiliza o

13

Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO)?; Identifica-se no site se o município

regulamentou a LAI?; O ente possui Portal da Transparência em funcionamento?; O site tem

ferramenta de pesquisa?; No site está disponibilizado o registro das competências e estrutura

organizacional do ente?; Disponibiliza endereços e telefones das respectivas unidades e

horários de atendimento ao público?; O conteúdo disponibilizado atende ao requisito “tempo

real”?

Numa análise inicial, o gráfico 1 demonstra que a média dos portais analisados

evoluíram bastante desde a primeira avaliação. A média das notas foi de apenas 4,45 pontos

em 2014.2, tendo crescido sucessivamente nas avaliações seguintes, até alcançar a média

máxima de 6,70 pontos em 2016.2. Uma variação de 2,25 pontos na média, em apenas dois

anos, é considerado um avanço significativo.

Fonte: elaborado pelos autores

Os indicadores que compõem a média oscilaram ao longo dos períodos analisados,

porém todos eles também apresentaram evolução entre o período inicial e final da análise. A

maior variação entre eles ocorreu no indicador série histórica e frequência de atualização, que

variou 3,39 pontos. Vale destacar que o mesmo indicador apresentou forte ascensão de 2014.2

até 2016.1 quando atingiu 5,81 pontos, porém encerrou o período 2016.2 em queda em

relação ao período anterior, atingindo 5,52 pontos.

Os temas/parâmetros considerados na pesquisa para compor o índice de transparência

2014.2 2015.1 2015.2 2016.1 2016.2

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

Gráfico 1 - Índices de transparência por períodos

GERAL

Conteúdo

Série histórica

Usabilidade

Períodos

Val

ore

s

14

de cada portal analisado apresentaram deficiências, nos cinco períodos, que merecem ser

citadas e tratadas com mais atenção por partes dos gestores públicos, mesmo que, no geral,

apresentem melhoria significativa. Pode-se verificar algumas oscilações, bem como notas

“zero” que devem ser expostas e justificadas perante a população.

Por outro lado, considerando as 335 análises realizadas nesta pesquisa (67 portais de

transparência em cinco períodos), em sete ou 2% delas se constataram a ausência de site com

endereço oficial do município. Esse fato ocorreu em mais de um período, viu-se que em

períodos anteriores existiam sites com endereços oficiais e em determinado momento deixou

de existir. Com isso, as médias, em casos como esses, ficaram comprometidas apresentando

notas muito baixas.

Vale destacar que, no período 2014.2, aproximadamente 24% portais de transparência

obtiveram médias inferiores a 4,00 pontos, enquanto a maior do período em questão foi de

6,77 pontos (Mãe d’água). Já em 2016.2, apenas 8% aproximadamente tiveram médias

inferiores a 4,00 pontos, quando a maior do período foi de 9,35 (Pedra Branca e Frei

Matinho). Isso evidencia o esforço feito pelos entes públicos nos últimos anos para melhorar

os índices de transparência dos municípios paraibanos.

Adicionalmente, o gráfico 2 ilustra a dispersão das médias nos períodos 2014.2 e 2016.2

(início e fim da análise). Pode-se constatar que em 2014.2 as médias ficaram concentradas no

intervalo entre 4,00 e 6,00 pontos. Enquanto que em 2016.2, as médias se concentraram no

intervalo entre 6,00 e 8,00 pontos. Logo, percebe-se, de um modo geral, uma evolução nos

portais de transparência dos municípios paraibanos.

15

Fonte: elaborado pelos autores.

Pode-se constatar, pelos índices expostos, que os portais de transparência dos

municípios analisados podem melhorar em muitos quesitos. Porém, mesmo com

desobrigatoriedade prevista na LAI, houve uma evolução de 2014 a 2016, em razão do

aprimoramento das ferramentas institucionais nos últimos anos, recordados por Raupp e

Pinho (2012), podendo indicar explicação na teoria institucional, segundo Greenwood et al.

(2017), assim como parece refletir uma potencial mudança cultural na forma de se fazer

gestão pública.

Há ainda uma aproximação com o que foi previsto no PDRAE, no qual os sistemas

administrativos voltados para a gestão pública abrangeriam diversas áreas. A sistematização

permite transparência na implementação das diversas ações do governo, possibilitando seu

acompanhamento e avaliação, bem como a disponibilização das informações não privativas e

não confidenciais para o governo como um todo e a sociedade.

As modificações ocorridas na LRF dão ênfase à transparência da gestão fiscal, no que se

refere aos planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o

respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de

Gestão Fiscal. Assim, pode-se constatar uma maior preocupação com a parte da execução

orçamentária e financeira. No entanto, as exigências previstas no art. 8º, § 1º da LAI vão bem

0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

10,00Gráfico 2 - Dispersão das médias em 2014.2 e 2016.2

2014.2

2016.2

Quantidade de municípios

Méd

ias

16

além, incluem mais informações, das quais os municípios com menos de 10.000 (dez mil)

habitantes continuam desobrigados a atender.

Apesar da característica da impessoalidade, presente na teoria da burocracia, conforme

Bresser-Pereira (1995), dificultar a transparência administrativa, pode-se constatar que as

médias dos municípios analisados evoluíram de 2014 a 2016. Isso se deve em razão do

aprimoramento das ferramentas institucionais nos últimos anos, recordados por Raupp e

Pinho (2012), bem como por força de dispositivos legais, a exemplo da LRF, que trouxe a

previsão de prestação de contas em meios eletrônicos de ampla divulgação, com acesso

público, aos instrumentos de transparência da gestão fiscal.

Nesse sentido, a reforma do aparelho do Estado teve a finalidade de tornar a

administração pública mais eficiente e mais voltada para a cidadania, segundo Bresser-Pereira

(1995), e ainda promover o controle social e a participação da sociedade. Numa visão

institucional, Pereira (2002), também recordou que os entes públicos estão cada vez mais

compelidos a agir sob os imperativos das boas práticas de governança e de transparência

perante os cidadãos/contribuintes.

Os gestores dos municípios pesquisados demonstraram maior preocupação e cuidado na

divulgação dos atos de gestão e prestação de contas dos municípios, mesmo com as limitações

operacionais, técnicas e financeiras, bem como sob a forte influência dos padrões

patrimonialistas e insulamento burocrático dos gestores públicos municipais. De acordo com

Leite (2016), o poder da “autoridade institucional” afasta o viés personalista do modelo de

burocracia weberiano.

Os temas/parâmetros usados nesta pesquisa apresentaram variações consideráveis ao

longo do período analisado, comprometendo, segundo Yazigi (1999), a transparência ativa.

Ainda que a burocracia seja o paradigma vigente, são evidentes os esforços que o PDRAE fez

para tornar a administração pública mais eficiente e mais voltada para a cidadania. Segundo

Bresser-Pereira (1995), o papel do Estado passa a ser de promotor e regulador do

desenvolvimento econômico e social, buscando ainda o controle social e a participação da

sociedade, por meio da transparência das diversas ações do governo.

O tema/parâmetro conteúdo dos portais da transparência analisados evidenciou algumas

fragilidades, principalmente quanto à ausência de informações do tipo: gastos com pessoal e

encargos sociais, licitações e contratos, convênios, termos de parceria, execução orçamentária,

instrumentos de planejamento (PPA, LDO e LOA). Nesse caso, percebe-se descumprimento

da LRF no tocante à obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de informações relativas à

execução orçamentária e financeira. Com isso, de acordo com Ramírez-Alujas (2011) existem

17

algumas restrições que vão de encontro aos princípios do governo aberto.

O tema/parâmetro série histórica e frequência de atualização apresentou as piores

médias nos portais da transparência dos municípios pesquisados. Por vezes, algumas

prefeituras não traziam informações de outros exercícios, o que inviabiliza exames mais

aprofundados por parte dos diversos usuários da informação. Esse fato pode sinalizar uma

possível influência política na divulgação das contas municipais, como a troca de gestores por

término de mandatos, por exemplo. Outro ponto negativo verificado foi quanto à demora na

atualização das despesas públicas nos portais, em determinados períodos a atualização das

informações foi superior a 61 dias. Isso, de certa forma, compromete o que Pinho e

Sacramento (2009) registraram sobre a contribuição que transparência das ações

governamentais pode provocar na redução da corrupção na esfera pública, bem como pode

estreitar a relação entre Estado e sociedade civil, gerando outra dimensão de accountability.

Quanto ao tema usabilidade, observou-se que algumas fragilidades limitavam a

interação do usuário com o portal da transparência. Pode-se listar a falta de manual de

navegação, glossário, um local de perguntas frequentes, fale conosco, e-mail, telefone de

contato, bem como uma opção para download de bancos de dados. Essas falhas podem levar

ao desinteresse por parte dos usuários. De acordo com Teixeira et al (2015) quando a

apresentação dos dados não permite uma interação com os usuários, eles não se sentem

estimulados a buscar informações, seja pela dificuldade de localizar o que desejam saber ou

pelos termos técnicos empregados nos canais.

A linguagem empregada nos portais da transparência também deve ser objeto de

preocupação dos técnicos responsáveis pela manutenção e inserção de dados nos sistemas de

informações, pois esse é um dos principais motivos de afastamento/desinteresse por parte dos

cidadãos. Um fator relevante de usabilidade, que, conforme Raupp e Pinho (2009) relataram,

alguns relatórios e demonstrativos divulgados por força de lei têm o entendimento

prejudicado, em razão da linguagem usada ser pouco acessível aos cidadãos/usuários.

Por vezes, algumas características da administração burocrática weberiana ainda são

percebidas na gestão pública brasileira, mesmo sendo um modelo bastante defasado e

desconectado com a complexidade dos novos problemas sociais. Nesse sentido, as propostas

de reforma do aparelho estatal brasileiro, a exemplo da NAP, NSP, NGP e Governo Aberto,

surgiram, segundo Fontes Filho (2014), para fazer com que a administração pública se adéque

à dinâmica e exigência da sociedade.

Com princípios voltados para a transparência e abertura, participação e colaboração dos

cidadãos, a ideia de Governo Aberto, segundo Obama (2009), parece ser um bom caminho a

18

seguir, pois encoraja e promove a responsabilização perante os cidadãos e o controle social

permanente, reforçando a confiança, a coesão social e o fortalecimento institucional. Com

isso, os portais eletrônicos podem se tornar importantes instrumentos, como forma de

mobilizar pessoas a participarem da gestão pública.

O cidadão exerce papel primordial nessa transformação rumo a uma gestão mais

transparente e livre da corrupção. No entanto, segundo Abrucio e Loreiro (2003), a

indiferença da população com relação à política pode inviabilizar o processo de accountability

na construção de mecanismos institucionais para garantir o controle público das ações

governamentais. Logo, o envolvimento de todos é fundamental para o sucesso da gestão

pública.

Conclusão

Esta pesquisa teve por objetivo analisar portais de transparência de municípios

paraibanos sob a ótica da administração pública gerencial prevista no PDRAE. Tal plano tinha

o propósito de fazer a transição da administração pública burocrática, rígida e ineficiente,

voltada para si própria e para o controle interno, para uma administração pública gerencial,

flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão.

O avanço tecnológico possibilitou a criação de mecanismos de acompanhamento e

participação popular, como os portais eletrônicos de transparência. De acordo com Raupp e

Pinho (2012), esse fato provocou o aprimoramento das ferramentas institucionais, bem como

estimulou o compromisso com a transparência pelos gestores. Espera-se que com a maior

oferta de informações sobre a atuação dos governos a população possa participar e exercer de

fato a função de controle (controle social).

Somente por meio do engajamento participativo, os brasileiros sentirão a sensação de

cidadania a “flor da pele”. Mesmo não sendo fácil romper com determinados traços culturais,

as mudanças propostas pelo PDRAE configuram um esforço inclusivo do governo brasileiro,

sendo as medidas de transparência o primeiro e mais importante passo nesse sentido. Mas

para que essa medida tenha efeito, faz-se necessário o interesse e envolvimento dos cidadãos.

Não obstante, sabe-se que leva tempo até que as imposições legais se tornem

culturalmente legítimas e passem a integrar as práticas cotidianas dos cidadãos.

Institucionalizar uma prática requer a recorrência temporal de um agregado de elementos

cognitivos, culturais, regulatórios e normativos que, juntamente a determinados recursos e

atividades associadas, proveem estabilidade e significado à vida social.

19

A busca por legitimidade dos gestores municipais pode explicar a existência das

referidas práticas. Mesmo que não haja exigência legal para a publicação na internet de todos

os atos e fatos da gestão pública para os municípios de pequeno porte, ela existe para os

municípios com mais de dez mil habitantes. Assim sendo, pode-se dizer que para esses

últimos ser transparente é legítimo, pois há endosso social no sentido normativo, regulatório e

cultural. Portanto, mesmo quando não há imposição normativa, há vantagens a serem obtidas

pela execução dessas práticas, principalmente no que diz respeito à melhoria da imagem dos

gestores dos pequenos municípios. Essa é uma possível contribuição da Teoria Institucional

para esse fato, aparentemente contraditório.

Verificou-se na pesquisa que os portais da transparência municipais estão em processo

de evolução, com melhorias significativas nos últimos anos. Foi interessante observar que,

independentemente, da exigência legal (princípio da legalidade) - um dos princípios da

administração pública burocrática - os gestores dos municípios de pequeno porte, segundo

Pereira (2002), demonstram maior preocupação e cuidado na divulgação dos atos de gestão e

prestação de contas.

Com isso, tem-se a expectativa de que num futuro próximo, a administração pública

possa continuar se aperfeiçoando, principalmente com o Estado mais preocupado em ouvir o

que a sociedade tem a dizer, promovendo a participação ativa e gestão social. A proposta de

governo aberto, conforme Ramírez-Alujas (2011), é um caminho interessante, pois propõe um

relacionamento entre governos, administrações e sociedade cada vez mais transparente,

multidirecional, colaborativo e orientado para a participação dos cidadãos, tanto no

monitoramento, quanto na tomada de decisão pública.

Conclui-se que os portais da transparência analisados apresentaram algumas

informações relevantes para um controle social. Porém, nem todas as exigências legais foram

atendidas pelos municípios, bem como alguns imperativos das boas práticas de governança e

de transparência foram deixados de lado. Um exemplo disso é a usabilidade, segundo Teixeira

et al (2015), apenas a apresentação dos dados não permite uma interação com os usuários, que

não se sentem estimulados a buscar informações, seja pela dificuldade de localizar o que

desejam saber ou pelos termos técnicos empregados nos canais.

Verificou-se que muitas das informações disponibilizadas nos portais da transparência

dos municípios eram de difícil entendimento, em razão da linguagem técnica empregada,

exigindo um conhecimento prévio em administração pública, principalmente, dos cidadãos.

Essa é uma preocupação que os gestores devem ter, conforme exposto por Raupp e Pinho

(2009) que alguns relatórios e demonstrativos divulgados têm o entendimento prejudicado,

20

em razão da linguagem usada ser pouco acessível aos cidadãos.

Portanto, mesmo com todo esforço existente desde 1995 com o advento do PDRAE,

pode-se perceber que muitas das ideias e práticas da Teoria burocrática weberiana ainda

permeiam a administração pública brasileira, principalmente no nível municipal, o que tende a

dificultar a transparência. Contudo, o cenário de mudança é animador, pois existe um

movimento, cada vez maior, de participação social e conscientização do cidadão sobre seu

papel na gestão pública. E ainda, um avanço na conscientização dos gestores (autoridade

institucional). Espera-se com isso um incremento na qualidade da transparência pública e, por

conseguinte, uma redução da corrupção na esfera pública.

Com o objetivo de encontrar explicações mais consistentes para a existência de práticas

de transparência e elevação de seu nível em municípios paraibanos, mesmo não havendo

exigência legal, recomendam-se estudos futuros sobre a relação da transparência na gestão

pública com a Teoria Institucional e cultura organizacional. Isso se deve ao fato de muitos

entes públicos estarem compelidos a agir sob o imperativo da transparência, numa ótica

institucional.

Referências

Abrucio, F. L. e Loureiro, M. R. 2003. “Políticas fiscais e accountability: o caso brasileiro”,

ENANPAD, 27, Atibaia (SP). Anais... Rio de Janeiro: ANPAD.

Andion, C. 2012. “Por uma nova interpretação das mudanças de paradigma na administração

pública”, Cadernos EBAPE.BR (FGV), Rev. 10: 01-19.

Bommert, B. 2010. “Collaborative innovation in the public sector”, International Public

Managament Review, IPMR, Rev. 11, ed. 1.

Brasil. Lei Complementar N° 101, de 04 de Maio de 2000. Presidência da República. Casa

Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília.

______. Lei Complementar N° 131, de 27 de Maio de 2009. Presidência da República. Casa

Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília.

______. Lei N° 12.527, de 18 de novembro de 2011. Presidência da República. Casa Civil.

Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília.

Bresser-Pereira, L. C. 1995. Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília:

Presidência da República, Câmara da Reforma do Estado, Ministério da Administração

Federal e Reforma do Estado.

21

Coelho, F. S. 2012. Reformas e Inovações na Gestão Pública no Brasil Contemporâneo. In:

Carneiro, José Mario Brasiliense; Dantas, Humberto (Orgs.). Parceria Social Público-Privado:

textos de referência. São Paulo: Oficina Municipal.

Denhardt, J.V. e Denhardt, R.B. 2003. The New Public Service. Serving, not Steering. New

York: M.E Sharpe.

Diniz, E. 2001. “Globalização, Reforma do Estado e Teoria Democrática Contemporânea”,

São Paulo em Perspectiva, Rev. 15: 13-22.

Duran, P. e Thoenig, J.-C. 1996. “L'État et la gestion publique territoriale”, Revue Française

de Science Politique, Rev. 4: 580-623.

Ferlie, E., Fitzgerald, L., Mcgivern, G., Dopson, S. e Bennett, C. 2011. “Public Policy

Networks and “Wicked Problems”: a Nascent Solution?”, Public Administration, Rev. 89:

307-324.

Fontes Filho, J. R. 2014. “Da Nova Gestão Pública à Nova Governança Pública: as novas

exigências de profissionalização da função pública”, Anales del XIX Congreso Internacional

del Clad. Caracas: Clad,. Rev. 1: 1-16.

Greenwood, R., Oliver, C., Lawrence, T. e Meyer, R. E. 2017. Introduction: into the fourth

decade. In: Greenwood, R., Oliver, C., Lawrence, T., Meyer, R. E. (Ed.). The SAGE

handbook of organizational institutionalism. London: Thousand Oaks, CA & New Dehli:

Sage Publications.

Leite, L. Q. 2017. “Reflexões teóricas sobre modelos de Gestão Pública: o paradigma

weberiano, a New Public Management e o Estado Neo-Weberiano”, RP3 - Revista de

Pesquisa em Políticas Públicas, Rev. 0: 80-95.

Obama, B. 2009. Memorandum on Transparency and Open Government (OGD). Executive

Office of the President of United States of America, Washington, DC.

Osborne, S. P. 2006. “The new public governance”, Public Management Review, Rev. 8: 377-

387.

Pereira, J. M. 2002. “Ética na gestão pública e exercício da cidadania: o papel dos tribunais de

contas brasileiros como agências de accountability. O caso do Tribunal de Contas de

Pernambuco”, Congreso Internacional Del CLAD sobre la Reforma Del Estado y de la

Administración Pública, Anais... Lisboa.

Pereira, M. da G., Silva, W.A.C. e Araújo, E.A.T. 2002. “Análise da Produção Científica

sobre accountability na Área de Administração Pública”, Congresso USP - Controladoria e

Contabilidade - novas perspectivas na pesquisa contábil, Anais... São Paulo.

22

Peters, G. 2009. “Still the century of bureaucracy? The roles of public servants”, Public

Policy and Administration, Rev. 30: 7-21.

Pinho, J. A. G. e Sacramento, A. R. S. 2009. “Accountability: já podemos traduzi-la para o

português?”, Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, Rev. 43: 1343-1368.

Pollitt, C. e Bouckaert, G. 2002. “Avaliando reformas da gestão pública: uma perspectiva

internacional”, Revista do Serviço Público, Rev. 53.

Ramírez-Alujas, A.V. 2011. “Gobierno Abierto, Servicios Públicos 2.0 y Ciudadanía Digital:

Notas para una nueva agenda de modernización de la gestión pública en Iberoamérica”, Grupo

de Investigación en Gobierno, Administración y Políticas Públicas (GIGAPP).

Raupp, F. M. e Pinho, J. A. G. 2009. “Prestação de Contas em Câmaras Municipais por meio

da Gestão de Custos como Incentivo à accountability”, ABCustos, Rev. IV: 123-144.

______. 2012. “A Voz de Presidentes de Câmaras Municipais sobre Prestação de Contas,

Transparência e Participação em Portais Eletrônicos”, Revista de Administração e

Contabilidade. Rev. 4: 53-68.

Secchi, L. 2009. “Modelos organizacionais e reformas da administração pública”, Revista de

Administração Pública, Rev. 43: 347-369.

Teixeira, D. C., Queiroz, A. G. A., Zancan, C., Souza, W. A. R. e Santa Rita, L. P. 2015.

“Avaliação de Portais Eletrônicos Públicos: Análise da Accountability no Legislativo

Municipal de Alagoas”, Revista de Administração e Contabilidade da FAT. Rev. 7: 22-40.

Weber, M. 1966. Fundamentos da organização burocrática: uma construção do tipo ideal. In:

Campos, Edmundo. (Org.) Sociologia da burocracia. Rio de Janeiro: Zahar.

______. 2003. Economia e Sociedade. Brasília: Editora UnB.

Yazigi, A. F. 1999. “Dinero, política y transparencia: el imperativo democrático de combatir

la corrupción”, 9th International Anti-Corruption Conference (IACC). Durban.

Apêndice 1 - Índices de transparência dos municípios paraibanos com até 5.000 habitantes

2014.2 2015.1 2015.2 2016.1 2016.2

NOME DO MUNICÍPIO 1 2 3 TOTAL 1 2 3 TOTAL 1 2 3 TOTAL 1 2 3 TOTAL 1 2 3 TOTAL

Parari 1.769 5,80 1,30 7,10 5,00 6,71 1,00 5,64 5,02 6,57 2,00 7,21 5,59 5,00 2,67 10,00 5,30 0,20 0,00 0,00 0,10

São José do Brejo do Cruz 1.806 6,21 1,29 4,50 4,55 3,07 1,14 6,07 3,34 5,96 6,86 6,93 6,43 0,20 0,00 2,00 0,50 7,60 5,00 8,00 6,90

Coxixola 1.925 5,32 1,29 5,36 4,32 8,54 3,86 5,36 6,58 8,72 3,86 6,79 7,02 8,90 6,67 8,75 8,20 8,50 8,33 6,75 8,10

Quixaba 1.964 3,50 5,14 6,64 4,70 6,11 5,14 5,00 5,59 7,31 1,86 5,64 5,53 5,70 7,67 8,00 6,75 7,30 7,67 10,00 7,95

Riacho de Santo Antônio 1.985 4,79 1,86 6,36 4,45 6,71 1,86 6,64 5,48 6,57 6,86 7,21 6,80 4,80 4,33 9,50 5,60 6,20 6,00 7,50 6,40

Areia de Baraúnas 2.126 6,90 4,57 6,21 6,15 6,52 4,29 5,64 5,74 8,30 5,14 6,50 7,06 5,10 6,67 8,00 6,15 5,90 5,00 6,75 5,80

Zabelê 2.245 4,11 1,29 5,79 3,82 6,25 0,00 4,36 4,21 6,37 3,71 7,64 6,03 6,10 8,33 8,75 7,30 7,20 6,67 8,75 7,35

Amparo 2.246 5,07 1,00 4,43 3,89 7,71 1,00 5,21 5,41 8,29 6,71 6,64 7,48 5,20 8,33 7,25 6,55 8,00 4,33 7,75 6,85

Passagem 2.424 7,19 1,86 5,93 5,54 1,25 2,00 5,07 2,39 6,76 1,86 6,21 5,40 6,60 7,67 8,00 7,20 8,50 2,67 10,00 7,05

Algodão de Jandaíra 2.501 4,36 1,29 5,64 3,91 5,93 1,43 6,21 4,88 7,61 3,00 5,29 5,88 6,90 5,00 10,00 6,95 6,70 5,00 10,00 6,85

Curral Velho 2.517 4,07 1,29 6,07 3,88 5,82 2,29 8,21 5,54 6,47 1,14 8,21 5,58 6,40 3,67 6,75 5,65 6,80 3,67 6,75 5,85

Santo André 2.519 5,00 1,29 6,36 4,41 6,29 1,14 6,21 4,98 7,07 2,00 6,93 5,77 8,00 2,67 7,00 6,20 3,80 0,00 7,50 3,40

Bom Jesus 2.567 7,03 1,29 5,93 5,32 8,71 1,43 4,79 5,91 8,64 2,00 6,79 6,52 6,30 8,33 8,25 7,30 6,60 5,00 7,75 6,35

São Domingos do Cariri 2.601 5,43 1,14 5,36 4,34 8,14 1,86 5,86 6,00 6,61 1,29 8,57 5,77 7,00 4,33 6,50 6,10 7,40 4,33 6,50 6,30

Carrapateira 2.667 6,07 1,29 6,93 5,09 8,14 1,00 5,36 5,66 7,43 1,86 4,36 5,27 5,40 5,00 7,75 5,75 5,40 5,00 8,75 5,95

Joca Claudino 2.690 6,64 1,29 6,79 5,34 0,50 0,00 7,50 2,13 6,61 1,29 6,21 5,18 6,50 2,67 8,00 5,65 7,70 5,00 10,00 7,35

Lastro 2.725 7,74 4,57 5,79 6,46 6,70 6,86 6,07 6,58 6,71 2,00 5,64 5,27 8,30 5,00 9,00 7,45 7,90 5,00 9,00 7,25

Várzea 2.820 6,55 5,14 6,79 6,26 7,64 4,57 7,21 6,77 0,00 0,00 1,79 0,45 7,90 3,67 9,50 6,95 9,50 3,67 9,50 7,75

Mato Grosso 2.915 4,43 1,86 5,57 4,07 0,00 0,00 1,79 0,45 5,11 2,00 4,86 4,27 4,00 6,00 7,25 5,25 0,80 2,67 3,00 1,80

Frei Martinho 2.990 9,50 1,29 5,64 6,48 9,00 1,29 4,64 5,98 9,00 1,29 6,21 6,38 9,40 10,00 8,75 9,45 10,00 8,33 9,25 9,35

Ouro Velho 3.042 3,46 1,86 5,36 3,54 6,86 4,00 6,21 5,99 6,44 1,86 6,64 5,34 5,70 8,33 7,50 6,85 6,60 6,00 8,50 6,80

Tenório 3.066 4,50 4,29 5,36 4,66 7,64 4,57 7,50 6,84 3,50 2,00 7,50 4,13 6,90 2,67 7,50 5,75 7,10 2,67 7,50 5,85

Serra Grande 3.100 7,24 1,00 5,93 5,35 8,36 1,43 6,93 6,27 5,92 6,86 6,50 6,30 8,10 8,33 8,00 8,15 9,80 6,67 10,00 8,90

São Domingos 3.120 3,93 3,71 4,21 3,95 8,89 6,71 4,07 7,14 8,34 3,71 5,21 6,40 9,20 5,33 9,50 8,10 9,60 6,00 10,00 8,60

Serra da Raiz 3.121 4,89 1,29 5,64 4,18 7,21 1,43 6,07 5,48 6,79 4,00 5,07 5,66 5,80 5,33 9,50 6,40 8,30 6,67 10,00 8,15

Cajazeirinhas 3.197 4,13 1,00 5,07 3,58 4,71 1,00 7,21 4,41 6,71 2,14 7,21 5,69 7,60 5,33 6,75 6,75 7,10 7,00 5,75 6,80

São Francisco 3.363 4,93 2,14 5,21 4,30 8,77 6,71 4,64 7,23 8,37 3,71 6,50 6,74 8,00 6,00 8,00 7,40 8,30 6,00 8,00 7,55

Gurjão 3.436 5,32 1,29 5,79 4,43 7,00 1,14 4,21 4,84 8,29 1,29 5,64 5,88 5,20 6,67 7,25 6,05 5,40 6,00 7,25 5,95

Bernardino Batista 3.438 4,50 3,86 5,79 4,66 6,07 1,43 6,21 4,95 7,82 4,00 5,29 6,23 6,20 6,67 9,50 7,00 7,30 8,33 10,00 8,15

São Sebastião do Umbuzeiro 3.496 4,11 1,14 5,79 3,79 4,36 0,00 3,93 3,16 5,46 1,14 8,21 5,07 6,70 7,00 8,75 7,20 7,50 4,33 8,25 6,70

Emas 3.528 7,19 5,14 6,14 6,41 2,36 4,29 6,57 3,89 7,01 1,43 6,50 5,49 1,90 5,00 3,50 3,15 4,60 1,00 7,00 4,00

São José do Bonfim 3.566 3,96 6,71 6,79 5,36 7,04 1,71 4,64 5,11 6,51 6,57 7,64 6,81 7,60 5,33 8,75 7,15 7,20 7,67 6,75 7,25

Sossêgo 3.567 4,57 1,00 6,36 4,13 7,25 1,14 6,36 5,50 7,54 5,00 7,36 6,86 6,00 5,00 10,00 6,50 7,50 5,00 9,50 7,15

ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO RESIDENTE NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS COM DATA DE

REFERÊNCIA EM 1º DE JULHO DE 2017

POPULAÇÃO ESTIMADA

Apêndice 1 - Índices de transparência dos municípios paraibanos com até 5.000 habitantes

Duas Estradas 3.594 7,04 4,57 6,21 6,22 3,14 2,00 5,50 3,45 7,34 2,00 6,50 5,79 6,00 3,33 8,00 5,60 0,00 0,00 0,00 0,00

Santa Inês 3.596 6,80 1,86 6,21 5,42 7,43 2,00 6,93 5,95 7,43 4,00 7,64 6,63 5,30 6,67 8,00 6,25 4,90 2,00 8,50 4,75

Riachão 3.607 6,31 1,29 5,21 4,78 7,46 1,14 6,79 5,71 7,90 4,00 6,93 6,68 8,90 5,33 8,00 7,65 7,40 7,67 8,00 7,60

São José dos Cordeiros 3.711 5,77 1,14 7,50 5,05 7,04 1,14 7,07 5,57 7,11 2,00 7,79 6,00 5,40 3,67 7,50 5,30 6,40 6,00 6,00 6,20

Cacimba de Areia 3.749 5,07 1,00 6,07 4,30 5,88 0,86 8,93 5,39 6,79 1,29 8,21 5,77 6,50 3,67 6,25 5,60 7,20 4,67 4,75 5,95

Poço Dantas 3.770 5,36 5,43 4,79 5,23 5,39 7,14 8,21 6,54 6,79 5,43 8,21 6,80 2,40 1,00 8,00 3,10 6,70 7,67 8,00 7,25

Pedra Branca 3.803 7,96 3,86 6,50 6,57 6,92 2,00 6,43 5,57 6,90 6,71 6,64 6,79 7,30 10,00 8,00 8,25 8,90 10,00 9,50 9,35

Vista Serrana 3.808 0,00 0,00 0,00 0,00 6,61 1,86 4,50 4,89 7,34 2,43 8,07 6,29 7,80 7,67 8,75 7,95 8,80 6,00 8,75 7,95

São José de Princesa 3.842 2,93 0,86 5,57 3,07 4,71 0,86 3,93 3,55 5,40 2,00 8,36 5,29 7,00 4,33 8,25 6,45 6,70 5,33 6,25 6,20

Assunção 3.921 0,00 0,00 2,21 0,55 7,04 1,14 5,50 5,18 7,68 2,00 8,57 6,48 5,20 5,00 8,50 5,80 7,70 6,00 8,50 7,35

Olivedos 3.951 4,96 1,14 5,36 4,11 7,46 1,14 5,64 5,43 7,68 1,29 7,00 5,91 6,40 8,33 6,50 7,00 7,80 5,00 8,00 7,00

Salgadinho 3.980 5,11 1,29 4,79 4,07 0,00 0,00 0,00 0,00 7,32 4,00 7,36 6,50 7,80 2,67 10,00 6,70 5,30 5,00 10,00 6,15

Mãe d'Água 4.009 7,36 5,43 6,93 6,77 6,76 4,29 6,43 6,06 7,44 4,29 6,43 6,40 6,60 8,33 9,00 7,60 6,80 8,33 9,00 7,70

São José do Sabugi 4.145 4,57 4,29 6,50 4,98 7,89 5,14 7,79 7,18 5,81 7,14 6,93 6,43 7,90 8,33 8,00 8,05 8,00 7,67 9,25 8,15

Caraúbas 4.171 5,21 1,29 5,36 4,27 7,43 1,29 5,21 5,34 8,29 2,14 6,64 6,34 7,20 6,00 7,75 6,95 8,20 3,33 8,50 6,80

Prata 4.179 5,04 0,86 6,50 4,36 4,29 1,86 4,71 3,79 6,42 2,00 7,64 5,62 5,90 6,00 8,75 6,50 5,40 6,00 6,75 5,85

São João do Cariri 4.296 6,75 1,29 6,21 5,25 7,71 0,86 5,43 5,43 5,32 1,71 7,57 4,98 7,20 3,67 9,00 6,50 9,30 3,67 9,00 7,55

Poço de José de Moura 4.318 2,64 2,14 4,79 3,05 6,64 1,43 8,14 5,71 0,99 4,00 2,21 2,05 8,60 6,67 8,00 7,90 7,70 6,67 8,00 7,45

Logradouro 4.343 6,29 1,29 4,64 4,63 8,04 1,29 4,36 5,43 9,18 1,86 6,93 6,79 8,60 5,33 8,75 7,65 8,20 6,67 7,25 7,55

São João do Tigre 4.423 0,71 0,86 5,93 2,05 0,00 0,00 2,07 0,52 4,74 2,00 8,21 4,92 6,90 5,33 8,25 6,70 6,90 2,67 6,75 5,60

Riachão do Poço 4.519 0,71 0,00 0,43 0,46 5,91 2,14 5,64 4,90 7,79 3,71 8,71 7,00 8,40 6,00 7,75 7,55 9,00 7,67 7,25 8,25

Riachão do Bacamarte 4.529 5,64 0,86 4,79 4,23 0,00 0,86 3,57 1,11 0,06 0,00 0,00 0,03 5,50 3,67 7,50 5,35 5,70 10,00 7,50 7,35

Matinhas 4.537 7,40 4,29 6,14 6,31 6,86 5,43 6,07 6,31 7,57 3,00 7,86 6,50 4,10 7,67 8,00 5,95 6,90 7,67 8,00 7,35

São Bentinho 4.540 5,04 1,29 5,29 4,16 4,71 1,00 3,93 3,59 6,24 3,71 8,21 6,10 5,50 6,00 8,75 6,30 8,10 7,67 6,25 7,60

Santa Teresinha 4.573 0,00 0,00 2,64 0,66 6,57 1,29 4,50 4,73 6,46 3,71 8,21 6,21 8,80 7,67 8,75 8,45 8,40 7,67 6,75 7,85

São José de Espinharas 4.635 7,13 4,57 6,50 6,33 7,29 5,14 7,50 6,81 5,36 7,14 6,79 6,16 8,40 8,33 8,00 8,30 7,70 7,67 10,00 8,15

Lagoa 4.666 0,00 0,86 4,50 1,34 1,07 0,00 2,21 1,09 7,71 2,29 4,79 5,63 7,20 8,33 7,75 7,65 5,10 1,00 7,25 4,30

Congo 4.789 6,44 6,71 5,79 6,35 6,29 2,00 8,79 5,84 6,70 4,00 7,07 6,12 8,50 8,33 8,50 8,45 8,20 6,00 9,25 7,75

Monte Horebe 4.825 5,50 1,00 5,21 4,30 7,86 1,00 4,93 5,41 8,21 1,86 6,50 6,20 7,30 6,00 6,00 6,65 7,60 6,00 8,50 7,30

Caturité 4.839 5,50 1,86 6,07 4,73 8,11 1,29 8,29 6,45 8,94 4,00 8,21 7,52 8,80 5,33 9,50 7,90 7,20 7,67 10,00 7,90

Nova Palmeira 4.910 5,76 1,29 7,64 5,11 4,86 1,43 5,07 4,05 7,79 2,00 8,00 6,39 7,70 8,33 10,00 8,35 7,40 6,67 10,00 7,70

Baraúna 4.925 6,75 1,29 3,79 4,64 8,43 2,14 4,93 5,98 9,20 3,00 7,79 7,30 7,50 8,33 9,50 8,15 9,30 8,33 10,00 9,15

Catingueira 4.934 4,54 1,86 6,21 4,29 4,54 2,29 7,21 4,64 6,47 1,86 8,21 5,75 0,00 2,00 6,75 1,95 0,00 1,00 4,50 1,20

Bom Sucesso 4.972 5,93 0,86 5,07 4,45 7,46 1,14 4,21 5,07 6,72 1,14 3,79 4,59 7,60 6,00 8,50 7,30 8,20 7,67 10,00 8,40

MÉDIA 5,08 2,13 5,52 4,45 6,03 2,12 5,64 4,96 6,77 3,05 6,70 5,82 6,55 5,81 8,09 6,63 6,95 5,52 7,88 6,70