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IBMR LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES DANIELLA SANTOS MATTOS TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS ALOGÊNICAS EM PACIENTES COM LEUCEMIAS AGUDAS Rio de Janeiro 2017

TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS … · A Leucemia consiste na proliferação anormal de células leucocitárias oriundas da medula óssea que posteriormente invadem

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Page 1: TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS … · A Leucemia consiste na proliferação anormal de células leucocitárias oriundas da medula óssea que posteriormente invadem

IBMR – LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

DANIELLA SANTOS MATTOS

TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO

HEMATOPOIÉTICAS ALOGÊNICAS EM PACIENTES

COM LEUCEMIAS AGUDAS

Rio de Janeiro

2017

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DANIELLA SANTOS MATTOS

TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO

HEMATOPOIÉTICAS ALOGÊNICAS EM PACIENTES COM

LEUCEMIAS AGUDAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Instituto Brasileiro de Medicina de

Reabilitação, como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do Grau de

Bacharel em Biomedicina.

Orientadora: Profª. Drª. Angélica Dutra de Oliveira

Rio de Janeiro

2017

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DANIELLA SANTOS MATTOS

TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO

HEMATOPOIÉTICAS ALOGÊNICAS EM PACIENTES COM

LEUCEMIAS AGUDAS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito para obtenção do

grau de Bacharel em Biomedicina do Instituto

Brasileiro de Medicina de Reabilitação – Uni-

IBMR.

Aprovada em de Novembro de 2017

BANCA EXAMINADORA

PROF. DR. CÉSAR CARRIÇO DA SILVA

PROFª. DRª. GLAUCIA VILAR PEREIRA

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AGRADECIMENTO

Primeiramente a Deus, o autor e consumador da minha fé, por me permitir chegar até aqui com

saúde e me dá estruturas para vencer todas as dificuldades da vida.

Aos meus pais Claúdio e Dora Mattos, meus exemplos, por todo amor, apoio, carinho, cuidado

e por se orgulharem de mim. Vocês são incríveis.

À minha irmã Caroline Mattos por me aturar e me ajudar com palavras incentivadoras e por me

deixar usar o computador, em tempo integral, para fazer esse trabalho.

Aos meus amigos e amigas pelo incentivo e por compreender quando eu faltava em alguma

resenha, o “TCC da Dani” agradece.

Ao meu amigo, irmão Pedro Elias por todas as palavras, orações, apoio, e por aturar minhas

reclamações sobre o TCC, sobre não ter dormido e sobre meus estresses com o trabalho,

obrigada!

Ao Ben Hur por me emprestar o computador para que eu conseguisse terminar de escrever este

trabalho de maneira digna, já que meu computador não ajudou. Sou muita grata por isso!

E por fim, agradeço a professora Angélica Dutra, que aceitou orientar essa monografia, mesmo

com vários outros alunos para orientar, muito obrigada!

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RESUMO

A Leucemia consiste na proliferação anormal de células leucocitárias oriundas da medula óssea

que posteriormente invadem a corrente sanguínea. Segundo os estudos, o índice de mortalidade

em 2012 em pacientes com leucemia no mundo foi de 265 mil. E em 2016, 5.540 novos casos

de leucemia em homem e 4.530 em mulheres foram estimados no Brasil. As leucemias agudas

apresentam rápida evolução, entretanto, há chance de cura para os pacientes acometidos. A

quimioterapia, alternativa base do tratamento, geralmente é incapaz de controlar a doença a

longo prazo, desta forma, o transplante de células tronco hematopoético alogênico é o

tratamento eficaz na consolidação da remissão das leucemias agudas. Diferentes estudos

apontam que o transplante de células tronco alogênico pode curar entre 50% a 60% dos

pacientes, que não alcançaram tal resultado somente com a quimioterapia. Essa revisão

bibliográfica apresenta a importância do transplante de células troncos hematopoiéticas

alogênicas como um potencial tratamento curativo para doenças leucêmicas de característica

aguda. Indicando os principais critérios para o sucesso do tratamento e as complicações pós

transplante, como no caso da doença de enxerto conta o hospedeiro (DECH).

Palavras-chave: Transplante, Leucemias agudas, Transplante de Medula Óssea.

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ABSTRACT

Leukemia consists of the abnormal proliferation of leukocyte cells from the bone marrow that

later invade the bloodstream. According to the studies, the mortality rate in 2012 in patients

with leukemia in the world was 265 thousand. And in 2016, 5,540 new cases of leukemia in

men and 4,530 in women were estimated in Brazil. Acute leukemias present a fast evolution,

however, there is a chance of cure for the affected patients. Chemotherapy, the alternative

treatment base, is usually unable to control the disease in the long term, thus, allogeneic

Hematopoietic stem cell transplantation is the effective treatment in the consolidation of the

remission of acute leukemias. Different studies indicate that allogeneic Hematopoietic stem

cell transplantation can cure between 50% and 60% of the patients, who did not reach this

result solely with chemotherapy. This literature review presents the importance of allogeneic

hematopoietic stem cell transplantation as a potential curative treatment for acute

characteristic leukemic diseases. Indicating the main criteria for treatment success and post-

transplant complications, as in the case of graft-versus-host disease (GVHD).

Keywords: Transplantation, Acute leukemias, Bone marrow transplantation.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Diagrama mostrando a célula multipotente da MO e as linhagens celulares

oriunda ...................................................................................................................................... 19

FIGURA 2. Blastos na Leucemia mielóide aguda .................................................................. 23

FIGURA 3. . LINFOBLASTOS ............................................................................................. 24

FIGURA 4. Esquema de hierarquia e diferenciação das células-tronco hematopoiética ........ 42

FIGURA 5. Representação de punção da região medular ...................................................... 44

FIGURA 6. Complexo de Histocompatibilidade Humano ancorada na membrana celular.. .47

FIGURA 7. Complexo HLA. Cromossomo humano 6 amplificado na região HLA .............. 48

FIGURA 8. Processo do transplante de células tronco hematopoético alogenico .................. 53

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Classificação EGIL para LMA, LLA-B e LLA-T. ...................................................... 28

TABELA 2. Classificação FAB para as Leucemias Mielóides Agudas .................................. 30

TABELA 3. Classificação da OMS (2008) para as Leucemias Mielóides Agudas ................. 32

TABELA 4. Classificação da OMS (2008) para as Leucemias Linfóides Agudas ................. 33

TABELA 5. Classificação das Leucemias Agudas de linhagem ambígua pela OMS 2008. ... 34

TABELA 6. Principais parâmetros atualizados pela OMS 2016. ........................................... 35

TABELA 7. Anormalidades genéticas associadas ao prognóstico de LMA ........................... 37

TABELA 8. Tipos de transplante de células-tronco hematopoiéticas ..................................... 41

TABELA 9. Critérios de indicação de TCTH alogenico em LLA e LMA .............................. 51

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1. Marcadores comuns nas Leucemias Agudas .................................................... 28

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1. TCTH segundo a fonte celular entre os anos de 1988-2006 nos Estados

Unidos ....................................................................................................................................... 43

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANAE - Alfa-naftilacetatoesterase

ANBE - Alfa-naftilbutirato esterase

CSF-G - Fatores estimuladores de colônia granulocítica

CTH - Células-tronco hematopoiéticas

CTH-CP - Células-tronco hematopoiéticas de curto prazo

CTH-LP - Células-tronco hematopoiéticas de longo prazo

DECH - Doença do enxerto-contra-hospedeiro

DECHa - Doença do enxerto-contra-hospedeiro aguda

DECHc - Doença do enxerto-contra-hospedeiro crônica

FAB - Grupo Franco-Americano-Britânico

FISH - Hibridação in situ por fluorescência

HLA - Antígeno Leucocitário Humano (do inglês Human leukocyte antigen)

LA - Leucemia Aguda

LLA - Leucemia Linfoblástica Aguda ou Leucemia Linfoide Aguda

LLC - Leucemia Linfoblástica crônica ou Leucemia Linfoide Crônica

LMA - Leucemia Mieloblástica Aguda ou Leucemia Mieloide Aguda

LMC - Leucemia Mieloblástica Crônica ou Leucemia Mieloide Aguda

MHC - Proteína do Complexo Maior de Histocompatibilidade humano (do

inglês Major Histocompatibility Complex)

MO - Medula Óssea

MPO - Mieloperoxidase

NK - Natural Killer

NSE - Esterases não específicas

OMS - Organização Mundial da Saúde

PAS - Reação de Ácido Periódico de Schiff

PCR - Reação de polimerase em cadeia

Ph - Cromossomo Filadélfia

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SBB - Sudan–Black B

SCU - Sangue de Cordão Umbilical

SDM - Síndromes mielodisplasias

SP - Sangue Periférico

TCR - Receptor de células-T

TCTH - Transplante de células-tronco hematopoiético

TdT- Terminal desoxinucleotidil-Transferase

TMO - Transplante de Medula Óssea

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 16

2.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 16

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 16

3. METODOLOGIA ................................................................................................ 17

4. DESENVOLVIMENTO ...................................................................................... 18

4.1. LEUCEMIA ....................................................................................................... 18

4.1.1. Incidência............................................................................................................. 19

4.1.2. Etiologia ............................................................................................................. 20

4.1.3. Tipos de leucemias ............................................................................................. 21

4.2. LEUCEMIAS AGUDAS .................................................................................... 22

4.2.1. Leucemia Mieloide Aguda ................................................................................. 22

4.2.2. Leucemia Linfoide Aguda .................................................................................. 23

4.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ................................................................. 25

4.3.1. Hemograma ........................................................................................................ 25

4.3.2. Mielograma ......................................................................................................... 25

4.3.3. Citoquímica ........................................................................................................ 26

4.3.4. Imunofenotipagem .............................................................................................. 26

4.3.5. Marcadores leucêmicos ...................................................................................... 27

4.3.6. Classificações FAB e OMS para as Leucemias agudas ..................................... 29

4.3.7. Prognóstico ......................................................................................................... 36

4.4. TRATAMENTO .................................................................................................. 38

4.5. TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIETICO .................. 40

4.5.1. Células-Tronco hematopoiéticas ........................................................................ 41

4.5.2. Fonte das células troncos .................................................................................... 43

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4.5.3. Seleção de doadores ........................................................................................... 45

4.5.3.1 Compatibilidade HLA ....................................................................................... 46

4.6. TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO ALOGÊNICO ........................... 50

4.6.1. Doença do enxerto contra hospedeiro ................................................................ 53

5. CONCLUSÃO .................................................................................................. 56

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 57

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1. INTRODUÇÃO

A Leucemia representa o processo de proliferação anormal de células leucocitárias

provenientes da medula óssea que posteriormente invadem a corrente sanguínea (CIPOLAT;

PEREIRA; FERREIRA 2011). As leucemias são classificadas considerando o grau de

maturação celular (agudas e crônicas) e a linhagem de células envolvidas (mieloide ou linfoide)

(MONTENEGRO; DOS SANTOS; VEITH, 2008). Esta classificação é definida após o

diagnóstico final realizado por distintas metodologias que envolvem a morfologia,

imunofenotipagem e citogenética molecular que são recomendadas em conjunto pela

Organização Mundial de Saúde (MOC, [2017]).

As leucemias agudas (LAs) separam-se nas categorias: Leucemia Mieloblástica Aguda

(LMA) e a Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA). A LMA é causada pela proliferação de

precursores mieloides, ocasionando o acúmulo de formas imaturas de blastos na medula óssea

e consequentemente uma diminuição na formação de outras linhagens celulares maduros

(CARDARELLI e cols., 2016). E a LLA é caracterizada pelo aumento de blastos linfoides ou

linfoblastos na medula óssea e no sangue periférico (LORENZI, p.367, 2006). As deficiências

da hematopoese na medula óssea, geram um efeito de insuficiência funcional da medula óssea

que se apresenta clinicamente como anemia, sangramento, infecções e síndrome de

hiperviscosidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

Segundo estudo anual do INCA, o índice de mortalidade em 2012, nos pacientes com

leucemia, mundial foi de 265 mil. E em 2016, 5.540 mil novos casos de leucemia em homem e

4.530 mil em mulheres foram estimados no Brasil (INCA, 2016). Informações apontam que a

leucemia é o tipo mais comum entre crianças e adolescentes (0-19 anos) no mundo, indicando

cerca de 30% dos tumores que surgem abaixo dos 15 anos, e 20% dos que surgem abaixo dos

20 anos. No primeiro ano de vida há uma prevalência de LMA, porém a LLA tem maior

incidência na primeira infância (crianças menores de 5 anos) (COOK, e cols., 2014;

HOWLADER e cols., 2014). Em adolescentes e adultos jovens (de 15 a 29 anos) no Brasil, a

leucemia representa 8% de todas as neoplasias que atingem esse público. A taxa de incidência

de LMA aumenta conforme a idade, enquanto a incidência de LLA diminui gradualmente com

a idade (INCA, 2015).

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O transplante com células-tronco hematopoiético (TCTH) é amplamente usado no

tratamento de pacientes com neoplasias hematológicas, uma série de doenças malignas e para

várias doenças congênitas e adquiridas de origem hematopoiética, genética ou imunológica

(MASTROPIETRO e cols, 2010; PASSWEG e cols, 2013). É uma modalidade que consiste na

infusão intravenosa de células-tronco hematopoiéticas (CTH) do próprio paciente (autólogo)

ou de um doador da mesma espécie (alogênico), com a finalidade de restabelecer a função da

medula óssea e imune do transplantado (LIMA; BERNADINI, 2014; HAMERSCHLAK, p

299, 2010).

O transplante de células-troncos hematopoiéticas alogênicas é um tratamento com

efeito curativo para uma gama de doenças hematológicas malignas e benignas. Inicialmente

foi considerado uma abordagem para resgatar pacientes dos efeitos colaterais ocasionado por

altas doses de radiação e quimioterapia usadas para tratar várias patologias através do TCTH

com a capacidade de reconstruir a hematopoese (GYURKOCZA; REZVANI; STORB, 2010).

O TCTH alogênico possuem duas categorias: aparentados, quando o doador é irmão ou

parente próximo compatível com o paciente; e o não-aparentado, doador sem vínculo

sanguíneo com o paciente (SBTMO; 2014).

Apesar da sua rápida evolução, existe uma possibilidade de cura para os pacientes com

leucemias agudas. A quimioterapia, alternativa base do tratamento, geralmente é incapaz de

controlar a doença a longo prazo, desta forma o TCTH alogênico é o tratamento eficaz na

consolidação da remissão das leucemias agudas (LAMEGO e cols; 2010). Em muitos casos o

TCTH alogênico apresenta-se como melhor opção terapêutica para cura de paciente com

leucemias de alto risco e para os pacientes que sofrem recaídas, exibindo resultados bastante

satisfatórios (LIMA; BERNADINO, 2014; MACMILLAN e cols, 2008). Diferentes estudos

apontam que o TCTH alogênico pode curar entre 50% a 60% dos receptores, que não

alcançaram tal resultado somente com a quimioterapia (MACMILLAN e cols, 2008). As

complicações relacionadas com o TCTH aumentam na proporção da diferença de

compatibilidade, que inclui o risco de rejeição, de desenvolvimento tardio ou incompleto do

enxerto e de Doença do Enxerto-Contra-Hospedeiro (DECH) (INCA, 2012).

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Analisar os principais efeitos do uso de células-tronco hematopoiéticas alogênicas no

tratamento de pacientes com leucemias agudas.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Conceituar e classificar as leucemias agudas (LAs);

Indicar as principais análises laboratoriais envolvidas no diagnóstico das LAs;

Relacionar a leucemia com o Transplante de Células-Troncos Hematopoiéticas (TCTH);

Verificar os critérios que indicam que tipo de paciente pode ser submetido ao TCTH;

Descrever os principais eventos envolvidos no TCTH alogênico;

Citar as possíveis complicações envolvidas entre os pacientes com leucemias

submetidos ao TCTH alogênico.

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3. METODOLOGIA

Nesse estudo adotou como estratégia metodológica, a revisão bibliográfica, optando em

utilizar o método de revisão narrativa, que é um dos tipos de revisão de literatura que possibilita

o acesso aos trabalhos de autores que já pesquisaram sobre o assunto.

A revisão bibliográfica, segundo Fogliato (2007), permite reunir ideias derivadas de

diferentes fontes, visando uma nova forma de apresentação para um assunto já abordado. E a

ideia de revisão narrativa para Noronha (2000), evidencia novas ideias, métodos e subtemas

que tem recebido maior ênfase na literatura.Na elaboração desse projeto buscou-se dados da

literatura nacional e internacional sobre o Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas

Alogênicas como tratamento para pacientes com leucemias agudas, indicando as

características que envolve a terapêutica, a morfologia e o biologia celular das LAs, seguido

de uma descrição geral. Sabendo que esta revisão possibilita reunir as pesquisas já finalizadas

e obter conclusões a partir desse tema.

Para elaboração da pesquisa, o instrumento de coleta de dados utilizado como

ferramenta embasadora foram livros, artigos científicos, arquivos na Internet disponíveis nos

bancos de dados do PubMed e Scielo (Scientific Eletronic Library OnLine) e publicações

periódicas, a partir dos seguintes descritores: Leucemias Agudas; LMA; LLA; TCTH

alogênico; DECH aguda; DECH crônica; Hematopoietic stem cells; Allogeneic hematopoietic

stem cell transplantation; acute leukemia; GVHD. Foram priorizados estudos realizados a partir

de 2008 até 2017.

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4. DESENVOLVIMENTO

4.1. LEUCEMIA

Leucemia é uma doença monoclonal e progressiva, resultante de uma mutação

cancerígena nas células precursoras hematopoiéticas, provocando uma produção clonal

descontrolada dessas células na medula óssea e consequente acúmulo celular. Isso acontece pois

há perda do controle na proliferação celular (HALL, p. 403, 2011; MANISHA, 2012; ANVISA,

2014). As células leucêmicas possuem capacidade de mobilização para a corrente sanguínea.

Essas células sanguíneas precursoras desenvolvem, através de mutações genéticas, grande

capacidade de crescimento e metástase (WHITEHEAD e cols., 2016).

O desenvolvimento normal da produção de células sanguíneas, chamado de

hematopoese, envolve o controle da expressão gênica que direciona a progressão das células

progenitoras sanguíneas e hematopoiéticas. O processo inicia-se com uma célula-tronco

hematopoiéticas pluripotente capaz de se autorrenovar ou dar origem a células progenitoras

multipotentes, podendo se diferenciar em progenitor mieloide (precursor de células

granulocíticas) e progenitor linfóide (precursor de células B, T e Natural Killer (NK)) (LENTO

e cols., 2013). As células precursoras são capazes de responder à fatores de crescimento

hematopoiéticos que, após divisão e diferenciação, permitem a célula alcançar um estágio

maduro (eritrócitos, granulócitos, monócito, megacariócitos e linfócitos) (Figura 1)

(HOFFBRAND; MOSS, p. 4, 2013).

Na doença leucêmica, os processos de autorrenovação, diferenciação e expansão das

células progenitoras são interrompidos, levando ao acumulo de células imaturas e não

funcionais (GREENBLATT; NIMER ,2014).

A leucemia é dividida em duas categorias, a primeira baseia-se no tipo de célula afetada

pela desordem (linfoide ou mieloide) e a segunda se baseia na característica da doença (aguda

ou crônica) (MANISHA, 2012). Caracteriza-se como Leucemias Agudas (LAs) o aumento

rápido de células precursoras sanguíneas imaturas, fazendo com que a medula óssea (MO) não

produza células saudáveis. Entretanto na forma crônica, esse aumento excessivo é formado por

células maduras anormais e a progressão da doença é lenta (INCA, 2015).

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FIGURA 1. Diagrama mostrando a célula multipotente da MO e as linhagens celulares oriunda. BFU,

unidade formadora explosiva; CFU, unidade formadora de colônia; E, eritróide; Eo, eosinófilia; GEMM,

granulocítica, eritróide, monocítica e megacariocítica; GM, granulócito, monócito; Meg, megacariócito; NK,

natural killer (HOFFBRAND; MOSS, p. 3, 2013).

Os sintomas principais são oriundos do acúmulo dessas células na MO, prejudicando a

produção de glóbulos vermelhos, dos glóbulos brancos e das plaquetas o que causa,

respectivamente, anemia, infecções e hemorragias (INCA, [2017]).

4.1.1. Incidência

Segundo publicação do INCA, em 2016, foi estimado para o Brasil, cerca de 5.540 mil

novos casos de leucemia em homens e 4.530 mil em mulheres. Esse fato foi associado a um

risco de 5,63 casos novos de leucemia a cada 100 mil homens e 4,38 para cada 100 mil

mulheres. Em 2012, foram estimados 352 mil novos casos de leucemias, correspondendo a

2,5% de todos os casos de novos cânceres. Neste mesmo ano a estimativa mundial para

mortalidade foi de 265 mil óbitos (INCA, 2015). Atualmente as malignidades hematopoiéticas

representa cerca de 6% a 8% dos novos cânceres diagnosticados (MANISHA, 2012).

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Outros estudos mostram um padrão de distribuição entre a leucemia e os seus subtipos

(linfoides e mieloides) com relação a idade dos pacientes. Existe um domínio da LMA no

primeiro ano de vida. A LLA é mais frequente na primeira infância (menores de 5 anos), além

de apresentar uma frequência em meninos. Após essa idade, a leucemia apresenta uma

frequência de estabilidade até os 19 anos (COOK e cols., 2014; HOWLADER e cols., 2014;

METAYER e cols., 2013). Já a LMA representa 80% de todas as leucemias agudas em adultos.

Em estudos nos Estados Unidos e Europa, a estimativa aproximada é de 3 a 5 caos de LMA por

100 mil habitantes, onde a idade média de apresentação da doença é de 65 anos (FUENTES e

cols., 2015).

A incidência da maioria das neoplasias malignas hematológica, aumentam com a idade

exceto LLA. Provavelmente essa incidência está relacionada ao acúmulo de mutações na

replicação de células–tronco (TOMASETTI; VOGELSTEIN, 2015).

4.1.2. Etiologia

A etiologia da doença ainda é desconhecida e provavelmente multifatorial, porém

acredita-se que alguns fatores genéticos e ambientais são potenciais causadores do

acometimento com risco de alta letalidade. Dentre os fatores ambientais associados estão:

exposição a irradiação ionizante, exposições oriundas do ambiente, principalmente o do

trabalho, e consumo de produtos nocivos, idade, infecção por certos vírus (QUIXABEIRA;

SADDI, 2008; HOWE, 2007; KLIEGMAN; MACDANTE, cap. 155, 2017).

Em relação aos fatores genéticos, existem inúmeras translocações não randômicas

identificadas nas células leucêmicas. Uma translocação pode levar à produção gênica, cuja

expressão pode, consequentemente, formar uma nova proteína com propriedades

transformadoras. Por exemplo, na leucemia linfoide aguda uma translocação entre

cromossomos 9 e 22, produz um gene que agrega parte de outros dois genes, BCR e ABL, cuja

proteína formada executa relevante papel no desenvolvimento das leucemias. Indivíduos com

síndromes geneticamente herdadas, como a Síndrome de Down, possuem um risco maior de

desenvolver leucemia aguda que um indivíduo sem síndrome. Nesse caso ainda não se sabe o

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motivo pelo risco ser elevado (KLIEGMAN; MARCDANTE, cap. 155, 2017).

4.1.3. Tipos de leucemias

As leucemias são classificadas em leucemias mieloide aguda (LMA), leucemia linfoide

aguda (LLA), leucemia mieloide crônica (LMC) e leucemia linfoide crônica (LLC).

Normalmente as células mais diferenciadas podem estar participando de um processo crônico,

e quanto mais indiferenciada é a célula, mais aguda é a leucemia, geralmente levando a morte

dentro de poucos meses se não for tratada (HAMERSCHLAK, 2008; HALL, p. 403, 2011).

Na leucemia crônica a doença tem uma progressão lenta, geralmente encontrada em

pacientes adultos de idade avançada. Há o aumento excessivo de células maduras anormais,

levando meses ou anos para progredir (STONE; HUMPHRIES, p. 732, 2011; HOFFBRAND;

MOSS, p. 192, 2013; BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, p.417, 2013; INCA, 2015).

Leucemias agudas são doenças onde as transformações malignas ocorrem em células-

tronco da hematopoese ou células progenitoras. Acredita-se que os danos genéticos resultam

em aumento da proliferação celular, diminuição da apoptose e bloqueio da diferenciação. A

consequência desses eventos é um acúmulo de células progenitoras hematopoéticas, chamadas

blastos (HOFFBRAND; MOSS, p.179, 2013).

Entretanto, o aspecto clínico dos pacientes com leucemias agudas é inespecífico, visto

que, sinais de fadiga, fraqueza, palidez, febre, hemorragias, hepatomegalia, esplenomegalia,

linfadenopatia e petéquias podem surgir em outras doenças, este fato contribui para o

diagnóstico tardio (ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 2013).

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4.2. LEUCEMIAS AGUDAS

4.2.1. Leucemia Mieloide Aguda

Leucemia Mieloide aguda é uma doença de natureza maligna de progressão rápida

oriunda de células-tronco mieloide ou precursoras hematopoiéticas que dão origem a

granulócitos, monócitos, hemácias e plaquetas. Caracterizada pela proliferação de precursores

granulocíticos que ocupam a medula óssea, tendo como consequência a insuficiente produção

de células sanguíneas maduras normais. As células leucêmicas apresentam núcleos imaturos

grandes, com cromatina aberta e nucléolos proeminentes. Geralmente na LMA, como e em

outras leucemias, a contagem de granulócios maduros, hemácias e plaquetas na corrente

sanguínea está diminuída (MARTINS; FALCÃO, 2000; HAMMER; MCPHEE, p. 108-109,

2016).

No processo de diferenciação das células pluripotentes da medula óssea, ocorre parada

ou dificuldade de maturação, contribuindo com o acumulo de células jovens que não

amadureceram por completo. As células resultantes podem ter formatos variados, desde muito

indiferenciadas, denominadas mieloblastos, até formatos diferenciados. Esse tipo de variação é

a base para classificar morfologicamente os vários tipos de LMA (ODABASI e cols., 2004;

LORENZI, p.304, 2006). Uma das características morfológicas das leucemias mieloides

imaturas são os corpos de inclusão citoplasmático cristalino e eosinofílico, chamados de

bastonetes de Auer, possuem formato semelhante a uma agulha, contudo não são visualizados

em todos os casos (Figura 2) (HAMMER; MCPHEE, p. 108-109, 2016).

Uma LMA pode ser de origem primária, ou seja, sem uma doença tumoral hematológica

antecedente ou proveniente de alguma neoplasia do tipo mieloide (mielodisplasias e neoplasias

mieloproliferativas). Os principais achados laboratoriais que podem indicar uma LMA, ou

LLA, independente da presença de blastos circulantes, são anemia, neutropenia e

trombocitopenia, esses critérios fazem parte da tríade de base da doença (DA SILVA e cols., p.

294, 2015).

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FIGURA 2. Blastos na Leucemia mieloide aguda. Apresentam grandes núcleos e eventuais bastonetes de Auer

(círculo). Fonte: Melo; Silveira, 2013.

4.2.2. Leucemia Linfoide Aguda

Caracterizada como neoplasia hematológica de células linfocitária, a LLA é derivada

das células indiferenciadas linfoides que estão presentes em grande número na medula óssea,

no timo e nos gânglios linfáticos (LORENZI, p. 368, 2006). As células leucêmicas da LLA

contêm uma certa capacidade de multiplicação, mas não chegam a se diferenciar em formas

mais maduras e normais. Dessa forma, os linfoblastos acumulam-se em grande número e em

etapas diferentes de maturação. As LLA podem ser de linhagem B ou linhagem T, sendo as

primeiras mais frequentes. Basicamente possui característica heterogênea, núcleos redondos ou

convolutos, razão núcleo-citoplasma alta, e não apresenta grânulos citoplasmáticos, entretanto

existe uma ampla diversidade de aspectos clínicos e biológicos (Figura 3) (LORENZI, p. 368,

2006; ZANICHELLI; COLTURATO; SOBRINHO, 2010; LONGO, 2015).

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FIGURA 3. Linfoblastos. Grande relação entre núcleo-citoplasma e não possuem grânulos citoplasmáticos. Fonte:

LONGO, 2015

A Marca registrada das LLAs são as aberrações cromossômicas, porém não são

suficientes para provocar leucemia. Em alguns casos de LLA, o cromossomo Filadélfia (Ph)

também é observado. Esse tipo de aberração citogenética - Filadélfia t (9;2) - tem importância

por apresentar maior impacto no prognóstico e tratamento da doença. A prevalência de t (9;2)

na LLA em adultos encontra-se entre 15 a 50% e apresenta aumento com a idade do indivíduo.

Historicamente pacientes LLA Ph-positivo possuem sobrevida de, aproximadamente, 1 ano.

Porém com os avanços dos inibidores de tirosina quinase essa taxa de sobrevida obteve

melhoras (TERWILLIGER; ABDUL-HAY, 2017).

A maioria das manifestações clínicas de LLA são consequências do acúmulo de células

linfoides malignas e indiferenciadas dentro da MO, sangue periférico e regiões extramedulares.

A doença pode apresentar forma inespecífica, com uma combinação de sintomas e sinais de

insuficiência da MO, como anemia, trombocitopenia e leucopenia. Em relação as regiões

extramedulares, o envolvimento pode provocar linfadenopatia, esplenomegalia ou

hepatomegalia em 20% dos pacientes (ALVARNAS e cols, 2015; TERWILLIGER, ABDUL-

HAY, 2017).

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4.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico laboratorial para leucemias agudas é baseado no exame morfológico de

esfregaço sanguíneo e de medula óssea, e complementado com a observação celular através das

técnicas adicionais, incluindo análises citoquímicas e imunofenotípicas e estudos de genética

molecular. O quadro leucêmico é caracterizado pela contagem de blastos acima de 20% na

contagem diferencial de 200 células no sangue periférico ou 500 células na medula óssea

(SWIRSKY; RICHARDS, 2001; TALLMAN, 2004; ZERBINI e cols., 2011; SBP, 2016). O

conhecimento e o avanço tecnológicos sobre as leucemias têm auxiliado num diagnóstico

rápido e preciso com o surgimento de tratamentos que propiciam uma maior sobrevida e cura

ao paciente (BARBOSA; FRANCISCO, p.15, 2007).

4.3.1. Hemograma

O primeiro exame a ser feito é o hemograma completo, que é constituído por contagem

de plaquetas, leucograma e eritrograma, pois avalia a quantidade e a qualidade das células

sanguíneas. Geralmente é indicado por permitir diagnosticar ou controlar a evolução da doença

(FERREIRA e cols., 2013).

Normalmente o hemograma de um paciente com leucemia aguda, apresenta alterações

como anemia normocítica, hemácias em formato de dracriócito e eritroblastos seguidos de

trombocitopenia, leucocitose com presença de neutropenia e blastos no sangue periférico

(BOUZAS, CALAZANS, 2007).

4.3.2. Mielograma

O mielograma é o exame que permite quantificar e analisar os componentes da medula

óssea. É feito sob anestesia local e consiste na aspiração realizada no esterno, parte posterior

do osso do ilíaco e seguida de confecção do esfregaço (INCA, 2014). Na LLA o diagnóstico é

estabelecido quando 25% ou mais das células nucleadas da MO são linfoblastos. Nesse caso, a

medula apresenta hipercelularidade com substituição dos espaços adiposos e elementos

medulares normais por células leucêmicas, com precursores mieloides e eritróides residuais de

aspecto normal e megacariócitos diminuídos ou ausentes (PEDROSA; LINS, 2002). Para

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diagnóstico de LMA, a porcentagem mínima de blastos na MO é de 20%. Os blastos se

assemelham a células jovens normais da MO, porém na MO normal a contagem de blastos é

cerca de 5% (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2014).

4.3.3. Citoquímica

Através das reações citoquímicas revela-se a diferenciação entre LMA e LLA. Uma

reação citoquímica negativa é sugestiva de LLA, no entanto uma reação positiva caracteriza

uma LMA. As colorações de reações citoquímicas mais usadas são a mieloperoxidase (MPO),

Sudan–Black B (SBB), reação de Ácido Periódico de Schiff (PAS) e esterases não específicas

(NSE) (MAIA, 2014).

A positividade das reações MPO e SBB caracterizam células primitivas como mieloides,

diferenciando-as das linfoides. Porém a negatividade não exclui essa origem, pois os

mieloblastos primitivos (M0) são negativos assim como os linfoblastos. Coloração PAS

apresenta positividade para maioria dos linfoblastos leucêmicos e negatividade para

mieloblastos (FAILACE, cap.28, 2015). Já a prova de esterases não específicas, envolve

isoenzimas encontradas nos leucócitos que coram-se com alfa-naftilacetatoesterase (ANAE) e

alfa-naftilbutirato esterase (ANBE), são positivos para os LMAs (DA SILVA e cols., p. 270,

2015).

A citoquímica como complementação à coloração convencional na identificação celular

teve o seu auge, entretanto está em desuso em laboratórios que despõem de testes mais recentes,

como a imunofenotipagem com seus marcadores imunológicos (FAILACE, cap. 28, 2015;

HOFFBRAND; MOSS, p.179, 2013).

4.3.4. Imunofenotipagem

Outra técnica utilizada no diagnóstico laboratorial é imunofenotipagem por citometria

de fluxo, ferramenta importante para o prognóstico das leucemias. Tem as funções de identificar

e diferenciar a população neoplásica da população normal, permitindo a detecção de vários

antígenos aberrantes co-expressos, análise de clones e da heterogeneidade de células leucêmicas

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definindo o número de células com seus fenótipos (GUJRAL e cols., 2008; DOUMBIA e cols.,

2016).

A citometria de fluxo permite o uso de anticorpos (Cluster Designations ou CD)

monoclonais conjugados com fluorocromos – FITC, PE e PerCP - direcionados contra

antígenos de células precursoras e antígenos de células B, T ou mieloide (SILVEIRA, 2012;

MARINHO e cols., 2012). Com a utilização do citômetro de fluxo é possível identificar os

diversos antígenos que podem ser intracitoplasmáticos ou de membrana. (MARINHO e cols.,

2012; FAILACE, cap. 28, 2015).

4.3.5. Marcadores leucêmicos

As células da LLA precursoras de células B, expressam CD19 e outros marcadores de

linhagem B, como CD20, CD24, CD22, CD21 ou CD79. Dados apontam que 90% das células

de LLA expressam o antígeno CD10, um marcador conhecido como CALLA (CHABNER;

LONGO, p.2114-2115; 2015). As moléculas CD79a e CD79b são componentes da transdução

de sinal associados a imunoglobulinas e sua expressão é encontrada somente em células de

linhagem B (POMBO DE OLIVEIRA e cols, 2008).

Os marcadores celulares de linhagem T expressam CD7, TdT (Terminal

desoxinucleotidil-Transferase) e o antígeno citoplasmático CD3 e antígeno altamente

característico de LLA, CD1a. As células-T (timócitos) mais diferenciadas expressam CD2 e

CD5 e mais tarde, CD4 e CD8. Essas células-T maduras também expressam o receptor de

células-T (TCR) funcional e o CD3 de superfície (CHABNER; LONGO, p. 2114-2115; 2015).

Nas LMAs a Mieloperoxidase (MPO), CD13, CD33, CD117 e CD15 são os marcadores

mais comuns (DÖHNER; WEISDORF; BLOOMFIELD, 2015). Apresentam mais

especificidade e possuem positividade maior em 40% dos casos de LMA (POMBO DE

OLIVEIRA e cols, 2008). Porém existem marcadores bem mais específicos de acordo como os

subtipos, devido a heterogeneidade da doença (IKOMA e cols., 2015).

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QUADRO 1. Marcadores comuns nas Leucemias Agudas.

Fonte: Adaptado de IKOMA e cols, 2015

Em 1995, o Grupo EGIL, publicou uma classificação que se baseia na expressão de

marcadores imunofenotípicos nas células leucêmicas, determinado por painel de anticorpos.

Essa proposta ainda é aplicada na definição de marcadores leucêmicos (Tabela 1) (POMBO DE

OLIVEIRA e cols, 2008; IKOMA e cols, 2015).

TABELA 1. Classificação EGIL para LMA, LLA-B e LLA-T.

Linhagem mielomonocítica aguda : Anti- MPO (+), CD33(+), CD65(+), e/ou CD117(+),

CD14(+)

Linhagem megacariocítica (M7): CD41 (+) e/ou CD61 (-) (MS/Cy), CD36 (+)

LMA minimamente diferenciada (MO): definida por marcadores imunológicos

Fenótipo como em LMA mielomonocítia e marcadores linfoides específicos negativos: CD3,

CD79, CD22

LMA TdT (+)

LMA com expressão de antígenos linfoides (LMA + LY)

LLA-B LLA-T LMA

CD19+, CD79a+ CD3+ cy, CD7+cy MPO+ cy, CD33,

CD117 e CD15

VISÃO GERAL DOS MARCADORES MAIS COMUNS DAS LEUCEMIAS AGUDAS

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LLA de linhagem B (CD19 positivo, e/ou CD79A e/ou CD22 positivo) Subdivididas em B-

I a B-IV

Pró-B ( B-I) Sem expressão de outros antígenos de

diferenciação B;

Comum (B-II) CD10 positivo;

Pré-B (B-III) IgM citoplasmática positiva;

B maduro(B-IV) Kappa ou lambda de citoplasma ou membrana

positiva.

LLA de linhagem T – Todos os casos são positivos para CD3 Cy ou Ms alguns são positivos

para CD10

Pró-T ( T-I) CD7 (+), CD2, CD5 e CD1A negativo

Pré - T(T-II) CD2 e/ou CD5 e/ou CD8 positivo e CD1

negativo

T cortical( T-III) CD1 (+), CD3 Ms (+) ou (-)

T maduro(T-IV) CD3 Ms (+), CD1a (-)

Grupo a Anti-TCR α β(+)

Grupo b Anti-TCR γ δ (+)

Cy=intracitoplasmático (a); Ms= membrana de superfície. Fonte: Adaptado de Pombo de Oliveira e Colaboradores, 2008 e Antônio Carlos Lopes, pag. 945,2006

4.3.6. Classificações FAB e OMS para as Leucemias agudas

Como citado anteriormente, as LAs são classificadas de acordo com o aspecto

citomorfológico, citoquímico, imunofenótipo, citogenético e genético molecular. Esses dados

asseguram a melhor escolha terapêutica e no acompanhamento após o tratamento

(CHAUFFAILLE, p. 335, 2016).

Na década de 70, o grupo Franco-Americano-Britânico (FAB) inseriu a classificação de

neoplasias hematológicas para as síndromes mielodisplasias (SDM), onde representa um grupo

de doenças heterogêneas que antes da classificação FAB eram chamadas frequentemente de

“pré-leucemias” (VARDIMAN, 2012). A classificação do sistema FAB é baseada em

características morfológicas e reações citoquímicas, não inclui informações de análises

imunofenotípica e de genética molecular para o prognóstico do paciente e diagnóstico

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diferencial, que é a principal crítica a esta classificação (Tabela 2). E hoje é mais usado para

descrição dos blastos no hemograma e mielograma (SILVA, 2009).

Nesta classificação são descritos oito subtipos diferentes de LMA (LMA-M0 à LMA-

M7). O diagnóstico é feito quando >30% das células da MO são blastos. Esta classificação

define a linhagem e o grau de maturação celular (POMBO DE OLIVEIRA e cols, 2008). Já as

LLAs foram divididas em três subtipos: L1, L2 e L3. As neoplasias linfoides com blastos

pequenos e uniforme são denominados L1, o subtipo L2 apresenta células maiores e de

tamanhos variados, e o subtipo L3 é designado para células leucêmicas uniformes com

citoplasma biofílico e, algumas vezes, pode apresentar vacuolização (LONGO, p.144, 2015).

TABELA 2. Classificação FAB para as Leucemias Mieloides Agudas.

Classificação FAB para as LMA

MO Mieloide minimamente diferenciada

M1 Mieloide sem maturação

M2 Mieloide com maturação

M3 Promielocítica hipergrandular

M4

M4Eo

Mielomonocítica

Variante: Aumento dos eosinófilos anormais da MO

M5a

M5b

Monoblástica

Monocítica

M6 Eritroide ( Síndrome de Di Guglielmo)

M7 Megacarioblástica

Fonte: Adaptado de ANVISA, 2014 e POMBO DE OLIVEIRA e cols, 2008.

Para uma maior compreensão da biologia da doença, o reconhecimento das diversas

anormalidades citogenéticas e moleculares, levaram a Organização Mundial da Saúde (OMS)

desenvolver uma nova classificação que envolvia características que integrasse parâmetros

morfológicos, citocinéticos, imunofenotípicos e genéticos para definir doenças de significado

clínico (ZERBINI e cols., 2011; WALTER e cols., 2013).

Em 2001, a OMS divulgou a 3ª edição da classificação para os tumores do tecido

hematopoiético e linfoide. Oriunda a está publicação, em 2008, foi divulgado a 4ª edição da

classificação pela OMS, que se baseou no agrupamento de informações biológicas e clínicas

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mais recentemente usadas para refinar os critérios diagnósticos e melhorar o prognóstico

(SWERDLOW e cols., 2008; JAFFE, 2009; VARDIMAN, 2012).

A classificação da OMS de 2008, subdivide a LMA em: LMA associada a anormalidades

genéticas recorrentes; LMA com alterações relacionadas a síndrome mielodisplasica; neoplasia

mieloides relacionadas a terapia; LMA sem outra especificação; Sarcoma mielóides

relacionadas a Síndrome de Down e Neoplasia de células blásticas dendríticas plasmocitóides

(Tabela 3). Bem como, divide a LLA em três subcategorias distintas: leucemia linfoblástica B/

linfoma com anormalidades genéticas recorrentes; leucemia/linfoma linfoblástico B sem outra

especificação; leucemia/linfoma linfoblástico T (Tabela 4) (ZERBINI e cols., 2011; ANVISA,

2014).

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TABELA 3. Classificação da OMS (2008) para as Leucemias Mieloides Agudas.

LMA com anormalidades genéticas recorrentes:

LMA com t (8;21) (q22; q22); RUNX1-RUNX1T1;

LMA com inv. (16) (p13;1q22) ou t (16;16) (p13;1q22); CBFB-MYH11;

LMA com t (9;11) (p22; q23); MLLT3-MLL;

LMA com t (6;9) (p23; q34); DEK-NUP214;

LMA com inv. (3) (q21q26.2) ou t (3;3) (q21; q26.2) RPN1-EVI1;

Leucemia Promielocítica Aguda com t (15;17) (q22; q12) ou LPA-RARA;

LMA megacarioblástica com t (1;22) (p13; q13); RBM15-MKL1;

LMA com NPM1 mutado;

LMA com CEBPA mutado;

LMA com alterações relacionadas à mielodisplasia

Neoplasias mieloides relacionados à terapia

LMA sem outra especificação:

LMA minimamente diferenciada;

LMA sem maturação;

LMA com maturação;

Leucemia mielomonocítica aguda;

Leucemia monoblástica e monocítica aguda;

Leucemias eritróides agudas;

Leucemia megacariocítica aguda;

Leucemia basofílica aguda;

Panmielose com mielofibrose aguda.

Sarcoma Mieloide

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Proliferações mieloides relacionadas a síndrome de Down

Neoplasia de célula blástica dendrítica plasmocitóide

Fonte: Adaptado de MARIA CLAUDIA NOGUEIRA ZERBINI e cols., 2011 e ANVISA, 2014

TABELA 4. Classificação da OMS (2008) para as Leucemias Linfoides Agudas.

Leucemia\ Linfoma Linfoblástica B com anormalidades genéticas recorrentes:

Leucemia\Linfoma Linfoblástica B com t (9;22) (q34; q11.2); BCR/ABL1

Leucemia\Linfoma Linfoblástica B com t (v;11q23); MLL

Leucemia\ Linfoma Linfoblástica B com t (12;21) (p13; q22), TEL-AML1 (ETV6/RUNX1)

Leucemia\Linfoma Linfoblástica B com hiperdiploidia

Leucemia\Linfoma Linfoblástica B com hipodiploidia

Leucemia\Linfoma Linfoblástica B com t (5;14) (q31; q32) IL3/IGH

Leucemia\Linfoma Linfoblástica B com t (1;19) (q23; p13.3); TCRF3-PBX1

Leucemia\Linfoma linfoblástica B sem outra especificação

Leucemia\Linfoma linfoblástica T

Fonte: Adaptado de ZERBINI e cols., 2011 e MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011

As leucemias antes denominadas como Leucemia aguda bilineal e Leucemia

bifenotípica, recentemente são chamadas de Leucemia aguda de fenótipo misto ou Leucemias

agudas de linhagem ambígua. Este tipo de leucemia não mostra um claro indício de

diferenciação ao longo de uma única linhagem. Em certos casos, a leucemia não expressa

nenhum antígeno específico da linhagem, porém em outros, os blastos secretam antígenos de

mais de uma linhagem em grau tão elevado que não é possível definir o tipo de leucemia. Para

melhorar a definição desse grupo e simplificar o diagnóstico, a Atualização da OMS de 2008

separou as Leucemias ambíguas das LMA e LLA e alterou os seus critérios (Tabela 5)

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

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TABELA 5. Classificação das Leucemias Agudas de linhagem ambígua pela OMS 2008.

Leucemia aguda indiferenciada

Leucemia aguda de fenótipo misto com t(9;22)(q34;q11.2); BCR-ABL1

Leucemia aguda de fenótipo misto com t(v;11q23); rearranjo MLL

Leucemia aguda de fenótipo misto, B-mieloide, sem outras especificações

Leucemia aguda de fenótipo misto, T-mieloide, sem outras especificações

Entidade provisória: leucemia linfoblástica/linfoma de células natural killer (NK)

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011.

Recentemente, em 2016, foi proposta uma nova atualização da publicação da OMS de

2008, com o objetivo de incorporar novos conhecimentos sobre esses distúrbios e resumir as

principais mudanças na classificação da OMS. A referente atualização se diferencia pela

inserção de novas informações genéticas (Tabela 6) (ARBER e cols., 2016; SBP, 2016).

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TABELA 6. Principais parâmetros atualizados pela OMS 2016.

LMA com anormalidades genéticas recorrentes:

LMA com t (8; 21) (q22; q22,1); RUNX1-RUNX1T1

LMA com inv. (16) (p13;1q22) ou t (16;16) (p13,1; q22); CBFB-MYH11

LPA com PML-RARA

LMA com t (9;11) (p21,3; q23,3); MLLT3-KMT2A

LMA com t (6; 9) (p23; q34,1); DEK-NUP214

LMA com inv (3) (q21,3; q26,2) ou t (3; 3) (q21,3; q26,2); GATA2, MECOM

LMA megacarioblastica com t (1; 22) (p13,3; q13,3); RBM15-MKL1

Entidade provisória: LMA com BCR-ABL1

LMA com NPM1 mutado

LMA com mutações bialélicas de CEBPA

Entidade Provisória: LMA com RUNX1 mutado

LMA com alterações relacionadas a mielodisplasia

Neoplasias mieloides relacionadas a terapia

Proliferações mieloides relacionadas a síndrome de Down

Mielopoiese anormal transitória (TAM)

Leucemia mieloide associada a síndrome de Down

Leucemia/ linfoma linfoblástico B

Leucemia / linfoma linfoblástico B, Sem Outra Especificação

Leucemia / linfoma linfoblástico B com anormalidades genéticas recorrentes

Leucemia / linfoma linfoblástico B com t (9; 22) (q34.1; q11.2); BCR-ABL1

Leucemia / linfoma linfoblástico B com t (v; 11q23.3); KMT2A rearranjado

Leucemia / linfoma linfoblástico B com t (12; 21) (p13.2; q22.1); ETV6-RUNX1

Leucemia / linfoma linfoblástico B com hiperdiploidia

Leucemia / linfoma linfoblástico B com hipodiploidia

Leucemia / linfoma linfoblástico B com t (5; 14) (q31,1; q32,3) IL3-IGH

Leucemia / linfoma linfoblástico B com t (1; 19) (q23; p13,3); TCF3-PBX1

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Entidade provisória: leucemia / linfoma linfoblástico B, tipo BCR-ABL1

Entidade provisória: leucemia / linfoma linfoblástico B com iAMP21

Leucemia / linfoma T-linfoblástico

Entidade provisória: leucemia linfoblástica precursora de células T precoce

Entidade provisória: leucemia / linfoma linfoblástico de células assassinas naturais

Fonte: Adaptado de ARBER e cols., 2016.

A análise cromossômica é útil na indicação do tratamento e na análise de prognóstico

para cada caso de leucemia, são identificadas por hibridação in situ por fluorescência (FISH) e

reação de polimerase em cadeia (PCR) (HAMERSCHLAK e cols, 2008).

4.3.7. Prognóstico

Embora a idade seja importante tanto para LMA quanto para LLA, alterações

citogenéticas recorrentes e os marcadores moleculares tornaram-se importantes para o

prognóstico dos pacientes e para indicação do tratamento com objetivo de melhorar o resultado

(GANZEL; ROWE, 2011).

Na LMA, variadas mutações estão associadas com o prognóstico e incluem

amplificação genica, mutação pontual, inserção, deleção, polimorfismo e expressão não

regulada, auxiliando no prognóstico e na abordagem de estratégias terapêuticas (Tabela 7), visto

que o LMA não depende apenas de fatores relacionados a própria doença, mas também dos

fatores que alteram a sensibilidade a terapia (KULSOOM e cols, 2017).

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Tabela 7. Anormalidades genéticas associadas ao prognóstico de LMA.

ITD - internal tandem duplication; TKD - mutação de domínio da tirosino-quinase; CN - cariótipo normal; RC-

remissão completa; SG - sobrevida global; SLR - sobrevida livre de recaída; SLE - sobrevida livre de eventos.

Fonte: SILLA e cols, 2009.

Em pacientes com LLA o fator de maior significado quanto ao prognóstico é a contagem

leucocitária inicial, podendo evoluir desfavoravelmente os casos com leucócitos >50.000/mm3.

Casos com pior prognóstico envolvem crianças menores de 18 meses ou maiores de dez anos.

Em relação a características cromossômicas, tem melhor prognóstico pacientes que apresentam

hiperploidia, porém certas translocações cromossômicas são relacionadas com altas taxas de

falências terapêuticas e recaída precoce, essas translocações são: t (8,14), t (4,11) e t (11,22)

(13). Esses critérios são importantes pois permitem indicar o melhor tratamento para o paciente

leucêmicos (VERAS; ARAGÃO; DOS SANTOS, 2012).

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4.4. TRATAMENTO

O objetivo do tratamento é a destruição das células leucêmicas com a missão da MO voltar

a produzir células não alteradas. O processo para obter a cura total da leucemia envolve vários

meios como os poliquimoterápicos, radioterapia, controle das infecções hemorrágicas e

prevenção ou combate da doença no sistema nervoso central. Em alguns casos é usado o

Transplante de células tronco da medula óssea (INCA, [2017]).

Geralmente o tratamento das leucemias é dividido em fases de indução, consolidação,

reindução e manutenção. A indução tem finalidade de remissão completa, ou seja, um estado

de aparente normalidade após a poliquimioterapia. É um procedimento não específico pois

destrói tanto as células normais da MO, quanto as células leucêmicas (AMERICAN CANCER

SOCIETY, 2014, INCA [2017]). O resultado é alcançado quando não há mais evidencias de

células anormais no sangue ou na medula óssea. Segundo publicações do INCA, pesquisas

indicam que, mesmo com o uso de poliquimioterápicos, ainda restam muitas células leucêmicas

no organismo, denominada de doença residual, o que obriga seguir com o tratamento para não

haver recaída. Nas etapas posteriores, o tratamento varia de acordo com a linhagem celular

atingida pela leucemia. A fase de consolidação é realizada com substancias não empregadas

anteriormente, a reindução repete os medicamentos usados na fase de indução da remissão e a

fase de manutenção é onde o tratamento é mais brando e contínuo por alguns meses (INCA

[2017]).

A quimioterapia, pode ser associada a outras terapias, com de objetivo controlar, inibir ou

destruir as células leucêmicas. Essa terapia é a base do tratamento das leucemias agudas, porém

é incapaz de controlar a doença a longo prazo (LAMEGO e cols, 2009; MACÊDO e cols.,

2014). Segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, a quimioterapia só é

recomendada quando o paciente não apresenta resposta para os inibidores específicos da

doença. (ABRALE, 2016). A quimioterapia tem ação em células em proliferação. Por mais que

a quimioterapia alcance o objetivo de destruir as células malignas quase completamente, as CTs

podem ser poupadas e consequentemente a leucemia pode retornar (COPELAN, 2006).

Outro tratamento empregado é a radioterapia, onde usa-se radiação ionizante para destruir

ou inibir o crescimento de células leucêmicas em uma determinada área. Pode ser combinado

com à quimioterapia, para tratamento antecedente ao TCTH (ABRALE,2016).

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O TCTH é o procedimento recomendado quando a quimioterapia não apresenta

resultados e a doença estiver avançada (ABRALE, 2016). Estudos apontam que os transplantes

de células tronco (TCT) reduzem o risco da leucemia reincidir mais do que a quimioterapia

padrão, porém é mais propenso a ter complicações graves e limitações (AMERICAN CANCER

SOCIETY, 2014).

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4.5. TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIETICO

Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas (TCTH) ou Transplante de Medula

Óssea (TMO) refere-se ao procedimento em que células-tronco de um doador é enxertada em

um indivíduo receptor com o objetivo de substituir, totalmente ou parcialmente, as células do

sistema hematopoiético a partir de células-troncos normais, com a finalidade de normalizar a

hematopoese. É um procedimento eficaz em casos de doenças de falência medular. As células

tronco podem ser oriundas da MO, sangue periférico (SP) ou sangue de cordão umbilical (SCU)

(LJUNGMAN e cols., 2010).

O TCTH é um procedimento utilizado no tratamento de doenças malignas e consiste na

administração de altas doses de quimioterapia e/ou radioterapia seguido de infusão de células-

tronco com o objetivo de substituir a medula comprometida e restabelecer um sistema

hematopoiético ou imune defeituoso do paciente (LIMA; BERNARDINO, 2014; PDQ, 2017).

Segundo dados históricos, após inúmeras falhas, no final da 1960, a prática clínica do

tratamento com o TCTH começou a evoluiu de acordo com os conhecimentos adquiridos nas

áreas de imunologia e histocompatibilidade. Nessa época, um estudo com crianças portadoras

de imunodeficiência grave e com leucemia avançada, receberam medula óssea de doadores

familiares HLA idênticos, o que apresentou resultados positivos e impulsionou a terapêutica

(INCA, 2012). Estudos mostram, no final da década de 70, o sucesso na sobrevida livre de

doença de pacientes com leucemia aguda em estágio avançado, o que permitiu o uso do TCTH

como uma terapia possível de ser realizada em estágios mais precoces da doença (THOMAS &

BLUME, 1999 apud BOFFO, 2014).

As abordagens de transplante em uso são: autólogo ou autogênico; alogênico e

singênico, este último em desuso pelo alto índice de recidiva (Tabela 8) (INCA, 2012).

Transplantes autólogo ou autogênico são assim denominados quando as células do SP ou MO

são oriundas do próprio paciente. O transplante alogênico refere-se ao procedimento

envolvendo células da MO, SP ou SCU de doador geneticamente idêntico para HLA (Antígeno

Leucocitário Humano). Para essa opção existe dois tipos de doadores: os relacionados ou

aparentados (irmão ou familiar); não relacionado ou não aparentado (não familiar) (INCA,

2012; PDQ, 2017).

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TABELA 8. Tipos de transplante de células-tronco hematopoiéticas.

Fonte: CASTRO JUNIOR; GRECIANIN; BRUNETTO, 2001.

As complicações associadas ao TCTH aumentam na proporção da diferença de

compatibilidade, que inclui o risco de rejeição, de desenvolvimento tardio ou incompleto do

enxerto e da doença do enxerto-contra-hospedeiro (DECH) (INCA, 2012).

4.5.1. Células-Tronco hematopoiéticas

Célula-tronco é uma célula capaz de se dividir indefinidamente e se difere de outros

tipos celulares pois é indiferenciada e não especializada, além de ser capaz de se diferenciar em

célula especializada quando exposta a certas condições fisiológicas. Essa célula pode ser

classificada de acordo com sua origem (embrionária, não embrionária e totipotente) ou da pela

sua capacidade de diferenciação (pluripotente e multipotente) (SILVA JÚNIOR e cols., 2009).

As células estaminais ou células-tronco hematopoiéticas (CTH) possuem a capacidade

de se autorrenovar e se diferenciar em células imunohematólogicas. As CTHs participam da

gênese da produção de todas as linhagens hematopoiéticas funcionais, incluindo os eritrócitos,

leucócitos e plaquetas (Figura 4). As fontes para CTHs são o SCU, MO e SP (DZIERZAK;

SPECK, 2008; SILVA JÚNIOR e cols., 2009; LIM e cols., 2013).

Existem dois tipos de CTH: células-tronco hematopoiéticas de longo prazo (CTH-LP) e

células-tronco hematopoiéticas de curto prazo (CTH-CP). A capacidade de autorrenovação da

CTH-LP é ao longo da vida do indivíduo, podendo regenerar todos os tipos de células do

sangue, através da diferenciação dessa célula é formada as CTH-CP. Essas características

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corroboram para que a CTH-LP seja a célula de escolha na terapia. As CTH-CP tem uma

capacidade de autorrenovação limitada, obtendo uma meia-vida de poucos meses, entretanto

produzem os progenitores multipotentes, que darão origem aos progenitores comuns das

linhagens mielóide e linfóide (SILVA JÚNIOR e cols., 2009; ABDELHAY e cols., 2009).

FIGURA 4. Esquema de hierarquia e diferenciação das células-tronco hematopoiética. Fonte: SILVA

JÚNIOR e cols., 2009.

Em condições de estado estacionário, o processo da hematopoese gera, por dia, cerca de

10 bilhões de eritrócitos e 1 bilhão de glóbulos brancos a cada hora durante a vida de um

indivíduo, permitindo que os níveis de cada linhagem celular se mantenham regulados dentro

da corrente sanguínea. A MO, além de fornecer as células maduras durante o estado

estacionário, responde as demandas do organismo, aumentando a produção de células

sanguíneas especificas para combater uma variedade de injúrias garantindo que a homeostase

seja restaurada rapidamente (PORADA; ATALA; ALMEIDA-PORADA, 2016).

Apesar da CTH ter sido identificada e isolada a partir da MO, fontes alternativas de

CTH, como o sangue periférico e o sangue do cordão umbilical possuem características que

permitem usa-las na terapia. (PORADA; ATALA; ALMEIDA-PORADA, 2016).

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4.5.2. Fonte das células troncos

O processo de coleta das CTH da MO pode ser realizado através de pequena cirurgia,

onde punções são feitas no osso da bacia com o intuito de aspirar parte da medula (Figura 5).

Cerca de 15 ml do volume medular, por quilo do doador, é retirado, o que não causa nenhum

comprometimento a saúde do doador. Após serem coletada, do doador ou do próprio paciente,

essas células são acondicionadas em uma bolsa de criopreservação de medula óssea e congelada

(REDOME, ([2017]). Mundialmente a MO constitui a principal fonte de CTH utilizada nos

transplantes, porém ao longo dos anos, o uso de fontes alternativas (cordão umbilical e sangue

periférico) teve crescimento (Gráfico 1) (SILVA JÚNIOR e cols, 2009).

GRÁFICO 1. TCTH segundo a fonte celular entre os anos de 1988-2006 nos Estados Unidos. Fonte: SILVA

JÚNIOR e cols, 2009.

Para coleta de CTH presente em SP é necessária estimulação da MO com o objetivo de

aumentar o número de CTH na corrente sanguínea. A estimulação é feita por administração de

fatores estimuladores de colônia granulocítica (CSF-G) e/ou pela administração de

quimioterápicos imunossupressores. A coleta é realizada por meio de Aférese, que permite

separar os componentes sanguíneos necessários, neste caso as CTHs circulantes, e retorna os

hemocomponentes remanescentes à corrente sanguínea (REDOME ([2017]; ANVISA, 2014;

MENDRONE JUNIOR, 2008).

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No final da década de 80, foi descoberto que a molécula de membrana CD34 era um

marcador de CTH. Alguns anos depois foi observado que o fator de crescimento CSF-G

aumentava a mobilização de células CD34+ da MO para a corrente sanguínea. Assim foi

possível aumentar a quantidade dessas células no sangue periférico obtendo um maior número

de CTH circulante para posterior coleta e infusão em pacientes (BERENSON e cols., 1988;

MOLINEUX e cols., 1990, apud DUTRA, 2014).

Pesquisas apontam o receptor CXCR4 e seu ligante CXCL12 como mediadores da

migração de CTHs para o nicho medular, sabendo disto foi desenvolvido medicamentos

antagonista ao CXCR4 (plerixafor), que combinado com o G-CSF, aumenta a mobilização de

células CD34+ para a corrente sanguínea (BURGER; PELED, 2009; DIPERSIO e cols., 2009).

De acordo com estudos acredita-se que a proteína CD34+ é responsável por promover a

proliferação das células progenitoras hematopoiéticas, adesão dos linfócitos no endotélio

vascular, e trafego de células hematopoiéticas (MACKIE; LOSORDO, 2011).

FIGURA 5. Representação de punção da região medular. Fonte: ABRALE, 2016

Células do cordão umbilical são células multipotentes capazes de se diferenciar em

alguns tipos celulares, possuem maior potencial de proliferação e capacidade de autorrenovação

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comparada a células mais maduras. O que explica esse fato é que as células-tronco do cordão

umbilical possuem telômeros mais longos e expressam níveis mais elevados de certos

reguladores do ciclo celular, que as células adultas. Atualmente o uso de SCU e exclusivamente

para transplantes (MAYANI, 2010; ARIEN-ZAKAY e cols., 2010; REDOME, [2017]).

A coleta desse material é feita após o nascimento, o procedimento começa quando o

cordão umbilical é pinçado e separado do bebê, cortando a ligação entre a criança e a placenta.

A quantidade de sangue que permanece no cordão é drenada para uma bolsa de coleta e segue

para o laboratório onde, através do processamento do SCU, as células-tronco são separadas e

preparadas para o congelamento. Em seguida as células são encaminhadas para o Banco de

Sangue de Cordão Umbilical e disponibilizadas para serem transplantadas (REDOME, [2017]).

Uma vantagem do uso das células-tronco do cordão umbilical é a sua pouca capacidade

de induzir reatividade imunológica contra o receptor. O SCU contém uma subpopulação de

células CD34+ mais primitiva, que exibe grande capacidade de expansão na presença de ligante

de FLT-3, ligante de Kit e trombopoetina em comparação com as células presentes no sangue

periférico (ABDELHAY e cols., 2009).

O uso de células do cordão umbilical pode representar um procedimento menos crítico

do em relação ao anticorpo HLA, pois os linfócitos no SCU possuem uma reatividade menor.

Porém a falta de restauração da hematopoese após o transplante alogênico, causada pela

especificidade dos receptores de HLA e o pequeno número de células de SUC coletadas,

prejudicam o seu uso terapêutico (KRISHNAMURTI e cols., 2003; TAKANASHI e cols.,

2010).

4.5.3. Seleção de doadores

A doação pode ser feita de forma aparentada ou não aparentada, ou seja, o doador faz

parte da família ou o doador não possui parentesco com o paciente, respectivamente

(REDOME, [2017]).

No registro brasileiro a probabilidade de encontrar um doador, com 100% de

compatibilidade, não aparentado é em média 1 em cada 100 mil pessoas. O doador aparentado

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(HLA idêntico) pode ser, especialmente, um irmão ou um dos pais, entretanto a chance de

encontrar um doador neste quesito é de 25%. Primeiro procura-se um irmão HLA

genotipicamente idêntico, pois este é o parente com maior probabilidade de compatibilidade e

possuem resultados de melhor prognóstico nos transplantes. Se não encontrado, a busca é

estendida pela família o que inclui pessoas com primeiro grau de parentesco. Se não houver

doadores compatíveis na família, restam apenas procurar um doador não aparentado

(PEREIRA; PASQUINI, 2004; CORGOZINHO; GOMES; GARRAFA, 2012; REDOME,

[2017]).

O alto grau de compatibilidade na seleção de doadores representa uma estratégia

essencial para o sucesso do TCTH. Dentre os fatores genéticos que apresentam influência no

resultado do transplante estão os genes HLA, que apresentam diversidade no polimorfismo. O

reconhecimento da atividade fundamental da alogenicidade das moléculas de HLA na evolução

pós- transplante levou a necessidade de identificação de alelos variáveis no antígeno HLA do

paciente e no paciente doador, e isso tem permitido a escolha criteriosa de doadores (PEREIRA

e cols. 2010).

4.5.3.1 Compatibilidade HLA

O termo Antígeno Leucocitário Humano (do inglês Human leukocyte antigen, HLA) é

sinônimo de proteína do Complexo Maior de Histocompatibilidade (Major Histocompatibility

Complex, MHC) humano. O HLA localiza-se no braço curto do cromossomo 6 e corresponde

a uma família genica onde inúmeros genes polimórficos participam ativamente no controle do

sistema imune (INCA, 2012). Correspondem a glicoproteínas da membrana celular presente

nas células nucleadas e atuam como antígenos nos tecidos transplantados (BONAMIGO e cols.,

2012)

Os genes HLA são divididos em moléculas de classe I (presente em todas as células

nucleadas) e II (existente em células dendríticas, linfócitos B e macrófagos) apresentam

estrutura e funções diferentes, além de codificam proteínas transmembranares. As moléculas de

MHC classe I se ligam aos peptídeos e os apresentam aos linfócitos T CD8+, e as moléculas de

MHC classe II se associam aos peptídeos para apresenta-los aos linfócitos T CD4+ (Figura 6)

(BONAMIGO e cols., 2012; INCA, p. 21, 2012).

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FIGURA 6. Complexo de Histocompatibilidade Humano ancorada na membrana celular. a. Representação

de MHC de classe I que se liga a receptor de célula T CD8+ (TCR); b. Representação de MHC de classe II que se

liga a TCR CD4+ (TCR). Fonte: INCA, p. 21, 2012.

A resposta imune acontece quando há reconhecimento das moléculas da superfície

celular e essas são codificadas por genes do MHC humano. As células T reconhecem antígenos

estranhos presentes como fragmentos de peptídeos em associação a moléculas do MHC. O

processo de reconhecimento do antígeno inicia-se com o processamento do mesmo por células

apresentadoras de antígenos (APCs) ligadas a molécula do próprio antígeno (INCA, p.19-20,

2012).

A herança HLA é autossômica e co-dominante, significando que o indivíduo produz na

superfície celular substancias codificadas pelos genes localizados nos cromossomos paternos e

maternos (PEREIRA; PASQUINI, 2004). Os genes são localizados em duas diferentes regiões:

classe I e classe II, onde estão expressos três loci de classe I (HLA-A, HLA-B e HLA- C) e três

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loci de classe II (HLA-DR, HLA-DQ e HLA-DP) (Figura 7). Esses genes totalmente

polimórficos, o que acaba dificultando a encontro de doadores compatíveis não aparentados

(PDQ, 2017).

A associação de alelos encontrados nos loci é herdada em conjunto e chamada de

haplótipo. A combinação dos haplótipos herdados do pai e da mãe formam o genótipo HLA do

indivíduo. (INCA, p. 23, 2012; ABBAS; LICHTMAN, p. 45, 2007).

FIGURA 7. Complexo HLA. Cromossomo humano 6 amplificado na região HLA. São exibidos os locais de

lócus específicos para os alelos de Classe I (A. B, C) e os alelos de Classe II (DP, DQ e DR). Fonte: PDQ, 2017.

Para análise de genes HLA são usados os métodos moleculares de PCR-SSP e PCR-

SSO reversa que fornece resultados em baixa ou alta resolução (SBTMO, p. 15, 2012). O

método baseia-se na amplificação genica de HLA específicos no DNA determinando a

sequência inteira da região codificada do alelo ou a informação parcial da sequência. Este

método relaciona os genes HLA e os antígenos codificados por eles. Quando o método de DNA

permite o reconhecimento de um antígeno, mas não discrimina o extenso polimorfismo do HLA

é chamado baixa resolução. Já os denominados métodos de resolução intermediária, são os que

proporcionam menor informação do nível sorológico em comparação aos níveis de alelos.

Aqueles que permitem informações sobre a sequência de nucleotídeos fornecendo a

identificação precisa de um alelo HLA, são chamados de método de alta resolução (INCA,

2012). É necessário realizar métodos de alta resolução em todos os pacientes para busca de

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doador não parentado e potenciais doadores, pois a incompatibilidade alélica pode afetar a

sobrevivência e a taxa de doença do enxerto ao hospedeiro (SBTMO, p. 15-16, 2012; PDQ,

2017).

A tipagem mais usada em doadores HLA idênticos são para HLA-A, HLA-B e HLA-

DRB1. Também é aceito doadores consanguíneos fenotipicamente distintos por apenas um

antígeno pois não altera a sobrevida (BRASIL, 2009; PDQ, 2017).

A probabilidade de encontrar um doador idêntico aumenta quando o paciente possui

dois haplótipos e genótipos de HLA estendido em comum. Neste caso, irmãos são doadores

ideais, pois tem 25% de chance de possuir compatibilidade HLA, tornando-os uma fonte

preferida de CTH alogênica para os pacientes indicados ao transplante (PDQ, 2017).

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4.6. TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO ALOGÊNICO

Dentre os tipos de transplante, o tratamento com células-tronco hematopoiéticas alogênico

(TCTH-alo) é uma modalidade terapêutica que apresenta a principal opção curativa para as

leucemias agudas (JURIC e cols., 2017; DICKINSON e cols., 2017). Nela utiliza células tronco

da MO, do SP ou do SCU de um doador parentado ou não aparentado (BRASIL, 2009). O

THCT alo tornou-se viável no início do ano 1960, após a identificação do HLA, o principal

complexo de histocompatibilidade. Por ser hereditário, dois irmãos têm probabilidade de 1/4 de

serem HLA idênticos (COPELAN, 2006).

Anualmente, o número de TCTH alo apresenta aumento, sendo, atualmente, superior a 20

mil transplantes por ano nos Estados Unidos. A eficácia, o menor efeito tóxico dos regimes de

condicionamento pré-transplante, os avanços na profilaxia e no tratamento contra infecções,

além do desenvolvimento de novos imunossupressores e avanços para melhor seleção de

doadores, auxiliam na melhora dos resultados de TCTH alo (INCA, p.71, 2012).

O Ministério da Saúde indica o TCTH alogênico com mieloablação ou sem mieloblação

para indivíduos com LMA em primeira, segunda ou terceira remissão, exceto para leucemia

promielocítica (M3); LMA com falha na primeira indução; LLA/ linfoma linfoblástico em

segunda ou remissões posteriores e LLA Ph+ entre a primeira e a segunda remissão (BRASIL,

2009).

O TCTH alo é indicado para pacientes LMA em 1ª remissão com doador aparentado ou não

aparentado se o receptor apresentar fatores de alto risco, para transplantes não aparentados em

1ª remissão é levado em consideração a fonte de CT e histocompatibilidade (SEBER e cols,

2010). Para pacientes LLA, o TCTH-alo é indicado tanto para doadores HLA aparentados

quanto os não-aparentados em primeira remissão na presença de t (9;22), extrema hipodiploidia

(<44 cromossomas), falha indutória e 11q23 com resposta lenta a terapia. Em segunda remissão

são indicados transplantes aparentados, no caso de recidivas de LLA de linhagem B, para

pacientes 36 meses após o diagnóstico inicial ou se for extramedular, menos de 18 meses do

diagnóstico (Tabela 9) (SEBER e cols, 2010). O princípio para um TCTH alo bem-sucedido é

a eliminação de células-troncos malignas (COPELAN, 2006).

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TABELA 9. Critérios de indicação de TCTH alogênico em LLA e LMA. Recomendações para o transplante de

acordo com a qualidade da evidencia indicado por números de 1 a 3 (1- baseado em pelo menos um estudo

randomizado, revisão sistemática; 2- estudo de coorte, série de casos; 3- opinião de profissionais experientes,

estudos descritivos ou comitês de especialistas) e evidencias para a recomendação indicadas por A, B, C e NI (A

– Boas; B – Moderadas; C – Escassas; NI- Não indicado fora de protocolos específicos de investigação). Fonte:

Adaptado de Seber A e cols, 2010.

O TCTH alo garante 15 a 20% de cura entre os pacientes com LMA e LLA que não

atingiram resposta a quimioterapia de indução. Observa-se uma taxa de 30 a 35% de cura em

pacientes com LMA submetidos ao TCTH alo em segunda remissão ou primeira recidiva.

Entretanto os melhores resultados com TCTH alo são em primeira remissão, com taxas de

sobrevida livre da doença que atinge cerca de 15 a 20% em indivíduos transplantados. Para

indivíduos com LLA as taxas de cura atingem entre 30 a 50% na segunda remissão e cerca de

55% em primeira remissão (LONGO, p.321, 2015).

O enxerto alogênico iniciam reações imunes relacionadas a histocompatibilidade, onde a

gravidade da reação depende do grau da incompatibilidade. Acontece que as células-T

interagem com as glicoproteínas da superfície e os peptídeos ligados. As células T do paciente

receptor reconhecem os antígenos do enxerto do doador e podem rejeita-lo, desenvolvendo o

efeito DECH (COPELAN, 2006). A prevenção para DECH é iniciada antes do TCTH baseando-

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se na imunossupressão com uso de fármacos que interferem a ativação de células T (INCA,

p.54, 2012).

O TCTH alo é dividido em etapas como: pré-transplante (regime de condicionamento),

infusão do enxerto e pós-transplante. O pré-transplante envolve a mobilização, coleta e

armazenamento das CTH para posterior infusão. Entretanto antes do processo de infusão celular

o paciente entra em regime de condicionamento onde são administradas elevadas doses de

quimioterápicos antineoplásicos, com o objetivo de destruir as células neoplásicas e criar

espaços na MO que será preenchida pelas células do enxerto (INCA; BARBOSA, p. 498, 2008;

HEMORIO, 2010). O uso de quimioterapia e/ ou radioterapia compromete o sistema imune do

receptor o incapacitando de rejeitar as células transplantadas (MARTIN e cols., 1990 apud

GHIMIRE e cols, 2017). O condicionamento é determinante para eliminar a doença e para

apoiar o enxerto sem rejeição pelo receptor (GRATWOHL & CARRERAS, 2008).

O processo de infusão celular é administrado por via endovenosa num processo

semelhante a uma transfusão sanguínea comum, e as etapas do procedimento depende da fonte

de células tronco ou grau de compatibilidade (Figura 8). As células da nova medula, uma vez

na corrente sanguínea, circulam e por tropismo alojam-se na MO do paciente. Cerca de 9 a 15

dias depois, a MO começa a produzir os elementos sanguíneos novamente. Segundo publicação

do Banco de Sangue Hospital Oswaldo Cruz, o período de pega do enxerto é definido quando

a contagem de leucócitos corresponde a 500 leucócitos / mm3 (HEMORIO, 2010; INSTITUTO

HOC, [2017]). A celularidade medular aumenta rapidamente após duas a quatro semanas e

apresenta evidências morfológicas de todos os componentes mieloides. Porém pode ser

necessário um período maior (6 – 12 meses) para a celularidade atingir uma densidade normal.

O tempo médio para atingir um número de neutrófilos de 1.0x109/L é de 23 dias (VIGORITO

e cols., 2009).

A etapa do pós-transplante envolve fase de aplasia a recuperação medular onde

aumentam probabilidade de infecções bacterianas, fúngicas e virais decorrentes da

pantocitopenia, além de outras complicações como alopecia e náuseas. Complicações

relacionadas a efeitos tóxicos da quimioterapia são vômitos mucosites e diarreias. E também

manifesta efeito associado a reação imune e principal complicação no TCTH alo, a doença

enxerto-contra-hospedeiro (DECH) (PASQUINI; COUTINHO, 2013; KANATE e cols;

ZIAKAS e cols, 2014; HEMORIO, 2010). A DECH (Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro)

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é a complicação no TCTH alo responsável por dificultar parcialmente os esforços para expandir

a qualidade de vida do paciente transplantado (LAMEGO e cols, 2010).

FIGURA 8. Processo do transplante de células tronco hematopoiético alogênico. Fonte: HOFFBRAND;

MOSS, p.299, 2012.

4.6.1. Doença do enxerto contra hospedeiro

Como citado anteriormente, a DECH afeta a qualidade de vida do indivíduo

transplantado por ser umas das principais causas de morbidade e mortalidade em pacientes

submetidos ao TCTH alo. O TCTH alo apresenta um contexto único de complicações

imunológicas pois um novo sistema imune inato e adaptativo está sendo formado a partir de

células maduras oriundas do doador. Portanto a DECH é a expressão clínica desse processo e

mantem relação exclusiva com esse tipo de transplante. (INCA, p.71, 2012).

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A síndrome possui característica autoimune oriunda do resultado da ativação dos

linfócitos T do doador em resposta aos antígenos do paciente receptor, ocasionando um

comprometimento imunológico afetando diversos órgãos. Os linfócitos do doador reconhecem

o hospedeiro como estranho e dão início a um processo imune de ataque as células do receptor

(VIZONI e cols., 2008; HORWITZ, 2011; KANATE e cols, 2014; SHOKOUHI e cols, 2015).

Esse ataque resulta em danos nos órgãos, principalmente a pele, trato gastrointestinal e fígado

(SMITH; O’SULLIVAN; GERGELY, 2017).

A DECH pode ser caracterizada como aguda ou crônica dependendo do tempo, dos

achados clínicos e histopatológicos. A DECH aguda (DECHa) é indicada quando a síndrome se

desenvolve nos primeiros 100 dias após o TCTH, apresentando clinicamente a hepatite,

exantema e gastroenterite. A DECH crônica (DECHc) manifesta-se após 100 dias do TCTH, a

doença ainda é pouco conhecida, entretanto, apresenta características imunes e fibróticas,

podendo ser classificada de acordo com a área e quantidade de órgãos acometidos (HORWITZ,

2011; MARINI; CHAVES, 2012; BLAZAR; MURPHY; ABEDI, 2012). Quando há associação

entre DECHa e DECHc manifesta-se a síndrome de overlap, relacionada com alto índice de

mortalidade (PASQUINI; COUTINHO, 2013).

O regime de condicionamento, apresenta a relação entre a DECHa com uma lesão

tissular epitelial, pois leva a secreção de citocinas inflamatórias, que consequentemente reflete

na infiltração das células imunes efetoras do doador atacando as células do receptor. Essa

complicação reflete na alta taxa de morbidade e queda da sobrevida (HOLTAN; MACMILLAN,

2016; FIUZA-LUCES e cols, 2016). A DECHa manifesta ativação das APCs que

posteriormente ativam as células T do doador, fatores celulares e inflamatórios se associam e

causam danos aos tecidos (GHIMIRE e cols, 2017).

Cerca de 30% dos pacientes de TCTH alo HLA idênticos e doadores não aparentados

manifestam a DECHa independente do uso de imunossupressores antes do transplante. A

discrepância entre a compatibilidade HLA é o fator de maior predisposição dos pacientes que

manifestam a DECHa (INCA, p.47-48, 2012).

A DECHc resulta da desregulação complexa das respostas imunes adaptativas e inatas

ocasionando uma variedade de reações autoimunes (RAFEI; KHARFAN-DABAJA;

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NISHIHORI, 2017). As células T do doador desempenham papel importante na patologia de

DECHc, pois sua incidência parece estar relacionada a expansão de células T alorreativas.

Dessa forma a depleção de células T é a única medida profilática que diminui a manifestação

da síndrome crônica (INCA, p.73, 2012; SOCIÉ; RITZ, 2014). A incidência da DECHc varia

de 30 a 80% em diversos estudos, esse padrão de incidência pode ser explicado pelo aumento

de doadores HLA não idênticos, contudo há estudos que afirmam que a DECHc está relacionada

a um número menor de recaídas da doença. (INCA, p. 72-73, 2012).

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5. CONCLUSÃO

Através dessa revisão foi possível analisar os principais eventos envolvidos no uso de

células-tronco hematopoiéticas alogênicas no tratamento de pacientes com leucemias agudas.

Inicialmente descrevemos as leucemias agudas de linhagem linfoide e mieloide, além de

indicarmos as principais alterações observadas no diagnóstico laboratorial citando os

marcadores moleculares correspondentes, pois são indicadores importantes para a análise

prognóstica dos pacientes e são de importante auxilio na indicação do tratamento da doença.

Estudos demostram que o transplante de células tronco hematopoiéticas alogênico é o

principal meio curativo para leucemias agudas, e tipos de paciente leucêmicos de alto risco ou

com anormalidades genéticas quando indicados ao TCTH alo em fase de 1ª remissão da doença

possuem boa sobrevida.

O processo do transplante alogênico é dividido em etapas de pré-transplante, infusão do

enxerto e pós-transplante. Envolvem a mobilização, coleta, armazenamento das CTH para

posterior infusão no paciente, aplasia e reconstituição medular. A partir da infusão um novo

sistema imune está sendo formado oriundo de células maduras do doador, e nesse momento

pode surgir a DECH pois mantem relação exclusiva com esse tipo de transplante, interferindo

na sobrevida do paciente.

Apesar das complicações relacionadas a DECH, o TCTH alogênico continua sendo a

principal terapia para doenças hematológicas neoplásicas por apresentar, ao longo dos anos,

uma crescente eficácia, menor efeito tóxico dos regimes de condicionamento pré-transplante,

avanços para melhor seleção de doadores, dentre outros fatores.

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6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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